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formal, como a sua iniciativa e, sobretudo, as pessoas com legitimidade para negociar.
INICIATIVA – nos tratados bilaterais ou multilaterais restritos esta é informal; nos acordos orais
esta iniciativa é totalmente informal e surge aquando de cimeiras ou conversações bilaterais no
âmbito de uma conferência ou organização internacional; nos tratados multilaterais gerais, na
maioria dos casos, estas iniciativas têm cabido a órgãos de organizações internacionais, seja
regionais, seja para-universais
AUTENTICAÇÃO – é a fase do procedimento da conclusão dos tratados pela qual o texto destes,
já adotado, é formalmente reconhecido e tido como definitivo pelos participantes na negociação
➔ Nos tratados orais, adoção e autenticação confundem-se no mesmo ato, ato este que,
regra geral, implica também a imediata vinculação
➔ Nos tratados escritos, a autenticação não só se distingue da adoção, comi pode resultar
de diferentes atos – este regime quanto à autenticação, consta do artigo 10º
ASSINATURA SOB RESERVA – o Estado estabelece expressamente que a mera assinatura por si
não o vinculará, sendo necessário um ato posterior. É esta a reserva. A sua formulação mais
comum é a assinatura sob reserva de ratificação
RESERVAS – artigo 19º – “declaração unilateral” feita por um Estado quando assina, ratifica,
aceita, aprova ou adere a um tratado, por meio da qual se pretende excluir ou modificar o efeito
jurídico de certas disposições do tratado quanto à sua aplicação a esse Estado
➔ É um ato jurídico unilateral, embora sem autonomia jurídica em relação ao tratado, pois
integra-se no seu procedimento de conclusão.
➔ Visa excluir ou modificar o efeito jurídico de disposições do tratado. Não pode criar nova
disposição, apenas excluir ou modificar os seus efeitos. Um Estado não pode por meio de
uma reserva autoatribuir-se um direito ou impor um dever às ouras partes não previsto
no tratado. Apenas pode excluir ou modificar, direito das outras partes ou os seus próprios
deveres previstos no tratado
➔ A reserva poderá, aina assim, modificar a disposição no sentido do seu alargamento
(reservas extensivas)
➔ Permitir o alargamento de disposições pode simplesmente acabar por equivaler a uma
permissão de criar disposições novas com um regime bem mais favorável d que o dos
tratados bilaterais: o silêncio das partes vale como consentimento e o autor da reserva
pode revogá-lo unilateralmente. A prática parece apoiar a existência desta figura
FIGURAS AFINS:
➔ DECLARAÇÕES INTERPRETATIVAS – o seu efeito útil é chamar a atenção das partes para
alguns aspetos menos claros que interessa ao autor da declaração ver respeitados
o Atribuir novos direitos ao seu autor ou deveres às outras partes que nada têm a
ver com o conteúdo da disposição “interpretada” – nesta situação, não é possível
reconduzi-la à categoria de reserva: estas têm de restringir ou ampliar
marginalmente os efeitos de uma disposição e não criá-la. Não lhes +e, pois,
aplicável o regime das reservas, designadamente a aceitação pelo mero silêncio
➔ DECLARAÇÕES POLÍTICAS – declarações motivas politicamente. Desde protestos pelo
modo como ocorreu a negociação, passando por autoelogios, até apologias de cetos
princípios político-jurídicos. Regra geral, estas declarações são completamente destituídas
de efeitos jurídicos
o Mesmo neste caso, não se trata de reservas, pois não é o âmbito material da
convenção que é limitado
o No caso de tratados que imponham obrigações erga omnes, esta recusa de
estabelecer relações convencionais é essencialmente inútil do ponto de vista
jurídico. O Estado continua obrigado a respeitar integralmente as normas do
tratado mesmo que tal beneficie de forma indireta o Estado que recusa reconhecer
RESERVAS
➔ Requisitos jurídicos quanto ao objeto – quando é que as reservas serão admissíveis –
artigo 19, especialmente na sua al. a)
o É necessário entender que tal proibição pode não constar do instrumento principal
do tratado, tendo ficado estabelecido numa estipulação verbal ou mesmo tácita,
estipulações que fazem igualmente parte do tratado.
