Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revogação Extinção
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, é É extinta a categoria de Procurador da República Aju-
revogado o Estatuto dos Magistrados Judiciais aprovado dante do Procurador-Geral da República.
pela Lei nº 135/IV/95, de 3 de Julho, na redacção dada
pela Lei nº 64/V/98, de 17 de Agosto. Artigo 4º
2. A colocação referida no número anterior efectua-se Concurso para a categoria de Procurador da República de
Círculo
de acordo com a vaga existente e a graduação dos candi-
datos referidas nos artigos anteriores.
1. Com a antecedência mínima de noventa dias re-
Secção II lativamente à data previsível de abertura de vagas ou
nos oito dias posteriores a ocorrência destas, o Conselho
Acesso
Superior do Ministério Público, por aviso publicado no
Subsecção I Boletim Oficial, declara aberto concurso curricular de
Princípios gerais acesso às Procuradorias da República de Círculo.
por casamento ou união de facto, parentesco 2. As declarações prestadas nos termos do número
ou afinidade em qualquer grau da linha recta anterior não podem violar o segredo de justiça ou o
ou até ao 2º grau da linha colateral; sigilo profissional e carecem de autorização prévia do
Procurador-Geral da República.
b) Servir em tribunal pertencente a comarca
em que, nos últimos cinco anos, tenham 3. Não são abrangidos pelo dever de reserva as infor-
desempenhado funções de Ministério Público mações que, em matéria não coberta pelo segredo de
ou que pertençam à comarca em que, em igual justiça ou segredo profissional, visem a realização de
período, tenham tido escritório de advogado. direitos ou interesses legítimos, nomeadamente, o de
c) Exercer a advocacia por um período de cinco anos acesso à informação.
na comarca em que tenham desempenhado Artigo 32º
funções nos dois últimos anos.
Formação contínua
Artigo 29º
Impedimentos
1. Os magistrados do Ministério Público em exercício de
funções têm o direito e o dever de participar em acções de
Os magistrados do Ministério Público em efectividade formação contínua, organizadas pelo Conselho Superior
de funções não podem estar filiados em partidos ou as- do Ministério Público.
sociações políticas, nem dedicar-se, de qualquer forma,
à actividade político-partidária. 2. Os magistrados do Ministério Público em exercício
de funções devem participar anualmente em, pelo menos,
Secção II
uma acção de formação.
Deveres
Artigo 30º
3. A frequência e o aproveitamento dos magistrados do
Ministério Público nas acções de formação contínua são
Deveres especiais
tidos em conta para efeitos de promoção.
1. Os magistrados do Ministério Público têm especial-
4. A participação dos magistrados em acções de formação
mente os seguintes deveres:
contínua fora da comarca onde se encontrem colocados
a) Desempenhar a sua função com integridade, confere-lhes o direito a abono de ajudas de custo e des-
seriedade, imparcialidade, igualdade, pesas de deslocação, nos termos da lei.
competência e diligência;
5. Os direitos previstos no número anterior são confe-
b) Guardar segredo profissional, nos termos da lei; ridos se as acções a frequentar não forem disponibiliza-
c) Comportar-se na vida pública e privada de das por meios técnicos que permitam a sua frequência
acordo com a dignidade e o prestígio do cargo à distância.
que desempenham; Artigo 33º
c) Tratar com urbanidade e respeito todos os Domicílio necessário
intervenientes do processo, nomeadamente, os
juízes, os profissionais do foro os funcionários; 1. Os magistrados do ministério público não podem
residir fora da sede da área da jurisdição da respectiva
e) Comparecer pontualmente às diligências procuradoria, salvo em casos devidamente justificados e
marcadas, proferir despachos nos prazos fundamentados, mediante autorização prévia do Conse-
legalmente estabelecidos; lho Superior do Ministério Público.
f) Abster-se de manifestar por qualquer meio,
2. Quando a autorização a que se refere o número
opinião sobre processo pendente, ou fazer
anterior é concedida não há lugar a quaisquer subsídios
juízo de despachos, votos ou sentença de
de deslocação, ajudas de custo ou similar.
órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos
autos ou obras técnicas; Artigo 34º
4. Em caso de ausência, o magistrado deve indicar o 2.Os suplementos referidos nas alíneas do número
local onde pode ser encontrado. anterior são isentos de tributação e são processados
conjuntamente com o vencimento mensal.
5. A ausência ilegítima implica, além de responsabili-
dade disciplinar, a perda de vencimento durante o período 3. Os procuradores assistentes apenas beneficiam do
em que se tenha verificado. subsídio previsto na alínea b) do número 1.
Artigo 35º Artigo 41º
Traje nas audiências Direitos especiais
Os magistrados do Magistério Público devem usar 1. Os magistrados do Ministério Público em efectivi-
beca nas audiências públicas de discussão e julgamento, dade de funções têm direito a:
de formato a regulamentar pelo Conselho Superior do
Ministério Público. a) Foro e processo especial em causas criminais
em que sejam arguidos e nas acções de
Artigo 36º
responsabilidade civil por factos praticados
Faltas no exercício das suas funções ou por causa
Sem prejuízo do disposto na lei geral, consideram-se delas;
faltas justificadas as ausências da respectiva comarca por b) Uso, porte e manifesto gratuito de arma
motivo ponderoso e por número de dias que não exceda de defesa e a aquisição das respectivas
a três em cada mês e dez em cada ano. munições desde que devidamente
Secção III justificadas, independentemente de licença
Direitos e regalias ou participação, podendo requisitá-las aos
serviços do Ministério da Justiça, através do
Artigo 37º
Conselho Superior do Ministério Público;
Tratamento e honras
c) Livre-trânsito nas gares, cais de embarque,
1. O Procurador-Geral da República tem categoria, aeroportos e demais locais públicos de acesso
tratamento, direitos, honras e regalias iguais aos do condicionado ou reservado, mediante simples
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. exibição de cartão especial de identificação;
2. O Vice Procurador-Geral da República e os Procura-
d) A protecção especial da sua pessoa, família e
dores Gerais Adjuntos têm categoria, tratamento, direi-
bens, requerida pelo Conselho Superior do
tos, honras e regalias iguais aos dos juízes do Supremo
Ministério Público à entidade competente
Tribunal de Justiça.
ou, em caso de urgência, pelo magistrado
3. Os Procuradores da República de Círculo têm cate- ao comando da força policial da área da sua
goria, tratamento, direitos, honras e regalias iguais aos residência, sempre que ponderosas razões de
dos juízes dos Tribunais da Relação. segurança o exijam;
4. Os Procuradores da República têm categoria, direi- e) Seguro de vida;
tos, tratamento, honras e regalias iguais aos dos juízes
f) Seguro de viagem nas deslocações em serviço;
dos tribunais junto dos quais exercem funções.
Artigo 38º g) Cartão especial de identificação de modelo
aprovado pelo Conselho Superior do
Componentes do sistema retributivo
Ministério Público;
O sistema retributivo dos magistrados do Ministério
Público é composto por remuneração base e suplementos, h) Acesso gratuito à versão electrónica do Boletim
nos termos previstos no presente Estatuto e na lei. Oficial;
Artigo 39º i) Acesso a bibliotecas e bases de dados documentais
Remuneração base
públicas, designadamente a dos Tribunais
Superiores, do Tribunal Constitucional e da
1. A estrutura da remuneração base a abonar mensal- Procuradoria-Geral da República quando existam;
mente aos magistrados do Ministério Público é a desen-
volvida em escala indiciária aprovada por lei. j) Acesso gratuito às bases de dados de legislação e
jurisprudência do Ministério da Justiça;
2. A remuneração base é anualmente revista, mediante
actualização do valor correspondente ao índice 100. k) Isenção de preparos e custas em qualquer acção
em que o magistrado seja parte principal ou
Artigo 40º
acessória, em razão ou por causa do exercício
Suplementos das suas funções, incluindo as de membro do
1. Os magistrados do Ministério Público em efectivi- Conselho Superior do Ministério Público ou
dade de funções têm direito aos seguintes suplementos: de inspector do Ministério Público;
a) Subsídio de exclusividade, salvo quando exerçam l) Passaporte de serviço nas deslocações em missão
funções de docência ou de investigação científica oficial ao estrangeiro;
de natureza jurídica, por conta de outrem;
m) Quaisquer outros direitos e regalias consagrados
b) Subsídio de renda de casa. na lei.
