HERMENÊUTICA JURÍDICA E APLICAÇÃO DO DIREITO

SEMESTRE: 2
MONITOR: MAYCON FERREIRA

3. Hermenêutica Jurídica Clássica:

3.7 Escolas de Hermenêutica Jurídica II
 HERMENÊUTICA JURÍDICA CLÁSSICA:
ESCOLAS DE HERMENÊUTICA JURÍDICA
 Viehweg e a Tópica
 Ressurgindo no século XX como uma reação a concepção de sistema fechado prevalecente no positivismo
jurídico, a Tópica apareceu como uma escola no Direito através de Viehweg, mas é também uma técnica de
solução de problemas que fora cogitada desde a Antiguidade com Aristóteles e outros pensadores.
 Aristóteles distinguiu o conhecimento humano em ciência e prudência. A ciência se baseia em verdades
incontestáveis ou lógicas, enquanto a prudência lida com questões éticas e se baseia em verdades razoáveis que
podem ser argumentadas favoravelmente em relação às contrárias.
 A Tópica é uma forma de argumentação lógico-retórica que busca soluções para problemas. Ela consiste em
examinar o problema, selecionar argumentos persuasivos (topos) e alcançar um consenso. Esse método pode
ser aplicado na interpretação judicial e na formação da convicção do juiz, seguindo uma graduação de consenso,
buscando a concordância da maioria e, especialmente, da maioria dos mais sábios.
 O topos é um ponto de partida retórico ou um lugar comum de argumentação. A Tópica era uma técnica e não
um método: A ciência do Direito reconhece que o método sistêmico pode ser insuficiente para solucionar todos
os problemas legais, especialmente quando surgem contradições ou lacunas no sistema jurídico. Nesses casos, o
intérprete pode recorrer à tópica como uma abordagem complementar. O intérprete pode tentar apresentar
uma solução que pareça estar em conformidade com o sistema jurídico, mesmo que as falhas ou omissões do
sistema sejam evidentes.
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ESCOLAS DE HERMENÊUTICA JURÍDICA
 Viehweg e a Tópica
 Os seguidores radicais da tópica acreditam que o sistema jurídico é apenas uma solução para um problema
anterior. Viehweg argumenta que a tópica oferece uma solução quando um problema surge, não se limitando
necessariamente à solução do sistema, mas buscando a melhor alternativa dentro ou fora dele. No entanto, a
segurança jurídica, que é um argumento forte, muitas vezes leva à aplicação da solução prevista no sistema. Em
casos excepcionais, quando uma norma é extremamente injusta, pode-se recorrer a uma solução fora do
sistema, priorizando a justiça sobre a segurança jurídica.
 A Tópica (técnica) se opõe ao método sistêmico:
 Tópica => Parte de um problema, uma situação dilemática, controversa, que cria uma instabilidade.
 Usa um raciocínio dialético que se dá pelo confronto de argumentações. É aberta, porque o mais importante é
o caso independente do sistema.
Sistêmico => Parte do sistema, ou seja, uma situação só é tida como um problema, se o sistema diz que aquilo é
um problema.
 Usa um raciocínio dedutivo, porque vai do sistema (geral) para o problema (particular). É fechado, porque é um sistema
com soluções prontas, isto é, um sistema norma-regra. Em face da abertura do sistema jurídico, principalmente da
Constituição com a positivação dos princípios – topos estabelecidos no sistema – tem sido possível a conciliação da tópica
do sistema, de modo que já se pode falar em:
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 Viehweg e a Tópica
 Método tópico-sistemático:
 Tópico: permite que, com os princípios da Constituição, o juiz construa soluções para o caso
concreto através da argumentação.
 Sistemático: existe limites sistemáticos a tópica: limite numérico, só é possível usar os princípios
positivados na Constituição (expressa ou tácita); limite semântico: limitação da possibilidade de
sentidos.
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 Jurisprudência das Valorações
 A Jurisprudência das Valorações não é propriamente uma escola, antes representa uma tendência que reúne
contribuições de diversas escolas precedentes. É fruto de um desenvolvimento da Jurisprudência dos Interesses

 Segundo ela, o valor é o elemento de maior relevância para o Direito, pois o fato é suporte dos valores e a norma um
juízo de valor. O pensamento teleológico de Ihering influenciou a Jurisprudência das Valorações de dois modos:

 Em primeiro lugar, pelo fato de valores serem vistos como interesses que prevaleceram e se universalizaram em uma
dada sociedade. Em segundo lugar, porque o valor é um fim (desejado) e, consequentemente, comanda a interpretação
teleológica.

