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HERMENÊUTICA

JURÍDICA
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO

-CONCEITO DE HERMENÊUTICA JURÍDICA: é a parte da ciência


jurídica que estuda e sistematiza os processos necessários a fixação do sentido e
alcance (interpretação) das expressões do direito.

-CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO:
INTERPRETAÇÃO consiste em aplicar as regras, que a
hermenêutica perquire e ordena, para o bom entendimento dos textos legais.
A Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar.
PRINCIPAIS ESCOLAS HERMENÊUTICAS

- Idade Média; considerado um período obscuro para hermenêutica, na qual a igreja


católica dominava e inibia as formas de interpretação (Século IX ao XV).
- Movimento Iluminismo: se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos
XVII e XVIII. Capacidade de explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e
a própria crença religiosa( com base na razão), o que se chocava com a crença religiosa
(antigo regime).
Representava a homogenia intelectual da visão de mundo da burguesia européia,
rejeitando as tradições e a intolerância religiosa e os privilégios típicos do Antigo
Regime, abrindo caminho para a Revolução Francesa.
PRINCIPAIS ESCOLAS HERMENÊUTICAS

• Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Necessidade do


apego, a lei como forma de manutenção da burguesia no Poder. Movimento
de codificação: (1804) Código Civil Francês e Código Comercial de
Napoleão.
ESCOLA DA EXEGESE
• Formação da Escola de Exegese: passou por três períodos:
• 1804 a 1830: período de formação;
• 1830 a 1880: período do apogeu, onde tudo estava na lei, o código tinha resposta
para tudo;
• A partir de 1880: período de declínio.
• A sua doutrina pode ser resumida no seguinte:
seguinte o interprete da lei é um escravo
desta, erigida em dogma(lei acima de tudo), portanto, somente o método gramatical
é valido para interpretação dos textos legais.
legais O interprete deve buscar a vontade do
legislador e não da lei.
ESCOLA DA EXEGESE
Escola possui duas motivações:
• Preservação da legalidade conquistada pela Revolução Francesa, contra
arbítrio e os privilégios do Antigo regime.
• Preservação da codificação do Direito Francês (Código de Napoleão de
1804).
Frase que sintetizou a ideologia da Escola da Exegese: “NÃO CONHEÇO O
DIREITO CIVIL, O QUE LECIONO É O CÓDIGO DE NAPOLEÃO”. NAPOLEÃO
Uma visão totalmente voltada para a lei, sem visão extensiva nem restritiva.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
ESCOLA DA EXEGESE :
• 1-A Teoria da Plenitude da Lei: a norma não teria lacunas. Seria necessário apenas a
interpretação gramatical ( método gramatical para interpretação da lei ,ou seja, a
vontade do legislador);
• 2-Apego à vontade do legislador - Separação do Poderes: o juiz não poderia
substituir a vontade do legislador;
• 3-O Estado como única fonte do Direito - O Estado é o único que impõe o Direito
(fonte instrumental).
OBS: Havia grande fetichismo ( adoração) à lei, a qual tinha respostas para tudo. O
judiciário apenas aplicava a lei, sem qualquer interpretação extensiva ou restritiva.
Criticas à Escola da Exegese:

• Dinâmica Social contraria os postulados pregados pela Exegese (petrificação da


interpretação do Direito e o homem está em constante evolução) A própria
realidade dos fatos, a dinâmica social, contestou a Teoria da Plenitude da Lei;
• Quem deve interpretar a lei é o doutrinador, e não o legislador que não é jurista
especializado.
• Nega a fonte mais autentica do Direito que é o Povo.
• Há discordâncias entre os elaboradores da lei quanto a sua interpretação. Sendo
assim, nem sempre há uma uniformidade de opiniões;
Criticas à Escola da Exegese:

