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Instituto Politécnico do Porto
• Disciplina de Direito Comercial e do Trabalho
• Parte II : Direito Comercial.
• Docente:
• Patrícia Pinto Alves
• Assistente Convidada
• Ano Letivo 2020/2021
• E-mail: pmpa@estg.ipp.pt
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Definição de Direito Comercial: o Direito Comercial é um ramo especial em relação ao Direito Civil
uma vez que se carateriza por ter regras específicas que impõem uma disciplina diferente da que é
caraterística e comum das relações ou situações jurídicas que tipicamente se desenvolvem entre os
particulares ou que os envolvem.
• O Direito Comercial é o que regula a atividade dos sujeitos económicos mais relevantes no
mercado: os comerciantes, isto é, empresários mercantis em nome individual ou organizados em
sociedades comerciais, que se caraterizam essencialmente pela profissionalidade dos seus atos.
Paralelamente com estas realidades outras entidades ou pessoas coletivas são sujeitos de Direito
Comercial, tais como as cooperativas, e os agrupamentos complementares de empresas, ao mesmo
tempo que nele também cabem e se desenvolvem entidades não personalizadas, mas dotadas de
autonomia patrimonial e financeira, como os organismos de investimento coletivo (fundos).
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, Direito Empresarial para Economistas e Gestores, 2.ª edição,
Almedina, 2016, pp. 121-122.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• O Direito Comercial não abarca os sujeitos que exercem outras profissões – independentes
(advogados, médicos, engenheiros, arquitetos) ou manuais (pedreiros, marceneiros, canalizadores,
eletricistas, entre outras), nem os empresários civis, nomeadamente agrícolas ou que correspondam
a pequenas indústrias familiares, salvo se organizados sob a forma de sociedade comercial. Ou
seja, o Direito Comercial não é suposto tratar destas situações, mas acaba por a fazer se as
empresas a que as mesmas correspondem adotarem a forma de sociedade comercial. Como diz
Paulo Olavo Cunha: “Nesse caso, (…) a forma (comercial) se sobrepõe à substância (civil)”. Cfr.
PAULO OLAVO CUNHA, Direito Empresarial para Economistas e Gestores, 2.ª edição,
Almedina, 2016, pp. 122-123.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Porém, a Lei das Sociedades Profissionais – Lei n.º 53/2015, de 11 de Junho, dispõe no seu art. 4.º que:
• Artigo 4.º
• “1 - As sociedades de profissionais podem ser sociedades civis ou assumir qualquer forma jurídica societária
admissível segundo a lei comercial, salvo o disposto no número seguinte.
• 3 - No que a presente lei não dispuser, são aplicáveis às sociedades de profissionais as normas da lei civil ou da lei comercial,
consoante se trate de uma sociedade de profissionais sob a forma civil ou de uma sociedade de profissionais sob a forma
comercial, respetivamente.
• 4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, são aplicáveis às sociedades de profissionais que se constituam enquanto
sociedades unipessoais por quotas as disposições da presente lei compatíveis com a sua natureza”.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Todavia, também o Estatuto da Ordem dos Advogados - Lei n.º 145/2015,
de 09 de Setembro, mais precisamente no n.º 1 do seu art. 213.º dispõe que:
• Sociedades de advogados
• Artigo 213.º
• Sociedades de advogados
• “1 - Os advogados podem exercer a profissão constituindo ou ingressando em sociedades de
advogados, como sócios ou associados”. – Adoção da forma de sociedade comercial.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• Art.º 230.º -
• Empresas comerciais
• 1.º Transformar, por meio de fábricas ou manufaturas, matérias-primas, empregando para isso, ou só operários, ou operários e
máquinas;
• 2.º Fornecer, em épocas diferentes, géneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediante preço convencionado;
• 3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e mediante salário estipulado;
• 4.º Explorar quaisquer espetáculos públicos;
• 5.º Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas;
• 6.º Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário;
• 7.º Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas, animais, alfaias ou mercadorias de outrem”.
Art.º 230.º - do Código Comercial
Empresas comerciais
• § 1.º Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural
que apenas fabrica ou manufatura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente
à sua exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico
que exerce diretamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só
operários, ou operários e máquinas.
• § 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimento de produtos da respetiva propriedade.
• § 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar, publicar ou
vender as suas obras.
Aula n.º 9: O que é o Direito Comercial?
• O comércio abarca todos os atos qualificados como tais (atos de comércio, objetivos e
subjetivos) e que, tradicionalmente, correspondem ao comércio em sentido economicista,
assim como as atividades mercantis a que se reporta o art. 230.º do Código Comercial,
designadamente parte da indústria extrativa (atividade mineira), a indústria
transformadora e a prestação de serviços (que não se reconduza ao desempenho de uma
profissão liberal (independente) de forma autónoma e isolada); mas já não os atos
formalmente comerciais, como, a título de exemplo, atos de cariz cambiário, tal como a
simples subscrição de uma letra (de câmbio) ou de um cheque, ou caraterísticas do Direito
da Propriedade Industrial. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 126-127.
Aula n.º 9: comércio em sentido económico vs
comércio em sentido jurídico.
• Mas, atenção!
• O Código Comercial aparta do domínio do comércio as atividades económicas
primárias – agricultura e atividades fabris dela instrumentais -, a prática direta da
atividade económica sob a forma de pequena empresa ou empresa de base familiar
e iniciativas pessoais que, noutros circunstancialismos dirigidos essencialmente
para o mercado, se qualificariam, sem dificuldade, como mercantis.
• Não há, uma coincidência absoluta entre a realidade económico-social e a que é
objeto do Direito Mercantil, que abrange também outros serviços e a própria
indústria.
O Código Comercial Português.
Art. 1.º do Código Comercial Português:
«Art.º 1.º
Objeto da lei comercial»
“A lei comercial rege os atos de comércio sejam ou não comerciantes as
pessoas que neles intervém”.
O Código Comercial Português.
Capítulo II
«Dos Comerciantes
Art.º 13.º
Quem é comerciante»
“São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem
deste profissão;
• A predominância de uma destas conceções varia, de país para país, conforme a força histórica que
tiver sido dominante, mas nenhuma pode, nem deve aliás, desleixar a outra.
Os atos de comércio!
• Com a compra e venda – arts. 463.º a 476.º do CCom vs arts. 874.º a 939.º do CC;
• Com o mandato – arts. 231.º a 265.º do CCom vs arts. 1157.º 1179.º do CC;
• Com o empréstimo ou mútuo – arts. 394.º a 396.º do CCom vs arts. 1142.º a 1151.º do
CC;
• Com o depósito – arts. Arts. 408.º a 424.º do CCom vs arts. 1185.º a 1206.º do CC;
• Com a fiança - art. 101.º do CCom vs 627.º a 654.º do CC;
• Com o penhor – arts. 397.º a 402.º do CCom vs arts. 666.º a 685.º do CC;
• Com os contratos de conta corrente – arts. 344.º a 350.º do CCom.
• Com o reporte – arts. 477.º a 479.º do CCom.
• Com casos das operações de bolsa – arts. 321.º a 343.º do CVM.
A qualificação dos atos comerciais!
• Quanto aos sujeitos de Direito Comercial que se caraterizam em função dos atos que se
praticam de forma habitual subsiste por explicar o cariz dos atos preparatórios da
respetiva atividade. Estes atos de que vimos a falar classificam-se como comerciais uma
vez que se enquadram na respetiva atividade comercial de acordo com o art. 230.º do
CCom.
O art. 230.º do CCom.
• Quanto ao âmbito e relevância deste preceito legal, o art. 230.º do CCom., tem por
alcance objetivo a determinação das empresas enquanto atos de comércio.
• Quando a lei apenas estipula a atividade – caso do art. 230.º do CCom., mas não só – quer
dizer que o ato isoladamente praticado não preenche os requisitos de comercialidade;
assim não se considera comercial, uma vez que não é uma prática massificada de atuação.
Os atos consagrados no artigo 230.º do CCom., para serem comerciais têm de ser
repetidamente praticados com intenção especulativa, utilizando para tanto uma
organização.
• O art. 230.º do CCom., é uma norma qualificadora autónoma que se reporta às empresas
comerciais.
• Acontece que em lado algum do CCom., é sequer mencionado que a empresa comercial é
um ato de comércio – um contrato comercial.
• Mas, para se ser comerciante, nos moldes do art. 230.º do CCom., não
é preciso que se exerça um ato, isto é, se celebre um contrato, sendo
suficiente que se proponha o exercício de uma atividade empresarial,
uma vez que isso já é exercício da prática comercial.
O art. 230.º do CCom.
• “Quando o empresário individual se encontra a montar o seu
estabelecimento, desde a identificação do espaço adequado, à celebração do
contrato para a respetiva utilização, passando pelas obras de adaptação
necessárias e intervenção no plano de decoração, contratação dos
mandatários comerciais (gerente de loja e auxiliares) e realização das
primeiras encomendas de mercadoria, os contratos que celebra já são
mercantis, apesar de o seu autor não ser (ainda) comerciante, por efeito do
artigo 13.º, por não se encontrar a exercer a atividade comercial”. Cfr.
PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 134.
O art. 230.º do CCom.
«Art.º 230.º
Empresas comerciais»
• “Haver-se-ão por comerciais as empresas, singulares ou coletivas, que
se propuserem:
• 1,º As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ou da sua família, e
as revendas que porventura desses objetos se venham a fazer;
• 2.º As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele
explorada, e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas;
• 3.º As compras que os artistas, industriais, mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem diretamente
a sua arte, indústria ou ofício, fizerem de objetos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus
estabelecimentos, e as vendas de tais objetos que fizerem depois de assim transformados ou aperfeiçoados;
• Transcrevendo o exemplo da obra da autoria de Paulo Olavo Cunha, que temos vindo a citar, p.
134: “Um particular adquire um automóvel num stand (cfr. art. 464.º, n.º 1). Quid Juris? Isto é,
esse negócio é regulado pela lei comercial ou pelo Código Civil?
• 1.º As compras de cousas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou simplesmente para lhes alugar o
uso;
• 2.º As compras, para revenda, de fundos públicos ou de quaisquer títulos de crédito negociáveis;
• 3.º A venda de cousas móveis, em bruto ou trabalhadas, e as de fundos públicos e de quaisquer títulos de
crédito negociáveis, quando a aquisição houvesse sido feita no intuito de as revender;
• 4.º As compras e revendas de bens imóveis ou de direitos a eles inerentes, quando aquelas, para estas,
houverem sido feitas;
• Do Direito Fiscal;
• Do Direito da Insolvência;
• Do Direito da Concorrência;
• Do Direito Comercial.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• No que ao Direito do Trabalho respeita, a empresa define-se como sendo «uma
organização de meios estável predisposta para a realização de certo fim útil pelo seu
titular, o qual, mediante contratos de trabalho, emprega outras pessoas na realização desse
fim». Cfr., MONTEIRO FERNANDES, “A empresa – Perspectiva jurídica”, in
Enciclopédia PÓLIS, Volume II, Cols. 928-934, e ainda da mesma autoria, vd., Direito do
Trabalho, 2012, pp. 211-214.
Noção de empresa»
• “1 - Considera-se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exerça uma atividade económica que consista na
oferta de bens ou serviços num determinado mercado, independentemente do seu estatuto jurídico e do seu modo de
financiamento.
