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Resumo págs 36 a 61.

Destaca-se:

 A organização dos bens da empresa pode ser denominada “aviamento”, aptos a


produzir lucros
 Goodwill = Bens intangíveis (ex: marcas, patentes, direitos autorais)
 Clientela (também é parte do patrimônio da empresa)
 Fundo de comércio = aparelhamento da atividade empresarial (soma de bens
intangíveis e clientela)

A imaterialidade do baço

Um autor da ação um antigo paciente do titular de uma patente no campo da biologia celular,
que reivindicava direitos sobre o privilégio ou sobre seus resultados pelo fato de que as células
sobre as quais versava a patente terem sido retiradas de seu corpo. O tribunal recusou-se a
conceder a reivindicação, notando que a patente resultava do esforço inventivo, e não da
matéria prima, que não seria, de forma alguma, invenção.

Modalidades de bens intangíveis

Eis que os direitos de propriedade intelectual é uma das subespécies dos direitos de clientela.

Fazem parte também s direitos de crédito que são bens imateriais. Mas dificilmente serão
confundidos com direitos de propriedade intelectual.

Faz parte ainda o poder de controle consistente no direito de dispor de bens alheios como um
proprietário.

Bens intangíveis e investimento de capital estrangeiro.

Bens intangíveis são, conforme o Glossário do Bacen: “São, no contexto da legislação de


capitais estrangeiros, os bens não-corpóreos, tais como, tradicionalmente, a tecnologia, as
marcas e as patentes, de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas com domicílio ou sede no
exterior, e que possam ser objeto de transferência ou licença de uso/exploração por prazo
determinado ou de cessão definitiva a pessoas jurídicas sediadas ou autorizadas a operar no
País, para aplicação em atividades econômicas, na produção de bens ou serviços.

Direito de clientela

O caso particular da propriedade imaterial de que trata a Propriedade Intelectual é a de uma


atividade econômica que consiste na exploração de uma criação estética, um investimento
numa imagem, ou então uma solução técnica, cujo valor de troca merece proteção pelo
Direito.
Direito de oportunidade

É o de explorar o mercado propiciado pela criação imaterial. A exclusividade legal apenas


apropria este mercado novo, localizado, em benefício do criador.

O empresário que explora sua atividade em estabelecimento sito em imóvel sob locação, por
exemplo.

 O objeto do direito exclusivo é a posição no mercador e presentado pelo local de operação e


significa um direito à percepção de rendimentos eventualmente produzidos em resultado da
continuação de uma atividade no mesmo local.

Poder, atribuído classicamente ao proprietário, como um direito subjetivo absoluto.

É propriedade no sentido clássico, é o exercício de um poder jurídico absoluto e exclusivo


sobre um bem econômico, visando a um interesse próprio.

Parte da doutrina entende que tais direitos são um monopólio constituído em favor de seus
titulares. Este conceito de propriedade, elaborado através da análise da estrutura dos direitos,
compatibiliza tanto o dominium romano quanto a noção de “propriedade sobre o valor de
troca”. Concebida como um poder, quando exercida sobre um conjunto de bens materiais e
bens imateriais, constituído para gerar valores de troca (a empresa) a propriedade não é um
poder “passivo”. Não é um poder de conservação, mas de ampliação.

A noção de direitos de clientela

A expressão “direitos de clientela” deve-se a Paul Roubier (Chavanne e Burst, Droit de la


Propriété Industrielle, p. 2).

Com exclusividade concebida ao criador, protegem-se não só os direitos morais quanto os


econômicos; e, em relação a estes, a noção é adequadamente aplicável. Está claro que, quanto
á empresa, mesmo os direitos “morais” seriam incluídos na clientela, pois fama, talento, gênio,
são condicionantes positivo a do faturamento.

Organização e oportunidade

A organização dos bens da empresa é denominada “aviamento” (64 J.X Carvalho de


Mendonça, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, Freitas Bastos, 1959, vol. V. no. 17.)

Aviamento é "o resultado deum conjunto de variados fatores pessoais, materiais e imateriais,
que conferem a dado estabelecimento in concreto a aptidão de produzir lucros.

Por sua vez, este valor do todo dos bens tem um efeito no mercado, dando ao organizador
uma posição determinada perante a concorrência, dita oportunidade. Como o exercício do
comércio é legal, e a concorrência incentivada no sistema econômico capitalista, esta situação
jurídica da sociedade empresária perante o mercado é um direito absoluto, denominado de
“clientela” (Vivante, Trattato di diritto commerciale, 3o. vol., 3a. ed.,no. 840. Oscar Barreto
Filho, ob. cit., p. 169).

