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Escola Superior de Tecnologia e

Gestão
Instituto Politécnico do Porto
• Disciplina de Direito Comercial e do Trabalho
• Parte II : Direito Comercial.
• Docente:
• Patrícia Pinto Alves
• Assistente Convidada
• Ano Letivo 2020/2021
• E-mail: pmpa@estg.ipp.pt
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Definição de Direito Comercial: o Direito Comercial é um ramo especial em relação ao Direito Civil
uma vez que se carateriza por ter regras específicas que impõem uma disciplina diferente da que é
caraterística e comum das relações ou situações jurídicas que tipicamente se desenvolvem entre os
particulares ou que os envolvem.
• O Direito Comercial é o que regula a atividade dos sujeitos económicos mais relevantes no
mercado: os comerciantes, isto é, empresários mercantis em nome individual ou organizados em
sociedades comerciais, que se caraterizam essencialmente pela profissionalidade dos seus atos.
Paralelamente com estas realidades outras entidades ou pessoas coletivas são sujeitos de Direito
Comercial, tais como as cooperativas, e os agrupamentos complementares de empresas, ao mesmo
tempo que nele também cabem e se desenvolvem entidades não personalizadas, mas dotadas de
autonomia patrimonial e financeira, como os organismos de investimento coletivo (fundos).
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, Direito Empresarial para Economistas e Gestores, 2.ª edição,
Almedina, 2016, pp. 121-122.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• O Direito Comercial não abarca os sujeitos que exercem outras profissões – independentes
(advogados, médicos, engenheiros, arquitetos) ou manuais (pedreiros, marceneiros, canalizadores,
eletricistas, entre outras), nem os empresários civis, nomeadamente agrícolas ou que correspondam
a pequenas indústrias familiares, salvo se organizados sob a forma de sociedade comercial. Ou
seja, o Direito Comercial não é suposto tratar destas situações, mas acaba por a fazer se as
empresas a que as mesmas correspondem adotarem a forma de sociedade comercial. Como diz
Paulo Olavo Cunha: “Nesse caso, (…) a forma (comercial) se sobrepõe à substância (civil)”. Cfr.
PAULO OLAVO CUNHA, Direito Empresarial para Economistas e Gestores, 2.ª edição,
Almedina, 2016, pp. 122-123.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Porém, a Lei das Sociedades Profissionais – Lei n.º 53/2015, de 11 de Junho, dispõe no seu art. 4.º que:
• Artigo 4.º

• Liberdade de forma e direito subsidiário

• “1 - As sociedades de profissionais podem ser sociedades civis ou assumir qualquer forma jurídica societária
admissível segundo a lei comercial, salvo o disposto no número seguinte.

• 2 - As sociedades de profissionais não podem constituir-se enquanto sociedades anónimas europeias.

• 3 - No que a presente lei não dispuser, são aplicáveis às sociedades de profissionais as normas da lei civil ou da lei comercial,
consoante se trate de uma sociedade de profissionais sob a forma civil ou de uma sociedade de profissionais sob a forma
comercial, respetivamente.

• 4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, são aplicáveis às sociedades de profissionais que se constituam enquanto
sociedades unipessoais por quotas as disposições da presente lei compatíveis com a sua natureza”.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Todavia, também o Estatuto da Ordem dos Advogados - Lei n.º 145/2015,
de 09 de Setembro, mais precisamente no n.º 1 do seu art. 213.º dispõe que:

• Sociedades de advogados

• Artigo 213.º

• Sociedades de advogados
• “1 - Os advogados podem exercer a profissão constituindo ou ingressando em sociedades de
advogados, como sócios ou associados”. – Adoção da forma de sociedade comercial.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?

• Posto isto, a lei comercial, mais precisamente através do Código Comercial


não inclui de forma expressa no âmbito do comércio – em sentido lato,
incluindo jurídico -, a agricultura, os ofícios mecânicos diretamente
desempenhados – a denominada pequena empresa -, e a atividade literária,
assim como as atividades que lhes sejam acessórias, tais como empresas de
transformação acessórias de empresas agrícolas, ou seja, delas
primordialmente dependentes e a edição de obras próprias.
O artigo 230.º do Código Comercial.
• Título IV - Das Empresas

• Art.º 230.º -
• Empresas comerciais

• “Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou colectivas, que se propuserem:

• 1.º Transformar, por meio de fábricas ou manufaturas, matérias-primas, empregando para isso, ou só operários, ou operários e
máquinas;
• 2.º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante preço convencionado;
• 3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e mediante salário estipulado;
• 4.º Explorar quaisquer espetáculos públicos;
• 5.º Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas;
• 6.º Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário;
• 7.º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas, animais, alfaias ou mercadorias de outrem”.
Art.º 230.º - do Código Comercial
Empresas comerciais
• § 1.º Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural
que apenas fabrica ou manufatura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente
à sua exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico
que exerce diretamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só
operários, ou operários e máquinas.

• § 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimento de produtos da respetiva propriedade.

• § 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar, publicar ou
vender as suas obras.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?

• O Direito Comercial trata também dos negócios que instrumentalizam


a atividade económica dos comerciantes e de todos aqueles que com
estes se relacionam, no desempenho dessa atividade, e ainda de certos
negócios que, por serem típicos da vida mercantil, estão sujeitos a um
regime próprio, independentemente da qualidade dos respetivos
sujeitos e da intensidade – reiterada ou forçada – com que são
desempenhados.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Para Paulo Olavo Cunha, o Direito Comercial é o conjunto de regras que
regulam os atos e as atividades jurídico-mercantis. Ob. cit., p. 124.

• A globalização mercantil propõe novos desafios à regulação de relações


crescentemente transnacionais, levando ao surgimento de novas formas de
autorregulação de interesses, com origem convencional, que gradualmente
se vão afirmando na disciplina das relações do comércio internacional,
fazendo renascer práticas que durante mais de um século cederam terreno ao
rigor das normas jurídicas nacionais.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?

• Paralelamente, com a aceitação de novas regras especialmente


adequadas a regular situações jurídicas privadas plurilocalizadas,
sente-se a necessidade de uma supervisão ampla e multidisciplinar,
também internacional, do desempenho dos agentes económicos em
mercados cada vez mais ampliados.
Aula n.º 9: comércio em sentido económico vs
comércio em sentido jurídico.
• Em termos economicistas, o comércio é a atividade de (inter)mediação
entre a oferta e a procura, no plano das compras e vendas por grosso e
a nível do retalho, os quais se confundem amiúde nos nossos dias,
reconduzindo-se à moderna ideia de distribuição, isto é, consiste na
mediação entre a produção e o consumo, com o objetivo de obter o
lucro.
Aula n.º 9: comércio em sentido económico vs
comércio em sentido jurídico.
• Artigo 13.º, n.º 1 do Código Comercial: consideram-se comerciantes
as pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio,
fazem do mesmo a sua profissão.
Aula n.º 9: comércio em sentido económico vs
comércio em sentido jurídico.
• Em termos jurídicos, o comércio trata-se da atividade objeto do Direito Comercial.

• O comércio abarca todos os atos qualificados como tais (atos de comércio, objetivos e
subjetivos) e que, tradicionalmente, correspondem ao comércio em sentido economicista,
assim como as atividades mercantis a que se reporta o art. 230.º do Código Comercial,
designadamente parte da indústria extrativa (atividade mineira), a indústria
transformadora e a prestação de serviços (que não se reconduza ao desempenho de uma
profissão liberal (independente) de forma autónoma e isolada); mas já não os atos
formalmente comerciais, como, a título de exemplo, atos de cariz cambiário, tal como a
simples subscrição de uma letra (de câmbio) ou de um cheque, ou caraterísticas do Direito
da Propriedade Industrial. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 126-127.
Aula n.º 9: comércio em sentido económico vs
comércio em sentido jurídico.
• Mas, atenção!
• O Código Comercial aparta do domínio do comércio as atividades económicas
primárias – agricultura e atividades fabris dela instrumentais -, a prática direta da
atividade económica sob a forma de pequena empresa ou empresa de base familiar
e iniciativas pessoais que, noutros circunstancialismos dirigidos essencialmente
para o mercado, se qualificariam, sem dificuldade, como mercantis.
• Não há, uma coincidência absoluta entre a realidade económico-social e a que é
objeto do Direito Mercantil, que abrange também outros serviços e a própria
indústria.
O Código Comercial Português.
Art. 1.º do Código Comercial Português:
«Art.º 1.º
Objeto da lei comercial»
“A lei comercial rege os atos de comércio sejam ou não comerciantes as
pessoas que neles intervém”.
O Código Comercial Português.
Capítulo II
«Dos Comerciantes
Art.º 13.º
Quem é comerciante»
“São comerciantes:

1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem
deste profissão;

2.º As sociedades comerciais”.


O Código Comercial Português.
«Art.º 2.º
Atos de comércio»
“Serão considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem
especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos
e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza
exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar”.
As conceções da matéria de Direito Comercial:
• 1. A conceção claramente objetiva de Direito Comercial. Os atos ou factos que implicam a
existência de certas regras comerciais independentemente de quem os exercer;

• 2. A conceção subjetiva de Direito Comercial. Trata-se daquela que se reconduz à identificação


prévia dos sujeitos que se movem nom âmbito de uma determinada atividade e à subsequente
procura dos atos que são caraterísticos e que, via de regra, são desempenhados por eles.

• A predominância de uma destas conceções varia, de país para país, conforme a força histórica que
tiver sido dominante, mas nenhuma pode, nem deve aliás, desleixar a outra.
Os atos de comércio!

• O Código Comercial Português não nos dá uma noção de atos de comércio.

• A denominação atos de comércio abarca, além dos negócios jurídicos – em


que avultam os contratos -, os simples atos jurídicos e os factos ilícitos, que
dão origem a responsabilidade civil extracontratual.

• A função do art. 2.º do Código Comercial é a de qualificar o Direito


Comercial.
Os atos de comércio!
• Artigo 2,º do Código Comercial (CCom), referindo a sua 1.ª parte aos
atos de comércio objetivos, e a sua 2.ª parte aos atos de comércio
subjetivos.
• Desta feita,
• Atos de comércio objetivos são aqueles que são comerciais, independentemente do
sujeito que os pratica, ou seja, ainda que o seu autor não seja comerciante.
• Atos de comércio subjetivos: aqui os atos praticados por comerciante são
comerciais, salvo se forem de cariz exclusivamente civil, ou se se mostrar que o ato
não é comercial, isto é, se resultar do ato que ele não é acessório da atividade
mercantil do comerciante que o praticou.
A qualificação dos atos comerciais!

• A qualificação dos atos de comércio em razão da sua autoria, ou seja,


ser comerciante aquele que os praticou, só é coerente e pertinente em
relação ao empresário individual, uma vez que os atos das sociedades
comerciais são mercantis por definição.

• A maioria dos atos jurídicos exercidos por um comerciante em nome


individual enquadra-se na sua atividade profissional, ou seja, na
prática da atividade mercantil.
A qualificação dos atos comerciais!
• Atos de comércio objetivos: estão aqui essencialmente em causa os contratos regulados no
Código Comercial, com especialização ou com autonomia em relação aos contratos civis, como
sucede, a título de exemplo e respetivamente com:

• Com a compra e venda – arts. 463.º a 476.º do CCom vs arts. 874.º a 939.º do CC;
• Com o mandato – arts. 231.º a 265.º do CCom vs arts. 1157.º 1179.º do CC;
• Com o empréstimo ou mútuo – arts. 394.º a 396.º do CCom vs arts. 1142.º a 1151.º do
CC;
• Com o depósito – arts. Arts. 408.º a 424.º do CCom vs arts. 1185.º a 1206.º do CC;
• Com a fiança - art. 101.º do CCom vs 627.º a 654.º do CC;
• Com o penhor – arts. 397.º a 402.º do CCom vs arts. 666.º a 685.º do CC;
• Com os contratos de conta corrente – arts. 344.º a 350.º do CCom.
• Com o reporte – arts. 477.º a 479.º do CCom.
• Com casos das operações de bolsa – arts. 321.º a 343.º do CVM.
A qualificação dos atos comerciais!

• Ainda se enquadram nos negócios dos comerciantes individuais todos


os atos que eles praticam no dia a dia e que não revestem cariz
exclusivamente civil, sempre que não resulte, no momento da
celebração do ato, disposição em sentido divergente, ou seja, que o ato
não tem nada a ver com a atividade do comerciante.
A definição de comerciante.
• Aqui releva o n.º 1 do art. 13.º do CCom.
• Nas palavras de Paulo Olavo Cunha, “Comerciante é aquele que faz
do exercício do comércio profissão, a pessoa que se dedica
habitualmente, como meio de vida, à prática de atos de comércio
(absolutos), nomeadamente compra para a revenda”. Cfr. PAULO
OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 131 e bibliografia integrante.
A definição de comerciante.

• São também comerciantes:


• As pessoas que se propõem praticar uma atividade mercantil nos termos do
art. 230.º do CCom;

• E as empresas coletivas, organizadas sob a forma de sociedades


comerciais, apenas pelo simples facto de existirem nos termos do n.º 2 do
art. 13.º do CCom.;

• E, em determinada ocasiões, as cooperativas e empresas públicas.


Os atos preparatórios da atividade comercial e
o art. 230.º do CCom.
• Nas situações em que a empresa comercial tem a forma de sociedade comercial e se
apresenta no mercado como mercantil, de acordo com Paulo Olavo Cunha, podemos
concluir que todos os seus atos correspondem ao exercício da atividade que corresponde
ao seu objeto e que são praticados no âmbito da sua capacidade. Cfr. PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 132.

• Quanto aos sujeitos de Direito Comercial que se caraterizam em função dos atos que se
praticam de forma habitual subsiste por explicar o cariz dos atos preparatórios da
respetiva atividade. Estes atos de que vimos a falar classificam-se como comerciais uma
vez que se enquadram na respetiva atividade comercial de acordo com o art. 230.º do
CCom.
O art. 230.º do CCom.
• Quanto ao âmbito e relevância deste preceito legal, o art. 230.º do CCom., tem por
alcance objetivo a determinação das empresas enquanto atos de comércio.

• Quando a lei apenas estipula a atividade – caso do art. 230.º do CCom., mas não só – quer
dizer que o ato isoladamente praticado não preenche os requisitos de comercialidade;
assim não se considera comercial, uma vez que não é uma prática massificada de atuação.
Os atos consagrados no artigo 230.º do CCom., para serem comerciais têm de ser
repetidamente praticados com intenção especulativa, utilizando para tanto uma
organização.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 133.


O art. 230.º do CCom.

• Para certos comercialistas existem duas normas


qualificadoras no Direito Comercial Português:
• As do artigo 2.º do CCom. - I Parte;
• As do artigo 230.º do CCom.
O art. 230.º do CCom.
• Quanto ao art. 2.º, I Parte, este prevê atos de comércio objetivos. O seu alcance é muito
reduzido, uma vez que se trata lá tão-só de atos – contratos – isolados, que não se
integram de modo necessário numa atividade profissional; ou seja, podem ser
desempenhados por qualquer sujeito.

• O art. 230.º do CCom., é uma norma qualificadora autónoma que se reporta às empresas
comerciais.

• Acontece que em lado algum do CCom., é sequer mencionado que a empresa comercial é
um ato de comércio – um contrato comercial.

• O art. 230.º do CCom., ao qualificar as empresas comerciais também qualifica ao mesmo


tempo o empresário, havendo assim uma subjetivação da empresa.
O art. 230.º do CCom.

• Menciona-se que, tratando de uma empresa comercial, o empresário


também é comercial.

• Mas, para se ser comerciante, nos moldes do art. 230.º do CCom., não
é preciso que se exerça um ato, isto é, se celebre um contrato, sendo
suficiente que se proponha o exercício de uma atividade empresarial,
uma vez que isso já é exercício da prática comercial.
O art. 230.º do CCom.
• “Quando o empresário individual se encontra a montar o seu
estabelecimento, desde a identificação do espaço adequado, à celebração do
contrato para a respetiva utilização, passando pelas obras de adaptação
necessárias e intervenção no plano de decoração, contratação dos
mandatários comerciais (gerente de loja e auxiliares) e realização das
primeiras encomendas de mercadoria, os contratos que celebra já são
mercantis, apesar de o seu autor não ser (ainda) comerciante, por efeito do
artigo 13.º, por não se encontrar a exercer a atividade comercial”. Cfr.
PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 134.
O art. 230.º do CCom.
«Art.º 230.º
Empresas comerciais»
• “Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou coletivas, que
se propuserem:

• 1.º Transformar, por meio de fábricas ou manufaturas, matérias-


primas, empregando para isso, ou só operários, ou operários e
máquinas;
O art. 230.º do CCom.

• 2.º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer


ao Estado, mediante preço convencionado;

• 3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório


aberto ao público, e mediante salário estipulado;

• 4.º Explorar quaisquer espetáculos públicos;

• 5.º Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas;


O art. 230.º do CCom.

• 6.º Edificar ou construir casas para outrem com materiais


subministrados pelo empresário;

• 7.º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra,


quaisquer pessoas, animais, alfaias ou mercadorias de outrem.
§ 1.º Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural
que apenas fabrica ou manufatura os produtos do terreno que agriculta
acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial
de ofício mecânico que exerce diretamente a sua arte, indústria ou ofício, embora
empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas.
§ 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador rural que
fizer fornecimento de produtos da respetiva propriedade.
§ 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar, publicar ou
vender as suas obras”.
O art. 99.º do CCom: o regime dos atos de
comércio mistos.
«Art.º 99.º
Regime dos atos de comércio unilaterais»
• “Embora o ato seja mercantil só com relação a uma das partes será
regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os
contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por
cujo respeito o ato é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à
jurisdição comercial”.
O art. 99.º do CCom: o regime dos atos de
comércio mistos.
• Todavia, não se afigura possível aplicar ao mesmo ato – muito embora
se qualifique como comercial quanto a um sujeito (aquele que
participa profissionalmente) e civil ou não comercial quanto ao outro
(o que intervém pontualmente à margem de uma atividade profissional
mercantil ou de um ato com essa índole) dois regimes jurídicos
divergentes e porventura contraditórios.
O art. 464.º do CCom.
«Art.º 464.º
Compras e vendas não comerciais»

• “Não são consideradas comerciais:

• 1,º As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ou da sua família, e
as revendas que porventura desses objetos se venham a fazer;

• 2.º As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele
explorada, e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas;

• 3.º As compras que os artistas, industriais, mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem diretamente
a sua arte, indústria ou ofício, fizerem de objetos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus
estabelecimentos, e as vendas de tais objetos que fizerem depois de assim transformados ou aperfeiçoados;

• 4.º As compras e vendas de animais feitas pelos criadores ou engordadores”.


O art. 464.º do CCom.
• Posto isto, a problemática baseia-se no facto de se saber que regime aplicar a tais atos, ou seja, o
civil constante no CC, o da legislação comercial ou outro regime diverso?

• Transcrevendo o exemplo da obra da autoria de Paulo Olavo Cunha, que temos vindo a citar, p.
134: “Um particular adquire um automóvel num stand (cfr. art. 464.º, n.º 1). Quid Juris? Isto é,
esse negócio é regulado pela lei comercial ou pelo Código Civil?

• Estamos perante um ato comercial relativamente ao titular do estabelecimento comercial (stand) –


quer este seja uma sociedade comercial (com objeto adequado ao efeito), quer se trate de um
empresário individual que tenha adquirido a viatura para revenda -, mas civil no que respeita ao
adquirente, que compra o automóvel para utilização pessoal e particular (cfr. art. 464.º, 1.º, do
CCom)”.
Voltando ao art. 99.º do CCom., …
• Nas palavras de Paulo Olavo Cunha: “Não fazendo sentido que o mesmo ato se encontre
sujeito a um regime jurídico relativamente a uma das partes e a diferente regime quanto à
oura parte, encontramos uma solução no art. 99.º do Código Comercial que unificou o
regime aplicável aos atos mistos, estendendo o regime mercantil aos particulares que,
enquanto consumidores, celebrem negócios com os comerciantes. Assim, um negócio que
só seja comercial por uma das suas partes – por exemplo, pelo lado do comerciante que
vende uma fração autónoma para habitação a um particular -, mas civil pela outra parte,
pelo lado do particular que compra a dita fração (vd. art. 463.º, 4 do CCom), é um
negócio misto e regido inteiramente pelo Direito Comercial”. Cfr. PAULO OLAVA
CUNHA, ob. cit., p. 135.
O n.º 4 do art. 463.º do CCom.
«Art.º 463.º
Compras e vendas comerciais»

• “São consideradas comerciais:

• 1.º As compras de cousas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou simplesmente para lhes alugar o
uso;

• 2.º As compras, para revenda, de fundos públicos ou de quaisquer títulos de crédito negociáveis;

• 3.º A venda de cousas móveis, em bruto ou trabalhadas, e as de fundos públicos e de quaisquer títulos de
crédito negociáveis, quando a aquisição houvesse sido feita no intuito de as revender;

• 4.º As compras e revendas de bens imóveis ou de direitos a eles inerentes, quando aquelas, para estas,
houverem sido feitas;

• 5.º As compras e vendas de partes ou de acções de sociedades comerciais”.


Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• Conceito de empresa(s) comercial(s): a


empresa comercial é a que constitui o substrato
do sujeito de Direito Comercial, cuja atividade é
necessariamente empresarial.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• Lato sensu, a empresa (comercial) trata-se da organização autónoma e


intencional de meios, quer humanos quer materiais, apta à
concretização de um objetivo útil.

• Em sentido mais económico e específico, a empresa (comercial) trata-


se de uma organização produtiva ou mediadora de riqueza, que
desempenha de forma estável, a sua atividade económico-mercantil em
função do mercado a que se conduz.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• Ora, e seguindo de perto os ensinamentos de JORGE MANUEL


COUTINHO DE ABREU, Da empresarialidade (As empresas no
Direito), Coimbra, Almedina, 1996, pp. 281-308, incoerentemente,
não existe um conceito jurídico unânime de empresa comercial.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• Desta feita, compete a alguns ramos do Direito a ocupação da ideia de


empresa, mais precisamente os ramos:
• Do Direito do Trabalho;

• Do Direito Fiscal;

• Do Direito da Insolvência;

• Do Direito da Concorrência;

• Do Direito Comercial.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• No que ao Direito do Trabalho respeita, a empresa define-se como sendo «uma
organização de meios estável predisposta para a realização de certo fim útil pelo seu
titular, o qual, mediante contratos de trabalho, emprega outras pessoas na realização desse
fim». Cfr., MONTEIRO FERNANDES, “A empresa – Perspectiva jurídica”, in
Enciclopédia PÓLIS, Volume II, Cols. 928-934, e ainda da mesma autoria, vd., Direito do
Trabalho, 2012, pp. 211-214.

• No que ao fator trabalho concerne, a importância da empresa evidencia-se,


essencialmente, no facto dela ser suporte da tutela da continuidade do emprego e na
estabilidade da posição socioprofissional do trabalhador que dela faz parte – art. 318.º do
CT, Entende-se aqui uma determinada forma de objetivação da empresa, a qual será, neste
ramo, de determinada forma, sinónima de estabelecimento.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• No que ao Direito Fiscal é concernente nenhum texto legal nos dá a


noção de empresa neste prisma.

• Mas, em termos jurídico-comerciais, a importância que a empresa


reveste trata-se de uma realidade passível de se formar como sujeito
autónomo de Direito. Ora, neste âmbito, releva o art. 5.º do CIRE,
buscando-se a conceção, embora de maneira simplificada, de empresa
em respeito por um critério de unidade institucional.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• No que ao Direito da Concorrência apraz, de acordo com a Lei n.º 19/2012, de 8 de maio
«NOVO REGIME JURÍDICO DA CONCORRÊNCIA», tendo em conta a sua versão mais
recente: da Lei n.º 23/2018, de 05/06:
«Artigo 3.º

Noção de empresa»

• “1 - Considera-se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exerça uma atividade económica que consista na
oferta de bens ou serviços num determinado mercado, independentemente do seu estatuto jurídico e do seu modo de
financiamento.

• 2 - Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, constituem uma unidade
económica ou mantêm entre si laços de interdependência decorrentes, nomeadamente:

• a) De uma participação maioritária no capital;

• b) Da detenção de mais de metade dos votos atribuídos pela detenção de participações sociais;

• c) Da possibilidade de designar mais de metade dos membros do órgão de administração ou de fiscalização;

• d) Do poder de gerir os respetivos negócios”.


Aula n.º 9: As empresas comerciais.

• No âmbito do Direito Comercial, entende-se por empresa, a entidade


que se propõe a prática comercial, revelando-se pela sua constituição,
que comunica a terceiros a qualidade profissional do comerciante –
empresário -, e pelo desempenho da sua atividade mercantil – o
funcionamento da empresa comercial.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• No entendimento de Paulo Olavo Cunha, juridicamente a noção de
empresa é polifacetada, ou seja, o autor julga não ser possível abarcar
numa única definição todas as relações supostas por uma empresa.

• Tradicionalmente são 4 os perfis de empresa:


• Uma conceção objetiva;
• Um sentido objetivo;
• O aspeto material;
• A perspetiva institucional.

Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 138 e elenco bibliográfico lá contido.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• Na conceção subjetiva, a empresa confunde-se com o empresário;

• Num sentido objetivo, a empresa refere-se à atividade económica praticada pelo empresário;

• No aspeto material (ou patrimonial), que recambia a empresa um conjunto de bens ou direitos –
ao estabelecimento, criado pelo empresário;

• Na perspetiva institucional, de acordo com a qual a empresa é uma organização de pessoas que,
em variadas posições hierárquicas, prosseguem uma atividade económica: uma comunidade de
trabalho.

• Nota: todos este perfis relatados sugerem somente aspetos parciais da empresa.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• Para Paulo Olavo Cunha, a noção jurídica de empresa conjuga dois
fatores que são:
• “Um, pessoal, no qual, para além do trabalho de uma comunidade de pessoas que, na
direção e na produção asseguram o seu funcionamento, releva a conceção própria do
empresário na sua estruturação, ou seja, na organização dos diferentes fatores produtivos
de modo a integrá-los numa mesma finalidade funcional; e
• Outro, patrimonial, constituído por todos os bens e elementos com valor económico
(bens imóveis e móveis, direitos, situações jurídicas e elementos imateriais) unificados
(conjugados) pela função unitária a que estão adstritos”.

