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Teoria do Direito
INTRODUÇÃO
Pressuposto 1:
Adeodato entende a teoria do direito, como uma introdução a seis principais disciplinas
diferentes sobre o direito, as quais serão estudadas ao longo do livro. (Seis bases do direito),
elas são divididas em:
- Problema ético: Separando o bom do mau direito. Esvaziamento do direito como um conceito
de algo correto e justo. CAP 4
O direito pode ser entendido como uma grande árvore a qual é dividida em dois ramos.
A zetética e a dogmática.
Zetética: Pode ser caracterizada por essas 6 disciplinas básicas na introdução ao estudo do
direito. A zetética é, basicamente, lançar dúvida, interrogar e não ter certeza, ou seja,
questionar e pôr em dúvida os diversos aspectos do direito.
A zetética e a dogmática são dois ramos dessa árvore formadora do DIREITO que tem uma
relação de interdependência e completude, visto que a dogmática jurídica, será o direito
posto, ou seja, as normas jurídicas que buscam resolver os conflitos, a zetética auxilia nisso ao
questionar essa norma jurídica a fim de melhor adequá-la ao contexto social e histórico,
modificando, assim, o dogma jurídico.
- Norma Jurídica: Para se decidir, precisa de norma. Definição de norma e suas principais
características: Adequação, Validade, Eficácia Técnica, Eficácia Social, Existência, Vigência e
Incidência. Diferenciação entre regras e princípios: Distinção entre uma regra técnica e norma
ética, conduta lícita e ilícita. CAP 8
Pressuposto 2:
- Epistemologia Empírica: Para sua definição, é possível compara-la com mais duas
epistemologias diferentes. Normativa e Escatológica.
O empirismo irá se diferenciar da perspectiva escatológica, visto que necessita ser o mais
indiferente possível a suas observações, abstendo-se de juízos de valor, procurando-se ser
descritivo.
Exemplo da perspectiva normativa da maioria dos filósofos do direito. Robert Alexy: Decidiu
dizer como os julgamentos, argumentos, elaboração de leis, forma de escolha dos governos.
Tudo para ser mais justo, adequado e correto, ou seja, “racional”.
Essa perspectiva normativa é uma herança do jusnaturalismo. Seu problema é: O critério para
o seu desenvolvimento é fixado por QUEM diz como ela deveria ser, a crítica vem como forma
de acabar com perspectivas dominantes entendem que o direito aí está. (Normativas e
Escatológicas)
A distinção entre essas três epistemologias no direito partiu de dois critérios principais:
temporais e distinção entre atitudes prescritivas e descritivas.
O empirismo olha para o passado, pois o objetivo é descrever os eventos já ocorridos. Por isto,
a metodologia retórica do livro não faz previsões. A retórica é empírica, e não diz como deve
ser e o que deve ser.
A importância do empirismo para a retórica é uma via importante para se ter sucesso no
ambiente, como objetivo do estudo e obtenção de conhecimento.
Além de empírica e descritiva, a retórica é analítica: decompõe o todo, interessa-se pelos
detalhes do direito, enfatiza os problemas antes do sistema. Pretende-se então, descrever o
direito como ele é.
Muitas vezes as perspectivas empíricas e normativas aparecem associadas e nem o orador tem
consciência disso.
- Dissoi Logoi: Expor de maneira mais plausível possível, teses diferentes contrárias as
defendidas. Isso só fortalecerá mais ainda o discurso. (Juntar divergentes argumentos de igual
potência)
O dissoi logoi leva o pesquisador a conhecer mais de um lado das questões estudadas,
evitando cair em uma perspectiva já estabelecida anteriormente.
Existem significados limitados aos significantes. O estudante não vai definir o que é e o que
não é, mas sim diferentes significados de acordo com o CONTEXTO.
O senso comum capta como objetividade aquilo que o indivíduo tem de dados empíricos, de
acordo com as informações que recebe dos sentidos sensoriais.
Nas ciências sociais aplicadas, o relato empírico apoiado pode não ser o dominante ou mesmo
ser inteiramente desconsiderado por narrativas inventadas em propósito.
Pressuposto 3:
A filosofia retórica abordada nesse livro, renuncia definições omnicompreensivas, pois não
acredita na correspondência exata entre evento e pensamento.
Os conhecimentos do mundo são individuais e não específicos, logo sua explicação requer uma
abstração que não se adequa ao específico. Esse pressuposto do conhecimento estuda
exatamente isso. Uma tentativa de explicação entre o evento – pensamento – imagem.