• 2 - Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, constituem uma unidade
económica ou mantêm entre si laços de interdependência decorrentes, nomeadamente:
• b) Da detenção de mais de metade dos votos atribuídos pela detenção de participações sociais;
Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 138 e elenco bibliográfico lá contido.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• Na conceção subjetiva, a empresa confunde-se com o empresário;
• Num sentido objetivo, a empresa refere-se à atividade económica praticada pelo empresário;
• No aspeto material (ou patrimonial), que recambia a empresa um conjunto de bens ou direitos –
ao estabelecimento, criado pelo empresário;
• Na perspetiva institucional, de acordo com a qual a empresa é uma organização de pessoas que,
em variadas posições hierárquicas, prosseguem uma atividade económica: uma comunidade de
trabalho.
• Nota: todos este perfis relatados sugerem somente aspetos parciais da empresa.
Aula n.º 9: As empresas comerciais.
• Para Paulo Olavo Cunha, a noção jurídica de empresa conjuga dois
fatores que são:
• “Um, pessoal, no qual, para além do trabalho de uma comunidade de pessoas que, na
direção e na produção asseguram o seu funcionamento, releva a conceção própria do
empresário na sua estruturação, ou seja, na organização dos diferentes fatores produtivos
de modo a integrá-los numa mesma finalidade funcional; e
• Outro, patrimonial, constituído por todos os bens e elementos com valor económico
(bens imóveis e móveis, direitos, situações jurídicas e elementos imateriais) unificados
(conjugados) pela função unitária a que estão adstritos”.
• A qualificação da pequena empresa, que pode existir em qualquer setor económico, depende muito
da organização económica que lhe concede o empresário.
• Concluindo, a empresa não é, de acordo com o disposto no art. 230.º do CCom., um ato de
comércio, mas nada impede que a atividade – que se tratar de uma prática repetida de atos -,
empresarial posso envolver o exercício de atos de comércio objetivos, nomeadamente a compra e
venda – Ver o n.º 5 do art. 230.º do CCom.
• O art. 230.º do CCom., permite uma interpretação subjetiva sobre a empresa comercial e uma
interpretação objetiva sobre a empresa comercial.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial.
• Ora, num determinado sentido, é uma universalidade de facto, mas noutro sentido é
também uma universalidade de direitos, que amparam as suas inconstâncias,
especialmente a sua transmissão.
Aula n.º 9: O estabelecimento comercial: a sua
transmissão.
• O contratempo que advém na transmissão do estabelecimento
comercial sublinha a realidade unitária que está em jogo e que junta
diversos bens e situações jurídicas que, conjugadas, representam um
valor superior à simples soma das partes.
Aula n.º 9: empresa comercial vs
estabelecimento comercial.
• NOTA: a empresa comercial confunde-se regularmente com a sociedade que lhe confere
forma jurídica e esta, muitas vezes, não se distingue do estabelecimento em que atua
mediante a empresa comercial, pela coincidência das respetivas denominações, ou seja, da
firma com o nome do estabelecimento comercial em causa, nos nossos dias
genericamente conhecido por logótipo. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 135-
136.
• Por vezes, o indivíduo, empresário mercantil, pretende limitar a responsabilidade da sua atividade a
um património que afete para essa finalidade. Para o efeito, consegue tal restrição através:
• Da constituição de um estabelecimento individual de responsabilidade limitada – DL n.º 248/86, de 25 de
agosto (cuja versão mais recente é a do DL n.º 8/2007, de 17/01);
• ou
• Mediante a opção por uma sociedade por quotas da qual é o único sócio –
arts. 270.º-A a 270.º-G do CSC, preservando, contudo, a sua autonomia
financeira perante a sociedade (a sociedade enquanto coletividade social e não
enquanto sociedade comercial).
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
Sociedades unipessoais por quotas
«Artigo 270.º-A do CSC
Constituição»
• “1 - A sociedade unipessoal por quotas é constituída por um sócio único, pessoa singular ou coletiva, que é o titular da totalidade
do capital social.
• 2 - A sociedade unipessoal por quotas pode resultar da concentração na titularidade de um único sócio das quotas de uma sociedade
por quotas, independentemente da causa da concentração.
• 3 - A transformação prevista no número anterior efetua-se mediante declaração do sócio único na qual manifeste a sua vontade de
transformar a sociedade em sociedade unipessoal por quotas, podendo essa declaração constar do próprio documento que titule a
cessão de quotas.
• 4 - Por força da transformação prevista no n.º 3 deixam de ser aplicáveis todas as disposições do contrato de sociedade que
pressuponham a pluralidade de sócios.
• 5 - O estabelecimento individual de responsabilidade limitada pode, a todo o tempo, transformar-se em sociedade unipessoal
por quotas, mediante declaração escrita do interessado”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
• “1 - Uma pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por
quotas.
• 2 - Uma sociedade por quotas não pode ter como sócio único uma sociedade unipessoal
por quotas.
• “1 - O sócio único de uma sociedade unipessoal por quotas pode modificar esta sociedade em sociedade por
quotas plural através de divisão e cessão da quota ou de aumento de capital social por entrada de um novo
sócio, devendo, nesse caso, ser eliminada da firma a expressão «sociedade unipessoal», ou a palavra
«unipessoal», que nela se contenha.
• 2 - O documento que consigne a divisão e cessão de quota ou o aumento do capital é título bastante para o
registo da modificação.
• 3 - Se a sociedade tiver adoptado antes o tipo de sociedade por quotas, passará a reger-se pelas disposições do
contrato de sociedade que, nos termos do n.º 4 do artigo 270.º-A, lhe eram inaplicáveis em consequência da
unipessoalidade.
• 4 - No caso de concentração previsto no n.º 2 do artigo 270.º-A, o sócio único pode evitar a unipessoalidade
se, no prazo legal, restabelecer a pluralidade de sócios”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
• “1 - Os negócios jurídicos celebrados entre o sócio único e a sociedade devem servir a prossecução do objeto
da sociedade.
• 2 - Os negócios jurídicos entre o sócio único e a sociedade obedecem à forma legalmente prescrita e, em
todos os casos, devem observar a forma escrita.
• 3 - Os documentos de que constam os negócios jurídicos celebrados pelo sócio único e a sociedade devem ser
patenteados conjuntamente com o relatório de gestão e os documentos de prestação de contas; qualquer
interessado pode, a todo o tempo, consultá-los na sede da sociedade.
• 4 - A violação do disposto nos números anteriores implica a nulidade dos negócios jurídicos celebrados
e responsabiliza ilimitadamente o sócio”.
A sociedade por quotas da qual é o único sócio.
• “1 - O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as assinaturas dos seus subscritores devem ser
reconhecidas presencialmente, salvo se forma mais solene for exigida para a transmissão dos bens com que os
sócios entram para a sociedade, devendo, neste caso, o contrato revestir essa forma, sem prejuízo do disposto
em lei especial.
• 2 - O número mínimo de partes de um contrato de sociedade é de dois, exceto quando a lei exija número
superior ou permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa.
• 3 - Para os efeitos do número anterior, contam como uma só parte as pessoas cuja participação social for
adquirida em regime de contitularidade.
• 4 - A constituição de sociedade por fusão, cisão ou transformação de outras sociedades rege-se pelas
respetivas disposições desta lei”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Ora, a sociedade comercial constitui e exerce uma empresa (comercial).
• A ideia central e caraterizadora das sociedades comerciais é a do risco do capital, em função da sua atividade
económica, que pode ser direta ou acompanhar a atividade de outras sociedades comerciais.
• A atividade empresarial mercantil não tem obrigatoriamente que ser uma atividade económica direta, de
maneira a abarcar aquelas que têm somente participações sociais, isto é, quotas (nas sociedades comerciais
por quotas - Lda) ou ações (nas sociedades comerciais anónimas – S.A.) de outras sociedades comerciais.
• A empresa comercial não é sujeito de Direito, mas forma o substrato necessário da sociedade comercial, que
se trata da sua forma jurídica, sempre que for coletiva, ou seja, não pode existir sociedades comerciais sem
empresa comercial, como por exemplo a sociedade ocasional e a sociedade oculta. Cfr. PAULO OLAVO
CUNHA, Lições de Direito Comercial, 2010, pp. 72-74.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• 2 - São sociedades comerciais aquelas que tenham por objeto a prática de atos de comércio e adotem o
tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em
comandita simples ou de sociedade em comandita por ações.
• 3 - As sociedades que tenham por objecto a prática de actos de comércio devem adoptar um dos tipos
referidos no número anterior.
• 4 - As sociedades que tenham exclusivamente por objecto a prática de atos não comerciais podem adoptar um
dos tipos referidos no n.º 2, sendo-lhes, nesse caso, aplicável a presente lei”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
«Artigo 980.º do CC
(Noção)»
• “Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum
de certa atividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de
repartirem os lucros resultantes dessa atividade”.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Mas, a admissibilidade generalizada da sociedade comercial unipessoal
impõe uma adaptação do conceito de sociedade comercial, na medida em
que se pretende a sua simplificação. A sociedade comercial terá de passar a
ser compreendida como um ente jurídico que, tendo um substrato
fundamentalmente patrimonial, e sendo constituído por uma ou mais
pessoas jurídicas, desempenha uma atividade económica lucrativa que se
vislumbra na prática de atos de comércio ou desempenho de uma atividade
comercial.
Aula n.º 10: Os tipos de sociedades comerciais.
• Os sócios de indústria, no regime das sociedades em nome coletivo, são responsáveis nas relações externas –
art. 178.º do CSC –, sendo a sua responsabilidade subsidiária.
• As sociedades em nome coletivo são administradas por gerentes que, salvo previsão contratual em sentido
divergente, são todos os seus sócios, apenas podendo ser geridas por estranhos quando tal for expressamente
previsto no contrato de sociedade.
• Cada sócio representa um voto, independentemente da sua participação no capital, e as deliberações habituais
são constituídas por maioria, a não ser que esteja em causa admitir um novo sócio ou alterar o contrato de
sociedade, situações em que tem de haver unanimidade.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Quando nos referimos às sociedades por quotas devemos ter em
atenção que estas podem ter:
• Substrato individual, isto é, o respetivo capital é totalmente detido por um único sócio –
pessoa singular ou coletiva – exemplo: Abílio, Unipessoal Lda, designando-se como
sociedades unipessoais por quotas,
• ou
• Ser participadas por dois ou mais sócios, exemplo: Têxteis Cama, Lda.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Quer numa situação, quer em noutra, são de responsabilidade dos sócios limitada – ao capital
subscrito. Ou seja, cada sócio responde pela sua entrada, mas solidariamente até ao montante do
capital social subscrito – ver o n.º 1 do art. 197.º do CSC, constituindo a sua participação uma
quota. Apenas a sociedade responde pelas suas dívidas perante credores – ver o n.º 3 do art. 197.º
do CSC, salvo se os sócios garantirem expressamente que se responsabilizam pelas dívidas da
sociedade até certo montante – ver o n.º 1 do art. 198.º do CSC.
• Um aspeto interessante é o de que estas sociedades podem constituir-se com um capital social
simbólico correspondente a um mínimo de € 1,00 (um euro) por cada sócio – ver os arts. 201.º do
CSC e o n.º 3 do art. 219.º do CSC -, o qual deverá ser realizado até ao final do primeiro exercício
económico – ver a alínea b) do art. 199.º do CSC e o n.º 4 do art. 202.º do CSC.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• Nas sociedades por quotas, a gerência é o único órgão social institucionalizado, sendo a mesa da
assembleia geral – subórgão da assembleia geral – e o conselho fiscal ou fiscal único órgãos
facultativos, na medida em que não existe obrigatoriedade legal de os constituir.