• De acordo com a Separação dos Poderes, fica a cargo do Poder Judiciário a


função de interpretar as leis, por isso se critica a interpretação autêntica. Os
litígios são diferentes um do outro, por isso é preciso interpretar a lei, de
forma justa ao caso concreto;
• Outro argumento contra a interpretação autêntica é o de que ela não existe.
De acordo com LICC, a lei secundária é considerada lei nova e, assim sendo,
revoga a lei primária que o mesmo poder criou. Dessa maneira, a lei
secundária não é interpretativa, mas uma nova lei vinculante.
ESCOLA HISTÓRICA DE SAVIGNY
• A Escola histórica na Alemanha teve Gustavo Hugo como seu precursor e Savigny como
seu grande difusor. A obra que celebrizou Savigny na Alemanha intitulava-se “DA VOCAÇÃO
DO NOSSO SÉCULO PARA A LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA”.
• Nesse trabalho, Savigny contestava que a codificação do Direito pudesse contribuir,
decisivamente, para a unificação da Alemanha.
Alemanha Savigny se opunha à idéia de um Direito
Natural Universal, sendo favorável a um Direito para cada Nação, proveniente do ESPÍRITO
DO POVO.
• O costume era priorizado como manifestação imediata do espírito do povo, tendo em vista
sua evolução espontânea. Para Saviny, a codificação petrificaria o Direito, e qualquer
legislação existente só seria válida se estivesse de acordo com o costume. Para Savigny, o
Direito deve estar em consonância com o ESPÍRITO DO POVO.
ESCOLA HISTÓRICA DE SAVIGNY
• Para a Escola Histórica, o jurista seria o representante do ESPÍRITO DO POVO
(origem das instituições), pois o intuiria nas instituições, descobrindo, assim, o
Direito e enunciando-o de forma erudita. erudita Savigny admitia as interpretações:
gramatical, lógica, sistemática e histórica.
histórica Sua pretensão era introduzir o método
hermenêutico na dogmática jurídica, de forma a elevar o Direito à categoria de
ciência, no caso, ciência do espírito.
• SAVIGNY FOI QUEM INTRODUZIU POSTERIORMENTE A HERMENÊUTICA NO
DIREITO, vivificando a dogmática jurídica com o elemento crítico e elevando o
Direito à categoria de Ciência do Espírito.
Espírito
FASES DO PENSAMENTO DE SAVIGNY