Nunca haverá uma correspondência entre observância e pensamento, nem entre pensamento
e linguagem. TODA OBSERVAÇÂO NUNCA É PLENA. Nosso cérebro é composto de
generalizações. Entre a observação e o evento, sempre haverá a linguagem, a qual é genérica e
não abrange a um todo. O pensamento é formado pela linguagem através de um mecanismo
de seleção e descarte, onde nosso cérebro reconhece padrões os quais formam uma
generalização de um evento. Todo conhecimento produzido é analógico, então, para explicar
determinado conceito, reproduzimos um pensamento analógico graças a linguagem. Nunca é
precisa estar suscetível a semelhanças e comparações.
Antropologia Carente:
Carentes: Não há objeto de exploração a não ser a própria linguagem, todos os seres vivos
menos os seres humanos são adaptados.
A humanidade só pode ser compreendida por causa de sua linguagem. Ela é o único meio que
os ajuda a construir e carregar o mundo. Ao construir tudo através de uma linguagem, quem
tem poder fabrica esse ambiente. O direito surge com a forma de limitar o poder, que não
parecia ter limites.
Pressuposto 4:
Chama-se atenção de como o ceticismo leva à intolerância. A axiologia é a filosofia dos valores,
da moral.
O ceticismo vem da retórica. Duvidar de tudo e buscar aquilo que é menos passível de dúvida.
Esse ceticismo irá exercer o princípio da tolerância, ou seja, aceitar o outro nas diferenças, não
apenas suportar. Essa tolerância é útil para encontrar diferentes pontos de vista que ajudam a
construir uma ideia sobre o evento analisado. Com a tolerância se atinge a ataraxia:
impertubabilidade da mente.
Para exerce-la é bastante simples. Duvida e tolerância + Dados empíricos + Dissoi Logoi. São
usadas para se esquivar de narrativas que pretendem hierarquizar as pessoas em funções
hierárquicas.
Dois pressupostos históricos, a mudança de menor para maior complexidade e o mito de sísifo.
Primeiro: não se pode relatar sequências de acontecimentos ao longo do tempo sem conecta-
las.
Saímos sempre de uma situação menos complexa para outra mais complexa. A sociedade está
sempre se subdividindo e se especializando.
O segundo pressuposto é de que a história é composta por ciclos, ou seja, com todo ciclo vem
um novo começo. Mas a história jamais se repete. Acontecimentos históricos emaranhados
em contextos diversos.
Mito de Sísifo: A história é uma alternância entre inovação e continuidade, não é uma
constante inovação. Analisar as evoluções, descrevendo o passado e testar critério para
observar a história, ajudando a compreender melhor o mundo. Tais critérios permitem
observar como os discursos dos diversos grupos e sistemas sociais se tornaram mais e mais
separados.
Uma ordem social menos complexa se organiza de forma indiferenciada, o que significa,
dentre outros aspectos, que as ordens éticas, normativas, que regulam a conduta humana,
uma das quais é o direito, estão todas coligadas sem funções definidas separadamente no
contexto social.
Pressuposto 6:
As três teses defendidas são: 1 – Retórica não é só Falácia e sedução (contra os ontológicos ou
eristicos) 2 – A Retórica não é só persuasão e convencimento (contra os próprios retóricos
aristotélicos) 3 – A Retórica é um tipo de filosofia (contra ontológicos e retóricos)
Os ontológicos são os eristicos, com único compromisso em jogar sujo, mentir, através de
falácias e alegações.
A Retórica não ontológica e Realista, a qual estudamos, defende como uma postura falha, pois
existem mais critérios de persuasão além da eristica.
A Retórica para os Aristotelicos irá se dividir em Ethos, Pathos e Logos. Só pode ser chamada
assim, se envolver persuasão.
A retórica não poderia ser considerada como filosofia, pois para ótica platônica, tinha como
compromisso a filosofia única e exclusivamente a verdade.
Aristóteles, então, fará uma divisão. Ethos = Reputação do Orador, Logos = capacidade de
argumentação (racionalidade e coerência entre os argumentos), Pathos = Emoção, convencer
com Emoção.
É falho para a perspectiva realista da retórica, cuja postura aristotélica é normativa, prescritiva
e idealista.
A terceira tese, irá contra as correntes eristicas e aristotélicas, visto que a retorica não se
prende a visões ontológicas da natureza. É contra uma filosofia que se prende a ontologia. Na
Grécia antiga, foi desenvolvido, a partir da poesia um conjunto de conhecimentos destinados à
persuasão, através de Górgias e Tisias.
Retórica Analítica: Observar o evento de maneira mais neutra possível. Admite que procurar
um conceito exclusivo para o mundo não é possível para a ciência. Só será possível discutir
depois de um acordo sobre os seus resultados, como o mundo deve se, o problema ético,
estratégico e normativo.
CAPÍTULO 1
Hermenêutica jurídica.
Todas ocorrem ao mesmo tempo, e muitas vezes causam ruído: mal-entendido na linguagem.
