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RESUMO DO LIVRO TEORIA PURA DO DIREITO

JUSPOSITIVISMO
Hans Kelsen, pensador do direito, fez parte do movimento do positivismo
jurídico foi mais um na corrente do juspositivismo ou positivismo jurídico e
para entendê-lo temos que entender essa corrente que vai anivelar a ciência
jurídica, o estudo do direito enquanto ciência independente, trouxe autonomia
para o direito como ciência e só é possível ter autonomia quando ela tem um
objeto próprio, com princípios próprios.

SER - DEVER SER


O direito se preocupa com o "dever ser" e não com o "ser" (fatos), a
interpretação vai regulamentar o que dever ser e o ser que é o aplicado
somente se ele se enquadrar no dever ser. A norma prevê de forma abstrata
que dever ser a atitude então se há enquadramento haverá fundamento.

Norma Jurídica
O significado jurídico do ato, põe-se logo a questão de saber se a ciência
jurídica, ou seja, o direito é um fenômeno natural ou social. O ato sendo
expresso por um individuo pode ser expressado subjetivamente ou
objetivamente, mas o que transforma de fato num ato jurídico é o sentido
objetivo que está ligado ao ato, recebendo o fato em questão por intermédio
de uma norma que a ele se refere com o seu conteúdo, que lhe empresta a
significação jurídica.

O sentido subjetivo dos atos podem produzir normas jurídicas através da


situação relativa ao fato do costume, quando os atos em certa comunidade se
repetem durante certo tempo surgindo no individuo a ideia de que se deve
conduzir como costumam conduzirem-se os membros da comunidade e a
vontade de que também os outros membros da comunidade se comportem da
mesma maneira.

O jurista deve partir de uma norma jurídica dada, para conseguir chegar a
própria norma jurídica. A norma jurídica é o começo e o fim de todo o sistema,
o Estado é composto por um ordenamento de normas jurídicas de impor
condutas. Mesmo assim o jurista pode produzir normas individuais aplicando
e interpretando uma norma geral. Ao afirmar que a norma jurídica possui
vários sentidos, entendemos que é nisto que consiste a liberdade do juiz ao
determinar qual dos sentidos é o mais adequado, impossibilitando o Direito
Positivo de apontar a escolha melhor. Jamais se pode acreditar que uma
norma jurídica possa permitir apenas uma interpretação correta para todos os
casos.

Fundamentalmente a interpretação não está ligada apenas para a aplicação


do direito mas também a ciência.
Kelsen conclui que o sistema de apoio do sistema jurídico é uma estrutura por
etapas de normas, onde a ultima é a norma fundamental, que está no topo da
pirâmide de relações normativas, onde há hierarquia, interdependência entre
normas, a norma não existe historicamente nem fisicamente é pressuposta
logicamente.

Vigência e Eficácia da Norma Jurídica


Existe certa conexão entre a vigência e a eficácia de uma norma, sua eficácia
é condição para sua vigência, mesmo que algumas normas entram em vigor
antes ainda de se tornar eficaz.

A norma para ser eficaz, não precisa necessariamente ser aplicada, devido
que indivíduos subordinados a ordem jurídica respeitem a norma adotando a
conduta pela qual se evita a sanção. A norma positiva é a norma posta por
autoridade competente (art. 61 d a CF), procedimento previsto legalmente,
limites de espaço (art. 1 LI) e limites de tempo (art. 2 LI) dentro de uma
sociedade de direito. A norma tem que ser válida para gerar eficácia, gerar
interesse para o operador do direito. A norma válida independe dos eu
conteúdo, independente do que ela trata, independe se é moral ou imoral, se
é justa ou injusta, boa ou ruim, ela é preferível que seja mora, o que interessa
é a forma, se passou pelo tramite correto e entrou de forma válida no sistema,
sendo assim terá que ser obedecida e ponto final.
O domínio da vigência pode ser limitado, mas pode também ser ilimitado.