• Cfr. PAULO OLVA CUNHA, ob. cit., pp. 139.140.


O aviamento.
• O aviamento explica que a empresa é uma expressão unitária da sua unidade.

• A estruturação da empresa atribui ao seu todo organizado um maior valor do que


aquele que adviria da simples soma dos seus elementos isoladamente tidos em
conta. Tal qualidade pode decompor-se:
• Numa perspetiva objetiva: o aviamento é o maior valor patrimonial obtido pela organização funcional
dos fatores que integram o estabelecimento comercial. A propensão de reduzir a empresa ao
estabelecimento entende-se pelo maior valor do estabelecimento que precisa de tutela, além de ter sido
este que primeiramente foi tutelado pelo Direito, nomeadamente relativamente ao relevo do seu maior
valor no trespasse e na venda.
• Quanto ao aviamento subjetivo: o maior valor da estrutura humana da empresa comercial -, que deriva
essencialmente da atividade empresarial, isto é, da personalização da empresa e das qualidades do
empresário, designadamente da sua capacidade organizativa, dos seus conhecimentos, das suas ideias que
poderão ser inovadoras, e, talvez, de certos segredos.
O art. 230.º do CCom., e a sua influência no
conceito de empresa (comercial).
• O art. 230.º do CCom., ampliou os atos de comércio ou contratos comerciais, ou
seja, apenas estão lá contempladas as empresas que não resultavam já de atos de
comércio objetivos previstos no Código Comercial ou em legislação comercial
complementar, sendo que ao qualificar certas empresas como comerciais,
evidenciou os aspetos subjetivo e objetivo da empresa, que derivam,
respetivamente, da referência expressa a “pessoas singulares ou coletivas que se
propuseram” e do facto da qualificação comercial das variadas empresas ser feita
pelas atividades que têm por objetivo a realização.
O art. 230.º do CCom., e a sua influência no
conceito de empresa (comercial).
• Do art. 230.º do CCom., também de depreende que do confronto dos
vários números com o §§ 1.º e 2.º, que a empresa comercial carateriza-
se pelo risco de capital que o empresário acolhe. Isto é, na organização
empresarial comercial releva o capital, sublinhando-se, todavia, o
subsequente risco da atividade mercantil.
As empresas agrícolas: verdadeiras empresas comerciais?

• No âmbito das empresas agrícolas, é de referir que as empresas que


lhes são acessórias e as pequenas empresas não são comerciais no
Direito Positivo (escrito) Português – art. 230.º, §§ 1.º e 2.º do CCom.

• O motivo principal da exclusão da comercialidade da empresa agrícola


e da empresa acessória deve-se ao facto de a sua força produtiva
dominante ser a terra – riscos de ordem natural.
As empresas agrícolas: verdadeiras empresas comerciais?

• Conceito de empresa acessória da empresa agrícola: trata-se da empresa


que manufatura produtos da terra – exploração agrícola -, e apenas desta, a
que está ligada dentro de um critério de normalidade.

• Insere-se neste conceito a empresa cuja atividade depende maioritariamente


da empresa agrícola a que se encontra ligada e em função da qual foi criada.
Uma vez que a sua exploração acessória tem cariz secundário, o risco do
empreendimento total permanece a ser o risco do fator terra.
A exclusão do regime comercial da pequena empresa …
• A exclusão do regime comercial da pequena empresa consiste na preponderância do fator trabalho.

• A qualificação da pequena empresa, que pode existir em qualquer setor económico, depende muito
da organização económica que lhe concede o empresário.

• O art. 230.º do CCom., apenas é passível de interpretação extensiva.

• Concluindo, a empresa não é, de acordo com o disposto no art. 230.º do CCom., um ato de
comércio, mas nada impede que a atividade – que se tratar de uma prática repetida de atos -,
empresarial posso envolver o exercício de atos de comércio objetivos, nomeadamente a compra e
venda – Ver o n.º 5 do art. 230.º do CCom.

• O art. 230.º do CCom., permite uma interpretação subjetiva sobre a empresa comercial e uma
interpretação objetiva sobre a empresa comercial.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.

• Conceito de estabelecimento comercial: por estabelecimento


comercial entende-se a referência espacial da atividade da empresa
comercial, a qual atualmente já não se limita necessariamente a um
espaço físico, indo mais além, correspondendo, em determinadas
situações, exclusivamente a um website. É o que acontece, a título de
exemplo com a Amazon. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p.
135.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.
• Na gíria, estabelecimento comercial é sinónimo de armazém ou loja aberta ao
público pelo comerciante. Pressupõe-se a existência de um espaço físico – art.
263.º § único do CCom.

• Porém, com a evolução tecnológica, não devemos descurar os websites ou sítios


da internet, mediante os quais os empresários podem desempenhar atualmente as
suas atividades comerciais, sendo os seus estabelecimentos, neste prisma, as suas
montras, através das quais dão a conhecer ao público consumidor os bens que
comercializam, correspondendo às denominadas lojas virtuais.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.
• Assim, como diz Paulo Olavo Cunha: “(…) em sentido técnico, devemos
acolher a ideia de que o estabelecimento comercial é o conjunto de bens (no
sentido material do termo) e serviços que são organizados pelo comerciante
(empresário) para o exercício da respetiva atividade mercantil (empresarial).
Sobreleva, pois, o espaço objetivo da empresa – organização de meios
materiais (bens) e humanos (serviços) –, em detrimento da essencialidade
de um local fixo e permanente”. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p.
146.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.

• A regra é a de que cada comerciante tem um estabelecimento


comercial, mas pode ter mais do que um.

• Mas atenção! O património do comerciante não se deve confundir


com o estabelecimento comercial, sendo que o estabelecimento
comercial faz parte integrante do património do comerciante.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.
• Quanto à caraterização/composição do estabelecimento comercial, este tem elementos
corpóreos e elementos incorpóreos, sendo certo que atualmente a atividade comercial
pode-se realizar numa dimensão informática, que se opera maioritariamente à margem de
bens físicos ou corpóreos.

• Elementos corpóreos: correspondem aos bens materiais que integram o estabelecimento


comercial, nomeadamente bens imóveis – onde se situam as instalações do comerciante –
e móveis, desde os bens de equipamento que integram o imobilizado – tais como
máquinas e aparelhos -, passando por objetos simples e utensílios e pelas matérias-primas
ou produtos finais produzidos até à própria caixa, onde se guarda o fundo de maneio e,
por vezes, o dinheiro que constitua receita do estabelecimento comercial.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.
• Elementos incorpóreos do estabelecimento comercial: aqui avultam os
direitos, desde a locação, sob a forma de arrendamento – cfr. arts. 1109.º e
1112.º do CC – se se tratar de um espaço físico – ou constituição de um
domínio ou sítio da internet, aos créditos sobre clientes e dívidas a
fornecedores, empréstimos e financiamentos e acabando nos direitos
privativos da propriedade industrial – no logótipo -, em que se
materializa, como sinal diferenciador no comércio – arts. 304.º e seguintes
do CPI.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.

• O aviamento – maior valor -, não é tido como elemento do


estabelecimento comercial, mas já é tido como um atributo do
estabelecimento comercial. O aviamento reposiciona-se a uma aptidão
funcional.

• Ainda no que respeita ao aviamento, um dos seus índices mais


credíveis é a clientela, que não é, no mercado da concorrência, objeto
de um Direito subjetivo, mas quando muito constitui uma expetativa.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.

• Sinónimas de clientela são a perfeição e eficiência da organização do


estabelecimento (comercial), onde o aumento se efetua, em regra, à
custa de clientela alheia, excluindo-se novos bens e serviços, tal como
os novos clientes.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial: a sua
índole jurídica.
• Numa panóplia jurídico-comercial, o estabelecimento comercial trata-se de uma realidade
jurídica complexa inserida por inúmeros bens – quer sejam corpóreos quer sejam
incorpóreos – e por direitos (designadamente os que derivam das relações jurídicas
duradouras que o seu titular determina com terceiros, ou seja, com fornecedores, com
credores e com clientes), com menção à sua exploração, e que não se reconduzem, nem
tão-pouco se identificam com uma categoria jurídica predefinida.

• Ora, num determinado sentido, é uma universalidade de facto, mas noutro sentido é
também uma universalidade de direitos, que amparam as suas inconstâncias,
especialmente a sua transmissão.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial: a sua
transmissão.
• O contratempo que advém na transmissão do estabelecimento
comercial sublinha a realidade unitária que está em jogo e que junta
diversos bens e situações jurídicas que, conjugadas, representam um
valor superior à simples soma das partes.
Aula n.º 9: empresa comercial vs
estabelecimento comercial.
• NOTA: a empresa comercial confunde-se regularmente com a sociedade que lhe confere
forma jurídica e esta, muitas vezes, não se distingue do estabelecimento em que atua
mediante a empresa comercial, pela coincidência das respetivas denominações, ou seja, da
firma com o nome do estabelecimento comercial em causa, nos nossos dias
genericamente conhecido por logótipo. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 135-
136.

• Por exemplo: Pingo Doce é a empresa comercial de distribuição alimentar, a sociedade


anónima em que a empresa comercial se consubstancia juridicamente e o nome do
estabelecimento comercial onde esta promove e realiza a sua atividade mercantil.
O trespasse à luz do Direito Comercial Português!

• O trespasse designa a transmissão do estabelecimento comercial ou


industrial, a qual pode resultar de diversos negócios típicos – por
exemplo como a compra e venda, a troca, a doação - e também da
própria herança e da partilha de sócios.
Problemas relacionados com o estabelecimento comercial
(trespasse do estabelecimento comercial).

No que respeita à forma do estabelecimento comercial a partir


do DL 64º-A/2000 de 22 de Abril que entrou em vigor em Maio de
2000, passou a ser suficiente o documento escrito. Ou o
estabelecimento comercial se situa em imóvel arrendado (basta o
documento escrito) ou se estiver instalado no estabelecimento
comercial um imóvel onde o estabelecimento comercial se situa que
implica também a transmissão do imóvel (escritura pública ou
documento particular autenticado).
A comunicação ao senhorio:

→ para preferência - o direito de preferência do senhorio ( art. 1112º,


nº 4 do CC.). O senhorio tem direito de preferência no caso de venda
ou dação em cumprimento.
→ e a comunicação posterior ao negócio de trespasse ( tem que ser feita por
escrito e tem que obedecer aos requisitos do art. 416º do CC.). Têm que ser
comunicadas as condições de alienação, (…). Se não for dado cumprimento a
esta obrigação de comunicação a esta obrigação de comunicação a
consequência é que sujeita-se à possibilidade de o senhorio intentar uma acção
de preferência.
Exercida a preferência vamos supor que foi
comunicada a alienação através do trespasse e o senhorio
exerce a preferência (depositado o preço o senhorio passa a
ser o proprietário do estabelecimento comercial, embora o
senhorio não tendo a obrigação de exercer a mesma
actividade, ele pode tomar a decisão de encerrar o
estabelecimento comercial).
Exceção ao preceituado é a de que o senhorio não tem direito de
preferência na alienação do estabelecimento de farmácia (se o senhorio
não for farmacêutico não goza do direito de preferência na alienação do
estabelecimento). Aqui estão em causa razões de ordem pública. Há
legislação especial que regula o estabelecimento de farmácias e os
proprietários de farmácia só podem ser farmacêuticos. Outra questão é
a de saber se é necessário o consentimento do senhorio para o trespasse
(art. 1112º, nº 1, 1ª parte). Não é necessário o consentimento do
senhorio.
Se o trespasse for nulo por falta de forma ou se após a
transmissão o transmissário passar a exercer atividade diferente
no arrendado, o senhorio pode resolver o contrato. A mudança de
destino é portanto motivo de resolução do contrato (a transmissão
em bloco que implica a prossecução da mesma atividade
económica, se houver alteração do destino, isso é motivo para
resolução do contrato (art. 1112º, nº 2 do CC.).
O trespasse: breve apanhado.

• O trespasse de estabelecimento comercial diferencia-se da figura da


cessão de exploração de estabelecimento comercial, uma vez que o
trespasse de estabelecimento comercial trata-se de um ato de
transmissão global e a título definitivo.
A cessão de exploração do estabelecimento.
• Ao contrário do trespasse, a cessão de exploração do estabelecimento, ou
locação do estabelecimento, consiste na transferência temporária e onerosa,
em que o cedente conserva a titularidade do estabelecimento, limitando-se a
autorizar que o cessionário o explore – art. 1109.º do CC. Trata-se de uma
verdadeira locação do estabelecimento comercial, correspondendo à
cedência do gozo do estabelecimento comercial como um todo e
pressupondo, dessa maneira, que o estabelecimento comercial já se encontre
devidamente constituído e apto a funcionar.
A cessão de exploração do estabelecimento.
• Nesta cedência provisória não é necessário o consentimento do senhorio do
local arrendado em que está instalado o estabelecimento comercial, mas
deve ser-lhe comunicada no prazo legal de 1 mês.
• Seguindo de perto o exemplo que nos é dado por Paulo Olavo Cunha: “(…)
imagine-se que Alfredo é o inquilino de um espaço dedicado à restauração e
que, tendo exercido a atividade de exploração do restaurante durante vários
anos, pretende agora ceder a um jovem cozinheiro essa exploração,
propondo-se receber uma contrapartida financeira variável por essa
cedência temporária (pelo prazo de cinco anos)”. Cfr. PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 150.
O logótipo: a sua previsão legal.

• O atual Código da Propriedade Industrial (CPI) - DL n.º 110/2018, de


10 de Dezembro -, estrutura a direito privativo acerca do nome do
estabelecimento comercial, sob uma única modalidade de direitos da
propriedade industrial – os logótipos. Assim, a lei deixou de se referir
a nome e insígnia do estabelecimento comercial, como antes fazia,
para referir tão-só os logótipos – Ver os arts. 304.º a 309.º do CPI.
O logótipo: a sua previsão legal.

• Mas, o logótipo quando seja utilizado num estabelecimento não pode


ser transferido sem o próprio estabelecimento – ou parte dele – art.
304.º do CPI.

• Da mesma forma, a transmissão do estabelecimento comercial, exceto


se consagrado em sentido contrário, implica a transmissão do logótipo
que o carateriza – art. 304.º do CPI.
O Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada.
• Falar em estabelecimento comercial não é o mesmo que falar em Estabelecimento Individual de
Responsabilidade Limitada.

• Por vezes, o indivíduo, empresário mercantil, pretende limitar a responsabilidade da sua atividade a
um património que afete para essa finalidade. Para o efeito, consegue tal restrição através:
• Da constituição de um estabelecimento individual de responsabilidade limitada – DL n.º 248/86, de 25 de
agosto (cuja versão mais recente é a do DL n.º 8/2007, de 17/01);

• ou

• Mediante a opção por uma sociedade por quotas da qual é o único sócio –
arts. 270.º-A a 270.º-G do CSC, preservando, contudo, a sua autonomia
financeira perante a sociedade (a sociedade enquanto coletividade social e não
enquanto sociedade comercial).
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
Sociedades unipessoais por quotas
«Artigo 270.º-A do CSC
Constituição»

• “1 - A sociedade unipessoal por quotas é constituída por um sócio único, pessoa singular ou coletiva, que é o titular da totalidade
do capital social.

• 2 - A sociedade unipessoal por quotas pode resultar da concentração na titularidade de um único sócio das quotas de uma sociedade
por quotas, independentemente da causa da concentração.

• 3 - A transformação prevista no número anterior efetua-se mediante declaração do sócio único na qual manifeste a sua vontade de
transformar a sociedade em sociedade unipessoal por quotas, podendo essa declaração constar do próprio documento que titule a
cessão de quotas.

• 4 - Por força da transformação prevista no n.º 3 deixam de ser aplicáveis todas as disposições do contrato de sociedade que
pressuponham a pluralidade de sócios.

• 5 - O estabelecimento individual de responsabilidade limitada pode, a todo o tempo, transformar-se em sociedade unipessoal
por quotas, mediante declaração escrita do interessado”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.

«Artigo 270.º-B do CSC


Firma»
• “A firma destas sociedades deve ser formada pela expressão
'sociedade unipessoal' ou pela palavra 'unipessoal' antes da palavra
'Limitada' ou da abreviatura 'Lda.’”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
«Artigo 270.º-C do CSC
Efeitos da unipessoalidade»

• “1 - Uma pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por
quotas.

• 2 - Uma sociedade por quotas não pode ter como sócio único uma sociedade unipessoal
por quotas.

• 3 - No caso de violação das disposições dos números anteriores, qualquer interessado


pode requerer a dissolução das sociedades por via administrativa.

• 4 - O serviço de registo competente concede um prazo de 30 dias para a regularização da


situação, o qual pode ser prorrogado até 90 dias a pedido dos interessados”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
«Artigo 270.º-D do CSC
Pluralidade de sócios»

• “1 - O sócio único de uma sociedade unipessoal por quotas pode modificar esta sociedade em sociedade por
quotas plural através de divisão e cessão da quota ou de aumento de capital social por entrada de um novo
sócio, devendo, nesse caso, ser eliminada da firma a expressão «sociedade unipessoal», ou a palavra
«unipessoal», que nela se contenha.

• 2 - O documento que consigne a divisão e cessão de quota ou o aumento do capital é título bastante para o
registo da modificação.

• 3 - Se a sociedade tiver adoptado antes o tipo de sociedade por quotas, passará a reger-se pelas disposições do
contrato de sociedade que, nos termos do n.º 4 do artigo 270.º-A, lhe eram inaplicáveis em consequência da
unipessoalidade.

• 4 - No caso de concentração previsto no n.º 2 do artigo 270.º-A, o sócio único pode evitar a unipessoalidade
se, no prazo legal, restabelecer a pluralidade de sócios”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.

«Artigo 270.º-E do CSC


Decisões do sócio»
• “1 - Nas sociedades unipessoais por quotas o sócio único exerce as
competências das assembleias gerais, podendo, designadamente,
nomear gerentes.

• 2 - As decisões do sócio de natureza igual às deliberações da


assembleia geral devem ser registadas em ata por ele assinada”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
«Artigo 270.º-F do CSC
Contrato do sócio com a sociedade unipessoal»

• “1 - Os negócios jurídicos celebrados entre o sócio único e a sociedade devem servir a prossecução do objeto
da sociedade.

• 2 - Os negócios jurídicos entre o sócio único e a sociedade obedecem à forma legalmente prescrita e, em
todos os casos, devem observar a forma escrita.

• 3 - Os documentos de que constam os negócios jurídicos celebrados pelo sócio único e a sociedade devem ser
patenteados conjuntamente com o relatório de gestão e os documentos de prestação de contas; qualquer
interessado pode, a todo o tempo, consultá-los na sede da sociedade.

• 4 - A violação do disposto nos números anteriores implica a nulidade dos negócios jurídicos celebrados
e responsabiliza ilimitadamente o sócio”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.

«Artigo 270.º-G do CSC


Disposições subsidiárias»
• “Às sociedades unipessoais por quotas aplicam-se as normas que
regulam as sociedades por quotas, salvo as que pressupõem a
pluralidade de sócios”.
O Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada.

• Posto isto, o principal fim do comerciante individual quando constitui um


Estabelecimento mercantil Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL) ou
uma sociedade por quotas unipessoal é o de organizar e estruturar a sua atividade
económica numa base estritamente individual, mas com a faculdade de beneficiar
da limitação da respetiva responsabilidade (pessoal). Recorrendo a estas figuras
jurídicas pretende-se impedir que o risco comercial afete os bens pessoais do
comerciante individual (dando nós aqui como exemplos o automóvel pessoal, a
casa particular da qual o comerciante seja proprietário e aí resida).
O Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada.

Contudo, a constituição do EIRL implica um processo formal pesado e


desadequado aos interesses daquele que se considera pequeno empresário.

Com a sociedade unipessoal e sua generalização, a própria legislação – DL


n.º 8/2007, de 17 de janeiro respeitante à informação empresarial simplificada,
reconhecendo a falta de sucesso do EIRL, visou apressar o fim do EIRL,
promovendo a sua transformação em sociedade unipessoal por quotas – art. 20.º do
DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro.
O art. 20.º do DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro.
«Artigo 20.º
Promoção da transformação de estabelecimentos individuais de
responsabilidade limitada em sociedades unipessoais por quotas»
• “1 - O registo da transformação de um estabelecimento individual de
responsabilidade limitada em sociedade unipessoal por quotas e os registos de
atualização decorrentes dessa transformação são gratuitos, desde que sejam
requeridos até 30 de Junho de 2007, independentemente da data da titulação
daquele facto.
• 2 - É igualmente gratuita a emissão do certificado de admissibilidade de firma
necessário à transformação prevista no número anterior”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• - Sociedade em nome coletivo;
• - Sociedade em comandita;
• - Sociedade por quotas; - Sigla – Lda.
• - Sociedade anónima. – Sigla – S.A.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Quanto às sociedades comerciais, estas são comerciais sempre que se
constituam como tal, através de matrícula, ou seja, inscrição do contrato no
registo comercial, ou se proponham a realização de uma atividade
económica empresarial, nos termos do art. 230.º do CCom., não seno
preciso o desempenho efetivo de atos de comércio.

• O ato de constituição da sociedade comercial alberga:


• A definição da atividade da empresa societária e das entradas de cada um dos sócios, e
• A delimitação do capital sobre o qual incide o risco da atividade a desenvolver.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• É um ato que está a constituir a própria empresa – organização interna, atividade,
património.
«Artigo 5.º do CSC
(Personalidade)»
• “As sociedades gozam de personalidade jurídica e existem como tais a partir da
data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do
disposto quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de
outras”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
«Artigo 7.º do CSC
Forma e partes do contrato»

• “1 - O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos seus subscritores devem ser
reconhecidas presencialmente, salvo se forma mais solene for exigida para a transmissão dos bens com que os
sócios entram para a sociedade, devendo, neste caso, o contrato revestir essa forma, sem prejuízo do disposto
em lei especial.

• 2 - O número mínimo de partes de um contrato de sociedade é de dois, exceto quando a lei exija número
superior ou permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa.

• 3 - Para os efeitos do número anterior, contam como uma só parte as pessoas cuja participação social for
adquirida em regime de contitularidade.

• 4 - A constituição de sociedade por fusão, cisão ou transformação de outras sociedades rege-se pelas
respetivas disposições desta lei”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Ora, a sociedade comercial constitui e exerce uma empresa (comercial).

• Relevância do art. 230.º do CCom.

• A ideia central e caraterizadora das sociedades comerciais é a do risco do capital, em função da sua atividade
económica, que pode ser direta ou acompanhar a atividade de outras sociedades comerciais.

• A atividade empresarial mercantil não tem obrigatoriamente que ser uma atividade económica direta, de
maneira a abarcar aquelas que têm somente participações sociais, isto é, quotas (nas sociedades comerciais
por quotas - Lda) ou ações (nas sociedades comerciais anónimas – S.A.) de outras sociedades comerciais.

• A empresa comercial não é sujeito de Direito, mas forma o substrato necessário da sociedade comercial, que
se trata da sua forma jurídica, sempre que for coletiva, ou seja, não pode existir sociedades comerciais sem
empresa comercial, como por exemplo a sociedade ocasional e a sociedade oculta. Cfr. PAULO OLAVO
CUNHA, Lições de Direito Comercial, 2010, pp. 72-74.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.

• Predominância no mercado das sociedades comerciais por quotas e


anónimas.

• Conceito de sociedade comercial: a sociedade será comercial sempre


que se proponha a concretização de atos de comércio ou de uma
atividade económica empresarial, tendo em conta o art. 230.º do
CCom., com finalidades lucrativas – ver o art. 980.º do CC.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
«Artigo 1.º do CSC
(Âmbito geral de aplicação)»

• “1 - A presente lei aplica-se às sociedades comerciais.

• 2 - São sociedades comerciais aquelas que tenham por objeto a prática de atos de comércio e adotem o
tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em
comandita simples ou de sociedade em comandita por ações.

• 3 - As sociedades que tenham por objecto a prática de actos de comércio devem adoptar um dos tipos
referidos no número anterior.

• 4 - As sociedades que tenham exclusivamente por objecto a prática de atos não comerciais podem adoptar um
dos tipos referidos no n.º 2, sendo-lhes, nesse caso, aplicável a presente lei”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
«Artigo 980.º do CC
(Noção)»
• “Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum
de certa atividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de
repartirem os lucros resultantes dessa atividade”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Mas, a admissibilidade generalizada da sociedade comercial unipessoal
impõe uma adaptação do conceito de sociedade comercial, na medida em
que se pretende a sua simplificação. A sociedade comercial terá de passar a
ser compreendida como um ente jurídico que, tendo um substrato
fundamentalmente patrimonial, e sendo constituído por uma ou mais
pessoas jurídicas, desempenha uma atividade económica lucrativa que se
vislumbra na prática de atos de comércio ou desempenho de uma atividade
comercial.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.

• Posto isto, a empresa comercial define-se por uma atividade produtiva


ou de mediação de bens e, ou, serviços para o mercado, assumindo
particular importância o risco do capital investido – por confronto com
o peso do fator terra ou com o trabalho direto do empresário.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• A lei portuguesa prevê o princípio da tipicidade no que respeita às
sociedades comerciais. Ver os n.ºs 2 e 3 do art. 1.º do CSC.

• Ler o n.º 1 do art. 248.º do CSC.

• É sabido que a lei põe à disposição dos agentes económicos quatro


modelos distintos entre eles de sociedades comerciais:
• As sociedades em nome coletivo;
• As sociedades por quotas;
• As sociedades anónimas;
• As sociedades em comandita.
Aula n.º 10: as sociedades em nome coletivo.
• Neste tipo de sociedades a responsabilidade dos sócios é ilimitada. Cada sócio é responsável para com a
sociedade pela prestação da sua entrada, respondendo solidariamente e sem limite, com os demais sócios,
perante os credores da sociedade pelas dívidas desta – mesmo anteriores – ver o art. 175.º do CSC.

• Os sócios de indústria, no regime das sociedades em nome coletivo, são responsáveis nas relações externas –
art. 178.º do CSC –, sendo a sua responsabilidade subsidiária.

• As sociedades em nome coletivo são administradas por gerentes que, salvo previsão contratual em sentido
divergente, são todos os seus sócios, apenas podendo ser geridas por estranhos quando tal for expressamente
previsto no contrato de sociedade.

