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Susana Gonçalves
Curso Técnico Superior Profissional
em Assessoria e Comunicação Empresarial
Ano letivo 2023/2024
2 Conteúdos Programáticos – 2ª Sessão
1. Conceito De Empresa Comercial
i. Conceção Subjetiva
3. Os Atos De Comércio
i. Atos de comércio objetivo
4. A Noção De Comerciante
iv. Balanço
6. Casos Práticos
3 O Direito Comercial e o Direito Empresarial
O DIREITO COMERCIAL aplica-se a toda e qualquer atividade económica lucrativa que seja exercida com
caráter profissional tendencialmente permanente e duradouro.
Numa noção ampla, o DIREITO COMERCIAL regula a atividade dos sujeitos económicos mais relevantes
no mercado: os comerciantes, ou seja, empresários mercantis em nome individual ou organizados em
sociedades comerciais que se caraterizam essencialmente pela profissionalização dos seus atos.
Caso não sejam organizados em forma de sociedade comercial ou empresários em nome individual, o
Direito comercial não abrange os sujeitos que exerçam:
CONCEÇÃO SUBJETIVA - A “empresa” é um sujeito de Direito que via regra é uma pessoa coletiva,
mas também pode ser um a pessoa singular.
PESSOA COLETIVA
Criada por um ou mais sujeitos (sócio único ou sócios, agrupados ou membros);
Dotada de personalidade jurídica plena;
Dotada de autonomia patrimonial e de órgãos próprios com aptidão para exprimir uma vontade
que lhe é juridicamente imputável, que a representam para todos os efeitos e cujos atos
praticados nessa qualidade, a vinculam;
Que adota, a forma jurídica de sociedade comercial prevista no artigo 1.º do Código das
Sociedades Comerciais: Sociedade em nome coletivo, Sociedade por quotas, Sociedade
anónima , Sociedade em comandita simples e Sociedade em comandita por ações
5 1. Conceito De Empresa Comercial
PESSOA SINGULAR
Um Empresário em Nome Individual (ENI) é alguém que constitui uma empresa da qual o
próprio é o único titular. Por norma, estas empresas são mais direcionadas para pequenos
negócios, tendo um investimento reduzido e de baixo risco.
Esta é uma forma jurídica simples e adequada para iniciar um pequeno negócio, na medida
em que o empresário não precisa de capital para iniciar a atividade.
Neste tipo de empresa o nome comercial deverá ser constituído pelo nome civil completo
ou abreviado do empresário e poderá incluir uma expressão relacionada com a atividade
exercida.
6 1. Conceito De Empresa Comercial
CONCEÇÃO OBJETIVA - Por outro lado, a empresa é um sujeito de Direito que exerce ou que
se encontra em condições de exercer uma atividade com natureza, via de regra,
ECONÓMICA.
Entende-se por Atividade económica toda a atividade na qual fatores de produção são
combinados para produzir bens ou serviços específicos, ou seja, uma atividade na qual:
são empregues fatores de produção (os designados inputs: terra ou natureza, capital,
trabalho, técnicas de produção ou outros bens ou serviços intermediários);
aplicam-se processos produtivos,
para obter bens e/ou serviços específicos (os designados outputs)
CONCEÇÃO MATERIAL OU PATRIMONIAL - Neste sentido, a empresa visa ainda, a obtenção de lucros e
distribuí-los ou atribuí-los ao(s) respetivo(s) sócio(s), ficando este(s), todavia, sujeito(s) a perdas.
7 1. Conceito De Empresa Comercial
O Código Comercial estabelece no artigo 230.º as atividades que transforam uma empresa
em EMPRESA COMERCIAL.
Serão consideradas empresas comerciais as empresas que se propuserem a praticar um conjunto
de atos que implicam o exercício de uma atividade económica lucrativa em qualquer um dos
setores referidos no n.º 1 ao n.º 7.
