Você está na página 1de 24

Licenciatura em Ciências Empresariais

Análise Financeira

Fontes de capital

Introdução
As fontes de capital fornecem os recursos financeiros que possibilitam
o funcionamento das empresas, existindo diversos instrumentos de
financiamento, os quais podem segmentar-se em:

 Principais instrumentos de financiamento a curto prazo:


Desconto de papel comercial (letras);
Desconto de documentos de exportação;
Desconto de livranças;
Contas correntes caucionadas;
Descoberto autorizado em depósitos à ordem (over draft);
Cartões de crédito;
Factoring.

1
Introdução

 Instrumentos de financiamento a longo prazo:


Capitais próprios:

• Capital inicial, reforços e resultados;


• Capital de risco (Private Equity Market).

 Empréstimos bancários;
 Locação financeira (leasing)
 Empréstimos obrigacionistas.

Para cada um dos instrumentos de financiamento importa conhecer o


custo efetivo do financiamento (taxa real anual = i’), bem como a taxa
anual efetiva global (TAEG), e não só a taxa de juro nominal.

Introdução

Taxa real anual: C = A + (A x n x i’), em que:


C = capital do financiamento
A = influxo recebido
n = período do financiamento
i’ = taxa real anual

TAEG: , em que

S = saldo dos fluxos atuais


Ak = fluxo do período K
x = TAEG
tk = intervalo de tempo expresso em anos e frações de anos, entre a data da
primeira utilização e a data de cada utilização sucessiva, com t1 = 0

2
Desconto de letras

A letra é um título de crédito, onde o sacador (emitente) ordena ao


sacado o pagamento de uma quantia (valor nominal), a si ou a outra
pessoa (tomador), numa determinada data (vencimento).

Isto é, através da letra uma dada entidade aceita liquidar um


determinado valor, numa certa data, a outra entidade. Valor este,
relativo à aquisição de algo que a última vendeu.

Assim, dado que a data de emissão da letra não coincide com o seu
vencimento, este título não será mais do que um documento de
garantia de liquidação futura duma operação comercial. Tal
característica, permite ao sacador, em função das suas necessidades
financeiras correntes, adotar uma de duas posturas:
5

Desconto de letras

 Ficar com a letra em carteira até ao vencimento e, nessa altura,


proceder à sua cobrança, normalmente, através duma instituição
bancária;

 Apresentar a letra a desconto numa instituição bancária em


qualquer data que esteja compreendida entre a data de emissão
e de vencimento da letra.

Quando a opção é efetuar o desconto da letra, o sacador está a


antecipar o recebimento e, por isso, terá de suportar encargos
financeiros inerentes. Consequentemente, o valor creditado na conta
bancária será o produto líquido do desconto (PLD), isto é, o valor
nominal deduzido dos encargos financeiros associados ao desconto.

3
Desconto de letras

Fonte: adaptado de Vieito & Maquieira (2010, p.41)


+ PLD - VN
Tempo

0 n
Data do Data do
desconto vencimento

Matematicamente,

PLD = VN – (VN x n x i) – (VN x w ) – y – p

Desconto de letras

Em que,

 Valor nominal (VN): valor inscrito na letra;

 Juro (VN x n x i): remuneração do banco pela antecipação do


valor da letra, a qual será maior, ou menor, à média do mercado
em função do risco da empresa e da sua capacidade negocial;

n = nº de dias que faltam para o vencimento da letra.


Normalmente, acrescentam-se 2 dias úteis – período conferido
legalmente ao aceitante para liquidar a letra, para além da data
do seu vencimento;

i = taxa de juro;

4
Desconto de letras

 Comissão de cobrança (VN x w ): valor cobrado pelo banco por


intermediar a cobrança da letra, independentemente do prazo da
mesma. Geralmente as letras domiciliadas (as que referem o NIB
completo do pagador) têm custos de cobrança ligeiramente
inferiores aos das não domiciliadas;

 Imposto de selo (y): imposto que incide sobre os juros (VN x nxi
x y) e comissão de cobrança (VN x w x y);

 Portes (p): encargos de comunicação.

Desconto de documentos de exportação

O desconto de documentos de exportação traduz-se num adiantamento


dos valores a receber, em data futura, relativamente a transações
comerciais a prazo com agentes económicos de outros países.

Assim, a empresa propõe a uma instituição bancária o referido


adiantamento, comprovando, documentalmente, a existência da
transação, ficando fixado que o reembolso do capital ocorrerá na data
de recebimento.