• A sociedade por quotas é administrada e representada por um ou mais gerentes, que não funcionam
colegialmente, ao contrário do que acontece nas sociedades anónimas com os administradores e
que veremos melhor mais à frente, embora possam reunir e deliberar, registando em ata as sua
decisões.
• Em certas situações, a sociedade pode ser obrigada a adotar fiscalização ad hoc, recorrendo a um
revisor oficial de contas se durante dois exercícios seguidos ultrapassar dois de três índices –
balanço, volume de vendas e número de trabalhadores – previstos no n.º 2 do art. 262.º do CSC.
Aula n.º 10: as sociedades por quotas.
• A contagem dos votos é feita proporcionalmente ao valor nominal da quota: um voto por
cada cêntimo – ver o n.º 1 do art. 250.º do CSC -, sendo as deliberações normalmente
formadas por maioria – ver o n.º 3 do art. 250.º do CSC -, se não estiver em causa uma
alteração do contrato de sociedade, caso em que a proposta deve ser aprovada por três
quartos dos votos correspondentes ao capital social – ver o n.º 1 do art. 265,º do CSC.
• Por fim, as quotas são livremente transmissíveis entre os sócios ou para familiares
próximos, isto é, herdeiros legitimários, do cedente, estando a sua alienação onerosa em
favor de terceiros, ou seja, outros que não os indicados, adstrita ao consentimento da
sociedade – ver o n.º 2 do art. 228.º do CSC -, exceto se o contrato adotar uma solução
divergente.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
«Artigo 271.º do CSC
(Caraterísticas)»
• “Na sociedade anónima o capital é dividido em ações e cada sócio
limita a sua responsabilidade ao valor das ações que subscreveu”.
Aula n.º 10: as sociedades anónimas.
«Artigo 272.º do CSC
Conteúdo obrigatório do contrato»
• c) As categorias de ações que porventura sejam criadas, com indicação expressa do número de
ações e dos direitos atribuídos a cada categoria;
• Ver ainda a exceção – art. 54.º do CSC e o n.º 1 do art. 373.º do CSC.
Aula n.º 10: a estrutura da administração e
fiscalização da sociedade anónima.
• É complexa e variável.
• A lei proporciona 3 modelos diferentes, com aptidão para serem utilizados
em empresas com determinadas dimensões e caraterísticas, mas sem que tal
seja imposto.
• Os modelos de governação societária são:
• O modelo clássico;
• O modelo germânico;
• O modelo anglo-saxónico.
O modelo clássico.
• Também denominado por alguns por latino ou monista, é composto por um órgão
de administração e outro de fiscalização.
• Neste prisma, estas são disciplinadas pelos arts. 13.º a 29.º-A do CVM
e pelo CSC, nomeadamente pelo Título IV – arts. 271.º-464.º - e pela
Parte Geral, ou seja, as sociedades anónimas cujo capital se encontra
aberto ao investimento do público e cujas ações se encontram
admitidas à negociação em mercado regulamentado.
As sociedades anónimas abertas, mas não cotadas.
• “3 - O fiscal único terá sempre um suplente, que será igualmente revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de
contas.
• 4 - O conselho fiscal é composto pelo número de membros fixado nos estatutos, no mínimo de três membros efetivos.
• 5 - Sendo três os membros efetivos do conselho fiscal, deve existir um ou dois suplentes, havendo sempre dois suplentes quando o
número de membros for superior.
• 6 - O fiscal único rege-se pelas disposições legais respeitantes ao revisor oficial de contas e subsidiariamente, na parte aplicável,
pelo disposto quanto ao conselho fiscal e aos seus membros”.
As sociedades anónimas simples ou em sentido estrito.
• “1 - Na sociedade em comandita cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua
entrada; os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos
que os sócios da sociedade em nome coletivo.
• 2 - Uma sociedade por quotas ou uma sociedade anónima podem ser sócios comanditados.
• ----Aos vinte e dois dias do mês de Outubro de dois mil e dezanove, na sua sede social sita no Pinhal Longo,
freguesia de Macieira da Lixa, do concelho de Felgueiras, pelas dezassete horas, reuniu a Assembleia Geral
da sociedade comercial por quotas “MÁQUINAS, UNIPESSOAL, LDA”, pessoa colectiva número
501400800, com o capital social de 5.000,00 Euros, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de
Felgueiras sob o número 1234/12345678.----------------------------------------------------------------------------------
• ----Estiveram presentes o único sócio o Senhor João Cunha, titular de uma quota com o valor nominal de
5.000,00 Euros.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Estando assim representado todo o capital social, foram dispensadas todas as formalidades de convocação nos
termos previstos no artigo quinquagésimo quarto do Código das Sociedade Comerciais e constituída a Assembleia
Geral, à qual presidiu o Senhor André Costa, com a seguinte ordem de trabalhos:--------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Ponto Um – Cessão de quota.-----------------------------------------------------------------------------------------------------
----Ponto Dois – Renúncia do cargo de gerente do Senhor João Cunha.--------------------------------------------------------
----Ponto Três – Nomeação de novo gerente.-----------------------------Entrando no Ponto Um da ordem de trabalhos, o
Senhor João Cunha, casado com Sílvia Camacho, no regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes no Largo
1.º de Abril, Edifício Argila, Bloco 3, 3.º esquerdo, Borba de Godim, Felgueiras, propôs a cessão da quota no valor
nominal de 5.000, 00 Euros na titularidade do Senhor João Cunha que representa cem por cento do capital social,
cedeu esta ao Senhor Pedro Camacho, titular do NIF 123456789, CC n.º 12345987, solteiro, ficando este sócio na
titularidade de uma quota que representa de cem por cento do capital social. Depois de apreciada, foi esta proposta
aprovada.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Passando ao Ponto Dois da ordem de trabalhos, tomou a palavra, o Senhor João Filipe da Cunha Costa,
propôs a sua renúncia ao cargo de gerente, por não pertencer mais à sociedade. Depois de apreciada, foi esta
proposta aprovada .----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----Passando ao Ponto Três da ordem de trabalhos, tomou a palavra, o Senhor João Cunha, após renunciar o seu
cargo de gerente na “MÁQUINAS, UNIPESSOAL, LDA”, propôs a nomeação de novo gerente no Senhor Pedro
Camacho, para ocupar o cargo de novo gerente da sociedade comercial. Depois de apreciada, foi esta proposta
aprovada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----E não havendo qualquer outro assunto a tratar, foi a reunião encerrada às 18.00 horas, e do que foi discutido e
aprovado, foi lavrada a presente ata, que depois de lida e achada conforme, vai ser assinada pelos presentes que
assim o entenderem.---------
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• CONTRATO DE SOCIEDADE POR QUOTAS
• Artigo 1.º
• Tipo e firma
• 1. A sociedade é comercial, adota o tipo sociedade por quotas e a firma MIGUEL ALVES & ANTÓNIO
ALVES, LDA.
• 1. A sociedade tem a sede em: Lugar Trofa, Loja 11, Pombeiro, na freguesia de
Pombeiro de Ribavizela, concelho de Felgueiras.
• 2. Por simples deliberação da gerência podem ser criadas sucursais, agências,
delegações ou outras formas locais de representação no território nacional ou no
estrangeiro.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 3.º
• Objeto
• b) Uma quota com o valor nominal de 2500 euros, pertencente a António Alves, casado com Mafalda Teixeira, em regime
de comunhão de bens adquiridos, de nacionalidade Portuguesa, natural da freguesia de Caramos, concelho de Felgueiras,
residente em Lugar Devagar, Caramos, contribuinte n.º 155000000.
Minuta de um pacto social: contrato de
sociedade por quotas.
• Artigo 5.º
• Prestações suplementares
• Celebrado no dia 10 de Outubro de 2019, no Lugar Bonitinho, Macieira da Lixa e Caramos, Porto;----------------------------------------------------------------
• Cedentes:
• João Mendes, casado com Sílvia Antunes, no regime de comunhão de adquiridos, ambos residentes no Largo 25 de Abril, Edifício
Argila, Bloco 2, 2.º esquerdo, Borba de Godim, Felgueiras na qualidade de Primeiros Outorgantes.----------------------------------------
• Cessionário:
• Pedro Mendes, titular do NIF 123456789, CC n.º 12345678, solteiro, na qualidade de Segundo Outorgante.-----------------------------
Minuta de um contrato de cessão de quotas.
• DECLARAÇÃO NEGOCIAL
• 1 - Os Primeiro Outorgantes declaram, sob sua inteira responsabilidade, que são donos e legítimos possuidores de uma quota com o
valor nominal de € 400,00 (quatrocentos euros mil euros) na titularidade de João Mendes , de uma quota nominal de € 100,00 (cem
euros) na titularidade de Sílvia Antunes, as quais, respetivamente, se encontram liberadas e livres de quaisquer ónus ou encargos e
não são objetos de quaisquer litígios de natureza judicial ou extrajudicial, quotas essas que cedem, pelo seu valor nominal, ao
Segundo Outorgante.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
• 3 - Os cedentes declaram que o estabelecimento principal da sociedade se encontra em local tomado de arrendamento.-----------------
Minuta de um contrato de cessão de quotas.
• OUTRAS DECLARAÇÕES
• O consentimento social para a precedente cessão de quotas foi prestado em assembleia geral realizada no dia 22 de Outubro de
2014, conforme cópia da respetiva ata, em anexo, não tendo a deliberação sido impugnada.-------------------------------------------------
• O Primeiro Outorgante
• O Segundo Outorgante
As sociedades comerciais e a sua capitalização.
• As entradas dos sócios constituem o capital da sociedade e servem para
sustentar o seu arranque e a prática da sua atividade. Caso o capital seja
insuficiente sociedade tem de ser financiada pelos seus sócios, diretamente,
ou por capitais de terceiros, garantidos pelo património pessoal dos sócios.
• As sociedades por quotas e anónimas nacionais constituem-se
obrigatoriamente com capital social, que pode ser realizado em dinheiro ou
em bens em espécie, mas as sociedades em nome coletivo podem arrancar
sem capital, tão-só com o trabalho ou indústria dos sócios.
As sociedades comerciais e a sua capitalização.
• O conceito de capital social: os meios financeiros que compõem o património inicial da empresa e
que resultam da soma de todas as participações dos sócios correspondem ao capital social. O
capital social, desta feita, consiste na cifra numérica de valor constante, em dinheiro, expressa em
euros – moeda com curso legal em Portugal – ver o art. 14.º do CSC -, e que corresponde ao
património de constituição da empresa, ou seja, à soma de todas as participações dos sócios, nestas
incluídas as entradas que apenas se comprometem vir a concretizar.
• Mas, nem sempre é preciso disponibilizar imediatamente à sociedade a totalidade dos bens de que
irá carecer para realizar a atividade económica que se propõe prosseguir.
• O capital social é menção com cariz obrigatório do contrato de sociedade – ver a alínea f) do n.º 1
do art. 9.º do CSC.
O capital social nos contratos de sociedade por
quotas e anónima.
• Nas sociedades por quotas e anónimas o capital social constitui-se exclusivamente com as
entradas dos sócios, sendo representado unicamente por quotas e por ações – ver os arts.
271.º e 197.º, n.º 1 do CSC.
