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à Tortura - Módulo 4
Olá.
Bem-vindos ao Módulo 4.
MÓDULO 4 - QUAIS SÃO AS AR TICULAÇÕES PAR A PR EVEN ÇÃO E EN FR EN TAMEN TO À TOR TUR A?
Leia com atenção, clicando sobre a lupa, um trecho da matéria publicada naquela época acerca do
mecanismo de combate à tortura como sendo um dos esforços para melhoria do sistema prisional e de
assistência jurídica a presos assumidos pela DPE-AM.
Representantes do MNPCT se
representantes do Judiciário,
Esse monitoramento foi realizado nos três estados brasileiros que mais sofreram com
a crise no sistema prisional em janeiro de 2017 – Amazonas, Rio Grande do Norte e
Roraima -, e que resultou na morte de 126 detentos e ao, menos, 72 presos
desaparecidos.
Caso você queira saber mais a respeito do que foi apontado no relatório, acesse o
endereço: http://www.amazonas.am.gov.br/2018/02/mecanismo-de-combate-a-
tortura-destaca-como-um-dos-esforcos-para-melhoria-do-sistema-prisional-a-
assistencia-juridica-a-presos-assumida-pela-dpe-am/
1 .1 A C r i a ç ã o d o S i s t e m a Na c i o n a l d e Pr e v e n ç ã o e C o m b a t e à
To r t u r a ( S NPC T )
As políticas públicas em Direitos Humanos têm sido implementadas em um processo em construção com
diversos atores da sociedade. Por meio do diálogo, da observância dos direitos expressos na Constituição
Federal e do compromisso da agenda governamental, foi possível avançar na construção de políticas
públicas que visavam à garantia e proteção de direitos a toda sociedade. No caso da prevenção e combate
à tortura, estes e novos avanços foram sintetizados em um Plano de Ações Integradas e na aprovação da
Lei nº. 12.847/2013.
Com a Lei n.º 12.847/2013, além do cumprimento de obrigação internacional, o Estado brasileiro assumiu
para si o compromisso de criar um Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, com respeito ao
pacto federativo, por meio da articulação e integração dos entes federados na criação de uma rede de
comitês e mecanismos estaduais de prevenção e combate à tortura. Tal rede contou com a cooperação e
fortalecimento de organizações da sociedade civil e das instituições públicas relacionadas ao tema com
vistas ao enfrentamento desta grave violação de direitos humanos.
Dito isso, o módulo será direcionado tendo em vista algumas questões essenciais. A saber:
Com que objetivo foi criado o Sistema Nacional de Prevenção e combate à tortura (SNPCT)?
Por que alguns especialistas realizam visitas aos estados e para que servem os relatórios
produzidos por eles?
Há algum controle sobre a atuação destes órgãos e dos responsáveis que neles trabalham?
Este módulo responde a essas perguntas, uma vez que apresenta as articulações sobre prevenção e
enfrentamento à tortura, - o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, instituído pela Lei nº.
12.847, de 2013, e dois de seus órgãos estruturantes: o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Para tanto, serão abordadas a criação
do sistema, sua composição, atribuições e princípios norteadores. O módulo também abordará a atuação da
Coordenação-Geral de Combate à Tortura e à Violência Institucional do Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos na execução de políticas sobre a matéria. Então, mãos à obra!
Decreto nº 40/1991
A convenção que de niu as diretrizes para o enfretamento à tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
ou degradantes em todo mundo foi promulgada pelo decreto nº 40/1991.
Lei nº 9.455/1997
A lei de ne o crime de tortura e o Brasil deu um novo passo para o fortalecimento de uma legislação que visa prevenir e
enfrentar a tortura no país.
Decreto nº 6.085/2007
O Brasil aderiu ao Protocolo Facultativo à Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes da ONU conhecido como OPCAT.
O Protocolo OPCAT tem por objetivo estabelecer um sistema de visitas regulares efetuadas por órgãos nacionais e
internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade com a intenção de prevenir a
tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Ainda no ano de 2007 com a adesão do Brasil ao protocolo facultativo OPCAT¹ e a execução do PAIPCT², o
governo federal e a sociedade civil impulsionaram o debate sobre a criação do Sistema Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura com apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados - o PL nº
2442, de 2011. A construção do projeto de lei foi um processo longo, mas muito transparente e
participativo com a realização de diversas consultas. Também foi realizado, ainda naquele ano, um
seminário nacional, em parceria com a Associação para a Prevenção da Tortura (APT) que tratou sobre os
princípios gerais de mecanismos de prevenção e combate à tortura.