Sobre este tipo de operações recaem diversos encargos bancários,


nomeadamente juros, comissões, despesas de comunicação e
impostos (imposto do selo e IVA). Consequentemente, o valor creditado
pelo banco será o valor do adiantamento (total/parcial), deduzido de
todos os encargos bancários com a operação.

10

5
Desconto de livranças

A livrança é um título de crédito de curto prazo, análogo às letras,


diferenciando-se destas pelo facto de não envolverem uma transação
comercial e, ainda, pelo facto dos juros serem pagos no vencimento.

Assim, também as livranças têm de ser submetidas a desconto


bancário, sendo o credor uma instituição bancária (sacador) e o
devedor o cliente do banco (sacado).

Similarmente ao que acontece com as letras, o desconto de livranças


está sujeito a um conjunto de encargos, como sejam: juros, imposto do
selo sobre os juros, imposto de selo sobre o valor da livrança (selagem
da livrança) e as comissões. Estas últimas normalmente não são
debitadas se a livrança estiver domiciliada no banco onde foi
descontada.

11

Desconto de livrança
Fonte: adaptado de Vieito & Maquieira (2010, p.55)

+ VNL -VNL
- ISL - JI
Tempo

0 n
Data do Data do
desconto vencimento

Em que,

VNL = valor nominal da livrança


ISL = selagem da livrança
JI = Juros do período 0 – n e respetivo imposto do selo

12

6
Contas correntes caucionadas

As contas correntes caucionadas são empréstimos de curto prazo


efetuados por uma instituição bancária, a qual, sob prévia negociação e
caução, autoriza a utilização de um dado limite de crédito.

O limite do crédito depende da vontade das partes, sendo a da


instituição bancária condicionada pelo risco da empresa.

A caução pode advir de diversas fontes: hipoteca de edifícios,


cativação de depósitos a prazo, livrança subscrita pela empresa e
avalizada pelos sócios ou por terceiros, …

Este tipo de contas implica o pagamento de juros diários e respetivo


imposto do selo, com vencimento mensal/trimestral.

13

Contas correntes caucionadas

As contas correntes caucionadas originam também, com frequência, o


débito, por parte do banco, duma comissão de imobilização.

A comissão de imobilização é uma penalização pela não utilização da


totalidade do crédito negociado. Esta comissão fundamenta-se no facto
de que o banco é obrigado a ter o montante do crédito disponível, não
podendo utilizá-lo para outros fins, logo não consegue rendibilizar o
valor em causa.

14

7
Descoberto autorizado em DO

O descoberto autorizado em depósitos à ordem (DADO) é uma


modalidade de financiamento idêntica às contas correntes caucionadas
(CCC). A diferença circunscreve-se, basicamente, no facto de que, nas
últimas o banco cria uma conta paralela e vai utilizando/amortizando a
CCC conforme as necessidades, facto que não acontece no
descoberto. Neste, o financiamento é operado através do saldo da
própria conta de depósitos à ordem, o que torna mais complexo o
processo de determinação dos juros e da comissão de imobilização,
dada a quantidade de movimentos que tal conta, geralmente, envolve.

As CCC e os DADO são dois instrumentos muitos úteis para suprimir


necessidades de tesouraria pontuais, sendo a comissão de
imobilização um entrave na minimização dos custos associados.
Consequentemente, o ideal é conseguir negociar-se uma isenção.
15

Cartões de crédito

A utilização dos cartões de crédito para liquidar transações comerciais


tem-se generalizado nos últimos tempos, sendo que as empresas que
fornecem tal serviço aos seus clientes suportam um custo
correspondente a uma pequena percentagem do valor movimentado.

Por seu lado, os utilizadores usufruem de um crédito quase gratuito,


limitado ao plafond do cartão e a um período de até 50 dias.

O processo resume-se na utilização do cartão, havendo uma data


definida para o fecho periódico da conta cartão, altura em que o banco
envia ao cliente um extrato e solicita o pagamento. O utilizador pode
optar por liquidar integral ou parcialmente o montante em causa, sendo
que a liquidações parciais estão, em geral, associados juros elevados.

16

8
Cartões de crédito

Os custos, em geral, associados ao uso de cartões de crédito são os


seguintes:

 Custo de emissão do cartão, o qual, normalmente tem uma


validade de 2 anos, devendo distribuir-se tais custos por este
período;

 Anuidade do cartão;

 Juros e respetivo imposto do selo, os quais incidem sobre o


valor não liquidado na data estipulada, sendo calculados ao dia;

 Comissão de devolução de pagamento, aplicada quando o


cliente solicita ao banco o estorno de um pagamento que efetuou.