Tais direitos são voltados indistintamente contra todos, que devem ao titular respeito ao
exercício legal do poder. Serão eles direitos, além de absolutos, também exclusivos, apenas
nas hipóteses em que o ordenamento jurídico atribuir ao titular o monopólio, a possibilidade
de ser o único a exercer um direito de clientela.

Direitos exclusivos e não exclusivos de clientela

Os direitos de clientela serão exclusivos se o ordenamento jurídico atribuir ao titular o poder


jurídico de ser o único a explorar o bem jurídico, objeto do direito de clientela emquestão. E
serão não exclusivos, se a mesma oportunidade de mercado for repartida como competidores.

Esse direito exclusivo de clientela, dito direito de exclusiva, recaindo sobre uma posição no
mercado, tem muitas das características de um monopólio. Na maior parte dos casos, a
exclusividade recai sobre um instrumento de ação sobre o mercado, como uma patente ou um
registro de cultivar. Em certas circunstâncias, quando há uma exclusividade sobre o mercado
ele mesmo (a empresa, e só ela, pode explorar o mercado daquela utilidade, naquele contexto
geográfico, com qualquer instrumento disponível) ter-se-á um monopólio stricto sensu.

Incluir-se-ia no conceito os direitos de exclusiva de propriedade intelectual: patentes,


desenhos industriais, marcas registradas, software, cultivares, os de propriedade industrial e
os de científica, artística ou literária; as appellations d’origine. Também são direitos de
clientela outros direitos de exclusiva, ainda que não de propriedade intelectual: o fundo de
comércio (na acepção francesa); os monopólios legais. Ao lado destes, constituindo a face não
exclusiva dos direitos da clientela, poríamos as invenções não patenteadas e o segredo de
empresa; o monopólio de fato; o ponto; e o goodwill, ou seja, o próprio aviamento
considerado como todo.

Direitos de exclusiva da propriedade intelectual

São as criações do espírito humano, quanto às quais a ordem jurídica concedeu ao titular o
estatuto de direitos absolutos exclusivos.

Os direitos sobre os signos distintivos são direitos de clientela.

Os signos distintivos teriam a finalidade de assegurar que a boa vontade do público, obtida em
função das qualidades pessoais da empresa (qualidade, pontualidade, eficiência, etc.) seja
mantida inalterada.

As marcas são sinais distintivos apostos a produtos fabricados, as mercadorias comercializadas,


ou a serviços prestados, para a identificação do objeto a ser lançado no mercado, vinculando-o
a um determinado titular de um direito de clientela. Podendo ser registradas, são direitos de
exclusiva a partir do registro, não se concebendo, no direito brasileiro vigente, direito de
exclusiva resultante da simples ocupação da marca.

Ao contrário dos demais direitos de exclusiva da propriedade intelectual, as marcas não são
temporárias, muito embora, após 10 anos, devam ser prorrogadas.

Monopólios legais

O monopólio legal é o direito de clientela na sua expressão mais absoluta. Pode tomar a forma
de um monopólio propriamente dito, ou de restrições da concorrência. É exemplo da primeira
a concessão de serviços públicos, e da segunda a limitação numérica dos corretores de navio
ou das autonomias de táxis. Diz-se monopólio o poder absoluto exclusivo de ser o único a
atuar num determinado mercado; e oligopólio o poder absoluto cujos titulares sejam em
número limitado.

No direito brasileiro, o monopólio é restrito pela Constituição, em seu art. 173.

Com sede em lei ordinária, se atendidos os pressupostos do Art. 173 quanto à intervenção
estatal, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, acrescidos do requisito suplementar da indispensabilidade de que a ação interventiva
se faça por meio do monopólio.

Num sentido menos preciso, são monopólios legais todos os direitos absolutos exclusivos
recaindo sobre uma posição no mercado. É neste sentido que a primeira lei antimonopólio,
editada por James I da Inglaterra, excetuava a proibição “os privilégios conferidos aos
inventores”.

 Exemplo de monopólios: rádios, táxis.


 Exemplo de oligopólios: bancos, telefonia

Direito de exclusiva sem propriedade intelectual: fundo de comércio em renovatória

Todo o sistema é baseado no princípio da fixidez da locação, pelo qual o comerciante locatário
é inamovível do imóvel.