O estudante de direito deve aplicar os conhecimentos sobre a teoria do direito que aprendeu a
novas situações fáticas (conflitos) – acontecimentos individuais.
Vai aprender a desconfiar das versões. Vai se familiarizar com a imprecisão da linguagem
humana. Vai observar como as pessoas são inclinadas a julgar e condenar outras com base em
apenas narrativas, pouco plausíveis, se analisadas com cuidado.
Common law:
Para o Common law o que vale mais, são os estudos dos casos para enfim serem julgados pelos
precedentes das cortes (Jurisprudência)
Descrever, ensinar a defender casos à luz da jurisprudência e da lei que interpreta e aplica.
Apesar de haver jurisprudência, deve –se haver dogmática jurídica, visto que essa é a
organização do direito positivo que se trabalha na prática.
Civil Law:
Em sua aplicação, o jurista deve entender o seu mundo, ou seja, os eventos relevantes,
adequando ideias do pensamento (significados) a palavras e outras expressões da linguagem
jurídica (significantes).
Pré - compreensão: Conceitos acumulados duramente toda a vida do jurista, formando sua
identidade cultural. Não os questiona nem os critica.
A retórica é importante nesse estudo, pois procura um caminho de afastar os estudos jurídicos
da metafísica da verdade e os fazer voltar a suas raízes práticas, estratégicas e argumentativas.
O discurso jurídico trabalha com certa independência ao mundo empírico e abre mão de várias
ficções.
Nem todo evento é portador de um significado próprio, tampouco um discurso pode ser
portador de uma única interpretação.
A incerteza de interpretar aumenta quando se insere na ética, e no direito, constitui o
problema da justiça, da diferença entre o justo e o injusto.
Além de distinguir o direito do não direito, ele precisa também distinguir o bom e o mau
direito.
Na hermenêutica, o fato juridicamente relevante é o ponto inicial para se entender a
interpretação do direito, utilizando um esquema de pirâmide entre dois conceitos.
A dogmática piramidal: fato relevante -> regras de comportamento -> metarregras ->
conhecimento.
A primeira parte, fora da pirâmide, está focada em captar o evento relevante (fato), são os
dados empíricos de entrada.
A segunda parte, já dentro da pirâmide, caracteriza as regras de conduta, que servem para o
controle do comportamento social e resolver conflitos, são organizadas de forma hierárquica.
São puramente dogmáticas. Modalidades deônticas: Proibir, Obrigar e Permitir. Sanção de
castigo e indução ao comportamento. Todo procedimento dogmático precisa vir de uma fonte
do direito.
A terceira parte, trata das metarregras hermenêuticas, também dentro da pirâmide, as quais
são destinadas para resolver os conflitos entre as regras, destinam-se a interpretação, e
algumas estão dentro do ordenamento. Esses conflitos podem se dar por antinomias ou
lacunas entre as regras. Está no campo da hermenêutica.
A quarta parte, novamente fora da pirâmide, trata acerca do conhecimento, que vai duvidar e
pôr em reavaliação as regras de conduta, não tem como objetivo se envolver no conflito,
apenas como forma de estudo. O conhecimento se caracteriza como dogmática.
Conhecimento
(Zetético)
.
Fato relevante
(Evento)
.
As regras de conduta crescem muito mais que as metas regras, se tornando muito mais
específicas e abrangentes.
O mais relevante são as metarregras, visto que são destinadas a resolver conflitos entre as
regras. Elas servem de garantia para alguma estabilidade, são os elementos que estruturam o
sistema. Derivam de uma doutrina ou lei.
As metarregras são significantes, ou seja, derivam de textos, da linguagem e etc.
Existe a hermenêutica geral, para o direito em si, e a hermenêutica específica de uma matéria
dogmática.
A memorização de regras de conduta é muito difícil, pois o direito muda muito, sem contar a
sua enorme quantidade.
Na sociedade moderna, o direito muda todo dia, o jurista deve se adequar a esse direito,
conhecendo as metarregras, que estão em muito menor quantidade e pouco se modificam.
Lacuna -> Falta de regra de conduta, por omissão do legislativo, ou por um caso inédito.
Non líquet: O juiz tem que decidir, o caso não pode ficar em aberto.
A erística deve ser utilizada como forma de prevenção aos mentirosos e enganadores.
Nenhum evento tem significado sozinho, ele precisa de interferência da linguagem humana.
Como não uma explicação perfeita, o ser humano reproduz discursos analógicos ao seu
pensamento. Exemplo da generalização dos tipos ideais de legitimidade proposta por Weber.