17

Factoring

O factoring é uma atividade parabancária que se resume na aquisição,


por parte da sociedade de factoring, dos créditos duma empresa
provenientes da venda de bens/serviços, com a finalidade de
transferência da gestão e, caso seja necessário, também de
adiantamento de valores não vencidos.

Este tipo de operação, envolve a liquidação duma comissão de


cobrança à sociedade de factoring, bem como de juros se houver
adiantamentos.

18

9
Modalidades de factoring

 Serviço completo (Full factoring): acordo entre uma empresa e


uma sociedade de factoring, em que a primeira se compromete a
ceder, de modo sistemático, à segunda todos os créditos associados
a um dado conjunto de clientes. Na data de vencimento os clientes
pagarão à sociedade de factoring e não à empresa a quem fizeram
aquisições.

 Factoring com recurso: nesta modalidade a sociedade de factoring


não garante o risco de crédito, fazendo, apenas, uma análise
superficial à capacidade financeira dos clientes da empresa que cede
os créditos. Assim, caso a sociedade de factoring não consiga cobrar
os montantes em dívida, reivindicará, junto da empresa sua cliente, a
liquidação destes montantes.
19

Modalidades de factoring

 Maturity factoring: modalidade que não prevê adiantamentos. Ou


seja, a sociedade de factoring funciona, apenas, como mero cobrador.
Normalmente, a esta modalidade recorrem as empresas que não
possuem uma equipa de cobranças eficiente, preferindo, por isso,
subcontratar tal serviço.

 Bulk factoring : nesta modalidade a sociedade de factoring apenas


procede ao adiantamento dos créditos, ficando a gestão das
cobranças a cargo do credor original. A sociedade de factoring
procede ao “desconto” das faturas, ou documentos equivalentes,
avisando os clientes da empresa de que os créditos lhe foram
cedidos. Quando não existe comunicação ao devedor da existência
do factoring, então a modalidade passa a designar-se por factoring
confidencial. 20

10
Capital de risco

O capital de risco é uma alternativa de financiamento de m/l prazo,


através do qual a entidade investidora se torna sócia/acionista da
empresa financiada.

A ideia principal subjacente é a de detenção, minoritária e temporária,


de capital em empresas com elevado potencial de crescimento, com o
intuito de obter ganhos significativos com a venda da participação no
futuro.

Regra geral, no âmbito do capital de risco, são identificados dois tipos


de financiadores: Business Angels e Venture Capitalists.

21

Capital de risco

 Business Angels
Indivíduos privados, na sua maioria milionários que possuem
experiência de negócio e empreendedorismo, os quais investem em
empresas, sobretudo de pequena dimensão, que estão no início do
seu ciclo de vida e com risco associado.

Para além de fornecerem dinheiro, contribuem, frequentemente, com


Know-how, pois muitos investem apenas nos tipos de negócio onde
possuem experiência.

Este tipo de financiamento ficou conhecido como informal venture


capital, devido ao facto de não existir um mercado estabelecido no
qual este tipo de financiadores regularmente investe.
22

11
Capital de risco

 Venture Capitalists
São sociedades de capital de risco, logo investidores profissionais
que gerem fundos e procuram as aplicações mais adequadas para
esses fundos. A ideia principal é a obtenção de retorno, logo o
objetivo é o de participar no capital de outras empresas para, a m/l
prazo, obter mais valias com a alienação das mesmas.

Este tipo de investidor opta, regularmente, por adquirir as suas


participações em empresas, geralmente em fase de expansão, das
quais esperam boas taxas de retorno.

23

Capital de risco
MODALIDADES DE FINANCIAMENTO

 Capital semente: destina-se a implementar/desenvolver conceitos


inovadores de negócio. Característico para empresas de reduzida
dimensão, com um conceito inovador, mas cujos fundadores não têm
suporte financeiro para sustentar o crescimento da organização;

 Capital de recuperação: destina-se a apoiar empresas em


laboração, mas com situação financeira débil, com vista à
consolidação financeira e ao desenvolvimento do negócio;

 Capital de desenvolvimento: visa financiar a expansão do negócio;

 Bridge Financing: destina-se a empresas em que é previsível a


dispersão do capital social a curto prazo, esperando a sociedade de
capital de risco obter vantagens negociais.
24