A norma tem força retroativa, ou seja, a norma jurídica pode ser aplicada a
certo individuo que tenha cometido um delito não só no futuro como também
no passado.

Valor da Norma Jurídica


Ao estudar norma e valor percebe que a norma considerada como
objetivamente válida funciona como medida de valor relativamente a conduta
real. A conduta que corresponde à norma tem valor positivo, a que contraria
tem valor negativo.

As normas constituídas por valores de atos humanos e não supra-humanos


podem produzir normas contrárias as primeiras, querendo dizer que a
vigência de uma norma não exclui a possibilidade de vigência de uma outra
norma. Podendo considerar como válida quer uma quer outra, mas não as
duas ao mesmo tempo.

Ao estudar os juízos de valores (direito/justiça) podemos dizer que a norma


jurídica é a única segurança para a teoria do direito, diversos sentidos
jurídicos convivem num só ordenamento.
Até mesmo a norma fundamental sendo a última e se encontra no cume da
pirâmide aceita pressupostos metafísicos, esse é o principio da eficácia, onde
Kelsen afirma que não há espaço para a justiça, apenas para o Direito na
ciência jurídica confirmando sua teoria apontando que existe um
consentimento em todos aceitar a constituição.
O direito está voltado para a norma, e não há norma verdadeira ou falsa, mas
apenas válida ou inválida. O conceito de validade da norma é sua entrada
regular no sistema através da forma, o rito, momento, modo de hierarquia a
entrada real válida dentro do universo jurídico.

De acordo com a moral cristã: é bom amar o inimigo, e não há necessidade


de concordar ou não concordar, pois é o que diz a moral cristã. O mesmo
acontece com o direito sob a pena de morte para o homicida, não importa se
concordamos ou não com a pena de morte e sim o que importa é a norma do
Direito, Então, e somente então, é objetivo deste juízo de valor.

CONCLUSÃO
Para Hans Kelsen a norma fundamental é a validade de todo um sistema
jurídico, é unitário, orgânico, fechado, completo e autossuficiente, nada falta,
as normas inferiores buscam fundamento nas normas superiores.

Kelsen extraiu da teoria pura do direito o conceito, a ideia de justiça, porque


justiça está sempre imbricado a valores, a conceitos individuais e subjetivos e
o direito para kelsen não é isso, ele separa muito bem direito de justiça, pois
existem valores que são de justiça e valores que são de direito.

Os valores de direito a análise é objetiva, ou seja, tem que vê se está dentro


da norma posta de forma objetiva, enquanto valor de justiça é subjetivo,
existe uma interpretação axiológica (vem de valor), ou seja, precisa valorar, já
o direito não precisa valorar, não interessa o conteúdo, não precisa de valor,
os valores de direitos não precisam ser identificados como algo bom ou ruim,
justo ou injusto, honesto ou desonesto, moral ou imoral, tudo isso não
importa, se a norma for válida, emanar de autoridade, seguir procedimento de
espaço, pronto, simplesmente terá que ser cumprida independente do valor
de justiça, o valor de direito é objetivo, é preciso, técnico, agora valor de
justiça é algo que está fora do cientista jurídico, o instrumentador do direito
não se preocupa com esses valores.

O direito para ele é uma ciência extremamente técnica, especifica, toda


encadeada, hierarquia inferior que busca seu fundamento na superior, tem
escalões, tem toda uma rigidez de sistema e o objeto exclusivo da ciência do
direito é a norma positivada, a norma fundamental é pressuposta, ela é
hipotética, não é posta, ou seja, não é colocada, é pressuposta. É o
fundamento do ordenamento jurídico é a ideia, a norma fundamental
hipotética vai estancar o regresso ad infinito.
O que é Pirâmide de Kelsen?

Em termos simples, a Pirâmide de Kelsen é uma representação gráfica do


sistema hierárquico de um Estado. Quem criou essa pirâmide foi o jurista e
filósofo austríaco Hans Kelsen – tido como um dos nomes mais importantes do
direito moderno.