O livro defende uma perspectiva etnometodológica: Defende a visão social dos eventos,
duvidando de uma única só interpretação. Interessa-se pelas obviedades do discurso
CAPÍTULO 2
Semiótica
2.1 A maioria dos conceitos iniciais no direito são fruto de uma dicotomia
Pode se definir o conceito de algo como um esquema de natureza ideal os quais fixam as
características básicas de determinado objeto. Definir o que é esse objeto é explicitar os
conceitos. A definição de uma palavra decompõe em muitas palavras o que se pretende
exprimir no conceito.
A Etimologia vai procurar o significante em sua gênese, investigando sua porosidade, ou seja,
suas variações de sentindo, alcance e ambiguidade ao longo do tempo. A origem do
significante.
Jus e Derectum, as quais deram origem à justiça e direito. Devido a porosidade da linguagem,
ficou-se conhecida a justiça como “bom direito” e o direto como posto, exercido pelo poder. E
suas origens etimológicas indicam totalmente o contrário.
O termo Jus irá aparecer na cidade de Roma. Derectum seria o adjetivo da palavra jus.
Jus indicaria a decisão dos juízes (Deriva então a jurisprudência) e Derectum seria a situação
em que o fiel da balança estaria prumo, promovendo equilíbrio. Derectum seria, então,
perfeitamente equilibrado.
Grécia: Diké, Olhos Abertos, Espada e Balança, de pé, balança não tinha fiel.
Uma palavra unívoca tem “uma voz”, quando se apresenta apenas um significado, ou seja,
pretende ser portadora de um só sentido e um só alcance, além de não sofrer as modificações
da porosidade.
Uma palavra é plurívoca quando essas vozes são várias e mudam ao longo do tempo e espaço.
Uma palavra plurívoca é equívoca, quando diferentes sentidos não guardam relação uns com
os outros
Uma palavra plurívoca é multívoca, quando diferentes sentidos guardam relação uns com os
outros, o que dificulta ainda mais a interpretação e se está sendo utilizada nesse ou naquele
alcance. Esse caso se traz presente na palavra direito.
Dito isso, vem a necessidade das dicotomias para classificar o direito, devido à complexidade
da sociedade. Dicotomias seriam adjetivos ao direito.
A sociedade começa a comparar o direito em vigor, positivo, com um ideal de direito que seria
melhor do que aquele existente e observável empiricamente.
Com esse sentido, surge um direito natural, onde o governo, por mais poderoso que seja, não
consegue mudar a natureza do mundo. O direito natural é superior pois não decorre deste, ou
daquele governante. Diferenciação entre direito e justiça.
O direito positivo vê como problema admitir como jurídico, todo conteúdo normativo.
Nesse ponto de vista, o legislador não teria nenhum ponto de vista e controle ético. Injustiça
passou a ser um conceito ligado ao direito posto.
1 – Há uma ordem jurídica, além da efetiva, daquela observada empiricamente pelo órgão dos
sentidos, que é metaforicamente designada de natural.
2 – Em caso de conflito com a ordem positiva deve-se prevalecer a ordem natural, por ser
superior eticamente.
3– Existe um terceiro postulado que irá defender a imutabilidade do direito natural, mas que
muitos autores são contra.
O Jusnaturalismo, na sua base, busca retirar as normas dos fatos, deduzir de determinada
situação, de dados descritivos como patrimônio de alguém, suas características étnicas ou sua
ascendência familiar, um deve tão evidente, quanto em um fato que se baseia.
O positivismo, tem como sua base os “fatos” que são pontos de referência para as normas.
Precisa-se da manifestação do poder, para que essas normas aconteçam. Pois de um mesmo
fato, podem-se criar normas antagônicas.
Para uns, o direito natural decorre de Deus, mas estes precisam de intérpretes, que revelem
seus desígnios.
Para os modernos, surgiu com a razão. O direito natural dos homens surge com a razão. É
imutável e aplicável a todos.
A retórica verifica que o direito natural tem uma ideia altamente civilizatória, que na
insatisfação com o direito posto, tenta modificar o status quo. Se não houvesse uma
discrepância entre o direito posto e o direto que as pessoas acham justo, dificilmente haveria
evolução.
É ingênuo definir direito natural como direito do bem e direito posto como direito do mal.
O problema dessa dicotomia está sempre pautado no conhecimento, do que é direito e do que
não é.
No fim, é distinguir um direito que realiza seus anseios por justiça e um direito com o
ordenamento posto e esclarecido.
Os antigos romanos chamavam o direito subjetivo de facultas agendi, a doutrina jurídica traduz
esse fenômeno como faculdade de agir, compreendendo praticar ou omitir-se em alguma
ação, impedir ou obrigar outras pessoas.
A existência da facultas agendi existe desde que seja legitimada pela normas agendi que é o
direito objetivo, ou seja, faculdade de agir.
O direito subjetivo seria aquele que cada pessoa detém como parte de sua personalidade
jurídica e o direito objetivo é aquele ordenamento genérico que garante quais pessoas têm e
podem exercer tais e quais direitos subjetivos.
