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Direito Administrativo

1. O Município Alfa pretende formalizar uma parceria público-privada para a


realização de obras, instalação de postes e prestação de serviços de iluminação
pública. A contraprestação da concessionária vencedora da licitação seria
inteiramente custeada pela Administração Pública local, mediante ordem bancária
e por outorga de direitos sobre bens públicos dominicais do município. Sobre essa
situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
(A) A contratação almejada não é possível, porque o ordenamento não admite que a
Administração arque com o custeio integral de parceria público-privada.
(B) A outorga de direitos sobre bens públicos dominicais não é contraprestação
admissível para a formalização da parceria.
(C) O Município Alfa deveria utilizar-se de concessão administrativa para a
formalização da contratação pretendida. Justificativa: concessão patrocinada: é a
concessão de serviços públicos ou de obras públicas, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado, e.g., usuários (natureza individual – uti
singuli) pagam tarifas para usufruir de serviço; concessão administrativa: é o
contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária
direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e
instalação de bens, portanto, administração pública é a usuraria do serviço
(natureza geral – uti universi);
(D) A natureza individual (uti singuli) do serviço em questão exige a cobrança de tarifa
do usuário para a realização da parceria público-privada almejada.

2. Ao tomar conhecimento de fraude em licitação ocorrida em novembro de


2013, decorrente de conluio entre a sociedade empresária Espertinha e Garibaldo,
servidor ocupante, exclusivamente, de cargo comissionado, o Ministério Público,
em janeiro de 2019, ajuizou ação civil pública por improbidade, em razão de ato
que causou prejuízo ao erário, em desfavor de ambos os envolvidos. Comunicada
de tais fatos, a Administração Pública demitiu Garibaldo em abril de 2019, após
garantir-lhe ampla defesa e contraditório em processo administrativo. Sobre a
questão apresentada, na qualidade de advogado consultado pela sociedade
empresária Espertinha, especificamente sobre a possibilidade de aplicação da
sanção de proibição de contratar com a Administração Pública e receber
benefícios fiscais, assinale a afirmativa correta.
(A) A prescrição da pretensão ministerial de aplicação da sanção questionada para
qualquer dos demandados não se consumou, pois estes se submetem ao mesmo prazo
extintivo, que apenas se iniciou com a demissão de Garibaldo do cargo comissionado.
Justificativa: a ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em
8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações
permanentes, do dia em que cessou a permanência (art. 23, Lei de improbidade
administrativa, 2021)
(B) A pretensão do Ministério Público, de aplicação da sanção questionada, está
prescrita em relação a Garibaldo e à sociedade empresária Espertinha, dado que o prazo
relativo a ambos iniciou-se com a realização da conduta.
(C) A prescrição da pretensão ministerial para aplicação da sanção apenas em relação à
sociedade empresária Espertinha operou-se, na medida em que o prazo a ela aplicável
iniciou-se com a realização da conduta.
(D) A sociedade empresária Espertinha, por não se enquadrar no conceito de agente
público, não pode responder por improbidade administrativa, não sendo a ela aplicável a
sanção questionada.

3. A União, diante da necessidade de utilização do imóvel produtivo de


Astrobaldo para fazer passar importante oleoduto, fez editar Decreto que declarou
a utilidade pública do bem para tal finalidade e determinou que a concessionária
do setor levasse a efeito a mencionada intervenção, na forma do contrato de
concessão, de modo a instituir o respectivo direito real de gozo para a
Administração Pública. Astrobaldo recusou-se a permitir o ingresso de prepostos
da referida sociedade no bem para realizar as respectivas obras, o que levou a
concessionária a ajuizar ação específica, com pedido liminar de imissão provisória
na posse, para a implementação do estabelecido no Decreto. Diante dessa situação
hipotética, assinale a afirmativa correta.
(A) A concessionária não poderia levar a efeito a intervenção do Estado na propriedade
pretendida pela União, porque não pode exercer poder de polícia.
(B) A intervenção do Estado na propriedade pretendida é a requisição, considerando a
necessidade do bem de Astrobaldo para a realização de serviço público.
(C) O pedido de imissão provisória na posse foi equivocado, porque não é cabível o
procedimento da ação de desapropriação na intervenção em comento, cuja modalidade é
a servidão.
(D) O eventual deferimento da imissão provisória na posse importará no dever de
acrescer juros compensatórios sobre a indenização que venha a ser determinada no
processo. Justificativa: no caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por
necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma
agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem,
fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de
até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a
contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos (art. 15-A,
Decreto-lei 3.365/41) e, ainda há incidência, da Súmula 164 do STF ("No processo
de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão
de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.") e da Súmula 69 do STJ
("Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a
antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva
ocupação do imóvel.")