• Cada sócio representa um voto, independentemente da sua participação no capital, e as deliberações habituais
são constituídas por maioria, a não ser que esteja em causa admitir um novo sócio ou alterar o contrato de
sociedade, situações em que tem de haver unanimidade.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Quando nos referimos às sociedades por quotas devemos ter em
atenção que estas podem ter:
• Substrato individual, isto é, o respetivo capital é totalmente detido por um único sócio –
pessoa singular ou coletiva – exemplo: Abílio, Unipessoal Lda, designando-se como
sociedades unipessoais por quotas,

• ou

• Ser participadas por dois ou mais sócios, exemplo: Têxteis Cama, Lda.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Quer numa situação, quer em noutra, são de responsabilidade dos sócios limitada – ao capital
subscrito. Ou seja, cada sócio responde pela sua entrada, mas solidariamente até ao montante do
capital social subscrito – ver o n.º 1 do art. 197.º do CSC, constituindo a sua participação uma
quota. Apenas a sociedade responde pelas suas dívidas perante credores – ver o n.º 3 do art. 197.º
do CSC, salvo se os sócios garantirem expressamente que se responsabilizam pelas dívidas da
sociedade até certo montante – ver o n.º 1 do art. 198.º do CSC.

• Um aspeto interessante é o de que estas sociedades podem constituir-se com um capital social
simbólico correspondente a um mínimo de € 1,00 (um euro) por cada sócio – ver os arts. 201.º do
CSC e o n.º 3 do art. 219.º do CSC -, o qual deverá ser realizado até ao final do primeiro exercício
económico – ver a alínea b) do art. 199.º do CSC e o n.º 4 do art. 202.º do CSC.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Nas sociedades por quotas, a gerência é o único órgão social institucionalizado, sendo a mesa da
assembleia geral – subórgão da assembleia geral – e o conselho fiscal ou fiscal único órgãos
facultativos, na medida em que não existe obrigatoriedade legal de os constituir.

• A sociedade por quotas é administrada e representada por um ou mais gerentes, que não funcionam
colegialmente, ao contrário do que acontece nas sociedades anónimas com os administradores e
que veremos melhor mais à frente, embora possam reunir e deliberar, registando em ata as sua
decisões.

• Em certas situações, a sociedade pode ser obrigada a adotar fiscalização ad hoc, recorrendo a um
revisor oficial de contas se durante dois exercícios seguidos ultrapassar dois de três índices –
balanço, volume de vendas e número de trabalhadores – previstos no n.º 2 do art. 262.º do CSC.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• A contagem dos votos é feita proporcionalmente ao valor nominal da quota: um voto por
cada cêntimo – ver o n.º 1 do art. 250.º do CSC -, sendo as deliberações normalmente
formadas por maioria – ver o n.º 3 do art. 250.º do CSC -, se não estiver em causa uma
alteração do contrato de sociedade, caso em que a proposta deve ser aprovada por três
quartos dos votos correspondentes ao capital social – ver o n.º 1 do art. 265,º do CSC.

• Por fim, as quotas são livremente transmissíveis entre os sócios ou para familiares
próximos, isto é, herdeiros legitimários, do cedente, estando a sua alienação onerosa em
favor de terceiros, ou seja, outros que não os indicados, adstrita ao consentimento da
sociedade – ver o n.º 2 do art. 228.º do CSC -, exceto se o contrato adotar uma solução
divergente.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
«Artigo 271.º do CSC
(Caraterísticas)»
• “Na sociedade anónima o capital é dividido em ações e cada sócio
limita a sua responsabilidade ao valor das ações que subscreveu”.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
«Artigo 272.º do CSC
Conteúdo obrigatório do contrato»

• “Do contrato de sociedade devem especialmente constar:


• a) O número de ações e, se existir, o respetivo valor nominal;

• b) As condições particulares, se as houver, a que fica sujeita a transmissão de ações;

• c) As categorias de ações que porventura sejam criadas, com indicação expressa do número de
ações e dos direitos atribuídos a cada categoria;

• d) A natureza nominativa das ações;

• e) O montante do capital realizado e os prazos de realização do capital apenas subscrito;

• f) A autorização, se for dada, para a emissão de obrigações;

• g) A estrutura adotada para a administração e fiscalização da sociedade”.


Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
«Artigo 273.º do CSC
(Número de acionistas)»
• “1 - A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de sócios
inferior a cinco, salvo quando a lei o dispense.
• 2 - Do disposto no n.º 1 excetuam-se as sociedades em que o Estado,
diretamente ou por intermédio de empresas públicas ou outras entidades
equiparadas por lei para este efeito, fique a deter a maioria do capital, as
quais podem constituir-se apenas com dois sócios”.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
• As sociedades anónimas caraterizam-se pela responsabilidade individual e exclusiva dos
acionistas pelo valor da entrada – ver o art. 271.º do CSC, sendo a sociedade anónima a
única responsável pelas suas dívidas – ver o art. 271.º a contrario sensu.

• Obrigatoriedade da constituição das sociedades anónimas com o capital social mínimo de


€ 50.000,00 – ver o n.º 5 do art. 276.º do CSC, realizado em, pelo menos, 30% no que
concerne às entradas em dinheiro – ver o n.º 2 do art. 277.º a contrario, exceto se o objeto
da sociedade impuser um capital mínimo superior.

• De mencionar que as grandes empresas comerciais adotam a forma de sociedade


anónima, que é o tipo societário com uma orgânica mais complexa.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.

• Os sócios deliberam em regra em assembleia geral que é convocada


com uma certa antecedência e com a observância de determinadas
formalidades, devendo os membros da respetiva mesa – pelo menos o
presidente e um secretário – ser designados em paralelo com os
restantes titulares dos órgãos sociais.

• Ver ainda a exceção – art. 54.º do CSC e o n.º 1 do art. 373.º do CSC.
Aula n.º 10: a estrutura da administração e
fiscalização da sociedade anónima.
• É complexa e variável.
• A lei proporciona 3 modelos diferentes, com aptidão para serem utilizados
em empresas com determinadas dimensões e caraterísticas, mas sem que tal
seja imposto.
• Os modelos de governação societária são:
• O modelo clássico;
• O modelo germânico;
• O modelo anglo-saxónico.
O modelo clássico.

• Também denominado por alguns por latino ou monista, é composto por um órgão
de administração e outro de fiscalização.

• O modelo clássico pode revestir duas estruturas distintas:


• A simples: composta por conselho de administração ou administrador único e conselho fiscal ou fiscal
único, que deverá integrar necessariamente um revisor oficial de contas ou uma sociedade de revisores
oficiais de contas, e
• A complexa: exigida para as grandes sociedades anónimas, em que, ao lado do órgão de administração –
em regra de composição plural – achamos uma fiscalização composta por um conselho fiscal e um revisor
oficial de contas externo ou autónomo. Ver o na.º 2 do art. 390.º do CSC.
O modelo germânico.

• Também conhecido por modelo dualista, é composto por conselho de


administração executivo ou administrador único, conselho geral e de
supervisão e revisor oficial de contas.
O modelo anglo-saxónico.

• Aqui o órgão de fiscalização, designado comissão de auditoria, integra


o próprio conselho de administração, sendo composto por
administradores não executivos e coexistindo com um revisor oficial
de contas.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.

• Nos termos do n.º 1 do art. 328.º do CSC, as ações, em regra, são


livremente transmissíveis, só podendo deparar com restrições
convencionais nos casos especificamente previstos na lei – ver o n.º 2
do art. 328.º do CSC.

• Mas, nas sociedades fechadas ou de cariz familiar é habitual sujeitar a


transmissão ao consentimento da sociedade e à preferência dos
restantes acionistas.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.

• Os subtipos societários das sociedades anónimas são:


• As sociedades anónimas abertas cotadas.

• As sociedades anónimas abertas, mas não cotadas.

• As grandes sociedades anónimas, que não são abertas.

• As sociedades anónimas simples ou em sentido estrito.


As sociedades anónimas abertas cotadas.

• Neste prisma, estas são disciplinadas pelos arts. 13.º a 29.º-A do CVM
e pelo CSC, nomeadamente pelo Título IV – arts. 271.º-464.º - e pela
Parte Geral, ou seja, as sociedades anónimas cujo capital se encontra
aberto ao investimento do público e cujas ações se encontram
admitidas à negociação em mercado regulamentado.
As sociedades anónimas abertas, mas não cotadas.

• Estas estão sujeitas à mesma regulamentação, e são constituídas por


oferta pública – art. 278.º - 283.º do CSC ou perpassaram por uma
operação desse cariz – art. 13.º do CVM, mas as suas participações
não se encontram cotadas no mercado secundário.
As grandes sociedades anónimas, que não são abertas.
• «SECÇÃO II
• Fiscalização
• Artigo 413.º do CSC
• Estrutura e composição quantitativa»
• “1 - A fiscalização das sociedades que adotem a modalidade prevista na
alínea a) do n.º 1 do artigo 278.º compete:
• a) A um fiscal único, que deve ser revisor oficial de contas ou sociedade de revisores
oficiais de contas, ou a um conselho fiscal; ou
• b) A um conselho fiscal e a um revisor oficial de contas ou uma sociedade de
revisores oficiais de contas que não seja membro daquele órgão”.
As grandes sociedades anónimas, que não são abertas.
• «SECÇÃO II
• Fiscalização
• Artigo 413.º do CSC
• Estrutura e composição quantitativa»

• “2 - A fiscalização da sociedade nos termos previstos na alínea b) do número anterior:


• a) É obrigatória em relação a sociedades que sejam emitentes de valores mobiliários admitidos à
negociação em mercado regulamentado e a sociedades que, não sendo totalmente dominadas por outra
sociedade que adote este modelo, durante dois anos consecutivos, ultrapassem dois dos seguintes limites:
• i) Total do balanço: (euro) 20 000 000;

• ii) Volume de negócios líquido: (euro) 40 000 000;

• iii) Número médio de empregados durante o período: 250;

• b) É facultativa, nos restantes casos”.


As grandes sociedades anónimas, que não são abertas.
• «SECÇÃO II
• Fiscalização
• Artigo 413.º do CSC
• Estrutura e composição quantitativa»

• “3 - O fiscal único terá sempre um suplente, que será igualmente revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de
contas.

• 4 - O conselho fiscal é composto pelo número de membros fixado nos estatutos, no mínimo de três membros efetivos.

• 5 - Sendo três os membros efetivos do conselho fiscal, deve existir um ou dois suplentes, havendo sempre dois suplentes quando o
número de membros for superior.

• 6 - O fiscal único rege-se pelas disposições legais respeitantes ao revisor oficial de contas e subsidiariamente, na parte aplicável,
pelo disposto quanto ao conselho fiscal e aos seus membros”.
As sociedades anónimas simples ou em sentido estrito.

• Estas correspondem às sociedades reguladas na lei societária, que não


atingem a dimensão das que são qualificadas como grandes, e podem
substancialmente reconduzir-se a sociedades relativamente fechadas –
com restrições à transmissibilidade das suas participações –
fundamentalmente familiares – e a sociedades que consubstanciam o
modelo de sociedade comercial aberta sem restrições à
transmissibilidade das ações.
As sociedades em comandita.
• TÍTULO V
• Sociedades em comandita
• CAPÍTULO I
• Disposições comuns
• Artigo 465.º do CSC
• (Noção)

• “1 - Na sociedade em comandita cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua
entrada; os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos
que os sócios da sociedade em nome coletivo.

• 2 - Uma sociedade por quotas ou uma sociedade anónima podem ser sócios comanditados.

• 3 - Na sociedade em comandita simples não há representação do capital por ações; na sociedade


em comandita por ações só as participações dos sócios comanditários são representadas por ações”.
As sociedades em comandita.
• Nestas sociedades comerciais, os agentes económicos podem organizar a sua vida
comercial, correspondendo a um tipo societário nitidamente em desuso,
constituído por duas espécies de sócios, com regimes de responsabilidade
divergentes, como aliás já constatámos no disposto no n.º 1 do art. 465,º do CSC.
Em nome coletivo.
• Os sócios comanditados assumem a responsabilidade pelas dívidas da sociedade
em comandita nos mesmos termos dos sócios das sociedades em nome coletivo.
• Por sua vez, os sócios comanditários não respondem por quaisquer dívidas da
sociedade, para além do capital que subscreveram.
As sociedades em comandita.
• As sociedades em comandita podem organizar-se por recurso, subsidiariamente,
ao regime das sociedades em nome coletivo – as denominadas sociedades em
comandita simples – ver art. 474.º a 477.º do CSC, especialmente os arts. 474.º do
CSC – ou das sociedades anónimas – sociedades em comandita por ações – ver os
arts. 478.º a 480.º, especialmente o art. 478.º do CSC.

• As sociedades são, em qualquer caso, administradas por gerentes, que, em


princípio – ver os n.ºs 1 e 2 do art. 470.º do CSC -, devem ser sócios comanditados
– ver o art. 470.º do CSC, que conjuntamente, compõem o único órgão obrigatório
nas sociedades em comandita – ver os arts. 470.º, 472.º, 474.º e 478.º do CSC.
As sociedades em comandita.
• Na sociedade em comandita, as participações sociais são dificilmente
transmissíveis na sociedade sob a forma simples, sendo as partes dos sócios
comanditários transmitidas de acordo com as regras legais da sociedade por quotas
. Ver o art. 475.º do CSC e encontrando-se as restantes adstritas ao consentimento
dos sócios comanditados – ver o art. 469.º do CSC, tal como sucede nas
sociedades em comandita por ações. Neste subtipo, as ações detidas pelos
comanditários são livremente transmissíveis, caso não haja reserva contratual.

• As sociedades em comandita são um tipo societário nitidamente em desuso e até


em vias de extinção.
Minuta de uma ata.

• -----------------------------------------Ata número Um--------------------------------------------------

• ----Aos vinte e dois dias do mês de Outubro de dois mil e dezanove, na sua sede social sita no Pinhal Longo,
freguesia de Macieira da Lixa, do concelho de Felgueiras, pelas dezassete horas, reuniu a Assembleia Geral
da sociedade comercial por quotas “MÁQUINAS, UNIPESSOAL, LDA”, pessoa colectiva número
501400800, com o capital social de 5.000,00 Euros, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de
Felgueiras sob o número 1234/12345678.----------------------------------------------------------------------------------

• ----Estiveram presentes o único sócio o Senhor João Cunha, titular de uma quota com o valor nominal de
5.000,00 Euros.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Estando assim representado todo o capital social, foram dispensadas todas as formalidades de convocação nos
termos previstos no artigo quinquagésimo quarto do Código das Sociedade Comerciais e constituída a Assembleia
Geral, à qual presidiu o Senhor André Costa, com a seguinte ordem de trabalhos:--------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Ponto Um – Cessão de quota.-----------------------------------------------------------------------------------------------------
----Ponto Dois – Renúncia do cargo de gerente do Senhor João Cunha.--------------------------------------------------------
----Ponto Três – Nomeação de novo gerente.-----------------------------Entrando no Ponto Um da ordem de trabalhos, o
Senhor João Cunha, casado com Sílvia Camacho, no regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes no Largo
1.º de Abril, Edifício Argila, Bloco 3, 3.º esquerdo, Borba de Godim, Felgueiras, propôs a cessão da quota no valor
nominal de 5.000, 00 Euros na titularidade do Senhor João Cunha que representa cem por cento do capital social,
cedeu esta ao Senhor Pedro Camacho, titular do NIF 123456789, CC n.º 12345987, solteiro, ficando este sócio na
titularidade de uma quota que representa de cem por cento do capital social. Depois de apreciada, foi esta proposta
aprovada.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Passando ao Ponto Dois da ordem de trabalhos, tomou a palavra, o Senhor João Filipe da Cunha Costa,
propôs a sua renúncia ao cargo de gerente, por não pertencer mais à sociedade. Depois de apreciada, foi esta
proposta aprovada .----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Passando ao Ponto Três da ordem de trabalhos, tomou a palavra, o Senhor João Cunha, após renunciar o seu
cargo de gerente na “MÁQUINAS, UNIPESSOAL, LDA”, propôs a nomeação de novo gerente no Senhor Pedro
Camacho, para ocupar o cargo de novo gerente da sociedade comercial. Depois de apreciada, foi esta proposta
aprovada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----E não havendo qualquer outro assunto a tratar, foi a reunião encerrada às 18.00 horas, e do que foi discutido e
aprovado, foi lavrada a presente ata, que depois de lida e achada conforme, vai ser assinada pelos presentes que
assim o entenderem.---------
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• CONTRATO DE SOCIEDADE POR QUOTAS

• Artigo 1.º

• Tipo e firma

• 1. A sociedade é comercial, adota o tipo sociedade por quotas e a firma MIGUEL ALVES & ANTÓNIO
ALVES, LDA.

• 2. A sociedade tem o número de pessoa coletiva 509000000 e o número de identificação na segurança


social 12345678910.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 2.º
• Sede

• 1. A sociedade tem a sede em: Lugar Trofa, Loja 11, Pombeiro, na freguesia de
Pombeiro de Ribavizela, concelho de Felgueiras.
• 2. Por simples deliberação da gerência podem ser criadas sucursais, agências,
delegações ou outras formas locais de representação no território nacional ou no
estrangeiro.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 3.º
• Objeto

• 1. A sociedade tem por objeto: comércio de carnes verde e fumadas, produtos


hortícolas, frutas e produtos alimentares.
• 2. A sociedade pode adquirir participações em sociedades com objeto diferente
daquele que exerce, ou em sociedades reguladas por leis especiais, e integrar
agrupamentos complementares de empresas.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 4.º
• Capital

• 1. O capital social, integralmente realizado em numerário, a depositar no prazo legal de cinco


dias úteis, é de 5000 euros, representado pelas seguintes quotas:
• a) Uma quota com o valor nominal de 2500 euros, pertencente a Miguel Alves, solteiro, maior, de nacionalidade
Portuguesa, natural da freguesia de Caramos, concelho de Felgueiras, residente em Lugar Devagar, Caramos FLG, contribuinte
n.º 123456789.

• b) Uma quota com o valor nominal de 2500 euros, pertencente a António Alves, casado com Mafalda Teixeira, em regime
de comunhão de bens adquiridos, de nacionalidade Portuguesa, natural da freguesia de Caramos, concelho de Felgueiras,
residente em Lugar Devagar, Caramos, contribuinte n.º 155000000.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.

• Artigo 5.º
• Prestações suplementares

• Por deliberação dos sócios, podem ser exigidas prestações


suplementares até a um montante global igual ao dobro do capital
social.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 6.º
• Cessão de quotas

• 1. A cessão de quotas a estranhos depende do prévio consentimento


da sociedade.

• 2. Na cessão onerosa de quotas a estranhos terão direito de


preferência a sociedade e os sócios, sucessivamente.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 7.º
• Amortização de quotas

• 1. A cessão de quotas a estranhos depende do prévio consentimento


da sociedade.

• 2. Na cessão onerosa de quotas a estranhos terão direito de


preferência a sociedade e os sócios, sucessivamente.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 8.º
• Gerência

• 1. A administração e representação da sociedade são exercidas por


gerentes eleitos em assembleia geral.

• 2. A sociedade obriga-se com a intervenção conjunta de 2 gerentes.

• 3. A assembleia geral deliberará se a gerência é remunerada.


Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 9.º
• Assembleias Gerais

• Os sócios podem livremente designar quem os representará nas


assembleias gerais.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 10.º
• Disposição transitória

• Ficam desde já nomeados gerentes.


• a) Miguel Alves, solteiro, maior, residente em Rua Devagar, Felgueiras, contribuinte
n.º 123456789;
• b) António Alves, casado, residente em Rua Devagar, Caramos, contribuinte n.º
155000000.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.

• Os sócios declaram que procederão ao depósito do capital social no


prazo de cinco dias úteis, nos termos legalmente previstos.

• Aos 14 dias do mês de Janeiro de 2019


Minuta de um contrato de cessão de quotas.
• CONTRATO DE CESSÃO DE QUOTAS

• Celebrado no dia 10 de Outubro de 2019, no Lugar Bonitinho, Macieira da Lixa e Caramos, Porto;----------------------------------------------------------------

• Documento particular que titula o contrato de cessão de quotas

• I - Entidade sujeita a Registo Comercial:-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

• a) Firma /denominação social - “J. COTOVELO - COMÉRCIO DE MAQUINAS LDA”;--------------------------------------------------------------------------

• b) Natureza Jurídica - Sociedade por quotas;--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

• c) Sede – Pinhal Basto, freguesia de Macieira da Lixa, do concelho de Felgueiras,-----------------------------------------------------------------------------------

• d) Capital social - Quinhentos euros;----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

• e) Data de Encerramento do Exercício :31 Dezembro -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Minuta de um contrato de cessão de quotas.
• I - CESSÃO DE QUOTAS

• Cedentes:

• João Mendes, casado com Sílvia Antunes, no regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes no Largo 25 de Abril, Edifício
Argila, Bloco 2, 2.º esquerdo, Borba de Godim, Felgueiras na qualidade de Primeiros Outorgantes.----------------------------------------

• Cessionário:

• Pedro Mendes, titular do NIF 123456789, CC n.º 12345678, solteiro, na qualidade de Segundo Outorgante.-----------------------------
Minuta de um contrato de cessão de quotas.
• DECLARAÇÃO NEGOCIAL

• 1 - Os Primeiro Outorgantes declaram, sob sua inteira responsabilidade, que são donos e legítimos possuidores de uma quota com o
valor nominal de € 400,00 (quatrocentos euros mil euros) na titularidade de João Mendes , de uma quota nominal de € 100,00 (cem
euros) na titularidade de Sílvia Antunes, as quais, respetivamente, se encontram liberadas e livres de quaisquer ónus ou encargos e
não são objetos de quaisquer litígios de natureza judicial ou extrajudicial, quotas essas que cedem, pelo seu valor nominal, ao
Segundo Outorgante.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

• 2 – Ambos os Primeiros Outorgantes declaram que consentem na presente cedência.---------------------------------------------------------

• 3 - Os cedentes declaram que o estabelecimento principal da sociedade se encontra em local tomado de arrendamento.-----------------
Minuta de um contrato de cessão de quotas.

• OUTRAS DECLARAÇÕES

• O consentimento social para a precedente cessão de quotas foi prestado em assembleia geral realizada no dia 22 de Outubro de
2014, conforme cópia da respetiva ata, em anexo, não tendo a deliberação sido impugnada.-------------------------------------------------

• Os cedentes declaram que a sociedade não possui bens imóveis.----------------------------------------------------------------------------------

• O Primeiro Outorgante

• O Segundo Outorgante
As sociedades comerciais e a sua capitalização.
• As entradas dos sócios constituem o capital da sociedade e servem para
sustentar o seu arranque e a prática da sua atividade. Caso o capital seja
insuficiente sociedade tem de ser financiada pelos seus sócios, diretamente,
ou por capitais de terceiros, garantidos pelo património pessoal dos sócios.
• As sociedades por quotas e anónimas nacionais constituem-se
obrigatoriamente com capital social, que pode ser realizado em dinheiro ou
em bens em espécie, mas as sociedades em nome coletivo podem arrancar
sem capital, tão-só com o trabalho ou indústria dos sócios.
As sociedades comerciais e a sua capitalização.
• O conceito de capital social: os meios financeiros que compõem o património inicial da empresa e
que resultam da soma de todas as participações dos sócios correspondem ao capital social. O
capital social, desta feita, consiste na cifra numérica de valor constante, em dinheiro, expressa em
euros – moeda com curso legal em Portugal – ver o art. 14.º do CSC -, e que corresponde ao
património de constituição da empresa, ou seja, à soma de todas as participações dos sócios, nestas
incluídas as entradas que apenas se comprometem vir a concretizar.

• Mas, nem sempre é preciso disponibilizar imediatamente à sociedade a totalidade dos bens de que
irá carecer para realizar a atividade económica que se propõe prosseguir.

• O capital social é menção com cariz obrigatório do contrato de sociedade – ver a alínea f) do n.º 1
do art. 9.º do CSC.
O capital social nos contratos de sociedade por
quotas e anónima.
• Nas sociedades por quotas e anónimas o capital social constitui-se exclusivamente com as
entradas dos sócios, sendo representado unicamente por quotas e por ações – ver os arts.
271.º e 197.º, n.º 1 do CSC.

• Aquando da constituição, tende a ser equivalente ao património da sociedade, mesmo


antes dos sócios realizarem integralmente as suas entradas, ou seja, o capital subscrito,
uma vez que o crédito que a sociedade terá sobre eles integra o património ativo.

• Porém, o capital pode ser superior ao património inicial, se as entradas em espécie forem
sobreavaliadas, o que não é suposto ocorrer, ou inferior, quando as ações forem emitidas
com prémio acima do par.
A obrigação de entrada: a sua caraterização.

• A obrigação de entrada está prevista na alínea a) do art. 20.º do CSC,


encontrando-se regulada nos arts. 25.º a 30.º do CSC.

• Ora, nas sociedades por quotas e anónimas são proibidas contribuições


de indústria – arts. 202.º, n.º 1 e 277.º, n.º 1 do CSC -, ao contrário do
que sucede nas sociedades em nome coletivo, pelo que todas as
participações são necessariamente realizadas em capital – arts. 202.º a
208.º do CSC e arts. 285.º a 286.º do CSC.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• Ver o art. 25.º, n.º 1 do CSC. – Entradas em dinheiro.

• Ver o art. 28.º do CSC. – Entradas em espécie.

• Nota: as entradas em sociedades comerciais tituladas por cheque


devem ser consideradas em dinheiro.

• Os valores mobiliários serão entradas em espécie.


Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 25.º do CSC
• Valor da entrada e valor da participação»

• “1 - O valor nominal da parte, da quota ou das acções atribuídas a um sócio no contrato de sociedade não pode exceder o valor da
sua entrada, como tal se considerando ou a respectiva importância em dinheiro ou o valor atribuído aos bens no relatório do revisor
oficial de contas, exigido pelo artigo 28.º

• 2 - No caso de ações sem valor nominal, o valor da entrada do sócio deve ser pelo menos igual ao montante do capital social
correspondentemente emitido.

• 3 - Verificada a existência de erro na avaliação feita pelo revisor, o sócio é responsável pela diferença que porventura exista, até ao
valor nominal da sua participação ou, no caso de acções sem valor nominal, até ao valor de emissão destas.