O direito objetivo tem grande relação com a dicotomia entre direito justo e direito posto,
abordada no tópico passado. Posto seria o que abrange e justo seria o que falta abranger.
Para os autores modernos, o direito subjetivo se reduz aqueles concedidos e protegidos pelo
Estado.
Já para o Jusnaturalismo, o direito justo e ideal que deveria servir de molde para o direito
objetivo do Estado.
Rousseau -> Contrato social, o Estado é uma das partes, o indivíduo já possui direitos próprios
que devem ser negociados com o Estado. Contrato sinalagmático -> igual pra igual.
Hobbes -> O Estado não é parte do contrato, e sim seu resultado. Ele é criado por um contrato
entre os cidadãos e não tem quaisquer obrigações para com eles. Seu Estado é constituído a
partir do momento em que o ser humano entrega todos os seus direitos subjetivos e
individuais ao ESTADO
Escola histórica: A base dos direitos subjetivos é a vontade humana. O direito à vida,
propriedade, por exemplo, não são concessões do Estado, mas existem por que os seres
humanos têm vontade de exerce-los.
Savigny irá fazer objeções, dizendo que a vontade não é o determinante dos direitos
subjetivos, vai usar o exemplo de quem não pode se manifestar, mas precisam de direitos.
A mesma coisa acontece para aqueles que não querem manifestar os seus direitos.
Phillip Heck também estabelecerá objeções, com uma nova teoria. Vai defender que o direito
subjetivo só será caracterizado assim, pelo interesse de exerce-lo. Objetivação da vontade.
É passível de refutação, visto que os interesses podem criar desejos oriundos, não sustentados
pelo ordenamento.
Em seguida, vem a teoria eclética, através da pandectas, tentando unir as duas correntes
anteriores para sustentar o direito subjetivo, ou seja, precisa de uma manifestação da vontade,
e faculdade de agir. Bernhard Windscheid e Ferdinand Regelsberger.
Por fim, temos a teoria monista de Kelsen, defende que todo direito subjetivo é uma
manifestação do direito positivo. Se toda norma jurídica exige um dever, o direito subjetivo
seria a concretização desse dever, implicando assim, uma interdependência e uma falsa
dicotomia. Não há superioridade igual hobbes, são faces da mesma moeda.
Direito subjetivo e objetivo irá substituir a dicotomia entre direito natural e positivo, o que irá
se aplicar nos pós constitucionalismo, prescrevendo os direitos subjetivos na constituição.
Retoma a dicotomia objetiva e subjetiva. Existem direitos subjetivos públicos, como voto, e
privados como o crédito de um empréstimo entre particulares.
Direito público e privado, é a maior dicotomia entre o direito positivo.
A tradição dessa dicotomia vem com Ulpiano em Roma, através do Corpus Iuris Civilis, no
digesto. Onde o direito público se interessa à república romana, ao passo que o direito privado
se refere ao interesse ou utilidade do cidadão singular.
Com o Estado Moderno, o direito passa a ser em certo sentido, público, pois nenhuma
entidade privada pode fazer justiça comas próprias mãos. Exceto em casos previsto pelo
Estado, como Legítima Defesa.
Na Grécia, a cidade estado é o único ambiente que o ser humano pode ser inteiramente
desenvolvido. Para viabilizar o “ser político”, só seria possível faze-lo na esfera pública.
Utilizando 4 requisitos básicos.
Se houver um espaço público, deve haver um espaço privado, nesse caso, seria o (oikos),
caracterizada pela desigualdade entre as partes.
O espaço público precisa ser caracterizado pela liberdade. Aqueles que tem autonomia sobre
outros seres humanos são aqueles que podem partilhar a esfera pública (cidadão)
Na esfera pública aparece o ESTADO. A presença dele, e a defesa dos interesses não individuais
é o primeiro critério para fundamentar essa dicotomia público x privado.
No estado moderno, a discussão se torna mais complexa. O Estado e a esfera pública irá se
constituir no ideal de soberania. A centralização do poder em uma única fonte de decisões.
A burguesia queria autonomia e seus direitos individuais.
A ideia de ulpiano é rejeitada, visto que o ESTADO, muitas vezes, age de forma particular.
- Soberania do Estado
- Direitos da burguesia
- Liberdade Política
- Nacionalidade.
É criticada por muitas vezes o Estado depender da manifestação individual para manifestar-se
processualmente, assim como o indivíduo também pode escolher não se manifestar
processualmente.
Outro Critério é a ideia de igualdade e desigualdade das partes na relação jurídica. A qual não
basta a presença do Estado para se classificar como direito público. Se o Estado age com seu
poder soberano, de império, há desigualdade, ou seja, direito público. Se há igualdade entre as
partes, mesmo com o Estado e um indivíduo, será direito privado.