760 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
2. Os magistrados do Ministério Público que não es- d) Pagamento pelo Estado das despesas de
tejam em efectividade de funções mantêm os direitos e consumo de água e electricidade na respectiva
regalias previstos nas alíneas a), b), d) e k) do número 1. residência, nos termos da lei;
3. O Procurador da República tem direito à percepção, e) O mais favorável regime de previdência social
por uma única vez, de um subsídio especificamente con- estabelecido para titulares de cargos políticos
signado à aquisição de mobiliário destinado ao apetrecho sobre que tenha precedência protocolar;
da sua habitação nos termos a regular por despacho
conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas f) O mais favorável regime de ajudas de custo
áreas das Finanças e da Justiça. estabelecido para titulares de cargos políticos
sobre que tenha precedência protocolar;
Artigo 42º
g) Precedência e tratamento protocolares nos
Aquisição de viatura
termos da lei;
1. Os magistrados do Ministério Público gozam de isen- h) Utilização das salas VIP dos aeroportos nacionais;
ção de direitos aduaneiros, na importação de um veículo
automóvel ligeiro, em estado novo, para uso pessoal, i) Passaporte diplomático para si, para seu cônjuge
desde que estejam em efectividade de funções. e descendentes;
2. A isenção referida no número anterior só é concedida j) Os demais direitos e regalias previstos nas alíneas
desde que, à data do pedido desse benefício, o requerente b), e), f), j) e m) do número 1 do artigo 41º.
provar não possuir outro veículo automóvel e não pode Artigo 45º
ser repetida antes de decorrido um mínimo de seis anos
sobre a última concessão. Direitos e regalias especiais do Vice Procurador-Geral da
República e dos Procuradores Gerais Adjuntos
3. O veículo adquirido nos termos do número 1 não
1. O Vice Procurador-Geral da República e os Procura-
pode ser alienado, transferido ou cedido a outrem, antes
dores Gerais Adjuntos têm, ainda, os seguintes direitos:
de decorridos seis anos sobre a data da concessão da
isenção, sob pena de pagamento dos direitos aduaneiros. a) Ao mais favorável regime de previdência social
estabelecido para titulares de cargos políticos
4. Não se considera ter havido cedência a outrem nos
sobre que tenha precedência protocolar;
casos da utilização ocasional da viatura pelo cônjuge,
descendentes, irmãos ou ascendentes do Magistrado b) Ao mais favorável regime de ajudas de custo,
beneficiário da isenção. em viagem, estabelecido para titulares de
cargos políticos sobre que tenha precedência
5. No caso de cessação da efectividade de funções antes
protocolar;
de decorridos seis anos, por facto dependente da sua ex-
clusiva vontade, o beneficiário da isenção deve pagar as c) Subsídio de representação e comunicações
imposições referidas no número 1, salvo nas situações de correspondente a 15% da remuneração base;
investidura como titular de órgão de soberania previstas
no presente Estatuto. d) Viatura e combustível, para uso pessoal;
Artigo 43º e) Utilização das salas VIP dos aeroportos nacionais;
Despesas de deslocação f) Passaporte diplomático, nos termos da lei.
1. Os magistrados do Ministério Público têm direito ao Artigo 46º
reembolso se não optarem pelo recebimento adiantado Direitos e regalias especiais dos Procuradores da República
das despesas resultantes da sua deslocação e do seu de Círculo
agregado familiar e transporte de bagagens, qualquer
que seja o meio de transporte utilizado, quando colocados, 1. Os Procuradores da República de Círculo têm direito
transferidos ou promovidos em cargos ou lugar diverso a um subsídio correspondente a 15 % da remuneração
do da sua residência. base, a título de despesas de representação.