• Porém, o capital pode ser superior ao património inicial, se as entradas em espécie forem
sobreavaliadas, o que não é suposto ocorrer, ou inferior, quando as ações forem emitidas
com prémio acima do par.
A obrigação de entrada: a sua caraterização.
• “1 - O valor nominal da parte, da quota ou das acções atribuídas a um sócio no contrato de sociedade não pode exceder o valor da
sua entrada, como tal se considerando ou a respectiva importância em dinheiro ou o valor atribuído aos bens no relatório do revisor
oficial de contas, exigido pelo artigo 28.º
• 2 - No caso de ações sem valor nominal, o valor da entrada do sócio deve ser pelo menos igual ao montante do capital social
correspondentemente emitido.
• 3 - Verificada a existência de erro na avaliação feita pelo revisor, o sócio é responsável pela diferença que porventura exista, até ao
valor nominal da sua participação ou, no caso de acções sem valor nominal, até ao valor de emissão destas.
• 4 - Se a sociedade for privada, por acto legítimo de terceiro, do bem prestado pelo sócio ou se tornar impossível a prestação, bem
como se for ineficaz a estipulação relativa a uma entrada em espécie, nos termos previstos no artigo 9.º, n.º 2, deve o sócio realizar
em dinheiro a sua participação, sem prejuízo da eventual dissolução da sociedade, por deliberação dos sócios ou por se verificar a
hipótese prevista no artigo 142.º, n.º 1, alínea b)”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»
• “1 - As entradas em bens diferentes de dinheiro devem ser objeto de um relatório
elaborado por um revisor oficial de contas sem interesses na sociedade, designado por
deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os sócios que efetuam as
entradas.
• 2 - O revisor que tenha elaborado o relatório exigido pelo número anterior não pode,
durante dois anos contados da data do registo do contrato de sociedade, exercer quaisquer
cargos ou funções profissionais nessa sociedade ou em sociedades que com ela se
encontrem em relação de domínio ou de grupo”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»
• d) Declarar se os valores encontrados atingem ou não o valor nominal da parte, quota ou acções atribuídas aos
sócios que efetuaram tais entradas, acrescido dos prémios de emissão, se for caso disso, ou a contrapartida a
pagar pela sociedade.
• e) No caso de acções sem valor nominal, declarar se os valores encontrados atingem ou não o montante do
capital social correspondentemente emitido”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• «Artigo 28.º do CSC
• Verificação das entradas em espécie»
• “4 - O relatório deve reportar-se a uma data não anterior em 90 dias à do contrato de sociedade, mas o seu
autor deve informar os fundadores da sociedade de alterações relevantes de valores, ocorridas durante aquele
período, de que tenha conhecimento.
• 5 - O relatório do revisor deve ser posto à disposição dos fundadores da sociedade pelo menos 15 dias antes
da celebração do contrato; o mesmo se fará quanto à informação referida no n.º 4 até essa celebração.
• 6 - O relatório do revisor, incluindo a informação referida no n.º 4, faz parte integrante da documentação
sujeita às formalidades de publicidade prescritas nesta lei, podendo publicar-se apenas menção do depósito do
relatório no registo comercial”.
Composição e montante das entradas. Os
tipos de bens.
• Posto isto, são exemplos de entradas em espécie, entre muitos outros existentes:
• Valores mobiliários, nomeadamente ações cotadas ou não cotadas e outros instrumentos
financeiros;
• Know-how e seu licenciamento;
• Ouro e metais preciosos;
• Direitos de autor;
• Letra de câmbio e outros títulos de crédito endossáveis à sociedade;
• Projetos de investigação que conduzam a uma patente.
• Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 171.
O valor da entrada.
• Ver art. 25.º do CSC.
• Em termos de valorização das entradas em espécie, é preciso ser feita uma ponderação, para além do respetivo
valor patrimonial absoluto, do risco que possa estar associado a um eventual incumprimento, quando se trata
de um título-valor ou de promessa contratual, ou súbita desvalorização, caso de valor mobiliário – em especial
ação – ou direito privativo da propriedade industrial. Noutras situações ainda a (des)valorização pode estar
dependente da natureza da entrada que, consistindo num projeto, pode ficar aquém do expectável, caso o
mesmo acabar por não se concluir ou não gerar os resultados esperados.
O diferimento (adiamento) das entradas em dinheiro: a
tempestividade de realização do capital apenas subscrito.
• Nos termos do art. 26.º, n.º 3 do CSC, a lei admite que parte das entradas em dinheiro seja diferida.
• Assim, impõe que no contrato assim como nas menções externas da sociedade comercial conste
expressamente a quantia do capital realizado e a quantia subscrita – ver a alínea b) do art. 199.º do CSC, a
alínea e) do art. 272.º do CSC e o n.º 2 do art. 171.º do CSC.
• Sempre que for possível diferir a realização de parte do capital subscrito a liberar necessariamente em
dinheiro – art. 26.º, n.ºs 2 e 3, o prazo máximo para o fazer é de 5 anos, a contar da celebração do contrato ou
da deliberação de aumento de capital – ver o art. 203.º, n.º 1 do CSC e o art. 285.º, n.º 1 do CSC.
• Quanto ao possível diferimento de parte das entradas em dinheiro, releva fazer-se uma ponderação dos
diversos tipos sociais.
O diferimento (adiamento) das entradas em
dinheiro: quanto às sociedades por quotas.
• Nas sociedades por quotas existe a possibilidade de realização até ao
fim do primeiro exercício económico da totalidade das entradas em
dinheiro que correspondam ao capital mínimo legal que é simbólico,
equivalendo a € 1,00 por casa sócio, podendo acima dessa quantia ser
diferidas todas as entradas em dinheiro, por um prazo máximo de 5
anos, a contar da celebração do contrato – ver os arts. 26.º, n.º 2, 199.º,
alínea b), 26.º, n.º 3 e 203.º, n.º 1 do CSC.
O diferimento (adiamento) das entradas em
dinheiro: quanto às sociedades anónimas.
• Nestas sociedades comerciais, pode haver diferimento do capital até 70% das
entradas em dinheiro correspondentes ao valor nominal ou ao valor de emissão das
ações, qualquer que seja a quantia do capital subscrito – ver os arts. 26.º, n.º 3 e
277.º, n.º 2 do CSC, pelo que a sociedade comercial pode constituir-se,
encontrando-se inicialmente realizado somente € 15.000,00 de capital social.
• Em termos contabilísticos, os elementos que constituem o património têm índole pecuniária, sendo
suscetíveis de avaliação em dinheiro e devendo, desta feita, exprimir-se numa mesma unidade
monetária. Estes valores serão classificados de acordo se correspondem aos bens que são da
titularidade da empresa ou a valores que representem créditos sobre terceiros, por um lado, ou
constituam dívidas da empresa, por outro lado, em duas rubricas diferenciadas: o ativo e o passivo,
de modo respetivo.
O capital social enquanto garantia dos credores.
• «Artigo 32.º do CSC
• Limite da distribuição de bens aos sócios»
• “1 - Sem prejuízo do preceituado quanto à redução do capital social, não podem ser
distribuídos aos sócios bens da sociedade quando o capital próprio desta, incluindo o
resultado líquido do exercício, tal como resulta das contas elaboradas e aprovadas nos
termos legais, seja inferior à soma do capital social e das reservas que a lei ou o contrato
não permitem distribuir aos sócios ou se tornasse inferior a esta soma em consequência da
distribuição.
• 2 - Os incrementos decorrentes da aplicação do justo valor através de componentes do
capital próprio, incluindo os da sua aplicação através do resultado líquido do exercício,
apenas relevam para poderem ser distribuídos aos sócios bens da sociedade, a que se
refere o número anterior, quando os elementos ou direitos que lhes deram origem sejam
alienados, exercidos, extintos, liquidados ou, também quando se verifique o seu uso, no
caso de ativos fixos tangíveis e intangíveis.
• 3 - Os rendimentos e outras variações patrimoniais positivas reconhecidos em
consequência da utilização do método da equivalência patrimonial, nos termos das
normas contabilísticas e de relato financeiro, apenas relevam para poderem ser
distribuídos aos sócios, nos termos a que se refere o n.º 1, quando sejam realizados”.
O capital social enquanto garantia dos credores.
• «Artigo 33.º do CSC
• (Lucros e reservas não distribuíveis)»
• “1 - Não podem ser distribuídos aos sócios os lucros do exercício que sejam
necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou reconstituir
reservas impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade.
• 2 - Não podem ser distribuídos aos sócios lucros do exercício enquanto as
despesas de constituição, de investigação e de desenvolvimento não
estiverem completamente amortizadas, excepto se o montante das reservas
livres e dos resultados transitados for, pelo menos, igual ao dessas despesas
não amortizadas.
• 3 - As reservas cuja existência e cujo montante não figuram expressamente
no balanço não podem ser utilizadas para distribuição aos sócios.
• 4 - Devem ser expressamente mencionadas na deliberação quais as reservas
distribuídas, no todo ou em parte, quer isoladamente quer juntamente com
lucros de exercício”.
Os tipos de reservas.
• Reservas legais obrigatórias ou especiais.
• Reservas estatutárias.
• Reservas livres: são as mais comuns.
• Reservas ocultas.
• Reservas de reavaliação.
As reservas são reguladas no CSC nos arts. 295.º e 296.º, ambos aplicáveis às sociedades por
quotas por remissão expressa do art. 218.º do CSC.
As reservas legais obrigatórias.
• «Artigo 295.º do CSC
• Reserva legal»
• “1 - Uma percentagem não inferior à 20.ª parte dos lucros da
sociedade é destinada à constituição da reserva legal e, sendo caso
disso, à sua reintegração, até que aquela represente a 5.ª parte do
capital social. No contrato de sociedade podem fixar-se percentagem e
montante mínimo mais elevados para a reserva legal”.
As reservas legais obrigatórias.
• Ora, constituída a reserva na sua totalidade, o respetivo montante pode ser,
parcial ou totalmente, reconduzido a um aumento de capital, devendo
depois ser refeita a reserva com referência à nova cifra do capital social
resultante dessa variação de capital.
• Tal menção releva, dado que existem ordenamentos que não permitem esta
solução e porque se contabilisticamente esta medida faz sentido, já pode ser
merecedora de críticas do ponto de vista jurídico, na medida em que se
estamos a pensar na tal garantia do capital social não parece ter lógica
integrá-la no capital, consumindo-a no capital e eliminando-a,
As reservas legais especiais.
• A previsão legal da criação de reserva especial para variados efeitos encontra-se no n.º 2 do art.
295.º do CSC que nos revela que:
• “2 - Ficam sujeitas ao regime da reserva legal as reservas constituídas pelos seguintes valores:
• a) Ágios obtidos na emissão de acções, obrigações com direito a subscrição de acções, ou obrigações
convertíveis em acções, em troca destas por acções e em entradas em espécie;
• b) Saldos positivos de reavaliações monetárias que forem consentidos por lei, na medida em que não forem
necessários para cobrir prejuízos já acusados no balanço;
• c) Importâncias correspondentes a bens obtidos a título gratuito, quando não lhes tenha sido imposto destino
diferente, bem como acessões e prémios que venham a ser atribuídos a títulos pertencentes à sociedade.
• (…)
• b) Tornar-se indisponível uma reserva de montante igual àquele por que elas estejam contabilizadas, que se aplica às quotas
próprias por remissão do n.º 4 do art. 220.º do CSC.