Outro Critério, é a teoria de Kelsen, que vai defender que todo direito é público, negando a
dicotomia, onde o Estado faculta mais ou menos, a manifestação de vontades particulares,
impondo seu poder de modo inversamente proporcional.
Outro Critério, é a teoria eclética, as quais vão unir diversos critérios anteriormente citados.
Por fim, o critério da tricotomia, que vai afirmar que os direitos sociais se unem ao público e
privado.
O direito passa a ser o único ambiente ético comum a toda a esfera pública, posto que é
coercitivo e os grupos sociais não podem recusa-lo.
Não existem critérios seguros para separar as dicotomias que adjetivam o conceito de direito.
Persiste o interesse e a utilidade dessas dicotomias, assim como sua habilidade nas técnicas
hermenêuticas, ainda que casuísticas da dogmática jurídica.
CAPÍTULO 3
Problema do conhecimento
Como separar direito do não direito.
Para entender o direito como ciência retoricamente compreendida, é preciso separar o Direito
do Não Direito.
Heráclito foi o primeiro a perceber que tudo é mutável e nada se repete. O que as pessoas têm
como realidade é o fluxo contínuo dos dados empíricos. Considerado por muitos o fundador
do empirismo. Esses filósofos tendem a duvidar de tudo, visto que, tudo está em constante
transformação. Nunca se pode banhar 2 vezes no mesmo rio.
Como isso, será desenvolvida a tesa de que a nossa percepção e os órgãos sensoriais, não
conseguem perceber um evento em sua completude.
O que se chama de objeto, são apenas eventos cujas mudanças o ser humano percebe mais
lentamente ou absolutamente não percebe.
Diferença entre Heráclito e Parmênides. Um dirá que tudo muda, o outro dirá que nada muda.
Diversos filósofos, com a busca para o problema do conhecimento, vão trazer pressupostos e
teses de como o conhecimento e a racionalização do mundo empírico, é formado.
A ideia é o resultado do processo mental que procura detectar neles características comuns e
possibilitar o ser humano lidar com eventos futuros, para conhece-los e detecta-los.
Universalia Ante Rem (Platão): As ideias irão existir antes dos objetos sensíveis, daí a sua
superioridade. O pensamento e a linguagem trabalham sempre como uma metáfora, mundo
das ideias = mundo dos pensamentos, o qual é seguro e confiável e determina percepção. A
percepção sensorial é insegura pois trabalha com generalizações.
Universalia In Re (Aristóteles): As ideias existem nos próprios objetos sensíveis. Cada objeto
traz consigo a sua essência.
Universalia Post rem (Pós-Socráticos): As ideias irão se formar após o processo sensorial
Flatus Vocis (Idade Média): A formação das ideias vem por autoindução provocadas por nós
mesmos.
A evolução das teorias da linguagem segue o caminho de esvaziamento de ontologias que se
percebe em outras áreas do conhecimento. A tese desconstrutivista, que é utilizada neste
livro, para fundamentar o problema da linguagem vai definir que o pensamento diante da
experiência é figurativo, imagético e metafórico. METAFÓRICO.
Na perspectiva desse livro, assim como as ideias e os eventos jamais serão adequados uns aos
outros, tampouco as palavras conseguem expressar exatamente nem as ideias e nem os
eventos.
Para essa construção, então, haverá o evento, que pode ser um texto, imagem, som. O
significante será algo que possa ser percebido pela experiência, precisa de um substrato físico
que vai construir parte empírica da linguagem.
São objetos, “eventos” únicos e distintos, cada um deles contém diferentes impressões,
átomos e diferentes características físicas. São eventos – coisas, eventos – objetos.
O texto é o significante que ambos têm em comum. E o significado é o que cada interpretação
produz em sentido e alcance.
Círculo hermenêutico apontado no primeiro capítulo, é detalhado aqui.
Para entender o círculo, é preciso detalhar o direito como um evento. Ele é um fenômeno
empírico, inserido no mundo. Esses eventos podem ser percebidos pelos órgãos dos sentidos.
O direito existe, por que os seres humanos entram em conflito. A base do direito como evento
é o conflito jurídico.
O conflito consiste numa forma de interação social, na qual existem pelo menos duas vias
diferentes de tratamento. Os conflitos relevantes ao direito, são exclusivamente os conflitos
jurídicos.
O direito é esse regramento para tratar conflitos éticos, que venceu a concepção sobre o que é
justo, imposto a todos, mesmo que nem todas as partes concordem.
Pode-se dizer que o direito consiste na perspectiva ética, moral, de justiça etc. vencedora. O
direito coopera para criar eventos. Eventos são incognoscíveis, em eterna mudança a cada
momento. O evento do direito é o conflito jurídico.
