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Direito Administrativo

1. Há muitos anos, Bruno invadiu sorrateiramente uma terra devoluta


indispensável à defesa de fronteira, que já havia sido devidamente discriminada.
Como não houve oposição, Bruno construiu uma casa, na qual passou a residir
com sua família, além de usar o terreno subjacente para a agricultura de
subsistência. A União, muitos anos depois do início da utilização do bem por
Bruno, promoveu a sua notificação para desocupar o imóvel, em decorrência de
sua finalidade de interesse público.
Na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Bruno, assinale a afirmativa
correta.
(A) Bruno terá que desocupar o bem em questão e não terá direito à indenização pelas
acessões e benfeitorias realizadas, pois era mero detentor do bem da União.
Justificativa: os imóveis públicos não serão adquiridos via usucapião (art. 183, § 3º,
CF), bem como, não possui direito de indenização o invasor de má-fé (art. 1.219 e
1.255, CC)
(B) A União não poderia ter notificado Bruno para desocupar bem que não lhe pertence,
na medida em que todas as terras devolutas são de propriedade dos estados em que se
situam.
(C) Bruno pode invocar o direito fundamental à moradia para reter o bem em questão,
até que a União efetue o pagamento pelas acessões e benfeitorias realizadas.
(D) Caso Bruno preencha os requisitos da usucapião extraordinária, não precisará
desocupar o imóvel da União.

2. Para fins de contratar serviço de engenharia necessário ao desenvolvimento


de sua atividade, que não abarca reforma de edifício ou equipamento, certa
empresa pública federal realizou licitação, na forma da Lei nº 13.303/16. A
sociedade empresária Feliz sagrou-se vencedora do certame. Após regular
formalização do contrato, a entidade administrativa, diante do advento de nova
tecnologia relevante, decidiu alterar as especificações do objeto, mediante
aditamento.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
(A) Ainda que haja acordo entre as partes, a alteração do contrato pretendida não é
possível, em decorrência do princípio de que o pactuado deve ser respeitado.
(B) A empresa pública tem a prerrogativa de realizar a alteração do contrato,
independentemente de acordo com a sociedade empresária Feliz. Justificativa:
Alternativa em conformidade com o nova Lei de licitações (Lei nº 14.133/21), visto
que o ente administrativo pode alterar de forma unilateral os contratos regidos por
esta lei, desde que seja justificado e esteja dentro do rol taxativo do art. 124, I, da
Lei de Licitações, a saber, a) quando houver modificação do projeto ou das
especificações, para melhor adequação técnica a seus objetivos; e b) quando for
necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei.
Ressalto, ainda, que os contratos objetos desta Lei poderão ser alterados também
por acordo entre as partes: a) quando conveniente a substituição da garantia de
execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da
inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando necessária a
modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias
supervenientes, mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do
pagamento em relação ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; ou d)
para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos
imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis, que inviabilizem a
execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a
repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.
(C) A alteração do contrato depende de acordo com a sociedade empresária Feliz e deve
respeitar o limite estabelecido na lei de regência. Justificativa: Correta, visto que é
regida pela Lei antiga, art. 81, I da Lei 13.303/16
(D) Se houver acordo entre as partes, não há limitação para a alteração do contrato
formalizado com a sociedade empresária Feliz.

3. Luciano, proprietário de um terreno localizado no Município Ômega,


viajou para o exterior, pelo período de 8 meses, para realizar curso de
especialização profissional.
Quando retornou de viagem, verificou que o Município, sem expedir qualquer
notificação, de forma irregular e ilícita, invadiu sua propriedade e construiu uma
escola, em verdadeiro apossamento administrativo. As aulas na nova escola
municipal já se iniciaram há dois meses e verifica-se a evidente impossibilidade de
se reverter a situação sem ensejar prejuízos aos interesses da coletividade.
Ao buscar assistência jurídica junto a conhecido escritório de advocacia, foi
manejada em favor de Luciano ação de
(A) indenização por retrocessão, por abuso de poder da municipalidade, que gera direito
à justa e imediata indenização, exigível quando do trânsito em julgado da ação.
(B) indenização por desapropriação indireta, que visa à justa e posterior indenização, a
ser paga por meio de precatório. Justificativa: A indenização indireta ocorre quando
o poder público se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos de
declaração ou de previa indenização, portanto, cabe indenização no preço
correspondente ao objeto de apossamento do poder público, desde que não tenha
transcorrido o tempo para a usucapião.
(C) reintegração de posse por tredestinação ilícita, por desvio de finalidade, que visa à
justa e posterior indenização, a ser paga por meio de precatório.
(D) interdito proibitório por desvio de finalidade, que gera direito à justa e imediata
indenização, exigível quando do trânsito em julgado da ação.

Direito Internacional

1. Pedro, cidadão de nacionalidade argentina e nesse país residente, ajuizou


ação em face de sociedade empresária de origem canadense, a qual, ao final do
processo, foi condenada ao pagamento de determinada indenização. Pedro, então,
ingressou com pedido de homologação dessa sentença estrangeira no Brasil. Sobre
a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Para que a sentença estrangeira seja homologada no Brasil, é necessário que ela
tenha transitado em julgado no exterior.
(B) A sentença condenatória argentina não poderá ser homologada no Brasil por falta de
tratado bilateral específico para esse tema entre os dois países.
(C) A sentença poderá ser regularmente homologada no Brasil, ainda que não tenha
imposto qualquer obrigação a ser cumprida em território nacional, não envolva partes
brasileiras ou domiciliadas no país e não se refira a fatos ocorridos no Brasil.
(D) De acordo com o princípio da efetividade, todo pedido de homologação de sentença
alienígena, por apresentar elementos transfronteiriços, exige que haja algum ponto de
conexão entre o exercício da jurisdição pelo Estado brasileiro e o caso concreto a ele
submetido. Justificativa: o CPC traz em seus arts. 21 a 23 os limites da jurisdição
nacional, lá é claro que compete aos juízos nacionais processarem e julgarem os
casos relacionados com o Brasil, logo, via de regra, para que haja homologação de
sentença alienígena é necessário que haja conexão entre o exercício da jurisdição
pelo Estado brasileiro com o caso concreto a ele submetido.