12
Capital de risco

VANTAGENS DO CAPITAL DE RISCO, FACE AOS EMPRÉSTIMOS TRADICIONAIS

 Não existem encargos financeiros, nem garantias reais/pessoais;

 Maior envolvimento dos financiadores no desenvolvimento da


organização;

 Há partilha do risco de negócio, visto que os investidores também


são proprietários;

 Quando existem necessidades de capital, em geral as sociedades


de capital de risco participam nesses reforços;

25

Empréstimos bancários tradicionais MLP

Operação de financiamento concretizada através da realização de uma


prestação de capital pelo mutuante (credor – banco), da qual resulta
uma contraprestação, única ou múltipla, diferida no tempo, por parte do
mutuário (devedor - empresa).

Tal operação envolve a assunção de risco por parte do mutuante, o


qual espera obter, no futuro, o reembolso do capital mutuado.

Elementos específicos dos contratos de empréstimos bancários


tradicionais:

 Período da operação;
 Taxa de juro (fixa ou variável)
Ex. variável: EURIBOR 6 m + x de spread
26

13
Empréstimos bancários tradicionais MLP

 Prestação (termo da renda): em geral composta por capital e


juros, podendo existir um período de carência no que respeita à
amortização de capital. Estas podem ser:

Certas/incertas: depende se o vencimento dos termos é


conhecido à priori;
Constantes/variáveis: depende se o valor do termo é sempre
o mesmo ao longo da vida do empréstimo;
Antecipadas/postecipadas: conforme sejam pagos no
início/fim do período;
Imediatas/diferidas: depende se o 1º termo se vence logo no
1º período, ou posteriormente.

27

Empréstimos bancários tradicionais MLP

Modalidades de reembolso mais comuns:

 Prestações periódicas constantes: o valor da prestação inclui


capital e juros, sendo sempre igual ao longo da vida do
empréstimo. Como a prestação é fixa é normal que os juros
diminuam ao longo da vida do empréstimo, logo o peso das
componentes de cada prestação difere ao longo do tempo.

 Amortizações periódicas constantes: o valor da prestação é


variável, sendo o montante relativo à amortização do capital
constante.

28

14
Empréstimos bancários tradicionais MLP

 Amortização única: pagamento da totalidade da dívida num


dado momento, podendo a liquidação dos juros ser efetuada ao
longo da vida do empréstimo, ou apenas no vencimento do
mesmo juntamente com o reembolso de capital.

Encargos associados mais comuns:

 Juros;
 Comissão de abertura;
 Comissão de gestão (regra geral anual);
 Imposto de selo s/juros e comissões;
 Imposto de selo s/valor do empréstimo (ISUC);
 Se houver hipoteca – comissão de avaliação e deslocação
+IS/IVA
29

Locação financeira (leasing)

Contrato de locação, em que uma dada entidade (locador) se obriga,


em troca de uma renda periódica, a conceder a outra entidade
(locatário) o direito de usufruto temporário de um bem móvel ou imóvel,
podendo o último adquirir o bem no final do contrato mediante o
pagamento de um valor residual.

Esta modalidade de financiamento difere das restantes pelo facto de se


destinar a um bem específico, permanecendo este na propriedade do
locador até ao momento em que o locatário, se assim o desejar, exerce
a opção de compra.

30

15
Locação financeira (leasing)

Normalmente, as rendas vencem-se no início de cada período


(mês/trimestre/semestre), sendo, por isso, antecipadas. Existem,
contudo, casos de rendas postecipadas.

Regra geral, o valor dos termos das rendas são fixos, pelo que é mais
frequente encontrarmos contratos de leasing que assumem a
modalidade de rendas constantes.

Encargos associados aos contratos de leasing:


 Juros;
 Despesas de formalização/alteração do contrato;
 Despesas de comunicação;
 IVA.
31

Empréstimos obrigacionistas

Os empréstimos obrigacionistas são um meio alternativo para as


empresas financiarem os seus projetos, normalmente de grande
dimensão.

Estes empréstimos distinguem-se dos tradicionais pelo facto do valor


se dividir em n frações iguais, as quais se designam por obrigações,
permitindo, assim, a diversificação dos credores

As obrigações são títulos de dívida emitidos por uma empresa ou pelo


Estado (obrigações do tesouro), os quais conferem ao seu detentor o
direito a receber juros e o reembolso do capital numa dada data.

32

16
Empréstimos obrigacionistas

Principais características das obrigações:

 Transmissibilidade: negociáveis sem autorização do devedor;

 Uniformidade: idênticas e emitidas em série;

 Indivisibilidade: não podem ser fracionadas.