• «Artigo 220.º do CSC
• (Aquisição de quotas próprias)»
• “1 - A sociedade não pode adquirir quotas próprias não integralmente liberadas, salvo o caso de perda a favor da sociedade,
previsto no artigo 204.º
• 2 - As quotas próprias só podem ser adquiridas pela sociedade a título gratuito, ou em acção executiva movida contra o sócio,
ou se, para esse efeito, ela dispuser de reservas livres em montante não inferior ao dobro do contravalor a prestar.
• 3 - São nulas as aquisições de quotas próprias com infração do disposto neste artigo.
• 4 - É aplicável às quotas próprias o disposto no artigo 324.º”.
As reservas livres.
• Ver o n.º 1 do art. 31.º do CSC.
• As reservas livres são formadas por todos os lucros distribuíveis que não são
oportunamente, aquando da aplicação de resultados de cada exercício, concedidos
aos sócios, ou seja, a parte dos lucros do exercício que a sociedade não distribui
aos seus sócios e que não está afeta a um fim específico.
As reservas estatutárias.
• Quanto às reservas de reavaliação, estas são aquelas que resultam da reapreciação positiva
legalmente autorizada de bens sociais existentes e da necessária contabilização do valor
acrescido nessa espécie – contabilística.
O capital próprio e o justo valor = fair value.
• Noção de capital próprio da sociedade: é o que corresponde à situação líquida; ao património líquido societário que é
constituído exclusivamente à custa de bens de que a sociedade beneficie com cariz de estabilidade, incluindo os que são
necessários para cobrir o capital social acrescido das reservas legais obrigatórias e especiais acumuladas. Não são parte
integrante, desta feita, dos capitais próprios os suprimentos, que podem ser reembolsados à custa da situação líquida, ou
seja, à custa de bens necessários para cobrir a quantia do capital social e das reservas legais entretanto formadas. O capital
próprio da sociedade é o resultado da atividade social refletida no seu capital ou património de arranque.
• Noção de justo valor: é o que consiste numa técnica contabilística que permite às sociedades comerciais expressarem
muitas das rubricas dos seus balanços em valores de mercado, podendo, dessa maneira, refletir de forma permanente e
atualizada a sua performance real.
• Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp.
193-199.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual.
•A abreviatura utilizada é:
Unipessoal, Lda.
• Por fim, nos termos do disposto no art. 230.º do CCom., são também consideradas
comerciantes as pessoas que se propõem praticar uma atividade mercantil.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual: a capacidade e a
profissionalidade da prática do comércio.
• 2.º Aos que por lei ou disposições especiais não possam comerciar”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
«Art.º 17.º do CCom.
Condição do Estado e dos corpos e corporações administrativas»
• “O Estado, o distrito, o município e a paróquia não podem ser comerciantes,
mas podem, nos limites das suas atribuições, praticar atos de comércio, e
quanto a estes ficam sujeitos Às disposições deste Código.
• “1 - Os gerentes não podem, sem consentimento dos sócios, exercer, por conta própria ou alheia, atividade concorrente com a da sociedade.
• 2 - Entende-se como concorrente com a da sociedade qualquer atividade abrangida no objecto desta, desde que esteja a ser exercida por ela ou o seu
exercício tenha sido deliberado pelos sócios.
• 3 - No exercício por conta própria inclui-se a participação, por si ou por interposta pessoa, em sociedade que implique assunção de responsabilidade
ilimitada pelo gerente, bem como a participação de, pelo menos, 20% no capital ou nos lucros de sociedade em que ele assuma responsabilidade
limitada.
• 4 - O consentimento presume-se no caso de o exercício da atividade ser anterior à nomeação do gerente e conhecido de sócios que disponham da maioria
do capital, e bem assim quando, existindo tal conhecimento da actividade do gerente, este continuar a exercer as suas funções decorridos mais de 90 dias
depois de ter sido deliberada nova actividade da sociedade com a qual concorre a que vinha sendo exercida por ele.
• 5 - A infração do disposto no n.º 1, além de constituir justa causa de destituição, obriga o gerente a indemnizar a sociedade pelos prejuízos que esta
sofra.
• 6 - Os direitos da sociedade mencionados no número anterior prescrevem no prazo de 90 dias a contar do momento em que todos os sócios tenham
conhecimento da actividade exercida pelo gerente ou, em qualquer caso, no prazo de cinco anos contados do início dessa atividade”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual: afinal
o que é ou não permitido comercializar?
«Artigo 378.º do CSC
(Inclusão de assuntos na ordem do dia)»
• “1 - O acionista ou acionistas que satisfaçam as condições exigidas pelo artigo 375.º, n.º 2, podem requerer
que na ordem do dia de uma assembleia-geral já convocada ou a convocar sejam incluídos determinados
assuntos.
• 2 - O requerimento referido no número anterior deve ser dirigido, por escrito, ao presidente da mesa da
assembleia geral nos cinco dias seguintes à última publicação de convocatória respectiva.
• 3 - Os assuntos incluídos na ordem do dia por força do disposto nos números anteriores devem ser
comunicados aos acionistas pela mesma forma usada para a convocação até cinco dias ou dez dias antes da
data da assembleia, conforme se trate de carta registada ou de publicação.
• 4 - Não sendo satisfeito o requerimento, podem os interessados requerer judicialmente a convocação de nova
assembleia para deliberar sobre os assuntos mencionados, aplicando-se o disposto no artigo 375.º, n.º 7”.
Aula n.º 10: Parte II - O empresário individual:
afinal o que é ou não permitido comercializar?
• As proibições de comerciar não se tratam de incapacidades, essencialmente
por dois motivos:
• A consequência da infração não é a invalidade do ato de comércio;
• A incapacidade considera deficiências naturais do incapaz, sendo estruturada visando a sua
proteção.
• Os dois cônjuges são ambos comerciantes no caso em que administrem indistintamente a empresa comercial.
Neste circunstancialismo haverá que ponderar se não estamos perante uma verdadeira sociedade irregular, se
tal gestão for desempenhada intencional e conscientemente por ambos os cônjuges.
• No entendimento de Paulo Olavo Cunha: «Se um dos cônjuges se limitar à prática de (alguns) atos auxiliares
não cremos que o mesmo fique automaticamente qualificado como comerciante, uma vez que não atua
profissionalmente, não intervindo de forma habitual no exercício do comércio, e limitando-se a colaborar
pontualmente ou a ajudar o outro. Quando muito poderá ponderar-se a atribuição da qualidade de
“comerciante ocasional” e discutir os efeitos da mesma». Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 156.
• Para ser considerado/a comerciante é preciso assumir uma prática habitual de atos e contratos comerciais.
O regime da sucessão nas empresas comerciais singulares.
• Ora, tal qualificação ficará pendente da partilha que vier a ser feita, da atribuição
dos estabelecimentos existentes e da continuação da atividade comercial.
As situações de antecipação da sucessão.
• Alcançando uma determinada empresa comercial, ou conjunto de empresas comerciais,
uma determinada dimensão pergunta-se acerca da sucessão da sua titularidade, qualquer
que seja a forma que a mesma revista, ou seja, empresa individual em nome próprio,
sociedade unipessoal, sociedade familiar ou grupo de empresas dominado por uma única
pessoa. Trata-se, desta feita, de matéria que não respeita apenas a pessoas singulares.
• A 3.ª fase: aqui ocorre a avaliação patrimonial da empresa familiar, incluindo todos os
bens e participações.
• Na 4.ª fase: aqui deve ser feito um relatório acerca da informação obtida e os resultados
da avaliação feita, no qual se sintetize os contributos dados.
O protocolo familiar: as 8 fases.
• Na 5.ª fase: feito o balanço até aqui, os membros familiares estão aptos para realizar a primeira reunião, na
qual terão a possibilidade de já participar um ou dois consultores, com o finto de discutir e analisar o relatório
e preparar o calendário e atos seguintes.
• Na 6.ª fase: sempre que tal seja justificável devido à dimensão da empresa, procede-se à formação de equipas
técnico-jurídicas e de consultores financeiros e de gestão e inicia-se elaboração dos variados instrumentos e a
concretização dos atos pertinentes. Pode estar em causa a constituição de novas empresas – Sociedades
Gestoras de Participações Sociais (SGPS) ou outra entidade -, a reformulação da estrutura contratual existente
e a celebração de acordos parassociais e, ou, cooperativos e de contratos de opções e de futuros, que poderão
ser fundamentais para uma nitidez vindoura da titularidade da empresa, possibilitando aqueles que não
quiserem ficar vinculados à mesma retirarem-se com segurança adequada. Quando o protocolo familiar tem
por pretensão regular empresas familiares que envolvem várias sociedades, tem ainda que se ponderar a
introdução de novos modelos de funcionamento de órgãos sociais, ou seja, de reforço da gestão, de controlo,
de remunerações ou de natureza apenas consultiva, equacionar atos estruturais de relevo, como a fusão ou a
transformação de sociedades, porventura acompanhadas da dissolução e liquidação de empresas de cariz
supérfluo.
O protocolo familiar: as 8 fases.
• O órgão de gestão nas sociedades por quotas – ver o art. 259.º do CSC
• Apenas na sociedade anónima é obrigatória a fiscalização que, se pode processar por mais
do que uma via.
A orgânica societária.
• Nas sociedades por quotas o órgão de fiscalização é, via de regra, facultativo, podendo
assumir a configuração de fiscal único ou até de conselho fiscal, tornando-se obrigatório
em determinadas situações.
• Dos poderes, obrigações e competência dos membros do conselho fiscal – arts. 421.º, em
especial n.º 1, alíneas a), b) e d), 422.º, em especial n.ºs 1, alíneas a), b) e e), e 3, e 420.º,
em especial n.º 1, alíneas a), b) e g) retiramos a ideia principal da fiscalização interna da
sociedade: o controlo da atividade da administração e a faculdade de conhecer a formação
das respetivas decisões.
• Ver o art. 3.º do Código do Registo Comercial e os arts. 172.º e 173.º do CSC.
A orgânica societária.
• Quanto ao secretário da sociedade – nas sociedades abertas cotadas:
• Arts. 446.º-A a 446.º-F do CSC.
• Art. 446.º-B, n.º 1, alíneas e), f), h), i) e j) do CSC.
• Art. 446.º-B, n.º 1, alínea a) do CSC.
• Para Paulo Olavo Cunha, “(…) a este propósito, (…) as funções só devem ser
exercidas em assembleia geral na falta do secretário da mesa ou se este se encontrar a
dirigir os trabalhos, uma vez que, hierárquica e organicamente, o secretário da mesa
precede sobre o secretário da sociedade que, não sendo eleito pelos acionistas, mas
escolhido pela administração, deve secretariar todos os órgãos sociais colegiais,
coadjuvando os respetivos titulares no desempenho das suas funções”. Cfr. PAULO
OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 203.
A orgânica societária.
• Por fim, quanto aos órgãos sociais facultativos: aqui podemos
diferenciar os órgãos que se encontram legalmente previstos e que,
sendo obrigatórios em certas situações, se podem pontualmente
configurar como facultativos – exemplos do conselho fiscal ou fiscal
único e do secretário da sociedade, dos que podem ser
estatutariamente criados, sem referência legal, como os conselhos
consultivos que caraterizam a orgânica de certas sociedades.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima: os
divergentes modelos de governação societária.
• Ver o art. 272.º, alínea g) do CSC.
• Ver o art. 278.º, n.º 1 do CSC.