o Pode suceder que tal proibição de reservas não conste do próprio tratado, mas sim
de um outro tratado
o consequências do facto de um Estado fazer uma reserva em relação a um tratado
que as proíbe: a sua vinculação será ineficaz. Portanto, não se trata de considerar
a reserva nula e o Estado ficar vinculado ao tratado, é o ato de vinculação, seja a
assinatura, a ratificação, a adesão ou outro, que se torna ineficaz – artigo 17º/1 e
2 e 20º/4 al. c) a contrário
o o apuramento da existência de uma reserva pode, contudo, como se viu, não ser
nada claro. A solução será o autor da declaração assumir expressamente o caráter
interpretativo desta e renunciar a eventuais efeitos modificativos que esta tenha
sobre as disposições do tratado
➔ Invalidade
o existem 8 causas tipificadas nas CVDT
o das causas consagradas pelas CVDT, sete delas são vícios:
▪ violação de regras internas de competência
▪ violação de restrição dos poderes
▪ erro
▪ dolo
▪ corrupção
▪ coação sobre o representante
▪ coação sobre o Estado
o estes provocam apenas a invalidade do consentimento, não afetando a eficácia do
tratado entre as outras partes, a menos que se trate de um tratado bilateral
simples; sendo um tratado multilateral, a invalidade do consentimento de uma das
partes, na maioria dos casos não afetará a continuidade do tratado em relação às
restantes partes
▪ a oitava causa de invalidade – derrogação do Ius Cogens – é uma causa
objetiva de invalidade, portanto, do próprio Tratado ou, mais
corretamente, da disposição viciada
o existem 4 causas adicionais:
▪ a invalidade técnica que decorre da incapacidade do sujeito para celebrar
o tratado
▪ a propósito dos vícios da vontade, deve ser incluída a incapacidade
intelectual do representante do Estado participante nas negociações
quando o seu ato vincule o Estado
▪ casos de erro-obstáculo, ou seja, na manifestação da vontade, julga-se que
este não seja uma invalidade, mas uma ineficácia absoluta
▪ impossibilidade originária física de execução
o a incapacidade intelectual e o erro-obstáculo são causas puramente dispositivas
o a incapacidade da entidade e a impossibilidade originária são questões de facto
o as oito causas tipificadas têm como consequência a nulidade, sendo que na
maioria dos casos trata-se de nulidades sui generis
▪ nulidades absolutas: os casos de coação sobre o representante e sobre o
Estado e a derrogação do Ius Cogens (nulidades que têm subjacentes
motivações de Ordem Pública)
• a nulidade absoluta é invocável por qualquer parte no tratado nulo
e, à luz do DIP Costumeiro, até por entidades que não sejam partes
neste
• a nulidade absoluta não é suscetível de confirmação expressa ou
tácita, daí a exclusão dos artigos 51º a 53º do âmbito do artigo 45º
• um Estado não pode confirmar a sua vinculação a um tratado que
seja nulo por coação sobre o seu representante ou sobre si próprio,
tendo de praticar novamente todos os atos de vinculação (tratado
multilateral) ou celebrar novo tratado bilateral – este regime é
contornável através da realização de um tratado oral que se limite
a reproduzir as disposições do anterior
• quanto à derrogação do Ius Cogens, este regime é mesmo uma
imposição incontornável
• a proibição da divisibilidade não é uma característica da nulidade
absoluta
▪ nulidades relativas: os restantes casos de vício do consentimento típico,
bem como o atípico referido, a incapacidade intelectual do representante
(derivam do facto de protegerem interesses diretos de cada Estado)
• a nulidade relativa apenas pode ser invocada pela parte
prejudicada e pode sempre ser confirmada
• a possibilidade de divisibilidade não é uma característica da
nulidade relativa, desde logo, também uma boa parte das causas
de extinção ou suspensão a permitem, como decorre da nulidade
absoluta derivada de derrogação do Ius Cogens
o Corrupção do representante
▪ Artigo 50º
▪ Distingue-se do erro e do dolo pelo facto de não existir uma falsa
representação da realidade, embora exista uma atuação fraudulenta
▪ A corrupção tem de ter sido determinante na decisão da vinculação, caso
contrário, existirá um ato ilícito por parte dos autores da corrupção ativa e
passiva, mas não se estará perante um vício do consentimento
▪ Tal como no dolo, a atuação corruptora tem de partir de uma entidade
participante nas negociações
▪ Neste artigo não compreendida a mera instigação
▪ À semelhança do regime do dolo, também estão abrangidos pelo disposto
no artigo 50º, os órgãos políticos superiores
▪ Ao se tratar de um tratado solene, sujeito a ratificação, a mera assinatura
não invalidará o consentimento, dado que somente a posterior prática dos
atos de vinculação pelos órgãos políticos do Estado o obrigam; mesmo que
desconheçam a corrupção, o facto de concordarem com o tratado