 A Jurisprudência das Valorações concentra-se na interpretação constitucional, considerando os princípios e valores

enunciados na Constituição. Diante de colisões entre esses princípios no caso concreto, é necessária uma ponderação
axiológica, na qual argumentações são confrontadas para encontrar a solução ótima para o problema em questão.

 Os princípios possuem uma natureza tópico-sistemática, pois estão inseridos no sistema jurídico, mas servem como
referência para a solução de problemas concretos. No âmbito hermenêutico, a interpretação e aplicação do Direito
estão mais próximas, pois um princípio adquire seu sentido completo quando é aplicado a um caso específico,
ocorrendo a coordenação dos fatos com a norma por meio de valores. No plano epistemológico, a neutralidade da
ciência é questionada, uma vez que a ideologia é um pressuposto da ciência e deve ser estabelecida de forma
intersubjetiva, não coercitiva. É na Jurisprudência das Valorações que a Nova Hermenêutica Constitucional encontra seu
paradigma metodológico.
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 Neojusnaturalismo
 Após a Segunda Guerra Mundial, houve um abandono do jusnaturalismo em favor do positivismo jurídico, que
negava a existência de um direito superior baseado na natureza humana. No entanto, durante o regime nazista,
diversas formas de positivismo foram instrumentalizadas para legitimar o poder nazista. Teóricos como Gustave
Radbruch propuseram o jusnaturalismo como uma corrente capaz de se contrapor ao nazismo. Após a guerra,
houve uma ressensibilização em relação aos valores humanistas, levando a uma adesão ampla ao jusnaturalismo
e a retratações de alguns positivistas. O jusnaturalismo pós-guerra se inspira nas versões clássica e kantiana do
Direito Natural, rejeitando o modelo matemático proposto pelos racionalistas da Idade Moderna.
 Rudolf Stammler - Direito Natural de Conteúdo Variável:
 Rudolf Stammler foi um autor que abordou o Direito Natural no contexto dos regimes totalitários, antes mesmo
do Nazismo. Ele adotou a teoria do conhecimento de Kant e defendeu a ideia de que a justiça é uma estrutura
inerente à mentalidade humana. Segundo Stammler, os valores são condicionados historicamente e a noção
formal de justiça está ligada ao tratamento igualitário e à harmonia entre as partes. Embora sua escrita fosse
mais forte em artigos pontuais do que em obras extensas, ele defendia a existência de um Direito Natural fixo,
porém com conteúdo variável, influenciado por elementos históricos.
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 Neojusnaturalismo
 Georges Renard - Direito Natural de Conteúdo Progressivo:
 Renard retoma o pensamento de Tomás de Aquino, para o qual haveriam leis naturais e leis humanas. A Lei
Natural seria formada por:
 A Lei Natural é composta por princípios imutáveis derivados da razão humana e da participação divina,
enquanto as conclusões são variáveis e versam sobre a concretização desses princípios na sociedade. Já a Lei
Humana consiste em conclusões oficializadas na legislação positiva, inspiradas na Lei Natural. O Direito
Positivo complementa o Direito Natural por meio das determinações, que abordam questões específicas não
contempladas pelo Direito Natural, como a duração das penas e as convenções de trânsito. Essas determinações
preenchem lacunas e pacificam aspectos concretos e detalhados. Além disso, o Direito Natural é considerado
em sintonia com a história, permitindo o aprendizado com erros passados e a busca por uma justiça aprimorada
ao longo do tempo. Assim, há uma complementaridade entre o Direito Natural e o Direito Positivo, visando a
evolução em conformidade com valores fixos.
 Del Vecchio:
 O autor inicialmente adotou uma abordagem neokantiana semelhante ao pensamento de Stammler, buscando
conciliar um ideal de justiça fixo e imutável com elementos materiais e condicionais provenientes da experiência
histórica. No entanto, posteriormente, ele passou a propor princípios imutáveis e não sujeitos a variações
históricas, aproximando-se do neotomismo.
QUESTÕES ESTILO PROVA

 1. Relacione Tópica e Método Sistêmico quanto aos seus conceitos e aponte uma
semelhança entre tais.
 2. Aponte e conceitue duas distinções entre a Jurisprudência das Valorações e o
Método Sistêmico e como essas abordagens influenciam a interpretação e
aplicação das normas jurídicas.
 3. Explique as contribuições de Stammler e Renard no Neojusnaturalismo.