• A gestão e fiscalização da sociedade anónimas (S.A.) pode guiar-nos a um
de 3 modelos que passaremos a explicar:
• Conselho de administração e conselho fiscal, porventura com Revisor Oficial de Contas (ROC)
externo – modelo clássico.
• Conselho de administração, abarcando uma comissão de auditoria, e Revisor Oficial de Contas
– modelo anglo-saxónico; ou
• Conselho de administração executivo, conselho geral e de supervisão e Revisor Oficial de
Contas – modelo germânico.
A estrutura de gestão e fiscalização da sociedade anónima:
os divergentes modelos de governação societária.
• Quanto à dimensão, as pequenas sociedades anónimas terão maior inclinação para a
adoção do modelo clássico, porventura reduzido a administrador e fiscal únicos, não se
ajustando com facilidade aos modelos anglo-saxónico e germânico que implicam órgãos
de controlo de composição necessariamente plural, mínima de 3 e 2 membros,
respetivamente;
• Quando a sociedade atinge uma dimensão particularmente importante, tem as suas participações admitidas à
cotação em mercados externos e conta com a participação relevante de acionistas estrangeiros, o modelo de
governação anglo-saxónica é, eventualmente, aquele que melhor compatibiliza a estrutura da administração e
fiscalização da sociedade com as exigências desses mercados e desses acionistas. Trata-se aqui de um modelo
especialmente direcionado para sociedades cotadas em mercados regulamentados. Vd, PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 205 e nota 348.
O modelo clássico.
• É comum à grande maioria das sociedades anónimas nacionais.
• Este modelo pode, desde o ano de 2006, envolver uma configuração simples ( que
é mais comum) ou mais complexa.
O modelo clássico.
• Ver o art. 278.º, n.º 1, al. a) do CSC.
• Estrutura complexa: ver o art. 413.º, n.º 2, al. a) do CSC + o seu n.º
1, al. b).
• A designação atribuída aos seus membros é a de administradores, sendo que tratando-se de pessoas coletivas, existe a
obrigatoriedade de designação de uma pessoa singular para desempenhar as funções – ver o art. 425.º, n.º 8 e o art. 390.º,
n.º 4 do CSC.
• Uma comissão de auditoria – arts. 278.º, n.º 1, al. a) e 423.º, n.ºs 2 e 3 do CSC, e ainda art.
423.º-F do CSC.
ROC: art. 446.º e alíneas c), d), e) e f) do n.º 1 do art. 420.º do CSC.
O modelo anglo-saxónico.
• No modelo anglo-saxónico revelam:
• O art. 423.º-B, n.º 1 do CSC.
• b) Cooptação de administradores;
• “1 - A não ser que o contrato de sociedade o proíba, pode o conselho encarregar especialmente algum ou
alguns administradores de se ocuparem de certas matérias de administração.
• 2 - O encargo especial referido no número anterior não pode abranger as matérias previstas nas alíneas a) a m)
do artigo 406.º e não exclui a competência normal dos outros administradores ou do conselho nem a
responsabilidade daqueles, nos termos da lei.
• 4 - A deliberação do conselho deve fixar os limites da delegação, na qual não podem ser incluídas as
matérias previstas nas alíneas a) a d), f), l) e m) do artigo 406.º e, no caso de criar uma comissão, deve
estabelecer a composição e o modo de funcionamento desta”.
“5 - Em caso de delegação, o conselho de administração ou os membros da comissão executiva devem designar
um presidente da comissão executiva.
6 - O presidente da comissão executiva deve:
a) Assegurar que seja prestada toda a informação aos demais membros do conselho de administração relativamente
à actividade e às deliberações da comissão executiva;
b) Assegurar o cumprimento dos limites da delegação, da estratégia da sociedade e dos deveres de colaboração
perante o presidente do conselho de administração.
7 - Ao presidente da comissão executiva é aplicável, com as devidas adaptações, o disposto no n.º 3 do artigo 395.º
8 - A delegação prevista nos n.ºs 3 e 4 não exclui a competência do conselho para tomar resoluções sobre os
mesmos assuntos; os outros administradores são responsáveis, nos termos da lei, pela vigilância geral da
atuação do administrador ou administradores-delegados ou da comissão executiva e, bem assim, pelos
prejuízos causados por atos ou omissões destes, quando, tendo conhecimento de tais atos ou omissões ou do
propósito de os praticar, não provoquem a intervenção do conselho para tomar as medidas adequadas”.
O conselho de administração e a sua competência.
A comissão executiva e o administrador delegado.
• «CAPÍTULO V
• Deliberações dos acionistas
• Artigo 373.º do CSC
• (Forma e âmbito das deliberações)»
• 2 - Os acionistas deliberam sobre as matérias que lhes são especialmente atribuídas pela lei ou pelo
contrato e sobre as que não estejam compreendidas nas atribuições de outros órgãos da sociedade.
• 1 - O contrato de sociedade pode estabelecer que, para um número de administradores não excedente a um terço do órgão,
se proceda a eleição isolada, entre pessoas propostas em listas subscritas por grupos de acionistas, contando que nenhum
desses grupos possua acções representativas de mais de 20% e de menos de 10% do capital social.
• 2 - Cada lista referida no número anterior deve propor pelo menos duas pessoas elegíveis por cada um dos cargos a
preencher.
• 4 - Se numa eleição isolada forem apresentadas listas por mais de um grupo, a votação incide sobre o conjunto dessas listas.
• 5 - A assembleia geral não pode proceder à eleição de outros administradores enquanto não tiver sido eleito, de harmonia
com o n.º 1 deste artigo, o número de administradores para o efeito fixado no contrato, salvo se não forem apresentadas as
referidas listas.
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• «Artigo 392.º do CSC
• Regras especiais de eleição»
• “6 - O contrato de sociedade pode ainda estabelecer que uma minoria de acionistas que tenha votado contra a
proposta que fez vencimento na eleição dos administradores tem o direito de designar, pelo menos, um
administrador, contanto que essa minoria represente, pelo menos, 10% do capital social.
• 7 - Nos sistemas previstos nos números anteriores, a eleição é feita entre os acionistas que tenham votado contra a
proposta que fez vencimento na eleição dos administradores, na mesma assembleia, e os administradores assim
eleitos substituem automaticamente as pessoas menos votadas da lista vencedora ou, em caso de igualdade de votos,
aquela que figurar em último lugar na mesma lista.
• 8 - Nas sociedades com subscrição pública, ou concessionárias do Estado ou de entidade a este equiparada por lei, é
obrigatória a inclusão no contrato de algum dos sistemas previstos neste artigo; sendo o contrato omisso, aplica-se o
disposto nos precedentes n.ºs 6 e 7”.
• (…)
A corporate governance: a governação da
sociedade anónima aberta.
• A soft law: neste aspeto, o sistema de governação das sociedades carateriza-se por muitas regras que se
reconduzem à denominada soft law, correspondente à autorregulação que as sociedades anónimas se propõem
observar na procura do simples reconhecimento social e, consequente, afirmação no mercado. É nesse
contexto, de natureza mista de normas injuntivas e voluntárias na adoção de novas condutas, que nos situamos
atualmente.
• Cfr, e para maiores desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., pp. 220-221.
A ética, sustentabilidade e responsabilidade governativas.
• Para Paulo Olavo Cunha, a solução deverá ser encontrada nos quadros do Direito Civil,
em matéria de representação sem poderes – vd, o art. 268.º do CC e PAULO OLAVO
CUNHA, ob. cit., p. 223.
• Quanto à responsabilidade civil, a lei societária não institui um regime especial aplicável
ao administradores de facto.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.
• Posto isto, nas sociedades por quotas o órgão de administração a quem compete a gestão
dos negócios sociais e a representação da sociedade perante terceiros denomina-se por
gerência e os respetivos membros são os gerentes. A lei não configura a gerência como
um órgão social com regras próprias de funcionamento, ao contrário do que ocorre com a
administração das sociedades anónimas.
Aula n.º 12: A administração da sociedade por quotas.
• O CSC apenas consagra:
• - Mas, a lei não impede que o contrato de sociedade por quotas configure a gerência como um
órgão análogo ao conselho de ad ministração.
• A gerência:
• “(…)
• 2 - Se o contrato social não dispuser diversamente, compete também aos sócios deliberar
sobre:
• a) A designação de gerentes;
• Ora, o devedor deve requerer a declaração de insolvência quando tenha conhecimento, há mais de
60 dias, de que a empresa se encontra em situação de insolvência – art. 18.º, n.º 1 do CIRE. Assim,
a lei faculta alguns critérios que constituem fatores indiciadores da insolvência – art. 20.º, n.º 1 do
CIRE.
• “1 - Os administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que somente de facto, funções de administração ou
gestão em pessoas coletivas e entes fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a estas e solidariamente
entre si:
• a) Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou
entrega tenha terminado depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua que o património da pessoa colectiva ou ente
fiscalmente equiparado se tornou insuficiente para a sua satisfação;
• b) Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do exercício do seu cargo, quando não provem
que não lhes foi imputável a falta de pagamento.
• 2 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos membros dos órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas nas
pessoas colectivas em que os houver, desde que se demonstre que a violação dos deveres tributários destas resultou do
incumprimento das suas funções de fiscalização.
• 3 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos técnicos oficiais de contas desde que se demonstre a violação dos deveres
de assunção de responsabilidade pela regularização técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de declarações fiscais,
demonstrações financeiras e seus anexos”.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 23.º da Lei Geral Tributária
• Responsabilidade tributária subsidiária»
• 2 - A reversão contra o responsável subsidiário depende da fundada insuficiência dos bens penhoráveis do
devedor principal e dos responsáveis solidários, sem prejuízo do benefício da excussão.
• 3 - Caso, no momento da reversão, não seja possível determinar a suficiência dos bens penhorados por não
estar definido com precisão o montante a pagar pelo responsável subsidiário, o processo de execução fiscal
fica suspenso desde o termo do prazo de oposição até à completa excussão do património do executado, sem
prejuízo da possibilidade de adopção das medidas cautelares adequadas nos termos da lei.
• 4 - A reversão, mesmo nos casos de presunção legal de culpa, é precedida de audição do responsável
subsidiário nos termos da presente lei e da declaração fundamentada dos seus pressupostos e extensão, a
incluir na citação”.
A responsabilidade dos gestores.
• «Artigo 23.º da Lei Geral Tributária
• Responsabilidade tributária subsidiária»
• “5 - O responsável subsidiário fica isento de custas e de juros de mora liquidados no processo de
execução fiscal se, citado para cumprir a dívida constante do título executivo, efetuar o respetivo
pagamento no prazo de oposição.
• 7 - O dever de reversão previsto no n.º 3 deste artigo é extensível às situações em que seja
solicitada a avocação de processos referida no n.º 2 do artigo 181.º do CPPT, só se procedendo ao
envio dos mesmos a tribunal após despacho do órgão da execução fiscal, sem prejuízo da adopção
das medidas cautelares aplicáveis”.
A responsabilidade dos gestores.
• Ora, são relevam assim os arts. 509.º a 528.º do CSC e também os arts.
378.º e 379.º ambos do CVM, que por sua vez concernem aos
denominados “crimes de bolsa”.
As formas organizativas das empresas plurissocietárias.
• Grupos de sociedades.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.