Por meio da publicação do livro “Teoria Pura do Direito”, Hans Kelsen forneceu
detalhes, conceitos e definições sobre a pirâmide. Essa obra é uma referência
para juristas e estudantes da área de direito.

Ao nos debruçarmos sobre o livro, perceberemos que a ideia de Kelsen é que o


Estado deve ser o único e principal detentor do poder de elaborar leis. Além
disso, as legislações seguem uma hierarquia: as normas gerais derivam das
normas específicas.

Por causa da eficiência da Pirâmide de Kelsen, muitas empresas a


implantaram na sua estrutura interna. Em especial, nos setores tributários e
jurídicos. O objetivo é organizar, otimizar e gerenciar essas áreas de um modo
que conecte a organização com as legislações vigentes.

Qual é a hierarquia das normas da Pirâmide de Kelsen?

Analisando mais de perto a representação gráfica da Pirâmide de Kelsen,


notamos que existem algumas divisões principais. São elas:

 Topo (nível fundamental) – nesse nível se encontra a maior lei de uma


nação: a Constituição Federal (também conhecida como Carta Magna).
No topo, encontramos também as Emendas Constitucionais, Tratados e
Convenções sobre Direitos Humanos;
 Meio (nível jurídico) – nesse patamar se posicionam as leis delegadas,
complementares, provisórias, resoluções e decretos legislativos;
 Base (costumes) – é o nível mais amplo da pirâmide, pois engloba as
normas secundárias, costumes e julgamentos.

Qual é a importância da pirâmide de Hans Kelsen?

Aplicando na área empresarial, a Pirâmide de Hans Kelsen é uma ferramenta


de suma importância. Por meio dela, os empreendedores entendem como
funciona toda a estrutura por trás das leis, impostos e tributações. Em outras
palavras, ao conhecer a pirâmide, é possível tornar a gestão tributária
e contábil mais eficiente.

Outra vantagem para as empresas está na tomada de decisões sobre o plano


orçamentário. Afinal, ao identificar os tributos a serem pagos, o negócio
consegue se planejar financeiramente para cumprir com essas obrigações.
Assim, evitam-se sanções e multas judiciais por descumprimento.

Existe ainda um terceiro benefício de conhecer essa estrutura: a melhoria da


resolução de problemas. Sabendo dos níveis da pirâmide e suas aplicações,
fica mais fácil para os empreendedores e gestores encontrarem os dispositivos
certos para resolver conflitos de maneira clara, objetiva e rápida.

Como usar a Pirâmide de Kelsen para solucionar problemas?

Sim, a Pirâmide de Kelsen é um recurso excelente para solucionar desafios


que aparecem na empresa. Mas como fazer isso? Os passos a serem
percorridos são:

1. Identifique o problema – é importante entender o tipo de desafio que a


empresa está enfrentando. Por exemplo: um conflito trabalhista entre um
ex-colaborador e a empresa;
2. Reconheça as leis aplicáveis – verifique quais leis são aplicáveis ao
problema em questão. Comece pelo nível mais alto da pirâmide – a
Constituição Federal. Em seguida, analise as normas dos demais níveis.
Por exemplo, no Brasil, a Constituição prevê direitos trabalhistas aos
colaboradores. Após verificar essa legislação, veja também as regras da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
3. Elenque e escolha soluções: com base na análise das leis, você pode
identificar soluções para o problema. Por exemplo, se o desafio vem de
um protesto do ex-colaborador em relação ao pagamento de verbas
trabalhistas, talvez um novo cálculo ou acordo pode ser a saída para o
fim do conflito.

