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HERMENÊUTICA JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO

SEMESTRE: 2
MONITOR: MAYCON FERREIRA

3. Hermenêutica Jurídica Clássica:


3.7 Escolas de Hermenêutica Jurídica I
HERMENÊUTICA JURÍDICA CLÁSSICA:
ESCOLAS DE HERMENÊUTICA JURÍDICA
 Savigny e a Escola Histórica
 Savigny foi o grande corifeu da Escola Histórica; sendo favorável a um Direito para cada nação
proveniente do espírito do povo.
 O costume seria a manifestação imediata do espírito do povo, evoluindo espontaneamente na
sociedade; Assim, contra a ideia de Direito Natural Universal, geral.
 Savigny se opunha à escola de Exegese e ao pensamento de Thibaut, o qual, seguindo os princípios
da Escola da Exegese, acreditava que a codificação do Direito pudesse contribuir, decisivamente,
para a unificação da Alemanha. Pois, para ele, a codificação petrificaria o Direito e qualquer
legislação apenas estaria valida se estivesse de acordo com o costume
 O jurista seria representante do espírito do povo, pois o intuiria nas instituições, descobrindo, assim,
o direito e enunciando-o de forma erudita. Além disso, admitia a interpretação gramatical, lógica,
sistemática e histórica. Sua pretensão era introduzir a hermenêutica na dogmática jurídica, para
elevar o Direito a categoria de ciência, no caso, ciência do espírito, o paradigma da ciência do Direito
seria a História.
 O método da Escola Histórica era filosófico (sistêmico) e histórico em sentido próprio e filológico.
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 Puchta e a Jurisprudência dos Conceitos
 Puchta conduziu a Escola Histórica a uma visão tão formalista que deu origem a uma nova escola, a
Jurisprudência dos Conceitos. O cientista do Direito deveria extrair os conceitos gerais das normas
jurídicas por indução, para em seguida, extrair os conceitos específicos dos conceitos gerais por
dedução. A genealogia dos conceitos é o processo de dedução dos conceitos específicos dos
conceitos gerais.
 Assim, estaria formada uma pirâmide de conceitos do direito positivo, mediante a qual o aplicador
poderia ter o entendimento da norma no momento de sua aplicação, bem como o instrumento para
proceder a sua integração. Em seu topo estariam os conceitos mais gerais e em sua base os
conceitos ainda mais específicos do direito, sendo o conceito de Direito, o conceito mais geral da
pirâmide.
 Diferenças entre a pirâmide de Puchta e Kelsen:
 A pirâmide de Puchta é formada por conceitos, construída (elaborada) por juristas e a relação que
existe entre esses conceitos é de indução e dedução.
 A pirâmide de Kelsen é formada por normas, construída (elaborada) por legisladores e a relação
que existe entre essas normas é de fundamentação e validade.
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 Puchta e a Jurisprudência dos Conceitos
 Críticas a Puchta:
 1ª) Ao afirmar que o conceito mais geral da pirâmide era o próprio conceito de Direito, a
Jurisprudência dos Conceitos se viu em contradição, pois se sabe que o direito positivo é direito pelo
fato de enquadrar-se no conceito genérico de direito e ser positivado. Desse modo, a Jurisprudência
dos Conceitos admitiu a necessidade da ontologia, parte da filosofia que estuda o ser e sua essência,
como pressuposto científico. Vale dizer a respeito disso, que o cientista conhece aprioristicamente o
objeto de sua ciência, pois, se assim não fosse, não teria como se dirigir a ele.
 2ª) Costuma-se ainda criticar Puchta pelo fato de ele não ter extraído os conceitos específicos dos
conceitos gerais, mas de haver classificado os conceitos dogmaticamente.
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 O pensamento de Ihering:
 Filho da Escola Histórica através da Jurisprudência dos Conceitos, Ihering não fez escola, pois o seu
pensamento passou por três fases, mas influenciou o fundador da Jurisprudência dos Interesses.
 Na primeira fase, Ihering equiparou o direito às ciências naturais, tomando como seu paradigma a
Biologia, ao contrário de Savigny que o classificou entre as ciências do espírito, tomando como seu
paradigma a História. Disse também que a matéria jurídica amorfa constituiria os institutos jurídicos
que seriam corpos jurídicos extraídos de normas jurídicas, seu método seria o histórico-natural, ao
contrário de Savigny, mais uma vez, que tinha dito que das instituições seriam extraídas as normas
jurídicas, o seu método era o histórico-filosófico.
 Na segunda fase, chamada “pragmático-utilitarista”, Ihering rompe com seu pensamento inicial e
com as escolas anteriores, escrevendo nela também o livro intitulado “A Luta do Direito”, no qual