Mas o artigo refere ainda em 3 parágrafos aquilo que não se considera comercial, como as
atividades dos agricultores, dos artesãos e dos autores que editam ou publicam as suas próprias
obras.
8 1. Conceito De Empresa Comercial
2.° Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante
preço convencionado; - reporta-se a toda a atividade fornecedora de coisas, bens e serviços.
3.° Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e
mediante salário estipulado; - refere-se à agenciação, à prática de atos em nome de outrem .
9 1. Conceito De Empresa Comercial
4.° Explorar quaisquer espetáculos públicos; - relativo à promoção de espetáculos públicos como
teatros, concertos, cinema e desportos.
5.º Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas; - relativo à atividade
editorial, abrange toda a indústria discográfica, cinematográfica, de radiodifusão e informática.
Toda a área digital da economia pode ser enquadrada nesta previsão legal.
6.° Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário; -
refere-se à empreitada, desde que os materiais utilizados sejam fornecidos pelo empreiteiro.
Abrange a edificação, construção ou reparação de qualquer imóvel.
7.° Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas, animais,
alfaias ou mercadorias de outrem. – reporta-se à atividade transportadora, abrangendo o
transporte aéreo.
10 1. Conceito De Empresa Comercial
ARTIGO 230.º do Código Comercial (Parágrafo 1 a 3)
Excluem-se as seguintes situações:
§ 1.° Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural que apenas fabrica ou
manufatura os produtos do terreno que agriculta, acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista,
industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce diretamente a sua arte, indústria ou ofício, embora
empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas. – não é considerado comercial o agricultor que
apenas colhe os produtos do terreno que cultiva ou o artista que exerce diretamente a sua arte.
§ 2.° Não se haverá como compreendido no n.º 2.° o proprietário ou explorador rural que fizer fornecimentos
de produtos da respetiva propriedade. – referente ao agricultor que fornece produtos da sua propriedade.
§ 3.° Não se haverá como compreendido no n.º 5.° o próprio autor que editar, publicar ou vender as suas
obras. – reporta-se ao próprio autor e não à editor, por exemplo.
11 2. Conceito De Estabelecimentos Comercial
O estabelecimento comercial é o conjunto de bens e serviços que são organizados pelo
comerciante para o exercício da respetiva atividade mercantil, ou seja, são destinados à
prática de atos de comércio.
São exemplos de estabelecimentos comerciais: lojas, armazéns, fábricas, snack-bar (cafés),
bares, restaurantes, pastelarias, padarias, mercearias, talhos, supermercados,
minimercados, hipermercados, ginásios, hotéis, farmácias, clínicas, um website que integre
uma loja online (..).
ATOS DE COMERCIO OBJETIVO – atos que ATOS DE COMERCIO SUBJETIVO – atos que
são comerciais independentemente do são praticados por comerciantes.
sujeito que os pratica e estão previstos no
Código Comercial e legislação conexa.
13 3. Atos de Comércio
ATOS DE COMERCIO OBJETIVO – estão fundamentalmente em causa os contratos regulados no
Código Comercial.
Alguns exemplos:
O n.º 1 refere-se sobretudo ao empresário em nome individual e exige que a pessoa cumpra
dois requisitos:
1. Ter capacidade para praticar atos de comércio;
2. Fazer do comercio uma profissão.
18 4. A Noção de Comerciante
Ter capacidade jurídica significa que se pode ser sujeito de uma qualquer relação da vida
em sociedade que seja disciplinada pelo direito. Este conceito é uma consequência da
personalidade jurídica. Quem tem personalidade pode vir a adquirir capacidade jurídica,
sendo ambas irrenunciáveis.
Capacidade jurídica – As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo
disposição legal em contrário, nisto consiste a sua capacidade jurídica. Regra geral, a pessoa
adquire o estatuto de plena capacidade de exercício de direitos quando atinge a
maioridade, isto é, quando perfaz dezoito anos de idade, momento a partir do qual fica
habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.