• 1ª Fase: Só o costume(espírito do povo) seria realmente Direito. Para ele a


norma jurídica é aquela que é aprendida diretamente do espírito do povo,
sem mediação de legisladores (só bastava o costume que seria a norma legal);
• 2ª Fase: A Lei é elaborada por mediadores do povo (Legisladores), que
expressassem a vontade do povo, ou seja, o espírito do povo;
• 3ª Fase: A Lei deveria ser atualizada pela doutrina para permanecer fiel ao
COSTUME ( acompanhar a dinâmica social, a evolução da sociedade).
SÍNTESE DO PENSAMENTO DE
SAVIGNY
• Contestava a Codificação do Direito( quebrou reinado do fetichismo
legal - Escola da Exegese);
• Se opunha a idéia de um Direito Natural Universal, mas favorável ao
Direito Natural de cada nação- Espírito do povo (pois cada estado da
Alemanha representava uma cultura, forma de pensar de seu povo);
• Costume:: era a manifestação do Espírito do Povo ( foi ao extremo,
valorando muito o costume e desprezando a lei);
SÍNTESE DO PENSAMENTO DE
SAVIGNY
• Introduziu a Hermenêutica do Direito: Hermenêutica jurídica;
jurídica
A metodologia proposta por Savigny veio consolidar os chamados cânones tradicionais da
Hermenêutica jurídica, quais seja:
a) Interpretação gramatical;
b) Interpretação lógica;
c) Interpretação sistemática;
d) Interpretação histórica;
e) Interpretação Teleológica ( Ihering ).
CRÍTICAS AO PENSAMENTO DE
SAVIGNY
• Impossibilidade de se ter segurança jurídica, pois só o COSTUME seria o
fundamento da norma jurídica ( exagero na exaltação do costume, o que seria
totalmente inseguro);
• O jurista não pode ficar exclusivamente atrelado ao COSTUME e esquecer
das outras formas de expressão do Direito, tais como: as leis, a equidade, a
analogia, os princípios gerais do direito, etc.
TEORIA DE IHERING
- Jurista e romancista alemão, Rudolf Von Ihering nasceu em Hannover, em
22.08.1818;
- Foi professor universitário, onde configurou seu pensamento jurídico
inovador, centrado no estudo das relações entre o direito e as mudanças sociais;
- Escreveu vários livros, dentre eles, “O fim do direito” e “A luta pelo Direito”
(a obra mais importante), etc.;
TEORIA DE IHERING
O SEU PENSAMENTO PASSOU POR 3 FASES, DENTRE AS QUAIS PODEMOS
CITAR:
1.ª FASE:: foi alvo de inúmeras críticas de vários teóricos da época. Foi uma fase totalmente
negra e desconsiderada. Críticos dizem que apenas quis se contrapor a tudo o que diziam há
época para se destacar (como forma de causar choques de pensamentos).
- Ihering equiparou o Direito ás ciências naturais, tomando a Biologia como paradigma;
- Nesta fase, contrapôs-se a Savigny,, uma vez que este classificou o Direito dentre as ciências
culturais;
- Para Ihering, o costume (de Savigny)) não guardava qualquer relação com o Direito.
TEORIA DE IHERING
2.ª FASE: foi a fase mais fecunda e larga de seu pensamento; teve muita contribuição
para o direito: seu pensamento resume-se: luta de classes, Ação Judicial e coação para
efetividade do direito.
- Nesta fase, Ihering foi contra tudo o que defendeu na sua fase anterior;
- Para ele, a sociedade era palco constante de uma luta de classes, e o Direito existe
para regular essas relações em sociedade;
- O direito protegia os interesses daqueles que conseguiam se impor socialmente (os
que estavam no topo da pirâmide), portanto,
portanto o direito seria o resultado dessa luta de
interesses e não mais a evolução espontânea do costume (já dizia Savigny);
TEORIA DE IHERING
- O direito, para ter realização prática, deveria se valer da AÇÃO JUDICIAL. E
o Estado, com toda a sua força, através da COAÇÃO, deveria garantir uma
decisão;
- Nessa fase, foi considerado marxista, por defender essa eterna e incessante
luta de classes;
- Finalizando, escreveu a sua tão conhecida obra “A Luta Pelo Direito”;
TEORIA DE IHERING