Elementos das obrigações:

 Valor nominal (Vn): valor facial do título s/ o qual são calculados os juros;

 Valor de emissão (Ve): preço de aquisição dos títulos, o qual poderá ser:

Abaixo do par (Ve < Vn);


Ao par (Ve = Vn); ou
Acima do par (Ve > Vn).

33

Empréstimos obrigacionistas

 Valor de reembolso (Vr): valor que os obrigacionistas recebem


quando as obrigações são amortizadas. Tal como no caso da
emissão, o reembolso pode ser efetuado numa das seguintes três
situações:
Abaixo do par (Vr < Vn);
Ao par (Vr = Vn); ou
Acima do par (Vr > Vn).

 Taxa de juro ou taxa de cupão: aplica-se ao Vn, dando origem ao


rendimento periódico gerado pela obrigação. Pode ser uma taxa fixa
ou variável (indexada, por exemplo, à EURIBOR);

 Valor de cotação: valor pelo qual os títulos são transacionados em


mercado obrigacionista;

34

17
Empréstimos obrigacionistas

 Método de amortização:

Amortização única – reembolso da totalidade do capital na


maturidade (fim de vida), podendo existir pagamento periódico de
juros ou a capitalização dos mesmos;

Amortização em série – o empréstimo é dividido em séries, sendo


cada uma reembolsada numa data pré-definida;

Amortização por sorteio – o reembolso é periódico em datas pré-


definidas , mas a escolha das obrigações a reembolsar em cada
data é feita por sorteio.

35

Empréstimos obrigacionistas

Modalidades de obrigações mais comuns:

 Obrigações clássicas: conferem um juro fixo, o que permite


conhecer, à partida, todos os cash-flows da obrigação (juro e
reembolso);

 Obrigações caixa: podem ser emitidas de forma contínua, mas


apenas por certas entidades, como bancos e sociedades de
investimento;

 Obrigações de capitalização automática: o juro é calculado


periodicamente e adicionado ao capital, sendo liquidado apenas na
maturidade;

36

18
Empréstimos obrigacionistas

 Obrigações com Warrants: têm associado um direito de subscrição


de outros títulos. Normalmente o warrant é uma opção de compra de
ações da empresa que emitiu as obrigações, sendo que pode ser
transacionado separadamente;

 Obrigações convertíveis: têm associado o direito de, a partir duma


determinada data, ser convertidas noutros títulos – regra geral, em
ações da empresa emitente;

 Obrigações de cupão zero: não têm taxa de juro associada,


resultando o rendimento da diferença entre o valor de aquisição e o
valor de reembolso;

37

Empréstimos obrigacionistas

 Obrigações hipotecárias: conferem ao titular um privilégio de crédito


sobre bens imóveis;

 Obrigações com opção de reembolso antecipado: conferem ao


investidor e/ou ao emitente a possibilidade de reembolsar o capital
antes da maturidade;

 Obrigações participantes: para além do juro, conferem um


rendimento adicional, indexado aos lucros da sociedade emitente;

 Obrigações subordinadas: na hipótese de liquidação da sociedade,


os juros e o reembolso só ocorrerão após todas as outras dívidas
saldadas e antes de remunerar os acionistas.
38

19
Empréstimos obrigacionistas

Valorização das obrigações:

 Obrigações de taxa fixa

V0 = valor atual da obrigação;


r = taxa de rendibilidade exigida pelo mercado para aquele prazo e nível
de risco;
t = nº de períodos

Obrigações de cupão zero

39

Empréstimos obrigacionistas

Obrigações de capitalização automática

i = taxa de cupão da obrigação, reportada ao período de capitalização do


juro;
n = nº de períodos de capitalização dos juros;
t = tempo de vida das obrigações;
r = taxa de rendibilidade exigida pelo mercado para aquele prazo e nível
de risco;

 Obrigações de taxa variável

A expressão genérica de cálculo é a mesma da das obrigações de


taxa fixa, mas o valor dos juros é difícil de estimar, pois primeiro é
necessário prever a evolução das taxas de juro e proceder à sua
reflexão no indexante, do qual dependem os juros. 40

20
Empréstimos obrigacionistas

Medidas de rendibilidade:

 Yield to Maturity (YTM)

Taxa de desconto que torna o valor atualizado dos cash-flows igual ao


preço de mercado da obrigação - é uma das medidas mais utilizadas
para medir a rendibilidade deste tipo de títulos.

