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Ésquilo é dono das últimas 200 garrafas de tinto de certa colheita de grande
qualidade. Fídias comprou-lhe, ao telefone, 100 das ditas, por certo preço. Fídias iria buscar
as garrafas daí a uns dias. Na manhã seguinte ao telefonema, porém, um incêndio fortuito
destruiu 100 das garrafas. Nessa tarde, com a confusão gerada, um ladrão, mais tarde
identificado, levou as restantes.
Quem é que terá o ónus de as reivindicar (se não tiverem desaparecido entretanto)?
Resolução
Importa começar por referir o facto de estarmos perante uma obrigação indeterminada,
pois a determinação da prestação ainda não se encontra realizada, contudo está terá de
ocorrer até ao cumprimento. Assim, a prestação pode ser indeterminada, aquando da
celebração do negócio de que derive a respetiva obrigação, mas deve ser determinável,
ou seja, deve ser suscetível de vir a ser determinada. Uma obrigação indeterminável não
chega a nascer por nulidade do negócio respetivo, segundo o artigo 280º do Código Civil.
No presente caso houve uma determinação quanto ao género, pois seriam garrafas de
vinho tinto da colheita selecionada, contudo não houve uma determinação quanto ao
espécime, ou seja não ficaram acordadas nem determinadas exatamente quais as garrafas
que seriam entregues. Concluímos portante que estamos perante uma obrigação genérica,
prevista no artigo 539º e seguintes do Código Civil.
Para que a obrigação de prestação de coisa genérica possa vir a ser cumprida, terá de
ocorrer uma concretização, através de uma escolha de certos espécimes (individualização
do espécime dentro do género).
para o cumprimento da obrigação, o que por sua vez é essencial para os efeitos do risco,
pois este, segundo o artigo 796º corre por conta do proprietário.
Um dos casos previstos é a extinção do género a ponto de restar apenas uma das coisas
nele compreendidas, ou seja, ocorrer a limitação do género a ponto de restar o número de
espécies necessário para o cumprimento da obrigação.
A concentração nesta situação ocorre por facto da natureza, mas não se está perante um
desvio da regra do artigo 540º, uma vez que, caso as coisas sobrantes também
desaparecessem, deixaria a prestação de ser possível com coisas do género estipulado,
pelo que o devedor estaria sempre exonerado em virtude da impossibilidade da prestação.
No caso apresentado verificamos que devido ao incêndio foram destruídas 100 garrafas,
contudo sobram ainda as 100 necessárias ao cumprimento da obrigação. Assim neste
momento, Ésquilo seria obrigado a entregar essas 100 garrafas a Fídias que se tinha
tornado proprietária das mesmas a quando a extinção do género até ao número necessário
para cumprir a obrigação.
Tal como previsto no artigo 762º, nº2 e 227º do Código Civil as partes devem agir de boa
fé na formação de contratos e no cumprimento das obrigações. O princípio da boa fé
impõe diversos deveres acessórios às partes, que se destinam a permitir que a execução
da prestação corresponda à plena satisfação do interesse do credor e que essa execução
não implique danos para qualquer das partes.
Resolução
A regra geral, como vemos no artigo 410º/1 é a de que o contrato-promessa tem forma
livre (artigo 219º).
Pelo artigo 892º embora a venda de bens alheios seja sempre nula, sempre que o vendedor
careça de legitimidade para a realizar, o contrato-promessa de venda de bens alheios é
válido, já que, estando em causa uma mera obrigação de contratar, não se exige em
relação ao promitente-vendedor qualquer requisito de legitimidade.
Exige-se a legitimidade para a alienação ou oneração de direitos reais, mas não em relação
à constituição de obrigações.
Resolução
A regra geral, como vemos no artigo 410º/1 é a de que o contrato-promessa tem forma
livre (artigo 219º), contudo, nos casos previstos no artigo 410º/2 estipula que no caso de
contratos que exijam forma legal é necessário que o contrato-promessa seja realizado por
documento assinado pela parte que se vincula ou por ambas.
O sinal, previsto nos artigos 440º e seguintes do Código Civil consiste numa cláusula
acessória dos contratos onerosos, mediante a qual uma das partes entrega à outra, por
ocasião da celebração do contrato, uma coisa fungível, que pode ter natureza diversa da
obrigação contraída ou a contrair.
Neste caso estamos perante um contrato-promessa realizado com um sinal, pois Vírgilio
entregou a quantia de 500.000€ como forma de fixar as consequências para o caso do
incumprimento do contrato.
Ao contrário da regra geral estipulado no artigo 440º, pelo 441º, devido a estarmos perante
um contrato de compra e venda, as partes não necessitam de estipular que a coisa entregue
vale como sinal, pois essa é a presunção legal.
No caso estamos perante uma disputa em direitos reais e direitos obrigacionais, pelo que
importar ter em consideração algumas distinções destes:
Passadas duas semanas, Cícero vendeu a pirâmide a Cleópatra (C2). Sabendo disso,
Virgílio intentou uma ação de «execução específica» contra Cícero. Situação A
Caso as partes tivessem atribuído eficácia real ao contrato, nos termos do artigo 413º,
seria possível, o beneficiário obter o direito a celebrar o contrato prometido, sendo que
esse direito prevalece sobre qualquer direito real que tenha sido constituído depois da
promessa.
Neste caso estamos perante uma disputa entre dois direitos reais, pois a quando do registo
da execução especifica, o tribunal irá proceder de forma a permitir o beneficiário obter a
celebração do contrato prometido, sendo que esse direito prevalece sobre qualquer direito
real que tenha sido constituído depois da promessa e respetivo registo da execução
especifica.
Contudo, não podemos concordar. Consideramos que tal posição defende a possibilidade
de vermos o nosso direito lesado devido à burocratização do sistema judicial e leva-nos
a questionar para que serve o registo da execução especifica. Não consideramos que o
individuo possa estar na seguinte situação: caso a justiça seja eficiente e o tribunal
execute o meu pedido e tempo, o meu direito real prevalece perante o de terceiro, contudo
caso devido à ineficácia do sistema judicial, o meu pedido ainda não foi executado, pelo
que, apesar de já ter sido demonstrada a vontade de recorrer aos meus judiciais para ver
o meu direito resolvido, através do registo da execução especifica, prevalece o direito real
de um terceiro que compre o meu bem