Exemplos de aplicação da Pirâmide de Kelsen

Existem algumas maneiras que a pirâmide pode ser aplicada para o benefício
da empresa. Seguem as principais áreas a serem direcionadas por essa
ferramenta:

Contratos

A pirâmide permite interpretar cláusulas em contratos celebrados entre a


empresa e fornecedores, clientes ou colaboradores. Por exemplo, se um
contrato estabelece um prazo de pagamento aos escritórios de advocacia, a
empresa deve verificar se esse prazo está segundo as leis e regulamentos
aplicáveis.

Responsabilidade civil

A empresa pode ser responsabilizada civilmente por danos causados a


terceiros. Nesse caso, a Pirâmide de Kelsen ajudará a determinar as leis
aplicáveis e identificar a responsabilidade da empresa.
Por exemplo, se um funcionário causa um acidente de trabalho, é preciso
verificar se a empresa adotou as medidas de segurança adequadas (como uso
de equipamentos – EPIs) e se as leis foram respeitadas.

Tributos

A Pirâmide de Kelsen é fundamental para o cumprimento das obrigações


tributárias pela empresa. Isso ocorre porque as leis tributárias são organizadas
na hierarquia da pirâmide. E a empresa que não tem conhecimento dessas
obrigações pode ser penalizada ou pagar um imposto duas vezes
(bitributação).

Teoria Geral do Direito por Norberto Bobbio


Teoria Geral do Direito – Norberto Bobbio
Ao se tentar fazer uma análise crítica de uma densa obra que representa
anos de pesquisas e trabalho árduo em uma mera resenha, muitos problemas
e questões pontuais permanecem intocados, assim como simplificações se
fazem necessárias, principalmente quando se trata da renomada obra “Teoria
Geral do Direito” de Norberto Bobbio. Contudo, na busca de sanar, se não ao
menos minimizar os efeitos negativos acima descritos, proporei uma simples
metodologia a ser seguida.

Por meio desta breve obra farei uma crítica pessoal sobre parte do segundo
capítulo da obra anteriormente citada. Para isso, me utilizarei do seguinte
formato: primeiro reproduzirei em linhas gerais o que a obra original descreve,
em seguida elaborarei minha crítica ao texto, de forma geral, e por último,
com base em um conhecido autor – que também escreveu sobre o tema –
apresentarei a teoria que acredito ser a mais condizente à realidade.

O trecho que cabe à minha crítica é estruturado em três partes por Bobbio,
onde a idéia central a que se refere são os três critérios – justiça, validade e
eficácia – de valoração de uma norma jurídica. Em primeiro lugar ele se
preocupa em deixar claro que qualquer uma destas normas pode ser
submetida a esses três distintos critérios, e que eles são independentes um
do outro. Em seguida o autor descreve os três critérios como sendo uma
tríplice ordem de problemas: justiça ou injustiça; validade ou invalidade;
eficácia ou ineficácia. O problema da justiça analisa se a norma corresponde
aos valores finais que inspiram o seu ordenamento jurídico. A validade se
refere ao problema de detectar se uma norma existe ou não, se ela é uma
norma jurídica. E o último problema, da eficácia, se preocupa com o
cumprimento da norma por parte da população, e em caso de
descumprimento deve ser aplicado os devidos meios coercitivos.
Na segunda parte Bobbio reafirma que os três critérios são independentes e
prova isto por meio de seis proposições que contrapõem, dois a dois,
daqueles três problemas. E a última parte do trecho, que me importa para a
realização desta obra, trata das possíveis confusões dos três critérios
mencionados na primeira parte. Além disso, ele propõe que estes critérios
delimitam a atuação do filósofo do direito, e que a partir de cada um deles
surge um campo da filosofia jurídica. Assim, da justiça surge a teoria da
justiça; da validade surge a teoria geral do direito; e a eficácia conflui na
sociologia jurídica. Por fim Bobbio critica as outras teorias que não
estabelecem nitidamente a distinção entre os três critérios e se apóiam em
uma tese reducionista para afirmar que qualquer um destes critérios pode se
reduzir a outro.