• 4 - Se a sociedade for privada, por acto legítimo de terceiro, do bem prestado pelo sócio ou se tornar impossível a prestação, bem
como se for ineficaz a estipulação relativa a uma entrada em espécie, nos termos previstos no artigo 9.º, n.º 2, deve o sócio realizar
em dinheiro a sua participação, sem prejuízo da eventual dissolução da sociedade, por deliberação dos sócios ou por se verificar a
hipótese prevista no artigo 142.º, n.º 1, alínea b)”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»
• “1 - As entradas em bens diferentes de dinheiro devem ser objeto de um relatório
elaborado por um revisor oficial de contas sem interesses na sociedade, designado por
deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os sócios que efetuam as
entradas.

• 2 - O revisor que tenha elaborado o relatório exigido pelo número anterior não pode,
durante dois anos contados da data do registo do contrato de sociedade, exercer quaisquer
cargos ou funções profissionais nessa sociedade ou em sociedades que com ela se
encontrem em relação de domínio ou de grupo”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»

• “3 - O relatório do revisor deve, pelo menos:


• a) Descrever os bens;

• b) Identificar os seus titulares;

• c) Avaliar os bens, indicando os critérios utilizados para a avaliação;

• d) Declarar se os valores encontrados atingem ou não o valor nominal da parte, quota ou acções atribuídas aos
sócios que efetuaram tais entradas, acrescido dos prémios de emissão, se for caso disso, ou a contrapartida a
pagar pela sociedade.

• e) No caso de acções sem valor nominal, declarar se os valores encontrados atingem ou não o montante do
capital social correspondentemente emitido”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»

• “4 - O relatório deve reportar-se a uma data não anterior em 90 dias à do contrato de sociedade, mas o seu
autor deve informar os fundadores da sociedade de alterações relevantes de valores, ocorridas durante aquele
período, de que tenha conhecimento.

• 5 - O relatório do revisor deve ser posto à disposição dos fundadores da sociedade pelo menos 15 dias antes
da celebração do contrato; o mesmo se fará quanto à informação referida no n.º 4 até essa celebração.

• 6 - O relatório do revisor, incluindo a informação referida no n.º 4, faz parte integrante da documentação
sujeita às formalidades de publicidade prescritas nesta lei, podendo publicar-se apenas menção do depósito do
relatório no registo comercial”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• Posto isto, são exemplos de entradas em espécie, entre muitos outros existentes:
• Valores mobiliários, nomeadamente ações cotadas ou não cotadas e outros instrumentos
financeiros;
• Know-how e seu licenciamento;
• Ouro e metais preciosos;
• Direitos de autor;
• Letra de câmbio e outros títulos de crédito endossáveis à sociedade;
• Projetos de investigação que conduzam a uma patente.
• Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 171.
O valor da entrada.
• Ver art. 25.º do CSC.

• Ver art. 27.º, n.º 1 do CSC.

• Ver art. 28.º, nºs 1 e 2 do CSC.

• Ver art. 28.º do CSC + art. 89.º, n.º 1 do CSC.

• Em termos de valorização das entradas em espécie, é preciso ser feita uma ponderação, para além do respetivo
valor patrimonial absoluto, do risco que possa estar associado a um eventual incumprimento, quando se trata
de um título-valor ou de promessa contratual, ou súbita desvalorização, caso de valor mobiliário – em especial
ação – ou direito privativo da propriedade industrial. Noutras situações ainda a (des)valorização pode estar
dependente da natureza da entrada que, consistindo num projeto, pode ficar aquém do expectável, caso o
mesmo acabar por não se concluir ou não gerar os resultados esperados.
O diferimento (adiamento) das entradas em dinheiro: a
tempestividade de realização do capital apenas subscrito.
• Nos termos do art. 26.º, n.º 3 do CSC, a lei admite que parte das entradas em dinheiro seja diferida.

• Assim, impõe que no contrato assim como nas menções externas da sociedade comercial conste
expressamente a quantia do capital realizado e a quantia subscrita – ver a alínea b) do art. 199.º do CSC, a
alínea e) do art. 272.º do CSC e o n.º 2 do art. 171.º do CSC.

• Sempre que for possível diferir a realização de parte do capital subscrito a liberar necessariamente em
dinheiro – art. 26.º, n.ºs 2 e 3, o prazo máximo para o fazer é de 5 anos, a contar da celebração do contrato ou
da deliberação de aumento de capital – ver o art. 203.º, n.º 1 do CSC e o art. 285.º, n.º 1 do CSC.

• Quanto ao possível diferimento de parte das entradas em dinheiro, releva fazer-se uma ponderação dos
diversos tipos sociais.
O diferimento (adiamento) das entradas em
dinheiro: quanto às sociedades por quotas.
• Nas sociedades por quotas existe a possibilidade de realização até ao
fim do primeiro exercício económico da totalidade das entradas em
dinheiro que correspondam ao capital mínimo legal que é simbólico,
equivalendo a € 1,00 por casa sócio, podendo acima dessa quantia ser
diferidas todas as entradas em dinheiro, por um prazo máximo de 5
anos, a contar da celebração do contrato – ver os arts. 26.º, n.º 2, 199.º,
alínea b), 26.º, n.º 3 e 203.º, n.º 1 do CSC.
O diferimento (adiamento) das entradas em
dinheiro: quanto às sociedades anónimas.
• Nestas sociedades comerciais, pode haver diferimento do capital até 70% das
entradas em dinheiro correspondentes ao valor nominal ou ao valor de emissão das
ações, qualquer que seja a quantia do capital subscrito – ver os arts. 26.º, n.º 3 e
277.º, n.º 2 do CSC, pelo que a sociedade comercial pode constituir-se,
encontrando-se inicialmente realizado somente € 15.000,00 de capital social.

• Nas situações em que seja previsto um prémio de emissão, o que acontece


essencialmente no âmbito das operações de aumento do capital social, o respetivo
pagamento não pode ser objeto de diferimento. – Ver o n.º 2 do art. 277.º do CSC.
O diferimento (adiamento) das entradas em dinheiro:
quanto às sociedades em nome coletivo e em comandita.
• De referir que nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples não pode
ocorrer diferimento da realização de entradas, ainda que sejam em dinheiro – ver
os arts. 26.º, n.º 1 e 89.º, n.º 1 do CSC, ao contrário do que ocorre nas sociedades
em comandita por ações, onde é possível diferir 70% do valor do capital social
subscrito a realizar em dinheiro – ver os arts. 26.º, n.º 1, 89.º, n.º 1, 478.º e 277.º,
n.º 2 do CSC.
• De evidenciar que as menções externas das sociedades em comandita por ações
devem revelar a diferença entre o capital subscrito e o realizado, se o houver – ver
o n.º 2 do art. 171.º do CSC.
As entradas em espécie e a sua realização imediata.

• As entradas em espécie nunca podem ser diferidas, devendo ser


realizadas nom momento da subscrição do capital a que respeitam –
ver o art. 26.º, n.º 1 e 89.º, n.º 1 do CSC e, ser objeto de avaliação por
revisor oficial de contas independente, o qual deverá certificar o valor
da entrada, em relatório que faz parte integrante da documentação
sujeita às formalidades de publicidade e que deverá ser objeto de
depósito no registo comercial – ver o art. 28.º, n.º 6 do CSC.
Capital social e património.
• Quando se fala em capital social importa retratar que este reveste uma importância
concomitantemente fundacional, na medida em que tem de constar
obrigatoriamente do contrato de sociedade – a não ser nas sociedades em nome
coletivo em que todos os sócios contribuem só com a sua indústria – ver a alínea f)
do n.º 1 do art. 9.º do CSC -, e funcional, estabelecendo internamente a posição
dos sócios, em razão do montante das suas participações e representando
externamente a garantia dos credores sociais, dado que apenas poderão ser
distribuídas aos sócios quantias a título de lucros ou dividendos, se o património
líquido da sociedade exceder – for superior – o montante do capital social
acrescido das reservas indisponíveis.
O património societário.
• Por património social entende-se em sentido amplo como sendo o conjunto de direitos e deveres da
sociedade suscetíveis de avaliação pecuniária; o património líquido é a diferença aritmética entre
os créditos – ativo – e as dívidas – passivo – sociais.

• Na perspetiva dos economicistas, prevalece a ideia de conjunto de elementos e valores abarcando


os créditos e as dívidas utilizados pelas entidades no desempenho da sua atividade ou sujeitos a
uma gestão unitária e afetos a determinada finalidade.

• Em termos contabilísticos, os elementos que constituem o património têm índole pecuniária, sendo
suscetíveis de avaliação em dinheiro e devendo, desta feita, exprimir-se numa mesma unidade
monetária. Estes valores serão classificados de acordo se correspondem aos bens que são da
titularidade da empresa ou a valores que representem créditos sobre terceiros, por um lado, ou
constituam dívidas da empresa, por outro lado, em duas rubricas diferenciadas: o ativo e o passivo,
de modo respetivo.
O capital social enquanto garantia dos credores.
• «Artigo 32.º do CSC
• Limite da distribuição de bens aos sócios»
• “1 - Sem prejuízo do preceituado quanto à redução do capital social, não podem ser
distribuídos aos sócios bens da sociedade quando o capital próprio desta, incluindo o
resultado líquido do exercício, tal como resulta das contas elaboradas e aprovadas nos
termos legais, seja inferior à soma do capital social e das reservas que a lei ou o contrato
não permitem distribuir aos sócios ou se tornasse inferior a esta soma em consequência da
distribuição.
• 2 - Os incrementos decorrentes da aplicação do justo valor através de componentes do
capital próprio, incluindo os da sua aplicação através do resultado líquido do exercício,
apenas relevam para poderem ser distribuídos aos sócios bens da sociedade, a que se
refere o número anterior, quando os elementos ou direitos que lhes deram origem sejam
alienados, exercidos, extintos, liquidados ou, também quando se verifique o seu uso, no
caso de ativos fixos tangíveis e intangíveis.
• 3 - Os rendimentos e outras variações patrimoniais positivas reconhecidos em
consequência da utilização do método da equivalência patrimonial, nos termos das
normas contabilísticas e de relato financeiro, apenas relevam para poderem ser
distribuídos aos sócios, nos termos a que se refere o n.º 1, quando sejam realizados”.
O capital social enquanto garantia dos credores.
• «Artigo 33.º do CSC
• (Lucros e reservas não distribuíveis)»
• “1 - Não podem ser distribuídos aos sócios os lucros do exercício que sejam
necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou reconstituir
reservas impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade.
• 2 - Não podem ser distribuídos aos sócios lucros do exercício enquanto as
despesas de constituição, de investigação e de desenvolvimento não
estiverem completamente amortizadas, excepto se o montante das reservas
livres e dos resultados transitados for, pelo menos, igual ao dessas despesas
não amortizadas.
• 3 - As reservas cuja existência e cujo montante não figuram expressamente
no balanço não podem ser utilizadas para distribuição aos sócios.
• 4 - Devem ser expressamente mencionadas na deliberação quais as reservas
distribuídas, no todo ou em parte, quer isoladamente quer juntamente com
lucros de exercício”.
Os tipos de reservas.
• Reservas legais obrigatórias ou especiais.
• Reservas estatutárias.
• Reservas livres: são as mais comuns.
• Reservas ocultas.
• Reservas de reavaliação.

As reservas são reguladas no CSC nos arts. 295.º e 296.º, ambos aplicáveis às sociedades por
quotas por remissão expressa do art. 218.º do CSC.
As reservas legais obrigatórias.
• «Artigo 295.º do CSC
• Reserva legal»
• “1 - Uma percentagem não inferior à 20.ª parte dos lucros da
sociedade é destinada à constituição da reserva legal e, sendo caso
disso, à sua reintegração, até que aquela represente a 5.ª parte do
capital social. No contrato de sociedade podem fixar-se percentagem e
montante mínimo mais elevados para a reserva legal”.
As reservas legais obrigatórias.
• Ora, constituída a reserva na sua totalidade, o respetivo montante pode ser,
parcial ou totalmente, reconduzido a um aumento de capital, devendo
depois ser refeita a reserva com referência à nova cifra do capital social
resultante dessa variação de capital.
• Tal menção releva, dado que existem ordenamentos que não permitem esta
solução e porque se contabilisticamente esta medida faz sentido, já pode ser
merecedora de críticas do ponto de vista jurídico, na medida em que se
estamos a pensar na tal garantia do capital social não parece ter lógica
integrá-la no capital, consumindo-a no capital e eliminando-a,
As reservas legais especiais.
• A previsão legal da criação de reserva especial para variados efeitos encontra-se no n.º 2 do art.
295.º do CSC que nos revela que:

• “2 - Ficam sujeitas ao regime da reserva legal as reservas constituídas pelos seguintes valores:
• a) Ágios obtidos na emissão de acções, obrigações com direito a subscrição de acções, ou obrigações
convertíveis em acções, em troca destas por acções e em entradas em espécie;

• b) Saldos positivos de reavaliações monetárias que forem consentidos por lei, na medida em que não forem
necessários para cobrir prejuízos já acusados no balanço;

• c) Importâncias correspondentes a bens obtidos a título gratuito, quando não lhes tenha sido imposto destino
diferente, bem como acessões e prémios que venham a ser atribuídos a títulos pertencentes à sociedade.

• d) Diferença entre o resultado atribuível às participações financeiras reconhecido na demonstração de


resultados e o montante dos dividendos já recebidos ou cujo pagamento possa ser exigido relativamente às
mesmas participações”.
As reservas legais especiais.
• «Artigo 324.º do CSC
• Regime das ações próprias»
• 1 - Enquanto as ações pertencerem à sociedade, devem:

• (…)
• b) Tornar-se indisponível uma reserva de montante igual àquele por que elas estejam contabilizadas, que se aplica às quotas
próprias por remissão do n.º 4 do art. 220.º do CSC.
• «Artigo 220.º do CSC
• (Aquisição de quotas próprias)»
• “1 - A sociedade não pode adquirir quotas próprias não integralmente liberadas, salvo o caso de perda a favor da sociedade,
previsto no artigo 204.º
• 2 - As quotas próprias só podem ser adquiridas pela sociedade a título gratuito, ou em acção executiva movida contra o sócio,
ou se, para esse efeito, ela dispuser de reservas livres em montante não inferior ao dobro do contravalor a prestar.
• 3 - São nulas as aquisições de quotas próprias com infração do disposto neste artigo.
• 4 - É aplicável às quotas próprias o disposto no artigo 324.º”.
As reservas livres.
• Ver o n.º 1 do art. 31.º do CSC.

• Ver o art. 91.º, n.ºs 1, 2 e 4, alínea c) do CSC.

• Ver as alíneas a) e b) do art. 296.º do CSC.

• As reservas livres são formadas por todos os lucros distribuíveis que não são
oportunamente, aquando da aplicação de resultados de cada exercício, concedidos
aos sócios, ou seja, a parte dos lucros do exercício que a sociedade não distribui
aos seus sócios e que não está afeta a um fim específico.
As reservas estatutárias.

• Aqui há imposição contratual. São constituídas pela afetação de um


montante percentual variável dos resultados do exercício a um fundo
especial, destinado a reforçar as reservas legalmente obrigatórias, e
podem ser também constituídas para um fim específico. São
atualmente raras e a lei geral societária não lhes faz qualquer alusão.
As reservas ocultas e as reservas de reavaliação.
• No que às reservas oculta respeita, estas são aquelas que correspondem à valorização não
contabilizada, e consequentemente não reconhecida, dos bens que integram o ativo
imobilizado da sociedade. Por esta razão, não podem ser distribuídas – ver o n.º 3 do art.
33.º do CSC -, enquanto os bens a que estão adstritas não forem objeto de reavaliação.
Note-se que não têm autonomia dogmática (ideológica) ou prática e podem converter-se
em reservas de reavaliação se puderem vir a ser objeto de contabilização por efeito da
revalorização dos bens que integram o ativo da sociedade.

• Quanto às reservas de reavaliação, estas são aquelas que resultam da reapreciação positiva
legalmente autorizada de bens sociais existentes e da necessária contabilização do valor
acrescido nessa espécie – contabilística.
O capital próprio e o justo valor = fair value.
• Noção de capital próprio da sociedade: é o que corresponde à situação líquida; ao património líquido societário que é
constituído exclusivamente à custa de bens de que a sociedade beneficie com cariz de estabilidade, incluindo os que são
necessários para cobrir o capital social acrescido das reservas legais obrigatórias e especiais acumuladas. Não são parte
integrante, desta feita, dos capitais próprios os suprimentos, que podem ser reembolsados à custa da situação líquida, ou
seja, à custa de bens necessários para cobrir a quantia do capital social e das reservas legais entretanto formadas. O capital
próprio da sociedade é o resultado da atividade social refletida no seu capital ou património de arranque.

• Noção de justo valor: é o que consiste numa técnica contabilística que permite às sociedades comerciais expressarem
muitas das rubricas dos seus balanços em valores de mercado, podendo, dessa maneira, refletir de forma permanente e
atualizada a sua performance real.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 182-183.


O capital próprio.
• Ao longo do que temos vindo a expor, este conceito de capital próprio tem
imponência no que respeita à incidência do art. 35.º do CSC e, tendo em
linha de conta o rigor em termos de qualificação dos bens de que a
sociedade possa, em cada altura, dispor, não abarca contudo os créditos de
sócios, nomeadamente os suprimentos, que não tenham sido prestados ao
abrigo de um exigente regime de reembolso.
• Nas palavras de Paulo Olavo Cunha: “Curiosamente, o artigo 35.º não
especifica o que se deve entender por capital próprio, daí que tenhamos
arriscado uma noção
O relevo da subcapitalização das sociedades comerciais.

• É sabido que as sociedades comerciais nem sempre se constituem com


um capital social adequado às suas necessidades económicas.

• Noção de subcapitalização: significa insuficiência de capitais ou de


meios financeiros para o prosseguimento de uma determinada
finalidade, nos termos em que foi traçado, que pode consistir na
normal realização da atividade social.
O contrato de suprimento.
• Noção de contrato de suprimento: é o que consiste no empréstimo ou mútuo em
dinheiro ou outros bens fungíveis efetuado pelo sócio em favor da sociedade, com
um cariz de permanência, entendendo-se que esta corresponde a uma
disponibilização financeira superior a um ano – ver o n.º 2 do art. 243.º do CSC ,
ficando a sociedade adstrita a restituir bens do género e qualidade dos que lhe
foram disponibilizados, ou é o contrato pelo qual o sócio acorda com a sociedade
o diferimento, por prazo superior a um ano, do vencimento de créditos que tem
sobre a mesma – ver o n.º 1 do art. 243.º do CSC.

• Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp.
193-199.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual.

•A abreviatura utilizada é:
Unipessoal, Lda.

•Tem apenas um sócio.

•Relevância das pessoas físicas.


Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
o conceito de comerciante individual.
• Como se extrai do Código Comercial Português, comerciante é aquele que faz da prática
do comércio profissão, a pessoa que se dedica habitualmente, como meio de vida, à
celebração de contratos comerciais, nomeadamente o de compra para revenda.

• Nesta categoria de comerciantes também se incluem as pessoas que se propõem exercer


uma atividade mercantil, tendo em vista o disposto no art. 230.º do CCom., e as empresas
coletivas e outras entidades, organizadas sob a forma de sociedades comerciais, apenas
pelo simples facto de se constituírem como tais – art. 13.º, n.º 2 do CCom.

• Ainda se incluem na categoria de comerciantes, em certas situações, as cooperativas e as


empresas públicas (E.P.E).
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
o conceito de comerciante individual.
• Por comerciante, pode-se entender, desta feita,. Ser sinónimo de sujeito de Direito
Comercial, qualidade importante na qualificação da matéria mercantil,
especialmente relativamente a atos de comércio subjetivos e que justifica, para
além de estatuto próprio, a sujeição à aplicação do regime comercial vigente,
mesmo quando se esteja perante um ato misto, isto é, um ato que é comercial para
um sujeito e civil para o outro sujeito, desde que a intervenção seja profissional –
ver a art. 99.º do CCom.

• Por fim, nos termos do disposto no art. 230.º do CCom., são também consideradas
comerciantes as pessoas que se propõem praticar uma atividade mercantil.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual: a capacidade e a
profissionalidade da prática do comércio.

• Apenas pode ser comerciante, só quem tem capacidade de exercício, ou


seja, apenas quem pode atuar pessoal e livremente, uma vez que a
aquisição e conservação desta qualidade depende do exercício habitual e
profissional de atos de comércio, ou seja, da celebração de contratos
comerciais.
• Um aspeto curioso, todavia, é o que se reporta aos menores de idade, na
medida em que podem suceder na titularidade de um estabelecimento
comercial, mas não podem ser considerados comerciantes.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
«Art.º 14.º do CCom.
Quem não pode ser comerciante»
• “É proibida a profissão do comércio:

• 1.º Às associações ou corporações que não tenham por objeto


interesses materiais;

• 2.º Aos que por lei ou disposições especiais não possam comerciar”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
«Art.º 17.º do CCom.
Condição do Estado e dos corpos e corporações administrativas»
• “O Estado, o distrito, o município e a paróquia não podem ser comerciantes,
mas podem, nos limites das suas atribuições, praticar atos de comércio, e
quanto a estes ficam sujeitos Às disposições deste Código.

• § único. A mesma disposição é aplicada às misericórdias, asilos, mais


institutos de beneficência e caridade”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual: afinal
o que é ou não permitido comercializar?
«Artigo 254.º do CSC
(Proibição de concorrência)»

• “1 - Os gerentes não podem, sem consentimento dos sócios, exercer, por conta própria ou alheia, atividade concorrente com a da sociedade.

• 2 - Entende-se como concorrente com a da sociedade qualquer atividade abrangida no objecto desta, desde que esteja a ser exercida por ela ou o seu
exercício tenha sido deliberado pelos sócios.

• 3 - No exercício por conta própria inclui-se a participação, por si ou por interposta pessoa, em sociedade que implique assunção de responsabilidade
ilimitada pelo gerente, bem como a participação de, pelo menos, 20% no capital ou nos lucros de sociedade em que ele assuma responsabilidade
limitada.

• 4 - O consentimento presume-se no caso de o exercício da atividade ser anterior à nomeação do gerente e conhecido de sócios que disponham da maioria
do capital, e bem assim quando, existindo tal conhecimento da actividade do gerente, este continuar a exercer as suas funções decorridos mais de 90 dias
depois de ter sido deliberada nova actividade da sociedade com a qual concorre a que vinha sendo exercida por ele.

• 5 - A infração do disposto no n.º 1, além de constituir justa causa de destituição, obriga o gerente a indemnizar a sociedade pelos prejuízos que esta
sofra.

• 6 - Os direitos da sociedade mencionados no número anterior prescrevem no prazo de 90 dias a contar do momento em que todos os sócios tenham
conhecimento da actividade exercida pelo gerente ou, em qualquer caso, no prazo de cinco anos contados do início dessa atividade”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual: afinal
o que é ou não permitido comercializar?
«Artigo 378.º do CSC
(Inclusão de assuntos na ordem do dia)»

• “1 - O acionista ou acionistas que satisfaçam as condições exigidas pelo artigo 375.º, n.º 2, podem requerer
que na ordem do dia de uma assembleia-geral já convocada ou a convocar sejam incluídos determinados
assuntos.

• 2 - O requerimento referido no número anterior deve ser dirigido, por escrito, ao presidente da mesa da
assembleia geral nos cinco dias seguintes à última publicação de convocatória respectiva.

• 3 - Os assuntos incluídos na ordem do dia por força do disposto nos números anteriores devem ser
comunicados aos acionistas pela mesma forma usada para a convocação até cinco dias ou dez dias antes da
data da assembleia, conforme se trate de carta registada ou de publicação.

• 4 - Não sendo satisfeito o requerimento, podem os interessados requerer judicialmente a convocação de nova
assembleia para deliberar sobre os assuntos mencionados, aplicando-se o disposto no artigo 375.º, n.º 7”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
• As proibições de comerciar não se tratam de incapacidades, essencialmente
por dois motivos:
• A consequência da infração não é a invalidade do ato de comércio;
• A incapacidade considera deficiências naturais do incapaz, sendo estruturada visando a sua
proteção.

• As incapacidades de Direito Comercial não são genericamente distintas de incapacidades de


Direito Civil.
• No que à insolvência respeita, continua a não implicar uma específica restrição à capacidade de
comerciar.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
«Artigo 81.º do CIRE
Transferência dos poderes de administração e disposição»
• “1 - Sem prejuízo do disposto no título X, a declaração de insolvência
priva imediatamente o insolvente, por si ou pelos seus
administradores, dos poderes de administração e de disposição dos
bens integrantes da massa insolvente, os quais passam a competir ao
administrador da insolvência”.
A importância dos comerciantes e das
empresas comerciais individuais.
• O comerciante, previsto no art. 13.º, n.º 1 do CCom., identifica-se com o
empresário individual, o que quer dizer que equivale atualmente à empresa
da qual é gerente.
• A empresa individual ainda é dominante no ramo económico-social
nacional em números absolutos.
• Mas, o seu peso económico, em termos de volume de negócios, traduz
atualmente menos de 5% do total da economia, o que demarca um nítido
declínio desta forma de organização produtiva.
O regime da comunhão e da transmissão de empresas comerciais.

• Estando em causa uma empresa individual haverá que verificar qual o


regime aplicável a uma situação de comunhão de bens por parte do seu
titular reconhecido e inscrito na qualidade de empresário mercantil.

• Tratando-se de uma empresa coletiva, e assumindo a forma jurídica


societária, é natural que tal empresa comercial seja participada ao
mesmo tempo por diversas pessoas.
As situações de comunhão …
• Sendo a empresa comercial de um comerciante casado, se for bem comum do casal, por efeito do respetivo
regime de bens, então poderá discutir-se se o cônjuge que não tiver a sua direção efetiva é também
comerciante.

• Os dois cônjuges são ambos comerciantes no caso em que administrem indistintamente a empresa comercial.
Neste circunstancialismo haverá que ponderar se não estamos perante uma verdadeira sociedade irregular, se
tal gestão for desempenhada intencional e conscientemente por ambos os cônjuges.

• No entendimento de Paulo Olavo Cunha: «Se um dos cônjuges se limitar à prática de (alguns) atos auxiliares
não cremos que o mesmo fique automaticamente qualificado como comerciante, uma vez que não atua
profissionalmente, não intervindo de forma habitual no exercício do comércio, e limitando-se a colaborar
pontualmente ou a ajudar o outro. Quando muito poderá ponderar-se a atribuição da qualidade de
“comerciante ocasional” e discutir os efeitos da mesma». Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 156.

