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A Teoria Pura do Direito desenvolvida por Kelsen reduz a expressão do Direito à norma jurídica.

Através de tal teoria, Kelsen pretendeu purificar o Direito, libertando-o de especulações


filosóficas e sociológicas.

Kelsen pretendia a independência científica do Direito, sendo que o método e o objeto da


ciência jurídica deveria ser apenas a norma. Com a Teoria Pura do Direito, ele pretendeu
proporcionar objetividade, autonomia e neutralidade ao Direito. Para tanto, Kelsen construiu os
conceitos de jurisprudência normativa e jurisprudência sociológica.

Ao delimitar o estudo da ciência jurídica, apontando-lhe como único objeto a jurisprudência


normativa, Kelsen eleva à categoria de ensino fundamental de sua doutrina o rompimento
absoluto entre os conceitos de Direito e Moral, e principalmente entre Direito e Justiça. Para
ele, tal separação é necessária devido ao fato de a legitimação do Direito não ocorrer por meio
dos conceitos de Moral e Justiça.

Kelsen criou uma teoria que se refere somente ao Direito Positivo, desprezando os juízos
axiológicos, rejeitando a ideia jusnaturalista, combatendo a metafísica, compreendendo o
Direito como estrutura normativa.

Hans Kelsen rejeitou a ideia de Justiça absoluta, admitindo, porém, como conceito de Justiça, a
aplicação da norma jurídica ao caso concreto, consistindo a Justiça apenas em um valor
relativo, por ser um atributo possível de vários objetos. O justo se manifesta na conduta social:
a conduta será justa quando corresponder a uma norma.

Em sua teoria, Kelsen eliminou dualismos do âmbito jurídico, tais como: Estado e Direito,
Direito Internacional e Nacional e Direito Objetivo e Subjetivo.

Há uma hierarquia na estrutura normativa. As normas jurídicas formam uma pirâmide apoiada
em seu vértice, com a graduação disposta do seguinte modo: Constituição, lei, sentença e atos
de execução. Segundo a Teoria Pura do Direito, uma norma está fundamentada na outra
hierarquicamente superior. Acima da Constituição, que é o topo da pirâmide normativa,
encontra-se a Norma Fundamental, também denominada Norma Hipotética ou Grande Norma,
que consiste no fundamento primordial do Direito, uma constituição teórica, um poder precípuo,
originador da constituição positivada que deve ser formalmente elaborada e aprovada.

O Direito não pode ser reduzido à norma. A grandeza do Direito consiste na sua relação com as
demais ciências. O jurista, além de conhecer a norma jurídica, deve ter conhecimentos de
todas as ciências que possam conduzi-lo a uma melhor compreensão acerca da importância e
finalidade do Direito, tais como Filosofia, Sociologia, Ética, Política, etc.

A Ciência Jurídica não é composta somente de normas, pois estas isoladamente não atingem
as exigências sociais de Justiça. A lei obedecida de modo irrestrito pode ser utilizada como
instrumento maléfico para a sociedade. A interpretação das normas sem a adoção de um
critério de Justiça conduz o jurista a uma aplicação obscura da lei.

O Direito tem um significado, um valor a ser realizado. Todo o edifício jurídico deve se
fundamentar na hegemonia axiológica dos princípios. Para que alcancem a sua finalidade de
propiciar um convívio harmônico dos indivíduos em sociedade, as normas devem ser
inspiradas nos princípios do Direito Natural, na Moral e fundamentalmente na Justiça, que é o a
priori jurídico, que é a luz do Direito.

A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen pode ser considerada o auge da trajetória
juspositivista no sentido de alicerçar na ciência, no conhecimento empírico, a organização
social estabelecida através de normas. Entretanto, tal teoria demonstra insustentabilidade ao
reduzir à norma o Direito, tendo em vista que este possui um conteúdo muito mais amplo.

A obra “Teoria Pura do Direito” defende uma ciência do direito pura, ou seja, separada tanto
das influências sociológicas quanto políticas. Ela se insere em uma fase da teoria de Kelsen
fortemente influenciada pelo neokantismo, o que se percebe por sua concepção construtivista
de ciência, ou seja, pela ideia de que o modo como o sujeito conhece constituiu o objeto
estudado, pela caracterização do dever ser como uma categoria transcendental no sentido da
filosofia kantiana, e ainda pela consideração da norma fundamental como condição lógico
transcendental do método de conhecimento do direito positivo, também no sentido da filosofia
kantiana.

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