• Ora, a legislação das SGPS admite que uma SGPS seja detentora de
participações ocasionais e, ou, inferiores a 10% do capital . Com voto – da
sociedade participada sempre que:
• i) tais participações não ultrapassem 30% do valor total das participações iguais ou
superiores a 10% do capital social – com voto -, das participadas, estando abarcadas nos
investimentos financeiros constantes do último balanço aprovado;
• ii) a participação tenha sido adquirida, pelo menos, pelo valor de € 4.987.978,97;
• iii) tais participações tenham sido adquiridas por efeito de fusão ou cisão da sociedade
participada;
• iv) tal participação aconteça em sociedade em relação de subordinação – contratualmente
titulada – com a Sociedade Gestora de Participação Social.
As SGPS – Sociedades Gestoras de Participações Sociais.
• iii) Subordinação – art. 493.º do CSC, onde, não sendo preciso existir
domínio, se subjuga a gestão a outra sociedade comercial, quer seja
dominante ou não dominante.
Os grupos de sociedades.
• Estão também coligadas estas sociedades em relação de participação:
• i) Sociedades em relação de simples participação previstas no art. 483.º do CSC, sempre
que uma delas detenha 10%, ou mais, do capital social da outra, não estando coligada de
outra forma.
• ii) Sociedades em relação de participações recíprocas previstas no art. 485.º do CSC, se
surgir o cruzamento de participações sociais a 10%, ou mais. Existe a possibilidade desta
circunstância coexistir com uma relação de domínio ou de grupo, nos termos previstos no
n.º 4 do art. 485.º do CSC.
• iii) Sociedades em relação de domínio simples, nos termos do art. 486.º do CSC, que se
verifica nas situações em que uma delas, isto é, a dominante, desempenha, direta ou
indiretamente, uma influência determinante sobre a outra ou outras. O n.º 2 do art. 486.º
do CSC determina uma presunção de domínio.
AS SGPS vs grupo de sociedades.
• SGPS: são as que têm por objeto exclusivamente a gestão de participações sociais
de outras sociedades enquanto forma indireta de exercício de atividades
económicas.
• Sociedades em relação de grupo: são as que têm por objeto uma atividade
económica direta, exercendo uma atividade comercial, sem prejuízo de poderem
deter participações sociais estranhas.
• Cfr, e para mais desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 235.
Os grupos de sociedades em sentido jurídico e em
sentido económico.
• Para estarmos perante, técnica e juridicamente falando, de grupo de sociedades
teremos de estar perante uma relação de participação interssocietária, porventura
recíproca, em que, pelo menos, uma das sociedades envolvidas participa de modo
relevante no capital de outra sociedade.
• No caso de duas ou mais sociedades serem detidas pelos mesmos acionistas tal
circunstancialismo corresponde ao de um grupo de facto, porque determinado
pelas mesmas vontades, mas não se enquadra nas sociedades ditas coligadas,
plasmadas no CSC, em que no mínimo deverá existir um contrato de subordinação
da atividade de uma sociedade a outra sociedade.
• Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 235.
As sociedades transnacionais.
• Atualmente podem-se constituir sociedades que ultrapassem as
fronteiras de Portugal e que tenham ligações com mais de um
ordenamento jurídico.
• O seu capital social - que aliás, tem por mínimo o valor de € 120 000, nos termos do art. 4.º, n.º 2
do Regulamento (CE) n.º 2157/2001, do Conselho, de 8 de outubro, aplicável em Portugal desde 8
de outubro de 2004 -, está dividido em ações, como em qualquer sociedade nacional com
semelhante cariz, e os seus acionistas têm a sua responsabilidade limitada ao capital que
subscrevem. A firma deste tipo de sociedade multinacional tem de iniciar-se ou concluir-se com a
sigla «S.E.» - ver o art. 11.º, n.º 1 do RegSE).
• Porém, a lei não determina qualquer limitação à natureza dos intervenientes, que
não têm de ser comerciantes.
• Desta feita, esta entidade é um sujeito do Mercado e não somente de Direito
Comercial.
• Este ACE propõe-se uma atividade complementar, que não seja diretamente
lucrativa, embora possa ter por finalidade acessória a realização e a partilha de
lucros, desde que esta seja autorizada pelo contrato constitutivo; e tem por função
a promoção da investigação, da formação profissional, da publicidade e do
controlo de qualidade.
Aula n.º 13: Parte I: Os Agrupamentos Europeus de Interesse Económico.
• Quanto ao Agrupamento Europeu de Interesse Económico – AEIE – instituído pelo
Regulamento (CEE) n.º 2137/85 do Conselho, de 25 de julho de 1985, diretamente aplicável na
ordem jurídica portuguesa, para iniciar a vigência a partir de julho de 1989, e regulado pelo DL n.º
148/90, de 9 de maio, é também um ente auxiliar de outras pessoas jurídicas que agrega com o
objetivo de promover a atividade económica dos seus membros no mercado europeu (comunitário),
inclusivamente no que concerne à prestação de serviços. Tratando-se de um ente comunitário, deve
integrar membros provenientes de, pelo menos, 2 Estados-Membros da União Europeia.
• O seu objeto é acessório do prosseguido pelos seus membros, que segundo o art. 4.º, n.º 1 do
Regulamento, podem ser sociedades ou outras entidades jurídicas – públicas ou privadas, coletivas
ou singulares -, cuja atividade não pode dirigir.
• São reguladas pelo Código Cooperativo, aprovado pela Lei n.º 119/2015, de
31 de agosto, que entrou em vigor em 30 de setembro de 2015 – art. 122.º,
n.º 2, o qual, substituindo o Código Cooperativo de 1996, entre outros
aspetos, introduziu nas cooperativas as 3 estruturas de governação das
sociedades anónimas – arts. 45.º a 70.º. A esta lei junta-se legislação
complementar criada para tipos específicos de cooperativas.
• 189.º.
• O regime legal que carateriza as fundações e o controlo externo que sobre as mesmas
incide não se nos afigura compatível com a sua generalização na vida mercantil que exige
agilidade na tomada e implementação de decisões empresariais.
• Posto isto, é necessário referir que alguns agentes económicos, com o fim fundamental de
obter vantagens de cariz fiscal, têm recorrido à organização da respetiva atividade sob a
forma de fundações, a qual, é manifestamente inadequada à prossecução de finalidades
comerciais na sua generalidade e lucrativas em particular.
As fundações.
• Tais fundações têm sido utilizadas com o assentimento Estadual, a quem cabe fiscalizar a prática
da atividade destas pessoas coletivas e garantir que o seu escopo é essencialmente altruísta, sem
prejuízo de acessoriamente poderem prosseguir atividades comerciais de forma instrumental à
concretização do seu objeto. Mas, o recurso a esta espécie de pessoas coletiva para a concretização
de finalidades egoísticas traduz uma contradição in natura.
• Mas, atenção! Nada impede que as próprias empresas comerciais e grupos económicos recorram a
esta figura, isto é, a este tipo de pessoa coletiva, para organizar acessoriamente as suas atividades
de cariz altruístico, de cariz puramente social ou cultural. Desta feita, de entre as várias fundações
de Direito Privado, podemos evidenciar as Fundações de Empresa, de que constituem exemplos as
Fundações da PT – Fundação Portugal Telecom, do BCP – Fundação Millennium bcp e da
Jerónimo Martins – Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Os consumidores: breve abordagem.
• Todos nós somos consumidores na qualidade de destinatários dos bens e serviços.
• Como agentes económicos que são os consumidores são merecedores e detentores de tutela legal.
• Ora, tal tutela processa-se em mais de que um plano, desde as regras que disciplinam as condições
de produção e comercialização de bens e serviços – impondo que estes fenómenos se processem
com respeito pelo ambiente, nomeadamente em condições cada vez mais adversas, e protegendo
reflexamente os seus últimos destinatários, até às que pretendam tutelar diretamente o consumidor
na perspetiva do bem que lhe é facultado e nas qualidades intrínsecas que o mesmo deve ter as
quais têm de ser respeitadas na publicidade que lhe for feita, passando por todas as regras em que
os interesses do consumidor são protegidos pela legislação que disciplina e tutela a concorrência no
mercado e sanciona a concorrência desleal.
Legislação protetora dos consumidores.
• Diplomas de caráter geral:
• Diploma que recai sobre as normas de segurança geral dos produtos e serviços colocados na mercado
(europeu) – DL n.º 69/2005, de 7 de março, na redação do Decreto Regulamentar n.º 38/2012, de 10 de abril –
ver em especial os arts. 1.º e 4.º a 6.º;
• Diploma que recai sobre a rotulagem, apresentação e publicidade dos géneros alimentícios destinados ao
consumidor final – DL n.º 560/99, de 18 de dezembro, na redação do DL n.º 156/2008, de 7 de agosto;
• Diploma que recai sobre as informações em língua portuguesa concernentes à natureza, caraterísticas e
garantias de bens ou serviços disponibilizados em Portugal – DL n.º 238/86, de 19 de agosto, na redação do
DL n.º 42/88, de 6 de fevereiro;
Legislação protetora dos consumidores: continuação.
• Diplomas específicos: (cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 244 e notas lá citadas).
• Diploma que recai sobre a proibição da discriminação em função do sexo do acesso a bens ou
serviços – Lei n.º 14/2008, de 12 de março, na redação da Lei n.º 9/2015, de 11 de fevereiro;
• Diploma que recai sobre o regime aplicável às práticas comerciais desleais das empresas nas
relações com os consumidores – DL n.º 57/2008, de 26 de março, na redação do DL n.º
205/2015, de 23 de setembro;
• Diploma que recai sobre a redução de preço nas vendas a retalho – DL n.º 70/2007, de 26 de
março, na redação do DL n.º 10/2015, de 16 de fevereiro;
• Diploma que recai sobre a afixação do preço dos bens para venda a retalho – DL n.º 138/90, de
26 de abril, na redação do DL n.º 162/99, de 13 de maio;
• “1 - Considera-se consumidor todo aquele a quem sejam fornecidos bens, prestados serviços ou
transmitidos quaisquer direitos, destinados a uso não profissional, por pessoa que exerça com
caráter profissional uma atividade económica que vise a obtenção de benefícios”.
• f) À prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da ofensa de interesses ou direitos
individuais homogéneos, coletivos ou difusos; + arts. 10.º a 13.º.
• h) À participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses. + art. 15.º.”
• NOTA: também existe legislação avulsa, por exemplo: o diploma legal sobre as garantias inerentes à venda de
bens de consumo previsto no DL n.º 67/2003, de 8 de abril – ver especialmente os arts. 5.º e 9.º deste diploma
legal.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• Surgiu no ordenamento jurídico nacional a necessidade de disciplinar os contratos que são
celebrados com recurso a mecanismos de adesão em que uma das partes se limita a dar o
seu consentimento às regras que, pela outra parte, lhe são apresentadas para enquadrar
especificamente a relação jurídica que pretendem concluir, sem hipótese de discussão.
Para o efeito, elaborou-se a legislação das Cláusulas Contratuais Gerais - DL n.º 446/85,
de 25 de Outubro.
• Tendo em conta tudo o exposto até então, é em relação aos contratos comerciais
que se faz sentir, com mais premência, a necessidade regulatória aplicável a todos
os atos que se destinam à mesma categoria negocial, evitando-se atrasos causados
pela discussão das cláusulas mais adequadas à disciplina do negócio a que se
referir.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• A lei das cláusulas contratuais gerais tem por finalidade disciplinar a utilização desta
técnica negocial, garantindo uma comunicação e informação efetivas – arts. 5.º e 6.º e
impedindo que as cláusulas gerais prevaleçam sobre as regras particulares ou que sejam
aplicáveis normas de que os contratantes não se tivessem inteirado de modo adequado –
arts. 7.º e 8,º, al. c).