Direito Internacional

1. Em função do incremento nas atividades de transporte aéreo no Brasil, a


sociedade empresária Fast Plane, sediada no país, resolveu adquirir helicópteros
de última geração da pessoa jurídica holandesa Nederland Air Transport, que
ficou responsável pela fabricação, montagem e envio da mercadoria. O contrato de
compra e venda restou celebrado, presencialmente, nos Estados Unidos da
América, restando ajustado que o cumprimento da obrigação se dará no Brasil.
No momento de receber as aeronaves, contudo, a adquirente verificou que o
produto enviado era diverso do apontado no instrumento contratual. Decidiu a
sociedade empresária Fast Plane, então, buscar auxílio jurídico para resolver a
questão, inclusive para a propositura de eventual ação, caso não haja solução
consensual.
Considerando-se o enunciado acima, aplicando-se a Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro (Decreto-lei n° 4.657/42) e o Código de Processo Civil,
assinale a afirmativa correta.
(A) A lei aplicável na solução da questão é a holandesa, em razão do local de fabricação
e montagem das aeronaves adquiridas.
(B) A autoridade judiciária brasileira será competente para processar e julgar eventual
ação proposta pela Fast Plane, mesmo se estabelecida cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro, em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição.
(C) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para processar e julgar
eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão.
(D) A autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para processar e
julgar eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão.
Justificativa: é competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação (art. 12, LINDB);
compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o
réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no
Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou
ato praticado no Brasil. (art. 21, LINDB);

Direito Empresarial

1. Alexandre Larocque pretende constituir sociedade do tipo limitada sem se


reunir a nenhuma outra pessoa e consulta sua advogada para saber a possibilidade
de efetivar sua pretensão.
Assinale a opção que apresenta a resposta dada pela advogada ao seu cliente.
(A) É possível. A sociedade limitada pode ser constituída por uma pessoa, hipótese em
que se aplicarão ao ato de instituição, no que couberem, as disposições sobre o contrato
social. Justificativa: na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é
restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social (art. 1.052, CC), podendo ser constituída por 1
(uma) ou mais pessoas (art. 1.052, § 1º, CC) e, quando for unipessoal, aplicar-se-ão
ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o
contrato social (art. 1.052, § 2º, CC)
(B) Não é possível. A sociedade limitada só pode ser unipessoal acidentalmente e pelo
prazo máximo de 180 dias, nos casos em que remanescer apenas um sócio pessoa
natural.
(C) Não é possível. Apenas a empresa pública e a subsidiária integral podem ser
sociedades unipessoais e constituídas com apenas sócio pessoa jurídica.
(D) É possível, desde que o capital mínimo da sociedade limitada seja igual ou superior
a 100 (cem) salários mínimos e esteja totalmente integralizado.