Planiol nota que “o direito sobre o fundo de comércio, como todas as propriedades
incorpóreas, é um direito à clientela”.

Direitos de clientela sem exclusividade: a universalidade da cessão de estabelecimento

O estabelecimento pode ser objeto de negócios jurídicos. O Código Civil de 2002


explicitamente admite o reconhecimento do goodwill no capital, no seu art. 1.187.

A doutrina norte-americana utiliza a expressão goodwill para se referir à clientela.

Ao integrar-se num estabelecimento (ou uma empresa) alienado, o bem-oportunidade acresce


seu valor, representado pela antecipação razoável da lucratividade futura, capitalizada ao
momento de negócio. Quem vende um objeto lucrativo, acresce ao preço dos bens e direitos
identificados e contabilizados a expectativa dos lucros futuros: é exatamente o goodwill.

O fundo de comércio, na forma de propriedade comercial, ou seja, exclusividade do local


goodwill, representa apenas parte da história. No estado atual do desenvolvimento das
empresas, não é o ponto, ou exclusividade do ponto, que formam o goodwill, mas a
organização da empresa que determina o estabelecimento, cria, mantém e desenvolve a
clientela.

Direitos não exclusivos sobre criações tecnológicas: Know how e outros segredos.
“O segredo de empresa pode consistir em qualquer fórmula, padrão, mecanismo ou
compilação de informação que é usado na atividade empresarial, e que dá ao utilizar uma
vantagem sobre os competidores que não o conhecem ou não usam.

Este “segredo de empresa” em sua perspectiva do direito americano, é gênero do qual são
espécies o Know how.

Não se trata de um direito exclusivo, pois não houve concessão pelo Estado de uma patente ou
algo do mesmo efeito (no dizer do Regulamento 260/96 da CE (Comission Regulation).

Artigo 10º Para efeitos do presente regulamento, entende-se por:

1. « Saber-fazer », um conjunto de informações técnicas que são secretas, substanciais


e identificadas por qualquer forma adequada;

2. « Secreto », o facto de o conjunto do saber-fazer, considerado globalmente ou na


configuração e montagem específicas dos seus elementos, não ser normalmente
conhecido ou de fácil obtenção, de modo que uma parte do seu valor no avanço que a
sua comunicação proporciona ao licenciado; não deve ser entendido numa acepção
estrita no sentido de cada elemento individual do saber-fazer dever ser totalmente
desconhecido ou impossível de obter fora da empresa do licenciante;

3. « Substancial », o facto de o saber-fazer abranger as informações que devem ser


úteis, ou seja, poder razoavelmente esperar-se que, à data da conclusão do acordo,
sejam susceptíveis de melhorar a competitividade do licenciado, por exemplo,
auxiliando-o a penetrar no novo mercado ou concedendo-lhe uma vantagem
concorrencial relativamente a outros fabricantes ou fornecedores de serviços que não
têm acesso ao saber-fazer secreto licenciado ou a outro saber-fazer secreto comparável;

4. « Identificado », o fato de o saber-fazer descrito ou expresso num suporte material


de modo a tornar possível verificar se preenche os critérios de segredo e de substância e
assegurar que a liberdade do licenciado na exploração da sua própria tecnologia não é
indevidamente limitada. O saber-fazer pode ser identificado mediante uma descrição
constante do acordo de licença ou num documento distinto ou consignado por qualquer
outra forma adequada, o mais tardar quando da transferência do sabe-fazer ou pouco
tempo depois, desde que esse documento distinto ou esse suporte estiver disponível em
caso de necessidade;

O contrato respectivo [que trata os pontos acima elencados] teria o objeto de ceder a posição
privilegiada no mercado, consiste em deter informações úteis para a atividade empresarial, e
escassas.

Este bem, no entanto, é objeto de poder absoluto não exclusivo. Não há “propriedade” em
relação a ele, mas mera detenção, ou possessio naturalis.

Signos distintivos sem direitos de exclusiva


Há, no direito vigente, uma série de signos distintivos cuja proteção resulta apenas das regras
de concorrência desleal: marcas não registradas, títulos de estabelecimento, insígnia,
emblemas, recompensas industriais, sinais e expressões de propaganda.

Diversas das marcas, mas exercendo o mesmo efeito, são as designações de origem e as
indicações de procedência. Ambas são sinais designativos da origem dos produtos, sendo que
as primeiras representam uma garantia institucional de qualidade, em função do local da
vindima ou da fabricação.80Pela sua própria natureza são bens intangíveis vinculados a um
bem fundiário, ou a uma região geográfica e, assim, insuscetíveis de serem conferidos
isoladamente ao capital da sociedade.