Após uma breve apresentação do conteúdo do texto de Norberto Bobbio,


colocarei em pauta os pontos em que, ao meu entendimento, o autor se
equivoca. Em primeiro lugar, devo deixar claro que independente de qual
tenha sido a intenção de Bobbio, ele descreve o tridimensionalismo jurídico.
Assim, quando ele faz tal descrição, não o faz coerentemente sob meu
julgamento; quando descreve os três critérios e assume que eles são
completamente independentes, se coloca de forma errônea. Ou seja, não é
sua descrição – que acredito ser muito boa quando se refere a cada um dos
três critérios de forma separada –, mas sim o fato de colocar como critério
imprescindível a independência entre eles. Em defesa de Bobbio, acredito
que sua descrição primeiramente se assemelha muito ao breve resumo feito
por Ana Lúcia Sabadell em seu “Manual de sociologia jurídica”, e que me
parece muito bom.

Voltando às críticas, outro problema de restrição que o autor comete é


quando ele restringe os três critérios a três problemas exclusivos da norma
jurídica, quando na realidade acho que estes problemas são muito mais
amplos e se aplicam a todo o estudo do direito, a todo o sistema jurídico.

O erro seguinte, do autor, é quando ele delimita os três critérios como sendo
o campo de pesquisas e trabalho do filósofo do direito. Veremos a seguir,
com maior embasamento teórico, que estas três áreas são campos de estudo
de diferentes profissionais. Sendo assim, diferentes estudiosos, de acordo
com sua área de atuação, estudam diferentes critérios. Quanto à afirmação
de que é a partir da filosofia do direito (que por sua vez compreende aqueles
três critérios) que surge outras importantes áreas de estudo do juristas – por
exemplo, é do problema da validade que surge a filosofia do direito como
teoria geral do direito – Bobbio se coloca novamente de maneira equivocada.

Minha última crítica versa sobre o problema da simples contradição ao


reducionismo. Como já citado acima, Norberto Bobbio se contrapõe às teorias
reducionistas que se propõem a assemelhar qualquer um dos três critérios
(justiça, validade e eficácia) a outro deles. Esta crítica é pertinente, mas ela
deve estar munida de outra crítica que se oponha ao problema contrário: o
unilateralismo. Se não for feito desta maneira entendo que estaremos
deixando de lado o reducionismo, mas continuamos adeptos ao
unilateralismo.

Chegamos, assim, à última parte do meu trabalho, onde apresentarei minha


fonte teórica com qual aprofundarei minhas críticas postuladas acima. O autor
que melhor se adéqua às minhas visões e entendimentos sobre este assunto,
com quem minhas idéias mais se simpatizam é
o filósofo, jurista, educador e poeta Miguel Reale. Nascido em São Bento do
Sapucaí (São Paulo) no dia seis de novembro de 1910, este ilustre brasileiro
ficou conhecido como formulador da Teoria Tridimensional do Direito. E com
base em seus ensinamentos que seguirei adiante com esta veemente crítica
ao italiano Norberto Bobbio.
Em relação à necessária independência proposta por Bobbio, esta constitui o
principal obstáculo a ser superado por Reale: o tridimensionalismo abstrato
ou genérico, ou seja, a visão tricotômica do Direito. Ele explica que ao
analisar a denominada “dialética da complementaridade” pode-se demonstrar
que todo conhecimento está aberto a novas possibilidades devido a seu
caráter dialético, ou seja, de natureza relacional. Por meio deste aspecto
dialético de sua teoria, ficaria certo para Reale que este tridimensionalismo
(de Bobbio) era “abstrato e estático”.