Na proposta do projeto, que segue as orientações do OPCAT, o SNCPT aproximaria órgãos e entidades
públicas e privadas com atribuições legais ou estatutárias de realizar tanto monitoramento, supervisão e
controle de estabelecimentos e unidades onde se encontrem pessoas privadas de liberdade quanto de
promover a defesa dos direitos e interesses dessas pessoas.
Após dois anos de tramitação no Congresso Nacional, o projeto de lei foi aprovado pelo Senado em 11 de
julho de 2013, instituindo-se a Lei nº. 12.847, de 2013. Assim, a criação do Sistema Nacional de Prevenção
e Combate à Tortura é fruto de uma longa construção normativa no campo dos Direitos Humanos.
Saiba Mais!
–
A íntegra do Projeto de Lei apresentado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional está disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=926266& lename=PL+2442/2011
1 .2 Pr i m e i r a s I n i c i a t i v a s e m Pr e v e n ç ã o e C o m b a t e à To r t u r a
Para dar cumprimento às previsões da Convenção contra a Tortura, o governo federal convidou um grupo
de especialistas de diferentes áreas para elaborar o Plano de Ações Integradas para a Prevenção e o
Combate à Tortura no Brasil (PAIPCT).
Esta foi a primeira iniciativa para construir uma política pública de prevenção à tortura após a promulgação
da Constituição Federal de 1988 e da edição da Lei nº. 9455/1997 que tipi ca a tortura como crime.
Lançado em 2006, o objetivo do plano era repensar, redirecionar e intensi car as ações de prevenção e
combate da tortura, no intuito de dotá-las de maior alcance e e cácia, no Sistema de Justiça Criminal
brasileiro.
Na sequência, foi criado, em 2013, o Comitê Nacional para Prevenção e Controle da Tortura no Brasil
(CNPCT), no âmbito da então Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (que
tinha status de ministério).
Lição 2 of 6
Você já sabe que foi instituído, após alguns anos de tramitação no Congresso Nacional, no artigo 1º da Lei
nº. 12.847, de 2013, o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT). O Sistema Nacional
de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT) é um conjunto articulado, orgânico e descentralizado de
instrumentos, mecanismos, órgãos e ações que visam à eliminação de todas as formas de tortura e
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, bem como o fortalecimento da prevenção e do combate à
tortura.
Participação Obrigatória:
Participação Facultativa:
Por ora, é importante que você xe essa estrutura. Mais adiante falaremos de cada uma delas com maior
profundidade.
2 .1 Ó r g ã o s E s t r u t u r a n t e s c o m Pa r t i c i pa ç ã o O b r i g a t ó r i a n o S NPC T
A Lei nº 12.847/2013 buscou garantir prerrogativas de uma instituição de Direitos Humanos, seguindo o
modelo do Comitê contra a Tortura e do Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU, por meio dos seus
princípios e diretrizes, bem como garantindo mandato, autonomia de trabalho, maioria de participação social e
possibilidade de relacionamento internacional.
2 .2 Ó r g ã o s c o m Pa r t i c i pa ç ã o Fa c u l t a t i v a n o S NPC T
A Lei nº. 12.847/2013 também previu a participação facultativa de outras entidades e órgãos. A menção
expressa de alguns órgãos representa um incentivo para que integrem o SNPCT como forma de permitir a
cooperação e comunicação entre elas com vistas à prevenção e o combate da tortura.
Vamos destacar alguns órgãos do Poder Legislativo, Poder Judiciário, Conselhos de comunidade e
Conselhos penitenciários que facultativamente participam do SNPCT. Mas, antes de conhecê-los, talvez
você esteja se perguntando: Por que a participação deles é facultativa?
Bem, a cooperação dessas entidades no sistema é facultativa porque muitas delas integram outros poderes
ou se encontram na esfera dos estados. Além disso, a Lei nº. 12.847/2013, que é de iniciativa do Poder
Executivo Federal, limitou-se apenas a abrir a possibilidade de participação por respeito ao pacto federativo
(BRASIL, Presidência da República. Secretaria de Direito Humanos, 2015).
O Poder Legislativo poderá participar por meio de suas respectivas comissões de direitos humanos, tanto
do âmbito federal, estadual, distrital, como municipal. Participam também, de maneira facultativa, os
órgãos do Sistema de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública).