Os títulos de periódicos [jornais], ainda que não registrados como marcas, são reconhecida
mente elementos patrimoniais de grande valor. Suscetíveis de penhora e execução, segundo a
jurisprudência reiterada,81estão plenamente capacitados a se integrarem no capital de uma
sociedade. No direito francês não há proteção específica82para tal propriedade, como não há
no direito brasileiro, mas como aqui, é suscetível de registro de marca e de direito autoral.
Devido à impossibilidade de recriação autônoma do mesmo título, devido à própria
publicidade do periódico, na esfera de repercussão econômica de sua distribuição, mesmo sem
registro de marca, o torna capitalizável. O título pode não só ser cedido; mas também ser
concedido em exploração, ou fruição, à natureza de um usufruto.

O bem-oportunidade: a intangibilidade do lucro futuro

O que o caracteriza como tal não é a simples intangibilidade filosófica, ou a impossibilidade de


tocar com as mãos. O bem só se torna econômico, quando satisfaz o requisito essencial de
escassez e disponibilidade.

Numa economia concorrencial, tal objeto é uma criação estética, um investimento em


imagem, ou uma solução técnica que consiste, em todos os casos, numa oportunidade de
haver receita pela exploração de uma atividade empresarial. Ou, como queria Vivante,
configuraa expectativa de receita futura (Vivante, Trattato di diritto commerciale, 3o. vo l., 3a.
ed., no. 840.).

Uma propriedade sobre o valor de troca

Há tutela jurídica não só sobre coisas, mas sobre oportunidades de mercado.

Em um caso em lllinois [EUA], os armazenadores se recusavam a suprir os bens necessários ao


consumo do público, a não ser por um preço determinado, desproporcionado ao custo
somado a uma margem razoável de lucratividade. A atuação da autoridade estatal, julgada
constitucional pelo Supremo, tinha o propósito de controlar tal poder econômico, sob a lógica
de uma justiça distributiva. 

O que se percebia era a emergência de uma soberania nova, e sua confrontação com o poder
estatal clássico.

 O direito anterior entendia a propriedade como uma liberdade de fruir, de gozar e de dispor
ao abrigo da lei; o nódulo da propriedade, porém, era a facilidade de usufruir do bem que lhe
era objeto.
As empresas não podiam mais elevar seus preços até o limite em que os seus clientes tivessem
que renunciara seus serviços; a diferença entre a tarifa (limite jurídico) e o máximo do preço
(limite econômico) havia sido desapropriado - sem compensação.

Claramente, havia aí uma propriedade intangível, imaterial, que consistia na capacidade de


haver receita na exploração de uma atividade econômica. O que Commons denomina, numa
metáfora poderosa, como propriedade sobre o valor de troca

Um conceito medieval

A noção de que se deva dar proteção jurídica à oportunidade de obter receita futura com uma
atividade empresária foi reconhecida há muito tempo, como o demonstra a instituição de
monopólios pelo Estado Romano

O artesão ou mercador que tomava em aluguel sua oficina ou loja e criava uma clientela
centrada no local de seu comércio ou indústria, adquiria o direito de haver do proprietário do
imóvel, que o intentasse despejar, um pagamento pela valorização do ponto. O ius intraturae
era exatamente o reconhecimento de que o valor dos lucros razoavelmente esperados pelo
exercício da atividade empresarial deveria ser somado ao do imóvel locado, constituindo a
parte não tangível da propriedade.

O equivalente jurídico da organização empresarial, do aviamento dos intangíveis da empresa, é


assim quantificado e definido como a reditibilidade da empresa.

Esta capacidade de obter réditos resulta na possibilidade de captar, entre os concorrentes


igualmente disputando o mesmo mercado, a boa vontade da clientela.

Mas a reditibilidade resulta, também, do exercício do poder econômico. Um local é bom ou


ruim para a clientela em razão do custo da alternativa de se valer de outro fornecedor.

 Inexistindo outro fornecedor, no mercado ou setor considerado, o poder econômico obtido


pelo empresário tende a ser infinito, limitado apenas pela possibilidade de o público deixar de
necessitar o produto ou serviço.

Bigodes & criatividade

Conjunto de elemento imateriais de um estabelecimento comercia, que organiza os seus


elementos humanos e físicos numa estrutura destinada a produzir o lucro.

