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Importante ressaltar que com a adoção do juízo digital houve aumento da celeridade e da
eficiência da prestação jurisdicional, desta forma a parte autora manifesta interesse pela adesão
ao JUÍZO 100% digital de acordo com a forma adotada pela Resolução do CNJ. Para tanto
apresenta contatos para intimações e publicações:
DOS FATOS
O Autor, profissional da área de saúde, havia agendado viagem com a companhia aérea
Azul Linhas Aéreas, ora Ré, para o trajeto Manaus-Tefé/AM, com saída programada para o dia
06 de 06/03/2023 às 09:55h no voo 4183.
O Autor é médico e viaja para Manaus periodicamente para fazer plantões médicos e
acompanhamentos de pessoas pela prefeitura municipal de Tefé.
A Autora trabalha no hospital regional de Tefé como médico em regime de plantão, que
são pré-estabelecidos.
O seu retorno para Tefé, estava programado para o dia 06/03, pois teria plantão noturno
no mesmo dia.
Ocorre que ao chegarem no aeroporto Internacional de Manaus-AM a fim de retornar
para Tefé-AM onde ele prestaria plantão, se deparou com seu voo 4183, com saída às 07:40h do
dia 06/03/2023 CANCELADO pela companhia aérea, sem qualquer justificativa ou mesmo
antecedência.
A Autora soube do cancelamento do voo somente na hora do embarque, causando
diversos transtornos, haja vista que precisava está em Tefé-AM por conta de seu plantão que
estava agendado.
No dia 06/03 o Autor se dirigiu ao Aeroporto e até o horário próximo do voo, ainda
estava disponível a realização do check-in, o que fez com que o Autor acreditasse está
confirmado o voo, conforme tela abaixo:
Horário no telão
Horário da consulta
sobre o
para check-in no dia
cancelamento.
06/03/23
Pode-se verificar que não houve qualquer informação para o Autor, que descobriu seu
voo cancelado somente na hora do embarque.
Podemos verificar ainda que outros voos de horários próximos estavam normais, e que,
portanto, não havia problema com tempo.
O Autor teve que se socorrer com amigos do trabalho para cobrir o seu plantão e ainda,
passar pelo constrangimento de ter que falhar com seu compromisso por conta de uma má
prestação do serviço.
Ato contínuo, o Autor buscou soluções com a empresa Ré, que alegou que não teria
voos disponíveis no mesmo dia, podendo realocá-los para da data de 07/03/2023, ou seja,
somente um dia depois, ou seja mais de 24 horas.
No entanto, apesar de a empresa Ré ter reagendado a viagem para 24 horas depois, não
prestou nenhum auxílio alimentação, transporte ou mesmo hospedagem para o Autor, que
teve que arcar com todos os custos.
A passagem ficou reagendada para a data de 07/03/2023, ou seja, mais um dia de
espera por uma viagem que haviam se organizado antecipadamente, sem qualquer suporte
em alimentação, transporte e hotel pela empresa Ré.
Ora, sem qualquer razão ou culpa do Autor, a viagem que estava comprada para o dia
06/03/2023 ficou somente para o dia 07/03/2023, data em que conseguiu viajar para Tefé-AM,
após diversos danos causados pela companhia aérea.
DO DIREITO.
DO CANCELAMENTO DO VOO. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO AO CONSUMIDOR.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA COMPANHIA AÉREA. DANO MORAL.
Conforme relatado, a Autora teve seu voo cancelado sem qualquer justificativa e
antecedência, haja vista que estava previsto viajar no dia 06/03/2023 – VOO CANCELADO, sendo
remarcado para o dia 07/03/2023.
O código do Consumidor em seu art. 141 disciplina a responsabilidade por danos
causados aos consumidores em razão da prestação de serviços, ainda, faz exata correspondência
ao art. 122 do mesmo diploma legal.
Trata-se de dano inequívoco causado pela empresa Ré, gerando o dever de indenizar.
Afinal, todo planejamento dos Autores foi rompido por uma falta de cautela da Ré, gerando o
dever de ressarcir todo o prejuízo causado.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo, a
empresa Ré ao falhar na sua prestação de serviços, deixou de cumprir com sua obrigação
primária de zelo e cuidado com os clientes, expondo os Autores a um constrangimento ilegítimo,
gerando o dever de indenizar.
A atividade descrita, evidentemente, caracteriza-se por uma prestação de serviço
prevista no Código de Defesa do Consumidor. De um lado, temos o fornecedor AZUL LINHAS
AÉREAS– (empresa aérea prestadora do serviço de transporte) e, do outro lado, os consumidores
(passageiros lesados).
1
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
2
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
A atividade exercida pela empresa aérea é fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração (art. 3º, do CDC), caracterizando-se, assim, como prestação de serviço.
