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Hermenêutica, interpretação e lógica

Notas iniciais e estudo dirigido


Direito – São Gabriel/MG
Professora Aline Nunes Viana
Data:

VIRADA PARA O PÓS POSITIVISMO: A DISCUSSÃO METODOLÓGICA ATUAL

Hermenêutica e argumentação: uma contribuição ao estudo do direito / Margarida Maria Lacombe


Camargo; prefácio de Vicente de Paulo Barretto. - Rio de Janeiro: Renovar, 1999.

RESUMO ELABORADO CONFORME CAPÍTULO 4 DO LIVRO ACIMA CITADO.


Recapitulando os aspectos históricos: tensão constante no pensamento jurídico, entre
segurança de um lado e justiça do outro.
Entre escola da exegese, escola do direito livre e positivismo jurídico etc.

A tópica torna-se referência obrigatória na metodologia do direito da segunda metade do


século.
Deslocamento do eixo sistemático de índole lógico-dedutiva em que repousava o positivismo
jurídico.
VIEHWEG resgata a antiguidade clássica o modelo utilizado pelos romanos, especialmente
pretores e jurisconsultos.

Características:
A forma de pensar o tópico-problemática da jurisprudência romana, que construía a justiça a
partir de decisões concretas e daí que extraia os princípios que lhe servissem de fundamento
de validade, não se perdeu.

O autor ainda revela uma dimensão retórica, na medida que assume a natureza dialética do
discurso, preocupada em penetrar compreensivamente o contexto da realidade.

“A decisão tem de ser tomada a partir de uma interpretação universal da totalidade do


acontecer, ou seja, de uma história compreendida”

Estudar ou dar mais ênfase aos mecanismos persuasivos que orientam e dão forma ao
discurso jurídico voltado para o consenso capaz de dar suporte e legitimidade à decisão da
autoridade judicial.

Para Tércio Sampaio Ferraz Jr:

A tópica não é propriamente dito um método, mas um estilo. Um conjunto de


princípios de avaliação da evidência, cânones para julgar a adequação de
explicações propostas, critérios para selecionar hipóteses, mas um modo de
pensar por problemas.

PONTO DE PARTIDA:
“sensus communis”
Veja:
Colocado, um problema qualquer, trata-se de raciocinar corretamente ex
endoxon (isto é, partindo de opiniões que parecem adequadas) para atacar ou
para defender.

TOPOI: Pontos de vista utilizáveis e aceitáveis em toda parte, que se empregam a favor ou
contra o que é conforme opinião aceita e que podem conduzir à verdade. (Aristóteles)

Os topoi enumerados de um modo mais ou menos completo são os que nos podem ajudar
em relação a cada problema
Cícero:
Topoi: Lugar comum, coisas com as quais se concorda.

**Problema coesão de argumento.

O PENSAMENTO PROBLEMÁTICO É NITIDAMENTE ASSISTEMÁTICO.

Pois se partirmos da ideia de sistema, como um conjunto de deduções previamente se


infere, corremos o risco de excluir o problema.
Teoria para a diferença existente entre zetética e dogmática
(ler página 147)

LEI aparece como resposta a uma série de questões históricas tidas como problemáticas,
tendo a justiça como aporia fundamental que procura dar unidade significativa ao sistema.

JURISPRUDÊNCIA: concebida como uma discussão permanente de problemas postos


historicamente, mas que não se perdem da noção de justiça (Ver páginas finais do capítulo
para complementar.

A COERÊNCIA DESEJADA PELA UNIDADE SÓ É POSSÍVEL COM A ATIVIDADE


HERMENÊUTICA.

A tarefa da interpretação é criar uma concordância aceitável entre o problema e a ordem


jurídica.

Há que se estabelecer conexões por meio de interpretações que sejam aceitáveis e


adequadas.

Sobre a linguagem, o autor relaciona-se com o uso da linguagem natural.

A linguagem unifica um número quase ilimitada de horizontes de


entendimento, que variam continuamente. A linguagem apreende
incessantemente novos pontos de vista inventivos, à maneira tópica. Com isso
demonstra a fecunda flexibilidade, porém ao mesmo tempo, põe o sistema
dedutivo em perigo, pois os conceitos e as proposições, que se expressam por
meio das palavras da linguagem natural, não são confiáveis.
• Sabemos que os fatos só podem ser qualificados como jurídicos quando interpretados
à luz de um pré-entendimento que se tem sobre o jurídico.

• A lógica deve conformar-se em ficar em segundo plano.

• O grande objeto da investigação da ciência do jurídico é a essência da techne jurídica


referida à busca do justo.

A nova inclinação para a retórica, (disciplina que se ocupa de estudiar y de


sistematizar procedimientos y técnicas de utilización del lenguaje), se baseia de
acordo com Viehweg, em tornar compreensiva a argumentação a partir da situação
discursiva. Vemos que em Tópica e Jurisprudência o autor apontará uma
diferenciação necessária entre um falar situacional ( modo de pensamento na coisa,
considerando o problema) e outra forma não situacional (distanciamento do objeto).
No modo não situacional, é necessário um distanciamento do problema,
advindo da situação pragmática, acentuando-se exaustivamente a aplicação da
dedução. No entanto, no campo jurídico, esse modo seria insuficiente, pois ele daria
uma relevância exacerbada a sintaxe, reduzindo e isolando a argumentação. Neste
campo, há necessidade de se voltar para a discussão extra sintática, situacionais e
pragmáticas.
Assim, verificamos que certos aspectos do pensamento jurídico que, até então,
haviam ficado, por séculos, sujeitos a determinações ou padrões matematizantes das
ciências naturais ou a margem de uma cientificidade estritamente jurídica (e
autônoma). Não corresponderia mais a necessidade dessa ciência jurídica. Deixando
claro, a necessidade do emprego dos modelos sintático + semântico (em conjunto) da
situação discursiva e pragmático.
E na tentativa de deixar compreensível e mais apropriado o entendimento, pois
a problemática que se apresenta à concepção de uma fundamentação completa e
determinada por ações lingüísticas nos leva a uma reflexão semiótica que responde,
em muitos aspectos com o objetivo de tornar compreensível a argumentação, como
um todo, desde a situação do discurso.
Por isso, Viehweg se valerá do emprego da nova semiótica que, fazendo uma
distinção entre aspectos sintáticos, compreensão literal pura, entendida como a
conexão de signos com outros signos, aspectos semânticos, interpretação em
determinados contextos, com a conexão de signos com objetos, e pragmática como a
conexão situacional, mundo real, regras de condutas costumes, na qual os signos são
utilizados pelos seus partícipes.

1. Comente a estrutura da jurisprudência para o autor.


2. José Lamego concede à tópica, em contraposição ao modelo jurídico metodológico
tradicional, comente como deve ser a atuação do juiz para o autor.
3. Disserte sobre a tópica.

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