3.ª FASE:: momento conclusivo de seu pensamento;
- Desenvolveu a interpretação TELEOLÓGICA (sendo aquela que busca a
finalidade dos fatos, dando ênfase nos fins sociais);
- Admitia uma exarcerbada liberdade ao texto legal;
- Exaltava o livre trabalho do intérprete.
TEORIA PURA DO DIREITO-
DIREITO HANS
KELSEN
• Kelsen deixou uma vasta obra, da qual se destaca, principalmente, por ser uma
condensação de seus estudos a respeito do Direito: “A Teoria Pura do Direito”
• Foi considerado o expoente máximo da corrente filosófica denominada de
“Positivismo Jurídico”;
• Por intermédio da “Teoria Pura do Direito”, Kelsen demonstrou uma concepção de
ciência jurídica segundo a qual o Direito celebraria um corte epistemológico
relativamente à moral e qualquer outra disciplina, visando torna-lo um saber
objetivo e exato;
TEORIA PURA DO DIREITO-
DIREITO HANS
KELSEN
• O direito deveria está separado das outras ciências, dada a sua auto suficiência;
• “Teoria Pura do Direito”: preocupação em construir uma ciência do Direito livre de
toda ideologia, de toda intervenção extra-jurídica,
extra bem como, pregava a autonomia
da ciência jurídica;
• Pregava a purificação do direito, pois o direito era auto suficiente, não precisava da
intervenção das outras ciências (principal característica da Teoria Pura do Direito”);
• Kelsen classificou o Direito entre as ciências formais, como a matemática.
TEORIA PURA DO DIREITO-
DIREITO HANS
KELSEN
- Em oposição a Teoria Tridimensional do Direito (de Miguel Realy: Fato, Valor e Norma),
Kelsen propôs um normativismo abstrato, considerando a norma Jurídica esvaziada de
conteúdo, ou seja, apenas levando-se em consideração a sua estrutura lógica;
-DIREITO=NORMA(só norma) – (menos FATO+VALOR, não precisava do conteúdo fático
e nem axiológico): Estrutura Lógica ou Juízo Hipotético;
Hipotético
- Kelsen afirmava que o ordenamento jurídico tinha estrutura piramidal, onde as normas
superiores fundamentavam as inferiores sob o aspecto dinâmico-formal, sendo que as normas
eram mais gerais e abstratas quando se aproximavam do topo, e mais específicas e concretas
quando se aproximavam da base da pirâmide.
pirâmide A norma mais geral e abstrata já não teria
nenhum conteúdo e seria a norma hipotética fundamental (Estrutura Lógica ou Juízo
Hipotético.
TEORIA PURA DO DIREITO-
DIREITO HANS
KELSEN
- Relação de Hierarquia: a norma inferior tem que estar em conformidade com a
norma superior do ponto de vista formal;
- A norma mais geral e abstrata não teria nenhum conteúdo e seria a Norma
Hipotética Fundamental, tendo existência necessária para dar fundamento de validade
a todo ordenamento jurídico.
- Para Kelsen, a sentença emanada da autoridade judiciária, não era um ato de
interpretação, era apenas uma decisão de acordo com a norma, ou seja, a aplicação da
interpretação literal (gramatical).
- Kelsen não propôs nenhum método hermenêutico, pois levava em conta nenhum
critério extrajurídico para iluminar a interpretação;
interpretação
TEORIA PURA DO DIREITO-
DIREITO HANS
KELSEN
- Para Kelsen, o ordenamento jurídico não poderia ser estudado como um
simples conjunto de normas que regulam o comportamento humano, mas, ao
contrário, deveria ser vislumbrado como um todo unitário e sistemático, pelo
fato de todas as normas possuírem o mesmo fundamento de validade;
-OBS: Como Kelsen pregava a norma desprendida de fato e valor, desprezando
totalmente o ato de interpretar, foi um retrocesso para a ciência da
hermenêutica, embora tenha contribuído muito para o direito, pois até hoje é
muito citado pelos autores (teóricos).
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
A) QUANTO AO AGENTE DE INTERPRETAÇÃO: INTERPRETAÇÃO é com base no órgão prolator do entendimento da
lei. Assim, a interpretação pode ser:
1) PÚBLICA: que é prolatada pelos órgãos do Poder Público, quer do Legislativo, quer do Executivo, quer
do Judiciário. A interpretação pública é dividida em autêntica ou legislativa, judicial e administrativa.
1.1.) INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA OU LEGISLATIVA: LEGISLATIVA é oriunda do próprio órgão fautor da lei,
levada a efeito mediante a confecção de diplomas interpretativos.
interpretativos Assim será interpretação autêntica a explicação
que um dispositivo legal dá a um outro, ou que uma lei dá a outra e assim por diante. Já houve tempo em que a
interpretação autêntica teve prestígio, como no Direito Romano, quando Justiniano chegou a proibir qualquer
interpretação que não a sua própria. Hoje, grande parte dos autores ressalta a inconveniência da interpretação
autêntica, por prender o aplicador da norma a conceitos rígidos e indesejáveis, bem como pelo fato de que
muitas vezes esse recurso ainda deixa dúvidas, nascendo então a interpretação da interpretação.
No art.327, do Código Penal, temos um exemplo dessa interpretação, quando o dispositivo determina o
conceito de funcionário público.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• 1.2.) INTERPRETAÇÃO JUDICIAL OU JURISPRUDENCIAL: é a que é
realizada pelos órgãos do Poder Judiciário em todas as instâncias, através do
julgamento dos conflitos, posto que como já vimos é impossível aplicar a norma ao
caso concreto sem antes explicitar o seu significado.
significado
Assim sentenças, acórdãos e súmulas contém a interpretação que os magistrados conferem
as normas. Essa interpretação é a mais frequente e a que em grande parte produz a
evolução do nosso Direito, posto que influencia novas posturas, tanto por parte de outros
juízes quanto por parte dos advogados. Apesar disso, devemos lembrar que a interpretação
judicial em nosso país ainda não tem caráter obrigatório ou geral, sendo válida apenas para
o caso que está sendo julgado ou como meio de convencimento em outras ocasiões.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
1.3.) INTERPRETAÇÃO ADMINISTRATIVA:
ADMINISTRATIVA realizada pelos órgãos do Poder Público,
que não são detentores do Poder Legislativo nem do Judiciário. Esta é interpretação elaborada
por aquele órgão que irá executar a norma. Pode ser:
1.3.1.) REGULAMENTAR:: é a que se destina ao traçado de normas gerais como a grande
massa de decretos, portarias etc., em relação a certas prescrições das leis ordinárias. (A rigor,
não é interpretação).
1.3.2.) CASUÍSTICA:: é a que se orienta no sentido de esclarecer dúvidas especiais, de caráter
controversial ou não, que surgem quando da aplicação, por parte dos aludidos órgãos, das
normas gerais aos casos concretos. Ocorre quando um órgão superior da Administração
Pública orienta um órgão inferior a entender a norma de determinado modo.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• Exemplo: Quando o Secretário da Fazenda, através de uma Portaria explica
como devem ser cumpridas as determinações de um decreto governamental,
etc..
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
2) PRIVADA: é levada a efeito pelos particulares, mostrando assim
doutrinária, é aquela produzida pelo jurista, estudioso do Direito, cientista
dedicado a produzir, bem como a buscar o verdadeiro sentido do que já se
produziu no Direito. É a interpretação que se impõe exclusivamente pela
força dos argumentos, sendo de todas a mais livre por não estar
comprometida com quaisquer autoridades ou poderes, o doutrinador só
deve fidelidade às suas próprias convicções e à Ciência Jurídica.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
B) QUANTO À NATUREZA: é aquela que tem como fundamento os diversos tipos de
elementos contidos nas leis e que servem como ponto de partida para a sua
compreensão.