Assinale-se, por oportuno, que os danos suportados pela Autora, mormente, os
decorrentes do cancelamento do voo e a remarcação para 24 horas depois, sem prestar
qualquer assistência de alimentação, transporte e hospedagem.
Conclui-se, portanto que, presentes os requisitos configuradores da CULPA
OBJETIVA, quais sejam o fato, o dano e o nexo de causalidade, estamos diante de um dano
indenizável.
Conforme dito alhures, restou comprovado que a relação entre as partes é típica relação
de consumo, e que, diante do dano causado pela Ré, deve ser responsabilizada.
Relativamente ao nexo de causalidade, ficou incontroverso nos autos, na medida em que
a autora adquiriu passagens aéreas e teve seu voo cancelado sem antecedência e justificativa.
Portanto, verificada a responsabilidade civil, passamos a identificar todo o dano
material ocasionado pela Ré, conforme segue:
Sabe-se que planejamento é uma maneira de economizar e não ter surpresas indesejadas
em uma viagem e que qualquer situação que fuja do controle pode causar diversos transtornos,
sendo exatamente o que foi experimentado pela Autora.
Conforme dito, o Autor é médico e precisava retornar ao trabalho no hospital, onde
existem atendimento de dezenas de pessoas, o que não pôde cumprir com sua obrigação, tendo
que buscar soluções imediatas para que não deixasse o hospital sem atendimento médico.
Portanto, contratou outro médico para cobrir o seu plantão para o dia 06/03/23 e
07/03/23, o que totalizou R$ 1.000,00 (hum mil reais) que não junta comprovante em anexo em
razão de só efetua o pagamento em dia de recebimento de salário.
Além do pagamento do plantão, o Autor teve gastos com transporte e alimentação, com
valores aproximados de 300,00 (trezentos reais) pelos dias em Manaus.
O Autor não guardou todos os comprovantes dos gastos, no entanto, segue uma tabela
com valores aproximado do gasto diário, incluindo café da manhã, almoço, janta e transporte:
R$ 50,00
(almoço) R$ 50,00
R$ 50,00 (café da
Erick manhã) R$ 300 (trezentos
(jantar)
Nathan reais)
R$ 100,00 R$ 50,00
(transporte (translado)
diário)
Os valores apresentados acima são uma média de gastos diários pela Autor, pois é uma
média de valores gastos por refeição e transporte.
O Autor não pode sofrer prejuízos que foram causados pela Ré, devendo ser
considerado o os valores médios que gastaram com alimentação e transporte.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados, o nexo causal entre o dano e a conduta da
Ré fica perfeitamente caracterizado pelo atraso superior a 4 (quatro horas) do horário previsto,
conforme expressamente previsto na Resolução da ANAC:
Art. 27. A assistência material consiste em satisfazer as necessidades do
passageiro e deverá ser oferecida gratuitamente pelo transportador,
conforme o tempo de espera, ainda que os passageiros estejam a bordo da
aeronave com portas abertas, nos seguintes termos:
III - superior a 4 (quatro) horas: serviço de hospedagem, em caso de
pernoite, e traslado de ida e volta.
De início, cumpre enfatizar que os danos morais suportados pelo requerente decorreram
não apenas do cancelamento do voo e sim de todos os compromissos e todo o desgaste físico e
emocional passado pelo Autor.
Os danos morais caracterizam-se pelo desgaste físico e psíquico anormal enfrentado
pelo consumidor e devem ser reparados, conforme garantia constitucional, na exata proporção
em que sofridos, vedada qualquer limitação contratual ou legal (art. 25 do CDC).
O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral e a
dignidade da pessoa. Doutrinadores têm defendido que o prejuízo moral que alguém diz ter
sofrido é provado in re ipsa (pela força dos próprios fatos). Pela dimensão do fato, é impossível
deixar de imaginar em determinados casos que o prejuízo aconteceu.
No vertente caso, Excelência, a companhia aérea promovida, não cumpriu com sua
prestação de serviços, por livre arbítrio, descumprindo a avença pactuada de forma unilateral,
infringindo a Lei 8.078/90 e os art. 186 e 927 do Código Civil.
Ainda, acerca da matéria se manifestou com propriedade o Egrégio Tribunal de Justiça
do Amazonas:
DOS PEDIDOS.
Por fim, manifesta interesse na audiência VIRTUAL conciliatória, nos termos do Art.
319, inc. VII do CPC, para tanto, informa os dados do patrono e Autora:
Ainda, a fim de dar celeridade, requer que a Ré seja intimada para apresentar proposta
de acordo, caso tenha interesse, nos próprios autos, independente de audiência.