• Para ser considerado/a comerciante é preciso assumir uma prática habitual de atos e contratos comerciais.
O regime da sucessão nas empresas comerciais singulares.

• Acontecendo a sucessão de um comerciante ou empresário mercantil, e já não se


encontrando a herança jacente, isto é, por aceitar, mas não tendo havido ainda
lugar à partilha, a qualificação de comerciante e os seus efeitos, tendo em conta o
regime jurídico aplicável, são imputados à empresa comercial e, por consequência,
aos respetivos titulares, ou seja, a todos os herdeiros; e não somente o cabeça-de-
casal.

• Ora, tal qualificação ficará pendente da partilha que vier a ser feita, da atribuição
dos estabelecimentos existentes e da continuação da atividade comercial.
As situações de antecipação da sucessão.
• Alcançando uma determinada empresa comercial, ou conjunto de empresas comerciais,
uma determinada dimensão pergunta-se acerca da sucessão da sua titularidade, qualquer
que seja a forma que a mesma revista, ou seja, empresa individual em nome próprio,
sociedade unipessoal, sociedade familiar ou grupo de empresas dominado por uma única
pessoa. Trata-se, desta feita, de matéria que não respeita apenas a pessoas singulares.

• O protocolo familiar é o instrumento adequado, através do qual os membros da família do


empresário convencionam na continuidade da empresa e na sua transmissão geracional,
buscando identificar de, entre eles, o(s) mais apto(s) para assegurar no futuro a respetiva
direção e gestão.
As situações de antecipação da sucessão.

• O protocolo familiar possibilitará evitar a natural dispersão dos ativos


que integram as empresas familiares, abarcando aquelas que têm já
substrato societário, ou a sua venda precipitada, contribuindo, pela
formação ou reforço de um núcleo unido, para a conservação da
unidade da empresa e da família e do centro de decisão no seio
familiar.
O protocolo familiar: as 8 fases.
• A 1.º fase: é a que respeita à consciencialização, ou seja, à assimilação da ideia de que a
celebração de um instrumento com esta índole era conveniente à subsistência e eventual
desenvoltura da empresa;

• A 2.ª fase: é a que é coincidente com o início da vertente jurídico-societária, fiscal e


financeira implicando a recolha de dados, designadamente de toda a informação
pertinente, abarcando o levantamento dos bens que fazem parte da empresa comercial.

• A 3.ª fase: aqui ocorre a avaliação patrimonial da empresa familiar, incluindo todos os
bens e participações.

• Na 4.ª fase: aqui deve ser feito um relatório acerca da informação obtida e os resultados
da avaliação feita, no qual se sintetize os contributos dados.
O protocolo familiar: as 8 fases.
• Na 5.ª fase: feito o balanço até aqui, os membros familiares estão aptos para realizar a primeira reunião, na
qual terão a possibilidade de já participar um ou dois consultores, com o finto de discutir e analisar o relatório
e preparar o calendário e atos seguintes.

• Na 6.ª fase: sempre que tal seja justificável devido à dimensão da empresa, procede-se à formação de equipas
técnico-jurídicas e de consultores financeiros e de gestão e inicia-se elaboração dos variados instrumentos e a
concretização dos atos pertinentes. Pode estar em causa a constituição de novas empresas – Sociedades
Gestoras de Participações Sociais (SGPS) ou outra entidade -, a reformulação da estrutura contratual existente
e a celebração de acordos parassociais e, ou, cooperativos e de contratos de opções e de futuros, que poderão
ser fundamentais para uma nitidez vindoura da titularidade da empresa, possibilitando aqueles que não
quiserem ficar vinculados à mesma retirarem-se com segurança adequada. Quando o protocolo familiar tem
por pretensão regular empresas familiares que envolvem várias sociedades, tem ainda que se ponderar a
introdução de novos modelos de funcionamento de órgãos sociais, ou seja, de reforço da gestão, de controlo,
de remunerações ou de natureza apenas consultiva, equacionar atos estruturais de relevo, como a fusão ou a
transformação de sociedades, porventura acompanhadas da dissolução e liquidação de empresas de cariz
supérfluo.
O protocolo familiar: as 8 fases.

• A 7.ª fase: é a que respeita à apresentação e à discussão dos projetos e


às negociações finais acerca da índole dos atos a celebrar e das
operações a concretizar.

• A 8.ª fase: é a que conclui este processo, e aqui procede-se à


formalização dos documentos que consubstanciarão o protocolo
familiar.
Aula n.º 11: Da estruturação orgânica e governação de
sociedades anónimas e por quotas.

• As sociedades comerciais atuam através dos seus


órgãos, dotados de competências distintas.
A orgânica societária.
• Quanto ao órgão deliberativo – assembleia geral: neste prisma, formadas com uma
base associativa, ainda que na sociedade anónima por menção às participações de capital
– ações -, compreende-se que sejam os seus associados, com influência dependente da
quantia da sua participação, consoante o tipo societário envolvido, a construir a respetiva
decisão através de deliberações em que todos possam participar e exprimir a sua vontade,
formando-se dessa forma a decisão social coletiva acerca dos aspetos fundamentais da
vida societária.

• Mesmo tal vontade se possa formar à margem de um órgão institucionalizado, é natural


que os associados se reúnam num órgão, estatutária e legalmente, previsto e regulado ou
que, nos termos legais, se constitui e funciona ad hoc – a assembleia geral.
A orgânica societária.
• Quanto ao órgão executivo – a administração da sociedade: todas as
sociedades têm um órgão que as representa externamente, que exprime a
vontade do coletivo, ou seja, dos sócios e que se responsabiliza pela
respetiva gestão: a gerência, o conselho de administração ou o conselho de
administração executivo.

• O órgão de gestão nas sociedades por quotas – ver o art. 259.º do CSC

• O órgão de gestão nas sociedades anónimas – ver o art. 405.º, n.º 1 in


fine, e art. 373.º, n.º 3 do CSC.
A orgânica societária.
• Quanto ao órgão de controlo – a fiscalização da atividade societária: aqui, tendo a
sociedade comercial um órgão executivo com a finalidade imediata de concretizar a
respetiva atividade, entende-se e aceita-se que os sócios, especialmente os que não se
encontram representados nesse órgão, pretendam ter um controlo permanente,
especializado e eficaz sobre a forma como a sociedade é gerida. Assim, a lei faculta nuns
casos e impõe noutros que a sociedade tenha um ou mais órgãos de fiscalização, os quais
podem assumir, tipificadamente, as formas de conselho fiscal, fiscal único, comissão de
auditoria, conselho geral e de supervisão ou de revisor oficial de contas.

• Apenas na sociedade anónima é obrigatória a fiscalização que, se pode processar por mais
do que uma via.
A orgânica societária.
• Nas sociedades por quotas o órgão de fiscalização é, via de regra, facultativo, podendo
assumir a configuração de fiscal único ou até de conselho fiscal, tornando-se obrigatório
em determinadas situações.

• Dos poderes, obrigações e competência dos membros do conselho fiscal – arts. 421.º, em
especial n.º 1, alíneas a), b) e d), 422.º, em especial n.ºs 1, alíneas a), b) e e), e 3, e 420.º,
em especial n.º 1, alíneas a), b) e g) retiramos a ideia principal da fiscalização interna da
sociedade: o controlo da atividade da administração e a faculdade de conhecer a formação
das respetivas decisões.

• Ver os arts. 420,º, n.º 4 e 420.º-A do CSC.

• Ver o art. 3.º do Código do Registo Comercial e os arts. 172.º e 173.º do CSC.
A orgânica societária.
• Quanto ao secretário da sociedade – nas sociedades abertas cotadas:
• Arts. 446.º-A a 446.º-F do CSC.
• Art. 446.º-B, n.º 1, alíneas e), f), h), i) e j) do CSC.
• Art. 446.º-B, n.º 1, alínea a) do CSC.
• Para Paulo Olavo Cunha, “(…) a este propósito, (…) as funções só devem ser
exercidas em assembleia geral na falta do secretário da mesa ou se este se encontrar a
dirigir os trabalhos, uma vez que, hierárquica e organicamente, o secretário da mesa
precede sobre o secretário da sociedade que, não sendo eleito pelos acionistas, mas
escolhido pela administração, deve secretariar todos os órgãos sociais colegiais,
coadjuvando os respetivos titulares no desempenho das suas funções”. Cfr. PAULO
OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 203.
A orgânica societária.
• Por fim, quanto aos órgãos sociais facultativos: aqui podemos
diferenciar os órgãos que se encontram legalmente previstos e que,
sendo obrigatórios em certas situações, se podem pontualmente
configurar como facultativos – exemplos do conselho fiscal ou fiscal
único e do secretário da sociedade, dos que podem ser
estatutariamente criados, sem referência legal, como os conselhos
consultivos que caraterizam a orgânica de certas sociedades.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima: os
divergentes modelos de governação societária.
• Ver o art. 272.º, alínea g) do CSC.
• Ver o art. 278.º, n.º 1 do CSC.
• A gestão e fiscalização da sociedade anónimas (S.A.) pode guiar-nos a um
de 3 modelos que passaremos a explicar:
• Conselho de administração e conselho fiscal, porventura com Revisor Oficial de Contas (ROC)
externo – modelo clássico.
• Conselho de administração, abarcando uma comissão de auditoria, e Revisor Oficial de Contas
– modelo anglo-saxónico; ou
• Conselho de administração executivo, conselho geral e de supervisão e Revisor Oficial de
Contas – modelo germânico.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima:
os divergentes modelos de governação societária.
• Quanto à dimensão, as pequenas sociedades anónimas terão maior inclinação para a
adoção do modelo clássico, porventura reduzido a administrador e fiscal únicos, não se
ajustando com facilidade aos modelos anglo-saxónico e germânico que implicam órgãos
de controlo de composição necessariamente plural, mínima de 3 e 2 membros,
respetivamente;

• Já as sociedades médias optarão entre o modelo clássico e o germânico, menos rigoroso


no que respeita ao número de membros dos órgãos de administração e fiscalização que o
anglo-saxónico, e apenas as grandes sociedades irão eleger o modelo anglo-saxónico, o
que se tem vindo a constatar de forma progressiva, podendo todavia também escolher
qualquer dos outros modelos.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima:
os divergentes modelos de governação societária.
• Qualquer destes modelos é propício a sociedades de grande dimensão, tendo em
consideração a concentração e dispersão do capital social casuisticamente.

• O modelo germânico é o adotado pela EDP – Energias de Portugal, S.A.

• Quando haja unicamente um acionista maioritário ou a maioria do capital se


concentre num n.º diminuto de acionistas, por vezes, opta-se entre uma estrutura
tradicional, acolhendo no conselho de administração, a par do ou dos próprio ou
próprios acionista ou acionistas, os técnicos especialistas na gestão societária, e o
modelo anglo-saxónico.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima: os
divergentes modelos de governação societária.
• Estando o capital mais repartido, mas não de modo excessivo, reconhecendo-se vários acionistas titulares de
um número relevante de ações, mesmo que percentualmente limitado, é comum escolher-se o modelo
germânico, entregando-se a gestão da sociedade exclusivamente a profissionais que são necessariamente
administradores executivos e controlando-a a partir do conselho geral e de supervisão.

• Quando a sociedade atinge uma dimensão particularmente importante, tem as suas participações admitidas à
cotação em mercados externos e conta com a participação relevante de acionistas estrangeiros, o modelo de
governação anglo-saxónica é, eventualmente, aquele que melhor compatibiliza a estrutura da administração e
fiscalização da sociedade com as exigências desses mercados e desses acionistas. Trata-se aqui de um modelo
especialmente direcionado para sociedades cotadas em mercados regulamentados. Vd, PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 205 e nota 348.
O modelo clássico.
• É comum à grande maioria das sociedades anónimas nacionais.

• Consiste na organização da administração e da fiscalização em conselho de


administração e conselho fiscal – ou em administrador e fiscal único -, podendo a
fiscalização concentra-se num único órgão, desde que faça parte a título
obrigatório um ROC ou podendo este constituir-se de modo autónomo, à margem
do conselho fiscal, com funções específicas de índole contabilística,
designadamente para fomentar a certificação legal das contas da sociedade.

• Este modelo pode, desde o ano de 2006, envolver uma configuração simples ( que
é mais comum) ou mais complexa.
O modelo clássico.
• Ver o art. 278.º, n.º 1, al. a) do CSC.

• Ver o art. 413.º, n.º 1 do CSC.

• Ver o art. 413.º, n.º 2 do CSC.

• Ver o art. 414.º-A do CSC.

• Ver o art. 414.º, n.º 5, al. b) do CSC.

• Ver o art. 278.º, n.º 2 do CSC e o art. 390.º, n.º 2 do CSC.

• Ver o art. 390.º, n.º 1 do CSC.

• Ver o art. 395.º, n.ºs 3 e 4 do CSC.


O modelo clássico.

• Ver o art. 413.º, n.º 2, al. a) do CSC.

• Estrutura complexa: ver o art. 413.º, n.º 2, al. a) do CSC + o seu n.º
1, al. b).

• Ver o art. 414.º, n.º 4 do CSC.


O modelo germânico.

• Nas sociedades anónimas pode-se criar uma orgânica que se baseia em


3 órgãos diferentes:
• O conselho de administração executivo;
• O conselho geral e de supervisão;
• E o Revisor Oficial de Contas (ROC).
O modelo germânico.
• O conselho de administração executivo nas sociedades anónimas, (que pode corresponder a administrador executivo único,
nas sociedades de reduzida dimensão - arts. 278.º, n.º 2 e 424.º, n.º 2 do CSC), é um órgão trata-se de um órgão bastante
mais técnico que o conselho de administração, mas tem menos poderes – ver os arts. 431.º e 432.º do CSC.

• A designação atribuída aos seus membros é a de administradores, sendo que tratando-se de pessoas coletivas, existe a
obrigatoriedade de designação de uma pessoa singular para desempenhar as funções – ver o art. 425.º, n.º 8 e o art. 390.º,
n.º 4 do CSC.

• Ver os arts. 441.º, al. d) e 441.º, al. a) do CSC.

• Ver o art. 446.º do CSC.

• Ver o art. 444.º do CSC.

• Ver art. 278.º, n.º 4 e art. 444.º, n.º 2 do CSC.

• Ver art. 444.º, n.º 1 do CSC.

• Ver art. 441.º, n.º 1, al. a) do CSC.

• Ver arts. 441.º e 442.º do CSC.

• Ver art. 434.º, n.º 5 do CSC.


O modelo anglo-saxónico.
• Aqui, neste modelo de governação de sociedades anónimas temos:
• Um conselho de administração – cujas regras do art. 278.º, n.º 5 do CSC se aproveitam aqui.

• Uma comissão de auditoria – arts. 278.º, n.º 1, al. a) e 423.º, n.ºs 2 e 3 do CSC, e ainda art.
423.º-F do CSC.

• Um ROC – art. 278.º, n.º 1, al. b) do CSC.

Conselho de administração: arts. 405.º e 406.º do CSC.

Comissão de auditoria: art. 423.º-B, n.º 2 do CSC.

ROC: art. 446.º e alíneas c), d), e) e f) do n.º 1 do art. 420.º do CSC.
O modelo anglo-saxónico.
• No modelo anglo-saxónico revelam:
• O art. 423.º-B, n.º 1 do CSC.

• O art. 423.º-B, n.º 3 do CSC.

• O art. 423.º-B, n.ºs 4 e 5 do CSC.

• Os arts. 423.º-D e 423.º-E do CSC.

• O art. 423.º-C, n.º 1 do CSC.

• O art. 423.º-B, n.º 2 do CSC.

• O art. 423.º-F do CSC.

• O art. 420.º, 421.º e 441.º do CSC.

• O art. 423.º-G, n.º 1, al. a) in fine do CSC.


O modelo anglo-saxónico.
• A comissão de auditoria:

• O art. 423.º-E, alíneas a), b), n) e o) do CSC.

• O art. 423.º-B, n.º 2 do CSC.

• Os arts. 390.º, n.º 2 e 422.º-B, n.º 3 do CSC.

• A inserção deste modelo facilita a adaptação das grandes sociedades portuguesas


aos quadros jurídicos externos e permite
às sociedades estrangeiras que participem de modo relevante em sociedades
nacionais replicar nestas as suas estruturas orgânicas.
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 212.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.

• Compete ao conselho de administração a gestão dos negócios sociais e


a representação da sociedade.

• O conselho de administração é o órgão de representação da sociedade


que atua e cumpre os respetivos direitos e vinculações na
concretização da atividade social.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.
• «Artigo 405.º do CSC
• Competência do conselho de administração»
• “1 - Compete ao conselho de administração gerir as atividades da
sociedade, devendo subordinar-se às deliberações dos acionistas ou às
intervenções do conselho fiscal ou da comissão de auditoria apenas nos
casos em que a lei ou o contrato de sociedade o determinarem.
• 2 - O conselho de administração tem exclusivos e plenos poderes de
representação da sociedade”.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.
• «Artigo 406.º do CSC
• (Poderes de gestão»)
• “Compete ao conselho de administração deliberar sobre qualquer assunto de
administração da sociedade, nomeadamente sobre:
• a) Escolha do seu presidente, sem prejuízo do disposto no artigo 395.º;

• b) Cooptação de administradores;

• c) Pedido de convocação de assembleias gerais;

• d) Relatórios e contas anuais;

• e) Aquisição, alienação e oneração de bens imóveis;

• f) Prestação de cauções e garantias pessoais ou reais pela sociedade;


h) Extensões ou reduções importantes da atividade da sociedade;
i) Modificações importantes na organização da empresa;
j) Estabelecimento ou cessação de cooperação duradoura e importante
com outras empresas;
l) Mudança de sede e aumentos de capital, nos termos previstos no
contrato de sociedade;
m) Projectos de fusão, de cisão e de transformação da sociedade;
n) Qualquer outro assunto sobre o qual algum administrador
requeira deliberação do conselho”.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.
• «Artigo 431.º do CSC
• Competência do conselho de administração executivo»
• “1 - Compete ao conselho de administração executivo gerir as atividades da sociedade,
sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 442.º

• 2 - O conselho de administração executivo tem plenos poderes de representação da


sociedade perante terceiros, sem prejuízo do disposto na alínea c) do artigo 441.º

• 3 - Aos poderes de gestão e de representação dos administradores é aplicável o disposto


nos artigos 406.º, 408.º e 409.º, com as modificações determinadas pela competência
atribuída na lei ao conselho geral e de supervisão”.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.
• Da lei decorre a enumeração, a título exaustivo e exemplificativo, ou seja não
taxativo, de todos os atos que considera de gestão, nestes abarcando, como atos
típicos de gestão a elaboração dos relatórios e das contas anuais – art. 406.º, al. d)
do CSC, a aquisição de imóveis – mesmo quando não corresponda ao objeto social
– art. 406.º, al. e) do CSC, e, por maioria de razão, de quaisquer bens móveis e
bens incorpóreos – por exemplo: patentes, ações escriturais, quotas – e a aquisição
ou abertura de estabelecimentos, assim como o seu encerramento – art. 406.º, al. j)
do CSC.
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 213.
O conselho de administração e a sua competência. A
gestão da sociedade.
• «Artigo 407.º do CSC
• Delegação de poderes de gestão»
• “1 - A não ser que o contrato de sociedade o proíba, pode o conselho encarregar
especialmente algum ou alguns administradores de se ocuparem de certas matérias de
administração.

• 2 - O encargo especial referido no número anterior não pode abranger as matérias


previstas nas alíneas a) a m) do artigo 406.º e não exclui a competência normal dos outros
administradores ou do conselho nem a responsabilidade daqueles, nos termos da lei”.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• «Artigo 407.º do CSC
• Delegação de poderes de gestão»

• “1 - A não ser que o contrato de sociedade o proíba, pode o conselho encarregar especialmente algum ou
alguns administradores de se ocuparem de certas matérias de administração.

• 2 - O encargo especial referido no número anterior não pode abranger as matérias previstas nas alíneas a) a m)
do artigo 406.º e não exclui a competência normal dos outros administradores ou do conselho nem a
responsabilidade daqueles, nos termos da lei.

• 3 - O contrato de sociedade pode autorizar o conselho de administração a delegar num ou mais


administradores ou numa comissão executiva a gestão corrente da sociedade.

• 4 - A deliberação do conselho deve fixar os limites da delegação, na qual não podem ser incluídas as
matérias previstas nas alíneas a) a d), f), l) e m) do artigo 406.º e, no caso de criar uma comissão, deve
estabelecer a composição e o modo de funcionamento desta”.
“5 - Em caso de delegação, o conselho de administração ou os membros da comissão executiva devem designar
um presidente da comissão executiva.
6 - O presidente da comissão executiva deve:
a) Assegurar que seja prestada toda a informação aos demais membros do conselho de administração relativamente
à actividade e às deliberações da comissão executiva;
b) Assegurar o cumprimento dos limites da delegação, da estratégia da sociedade e dos deveres de colaboração
perante o presidente do conselho de administração.
7 - Ao presidente da comissão executiva é aplicável, com as devidas adaptações, o disposto no n.º 3 do artigo 395.º
8 - A delegação prevista nos n.ºs 3 e 4 não exclui a competência do conselho para tomar resoluções sobre os
mesmos assuntos; os outros administradores são responsáveis, nos termos da lei, pela vigilância geral da
atuação do administrador ou administradores-delegados ou da comissão executiva e, bem assim, pelos
prejuízos causados por atos ou omissões destes, quando, tendo conhecimento de tais atos ou omissões ou do
propósito de os praticar, não provoquem a intervenção do conselho para tomar as medidas adequadas”.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• «CAPÍTULO V
• Deliberações dos acionistas
• Artigo 373.º do CSC
• (Forma e âmbito das deliberações)»

• “1 - Os acionistas deliberam ou nos termos do artigo 54.º ou em assembleias gerais regularmente


convocadas e reunidas.

• 2 - Os acionistas deliberam sobre as matérias que lhes são especialmente atribuídas pela lei ou pelo
contrato e sobre as que não estejam compreendidas nas atribuições de outros órgãos da sociedade.

• 3 - Sobre matérias de gestão da sociedade, os acionistas só podem deliberar a pedido do órgão


de administração”.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• «Artigo 423.º-G do CSC
• Deveres dos membros da comissão de auditoria»

• 1 - Os membros da comissão de auditoria têm o dever de:


• a) Participar nas reuniões da comissão de auditoria, que devem ter, no mínimo, periodicidade
bimestral;
• b) Participar nas reuniões do conselho de administração e da assembleia geral;
• c) Participar nas reuniões da comissão executiva onde se apreciem as contas do exercício;
• d) Guardar segredo dos factos e informações de que tiverem conhecimento em razão das suas
funções, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do presente artigo;
• e) Registar por escrito todas as verificações, fiscalizações, denúncias recebidas e diligências
que tenham sido efectuadas e o resultado das mesmas.
• 2 - Ao presidente da comissão de auditoria é aplicável o disposto no artigo 420.º-
A, com as devidas adaptações.
• 3 - O presidente da comissão de auditoria deve participar ao Ministério Público os
factos delituosos de que tenha tomado conhecimento e que constituam crimes
públicos.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• A comissão executiva, na qualidade de subórgão que ocupa em que
são delegados certos poderes de gestão corrente, é uma estrutura típica
do modelo clássico – art. 407.º, n.º 3 do CSC, expressamente alargada
ao modelo anglo-saxónico – art. 423.º-G, n.º 1, al. c) do CSC, pelo que
a legalidade da sua constituição e a legitimidade da sua atuação nos
quadros destes dois modelos não merece reservas. Cfr. PAULO
OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 215.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• Contrariamente, no modelo germânico de governação societária não é possível delegar poderes no
âmbito do conselho, afastando a lei, pelo cariz executivo das funções dos membros do conselho de
administração executivo, a constituição de comissão executiva e a denominação de administradores
delegados – art. 431.º, n.º 3 do CSC. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 215.

«Artigo 431.º do CSC


Competência do conselho de administração executivo»
(…)
“3 - Aos poderes de gestão e de representação dos administradores é aplicável o disposto nos artigos
406.º, 408.º e 409.º, com as modificações determinadas pela competência atribuída na lei ao conselho
geral e de supervisão”.
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• O DL n.º 133/2013, de 3 de Outubro - no uso da autorização
legislativa concedida pela Lei n.º 18/2013, de 18 de fevereiro, aprova
o novo regime jurídico do sector público empresarial – RJSPE -, e
estabelece os princípios e regras aplicáveis ao sector público
empresarial, incluindo as bases gerais do estatuto das empresas
públicas.
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• O que se entende por sistema de governação das sociedades?

• Por sistema de governação societária ou corporate governance entende-se o


conjunto de regras e princípios que o órgão de gestão de uma sociedade
anónima aberta deve respeitar no desempenho da respetiva atividade; e que
se carateriza por abranger regras que visam tornar transparente a
administração societária, definir a responsabilidade dos respetivos membros
e garantir que na mesma se espelham as variadas tendências acionistas.
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• O sistema, de origem norte-americana, forma um corolário do princípio da tutela
das minorias e da salvaguarda dos interesses públicos que possam estar em jogo
na gestão de uma grande sociedade comercial, tendo senso em ordenamentos nos
quais o Direito legislado desconhece os desenvolvimentos do Direito continental
de base romano-germânica, importando assim definir, muito precisamente, os
direitos dos acionistas minoritários e o funcionamento dos órgãos de gestão, entre
outras considerações.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 218.


A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• «Artigo 392.º do CSC
• Regras especiais de eleição»

• 1 - O contrato de sociedade pode estabelecer que, para um número de administradores não excedente a um terço do órgão,
se proceda a eleição isolada, entre pessoas propostas em listas subscritas por grupos de acionistas, contando que nenhum
desses grupos possua acções representativas de mais de 20% e de menos de 10% do capital social.

• 2 - Cada lista referida no número anterior deve propor pelo menos duas pessoas elegíveis por cada um dos cargos a
preencher.

• 3 - O mesmo acionista não pode subscrever mais de uma lista.

• 4 - Se numa eleição isolada forem apresentadas listas por mais de um grupo, a votação incide sobre o conjunto dessas listas.