Pelo Poder Judiciário podem integrar o Conselho Nacional de Justiça, os juízes da infância, adolescência,
militar e de execução penal e, por extensão, os juízes responsáveis pela supervisão das unidades de prisão
preventiva, cuja participação deve ser incentivada.
A referência aos órgãos do Ministério Público dá-se sobretudo em função de suas atribuições institucionais
de scalização das instituições públicas, com destaque para as polícias e estabelecimentos de privação da
liberdade, especialmente na repressão à tortura.
Já a participação da Defensoria Pública se torna importante, pois frequentemente é o defensor público que
mantém contato imediato com a pessoa privada de liberdade ou com seus familiares e pode vir a ter acesso
mais facilmente a ocorrências de tortura.
A Lei de Execução Penal dispõe que haverá, em cada comarca, um Conselho da Comunidade, composto, no
mínimo, por um representante de associação comercial ou industrial, um advogado indicado pela seção da
Ordem dos Advogados do Brasil e um assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho
Nacional de Assistentes Sociais.
Na falta da representação prevista, cará a critério do juiz da execução a escolha dos integrantes do
Conselho.
Visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca; entrevistar presos;
apresentar relatórios mensais ao juiz da execução e ao Conselho Penitenciário; e diligenciar a obtenção de
recursos materiais e humanos para melhor assistência ao preso ou internado em harmonia com a direção
do estabelecimento.
O Conselho Penitenciário também está previsto na Lei de Execuções Penais. É um órgão auxiliar da Justiça,
tendo função scalizadora e consultiva da pena, servindo como uma ligação entre os poderes Executivo e
Judiciário.
Então, cabe ao Conselho Penitenciário: emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a
hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso; inspecionar os estabelecimentos e
serviços penais; apresentar, no primeiro trimestre de cada ano, relatório dos trabalhos efetuados no
exercício anterior ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; supervisionar os patronatos,
bem como a assistência aos egressos.
No quadro a seguir, acompanhe um resumo de como a Lei nº 12.847/2013 estabelece os princípios para a
participação de entidades no SNPCT:
Entidades
Participação Entidades Públicas
Privadas
Mecanismo Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura – Não tem
(MNPCT); participação
Obrigatória/
obrigatória.
Conselho Nacional de Política
Estruturante
Criminal e Penitenciária
(CNPCP);
Departamento Penitenciário
Nacional (DEPEN).
tortura; supervisionar e
controlar lugares de
Órgãos do Poder Judiciário
privação de
com atuação nas áreas de
liberdade, ou atuar
infância, de juventude, militar
e de execução penal; na defesa dos
direitos humanos e
interesses das
Entidades
Participação Entidades Públicas
Privadas
Defensorias públicas;
Conselhos da comunidade e
conselhos penitenciários
estaduais e distrital;
Corregedorias e Ouvidorias
de Polícia, dos sistemas
penitenciários federal,
estaduais e distrital e demais
ouvidorias com atuação
relacionada à prevenção e
combate à tortura, incluídas
as agrárias;
Conselhos estaduais,
municipais e distrital de
direitos humanos;
Conselhos tutelares e
conselhos de direitos de
crianças e adolescentes.
Entidades
Participação Entidades Públicas
Privadas
Lição 3 of 6
A Lei n°. 12.847/2013 de niu, em seu artigo 4º, os princípios norteadores do SNPCT, alguns previstos
expressamente no Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes (OPCAT).
PR I N C Í PI O S DA PR I N C Í PI O S DA
PR O T E Ç Ã O DA O PR I N C Í PI O DA
PR O T E Ç Ã O DA O PR I N C Í PI O DA
DI GN I DA DE DA PE SS... I MPA R C I A L I DA DE UN I V E R SA L I DA DE ... I GUA L DA DE E DA ...
PR O T E Ç Ã O DA O PR I N C Í PI O DA PR I N C Í PI O S DA PR I N C Í PI O S DA
DI GN I DA DE DA PE SS... I MPA R C I A L I DA DE UN I V E R SA L I DA DE ... I GUA L DA DE E DA ...
O princípio da imparcialidade
Os órgãos do SNPCT devem atuar de forma transparente e sem atender a interesses de partidos, governos,
grupos ou pessoas. Impõe ainda que o CNPCT estabeleça critérios públicos e participativos para a escolha
dos membros do MNPCT. E, relacionado com a imparcialidade, está a objetividade que obriga os órgãos do
SNPCT a atuarem com isenção. Os relatórios do MNPCT, por exemplo, devem re etir o princípio da
objetividade nos seus relatos, constatações e recomendações (BRASIL, Presidência da República. Secretaria
de Direito Humanos, 2015).