Rubens Requião, Curso de Direito Comercial,1º volume, 21ª edição, São Paulo, Saraiva, 1993,
p.203/4: "O fundo de comércio ou estabelecimento comercial é o instrumento da atividade do
empresário. Com ele o empresário comercial aparelha-se para exercer sua atividade. Forma o
fundo de comércio a base física da empresa, constituindo um instrumento da atividade
empresarial. O Código italiano o define como o complexo dos bens organizados pelo
empresário, para o exercício da empresa".

Fran Martins, Curso de Direito Comercial,8ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 1981, p. 513:
"Também constitui elemento do fundo de comércio a propriedade imaterial, que se caracteriza
pelo que se costumou chamar de aviamento e pela freguesia”.
Rubens Requião (ob. cit., p. 205): "O direito sobre o fundo de comércio é, como todas as
propriedades incorpóreas, um direito à clientela, que é assegurado por certos elementos de
exploração. A clientela não é, como se diz, um elemento do fundo, é o próprio fundo.

Fábio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial, volume 1, ed. Saraiva 1999, p. 91 e 92.
"Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens que o empresário reúne para exploração
de sua atividade econômica. Compreende os bens indispensáveis ou úteis ao desenvolvimento
da empresa, como as mercadorias em estoque, máquinas, veículos, marca e outros sinais
distintivos, tecnologia etc. Aviamento é "o resultado deum conjunto de variados fatores
pessoais, materiais e imateriais, que conferem a dado estabelecimento in concreto a aptidão
de produzir lucros".

Oscar Barreto Filho (ob. cit., p. 171): “O aviamento não existe como elemento separado do
estabelecimento, e, portanto, não pode constituir em si e por si objeto autônomo de direitos,
suscetível de ser alienado, ou dado em garantia" Apesar da afirmação do autor, está claro que
o franchising é uma cessão de fertilidade e beleza, ou pelo menos da aparência comercializável
desses predicados.

Fábio Ulhoa Coelho, op. cit.: “Ao organizar o estabelecimento, o empresário agrega aos bens
reunidos um sobrevalor. Isto é, enquanto esses bens permanecem articulados em função da
empresa, o conjunto alcança, no mercado, um valor superior à simples soma de cada um deles
em separado”.

Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens reunidos pelo empresário para a


exploração de sua atividade econômica. A proteção jurídica do estabelecimento empresarial
visa à preservação do investimento realizado na organização da empresa.

O mérito da noção de aviamento é evidenciar, para cada elemento intangível da empresa, o


seu papel na estrutura produtiva, coisa que a análise econômica clássica se empenhou em
fazer, apenas quanto aos aspectos financeiros, tangíveis ou relativos ao trabalho. Colocando
a criação intelectual, invento, design ou método de vendas perante a questão crucial da
clientela, o aviamento leva, às suas verdadeiras proporções, uma atividade humana envolta
em charme e mistério - a criatividade.

O fundo de comércio

A soma de tais elementos intangíveis, acrescida da própria clientela, tem recebido


tradicionalmente o nome de “fundo de comércio”.

O conjunto de todas as coisas e direitos reunidos para a atividade empresarial, somado coma
organização destes mesmos elementos com o propósito de produzir coisas ou serviços, é o
fundo de comércio.

É a tradição medieval do jus intraturae, que concedia ao artífice o direito de permanecer


indefinidamente no imóvel locado ou haver uma indenização ao fim do praz o ajustado, a
título de pagamento pela benfeitoria consistente no afluxo de clientela ao ponto comercial.

Tal ideia chegou até o direito brasileiro, através do Decreto 24.150.

Planiol nota que “o direito sobre o fundo de comércio, como todas as propriedades
incorpóreas, é um direito à clientela”.
Pode-se, também, ceder o estabelecimento, com todos os bens, os direitos, além da
organização e da posição do mercado.

Quem vende um objeto lucrativo, acresce ao preço dos bens e direitos identificados e
contabilizados a expectativa dos lucros futuros: é exatamente o goodwill.

 Considerando este direito do locatário, mais valioso do que o interesse do locador de reaver o
imóvel, o de permanecer no local que configura seu fundo de comércio.

O comércio de aviamento

Com a transformação geral nos sistemas de comercialização, principalmente com a


emergência dos novos meios de comunicação de massa e com o aperfeiçoamento das técnicas
de marketing e de sedução publicitária, a marca se transforma num meio de diferenciação
entre produtos sem qualquer referência a sua qualidade intrínseca. Vide o que ocorre no
mercado de cigarros.