Direito Empresarial

1. Antenor subscreveu nota promissória no valor de R$ 12.000,00 (doze mil


reais) pagável em 16 de setembro de 2021. A obrigação do subscritor foi avalizada
por Belizário, que tem como avalista Miguel, e esse tem, como avalista, Antônio.
Após o vencimento, caso o avalista Miguel venha a pagar o valor da nota
promissória ao credor, assinale a opção que indica a(s) pessoa(s) que poderá(ão)
ser demandada(s) em ação de regresso.
(A) Antenor e Belizário, podendo Miguel cobrar de ambos o valor integral do título.
Justificativa: o avalista que paga o título tem direito à ação de regresso contra o
seu avaliado e demais coobrigados anteriores, podendo cobrar a todos pelo valor
integral do título, e.g., X é avaliado de Y e Y é avaliado de W e W é avaliado de H,
caso W pague o titulo pode ele entrar com ação de regresso contra Y e X,
pleiteando o valor integral do título, mas não poderá entrar com ação de regresso
contra H, visto que este não é coobrigado anterior da relação
(B) Belizário e Antônio, podendo Miguel cobrar de ambos apenas a quota-parte do valor
do título.
(C) Antenor e Antônio, podendo Miguel cobrar do primeiro o valor integral e, do
segundo, apenas a quota-parte do valor do título.
(D) Antenor, podendo Miguel cobrar dele o valor integral, eis que os demais avalistas
ficaram desonerados com o pagamento.

2. Na Comarca de Imperatriz/MA funcionam 4 (quatro) Varas Cíveis, com


competência concorrente para o julgamento de causas de falência e recuperação
judicial. Em 22 de agosto de 2019, foi apresentado requerimento de falência de
uma sociedade empresária enquadrada como empresa de pequeno porte, com
principal estabelecimento naquele município. O requerimento foi distribuído para
a 3ª Vara Cível.
Tendo sido determinada a citação do devedor, no prazo da contestação, Coelho
Dutra, administrador e representante legal da sociedade, requereu sua
recuperação judicial, devidamente autorizado por deliberação dos sócios.
Com base nestas informações, assinale a afirmativa correta.
(A) O requerimento de recuperação judicial não está sujeito à distribuição por
dependência, podendo ser apreciado por qualquer um dos quatro juízos cíveis da
comarca.
(B) A distribuição do pedido de falência previne a jurisdição para o pedido de
recuperação judicial formulado pelo devedor, de modo que será competente o juízo da
3ª Vara Cível. Justificativa: a distribuição do pedido de falência ou de recuperação
judicial ou a homologação de recuperação extrajudicial previne a jurisdição para
qualquer outro pedido de falência, de recuperação judicial ou de homologação de
recuperação extrajudicial relativo ao mesmo devedor, conforme art. 6, § 8º, da Lei
11.101/2005.
(C) Por se tratar de devedor enquadrado como empresa de pequeno porte, há tratamento
diferenciado para o pedido de recuperação judicial, estando prevento o juízo que
conheceu do pedido de falência. Justificativa: as empresas de pequeno porte (EPP),
possuem tratamento diferenciado para o pedido de recuperação judicial, podendo
os empresários de microempresas ou EPP usufruir do Plano Especial de
Recuperação Judicial (PERJ)
(D) Como o devedor não se enquadra na definição legal de microempresa (incluído o
microempreendedor individual), o requerimento de recuperação judicial não está sujeito
à distribuição por dependência

Direito Tributário

1. Um carregamento de computadores foi abandonado no porto pelo


importador, que não chegou a realizar o desembaraço aduaneiro dentro do prazo
previsto na legislação tributária. Por isso, a autoridade tributária, após o devido
processo legal, aplicou a pena de perdimento e realizou leilão para alienação dos
computadores.
Diante dessa situação, a base de cálculo do imposto sobre a importação incidente
na hipótese será o valor
(A) de mercado dos bens.
(B) da arrematação. Justificativa: a base de calculo do imposto será o de
arrematação quando se tratar de produto apreendido ou abandonado, levado a
leilão.
(C) arbitrado pela autoridade tributária.
(D) estimado dos bens, deduzindo-se os custos com armazenagem e as comissões do
leiloeiro público.

2. A Assembleia Legislativa do Estado Alfa, castigado por chuvas torrenciais


que causaram graves enchentes, aprovou lei complementar estadual de iniciativa
parlamentar que instituiu empréstimo compulsório sobre a aquisição de veículos
automotores no território estadual, vinculando os recursos obtidos ao combate dos
efeitos das enchentes.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
(A) A iniciativa da lei que instituiu o empréstimo compulsório é privativa do chefe do
Poder Executivo.
(B) O empréstimo compulsório necessita de lei complementar estadual para sua
instituição.
(C) O Estado não pode instituir empréstimos compulsórios. Justificativa: empréstimo
compulsório é considerado tributo, logo, só a União pode institui-los e deve fazer
via Lei Complementar, conforme art. 148 da CF
(D) A vinculação da receita de empréstimos compulsórios é inconstitucional.

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