• 5 - A assembleia geral não pode proceder à eleição de outros administradores enquanto não tiver sido eleito, de harmonia
com o n.º 1 deste artigo, o número de administradores para o efeito fixado no contrato, salvo se não forem apresentadas as
referidas listas.
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• «Artigo 392.º do CSC
• Regras especiais de eleição»

• “6 - O contrato de sociedade pode ainda estabelecer que uma minoria de acionistas que tenha votado contra a
proposta que fez vencimento na eleição dos administradores tem o direito de designar, pelo menos, um
administrador, contanto que essa minoria represente, pelo menos, 10% do capital social.

• 7 - Nos sistemas previstos nos números anteriores, a eleição é feita entre os acionistas que tenham votado contra a
proposta que fez vencimento na eleição dos administradores, na mesma assembleia, e os administradores assim
eleitos substituem automaticamente as pessoas menos votadas da lista vencedora ou, em caso de igualdade de votos,
aquela que figurar em último lugar na mesma lista.

• 8 - Nas sociedades com subscrição pública, ou concessionárias do Estado ou de entidade a este equiparada por lei, é
obrigatória a inclusão no contrato de algum dos sistemas previstos neste artigo; sendo o contrato omisso, aplica-se o
disposto nos precedentes n.ºs 6 e 7”.

• (…)
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• A soft law: neste aspeto, o sistema de governação das sociedades carateriza-se por muitas regras que se
reconduzem à denominada soft law, correspondente à autorregulação que as sociedades anónimas se propõem
observar na procura do simples reconhecimento social e, consequente, afirmação no mercado. É nesse
contexto, de natureza mista de normas injuntivas e voluntárias na adoção de novas condutas, que nos situamos
atualmente.

• Cfr, e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 220-221.
A ética, sustentabilidade e responsabilidade governativas.

• Ética: o desempenho dos membros dos órgãos de


administração e também de fiscalização tem de se reger pela
ética, não devendo basear-se exclusivamente por regras de
boa governação societária. Atualmente pode-se autonomizar
da corporate governance a ética no desempenho de funções.
A ética, sustentabilidade e responsabilidade governativas.

• Sustentabilidade: aqui as empresas têm de se encontrar adequadamente


alicerçadas, contribuindo de modo permanente para a formação dos seus
colaboradores, e exercerem a sua atividade com respeito pelos princípios e
regras fundamentais que caraterizam o sistema jurídico-societário,
relacionando-se com todas as pessoas e entidades que com elas se cruzam,
de forma que a sua intervenção social não traga prejuízos, mesmo que de
índole indireta – a título de exemplo: de cariz ambiental, a terceiros.
A ética, sustentabilidade e responsabilidade governativas.

• Responsabilidade social: as grandes empresas têm vindo a assumir


uma responsabilidade social progressiva, tendo em linha de conta que
a responsabilidade social da empresa, pressupondo naturalmente que
ela seja sustentável, impõe a observância das mais elementares normas
de conduta em sociedade, respeitando o meio ambiente e o impacto
que a atividade societária tem sobre terceiros.
A importância do administrador de facto.
• Situações ocorrem em que a sociedade comercial não é gerida pelo gerente de
Direito, estando nós perante um administrador de facto.

• Administrador de facto: é o indivíduo que gere efetivamente a sociedade, quer o


faça aparentemente em conjunto com outras pessoas que não participam realmente
na gestão, mesmo que tenham sido formalmente designadas para o fazer, quer seja
aquele que, encontrando-se ou não nomeadas ou eleitas outras pessoas, garante a
condução dos destinos societários, apesar de não ter sido formalmente
encarregado para o efeito. Nesta situação, acontece uma assunção substantiva do
cargo, sem que a mesma seja suportada em ato designativo responsável.
A importância do administrador de facto.
• O administrador de facto é especialmente relevante nos casos em que a lei estende a todos
aqueles que se encontram na direção efetiva de uma sociedade a responsabilidade por essa
situação, designadamente de cariz penal, fiscal ou previdencial.

• No prisma jurídico-societário, o administrador de facto não assume especial relevância,


não podendo ser imputados à sociedade os efeitos dos atos por ele exercidos em seu nome
e em manifesto excesso de poderes de representação.

• Para Paulo Olavo Cunha, a solução deverá ser encontrada nos quadros do Direito Civil,
em matéria de representação sem poderes – vd, o art. 268.º do CC e PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 223.

• Quanto à responsabilidade civil, a lei societária não institui um regime especial aplicável
ao administradores de facto.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.

• Um aspeto interessante a retratar é o de que relativamente à estrutura governativa da


sociedade por quotas, que permanece ainda hoje a corresponder no tecido produtivo
português ao tipo social mais utilizado, releva que não tem de compreender
obrigatoriamente um órgão específico de fiscalização, podendo a sociedade constituir-se
contratualmente com um único órgão institucionalizado – o gerente ou a gerência.

• Posto isto, nas sociedades por quotas o órgão de administração a quem compete a gestão
dos negócios sociais e a representação da sociedade perante terceiros denomina-se por
gerência e os respetivos membros são os gerentes. A lei não configura a gerência como
um órgão social com regras próprias de funcionamento, ao contrário do que ocorre com a
administração das sociedades anónimas.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.
• O CSC apenas consagra:

• - Arts. 252.º a 262.º-A do CSC;

• - Arts. 252.º, 256.º, 259.º e 261.º do CSC;

• - os gerentes atuam conjuntamente, materializando as respetivas decisões de gestão nos atos


que desempenham, em nome da sociedade que representam, em regra com a intervenção da
maioria.

• - Mas, a lei não impede que o contrato de sociedade por quotas configure a gerência como um
órgão análogo ao conselho de ad ministração.

• No entendimento de Paulo Olavo Cunha, é aberta essa possibilidade, ao determinar a


representação conjunta quando a gerência for plural, mas salvaguardando solução diversa
contratualmente prevista – cfr. art. 261.º, n.º 1 do CSC. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob.
cit., p. 224.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.

• A gerência:

• «Artigo 259.º do CSC


• (Competência da gerência)»
• “Os gerentes devem praticar os atos que forem necessários ou
convenientes para a realização do objeto social, com respeito pelas
deliberações dos sócios”.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.
• «Artigo 246.º do CSC
• (Competência dos sócios)»

• “(…)

• 2 - Se o contrato social não dispuser diversamente, compete também aos sócios deliberar
sobre:
• a) A designação de gerentes;

• b) A designação de membros do órgão de fiscalização;

• c) A alienação ou oneração de bens imóveis, a alienação, a oneração e a locação de


estabelecimento;

• d) A subscrição ou aquisição de participações noutras sociedades e a sua alienação ou oneração”.


A responsabilidade dos gestores.

• Art. 64.º do CSC.


• Trata-se de uma cláusula geral suscetível de ser
concretizada casuisticamente e com manifesto impacto
em matéria de responsabilidade civil, ou seja, de dever
de indemnizar os danos resultantes da prática negligente
das suas funções.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 72.º do CSC
• Responsabilidade de membros da administração para com a
sociedade»
• “1 - Os gerentes ou administradores respondem para com a sociedade
pelos danos a esta causados por atos ou omissões praticados com
preterição dos deveres legais ou contratuais, salvo se provarem que
procederam sem culpa”.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 72.º do CSC
• Responsabilidade de membros da administração para com a sociedade»
• “2 - A responsabilidade é excluída se alguma das pessoas referidas no número
anterior provar que atuou em termos informados, livre de qualquer interesse
pessoal e segundo critérios de racionalidade empresarial.

• 3 - Não são igualmente responsáveis pelos danos resultantes de uma deliberação


colegial os gerentes ou administradores que nela não tenham participado ou hajam
votado vencidos, podendo neste caso fazer lavrar no prazo de cinco dias a sua
declaração de voto, quer no respetivo livro de atas, quer em escrito dirigido ao
órgão de fiscalização, se o houver, quer perante notário ou conservador”.
A responsabilidade dos gestores.
• Nas situações em que praticam atos danosos, os gestores podem ser
processados, em prol da sociedade comercial, pela sociedade comercial ou
pelos seus sócios.

• A sua responsabilidade passa por dois tipos de ações:


• Uma proposta pela própria sociedade – ver os arts. 248.º, n.º 2 e 375.º, n.º 2 ambos do CSC e o
art. 23.º-A, n.º 1 do CVM, assim como o art. 75.º, n.º 1 do CSC;
• Outra pelos sócios detentores de uma percentagem mínima de capital social – ação social ut
singuli – art. 77.º, n.º 1 do CSC.
• Ambas com o objetivo de condenarem a gestão deficiente e de obterem o ressarcimento dos
danos sofridos pela sociedade comercial em causa, que é, em qualquer das circunstâncias, a
prejudicada pelo sucedido.
A responsabilidade dos gestores.
• No quesito da responsabilidade, há que ser feita a distinção entre a
responsabilidade para com os credores sociais (art. 78.º, n.º 1 do CSC) e a
responsabilidade para com os sócios e terceiros (art. 79.º, n.º 1 do CSC).

• Os gestores têm responsabilidade para com os credores sociais, ou seja,


fornecedores e financiadores da sociedade comercial, quando o património
societário se torne insuficiente para a satisfação dos respetivos créditos, em
virtude da inobservância culposa de regras legais ou contratuais de proteção
dos credores – art. 78.º, n.º 1 do CSC.
A responsabilidade dos gestores.
• Certo é que os credores sociais podem sub-rogar-se no exercício do direito de
indemnização de que a sociedade comercial seja titular, e não exerça, e acionar os seus
gestores – art. 78.º, n.º 2 e arts. 606.º a 609.º todos do CC. Cfr, JORGE MANUEL
COUTINHO DE ABREU, “Responsabilidade civil dos administradores de sociedades”,
in IDET, Cadernos n.º 5, Almedina, 2007, pp. 65-67.

• A lei societária autonomiza a responsabilidade dos membros do órgão de administração


por danos que tenham causado diretamente a sócios e terceiros, na prática das suas
funções, ou seja, que não os tenham afetado pelos prejuízos sofridos pela sociedade
comercial, que podem repercutir-se nas respetivas esferas jurídicas – art. 79.º do CSC.
A responsabilidade dos gestores.
• A verdade é a de que um mesmo facto pode provocar danos na esfera da sociedade
comercial, dos sócios e de terceiros.
• Assim, seguindo em bom exemplo que nos é dado por Coutinho de Abreu: a
deficiente elaboração de contas anuais pode resultar no empolamento dos
resultados e provocar danos:
• à sociedade, se, com base nessas contas incorretas aprovadas, ocorrer a distribuição de lucros de
origem fictícia;
• aos sócios, se, em função desses resultados, adquirirem por valor inflacionado novas participações,
e, também,
• a terceiros, financiadores ou fornecedores, que, considerando a aparente boa credibilidade
financeira da sociedade comercial, lhe atribuam, de modo injustificado, crédito.
• Cfr, JORGE MANUEL COUTINHO DE ABREU, “Responsabilidade civil dos
administradores de sociedades”, in IDET, Cadernos n.º 5, Almedina, 2007, p. 83.
A responsabilidade dos gestores.

• Seja como for, a verdade é de que os gestores incorrem em responsabilidade


extracontratual, dado que, estando em causa o exercício das suas funções, as
relações contratuais estariam determinadas entre a sociedade e os afetados,
que podem ser, para além dos sócios, quaisquer terceiros, abarcando aqueles
que não fossem obrigatoriamente contrapartes da sociedade comercial,
estando, desta feita, aberta a porta para a responsabilidade por danos
ambientais.
A responsabilidade dos gestores.
• Estando uma dada empresa comercial em situação económico-financeira difícil, a lei atribui aos
membros do respetivo órgão de gestão a obrigação de, verificados certos pressupostos, a
apresentarem à insolvência – arts. 18.º e 19.º ambos do CIRE.

• Ora, o devedor deve requerer a declaração de insolvência quando tenha conhecimento, há mais de
60 dias, de que a empresa se encontra em situação de insolvência – art. 18.º, n.º 1 do CIRE. Assim,
a lei faculta alguns critérios que constituem fatores indiciadores da insolvência – art. 20.º, n.º 1 do
CIRE.

• A inobservância do dever de apresentação à insolvência constitui presunção de culpa grave por


parte do devedor – art. 186.º, n.º 3, al. a) do CIRE -, podendo levar à qualificação da insolvência
como culposa – art. 186.º, n.º 1 do CIRE, com consequências particularmente gravosas para os
gestores da empresa insolvente – art. 189.º, n.º 2 do CIRE.
A responsabilidade dos gestores.
• Em termos de responsabilidade ambiental, leia-se FERNANDO REIS
CONDESSO, Direito do Ambiente, 2014, pp. 103-112.
• Assim, os gestores das sociedades assumem ainda uma responsabilidade
ambiental, no sentido de serem chamados a responder perante a sociedade
comercial por infração a regras de tutela ambiental e por atos que coloquem
em perigo o bem-estar populacional cujas populações possam ser afetadas
pela atividade da sociedade comercial gerida.
• Esta responsabilidade ambiental é enquadrável:
• nas normas gerais do CSC, nomeadamente no art. 79.º do CSC;
• e ainda na legislação específica acerca da tutela ambiental, como é o caso do DL n.º 147/2008, de 29
de julho – em especial – arts. 12.º e 13.º deste DL).
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 24.º da Lei Geral Tributária
• Responsabilidade dos membros de corpos sociais e responsáveis técnicos»

• “1 - Os administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que somente de facto, funções de administração ou
gestão em pessoas coletivas e entes fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a estas e solidariamente
entre si:
• a) Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou
entrega tenha terminado depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua que o património da pessoa colectiva ou ente
fiscalmente equiparado se tornou insuficiente para a sua satisfação;

• b) Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do exercício do seu cargo, quando não provem
que não lhes foi imputável a falta de pagamento.

• 2 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos membros dos órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas nas
pessoas colectivas em que os houver, desde que se demonstre que a violação dos deveres tributários destas resultou do
incumprimento das suas funções de fiscalização.

• 3 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos técnicos oficiais de contas desde que se demonstre a violação dos deveres
de assunção de responsabilidade pela regularização técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de declarações fiscais,
demonstrações financeiras e seus anexos”.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 23.º da Lei Geral Tributária
• Responsabilidade tributária subsidiária»

• “1 - A responsabilidade subsidiária efetiva-se por reversão do processo de execução fiscal.

• 2 - A reversão contra o responsável subsidiário depende da fundada insuficiência dos bens penhoráveis do
devedor principal e dos responsáveis solidários, sem prejuízo do benefício da excussão.

• 3 - Caso, no momento da reversão, não seja possível determinar a suficiência dos bens penhorados por não
estar definido com precisão o montante a pagar pelo responsável subsidiário, o processo de execução fiscal
fica suspenso desde o termo do prazo de oposição até à completa excussão do património do executado, sem
prejuízo da possibilidade de adopção das medidas cautelares adequadas nos termos da lei.

• 4 - A reversão, mesmo nos casos de presunção legal de culpa, é precedida de audição do responsável
subsidiário nos termos da presente lei e da declaração fundamentada dos seus pressupostos e extensão, a
incluir na citação”.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 23.º da Lei Geral Tributária
• Responsabilidade tributária subsidiária»
• “5 - O responsável subsidiário fica isento de custas e de juros de mora liquidados no processo de
execução fiscal se, citado para cumprir a dívida constante do título executivo, efetuar o respetivo
pagamento no prazo de oposição.

• 6 - O disposto no número anterior não prejudica a manutenção da obrigação do devedor principal


ou do responsável solidário de pagarem os juros de mora e as custas, no caso de lhe virem a ser
encontrados bens.

• 7 - O dever de reversão previsto no n.º 3 deste artigo é extensível às situações em que seja
solicitada a avocação de processos referida no n.º 2 do artigo 181.º do CPPT, só se procedendo ao
envio dos mesmos a tribunal após despacho do órgão da execução fiscal, sem prejuízo da adopção
das medidas cautelares aplicáveis”.
A responsabilidade dos gestores.

• Quanto à responsabilidade criminal e contraordenacional, os gestores


incorrem em simultâneo com a responsabilidade civil pela sua atuação,
em responsabilidade criminal.

• Ora, são relevam assim os arts. 509.º a 528.º do CSC e também os arts.
378.º e 379.º ambos do CVM, que por sua vez concernem aos
denominados “crimes de bolsa”.
As formas organizativas das empresas plurissocietárias.

• Sociedades Gestoras de Participações Sociais – SGPS.

• Grupos de sociedades.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• As SGPS tratam-se das sociedades cuja vocação é dirigida para a


gestão de participações noutras sociedades como forma indireta do
exercício da atividade económica.

• Podem adotar a forma de sociedade por quotas ou sociedade anónima,


não havendo nenhuma formalidade especial para este tipo de
sociedades comerciais.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• As SGPS são reguladas pelo DL n.º 495/88, de 30 de dezembro –


redação dos DL n.º 318/94, de 24 de dezembro, e 378/98, de 27 de
novembro, e da Lei n.º 109.º-B/2001, de 27 de dezembro, e de modo
subsidiário pelo CSC, designadamente pelas regras constantes do
Título VI que concerne às sociedades coligadas e também são
denominadas por holdings.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• Nos termos do disposto no n.º 2 do art. 1.º do DL n.º 318/94, de 24 de


dezembro, presentemente, “para efeitos do presente diploma, a
participação numa sociedade é considerada forma indireta de exercício
da atividade económica desta quando não tenha caráter ocasional e
atinja, pelo menos, 10% do capital com direito de voto da sociedade
participada, quer por si só quer através de participações de outras
sociedades em que a SGPS seja dominante”.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• Posto isto, a estabilidade e concentração do investimento representarão,


desta feita, dois fatores importantíssimos a ter em atenção aquando da
constituição de uma SGPS.
• Mas, atenção! Nem todas as participações têm de estar adstritas a esses
princípios da forma rigorosa como expusemos até então. Veja-se o artigo
1.º, n.º 4 do DL referido: “As SGPS podem adquirir e deter participações de
montante inferior ao referido no n.º 2, nos termos dos n.ºs 3 a 5 do artigo
3.º”. Veja-se ainda o disposto no art. 3.º, n.º 3 do mesmo DL.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• Ora, a legislação das SGPS admite que uma SGPS seja detentora de
participações ocasionais e, ou, inferiores a 10% do capital . Com voto – da
sociedade participada sempre que:
• i) tais participações não ultrapassem 30% do valor total das participações iguais ou
superiores a 10% do capital social – com voto -, das participadas, estando abarcadas nos
investimentos financeiros constantes do último balanço aprovado;
• ii) a participação tenha sido adquirida, pelo menos, pelo valor de € 4.987.978,97;
• iii) tais participações tenham sido adquiridas por efeito de fusão ou cisão da sociedade
participada;
• iv) tal participação aconteça em sociedade em relação de subordinação – contratualmente
titulada – com a Sociedade Gestora de Participação Social.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• O DL n.º 495/88, de 30 de dezembro define o regime jurídico das


sociedades gestoras de participações sociais.

• Ora, a inobservância dos limites mínimos legalmente determinados


constitui uma contraordenação, punível nos termos do art. 13.º do DL
n.º 495/88, de 30 de dezembro.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• As restrições de cariz operacional com que estas sociedades se


confrontam quanto a sociedades – que poderiam ser verdadeiras
holdings embora que impuras -, que tenham por objeto uma atividade
económica direta, de índole comercial, e em simultâneo detenham
participações noutras sociedades, eram tradicionalmente compensadas
por um regime fiscal mais favorável.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.
• Estas sociedades que, ao longo de muitos anos, constituíram as unidades de topo e
centrais dos grupos nacionais perderam, muito devido à unificação do regime
fiscal resultante da aprovação da reforma do IRC – pela Lei n.º 2/2014, de 16 de
janeiro – grande parte da sua relevância e estão, como Paulo Olavo Cunha previa
na 1.ª edição da sua obra aqui citada, de 2014, p. 220, em vias de extinção do
panorama económico e social nacional, dando o lugar a holdings impuras, ou seja,
a sociedades com objeto comercial imediato que, lado a lado, são constituídas ou
se mantêm para acolher participações sociais, assumindo e exercendo as funções
que até aqui competiam às SGPS.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.

• As SGPS, a partir de 2014, tão-só se justificam para arrumação de


participações no âmbito de um grupo ou para intencionalmente terem um
objeto limitado, à atividade de exercício indireto da atividade económica,
mediante a participação noutras sociedades, mas apresentam nítidas
desvantagens, de cariz operacional, relativamente a sociedades que possam
acumular a atividade comercial direta com a detenção de participações
sociais, sem beneficiarem de contrapartidas de cariz fiscal.
Os grupos de sociedades.
• Plasmado no art. 482.º do CSC, o grupo de sociedades constitui uma das
grandes categorias das sociedades coligadas.
• «Artigo 482.º do CSC
• (Sociedades coligadas)»
• “Para os efeitos desta lei, consideram-se sociedades coligadas:
• a) As sociedades em relação de simples participação;
• b) As sociedades em relação de participações recíprocas;
• c) As sociedades em relação de domínio;
• d) As sociedades em relação de grupo”.
Os grupos de sociedades.

• Juridicamente falando, o grupo trata-se de um modo de concentração


de empresas que se diferencia da fusão, que se traduz na integração de
duas ou mais sociedades numa estrutura jurídica unitária.

• Em sentido amplo, denomina-se grupo qualquer modalidade mais ou


menos estruturada e formalizada de colaboração entre sociedades para
a realização de um objetivo comum.
Os grupos de sociedades.
• Ora, nos grupos de sociedades, em sentido jurídico e estrito, há uma
entidade que tem uma direção unitária comum sobre todas as
sociedades.

• Tal direção pode corresponder a uma relação de:


• i) Domínio total:
• Inicial, caso existente ab initio – a denominada sociedade subsidiária integral
plasmada no art. 488.º do CSC; ou

• Superveniente, sempre que a dominante atinge 90% da capital da dominada – isto


nos termos dos arts. 489.º do CSC, 490.º do CSC e ainda 541.º do CSC, estando
obrigada a tomar uma de duas atitudes consagradas no n.º 2 do art. 489.º do CSC.
Os grupos de sociedades.

• ii) Grupo paritário – art. 492.º do CSC, onde as sociedades


comerciais são dirigidas por uma terceira entidade.

• iii) Subordinação – art. 493.º do CSC, onde, não sendo preciso existir
domínio, se subjuga a gestão a outra sociedade comercial, quer seja
dominante ou não dominante.
Os grupos de sociedades.
• Estão também coligadas estas sociedades em relação de participação:
• i) Sociedades em relação de simples participação previstas no art. 483.º do CSC, sempre
que uma delas detenha 10%, ou mais, do capital social da outra, não estando coligada de
outra forma.
• ii) Sociedades em relação de participações recíprocas previstas no art. 485.º do CSC, se
surgir o cruzamento de participações sociais a 10%, ou mais. Existe a possibilidade desta
circunstância coexistir com uma relação de domínio ou de grupo, nos termos previstos no
n.º 4 do art. 485.º do CSC.
• iii) Sociedades em relação de domínio simples, nos termos do art. 486.º do CSC, que se
verifica nas situações em que uma delas, isto é, a dominante, desempenha, direta ou
indiretamente, uma influência determinante sobre a outra ou outras. O n.º 2 do art. 486.º
do CSC determina uma presunção de domínio.
AS SGPS vs grupo de sociedades.
• SGPS: são as que têm por objeto exclusivamente a gestão de participações sociais
de outras sociedades enquanto forma indireta de exercício de atividades
económicas.

• Sociedades em relação de grupo: são as que têm por objeto uma atividade
económica direta, exercendo uma atividade comercial, sem prejuízo de poderem
deter participações sociais estranhas.

• Cfr, e para mais desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 235.
Os grupos de sociedades em sentido jurídico e em
sentido económico.
• Para estarmos perante, técnica e juridicamente falando, de grupo de sociedades
teremos de estar perante uma relação de participação interssocietária, porventura
recíproca, em que, pelo menos, uma das sociedades envolvidas participa de modo
relevante no capital de outra sociedade.
• No caso de duas ou mais sociedades serem detidas pelos mesmos acionistas tal
circunstancialismo corresponde ao de um grupo de facto, porque determinado
pelas mesmas vontades, mas não se enquadra nas sociedades ditas coligadas,
plasmadas no CSC, em que no mínimo deverá existir um contrato de subordinação
da atividade de uma sociedade a outra sociedade.
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 235.
As sociedades transnacionais.
• Atualmente podem-se constituir sociedades que ultrapassem as
fronteiras de Portugal e que tenham ligações com mais de um
ordenamento jurídico.

• São sociedades transnacionais:


• A Sociedade Anónima Europeia;
• A Sociedade Privada Europeia;
• A Societas Unius Personae – SUP.
A Sociedade Anónima Europeia.
• Com reconhecimento já no Século XXI, as sociedades anónimas europeias, têm o seu regime legal
contemplado no DL n.º 2/2005, de 04 de janeiro.

• Tratam-se de sociedades criadas por entidades ligadas a mais de um Estado-Membro da União


Europeia, devendo a sua sede estatutária localizar-se num desses Estados e a sociedade encontrar-
se nele registada devidamente.

• O seu capital social - que aliás, tem por mínimo o valor de € 120 000, nos termos do art. 4.º, n.º 2
do Regulamento (CE) n.º 2157/2001, do Conselho, de 8 de outubro, aplicável em Portugal desde 8
de outubro de 2004 -, está dividido em ações, como em qualquer sociedade nacional com
semelhante cariz, e os seus acionistas têm a sua responsabilidade limitada ao capital que
subscrevem. A firma deste tipo de sociedade multinacional tem de iniciar-se ou concluir-se com a
sigla «S.E.» - ver o art. 11.º, n.º 1 do RegSE).

• A adesão tem sido muito diminuta em Portugal.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 236.


A Sociedade Privada Europeia.
• “Em acréscimo à sociedade anónima europeia, foi apresentada pela
Comissão Europeia, em julho de 2008, uma Proposta de Regulamento sobre
a Sociedade Privada Europeia destinada a promover a internacionalização
das Pequenas e Médias Empresas”.

• “Trata-se, por agora, do projeto de um modelo de sociedade fechada (à


negociação no mercado regulamentado e a oferta pública) que se admite
venha a ter, no futuro, um aproveitamento grande a nível comunitário, mas
que, por ora, ainda carece de ser transposto para o Direito positivo; e cada
vez temos mais dúvidas de que tal venha a ocorrer”.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 236, nota 395.


A Societas Unius Personae – SUP.