Basicamente, a teoria tridimensional do direito formulada por Miguel Reale


ensina que o direito se apresenta por meio de três aspectos (justiça, validade
e eficácia), consequentemente deve ser analisado por meio destes três
aspectos. Aspectos estes que são, segundo o próprio autor, inseparáveis e
distintos entre si. Caso contrário, o que ocorrerá é o surgimento das
concepções jurídicas unilaterais. O exemplos claros são os estudos isolados
de um desses elementos feitos por Kant, Ehrlich e Kelsen. O resultados
apresentados são: o moralismo de Kant, o sociologismo de Ehrlich e o
normativismo de Kelsen. A lição é que ao escolher uma face do direito como
sendo a principal – como sabemos era isto que eles faziam, mas não as
excluíam –, os grandes autores comprometiam o entendimento global do
fenômeno direito.

Em outras palavras, quando nos deparamos à teoria tridimencionalista do


direito de Bobbio, estamos frente ao que Reale chamava de
tridimencionalismo genérico e abstrato, que se opõe ao específico e concreto,
tão buscado por ele. Neste sentido, o brasileiro define em “Lições
preliminares de direito”: “direito é a realização ordenada e garantida do bem
comum, numa estrutura tridimensional bilateral atributiva”. Lembro que
entende-se por bilateral atributiva a união que faz dois (ou mais) elementos
interagirem.

Com estas explicações acerca do posicionamento realiano, se faz óbvio para


nós que o tridimencionalismo jurídico tem como função o estudo do sistema
jurídico por meio de três diferentes faces, mas de forma conjunta entre elas.
Assim, esta teoria é muito mais ampla e muito mais importante do que a
forma como aparentemente é colocada por Bobbio. Logo, pode-se afirmar que
não é o estudo unicamente das normas jurídicas que esta teoria, em sua
forma correta (tridimencionalismo jurídico específico e concreto de Miguel
Reale), tem por fim. Fim este que se justifica pela necessidade de melhor
compreender o fenômeno do direito como um todo.

Seguindo ainda os estudos de Reale, me parece inequívoco dizer que a teoria


tridimencional do direito apresenta três correntes específicas de estudo: a
axiológica, a sociológica e a normativista. Estas três correntes de estudo,
como também afirmadas por Ana Lúcia Sabadell, se relacionam aos três
critérios que importam ao tridimencionalismo. Vejamos: a justiça (ou
idealidade do direito) é objeto de estudo do filósofo do direito; a validade (ou
normatividade do direito) interessa ao dogmático ou interprete do direito, que
fará um estudo interno do direito positivo; e a eficácia é estuda a realidade
social do direito e interessa ao sociólogo do direito.

Isto nos põe, de forma absoluta, contrários ao texto de Bobbio que assegura
que todos os três critérios são campos de estudo somente do filósofo do
direito, e que todos dizem respeito a áreas da filosofia jurídica – somente em
uma segunda instância é que eles (três critérios componentes da filosofia) se
tornariam os outros campos de estudo.

Melhor explicando, agora, minha última crítica – que talvez não se faça clara
a priore – referente à contraposição de Bobbio às teorias reducionistas, friso
novamente que este não é o erro. Na realidade, esta é a parte correta. O erro
se encontra na negação simples do reducionismo, deixando de lado a
preocupação pelo oposto imediato que seria as visões unilaterais do direito,
dadas pela completa separação dos critérios componentes do
tridimencionalismo jurídico. Mais do que isso, Bobbio não só não se preocupa
como apóia este tese.

Reale, por outro lado, já advertia que o reducionismo não é, de fato, uma boa
teoria, uma vez que os três critérios são dependentes, mas não se
confundem. Mas acima disto, ele esclarece que não se deve passar ao outro
oposto. As visões unilaterais são enviesadas e incompletas. Dizia Miguel, que
um estudioso do direito deve ter conhecimento das três áreas
correspondentes a justiça, validade e eficácia, respectivamente. Que suas
obras devem considerar estes três aspectos de forma unificada. Assim, deixa
mais uma vez sua – e agora aderida por mim – maior crítica, que aborda a
superação da teoria da tridimensionalidade do direito genérica e abstrata por
aquela, que integrando os três critérios, se faz específica e concreta.

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