19 4. A Noção de Comerciante
CÓDIGO COMERCIAL - Artigo 13.º - Quem é comerciante
São comerciantes:
1.° As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste profissão;
2.° As sociedades comerciais.
Firma - Pode dizer-se que firma é o nome comercial ou a designação que identifica o
comerciante na sua atividade mercantil.
Princípio da novidade ou do exclusivo – este princípio impõe que a firma de cada comerciante seja distinta
ou insuscetível de confusão ou erro com as já registadas – artigo 33.º do Regime do Registo Nacional de
Pessoas Coletivas.
21 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
Regras para a composição da firma
Estes aditamentos podem ser feitos pela menção ao ramo de negócio desde que alusiva à atividade
exercida, de forma a distinguir comerciantes com o mesmo nome civil.
Exemplo: Luís Gomes que pretende vendar fruta – Luís Gomes – Fruta Fresca.
22 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
Firma da sociedade em nome coletivo (Artigo 177.º Do Código Das Sociedades Comerciais)
Firma da sociedade por quotas (Artigo 200.º Do Código Das Sociedades Comerciais)
1. Com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios;
2. Por uma denominação particular;
3. Pela reunião de ambos os elementos
Mas em todos os casos deve incluir a palavra “limitada” ou abreviado “lda”
23 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
Firma da sociedade anónima (Artigo 275.º Do Código Das Sociedades Comerciais)
1. Com ou sem sigla, pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios;
2. Por uma denominação particular;
3. Pela reunião de ambos os elementos
Mas em todos os casos deve incluir a palavra “sociedade anónima” ou abreviado “SA”
As sociedades comerciais são obrigadas a possuir livro de atas com termo de abertura e de
encerramento sendo as folhas numeradas e rubricadas (artigo 31.º do Código Comercial).
27 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
CÓDIGO COMERCIAL - Artigo 18.º - Obrigações especiais dos comerciantes
Os comerciantes são especialmente obrigados:
1.º A adotar uma firma;
2.° A ter escrituração mercantil;
3.° A fazer inscrever no registo comercial os atos a ele sujeitos;
4.º A dar balanço, e a prestar contas.
Constitui uma obrigação dos comerciantes, registar os factos a ele sujeitos, o registo tem por
função dar publicidade à situação dos comerciantes tendo em vista a segurança do comércio
jurídico.
28 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
O registo comercial passou a poder ser promovido por recurso a meios eletrónicos e não
apenas por apresentação pessoal junto da conservatória do registo comercial.
A certificação dos atos registados (certidão comercial permanente) pode ser obtida e
consultada online com base numa senha de acesso, tornando-se desnecessária a
requisição pessoal na Conservatória.
Os artigos 2.º e 3.º do Código do Registo Comercial elencada todos os atos que estão
sujeitos a registo:
Artigo 2.º - Refere aos atos de registo obrigatórios por parte dos Comerciantes individuais;
Artigo 3.º - Refere aos atos de registo obrigatórios por parte Sociedades comerciais e
sociedades civis sob forma comercial
29 5. Obrigações Especiais Dos Comerciantes
CÓDIGO COMERCIAL - Artigo 18.º - Obrigações especiais dos comerciantes
Os comerciantes são especialmente obrigados:
1.º A adotar uma firma;
2.° A ter escrituração mercantil;
3.° A fazer inscrever no registo comercial os atos a ele sujeitos;
4.º A dar balanço, e a prestar contas.
Esse balanço anual, do seu ativo e do seu passivo, deverá ocorrer nos três primeiros
meses do ano civil subsequente a que respeita (artigo 62.º do Código Comercial).
30 Próxima aula
As sociedades comerciais:
Definição;
Princípios aplicáveis;
Constituição da sociedade;
Características e vantagens;
Responsabilidade externa e interna dos sócios;
Capital social mínimo;
Número mínimo de sócios;
Participações sociais – quotas;
Órgãos sociais – estrutura orgânica;