• No âmbito de uma proposta do Conselho, encontra-se em fase de


aprovação uma Diretiva que abra caminho à criação de uma nova
sociedade unipessoal por quotas - a SUP, que permitirá a qualquer
entidade da União Europeia a constituição de uma sociedade
unipessoal noutro Estado-Membro.
Aula n.º 13: Parte I: Os Agrupamentos Complementares de
Empresas e Agrupamentos Europeus de Interesse Económico.

• No que ao Agrupamento Complementar de Empresas – ACE -, respeita,


figura aliás inserida na ordem jurídica portuguesa pela Lei n.º 4/73, de 9 de
junho, regulamentada pelo DL n.º 430/73, de 25 de agosto, trata-se de uma
entidade constituída pela junção de pessoas singulares ou coletivas e
sociedades, conjugando esforços com o fim de obter um melhor resultado
económico, sem prejuízo da respetiva personalidade jurídica e atividade
comercial, a qual adquire personalidade jurídica com a inscrição no registo
comercial respetivo.
Aula n.º 13: Parte I: Os Agrupamentos Complementares de
Empresas e Agrupamentos Europeus de Interesse Económico.

• Porém, a lei não determina qualquer limitação à natureza dos intervenientes, que
não têm de ser comerciantes.
• Desta feita, esta entidade é um sujeito do Mercado e não somente de Direito
Comercial.
• Este ACE propõe-se uma atividade complementar, que não seja diretamente
lucrativa, embora possa ter por finalidade acessória a realização e a partilha de
lucros, desde que esta seja autorizada pelo contrato constitutivo; e tem por função
a promoção da investigação, da formação profissional, da publicidade e do
controlo de qualidade.
Aula n.º 13: Parte I: Os Agrupamentos Europeus de Interesse Económico.
• Quanto ao Agrupamento Europeu de Interesse Económico – AEIE – instituído pelo
Regulamento (CEE) n.º 2137/85 do Conselho, de 25 de julho de 1985, diretamente aplicável na
ordem jurídica portuguesa, para iniciar a vigência a partir de julho de 1989, e regulado pelo DL n.º
148/90, de 9 de maio, é também um ente auxiliar de outras pessoas jurídicas que agrega com o
objetivo de promover a atividade económica dos seus membros no mercado europeu (comunitário),
inclusivamente no que concerne à prestação de serviços. Tratando-se de um ente comunitário, deve
integrar membros provenientes de, pelo menos, 2 Estados-Membros da União Europeia.

• O seu objeto é acessório do prosseguido pelos seus membros, que segundo o art. 4.º, n.º 1 do
Regulamento, podem ser sociedades ou outras entidades jurídicas – públicas ou privadas, coletivas
ou singulares -, cuja atividade não pode dirigir.

• O AEIE é, a par do consórcio e do agrupamento complementar de empresas, uma das formas


associativas possíveis de empresas – incorporated joint-venture.
As cooperativas.

• Noção: as cooperativas são pessoas coletivas de livre constituição e


de capital e composição variáveis que, tendo por fim a satisfação, sem
intuito, das necessidades económicas, sociais e culturais dos seus
membros, através da respetiva cooperação e entreajuda e pela
observância dos princípios cooperativos – art. 3.º do Código
Cooperativo -, podem ainda, complementarmente, realizar operações
com terceiros – art. 2.º do Código Cooperativo.
As cooperativas.

• São reguladas pelo Código Cooperativo, aprovado pela Lei n.º 119/2015, de
31 de agosto, que entrou em vigor em 30 de setembro de 2015 – art. 122.º,
n.º 2, o qual, substituindo o Código Cooperativo de 1996, entre outros
aspetos, introduziu nas cooperativas as 3 estruturas de governação das
sociedades anónimas – arts. 45.º a 70.º. A esta lei junta-se legislação
complementar criada para tipos específicos de cooperativas.

• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 239.


As cooperativas.
• Têm como órgão executivo o conselho de administração . Anteriormente a direção
– que nas pequenas cooperativas, ou seja, as que tiverem um máximo de 20
membros, pode ser substituído por um administrador único – art. 45.º, n.º 2 do
Código Cooperativo, a quem compete a sua gestão – arts. 27.º, n.º 1, al. b) e 45.º
do Código Cooperativo, porventura delegada num dos seus membros, que tem a
qualidade de administrador delegado – art. 50.º, n.º 1 do Código Cooperativo.

• O modo de representação e da sua vinculação é o mesmo das sociedades


comerciais, cujas regras são subsidiariamente aplicáveis – art. 9.º do Código
Cooperativo, não tendo especificidades que se justifique relevar.
As cooperativas.
• Ainda quanto às cooperativas, estas são controladas pela Cooperativa
António Sérgio para a Economia Social (CASES) que se trata de uma
entidade pública, encontrando-se adstritas a uma tutela pública severa – arts.
115.º a 118.º do Código Cooperativo, em contrapartida de benefícios,
nomeadamente de cariz fiscal, que lhes são reconhecidos.

• Definem-se por falta de fim lucrativo, fim este geralmente reconhecido


como fundamental para a qualificação do comerciante, em função da regular
prática de atos de comércio – contratos comerciais – ou de natural
predisposição para o devido efeito.
As cooperativas.

• Mas, as cooperativas, que tenham um objeto comercial e que estejam


inscritas no registo comercial, fazendo do comércio profissão, poderão
ser qualificadas como comerciantes;

• Justifica-o o exercício seguido na sua atuação normal, que é comum à


de outras empresas com finalidade lucrativa.
Empresas públicas: breve nótula.

• A denominação é E.P.E – Entidade Pública Empresarial.

• Enquadram-se quer nos sujeitos de Direito Comercial quer


nos sujeitos do Mercado.
As fundações.
• Conceito: as fundações são pessoas coletivas que correspondem a organizações de
bens instituídas com o objetivo de afetar um acervo de meios – materiais -, à
concretização de uma finalidade de interesse social, de solidariedade, de proteção
ambiental, cultural, educativa ou artística – arts. 157.º a 166.º e 185.º a 194.º do
CC -, devendo a sua constituição ser objeto de reconhecimento individual por um
ato externo à vontade do instituidor – da competência de autoridade administrativa
– arts. 158.º, n.º 2 e 185.º, n.º 2 do CC, que se manifesta por testamento ou em ato
próprio – arts. 185.º, 187.º, n.º 2 e 188.º do CC.
As fundações.
• Ver os artigos do Código Civil:
• 187º, n.º 2;

• 189.º.
• O regime legal que carateriza as fundações e o controlo externo que sobre as mesmas
incide não se nos afigura compatível com a sua generalização na vida mercantil que exige
agilidade na tomada e implementação de decisões empresariais.

• Posto isto, é necessário referir que alguns agentes económicos, com o fim fundamental de
obter vantagens de cariz fiscal, têm recorrido à organização da respetiva atividade sob a
forma de fundações, a qual, é manifestamente inadequada à prossecução de finalidades
comerciais na sua generalidade e lucrativas em particular.
As fundações.

• Tais fundações têm sido utilizadas com o assentimento Estadual, a quem cabe fiscalizar a prática
da atividade destas pessoas coletivas e garantir que o seu escopo é essencialmente altruísta, sem
prejuízo de acessoriamente poderem prosseguir atividades comerciais de forma instrumental à
concretização do seu objeto. Mas, o recurso a esta espécie de pessoas coletiva para a concretização
de finalidades egoísticas traduz uma contradição in natura.

• Mas, atenção! Nada impede que as próprias empresas comerciais e grupos económicos recorram a
esta figura, isto é, a este tipo de pessoa coletiva, para organizar acessoriamente as suas atividades
de cariz altruístico, de cariz puramente social ou cultural. Desta feita, de entre as várias fundações
de Direito Privado, podemos evidenciar as Fundações de Empresa, de que constituem exemplos as
Fundações da PT – Fundação Portugal Telecom, do BCP – Fundação Millennium bcp e da
Jerónimo Martins – Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Os consumidores: breve abordagem.
• Todos nós somos consumidores na qualidade de destinatários dos bens e serviços.

• Como agentes económicos que são os consumidores são merecedores e detentores de tutela legal.

• Ora, tal tutela processa-se em mais de que um plano, desde as regras que disciplinam as condições
de produção e comercialização de bens e serviços – impondo que estes fenómenos se processem
com respeito pelo ambiente, nomeadamente em condições cada vez mais adversas, e protegendo
reflexamente os seus últimos destinatários, até às que pretendam tutelar diretamente o consumidor
na perspetiva do bem que lhe é facultado e nas qualidades intrínsecas que o mesmo deve ter as
quais têm de ser respeitadas na publicidade que lhe for feita, passando por todas as regras em que
os interesses do consumidor são protegidos pela legislação que disciplina e tutela a concorrência no
mercado e sanciona a concorrência desleal.
Legislação protetora dos consumidores.
• Diplomas de caráter geral:

• A Lei de Defesa do Consumidor – Lei n.º 24/96, de 31 de julho;

• A Lei das Cláusulas Contratuais Gerais – DL n.º 446/85, de 25 de


outubro.
Legislação protetora dos consumidores.
• Diplomas específicos: (cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 244 e notas lá citadas).
• Diploma que recai sobre a venda de bens de consumo e garantias inerentes – DL n.º 67/2003, de 8 de abril, na
redação do DL n.º 84/2008, de 21 de maio;
• Diploma que recai sobre as vendas à distância – DL n.º 24/2014, de 12 de fevereiro, na redação da Lei n.º
47/2014, de 28 de julho;

• Diploma que recai sobre as normas de segurança geral dos produtos e serviços colocados na mercado
(europeu) – DL n.º 69/2005, de 7 de março, na redação do Decreto Regulamentar n.º 38/2012, de 10 de abril –
ver em especial os arts. 1.º e 4.º a 6.º;
• Diploma que recai sobre a rotulagem, apresentação e publicidade dos géneros alimentícios destinados ao
consumidor final – DL n.º 560/99, de 18 de dezembro, na redação do DL n.º 156/2008, de 7 de agosto;
• Diploma que recai sobre as informações em língua portuguesa concernentes à natureza, caraterísticas e
garantias de bens ou serviços disponibilizados em Portugal – DL n.º 238/86, de 19 de agosto, na redação do
DL n.º 42/88, de 6 de fevereiro;
Legislação protetora dos consumidores: continuação.
• Diplomas específicos: (cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 244 e notas lá citadas).
• Diploma que recai sobre a proibição da discriminação em função do sexo do acesso a bens ou
serviços – Lei n.º 14/2008, de 12 de março, na redação da Lei n.º 9/2015, de 11 de fevereiro;

• Diploma que recai sobre o regime aplicável às práticas comerciais desleais das empresas nas
relações com os consumidores – DL n.º 57/2008, de 26 de março, na redação do DL n.º
205/2015, de 23 de setembro;

• Diploma que recai sobre a redução de preço nas vendas a retalho – DL n.º 70/2007, de 26 de
março, na redação do DL n.º 10/2015, de 16 de fevereiro;

• Diploma que recai sobre a afixação do preço dos bens para venda a retalho – DL n.º 138/90, de
26 de abril, na redação do DL n.º 162/99, de 13 de maio;

• Diploma que recai sobre a obrigatoriedade de dispor de livro de reclamações – DL n.º


156/2005, de 15 de setembro, na redação do DL n.º 242/2012, de 7 de novembro.
Legislação protetora dos consumidores: continuação.

• Aos diplomas mencionados até então, juntam-se muitos outros,


nomeadamente com incidência financeira. Ora, entre estes,
encontramos o regime dos contratos de crédito ao consumo – DL n.º
133/2009, de 2 de junho, na redação do DL n.º 42-A/2013, de 28 de
março.
A tutela e as associações de defesa do consumidor.
• Nos termos do n.º 1 do artigo 2.º da Lei de Defesa do Consumidor – Lei n.º 24/96, de 31 de julho:
• « Artigo 2.º
• Definição e âmbito»

• “1 - Considera-se consumidor todo aquele a quem sejam fornecidos bens, prestados serviços ou
transmitidos quaisquer direitos, destinados a uso não profissional, por pessoa que exerça com
caráter profissional uma atividade económica que vise a obtenção de benefícios”.

• “2 - Consideram-se incluídos no âmbito da presente lei os bens, serviços e direitos fornecidos,


prestados e transmitidos pelos organismos da Administração Pública, por pessoas coletivas
públicas, por empresas de capitais públicos ou detidos maioritariamente pelo Estado, pelas regiões
autónomas ou pelas autarquias locais e por empresas concessionárias de serviços públicos”.
A tutela e as associações de defesa do consumidor.
• Quando se fala em consumidor, este é o agente económico que adquire, no
mercado – a empresários ou agentes profissionais -, bens e, ou, serviços
para satisfação de necessidades pessoais, suas ou de outrem.
• Mas, nos termos do n.º 1 do art. 464.º do CCom, é excluída a
comercialidade das aquisições para consumo próprio.
• Não se considera, nos termos da Lei de Defesa do Consumidor, aquele que
adquire a um particular bens, qualquer que seja o respetivo uso.
• O fornecedor não se encontra caraterizado na Lei de Defesa do Consumidor,
mas o seu conceito pode formar-se com menção à intervenção profissional
do empresário.
O consumidor: seus direitos e garantias.

• Com consagração constitucional, os direitos dos consumidores estão


consagrados no art. 60.º, n.º 1 da CRP.

• «Artigo 60.º da CRP - (Direitos dos consumidores)»

“ 1. Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços consumidos,


à formação e à informação, à proteção da saúde, da segurança e dos seus
interesses económicos, bem como à reparação de danos”.
O consumidor: seus direitos e garantias.
• Já a Lei de Defesa do Consumidor apresenta, no art. 3.º, um catálogo de direitos, que aliás
desenvolve noutras regras – arts. 4.º a 15.º. Assim,
• «Artigo 3.º da LDC
• Direitos do consumidor»
• “O consumidor tem direito:
• a) À qualidade dos bens e serviços; + art. 4.º.

• b) À proteção da saúde e da segurança física; + art. 5.º.

• c) À formação e à educação para o consumo; + art. 6.º.

• d) À informação para o consumo; + arts. 7.º e 8.º.

• e) À proteção dos interesses económicos; + art. 9.º.

• f) À prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da ofensa de interesses ou direitos
individuais homogéneos, coletivos ou difusos; + arts. 10.º a 13.º.

• g) À proteção jurídica e a uma justiça acessível e pronta; + art. 14.º.

• h) À participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses. + art. 15.º.”

• NOTA: também existe legislação avulsa, por exemplo: o diploma legal sobre as garantias inerentes à venda de
bens de consumo previsto no DL n.º 67/2003, de 8 de abril – ver especialmente os arts. 5.º e 9.º deste diploma
legal.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• Surgiu no ordenamento jurídico nacional a necessidade de disciplinar os contratos que são
celebrados com recurso a mecanismos de adesão em que uma das partes se limita a dar o
seu consentimento às regras que, pela outra parte, lhe são apresentadas para enquadrar
especificamente a relação jurídica que pretendem concluir, sem hipótese de discussão.
Para o efeito, elaborou-se a legislação das Cláusulas Contratuais Gerais - DL n.º 446/85,
de 25 de Outubro.

• Posto isto, a atividade económica espelha-se crescentemente em comportamentos


negociais massificados e reiterados, em especial no setor da banca, dos seguros, das
telecomunicações, da energia, dos transportes e da Internet, mas com uma tendência de
generalização a todos os setores em que os negócios singulares estejam a ceder o seu
espaço aos contratos celebrados regidos nesta tipologia de regras.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• As cláusulas contratuais gerais são proposições – regras – pré-elaboradas, de
modo rígido, cuja função é a de regular determinados negócios jurídicos em que
uma das partes – os proponentes ou destinatários – é indeterminada, limitando-se a
propor ou a aceitar os termos em que os mesmos são celebrados.

• Tendo em conta tudo o exposto até então, é em relação aos contratos comerciais
que se faz sentir, com mais premência, a necessidade regulatória aplicável a todos
os atos que se destinam à mesma categoria negocial, evitando-se atrasos causados
pela discussão das cláusulas mais adequadas à disciplina do negócio a que se
referir.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• A lei das cláusulas contratuais gerais tem por finalidade disciplinar a utilização desta
técnica negocial, garantindo uma comunicação e informação efetivas – arts. 5.º e 6.º e
impedindo que as cláusulas gerais prevaleçam sobre as regras particulares ou que sejam
aplicáveis normas de que os contratantes não se tivessem inteirado de modo adequado –
arts. 7.º e 8,º, al. c).

• Porém, nas palavras de Paulo Olavo Cunha: “ Mas a essência da lei, que distingue as
relações entre agentes económicos (empresários) e consumidores (finais) (cfr. arts. 20.º e
segs. da LCCG) ou apenas entre profissionais ou empresários (cfr. arts. 15.º e segs.) – em
que se verifica um maior equilíbrio contratual -, encontra-se na proibição de certas
cláusulas que, se forem utilizadas, serão nulas (cfr. art, 12.º), sem prejuízo do maior
aproveitamento possível do negócio celebrado com tais cláusulas (cfr. arts. 13.º, n.ºs 1 e 2,
e 14.º)”. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 248.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.

• A lei das cláusulas contratuais gerais – DL n.º 446/85, de 25 de


outubro – tem por finalidade disciplinar a utilização desta técnica
negocial, garantindo uma comunicação e informação efetivas – arts.
5.º e 6.º e impedindo que as cláusulas gerais prevaleçam sobre as
regras particulares ou que sejam aplicáveis normas de que os
contratantes não se tivessem inteirado adequadamente – arts. 7.º e 8.º,
al. c).
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.

• Todavia, o fundamento da lei, que distingue as relações entre agentes


económicos – empresários – e consumidores – finais – arts. 20.º e segs. da
LCCG – ou tão-só entre profissionais ou empresários- arts. 15.º e segs. – em
que se constata um maior equilíbrio contratual -, está na proibição de certas
cláusulas que, se forem utilizadas, serão nulas – art. 12.º, sem prejuízo do
maior aproveitamento possível do negócio celebrado com tais cláusulas –
arts. 13.º, n.ºs 1 e 2, e 14.º deste diploma legal.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.

• Quanto à sua estrutura, as cláusulas contratuais gerais podem ser absolutamente ou


relativamente proibidas.
• Quanto às cláusulas contratuais gerais absolutamente proibidas, estas não
podem , em qualquer caso, ser incluídas em.º e contratos celebrados por recurso à
adesão de uma das partes – arts. .º da LCCG.
• Quanto às cláusulas contratuais gerais relativamente proibidas, estas não
podem regular contratos com este cariz em certas circunstâncias, devendo ser
objeto de apreciação e valoração em concreto – arts. 19.º e 22.º da LCCG.
A aplicação dos princípios gerais do Direito Civil e das
Obrigações na proteção do consumidor.
• A tutela do consumidor deriva ainda de princípios e regras gerais de Direito Civil
e das Obrigações, aos quais devemos estar atentos.
• Ora, subjacente à celebração de um contrato deve estar uma equivalência de
prestações, em bom respeito pelo disposto no art. 334.º do CC relativo ao abuso do
direito.
• Mas, a parte também pode recorrer, quando necessário, ao art. 282.º do CC.
• Porém, quanto a determinado tipo de contratos, também encontramos na respetiva
disciplina legal normas de proteção dos consumidores. Enquadra-se aqui o art.
913.º do CC – ler o n.º 1 deste art.
Breve apontamento acerca dos contratos
celebrados à distância.
• Aplicação do DL n.º 24/2014, de 12 de fevereiro que substitui
o DL n.º 143/2001, de 26 de abril, que visam proteger os
consumidores, dando-lhes uma lista de direitos de que
dispõem sempre que um agente do mercado com eles se
relaciona.
Breve nótula acerca das associações de defesa
do consumidor e do Instituto do Consumidor.
• Os consumidores, visando a sua proteção, agregam-se em associações
que prosseguem a defesa dos seus interesses e o Estado tem um
instituto público, por si criado, com o fim de promover a sua proteção,
estando nós aqui a referir-nos ao denominado Instituto do Consumidor.

• Neste prisma relevam os arts. 17.º e 21.º da Lei de Defesa do


Consumidor e o art. 60.º, n.º 3 da CRP.
A publicidade e o seu Código específico.
• A disciplina da publicidade, constitui um meio de divulgação de bens e
serviços no mercado e cuja regulação é essencial para proteção dos
interesses dos consumidores em função dos quais são comercializados os
bens e serviços cuja imagem é publicitada.

• Com consagração constitucional no n.º 2 do art. 60.º da CRP.

• Aplicação do DL n.º 57/2008, de 26 de Março - «PRÁTICAS


COMERCIAIS DESLEAIS».
Aula n.º 13: Parte II da aula: O estatuto próprio
e comum dos sujeitos de Direito Comercial.
• O regime jurídico aplicável aos sujeitos de Direito Comercial contém
deveres e direitos e, de uma maneira geral, tem por intuito facilitar as
situações jurídicas que envolvem os comerciantes na sua atividade
económica, contribuindo para o reforço da tutela do crédito.

• Mas, o Código Comercial determina os deveres a que estão adstritos os


empresários mercantis – quer sejam individuais, quer sejam coletivos -,
independentemente da dimensão da sua estrutura produtiva.
Aula n.º 13: O estatuto próprio e comum dos
sujeitos de Direito Comercial.
• «Art.º 18.º do CCom
• Obrigações especiais dos comerciantes»
• “Os comerciantes são especialmente obrigados:
• 1.º A adotar uma firma;
• 2.º A ter escrituração mercantil;
• 3.º A fazer inscrever no registo comercial os actos a ele sujeitos;
• 4.º A dar balanço, e a prestar contas”.
Aula n.º 13: O estatuto próprio e comum dos
sujeitos de Direito Comercial.
• Relembrando o já exposto acerca dos empresários individuais, estes são em
número crescentemente diminuto, motivo pelo qual os comerciantes optam por
limitar a sua responsabilidade a um património que afetam ao desempenho da
atividade económica e ao desenvolvimento do seu projeto.

• Mas, as sociedades comerciais são sujeitos de Direito Comercial por definição –


art. 13.º, n.º 2 do CCom e, enquanto pessoas coletivas que são, são dotadas de uma
capacidade de gozo específica, que abarca todos os direitos necessários e
convenientes à prossecução das suas finalidades e à realização da sua atividade.
A firma da empresa comercial.
• Noção de firma: firma é o nome pelo qual o comerciante ou empresário
mercantil é conhecido no desempenho da sua atividade e no giro comercial,
sendo também a designação que identifica a sociedade comercial ou
qualquer outro sujeito de Direito Comercial.
• Quando nos referimos a firma, estamos no âmbito de uma obrigação
mercantil – art. 18.º do CCom -, a que as sociedades se encontram
especificamente sujeitas – arts. 9.º, n.º 1, al. c), 177.º, 200.º, 270.º-B, 275.º e
467.º do CSC.
A firma da empresa comercial.
• Os sujeitos de Direito Comercial devem também publicitar a sua existência e
individualização no mercado mediante a sua inscrição no registo comercial,
indicando o nome, ou seja, a firma, pelo qual propõem ser conhecidos no
desempenho da atividade económica.

• A firma pode assumir dois significados diferentes: em sentido objetivo e em


sentido subjetivo (e amplo).
• Em sentido objetivo, reconduz-se ao estabelecimento onde o comerciante desenvolve a sua atividade,
que identifica – e, nessa situação, corresponde ao logótipo ou “nome registado”, anterior nome do
estabelecimento;
• Em sentido subjetivo (e amplo), e aquele que é correntemente utilizado pela lei nacional -, a firma
consiste no próprio nome que identifica e individualiza o comerciante – empresário individual ou
sociedade – na respetiva atividade comercial e em função do qual beneficia de uma certa tutela.
A firma da empresa comercial.
• Em sentido restrito, mencionamos a firma por contraposição a denominação. Referimo-nos a
firma-nome quando corresponde à conjugação de um ou mais nomes dos sócios com a indicação
de que ressalte terem estes organizado a respetiva atividade de forma coletiva. A título de exemplo,
Lopes Melo & Contente, S.A..

• Ora, a firma-denominação consiste na individualização da sociedade por referência à atividade


específica que se propõe concretizar, sendo total ou parcialmente composta pelo objeto que
carateriza a atividade da sociedade que pretende identificar. A título de exemplo, Companhia de
Seguros Alta “A Vida Longa”, S.A., ou Vamosàfesta – Organização de Festas e Eventos, Lda. isto
quer dizer que a firma tanto pode aparecer com o nome das pessoas que a integram, como
corresponder à atividade que o empresário mercantil pretende prosseguir, e pode ser associada a
siglas ou a expressões de fantasia.
A firma da empresa comercial.
• No entanto, a firma pode ser mista, congregando o nome dos que integram
a organização que prossegue uma determinada atividade e fazendo menção
ao tipo de atividade que essas pessoas, organizadas coletivamente, possam
realizar, eventualmente sob a forma jurídica societária. Nessa situação, a
firma é ao mesmo tempo uma firma-nome e uma firma-denominação.
Podemos recorrer a exemplos distintos em que a associação do nome à
atividade emerge integrada, como acontecia com as firmas «Banco Espírito
Santo, S.A.» ou «Banco Fonsecas & Burnay, S.A.», ou em que se distingue,
como no caso de «Omar Telo – Importação, Exportação e Comercialização
de Ferramentas e Utensílios Domésticos, S.A.».
A firma da empresa comercial.
• Não existem limites relativamente às palavras a serem utilizadas na
composição das firmas, podendo as mesmas ser integradas por quaisquer
vocábulos estrangeiros – art. 10.º do CSC -, e sendo suficiente haver uma
correspondência mínima entre a denominação social e o objeto social.
• Emergem, desta feita, firmas que, não referenciando o nome de qualquer
dos sócios, também não revelam a atividade que a sociedade se propõe
prosseguir. Tratam-se de firmas de fantasia, a que podemos recorrer hoje em
dia sem restrições, como por exemplo, Latium, S.A.
A firma da empresa comercial.

• A firma dos comerciantes tem por obrigação obedecer a dois


princípios:
• O princípio da verdade;
• O princípio da novidade.
A firma da empresa comercial: o princípio da verdade.
• O princípio da verdade, que é acolhido genericamente no art. 32.º do DL n.º
129/98, de 13 de maio, significa que a firma deve corresponder à situação
retratada e que pretende identificar, revelando quem é o empresário
mercantil e, porventura, qual o cariz da atividade que desempenha.