2. Não é devido reembolso quando a mudança de situação 2. Os Procuradores da República de Círculo têm, ainda,
se verifique a pedido do magistrado do Ministério Público. direito a:
e ininterrupto das suas funções, e com classificação mí- 2. Por motivo de serviço público, os magistrados do
nima de BOM na última avaliação a que tiverem sido Ministério Público podem gozar as suas férias em período
submetidos podem beneficiar de uma licença sabática, diferente do referido no número anterior.
de um ano, destinada ao aprofundamento ou extensão
de conhecimentos em ramo científico de interesse para 3. A situação de gozo de férias e o local para onde o
o exercício da magistratura, no país ou no estrangeiro, magistrado do Ministério Público se desloque devem ser
autorizada pelo Conselho Superior do Ministério Público, comunicados ao Procurador-Geral da República.
mediante análise do correspondente projecto de formação
4. O Procurador-Geral da República pode determinar
devidamente validado pelo estabelecimento de ensino
o regresso do magistrado às funções, sem prejuízo do
universitário ou de investigação a ser frequentado.
direito que a este cabe de gozar em cada ano vinte e dois
2. No período da licença referida no número anterior, dias úteis de férias.
os magistrados do ministério público mantêm os seus
Artigo 52º
demais direitos, regalias e imunidades previstos na lei,
com excepção do suplemento previsto na alínea a) do Dispensa do serviço
número 1 do artigo 40º e dos subsídios de representação
ou comunicação, conforme couber. Não existindo inconveniente para o serviço, o Procu-
3. O gozo da licença referida no número 1 pode ser rador-Geral da República ou o Vice Procurador-Geral
protelado no seu início ou suspenso a todo o tempo no da República, por delegação daquele, pode conceder aos
período do seu decurso, sempre que o Conselho Superior magistrados do Ministério Público dispensa do serviço
do Ministério Público assim o deliberar com fundamento para participação em congressos, simpósios, cursos, semi-
em ponderosas razões da conveniência do serviço. nários, reuniões ou outras realizações que tenham lugar
no país ou no estrangeiro, conexas com a sua actividade
4. Os beneficiários da licença referida no número 1 profissional.
devem assegurar a sua permanência na efectividade
de funções na carreira da magistratura do Ministério Artigo 53º
Público por um período de cinco anos imediatamente
Licença para prestação de serviço em organismos
subsequentes. internacionais
Artigo 48º
Intimação para comparência
Ao magistrado do Ministério Público é concedido, pelo
Conselho Superior do Ministério Público, licença para
Os magistrados do Ministério Público em efectividade exercer funções em organismos internacionais, desde que
de funções não podem ser intimados para comparecer ou tenha sido seleccionado em concurso público.
prestar declarações perante qualquer autoridade sem
prévia comunicação e autorização do Conselho Superior CAPÍTULO IV
do Ministério Público.
Artigo 49º
Colocações e transferências
Busca domiciliária Artigo 54º
1. O magistrado do Ministério Público não pode ser 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, na colo-
detido ou preso preventivamente, salvo em flagrante cação e transferência dos magistrados do Ministério Público
delito por crime doloso a que corresponda pena de prisão deve ter-se em conta a sua efectivação com o mínimo de
cujo limite máximo seja superior a três anos. prejuízo para a vida pessoal e familiar do interessado.
2. Em caso de detenção, o magistrado é imediatamente Artigo 55º
apresentado ao juiz competente.
Transferência
3. No cumprimento de detenção ou prisão, o magistrado
é recolhido em estabelecimento prisional especial ou em 1. A transferência dos magistrados do Ministério
regime de separação dos restantes detidos ou presos. Público faz-se por iniciativa do Conselho Superior do
Artigo 51º Ministério Público, com acordo do magistrado, ou a re-
Férias querimento deste.