1)GRAMATICAL OU LITERAL: é aquela que toma como ponto de partida o exame do


significado e alcance de cada uma das palavras do preceito legal. Parte-se do pressuposto
de que toda coletividade possui determinados usos linguísticos e que o legislador no
momento de elaboração da norma ficou atento a esses usos e foi fiel ao que desejou
expressar. O ideal é portanto que ao elaborar a norma tenha-se o cuidado de recorrer a
termos com sentido unívoco ou o mais técnico possível, sem ceder a modismos ou
regionalismos. O inconveniente óbvio desse processo é o de que as palavras variam de
significado com o tempo e o legislador nem sempre domina perfeitamente a língua em que
escreve, razão pela qual o método é falho e o seu uso exclusivo corresponde a uma visão
doutrinária ultrapassada.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• 2)LÓGICA: é aquela que se leva a efeito, mediante a perquirição do sentido das
diversas locuções e orações do texto legal, bem assim através do estabelecimento da
conexão entre os mesmos. Supõe quase sempre a posse dos meios fornecidos pela
integração gramatical.
• Este método consiste em avaliar a norma através de determinados postulados
lógicos, como por exemplo : * o acessório segue o principal; * o geral abrange o
especial; * não se pode distinguir onde a lei não distingue; * as leis não contêm
palavras inúteis. O método lógico busca descobrir o sentido da lei sem o auxílio de
qualquer elemento externo senão a própria norma e sua racionalidade, usando para
tanto de argumentos lógicos.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
3)HISTÓRICA: é aquela que indaga das condições de meio e momento da elaboração
da norma legal, bem assim, das causas pretéritas da solução dada pelo legislador. É a
interpretação da norma à luz da evolução histórica dos institutos que ela regula.
. O jurista que se utiliza deste método reconhece a historicidade do fenômeno jurídico
e que o texto legal pode até permanecer imutável durante anos ou séculos, mas seu
sentido se transforma através dos tempos, conforme as aspirações da nossa sociedade,
e por isso é preciso conhecer o desenvolvimento dos institutos jurídicos a fim de
melhor aplicá-los.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
4)SISTEMÁTICA: a interpretação da norma jurídica pode e deve ser pesquisada em
conexão com as demais do estatuto onde se encontra. É a interpretação da norma à
luz do ordenamento jurídico, entendido como um conjunto de normas e uma
principiologia.
A interpretação sistemática busca manter a coerência entre as normas, e isso se torna
ainda mais adequado em sistemas como o nosso com “constituições pormenorizadas,
exaustivas, regulando matérias atinentes aos mais diversos campos do Direito”, pois
nessa hipótese é sempre necessário confrontar a norma que se pretende interpretar
com a Constituição Federal a fim de harmonizá-la
harmonizá com os mais altos princípios do
nosso ordenamento jurídico.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
QUANTO À EXTENSÃO E AOS EFEITOS: é aquele que tem por base o alcance maior
ou menor das conclusões a que o intérprete chegue ou tenha querido chegar. Aqui a
classificação se atém ao produto final, à conclusão a que chegou o intérprete após a
análise do texto normativo.
• DECLARATIVA: é aquela cujo enunciado coincide, na sua amplitude, com aquele
que, à primeira vista, parece conter-se nas expressões do dispositivo. O intérprete
limita-se a simplesmente declarar o conteúdo da norma, sem que seja preciso
expandir nem restringir o texto. Aqui o legislador foi feliz ao usar as palavras e o
intérprete chega a conclusão de que o texto exprime satisfatoriamente o conteúdo
da norma. Essa espécie de interpretação é usada no direito penal, preferencialmente
quando tratamos de agravar a situação do acusado.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• EXTENSIVA: também conhecida como ampliativa, diz-se a interpretação
segundo a qual a fórmula legal é menos ampla do que pode ser deduzida pela
sua interpretação. Aqui o legislador foi tímido ao usar as palavras, e elaborou
uma norma com um sentido menos abrangente do que o necessário, cabendo
ao intérprete corrigir o defeito, ampliando o sentido da norma, a fim de que
ela cumpra os seus objetivos.
• Exemplo : O artigo 1719, CC, quando proibiu a nomeação da concubina
como herdeira, na verdade queria referir-se
referir a qualquer um que tivesse sido
cúmplice adulterino, e não só a concubina.
concubina
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
RESTRITIVA: é a interpretação cujo resultado leva a afirmar que o legislador, ao exarar
a norma, usou de expressões aparentemente mais amplas que o seu pensamento. É
preciso restringir o texto. Ocorre quando o legislador disse muito mais do que deveria
ter dito, ou seja, exagerou nas palavras que usou, cabendo ao intérprete corrigir os
excessos, reduzindo o sentido.
Exemplo : Na Constituição Federal de 1967,
1967 o constituinte disse que o casamento era
indissolúvel, mesmo antes do divórcio ele não era indissolúvel, pois a morte e a
anulação eram casos de dissolução.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• Teleológico : é a busca do significado da norma pelo conhecimento do objetivo que esta
pretende atingir na sociedade, por isso alguns também o denominam de método sociológico.
Enfim, o seu uso consiste em procurar pela finalidade social da lei, assim como ordena o
art.5º, da LICC (“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”); no uso desse mecanismo o intérprete sempre deverá buscar o
“para quê” da norma, e aplicá-la de modo que esta alcance seu ideal.
• A aplicação deste método baseia-se no fato de que o Direito não é um fim em si mesmo,
mas representa um instrumento para a satisfação de interesses coletivos, um mecanismo para
a realização de necessidades de ordem prática.
prática Portanto, o texto legal jamais poderá ser
interpretado contra a sociedade. É a interpretação da norma em consonância com o fim
social a que ela se destina. Entenda o fim, não como justiça social, mas como ênfase social.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• MODIFICATIVA: modificação do sentido textual para adaptar a realidade.
• AB-ROGANTE: exclui uma das normas que se contradizem.
• MUTUAMENTE AB-ROGANTE: exclui as duas e a conduta passa ao campo da
licitude.
• FILOLÓGICA: é a interpretação da norma à luz da tradição histórica das
palavras. Está entre a gramatical e a histórica. É a interpretação que descobre
o sentido das palavras em um dado contexto histórico.
CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO
DAS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO:
• SOCIOLÓGICA: tem como objetivos, os seguintes:
-Conferir à norma aplicabilidade aos fatos por ela previstos. Não se destina a produzir direito.
-Conferir à norma aplicabilidade aos fatos que não puderam ser previstos. (interpretação
atualizadora)
-Conferir à norma correspondência com os anseios sociais, realizar a justiça.
• GENÉTICA: é a interpretação que procura o sentido das normas nas causas imediatas.
Examina o processo de elaboração da norma, o projeto de lei, os debates, as discussões no
congresso etc.
• OBS: A Interpretação sociológica e a teleológica estão consagradas no art. 5o. da LICC, que
diz: “O intérprete, para atingir o seu fim, deve consagrar o bem comum e os fins sociais”.

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