convalida a invalidade da assinatura
▪ Pode-se dar a situação de concorrência de causas de invalidade, quando,
por exemplo, em resultado de corrupção «, o representante assina o
acordo, violando restrições especificas dos seus plenos poderes que foram
comunicadas (artigo 47º)
o Incapacidade da entidade
▪ As CVDT não regulam esta figura
▪ A sanção aplicada face à prática de um ato par ao qual se é
internacionalmente incapaz é a nulidade, enquanto tratado, embora possa
ser válido enquanto tratado à luz do Direito interno
▪ O artigo 46º apenas se aplica às violações de competência interna e não de
incapacidade; distinção: a capacidade é atribuída à entidade, enquanto a
competência é atribuída aos seus órgãos
▪ Para se estar perante uma questão de capacidade é necessário:
• Uma entidade celebrar um tratado sobre uma matéria fora do
âmbito daquelas que lhe foram heterónormativamente
reconhecidas
• Ou com entidades com quem não pode celebrar tratados
• Tem de ser uma questão de facto
▪ Não sendo claro se a entidade tem capacidade ou não, qualquer questão
deve ser resolvida à luz do critério do caráter manifesto da violação, a que
faz referência o artigo 46º
o Efeitos da invalidade
▪ As CVDT regulam esta matéria no artigo 69º, que contem o regime geral e
no artigo 71º/1, que regula o caso específico da derrogação do Ius Cogens
▪ Segundo o artigo 69º, os consentimentos viciados pelas causas analisadas
de nulidade não produzem quaisquer efeitos jurídicos desde o início
▪ Segundo o 69º/2 al. a), qualquer uma das partes pode pedir que seja
restabelecida, tanto quanto possível, a situação prévia aos atos em causa;
p.e.: se o Estado A obriga-se sob um erro relevante a vender ao Estado B
determinada quantidade de um produto agrícola todos os anos, uma vez
invocada a nulidade, tanto o A pode exigir que lhe sejam devolvidas as
quantidades do produto agrícola, como B pode exigir a devolução das
contrapartidas que prestou – ou seja, os efeitos de facto são destruídos
retroativamente
▪ Esta reconstituição não é uma obrigação, mas um direito, que as outras
partes não poderão recusar caso seja solicitado
▪ Nota: nos casos de nulidade absoluta, até um Estado não parte, à luz do
DIP Costumeiro, poderá exigir tal reconstituição
▪ É necessário questionar se o artigo 69º/2 al. b) limita a retroatividade deste
regime, sendo que esta questão é alvo de divergência doutrinária; CORREIA
BAPTISTA julga que esta alínea não protege da retroatividade os atos
praticados de boa-fé, ou seja, também estes devem ser destruídos –
simplesmente não serão considerados ilícitos
▪ O artigo 69º/3 considera que o nº2 não pode ser aplicado nos casos de
dolo, corrupção e coação sobre o representante ou sobre a entidade a
favor da parte responsável por estes atos; este nº3 é uma exceção ao nº2
e não ao princípio da ineficácia do ato nulo constante do seu nº1
▪ O artigo 69º/4 limita-se a mandar aplicar estas regras ao consentimento
dado por uma entidade a um tratado multilateral; esta entidade terá o
direito de fazer aplica-los em relação a todas as partes neste; estas, se de
boa-fé, poderão igualmente invocar a al. b) do nº2
➔ Extinção e Suspensão
o Nestas situações tudo terá decorrido juridicamente durante o processo de
conclusão do tratado, sendo que posteriormente terá ocorrido um facto jurídico
em sentido amplo que vai provocar a extinção ou suspensão da eficácia do
consentimento de uma parte ou mesmo do próprio tratado
o Estes regimes admitem que o próprio tratado estabeleça outras causas, como
decorre do regime do artigo 54º al. a) e 57º al. a)
o Causas de extinção ou suspensão consagradas nas CVDT são as seguintes:
▪ Decorrência automática do próprio tratado
• caducidade ou suspensão por termo final
• condição final ou por execução do próprio trarado [54º al. a) e 57º
al. a)]
• por perda do número necessário de partes [55º]
▪ Revogação ou suspensão por acordo entre todas as partes – 54º al. b) e 57º
al. b) e 59º
▪ Por ato jurídico unilateral discricionário – denúncia/recesso [54º al. a) e
56º]
▪ suspensão unilateral [57º al. a)]
• por exceção do não cumprimento [60º]
• por impossibilidade superveniente [61º e 63º]
• por alteração de circunstâncias [62º]
• por revogação por norma costumeira iuris cogentis contrária [64º]
o existem algumas situações que as CVDT não regulam expressamente,
nomeadamente:
▪ caducidade por desaparecimento de uma das partes
• implica a caducidade do tratado em caso de tratado bilateral
simples e a caducidade da vinculação da entidade em caso de
tratado multilateral ou bilateral com partes complexas
• apesar de serem distintas, esta figura assemelha-se à
impossibilidade superveniente, logo estas são tratadas em
conjunto
• 42º/2 e 73º - expressa vontade de não abordar ou prejudicar
questões relacionadas com a sucessão de tratados