CAPÍTULO V Classificação
Artigo 61º
Comissão de serviço
Classificação de magistrados do Ministério Público
Artigo 59°
Os magistrados do Ministério Público são classificados
Nomeação em comissão de serviço
de acordo com o seu mérito, de Muito Bom, Bom com
Os magistrados do Ministério Público só podem ser Distinção, Bom, Suficiente e Medíocre.
nomeados para o exercício de cargos em comissão de ser- Artigo 62º
viço, mediante prévia autorização do Conselho Superior
Critérios e efeitos da classificação
do Ministério Público.
Artigo 60º 1. A classificação deve atender ao modo como os ma-
gistrados desempenham a função, ao volume e dificul-
Comissões de serviço dades do serviço a seu cargo, às condições do trabalho
prestado, à preparação técnica, categoria intelectual,
1. São comissões de serviço de natureza judicial ou
trabalhos jurídicos publicados e idoneidade cívica.
judiciária as respeitantes aos cargos seguintes:
2. A classificação de medíocre implica a suspensão
a) Nos serviços de inspecção do Ministério Público; do exercício de funções e a instauração de inquérito
b) Juiz em tribunal não judicial; destinado à aferição de adaptação para o exercício da
magistratura.
c) Assessor na Procuradoria-Geral da República,
3. Se, em processo disciplinar instaurado com base no
Supremo Tribunal da Justiça, no Tribunal
inquérito, se concluir pela inaptidão do magistrado, mas
Constitucional ou no Conselho Superior do
pela possibilidade de o mesmo exercer outras funções
Ministério Público;
públicas podem, a requerimento do interessado, substi-
d) Exercício de funções de direcção superior de tuir-se as penas de aposentação compulsiva e de demissão
órgãos de investigação criminal e de inspecção pela de exoneração.
superior das polícias; Artigo 63º
1. Nas classificações são considerados os resultados das 1. A lista de antiguidade dos magistrados é publicada
inspecções anteriores, inquéritos, sindicâncias ou pro- anualmente pelo Conselho Superior do Ministério Público
cessos disciplinares, tempo de serviço, relatórios anuais no Boletim Oficial.
e quaisquer elementos complementares que estejam na
posse do Conselho Superior do Ministério Público. 2. Os magistrados são graduados em cada categoria
de harmonia com o tempo de serviço, mencionando-se, a
2. São igualmente tidos em conta o volume de serviço respeito de cada um, o cargo ou função que desempenha
a cargo do magistrado e as condições de trabalho. e a data da colocação.
3. O magistrado é obrigatoriamente ouvido sobre o Artigo 69º
relatório de inspecção e pode fornecer elementos que
entender convenientes. Reclamação
b) Dois anos, se à infracção corresponder pena de A pena de multa é fixada em dias, no mínimo de cinco
multa, suspensão ou inactividade; e no máximo de sessenta.
c) Três anos, se à falta disciplinar corresponder Artigo 80º
pena de aposentação ou demissão. Suspensão e inactividade
4. A prescrição recomeçará a correr passados os prazos 1. A pena de aposentação compulsiva consiste na im-
estabelecidos neste Estatuto para a decisão dos processos posição da aposentação.
referidos na primeira parte deste número. 2. A pena de demissão consiste no afastamento defi-
5. Se no decurso dos prazos referidos no número 1 al- nitivo do magistrado com cessação de todos os vínculos
guns actos de instrução com efectiva incidência no apura- com a função.
mento dos factos forem praticados, a prescrição conta-se Secção III
desde o dia em que tiver sido praticado o ultimo acto. Efeitos das penas
Secção II Artigo 82º
Penas Produção de efeitos
1.A pena de suspensão de exercício de funções implica a A pena de multa é aplicável a casos de negligência ou
perda de tempo correspondente à sua duração para efeitos desinteresse pelo cumprimento dos deveres profissionais.
de remuneração, antiguidade e aposentação. Artigo 91º
2. A pena de suspensão de exercício de funções implica Suspensão e inactividade
ainda impossibilidade de promoção durante o tempo da
aplicação da pena. 1. As penas de suspensão de exercício de funções e de
inactividade são aplicáveis aos casos de negligência grave
3. A aplicação da pena de suspensão de exercício de fun- ou grave desinteresse no cumprimento de deveres pro-
ções não prejudica o direito do magistrado a assistência fissionais, ou quando os magistrados forem condenados
social a que tenha direito, nos termos da lei. em pena de prisão efectiva, salvo se a condenação aplicar
Artigo 85º pena de demissão.