desenvolve sua teoria compreendendo o Direito como resultado de uma luta. Essa luta se daria em
duas etapas:
 1ª) Na tentativa de convencimento da sociedade a lutar por determinados interesses, quer dizer,
generalizá-los, a fim de torná-los juridicamente protegidos.
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 O pensamento de Ihering:
 A sociedade é o palco de uma luta de interesses. As normas jurídicas protegem aqueles interesses
que conseguirem se impor socialmente. Os direitos subjetivos são interesses juridicamente
protegidos, os quais continuam sendo amparados pela ordem jurídica, a medida que os membros da
sociedade lutam por eles em razão de:
 - Interesses econômicos, quando uma pessoa luta para obter ganhos pessoais (razão menos
nobre); - Autoconservação moral da personalidade, quando uma pessoa luta por um sentimento
de dignidade pessoal; - Consciência do dever social, quando uma pessoa luta por reconhecer o
direito como importante para sociedade (razão mais nobre).
 2ª) No ajuizamento de uma ação judicial, instrumento pelo qual alguém faz valer o seu direito,
quando este for lesado. Esta, então, seria uma luta para garantir que os interesses continuem sendo
protegidos, razão pela qual, Ihering entende o Direito como realização prática, sendo a coação, uso
da força estatal para garantir uma decisão, seu elemento essencial.
 Na terceira fase, há uma evolução no pensamento que desenvolveu durante sua segunda fase, Ihering
publica ‘O Fim do Direito”, no qual elabora um método adequado a sua teoria, no caso, a interpretação
teleológica, que diz que, quando se interpretar a norma jurídica, deve dar-lhe um sentido que permita a
realização do interesse protegido por ela da melhor forma possível.
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 Kelsen e a Teoria Pura Do Direito:
 Kelsen elaborou sua “Teoria Pura do Direito” com a intenção de excluir da ciência jurídica as
apreciações filosóficas referentes a valores e as apreciações sociológicas referentes a fatos. O
Direito, então, distinguir-se-ia inteiramente das outras ciências, adquirindo autonomia.
 Não se interessava pelo que a norma dizia, mas como dizia, assim, em oposição ao normativismo
concreto que leva em conta a tridimensionalidade do direito (fato, valor e norma), propôs um
normativismo abstrato, considerando a norma jurídica esvaziada de seu conteúdo (apenas estrutura
lógica).
 Para ele, o ordenamento jurídico tinha estrutura piramidal:
 - As normas mais gerais e abstratas no topo, sendo que as normas superiores fundamentavam as
normas inferiores sob o aspecto dinâmico-formal;
 - As normas mais específicas e concretas na base, sendo que as normas mais específicas
derivavam sua validade das normas mais gerais.
 A norma mais geral e abstrata seria a norma hipotética fundamental, completamente vazia de
conteúdo, ela teria existência lógico-jurídica. Sendo um suposto gnosiológico, quer dizer, uma
pressuposição necessária para possibilitar o conhecimento científico do ordenamento jurídico.
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 Kelsen e a Teoria Pura Do Direito:
 Críticas à Norma Hipotética Fundamental:
 - Não é hipotética, porque a hipótese pressupõe um método empírico;
 - Não é fundamental, porque o fundamento é a razão de ser de algo, portanto, precisa ser um
fundamento sólido.
 A sentença, Kelsen e Tópica:
 Kelsen via a sentença como ato volitivo ou de decisão e, não como ato intelectivo ou de
conhecimento. O juiz não conheceria o sentido correto da norma jurídica através de um método,
mas através de um ato de vontade, uma interpretação dentre as várias possíveis na moldura
normativa. Essa escolha seria feita pelo julgador em consonância com os seus valores pessoais. A
Tópica também entende a sentença como ato volitivo, mas a decisão judicial esta entregue aos
valores sociais.
 Por fim, Kelsen não propôs nenhum método hermenêutico, porque não levava em conta nenhum
critério extrajurídico para iluminar a interpretação, como: os Jusnaturalistas com o Direito Natural, a
Escola Histórica com o espírito do povo ou as Escolas Sociológicas com a integração social.
QUESTÕES ESTILO PROVA

 1. Aponte qual era o enfoque principal da escola histórica de Savigny na


interpretação e aplicação do direito.
 2. Aponte e conceitue duas distinções entre a Jurisprudência dos Conceitos
quanto a sua pirâmide, para a pirâmide de Kelsen.
 3. Aponte como o conceito de "interesse juridicamente protegido" se relaciona
com a teoria de Ihering sobre a função social do direito

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