A taxa de rendibilidade realizada vai depender:

 das taxas de reinvestimento dos cash-flows;


 do preço de venda/reembolso da obrigação.

41

Empréstimos obrigacionistas
A YTM é uma taxa de rendibilidade esperada que se verificará se:

A obrigação for adquirida ao V0, calculado usando a YTM;


A obrigação for mantida até à maturidade; e
Os cash-flows forem reinvestidos a uma taxa igual à YTM.

Principal limitação deste indicador, pois as taxas de


juro variam ao longo da vida das obrigações.

V0 = valor atual da obrigação;


YTM = taxa de rendibilidade até à maturidade, reportada ao período de
capitalização do juro da obrigação. Se este não for anual, a YTM anual
deve ser obtida pela taxa equivalente anual;
t = nº de períodos
42

21
Empréstimos obrigacionistas

Leitura da YTM:

Se YTM > r – a obrigação é um bom investimento, pois


proporciona uma rendibilidade superior à dos investimentos
alternativos com risco semelhante;

Se YTM = r – a rendibilidade da obrigação é semelhante à


oferecida pelo mercado para investimentos com risco
semelhante;

Se YTM < r – a obrigação não é um bom investimento, visto que,


para o mesmo risco, é possível obter melhores rendibilidades
recorrendo ao mercado.

43

Empréstimos obrigacionistas

 Taxa de rendibilidade efetiva

Este indicador é uma alternativa à YTM, sendo que pressupõe que a


aplicação dos cash-flows é feita a uma taxa de rendibilidade
diferente da YTM.

O valor acumulado na maturidade é dado por:

VR = valor do reembolso;
VCJ = valor capitalizado dos juros;
Tr = taxa de reinvestimento dos cash-flows;
k = período de capitalização específico;
n = nº de períodos de capitalização de juros.

44

22
Empréstimos obrigacionistas

A rendibilidade efetiva, reportada ao período de cupão, obtém-se da


seguinte forma:

V0 = preço da obrigação;
Tr = taxa de reinvestimento dos cash-flows;
k = período de capitalização específico;
n = nº de períodos de capitalização de juros.

45

Empréstimos obrigacionistas

Duração:

Traduz o tempo médio que o investidor demora a recuperar o


investimento feito. Se a obrigação liquidar periodicamente um cupão,
significa que o investidor vai recebendo juros periódicos, logo a
duração da obrigação será inferior à maturidade, pois antes desta
última já a recuperação do investimento estará assegurada.

Calcula-se da seguinte forma:

V0 = valor atual da obrigação;


t = períodos até à maturidade;
CFt = cash-flow gerado no período t;
YTM = taxa de rendibilidade de obrigações de
risco semelhante
n = nº de períodos de capitalização de juros.
46

23
Empréstimos obrigacionistas

A duração acaba por desempenhar um papel de indicador de:

 Liquidez, pois fornece uma indicação do tempo médio de geração dos


cash-flows da obrigação;

 Risco, na medida em que quanto maior a duração, maior o risco. Logo, o


alargamento da duração corresponderá um acréscimo de risco de
crédito, na medida em que a recuperação do investimento será mais
lenta do que se detivesse uma obrigação de duração inferior (ainda que
paradoxalmente, ambas as obrigações possam ter a mesma maturidade,
o que evidencia a insuficiência deste conceito na análise de uma
obrigação).

Regra geral, a duração será tanto menor, quanto maior for a taxa de
cupão, sendo que se o cupão for zero, a duração será igual à
maturidade, pois haverá um único cash-flow, correspondente ao valor
do reembolso.
47

Bibliografia

• Longenecker, J. G., Petty, J. W., Palich, L. E., & Hoy, F. (2012). Small
Business Management: Launching & Growing Entrepreneurial Ventures (60ª
ed.). Mason: South-Western Cengage Learning.

• Pinho & Tavares (2005). Análise Financeira e Mercados. Lisboa: Áreas


Editora.

• Van Osnabrugge, M. (2000). A comparison of business angel and venture


capitalist investment procedures: an agency theory-based analysis. Venture
Capital: An international journal of entrepreneurial finance, 2(2), 91-109.

• Vieito, J. P. & Maquieira, C. P. (2010). Finanças Empresariais – Teoria e


Prática. Lisboa: Escolar Editora.

• Decreto-Lei 133/2009, de 02 de Junho.

Fonte: adaptada da apresentação da Doutora Fernanda Leão

48

24

Você também pode gostar