PR O T E Ç Ã O DA O PR I N C Í PI O DA PR I N C Í PI O S DA PR I N C Í PI O S DA
DI GN I DA DE DA PE SS... I MPA R C I A L I DA DE UN I V E R SA L I DA DE ... I GUA L DA DE E DA ...
Estão previstos no OPCAT. Os órgãos do SNPCT devem atuar em relação a todos os estados brasileiros e em
todas as unidades de privação de liberdade.
PR O T E Ç Ã O DA O PR I N C Í PI O DA PR I N C Í PI O S DA PR I N C Í PI O S DA
DI GN I DA DE DA PE SS... I MPA R C I A L I DA DE UN I V E R SA L I DA DE ... I GUA L DA DE E DA ...
Baseiam-se na Constituição Federal, que prevê a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza.
As diretrizes do SNPCT organizam o sistema para que melhor alcance seus objetivos, assegurando seu bom
funcionamento. São elas:
Respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos das pessoas privadas de liberdade.
Articulação com as demais esferas de governo e de poder e com os órgãos responsáveis pela segurança
pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade, por locais de internação de longa permanência e
pela proteção de direitos humanos.
Adoção das medidas necessárias, no âmbito de suas competências, para a prevenção e o combate à
tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Lição 4 of 6
O CNPCT detém atribuições para projetar e articular a política de prevenção à tortura. É um órgão
colegiado, com representação da sociedade civil e dos órgãos de governo, responsável por acompanhar,
avaliar e propor ações aos programas, aos projetos e aos planos do tema; propor medidas legislativas;
elaborar e publicar relatório das atividades bem como subsidiar o mecanismo nacional com informações e
participar da implantação das suas recomendações.
E a Resolução nº. 4, de 9 de maio de 2016, que dispõe sobre deliberações, uxos de informações e notas
públicas relativos à prevenção e ao combate à tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes, no âmbito do CNPCT.
Outra atribuição executiva é criar e manter banco de dados com informações sobre a atuação dos órgãos
governamentais e não governamentais na prevenção e enfrentamento a tortura e difusão de boas práticas e
experiências exitosas na prevenção e combate à tortura.
Elaborar Relatório Anual de Atividades
–
Cabe ao CNPCT relatar publicamente as atividades realizadas, re etindo em que medida realizou as
atribuições previstas em lei.
4 .1 C o m po s i ç ã o e e s c o l h a d o s m e m b r o s d o C NPC T
O CNPCT é composto por 23 membros que representam órgãos governamentais e a sociedade civil
organizada, que tem maioria na sua composição. Os membros são escolhidos e designados pelo Presidente
da República.
O comitê é presidido pela Ministra ou Ministro de Estado do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos
Humanos. O vice-presidente deve ser eleito pelos demais membros do CNPCT, com mandato de um ano e
alternância entre os representantes do Poder Executivo federal e os representantes de conselhos de
classes pro ssionais e de organizações da sociedade civil.
Sobre a escolha dos membros de classe e da sociedade civil, a Lei nº.12.847/2013 assegurou a realização
de prévia consulta pública para a escolha dos membros de classe e da sociedade civil, observadas a
representatividade e a diversidade da representação.
Diferentemente da composição do antigo Comitê Nacional para Prevenção e Controle
da Tortura no Brasil – CNPCT que era integrado por até cinco representantes de
medida fundamental para garantir maior participação da sociedade civil nas políticas de
enfrentamento à tortura.
Devido à sua composição de caráter transversal e interdisciplinar, contando com a participação de órgãos
governamentais e podendo contar com os órgãos do Sistema de Justiça responsáveis por ações relativas ao
enfrentamento à tortura, o CNPCT tem um papel importante no diálogo e em avanços para o cumprimento
de recomendações do MNPCT e dos organismos internacionais.
São muitas siglas estudadas até agora, certo? Falaremos de mais uma delas. Trata-se do Mecanismo
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Se você já é integrante de algum Comitê Estadual
de proteção e combate à tortura já deve estar familiarizado com o MNPCT.
Este é um órgão integrante da estrutura do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
responsável pela prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes, nos termos do artigo 3º do OPCAT que dispõe o seguinte:
Um exemplo de relatório de visita está disponível em: clique aqui. Trata-se da visita feita pelo MNPCT à
unidade de internação em Santa Maria no Distrito Federal.