Foi dito que a razão humana, tem como objetivo estabelecer significados gerais para classificar
os eventos.
O lento desenvolvimento da razão humana trouxe consigo estratégias para lidar com
angústias, mecanismos antropológicos para controlar tais expectativas.
Daí surge a norma. Construir ideias de como o mundo deve ser e vive o presente com as
expectativas do futuro, podendo ser contrariadas.
No caso das normas, não há adaptação, ou seja, quando há eventos contrários a essas normas,
não há adaptação delas para esse novo evento.
Assim, a norma é parte da razão humana. As normas podem ser divididas como forma de
controlar a situação de duas formas. Controle punitivo ou Controle premial.
Cada participante do discurso jurídico propõe um significado para os significantes (fontes do
direito) que escolheu para o caso. Todos precisam expor sua compreensão do caso à luz do
ordenamento, do conjunto de dogmas, daí vem a dogmática jurídica.
Conforme explicado, a relação de linguagem com a ideia que procura transmitir é chamada de
sentido. O alcance consiste na classe, no gênero, grupo de eventos a que o termo se aplica e
somente pode ser atingido diante de um evento concreto. O significado só será compreendido
quando determinada conduta acontecer diante de tal interpretação.
CAPÍTULO 4
O problema ético na Filosofia do Direito
Separar o Bom do Mau Direito.
- Vai – se analisar a evolução da ideia de direito natural como instância normativa acima do
direito positivo, expondo as suas diversas vertentes.
- Sua evolução vai se dar até o direito natural de conteúdo variável, o qual abre margens e
prepara a chegada do direito positivo.
- Linguagem – Objeto: Como realmente é. Dado empírico que mostra como realmente
acontece.
- Metalinguagem: Como deveria ser. A ética recomenda como tal comportamento deveria
acontecer. Comportamento que deve acontecer de acordo com determinada concepção ou
ética distinta.
- Irá surgir outro plano, que é o da meta-metalinguagem, que irá observar de forma analítica
os planos entre linguagem-objeto e metalinguagem.
-Nesse caso, a ética, seria os planos de conduta que melhor se adequam a distintas realidades,
com o objetivo de significar estratégias de controle dessas preferências de conduta.
-A ética seria o discurso sobre a moral. Segundo o autor, a metaética pode ser analítica ou
normativa, descritiva ou prescritiva.
- Jusnaturalismo – Inato ao indivíduo e não pode ser modificado, deve ser seguido
- Juspositivismo – Deve se basear em um direito normativo pelas relações de poder.
São visões Linguagem – Objeto, que não devem se confundir com o direito.
Separação entre Nomos e Physis. O nomos, seria a ideia de norma, na qual, apenas o ser
humano pode interagir. Physis seria a natureza. O direito natural, através da ética, seria a
capacidade divina, dada pelo nomos, ao indivíduo, para interagir com a physis.
Por meio da denominação platônica e aristotélica, o direito começou a ser distinto, entre
direito justo e direito posto. E futuramente, abriu margem para outras dicotomias, como
objetivo e subjetivo, público e privado etc.
A primeira separação, estaria em direitos naturais vindos da razão, e direitos positivos dados
pela retórica, através dos sofistas.
O direito natural, para platão e Aristóteles, seria aquele direito que vem de ordem do cosmos
aos cidadãos gregos. E o positivo, todo aquele que está exercido sobre grupos específicos.
De origem platônica, o direito natural, seria o direito acima da ordem social, inerente aos
indivíduos dados pelo cosmos.
No direito natural cósmico, Os Deus surgem com o universo, e assumem papel de demiurgos,
moldando e fiscalizando os direitos naturais submetidos aos cidadãos.
A dicotomia entre esse direito, estaria na justificativa de que os Deuses se submetem a esse
direito, criado antes mesmo do universo, ou eles auxiliam na fiscalização do controle da physis.
A ideia de direito justo, dado por Deus, já estava presente em outras culturas, como a judaica.
Em roma, a o cristianismo católico, irá pregar o intermédio do clero para contato com o divino.
Todo esse poder natural e de justiça de Deus, não é anterior a ele, e o mesmo não se submete,
e por ser tão poderoso, se estabelece antes da existência do clero.
Teoria defendida por Santo Agostinho de Hipona. Que utilizará as ideias platônicas de mundo
sensível e inteligível, para afirmar que esse contato com Deus era incognoscível pelo ser
humano.
Defende que essa lógica natural, que vem de Deus, pode ser entendida pelo ser humano. Mas
não qualquer individuo, apenas a igreja católica, apostólica, romana.
Cabe a igreja transmitir as normas dadas por Deus. A partir dessas, os governantes ficariam
livres para ditar o direito positivo. Vem através de São Tomás de Aquino.
