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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

HISTÓRIA DO DIREITO
PROFESSOR: DIEGO NUNES
ALUNO (A): MARIA EDUARDA CABREIRA SANTOS (22200022)

MEMORIAL I – ANTIGUIDADE
Em primeiro lugar, as leituras de “Instituição Histórica do Direito” do autor
Bartolomé Clavero e de “A Cultura Jurídica Europeia” de António Manuel Espanha
trouxeram um ótimo panorama inicial de como as definições atuais do direito não são
somente fruto das normas e do contexto contemporâneo, mas que há todo um histórico
de evoluções e, inclusive, de permanências por trás do que temos hoje.
A partir da leitura de “Instituição Histórica do Direito” de Clavero me familiarizei
com conceitos importantes na formação do raciocínio histórico jurídico, isto é, o autor
trouxe a caracterização do termo ius que significa o “direito” do cidadão romano, de
iurisprudencia que constituía uma atividade básica para o ordenamento romano
produzida pelos jurisconsultos, e neste ponto trago uma dúvida sobre lembrar que o
Professor Diego Nunes afastou o conceito de iurisprudencia romano do conceito de
jurisprudência atual, mas vejo semelhanças por ambas serem formas de “consultas”
afim de manter um padrão jurídico na sociedade. Além disso, o autor traz a lex como
uma atividade de caráter político, que não objetivava formar um corpo de legislação,
mas ser um apoio para resolver determinadas questões que não incidiam no ius, porque
se incidissem deveriam ser utilizadas da iurisprudencia. Portanto, é nítido o caráter
subjetivo que esses dispositivos apresentavam, isto é, não se tratava de um ordenamento
regido por uma simples legislação, mas uma série de apetrechos jurídicos para lidar com
as questões políticas e sociais.
Além disso, em “A Cultura Jurídica Europeia” extraio a corroboração do autor com
o que citei anteriormente sobre a subjetividade de aplicabilidade da jurisdição romana,
quando ele afirma que “o direito ganha, desta forma, um caráter casuístico que incentiva
uma averiguação muito fina da justiça de cada caso concreto... o momento da resolução
é muito criativo, pois a lei não amarra, de modo nenhum a inventiva do magistrado”
demonstra a variabilidade de conclusões jurídicas que os romanos produziram ao longo
da sua história. Portanto, é nítida a riquíssima contribuição que o Direito Romano gera
para as posteriores sociedades, uma vez que obteve complexos raciocínios jurídicos e
importantes relações laborais, como os magistrados.
Em segundo plano, discorro sobre a atividade de anacronismo proposta para os
grupos da disciplina, onde achei interessantíssimo que a percepção inicial da turma foi
de levar ao pé da letra o conceito da mulher, dos filhos e dos escravos do pater romano
serem considerados objetos, já que a leitura da Lei das XII Tábuas possibilitava esse
entendimento prévio. Diante disto, foi esclarecido pelo Professor Diego Nunes que, na
verdade, o termo jurídico para esse tipo de situação é chamado de “ficção jurídica”,
conceito o qual foi criado para explicar situações que em tese seriam contrárias a
própria lei, mas para satisfazer os interesses comuns precisariam ser aplicadas. O jurista
alemão Rudolf von Ihering diz que este ato é uma “mentira técnica consagrada pela
necessidade”, ou seja, é um recurso técnico que atribui a uma categoria os efeitos
jurídicos que seriam próprios a outra. Nesse sentido, é possível relacionar perfeitamente
com o contexto dos escravos romanos, já que a manutenção da escravidão era um fator
econômico fundamental para Roma, e por isso, era aplicado sobre ele o entendimento de
res, ou seja, de coisa. Portanto, do ponto de vista legislativo sofriam os efeitos jurídicos
de uma res e, portanto, não possuíam direitos, mas apesar dessa condição ser perene,
havia o entendimento e a possibilidade de expressão e liberdade.
Gostaria de encerrar meu raciocínio neste memorial expondo também a contribuição
que as aulas e o material trouxeram para o meu conhecimento e interesse profissional,
uma vez que atuo no mercado imobiliário e ter, mesmo que breve, o entendimento
histórico do Direito de Posse e Propriedade e de Sucessões é extremamente interessante,
isto é, perceber as contribuições e, principalmente, as permanências que o legado
romano deixou no contexto jurídico atual é extraordinário. Espero ter oportunidade e
tempo para me aprofundar nestes quesitos.

Sendo o que tinha de contribuição, agradeço a equipe.

23 de setembro de 2022.

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