2. Bonfim emitiu nota promissória à ordem em favor de Normandia, com


vencimento em 15 de março de 2020 e pagamento na cidade de Alto Alegre/RR. O
título de crédito passou por três endossos antes de seu vencimento. O primeiro
endosso foi em favor de Iracema, com proibição de novo endosso; o segundo
endosso, sem garantia, se deu em favor de Moura; no terceiro e último endosso, o
endossante indicou Cantá como endossatário.
Vencido o título sem pagamento, o portador poderá promover a ação de cobrança
em face de
(A) Bonfim, o emitente e coobrigado, e dos obrigados principais Iracema e Moura,
observado o aponte tempestivo do título a protesto por falta de pagamento para o
exercício do direito de ação somente em face do coobrigado.
(B) Bonfim, o emitente e obrigado principal, e do endossante e coobrigado Moura,
observado o aponte tempestivo do título a protesto por falta de pagamento para o
exercício do direito de ação em face do coobrigado. Justificativa: o endosso é o ato
pelo qual o endossante transfere o crédito e se torna coobrigado pelo pagamento
(devedor indireto), todavia, não afasta o obrigado principal. O endossatário é o
novo credor que recebe o título endossado. a Lei Uniforme de Genebra e a
legislação de títulos de crédito brasileira garante a cláusula proibitiva de novo
endosso, todavia, caso haja novo endosso, não cumprindo a cláusula proibitiva,
aquele primeiro endossatário (que atribuiu cláusula proibitiva de novo endosso)
não será responsabilizado em caso de inadimplência, logo, caso não haja o
pagamento do titulo apenas o novo endossante será responsabilizado. Ressalto,
ainda, que é possível atribuir cláusula de não responsabilização no endosso, ou
seja, não havendo a responsabilização do endossatário que lhe atribuir a causa de
não responsabilização;
(C) Normandia, primeira endossante e obrigado principal, e do endossante Moura,
observado o aponte tempestivo do título a protesto por falta de pagamento para o
exercício do direito de ação em face de ambos.
(D) Iracema, Normandia e Cantá, endossantes e coobrigados da nota promissória,
dispensado o aponte do título a protesto por falta de pagamento para o exercício do
direito de ação em face deles.

Direito Tributário

1. Panificadora Pães Fofos Ltda., tendo como sócio-administrador José,


alienou seu fundo de comércio à Panificadora Flor de Lisboa Ltda., deixando de
atuar comercialmente. Contudo, 9 meses após a alienação do fundo de comércio, a
Panificadora Pães Fofos Ltda. alugou um novo ponto comercial e retornou às
atividades de panificação.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
(A) A Panificadora Flor de Lisboa Ltda. responde, integralmente, pelos tributos
relativos ao fundo adquirido, devidos até à data do ato de aquisição. Justificativa: a
pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer
título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional,
e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o
alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II -
subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar
dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou
em outro ramo de comércio, indústria ou profissão (art. 133, CTN)
(B) Ambas as panificadoras respondem, solidariamente, pelos tributos relativos ao
fundo adquirido, devidos até à data do ato de aquisição.
(C) A Panificadora Pães Fofos Ltda. responde, subsidiariamente, pelos tributos relativos
ao fundo adquirido, devidos até à data do ato de aquisição.
(D) A Panificadora Pães Fofos Ltda. e José, seu sócio-administrador, respondem,
subsidiariamente, pelos tributos relativos ao fundo adquirido, devidos até à data do ato
de aquisição.
2. A sociedade empresária Quitutes da Vó Ltda. teve sua falência decretada,
tendo dívidas de obrigação tributária principal relativas a tributos e multas, dívida
de R$ 300.000,00 decorrente de acidente de trabalho, bem como dívidas civis com
garantia real.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
(A) O crédito tributário de obrigação principal tem preferência sobre as dívidas civis
com garantia real.
(B) A dívida decorrente de acidente de trabalho tem preferência sobre o crédito
tributário de obrigação principal. Justificativa: a classificação dos créditos na
falência obedece à seguinte ordem: I) os créditos derivados da legislação
trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e
aqueles decorrentes de acidentes de trabalho; II) os créditos gravados com direito
real de garantia até o limite do valor do bem gravado; III) os créditos tributários,
independentemente da sua natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos
extraconcursais e as multas tributárias; IV) (revogado); V) (revogado); VI) os
créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste
artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento; e c) os saldos dos créditos derivados da legislação
trabalhista que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
VII) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, incluídas as multas tributárias; VIII) os créditos subordinados, a
saber: a) os previstos em lei ou em contrato; e b) os créditos dos sócios e dos
administradores sem vínculo empregatício cuja contratação não tenha observado
as condições estritamente comutativas e as práticas de mercado; IX) os juros
vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no art. 124 desta Lei.
(C) O crédito tributário decorrente de multas tem preferência sobre a dívida de R$
300.000,00 decorrente de acidente de trabalho.
(D) O crédito relativo às multas tem preferência sobre o crédito tributário de obrigação
principal.

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