Inactividade 2. O tempo de prisão cumprido é descontado na pena
disciplinar.
A pena de inactividade produz os efeitos referidos no
artigo anterior, sendo elevado para dois anos o período Artigo 92º
de impossibilidade de promoção. Aposentação compulsiva e demissão
Artigo 86º
1. As penas de aposentação compulsiva e de demissão
Pena de aposentação compulsiva são aplicáveis quando o magistrado:
A pena de aposentação compulsiva implica a imediata a) Revele definitiva incapacidade de adaptação às
desligação do serviço e a perda dos direitos e regalias exigências da função;
conferidos pelo presente diploma, bem como os demais
efeitos decorrentes da lei. b) Revele falta de honestidade, conduta imoral ou
desonrosa, ou grave insubordinação;
Artigo 87º
Pena de demissão
c) Revele inadaptação profissional;
A pena de demissão implica a perda do estatuto de d) Tenha sido condenado por crime praticado com
magistrado conferido pela presente lei e dos correspon- flagrante e grave abuso da função ou com
dentes direitos, salvo direito de aposentação, nos termos manifesta e grave violação dos deveres a ela
e condições estabelecidos na lei, não impossibilitando inerentes.
o magistrado de ser nomeado para cargos públicos ou 2. É aplicável sempre a pena de demissão ao abandono
outros que possam ser exercidos sem que o seu titular de lugar.
reúna as particulares condições de dignidade e confiança
exigidas pelo cargo de que foi demitido. Artigo 93º
2. Se a pena aplicável for qualquer das previstas nas funções, sob proposta do instrutor, desde que haja fortes
alíneas b) d), e e) do número 1 do artigo 77º, em caso de indícios de que à infracção cabe, pelo menos, a pena de
reincidência, o seu limite mínimo é igual a um terço, um suspensão de exercício e a continuação no exercício de
quarto ou dois terços do limite máximo, respectivamente. funções seja prejudicial à instrução do processo, ao serviço
ou ao prestígio e dignidade da função.
Artigo 96º
Concurso de infracções
2. A suspensão preventiva é executada de forma a fica-
rem salvaguardados o prestígio da função e a dignidade
1. Verifica-se concurso de infracções quando o ma- do magistrado.
gistrado cometa duas ou mais infracções antes de se
3. A suspensão preventiva não pode exceder cento e
tornar inimpugnável a condenação por qualquer delas.
vinte dias, prorrogáveis mediante justificação por mais
2. No concurso de infracções aplica-se uma única pena, trinta dias e não prejudica quaisquer direitos dos ma-
e, quando às infracções correspondam penas diferentes, gistrados.
aplica-se a de maior gravidade, agravada em função do Artigo 101º
concurso, se for variável.
Acusação
Artigo 97º
1. Concluída a instrução e junto o registo disciplinar do
Prazos de prescrição arguido, o instrutor deduz acusação no prazo de dez dias,
articulando discriminadamente os factos constitutivos da
As penas disciplinares prescrevem nos prazos seguin-
infracção disciplinar e os que integram circunstâncias
tes, contados da data em que a condenação se tornou
agravantes ou atenuantes, que repute indiciados, indi-
inimpugnável:
cando os preceitos legais no caso aplicáveis.
a) Seis meses, para as penas de advertência escrita 2. Se não se indiciarem suficientemente factos consti-
e de multa; tutivos da infracção ou da responsabilidade do arguido,
b) Três anos, para as penas de suspensão de ou o procedimento disciplinar se encontrar extinto, o
exercício e de inactividade; instrutor elabora em dez dias o seu relatório, seguindo-se
os demais termos aplicáveis.
c) Cinco anos, para as penas de aposentação Artigo 102º
compulsiva e de demissão.