• Ver o art. 10.º, n.ºs 1 e 3, do CSC.

• Em sentido amplo, os elementos que integram a firma devem corresponder


à situação real, à verdade, de maneira a não poderem induzir em erro as
pessoas relativamente às quais este sinal pretende ser um sinal identificador.
A firma da empresa comercial: o princípio da verdade.

• Essencialmente, a identificação deve ser de maneira a não fazer incorrer em erro o


mercado quanto à atividade e quanto ao cariz do respetivo titular. Este aspeto
releva, dado que significa que não devem ser introduzidas nas firmas expressões
que, de alguma maneira, não correspondam à atividade desempenhada pelo seu
titular, designadamente relativamente à dimensão – art. 10.º, n.º 5, al. a) do CSC.
Desta feita, e exemplificando, uma pequena empresa não deve utilizar na
composição da sua firma a expressão “Carros Mundiais”, uma vez que esta sugere
uma dimensão substancialmente distinta da sua atividade real/verdadeira.
A firma da empresa comercial: o princípio da verdade.
• O princípio da verdade tem por finalidade a garantia da conformidade entre a realidade
jurídica, que se visa organizar, e a social que é objeto de concretização dela, para que não
haja discrepâncias e erros das pessoas que almejam ter na firma uma referência do sujeito
de Direito Comercial, em geral, e da sociedade comercial, em particular.

• Todavia, a simplificação da constituição de sociedades comerciais – a denominada


“empresa na hora”, desbastando as exigências rigorosas que a lei anteriormente impunha
veio, de certa maneira, abrir fortes brechas neste princípio. As exigências que, atualmente,
se fazem reportam tão-só no sentido de que na firma “não podem ser incluídas ou
mantidas expressões indicativas de um objeto social que não esteja especificamente
previsto na respetiva cláusula do contrato de sociedade” – arts. 200.º, n.º 2 e 275.º, n.º 2
do CSC.
A firma da empresa comercial: o princípio da verdade.
• Atualmente, a firma não tem de dar a conhecer tanto quanto possível a atividade social, bastando que haja
alguma correspondência entre as duas realidades.

• Exceção à regra: em certas situações é possível que uma dada firma deixe de corresponder ao desempenho
de uma atividade prosseguida por um sujeito. Tal fenómeno diz respeito, designadamente, às situações de
transmissão. A lei portuguesa pode considerar especialmente relevante a transmissão de um estabelecimento
comercial e associar, nesse caso, a transmissão da firma da entidade que é titular desse estabelecimento.
Porém, pode acontecer que haja conveniência em preservar uma firma-nome, pela relevância deste, e mantê-la
mesmo quando o titular do nome deixou de ser sócio, por ter falecido ou transmitido a sua participação. Na
primeira situação, poderão os herdeiros continuar a atividade societária sob a firma composta pelo nome do
seu sucessível ou autorizar a utilização desse nome; na segunda situação, deverá o cedente ou transmitente da
participação social, cujo nome figura na firma da sociedade, autorizar expressamente a continuação da
utilização de tal nome – art. 44.º, n.ºs 1 e 2 do DL n.º 129/98, de 13 de maio.

• Nota: a autorização para a utilização do nome do sócio na firma de sociedade que este deixou de
integrar importa relevantes limites vindouras à utilização pelo sócio, na atividade comercial, do seu
próprio nome.
A firma da empresa comercial: o princípio da exclusividade.

• O princípio da exclusividade, também conhecido por princípio da novidade,


significa que uma nova firma deve ser diferente das firmas já existentes, não
devendo ser confundível com estas e possibilitando desta feita distinguir as
empresas entre si – art. 10-.º, n.º 2 do CSC + art. 33.º, n.º 1 do DL n.º
129/98.
• Ora, o princípio da novidade pretende evitar que venham a ser criadas no
mercado empresas com um nome similar ao das empresas já existentes,
introduzindo confusão nos agentes que no mercado se movimentam.
A firma da empresa comercial: a identificação das
sociedades comerciais pela sua firma.
• O tipo societário é identificável pela firma social, especialmente por uma palavra, abreviatura ou pela falta
dela – que exprima o cariz da participação dos sócios.

• A palavra “limitada” ou a abreviatura “Lda”, aposta após o nome social, corresponde a uma sociedade por
quotas – art. 200.º, n.º 1 do CSC.

• Já a expressão “sociedade anónima” ou as letras “S.A.” acrescentada a um ou mais nomes ou atividades é


sinónimo desse tipo societário segundo o disposto no n.º 1 do art. 275.º do CSC.

Todavia, nas sociedades em comandita é aditada a referência “em comandita” ou “& comandita”, ou
“em comandita por ações” ou “& comandita por ações” – art. 467.º, n.º 1 do CSC.

Quanto à sociedade em nome coletivo, ou acontece uma junção de nomes reveladora de estarmos
perante uma sociedade ou a firma resulta do acréscimo ao nome de um dos sócios ou de vários de expressões
que signifiquem pluralidade, tais como “& Cia” ou “& Outro” – art. 177.º, n.º 1 do CSC.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• No que à escrituração mercantil respeita, nos termos dos arts. 29.º e 30.º, ambos do CCom, o
empresário comercial é obrigado a ter escrituração mercantil, podendo organizar a mesma como
bem lhe aprouver e escolher o respetivo suporte físico.

• «Art.º 31.º do CCom

• Livros obrigatórios»

• “1 - As sociedades comerciais são obrigadas a possuir livros para atas.

• 2 - Os livros de atas podem ser constituídos por folhas soltas numeradas sequencialmente e
rubricadas pela administração ou pelos membros do órgão social a que respeitam ou, quando
existam, pelo secretário da sociedade ou pelo presidente da mesa da assembleia geral da sociedade,
que lavram, igualmente, os termos de abertura e de encerramento, devendo as folhas soltas ser
encadernadas depois de utilizadas”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.

• Quanto às contas dos comerciantes, estas baseiam-se


na organização contabilística da sua atividade que
abarca essencialmente a expressão financeira dos
respetivos negócios, desde o registo até à
apresentação.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Art.º 44.º do CCom
• Força probatória da escrituração»
• “Os livros de escrituração comercial podem ser admitidos em juízo a fazer
prova entre comerciantes, em factos do seu comércio, nos termos seguintes:

• 1.º Os assentos lançados nos livros de comércio, ainda quando não


regularmente arrumados, provam contra os comerciantes, cujos são; mas os
litigantes, que de tais assentos quiserem ajudar-se, devem aceitar igualmente
os que lhes forem prejudiciais”;

• (…)
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Art.º 44.º do CCom
• Força probatória da escrituração»

• “4.º Se entre os assentos dos livros de um e de outro comerciante houver discrepância,


achando-se os de um regularmente arrumados e os do outro não, aqueles farão fé contra
estes, salva a demonstração do contrário por meio de outras provas em direito
admissíveis.

• § único. Se um comerciante não tiver livros de escrituração, ou recusar apresentá-los,


farão fé contra ele os do outro litigante, devidamente arrumados, excepto sendo a falta dos
livros devida a caso de força maior, e ficando sempre salva a prova contra os assentos
exibidos pelos meios admissíveis em juízo”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.

• «Art.º 18.º do CCom


• Obrigações especiais dos comerciantes»
• “Os comerciantes são especialmente obrigados:

• 1.º A adotar uma firma;

• 2.º A ter escrituração mercantil;

• 3.º A fazer inscrever no registo comercial os actos a ele sujeitos;

• 4.º A dar balanço, e a prestar contas”.


A escrituração mercantil e a prestação de contas.

• «Art.º 62.º do CCom


• Obrigatoriedade do balanço»
• “Todo o comerciante é obrigado a dar balanço anual ao seu ativo e
passivo nos três primeiros meses do ano imediato”.

• Nota: as sociedades cotadas têm de revelar o seu balanço


trimestralmente.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Artigo 65.º do CSC
• Dever de relatar a gestão e apresentar contas»
• (…)
• “5 - O relatório de gestão, o relatório separado com a informação não financeira,
quando aplicável, as contas do exercício e demais documentos de prestação de
contas devem ser apresentados ao órgão competente e por este apreciados, salvo
casos particulares previstos na lei, no prazo de três meses a contar da data do
encerramento de cada exercício anual, ou no prazo de cinco meses a contar da
mesma data quando se trate de sociedades que devam apresentar contas
consolidadas ou que apliquem o método da equivalência patrimonial”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.

• «Artigo 70.º do CSC


• Prestação de contas»
• “1 - A informação respeitante às contas do exercício e aos demais
documentos de prestação de contas, devidamente aprovados, está sujeita a
registo comercial, nos termos da lei respetiva”.
• Nota: respeita aqui à prestação de contas a que o comerciante se
encontra legalmente obrigado e que hoje em dia está muito facilitada
pela Informação Empresarial Simplificada.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• Releva o DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro («INFORMAÇÃO EMPRESARIAL SIMPLIFICADA»
– redação atual da Lei n.º 119/2019, de 18/09, que aplicou o novo regime à transmissão dos dados
concernentes aos exercícios sociais iniciados em 2006.

• «Artigo 24.º do DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro

• Aplicação no tempo»

• “1 - As disposições do presente decreto-lei relativas à IES aplicam-se às obrigações legais


previstas no artigo 2.º que respeitem a exercícios económicos que se tenham iniciado em 2006,
bem como aos subsequentes.

• 2 - O artigo 21.º e as normas respeitantes à prática de atos de registo pela Internet produzem efeitos
desde o dia 21 de Dezembro de 2006”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Artigo 2.º
• Âmbito de aplicação do DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro»

• “1 - A IES compreende as seguintes obrigações legais:

• a) A entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal prevista no n.º 1 do artigo 113.º do Código do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS), quando respeite a pessoas singulares titulares de estabelecimentos individuais de
responsabilidade limitada;

• b) A entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 117.º do Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas;

• c) O registo da prestação de contas, nos termos previstos na legislação do registo comercial;

• d) A prestação de informação de natureza estatística ao Instituto Nacional de Estatística (INE), nos termos previstos na Lei do
Sistema Estatístico Nacional e em outras normas, designadamente emanadas de instituições da União Europeia;

• e) A prestação de informação relativa a dados contabilísticos anuais para fins estatísticos ao Banco de Portugal, de acordo com
o estabelecido na respetiva lei orgânica, incluindo a que decorre da participação do Banco de Portugal no Sistema Europeu de
Bancos Centrais”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Artigo 40.º do CCom

• Obrigação de arquivar a correspondência, a escrituração mercantil e os


documentos»

• “1 - Todo o comerciante é obrigado a arquivar a correspondência


emitida e recebida, a sua escrituração mercantil e os documentos a ela
relativos, devendo conservar tudo pelo período de 10 anos.

• 2 - Os documentos referidos no número anterior podem ser arquivados


com recurso a meios eletrónicos”.
A relevância do arresto preventivo.
• Nos termos do art. 391.º do Código de Processo Civil – CPC = , o arresto baseia-se numa
apreensão judicial de bens do devedor, para assegurar um crédito, em caso de “justificado
receio” do credor de perda da respetiva garantia patrimonial.

• Sujeição (atual) dos bens do empresário mercantil a arresto.

• No atual CPC , a arresto – que é um procedimento cautelar – é regulado pelos arts. 391.º a
396.º do CPC e subsidiariamente pelas disposições concernentes à penhora – art. 391.º, n.º
2 do CPC, mantendo-se intocável o regime que constava do CPC de 1961, na sua última
redação, nomeadamente dos arts. 406.º a 411.º do CPC, com exceção da epígrafe desta
última disposição legal.

• Assim, e para mais desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 260.
A relevância do arresto preventivo.

• «SECÇÃO V
• Arresto
• Artigo 391.º (art.º 406.º CPC 1961) do CPC
• Fundamentos»
• “1 - O credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito
pode requerer o arresto de bens do devedor.

• 2 - O arresto consiste numa apreensão judicial de bens, à qual são aplicáveis as


disposições relativas à penhora, em tudo o que não contrariar o preceituado nesta
secção”.
Aula n.º 14: A insolvência e os procedimentos a si associados.

•Legislação: Código da Insolvência e da


Recuperação de Empresas: CIRE = DL n.º
53/2004, de 18 de Março – em vigor desde 15
de Setembro de 2004, cuja versão mais recente
é a do DL n.º 84/2019, de 28/06.
A insolvência: significado e CIRE!
• Como é óbvio, as empresas (comerciais) para funcionarem precisam de liquidez e
do acesso a meios que lhes possibilitam solver regularmente os seus
compromissos.

• Nas situações em que as empresas se encontrem numa situação económico-


financeira difícil em que admitam que já não conseguem cumprir os seus deveres,
já não os cumprindo inclusive, e tendo em consideração as perspetivas negras que
se avizinham, as empresas têm a obrigação de se apresentarem à insolvência.

• Não o fazendo, os próprios credores poderão requerer a insolvência da empresa.


A insolvência: o seu conceito.
• A insolvência consiste na impossibilidade de cumprimento pontual dos
deveres vencidos ou sublinha uma situação patrimonial negativa.

• Artigo 3.º do CIRE.

• No plano empresarial a insolvência corresponde à situação de maior


crise com que qualquer entidade se pode confrontar e que se em alguns
casos é passível de reparação, noutros leva necessariamente à extinção
da empresa em causa.
O Processo Especial de Revitalização: PER!

• Naquelas situações em que a empresa comercial se encontra em situação


difícil, mas ainda consegue solver os seus compromissos, pode recorrer ao
PER.

• O PER encontra-se previsto no CIRE nos artigos 17.º-A a 17.º-J, tendo sido
estes artigos introduzidos no CIRE pela Lei n.º 16/2012, de 20 de Abril.

• Artigo 1, n.º 2 do CIRE.


O Processo Especial de Revitalização: PER!
• A ideia inerente ao PER é a de que uma situação de insolvência de uma determinada empresa
comercial e, em especial, a apresentação de requerimento para a declaração de insolvência pode
prejudicar gravemente o valor dos ativos subsistentes e, em alguns casos, comprometer até a
recuperação da empresa comercial.

• Visando evitar o alarido social que pode resultar do conhecimento de uma situação económica
difícil, o devedor que “enfrentar dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações,
designadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito” nos moldes do
disposto no art, 17.º-B do CIRE, ou se encontrar em situação de insolvência meramente iminente,
mas suscetível de recuperação, nos termos do n.º 1 do art. 17.º-A do CIRE, poderá procurar obter,
de um ou mais dos seus credores, o acordo para desencadear nos junto do tribunal competente o
PER da sua empresa comercial, pelo qual venha a negociar com os seus credores uma solução que
conduza à recuperação da empresa comercial.
Artigo 3.º do CIRE: Situação de insolvência.
“1 - É considerado em situação de insolvência o devedor que se encontre impossibilitado de
cumprir as suas obrigações vencidas. – Ver o n.º 1 do art. 18.º do CIRE!
• 2 - As pessoas coletivas e os patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa singular
responda pessoal e ilimitadamente, por forma direta ou indireta, são também considerados
insolventes quando o seu passivo seja manifestamente superior ao ativo, avaliados segundo as
normas contabilísticas aplicáveis.
• 3 - Cessa o disposto no número anterior quando o ativo seja superior ao passivo, avaliados em
conformidade com as seguintes regras:
a) Consideram-se no ativo e no passivo os elementos identificáveis, mesmo que
não constantes do balanço, pelo seu justo valor;
b) Quando o devedor seja titular de uma empresa, a valorização baseia-se numa
perspetiva de continuidade ou de liquidação, consoante o que se afigure mais provável, mas em
qualquer caso com exclusão da rubrica de trespasse;
c) Não se incluem no passivo dívidas que apenas hajam de ser pagas à custa de
fundos distribuíveis ou do ativo restante depois de satisfeitos ou acautelados os direitos dos demais
credores do devedor.
• 4 - Equipara-se à situação de insolvência atual a que seja meramente iminente, no caso de
apresentação pelo devedor à insolvência”.
O RERE: breve apontamento.
• O RERE – Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas - originado
pela Lei n.º 8/2018, “regula os termos e os efeitos das negociações e do
acordo de reestruturação que seja alcançado entre um devedor e um ou mais
dos seus credores, na medida em que os participantes manifestem, expressa
e unanimemente, a vontade de submeter as negociações ou o acordo de
reestruturação ao regime previsto na presente lei”. Art. 2.º, n.º 1 do RERE.
• Para um desenvolvimento da matéria acerca do RERE, ver COUTINHO DE
ABREU, ob. cit., pp. 356-360.
A insolvência propriamente dita!
«Artigo 2.º do CIRE
Sujeitos passivos da declaração de insolvência»

“1 - Podem ser objeto de processo de insolvência:


a) Quaisquer pessoas singulares ou coletivas;
b) A herança jacente;
c) As associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais;
d) As sociedades civis;
e) As sociedades comerciais e as sociedades civis sob a forma comercial até à data do
registo definitivo do contrato pelo qual se constituem;
f) As cooperativas, antes do registo da sua constituição;
g) O estabelecimento individual de responsabilidade limitada;
h) Quaisquer outros patrimónios autónomos.
A insolvência propriamente dita!

• Nos termos do n.º 2 do art. 2,º do CIRE, não são objeto do


Processo de Insolvência:
• a) As pessoas coletivas públicas e as entidades públicas empresariais;

• b) As empresas de seguros, as instituições de crédito, as sociedades financeiras, as


empresas de investimento que prestem serviços que impliquem a detenção de fundos ou
de valores mobiliários de terceiros e os organismos de investimento coletivo, na medida
em que a sujeição a processo de insolvência seja incompatível com os regimes especiais
previstos para tais entidades.
A insolvência propriamente dita!
«Artigo 18.º do CIRE
Dever de apresentação à insolvência»
• “1 - O devedor deve requerer a declaração da sua insolvência dentro
dos 30 dias seguintes à data do conhecimento da situação de
insolvência, tal como descrita no n.º 1 do artigo 3.º, ou à data em que
devesse conhecê-la”.
O art. 20.º do CIRE.
«Artigo 20.º do CIRE
Outros legitimados»
• “1 - A declaração de insolvência de um devedor pode ser requerida por
quem for legalmente responsável pelas suas dívidas, por qualquer
credor, ainda que condicional e qualquer que seja a natureza do seu
crédito, ou ainda pelo Ministério Público, em representação das
entidades cujos interesses lhe estão legalmente confiados, verificando-
se algum dos seguintes factos:

• a) Suspensão generalizada do pagamento das obrigações vencidas;


• b) Falta de cumprimento de uma ou mais obrigações que, pelo seu montante
ou pelas circunstâncias do incumprimento, revele a impossibilidade de o
devedor satisfazer pontualmente a generalidade das suas obrigações”;
O art. 20.º do CIRE.
• “c) Fuga do titular da empresa ou dos administradores do devedor ou
abandono do local em que a empresa tem a sede ou exerce a sua principal
actividade, relacionados com a falta de solvabilidade do devedor e sem
designação de substituto idóneo;
• d) Dissipação, abandono, liquidação apressada ou ruinosa de bens e
constituição fictícia de créditos;
• e) Insuficiência de bens penhoráveis para pagamento do crédito do
exequente verificada em processo executivo movido contra o devedor;
• f) Incumprimento de obrigações previstas em plano de insolvência ou em
plano de pagamentos, nas condições previstas na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2
do artigo 218.º”;
O art. 20.º do CIRE.
• g) Incumprimento generalizado, nos últimos seis meses, de dívidas de
algum dos seguintes tipos:
• i) Tributárias;
• ii) De contribuições e quotizações para a segurança social;
• iii) Dívidas emergentes de contrato de trabalho, ou da violação ou cessação deste
contrato;
• iv) Rendas de qualquer tipo de locação, incluindo financeira, prestações do preço da
compra ou de empréstimo garantido pela respectiva hipoteca, relativamente a local
em que o devedor realize a sua atividade ou tenha a sua sede ou residência;
• h) Sendo o devedor uma das entidades referidas no n.º 2 do artigo 3.º,
manifesta superioridade do passivo sobre o ativo segundo o último balanço
aprovado, ou atraso superior a nove meses na aprovação e depósito das
contas, se a tanto estiver legalmente obrigado.
• 2 - O disposto no número anterior não prejudica a possibilidade de
representação das entidades públicas nos termos do artigo 13.º”.
O dever de apresentação à insolvência: arts. 3.º, n.º 4 do CIRE, 18.º do CIRE, 19.º do
CIRE, 20.º, n.º 1 do CIRE, 186.º, n.º 3, al. a) do CIRE e 186.º, n.º 1 do CIRE.

• O devedor deve requerer a declaração de insolvência quando tenha


conhecimento, há mais de 30 dias, de que a empresa comercial se
encontra nessa situação de insolvência (art. 18.º, n.º 1, na redação da
Lei n.º 16/2012, de 20 de abril), devendo ter-se em conta alguns
critérios que a lei faculta no n.º 1 do art. 20,º do CIRE que constituem
fatores indiciadores da insolvência.
O dever de apresentação à insolvência: arts. 3.º, n.º 4 do CIRE, 18.º do CIRE, 19.º do
CIRE, 20.º, n.º 1 do CIRE, 186.º, n.º 3, al. a) do CIRE e 186.º, n.º 1 do CIRE.

• A inobservância do dever de apresentação à insolvência constitui presunção de culpa


grave do devedor – art. 186.º, n.º3, al. a) do CIRE, e que esta pode levar à qualificação da
insolvência como culposa – art. 186.º, n.º 1 do CIRE.

«Artigo 3.º

Situação de insolvência»

(…)

“4. Equipara-se à situação de insolvência actual a que seja meramente iminente, no caso de
apresentação pelo devedor à insolvência”.
O dever de apresentação à insolvência: arts. 3.º, n.º 4 do CIRE, 18.º do CIRE, 19.º do
CIRE, 20.º, n.º 1 do CIRE, 186.º, n.º 3, al. a) do CIRE e 186.º, n.º 1 do CIRE.

«Artigo 19.º
A quem compete o pedido»
• “Não sendo o devedor uma pessoa singular capaz, a iniciativa da
apresentação à insolvência cabe ao órgão social incumbido da sua
administração, ou, se não for o caso, a qualquer um dos seus
administradores”.
A insolvência a requerimento de terceiros: o
n.º 1 do art. 20.º do CIRE!
• Os credores (terceiros) podem requerer a insolvência do seu devedor,
sempre que o devedor não satisfaça de forma pontual as suas dívidas e não
tenha capacidade para o vir a fazer, substituindo-se ou concorrendo com o
devedor, a quem competia apresentar-se à insolvência.

• A insolvência pode ainda ser requerida por quem for legalmente responsável
pelo pagamento das dívidas do devedor, ou seja, por um seu representante,
ou pelo Ministério Público – n.º 1 do art. 20.º do CIRE.
Aula n.º 14: as fases do processo de insolvência.
• Fases do processo de insolvência
• Pedido de declaração de insolvência (artigo 18º a 26º do CIRE);
• Apreciação limiar e medidas cautelares (artigos 27º a 34º do CIRE);
• Audiência de discussão e julgamento (artigos 35º do CIRE);
• Sentença de declaração de insolvência e impugnação (artigos 36º a 43º do CIRE);
• Apreensão de bens (artigos 149º a 152º do CIRE);
• Assembleia de credores de apreciação do relatório de credores (artigos 72º a 80º e 153º a
155º do CIRE);
• Reclamação para verificação de créditos, impugnação e sentença de verificação de
créditos (artigos 128º a 140º do CIRE); Verificação ulterior (artigos 146º a 148º do
CIRE);
• Liquidação e pagamento (artigos 156º a 184º do CIRE);
• Incidentes de qualificação de insolvência (artigos 185º a 191º do CIRE);
• Plano de insolvência (artigos 192º a 222º do CIRE);
• Encerramento do processo (artigos 230º a 234º do CIRE).
O plano de insolvência:
• O devedor dispõe de uma alternativa para evitar a cessação/extinção da sua
atividade económica, buscando reestruturar a sua atividade de maneira a
torná-la viável, se preciso for à custa do perdão parcial das suas dívidas.
• No processo de insolvência da empresa comercial, após a respetiva
declaração de insolvência, há a possibilidade de projetar e fazer aprovar um
plano denominado de plano de insolvência que vise atingir a viabilização da
empresa insolvente, possibilitando em simultâneo que os credores
recuperem a prazo parte, ou até mesmo a totalidade, dos seus créditos.
O plano de insolvência:

• A lei permite à empresa insolvente manter-se no mercado sempre que


estiver em condições de recuperar da situação económico-financeira
difícil em que está e retomar a prática da respetiva atividade
económica. Com tal intuito, deverá ser elaborado e proposto um
PLANO DE INSOLVÊNCIA, onde se prevê os atos que a empresa
terá de vir a exercer. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 266.
O plano de insolvência:

• Os titulares da empresa comercial em causa insolvente e os credores


deverão avaliar as possibilidades da empresa poder vir a retomar a sua
atividade laboral, com eventual redução da empresa, da quantidade
dos seus trabalhadores e com a reestruturação da sua dívida, que
envolva inclusivamente um perdão parcial, do capital e juros ou tão-só
dos juros.
O plano de insolvência:

• Respeitando o disposto no art. 192.º do CIRE, admitindo-se a


viabilidade da empresa comercial, não sendo necessária assi a sua
liquidação, mas antes a sua manutenção na titularidade do devedor ou
de terceiro, e que os credores poderão concordar com o processo a
seguir para conseguir a recuperação da empresa, mesmo que tão-só
parcial, dos seus créditos, é submetido à aprovação dos credores um
plano de insolvência.
O plano de insolvência:
• O plano de insolvência aprovado pela assembleia de credores deverá
subsequentemente ser objeto de sentença judicial homologatória, antes de ser
executado.
• Uma vez transitada em julgado, a decisão homologatória acaba com a insolvência.
• Se a programação for devidamente cumprida, o plano de insolvência será
devidamente executado e a empresa comercial a que o mesmo respeita retoma a
sua atividade satisfazendo os credores, de acordo com o que havia sido
determinado.
A noção legal de empresa dada pelo CIRE: o
art. 5.º do CIRE.
• Nos termos do art. 5.º do CIRE, que nos dá a noção legal de
empresa, considera-se empresa toda a organização de capital e de
trabalho destinada ao exercício de qualquer atividade económica.
Bom estudo!

A Docente de Direito,
Patrícia Pinto Alves

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