Como um bem de uso, o aviamento representa a capacidade de entrar num mercado, nele
manter-se ou mesmo de adiantar-se à concorrência.

Jurisprudência: cessão de aviamento> Tribunal de Alçada Cível de SPREINTEGRAÇÃO


DE POSSE - BEM INTEGRANTE DE CONTRATODE CESSÃO -EXCLUSÃO EXPRESSA -
INEXISTÊNCIA – INADMISSIBILIDADE. Não havendo expressa exclusão de bem
pertencente ao estabelecimento comercial ou industrial, a presunção jurídica é no
sentido de que todos os elementos corpóreos e incorpóreos do fundo de comércio
estão incluídos na cessão de direitos feita por instrumento particular. Ap. 205.716 - 7ª
Câm. - Rel. Juiz GUERRIERI REZENDE- J. 24.3.87, in JTA (RT) 111/45.

Um bem inconspícuo

Habituados a tratar somente com débitos e créditos, os balanços não refletem quase nunca os
bens que a empresa gera sozinha, como aviamento

 A tributação só e imposta, segundo nossa lei, no momento em que o valor da marca, patente,
etc. e realizado pela venda, pelo aumento de capital, pela amortização, etc.

Claro que os frutos do comercio de aviamento ou de seus elementos aso inteiramente sujeitos
à tributação.

Os royalties, o preço da venda de uma patente ou marca, o sobrepreço na venda de ativos ou


de participação vinculado ao fundo de comércio - tudo isto é sujeito aos tributos usuais, com
pequenas alterações em casos específicos.

Miragem & futuro

Na franquia, como o operador se disfarça inteiramente sob a pele do franqueador, a clientela


se transforma de potencial em efetiva. Mas fica sempre sendo do dono da franchise, não de
quem trabalha a empresa e lhe assume os riscos. Como acontece no caso extremo do
franchising (onde se aluga todo o aviamento), também a empresa, que se utiliza de elemento
do aviamento alheio, acaba por criar clientela para outras pessoas, ficando apenas com a
miragem de um negócio próprio. Quem licencia tecnologia alheia, cultiva uma clientela que
perderá a capacidade de explorar ao termino da licença.

O bem-oportunidade

Já nos referimos anteriormente à existência de um direito de explorar uma oportunidade de


mercado, dentro dos limites da concorrência; o objeto deste direito viria a ser, exatamente,
esta oportunidade de mercado, esta posição perante o mercado. Tal direito se esmaece, para
ir se confundindo com as liberdades gerais, os direitos humanos.

É interessante notar que o exercício desta liberdade pode prejudicar terceiros, e, mesmo, que
o intento do seu exercício seja prejudicar terceiros, é parte deste direito a faculdade de
prejudicar, dentro de certos limites prescritos pelo uso comercial.

O bem-oportunidade surge no espaço destes limites, a partir dos quais é ilegal o exercício do
direito de concorrer pela mesma clientela. Se há um monopólio legal, se só um empresário
pode explorar o mercado, não existirá a fricção entre direitos de mesmo objeto: é o que ocorre
com os privilégios de invenção, por exemplo. Nestes casos, o bem-oportunidade tem sua
eficácia claramente demarcada. Contudo, a concepção de um bem-oportunidade deve
considerar que a oportunidade de mercado resulta de uma liberdade, a ser apenas coibida na
hipótese de um uso excessivo.

O interesse econômico, objeto da venda, não é a liberdade que afinal qualquer um tem, mas
algo que se expressa como uma vantagem objetiva de um sobre os demais titulares do mesmo
direito. O dono de uma loja bem conceituada num bom ponto tem, sobre o homem da rua, a
vantagem da reunião do capital necessário, da organização dos meios empresariais, da sorte
de conseguir um local bem atendido pela clientela; e, sobre seu concorrente imediato, as
peculiaridades do ponto e da organização que fazem de seu estabelecimento uma unidade
particularmente lucrativa. Cede-se uma determinada posição econômica definida pela
expectativa de obter receita futura, em face da aptidão dos meios e os lucros já obtidos no
passado. 

 esta expectativa, que pode ser cedida, deriva, em parte da organização da empresa para a sua
atividade econômica específica; e, em parte, da quantidade de poder econômico que resulta
desta organização, e que se expressa na perda relativa que o consumidor sofreria ao escolher
outra empresa para satisfazer suas necessidades ou desejos. Em última análise, assim, cede-se
uma posição de poder econômico.

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