Notificação da acusação
Secção V
1. É entregue ao arguido ou remetida pelo correio,
Processo disciplinar sob registo, com aviso de recepção, cópia da acusação,
Artigo 98º fixando-se-lhe um prazo entre dez e trinta dias para
apresentação da defesa.
Princípios gerais
2. Não sendo conhecido o paradeiro do arguido, a no-
1. O processo disciplinar é o meio de efectivar a res- tificação da acusação é feita por edital.
ponsabilidade disciplinar.
Artigo 103º
2. O processo disciplinar é de natureza confidencial Nomeação de defensor
até à notificação da acusação, salvo oposição do arguido.
1. Quando o arguido esteja impossibilitado de elabo-
3. É aplicável ao processo disciplinar, com as neces- rar a defesa por motivo de ausência, doença, anomalia
sárias adaptações, o regime de impedimentos, recusas e psíquica ou incapacidade física, é-lhe nomeado defensor.
escusas em processo penal.
2. Quando o defensor seja nomeado em data posterior
Artigo 99º à da notificação da acusação, reabre-se o prazo para a
Instrução defesa com a sua notificação.
Artigo 104º
1. A instrução do processo disciplinar deve ultimar-se
no prazo de quarenta e cinco dias. Exame do processo
2. O prazo referido no número anterior apenas pode Durante o prazo para a apresentação da defesa, o ar-
ser prorrogável, em caso justificado, por igual período. guido, o defensor nomeado ou o mandatário constituído
podem examinar o processo no local onde este se encontra
3. O instrutor dá conhecimento à entidade que mandou depositado.
instaurar processo disciplinar, bem como ao arguido, da Artigo 105º
data em que inicia a instrução do processo.
Defesa do arguido
Artigo 100º
1. Com a defesa, o arguido pode indicar testemunhas,
Suspensão preventiva do arguido juntar documentos ou requerer diligências.
1. O magistrado do Ministério Público arguido em pro- 2. Não podem ser oferecidas mais de três testemunhas
cesso disciplinar pode ser preventivamente suspenso das por cada facto.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011 767
Artigo 106º circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de de-
Relatório monstrar a inexistência dos factos que determinaram a
punição e que não puderam ser oportunamente utilizados
Terminada a produção da prova, o instrutor elabora, pelo arguido.
no prazo de quinze dias, um relatório, do qual devem
constar os factos cuja existência considere provada, a 2. A revisão não pode, em caso algum, determinar o
sua qualificação e a pena aplicável. agravamento da pena.
Artigo 113º
Artigo 107º
Processo
Decisão do processo disciplinar
1. A revisão da deliberação ou decisão disciplinar e a
O processo disciplinar instaurado contra um magis-
reabilitação são requeridas pelo interessado ao Conselho
trado do Ministério Público é apreciado e decidido pelo
Superior do Ministério Público, que decide.
Conselho Superior do Ministério Público.
Artigo 108º
2. O requerimento, autuado por apenso ao processo
disciplinar, deve conter os fundamentos do pedido e a
Notificação da deliberação ou decisão indicação dos meios de prova que devam ser produzidos
A deliberação ou decisão finais, acompanhadas de e é instruído com os documentos que o interessado tenha
cópia do relatório final do instrutor e, quando as haja, podido obter.
das propostas que se lhe tenham seguido, são notificadas 3. Recebido o requerimento para revisão da deliberação
ao arguido. ou decisão disciplinar, o Conselho Superior do Ministério
Artigo 109º Público decide, no prazo de trinta dias, se deve ou não
ser concedida a revisão.