Lex Aeterna: Incognoscível pelo ser humano, porem uma parte, devido a misericórdia de Deus,
conseguiu ser explicada.
Lex Divina: mediação feita pela igreja entre o Lex Aeterna e o Lex Naturalis.
- Ascensão das monarquias nacionais, que passaram a decidir as questões éticas sem a igreja
católica.
- O direito natural, então é estabelecido pela razão e pelas próprias ações humanas.
- Ela não recusa uma fonte divina para este direito, Deus se comunica diretamente com a
razão, sem a mediação da igreja. Exemplo de moisés.
- O direito positivo, era feito pela razão dada pelo direito natural.
- O jusnaturalismo democrático defende essa perspectiva antropológica que o direito vem de
Deus através da razão. Porém seu conteúdo não é homogêneo, sendo passível de
discordâncias. Por isso as divergências entre o que é ético e justo.
- Irá surgir o princípio da maioria, que irá definir os problemas de uma maioria e como se deve
decidir através do voto os conteúdos éticos.
Não irá se confundir, justamente por recusar o princípio da maioria como justiça absoluta.
Embora se considere mutável, não concorda com o esvaziamento ético positivista que
ocorrerá.
Principal representante é Jean Jacques Rousseau. Acorda que não deve haver o princípio da
maioria, mas sim a vontade geral.
Hegel também irá propor o esquema da eticidade. Ela consiste em um direito justo que vem
do Estado, sem interesses individuais, e a exclusão do contrato social.
O direito não pode ser classificado, visto que a ética é distinta e o direito, por si mesmo
instrumento normativo. Surgem as controvérsias ideológicas.
A práxis jurídica está limitada ao direito positivo, que vai gerar como consequência, o dito
acima.
Não se deve ter uma perspectiva de melhor, mas sim de menor para maior complexidade.
Livro que se afasta de preferencias para explicar o direito, sem visões normativistas. Mas sim a
evolução do direito contemporâneo.
A diferenciação é o que faz o direito e o texto de lei ser entendido de diferentes maneiras.
- Complexidade social
- Importância da lei
Importância da lei: Principal objeto que irá moldar a conduta e ser objeto soberano.
- A escola legalista irá surgir como fruto do pensamento racionalista do iluminismo europeu.
Essa razão para os legalistas, terá o sinônimo de lei.
- O legalismo se utiliza do princípio da maioria por meio do procedimento. Esse procedimento
é a competência em que o legislativo tem em criar a lei.
- Justo é aquilo que a maioria, por meio da lei feita pelos representantes diz que é justo.
- A lei é entendida como significante e significado e o evento relevante, que aqui é discutido
como fato. Ela é portadora de uma verdade, como forma de limitar o poder da instância
decisória, devendo interpretar aquilo proposto pelo legislador que fez a lei
- Criticado pela vagueza e ambiguidade, mas ainda adotado no Brasil por alguns juristas.
- O conceito agora é pautado pela norma jurídica, a qual não se baseia exclusivamente na lei,
mas sim nas fontes do direto.
- Critica a separação legalista dos poderes, no legislativo e critica o princípio da maioria pelas
perspectivas dominantes, implicando na não revisão constante da lei por novas maiorias que
venham a surgir.
- Defende a posição da norma jurídica, onde o direito é feito de forma mista, tanto pelo
legislador quanto pelo judiciário.
- O normativismo chega em seu apogeu com Hans Kelsen, em teoria pura do direito.
- Teoria pura da moldura: As fontes do direito determinam onde o direito e decisão devem
acontecer. Porém dentro dessa moldura das fontes, é impossível determinar como ele vai
acontecer.
- O normativismo vai valorizar a HERMENEUTICA JURÍDICA.
- O realismo jurídico, surgirá como forma de explicar o que o normativismo não conseguiu.
Como o exemplo das ações arbitrárias do judiciário.
- O escandinavo, de principais autores como Alf Ross, Karl Olivercrona, Axel Hagerstrom
- Realismo Escandinavo:
Alf Ross: Cientificidade do Direito. Recusa a perspectiva normativa, porém acolhe uma
pequena parte dela para diferenciar os eventos juridicamente relevantes dos não relevantes.
- Mais pragmático, ou seja, se importa em como alcançar os resultados. Não tão preocupado
com a cientificidade do direito e não gosta de adotar o nome realismo.
Jerome Frank: Ceticismo construtivo, a perspectiva realista, pois tem dúvida sobre os textos
genéricos como forma de guiar a decisão do juiz. Utilização de alguns conceitos céticos de
dissoi logoi como a epoché.
Defende uma carga ideológica do juiz, na qual é impossível de ser separada dele.
Exemplo da regra que foi deixada de lado pelo STF na decisão do impeachment da presidente.