Elaborar Relatório Anual
–
O Mecanismo deve elaborar, anualmente, relatório circunstanciado e sistematizado sobre o conjunto de
visitas realizadas e recomendações formuladas, além de comunicado sobre o teor completo do relatório ao
dirigente imediato do estabelecimento ou da unidade visitada, e ao dirigente máximo do órgão ou da
instituição a que esteja vinculado o estabelecimento ou unidade visitada.
Isso vale para qualquer dos entes federativos (União, Distrito Federal, estados ou municípios) ou ao
particular responsável. O objetivo desta comunicação é de solucionar os problemas identi cados e aprimorar
o sistema.
Elaborar Recomendações
–
O MNPCT deve fazer recomendações e observações às autoridades públicas ou privadas, com vistas a
garantir a observância dos direitos das pessoas privadas de liberdade.
Clique aqui
5 .1 C o m po s i ç ã o e E s c o l h a d o s M e m b r o s d o M NPC T
O MNPCT é composto por onze peritos, escolhidos pelo CNPCT e nomeados pelo Presidente da República.
Desde a criação do MNPCT, os onze peritos foram selecionados por meio de processo seletivo para assumir
cargos comissionados, com remuneração e impossibilidade de exoneração, salvo nos casos previstos por lei.
Devem ser pessoas com notório conhecimento e formação de nível superior, atuação e experiência na área
de prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Têm mandato xo de três anos, permitida uma recondução.
2. A garantia do mandato;
Por isso, não podem gurar como peritos pessoas que exerçam cargos executivos em agremiação
partidária ou que não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências do
MNPCT.
A Lei nº. 12.847/ 2013 (art. 8º) garante independência de atuação e de mandato aos membros do MNPCT,
os quais não serão destituídos senão pelo Presidente da República nos casos de condenação penal
transitada em julgado, ou de processo disciplinar, em conformidade com as Leis nº. 8.112/1990, e nº
8.429/1992.
A liberdade de atuação não signi ca que o Mecanismo não deve prestar contas de sua atuação: seus
membros devem se reunir periodicamente com o CNPCT e prestar contas de suas atividades anualmente,
além de submeter seus relatórios e recomendações ao Comitê.
Os relatórios e prestações de contas também devem ser publicados, permitindo à sociedade civil exercer o
controle social sobre as atividades do MNPCT.
A provisão de recursos materiais, humanos, nanceiros e logísticos constitui um dos pontos importantes
para o bom funcionamento do mecanismo. A Lei nº. 12.847/2013 determina que o governo federal deve
garantir apoio técnico, nanceiro e administrativo necessários ao funcionamento do MNPCT, bem como do
CNPCT e do SNPCT.
Se você já é integrante do Comitê Estadual de Proteção e Combate à Tortura ou está engajado como
defensor dos diretos humanos, possivelmente, já tem alguma noção do que faz a CGVTI.
Tais ações consistem em apoio à estruturação do SNPCT, através de medidas de incentivo à criação,
adesão e participação dos comitês e mecanismos estaduais de prevenção e combate à tortura e por
estratégias integradas, baseadas em informações quali cadas que permitam garantir políticas
e cientes para o enfrentamento da tortura. Cabe ainda à coordenação, exercer a função de Secretaria-
Executiva do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
Saiba Mais!
–
Para saber mais sobre a estruturação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a íntegra
do decreto está disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10174.htm
Co n clu s ão
Conclusão
No caso da prevenção e combate à tortura, estes novos avanços foram sintetizados em um Plano de Ações
Integradas e na aprovação da Lei nº. 12.847/2013. Com a Lei n.º 12.847/2013, o Estado brasileiro
assumiu para si o compromisso de criar um Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
Já o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) detém atribuições para projetar e
articular a política de prevenção à tortura. É um órgão colegiado, com representação da sociedade civil e
dos órgãos de governo. Possui responsabilidades de acompanhar, avaliar e propor ações aos programas,
aos projetos e aos planos do tema; propor medidas legislativas; elaborar e publicar relatório das atividades
bem como subsidiar o mecanismo nacional com informações e participar da implantação das suas
recomendações.
Tal rede contou com a cooperação e fortalecimento de organizações da sociedade civil e das instituições
públicas relacionadas ao tema com vistas ao enfrentamento desta grave violação de direitos humanos.