• Porém, nas palavras de Paulo Olavo Cunha: “ Mas a essência da lei, que distingue as
relações entre agentes económicos (empresários) e consumidores (finais) (cfr. arts. 20.º e
segs. da LCCG) ou apenas entre profissionais ou empresários (cfr. arts. 15.º e segs.) – em
que se verifica um maior equilíbrio contratual -, encontra-se na proibição de certas
cláusulas que, se forem utilizadas, serão nulas (cfr. art, 12.º), sem prejuízo do maior
aproveitamento possível do negócio celebrado com tais cláusulas (cfr. arts. 13.º, n.ºs 1 e 2,
e 14.º)”. Cfr. PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 248.
As cláusulas contratuais gerais: legislação aplicável.
• Exceção à regra: em certas situações é possível que uma dada firma deixe de corresponder ao desempenho
de uma atividade prosseguida por um sujeito. Tal fenómeno diz respeito, designadamente, às situações de
transmissão. A lei portuguesa pode considerar especialmente relevante a transmissão de um estabelecimento
comercial e associar, nesse caso, a transmissão da firma da entidade que é titular desse estabelecimento.
Porém, pode acontecer que haja conveniência em preservar uma firma-nome, pela relevância deste, e mantê-la
mesmo quando o titular do nome deixou de ser sócio, por ter falecido ou transmitido a sua participação. Na
primeira situação, poderão os herdeiros continuar a atividade societária sob a firma composta pelo nome do
seu sucessível ou autorizar a utilização desse nome; na segunda situação, deverá o cedente ou transmitente da
participação social, cujo nome figura na firma da sociedade, autorizar expressamente a continuação da
utilização de tal nome – art. 44.º, n.ºs 1 e 2 do DL n.º 129/98, de 13 de maio.
• Nota: a autorização para a utilização do nome do sócio na firma de sociedade que este deixou de
integrar importa relevantes limites vindouras à utilização pelo sócio, na atividade comercial, do seu
próprio nome.
A firma da empresa comercial: o princípio da exclusividade.
• A palavra “limitada” ou a abreviatura “Lda”, aposta após o nome social, corresponde a uma sociedade por
quotas – art. 200.º, n.º 1 do CSC.
Todavia, nas sociedades em comandita é aditada a referência “em comandita” ou “& comandita”, ou
“em comandita por ações” ou “& comandita por ações” – art. 467.º, n.º 1 do CSC.
Quanto à sociedade em nome coletivo, ou acontece uma junção de nomes reveladora de estarmos
perante uma sociedade ou a firma resulta do acréscimo ao nome de um dos sócios ou de vários de expressões
que signifiquem pluralidade, tais como “& Cia” ou “& Outro” – art. 177.º, n.º 1 do CSC.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• No que à escrituração mercantil respeita, nos termos dos arts. 29.º e 30.º, ambos do CCom, o
empresário comercial é obrigado a ter escrituração mercantil, podendo organizar a mesma como
bem lhe aprouver e escolher o respetivo suporte físico.
• Livros obrigatórios»
• 2 - Os livros de atas podem ser constituídos por folhas soltas numeradas sequencialmente e
rubricadas pela administração ou pelos membros do órgão social a que respeitam ou, quando
existam, pelo secretário da sociedade ou pelo presidente da mesa da assembleia geral da sociedade,
que lavram, igualmente, os termos de abertura e de encerramento, devendo as folhas soltas ser
encadernadas depois de utilizadas”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• (…)
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Art.º 44.º do CCom
• Força probatória da escrituração»
• Aplicação no tempo»
• 2 - O artigo 21.º e as normas respeitantes à prática de atos de registo pela Internet produzem efeitos
desde o dia 21 de Dezembro de 2006”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Artigo 2.º
• Âmbito de aplicação do DL n.º 8/2007, de 17 de janeiro»
• a) A entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal prevista no n.º 1 do artigo 113.º do Código do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS), quando respeite a pessoas singulares titulares de estabelecimentos individuais de
responsabilidade limitada;
• b) A entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 117.º do Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas;
• d) A prestação de informação de natureza estatística ao Instituto Nacional de Estatística (INE), nos termos previstos na Lei do
Sistema Estatístico Nacional e em outras normas, designadamente emanadas de instituições da União Europeia;
• e) A prestação de informação relativa a dados contabilísticos anuais para fins estatísticos ao Banco de Portugal, de acordo com
o estabelecido na respetiva lei orgânica, incluindo a que decorre da participação do Banco de Portugal no Sistema Europeu de
Bancos Centrais”.
A escrituração mercantil e a prestação de contas.
• «Artigo 40.º do CCom
• No atual CPC , a arresto – que é um procedimento cautelar – é regulado pelos arts. 391.º a
396.º do CPC e subsidiariamente pelas disposições concernentes à penhora – art. 391.º, n.º
2 do CPC, mantendo-se intocável o regime que constava do CPC de 1961, na sua última
redação, nomeadamente dos arts. 406.º a 411.º do CPC, com exceção da epígrafe desta
última disposição legal.
• Assim, e para mais desenvolvimentos, vd, PAULO OLAVO CUNHA, ob. cit., p. 260.
A relevância do arresto preventivo.
• «SECÇÃO V
• Arresto
• Artigo 391.º (art.º 406.º CPC 1961) do CPC
• Fundamentos»
• “1 - O credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito
pode requerer o arresto de bens do devedor.
• O PER encontra-se previsto no CIRE nos artigos 17.º-A a 17.º-J, tendo sido
estes artigos introduzidos no CIRE pela Lei n.º 16/2012, de 20 de Abril.
• Visando evitar o alarido social que pode resultar do conhecimento de uma situação económica
difícil, o devedor que “enfrentar dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações,
designadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito” nos moldes do
disposto no art, 17.º-B do CIRE, ou se encontrar em situação de insolvência meramente iminente,
mas suscetível de recuperação, nos termos do n.º 1 do art. 17.º-A do CIRE, poderá procurar obter,
de um ou mais dos seus credores, o acordo para desencadear nos junto do tribunal competente o
PER da sua empresa comercial, pelo qual venha a negociar com os seus credores uma solução que
conduza à recuperação da empresa comercial.
Artigo 3.º do CIRE: Situação de insolvência.
“1 - É considerado em situação de insolvência o devedor que se encontre impossibilitado de
cumprir as suas obrigações vencidas. – Ver o n.º 1 do art. 18.º do CIRE!
• 2 - As pessoas coletivas e os patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa singular
responda pessoal e ilimitadamente, por forma direta ou indireta, são também considerados
insolventes quando o seu passivo seja manifestamente superior ao ativo, avaliados segundo as
normas contabilísticas aplicáveis.
• 3 - Cessa o disposto no número anterior quando o ativo seja superior ao passivo, avaliados em
conformidade com as seguintes regras:
a) Consideram-se no ativo e no passivo os elementos identificáveis, mesmo que
não constantes do balanço, pelo seu justo valor;
b) Quando o devedor seja titular de uma empresa, a valorização baseia-se numa
perspetiva de continuidade ou de liquidação, consoante o que se afigure mais provável, mas em
qualquer caso com exclusão da rubrica de trespasse;
c) Não se incluem no passivo dívidas que apenas hajam de ser pagas à custa de
fundos distribuíveis ou do ativo restante depois de satisfeitos ou acautelados os direitos dos demais
credores do devedor.
• 4 - Equipara-se à situação de insolvência atual a que seja meramente iminente, no caso de
apresentação pelo devedor à insolvência”.
O RERE: breve apontamento.
• O RERE – Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas - originado
pela Lei n.º 8/2018, “regula os termos e os efeitos das negociações e do
acordo de reestruturação que seja alcançado entre um devedor e um ou mais
dos seus credores, na medida em que os participantes manifestem, expressa
e unanimemente, a vontade de submeter as negociações ou o acordo de
reestruturação ao regime previsto na presente lei”. Art. 2.º, n.º 1 do RERE.
• Para um desenvolvimento da matéria acerca do RERE, ver COUTINHO DE
ABREU, ob. cit., pp. 356-360.
A insolvência propriamente dita!
«Artigo 2.º do CIRE
Sujeitos passivos da declaração de insolvência»
«Artigo 3.º
Situação de insolvência»
(…)
“4. Equipara-se à situação de insolvência actual a que seja meramente iminente, no caso de
apresentação pelo devedor à insolvência”.
O dever de apresentação à insolvência: arts. 3.º, n.º 4 do CIRE, 18.º do CIRE, 19.º do
CIRE, 20.º, n.º 1 do CIRE, 186.º, n.º 3, al. a) do CIRE e 186.º, n.º 1 do CIRE.
«Artigo 19.º
A quem compete o pedido»
• “Não sendo o devedor uma pessoa singular capaz, a iniciativa da
apresentação à insolvência cabe ao órgão social incumbido da sua
administração, ou, se não for o caso, a qualquer um dos seus
administradores”.
A insolvência a requerimento de terceiros: o
n.º 1 do art. 20.º do CIRE!
• Os credores (terceiros) podem requerer a insolvência do seu devedor,
sempre que o devedor não satisfaça de forma pontual as suas dívidas e não
tenha capacidade para o vir a fazer, substituindo-se ou concorrendo com o
devedor, a quem competia apresentar-se à insolvência.
• A insolvência pode ainda ser requerida por quem for legalmente responsável
pelo pagamento das dívidas do devedor, ou seja, por um seu representante,
ou pelo Ministério Público – n.º 1 do art. 20.º do CIRE.
Aula n.º 14: as fases do processo de insolvência.
• Fases do processo de insolvência
• Pedido de declaração de insolvência (artigo 18º a 26º do CIRE);
• Apreciação limiar e medidas cautelares (artigos 27º a 34º do CIRE);
• Audiência de discussão e julgamento (artigos 35º do CIRE);
• Sentença de declaração de insolvência e impugnação (artigos 36º a 43º do CIRE);
• Apreensão de bens (artigos 149º a 152º do CIRE);
• Assembleia de credores de apreciação do relatório de credores (artigos 72º a 80º e 153º a
155º do CIRE);
• Reclamação para verificação de créditos, impugnação e sentença de verificação de
créditos (artigos 128º a 140º do CIRE); Verificação ulterior (artigos 146º a 148º do
CIRE);
• Liquidação e pagamento (artigos 156º a 184º do CIRE);
• Incidentes de qualificação de insolvência (artigos 185º a 191º do CIRE);
• Plano de insolvência (artigos 192º a 222º do CIRE);
• Encerramento do processo (artigos 230º a 234º do CIRE).
O plano de insolvência:
• O devedor dispõe de uma alternativa para evitar a cessação/extinção da sua
atividade económica, buscando reestruturar a sua atividade de maneira a
torná-la viável, se preciso for à custa do perdão parcial das suas dívidas.
• No processo de insolvência da empresa comercial, após a respetiva
declaração de insolvência, há a possibilidade de projetar e fazer aprovar um
plano denominado de plano de insolvência que vise atingir a viabilização da
empresa insolvente, possibilitando em simultâneo que os credores
recuperem a prazo parte, ou até mesmo a totalidade, dos seus créditos.
O plano de insolvência:
A Docente de Direito,
Patrícia Pinto Alves