Início da produção de efeitos das penas
4. Se o Conselho Superior do Ministério Público decidir
A decisão que aplique a pena não carece de publicação, pela revisão, é nomeado novo instrutor para o processo.
começando a pena a produzir os seus efeitos no dia se-
Artigo 114º
guinte ao da notificação ao arguido, nos mesmos termos
do número 1 do artigo 102º, ou quinze dias após a afixação Procedência da revisão
do edital a que se refere o número 2 do mesmo artigo. 1. Se o pedido de revisão for julgado procedente, revoga-
Artigo 110 º se ou altera-se a decisão proferida no processo revisto.
Nulidades e irregularidades 2. Sem prejuízo de outros direitos legalmente previstos,
o interessado é indemnizado pelas remunerações que
1. Constitui nulidade insuprível a falta de audiência
tenha deixado de receber em razão da decisão revista.
do arguido com possibilidade de defesa e a omissão de
diligências essenciais para a descoberta da verdade que Artigo 115º
ainda possam utilmente realizar-se. Prazos para a revisão
2. As restantes nulidades e irregularidades conside- A revisão pode apenas ser requerida decorridos os
ram-se sanadas se não forem arguidas na defesa ou, a seguintes prazos sobre o cumprimento da pena:
ocorrerem posteriormente, no prazo de cinco dias conta-
a) Três anos, nos casos de multa;
dos da data do seu conhecimento.
Artigo 111º
b) Cinco anos, nos casos de suspensão de exercício
de funções e de inactividade;
Processo por abandono do lugar
c) Sete anos, nos casos de aposentação compulsiva
1. Quando um magistrado deixe de exercer funções du- e de demissão.
rante dez dias, manifestando expressamente a intenção
Secção VII
de abandonar o lugar, ou faltar injustificadamente du-
rante trinta dias seguidos, é-lhe instaurado um processo Inquéritos e sindicâncias
disciplinar por abandono do lugar. Artigo 116º
b) Por ter sido extinto o lugar que ocupava; 1. Os magistrados do Ministério Público que se aposen-
tem nos termos do presente Estatuto e com classificação
c) Por ter cessado a comissão de serviço em que se de Bom com Distinção na última avaliação inspectiva são
encontrava; considerados jubilados, desde que o requeiram ao Conse-
d) Nos demais casos previstos na lei. lho Superior do Ministério Público na data da desligação
do serviço para efeitos de aposentação.
2. A situação de disponibilidade não implica perda de
antiguidade, de vencimentos ou de remuneração, salvo 2. Os magistrados do Ministério Público jubilados
nos casos especialmente previstos na lei. continuam vinculados aos deveres estatutários e ligados
ao serviço de que faziam parte, conservam dos títulos,
Artigo 121º honras, regalias e imunidades correspondentes à sua
Suspensão de funções categoria e podem assistir de traje profissional às cerimó-
nias solenes que se realizem no referido serviço, tomando
1. Os magistrados do Ministério Público suspendem lugar à direita dos magistrados em serviço activo.
as suas funções:
3. Os magistrados do Ministério Público jubilados po-
a) No dia em que forem notificados do despacho de dem ser designados mediante seu consentimento para o
pronúncia ou do despacho que designa dia serviço de assessoria do Conselho Superior do Ministério
para julgamento por crime doloso praticado Público ou de coadjuvação da Inspecção Judicial.
no exercício das suas funções;
4. A actividade de coadjuvação na inspecção judicial é
b) No dia em que lhes for notificada a suspensão compensada com senhas de presenças pelas sessões de
preventiva por motivo de procedimento trabalho em que participarem os respectivos magistrados
disciplinar ou aplicação de pena que importe do Ministério Público, nos mesmos termos atribuídos aos
afastamento do serviço; membros do Conselho Superior do Ministério Público.
c) No dia em que lhes for notificada a suspensão 5. A actividade de assessoria ao Conselho Superior do
nos termos do artigo 84º; Ministério Público é compensada com importância nunca
superior a 1/3 da respectiva pensão.
d) No dia em que lhes for notificada a deliberação
que lhes atribua a classificação referida no 6. O magistrado do Ministério Público nas condições
número 2 do artigo 62º. previstas no número 1 pode fazer declaração de renúncia
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011 769