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COMÉRCIO EXTERIOR - GAE 132

NOTAS DE AULA – II2022


UNIDADE 2 – INTEGRAÇÃO ECONÔMICA E GLOBALIZAÇÃO

2.1 – Tipos de Atos Internacionais (Sistema Consular Integrado/CSI/MRE)

É variada a denominação dada aos atos internacionais, tema que sofreu


considerável evolução através dos tempos. Embora a denominação escolhida não
influencie o caráter do instrumento, ditada pelo arbítrio das partes, pode-se estabelecer
certa diferenciação na prática diplomática, decorrente do conteúdo do ato e não de sua
forma. As denominações mais comuns são:

 Tratado  Protocolo

 Acordo  Memorando de entendimento

 Convenção

Nesse sentido, pode-se dizer que, qualquer que seja a sua denominação, o ato
internacional deve ser formal, com teor definido, por escrito, regido pelo Direito
Internacional e que as partes contratantes são necessariamente pessoas jurídicas de
Direito Internacional Público.

Ato bilateral ou multilateral ao qual se deseja atribuir especial relevância política.


 Tratado Exemplos: Tratado de Paz e Amizade; Tratado da Bacia do Prata; Tratado de
Cooperação Amazônica; Tratado de Assunção (criou o Mercosul); Tratado de
Proibição Completa de Testes Nucleares.
Atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais e que versem assunto
 Convenção de interesse geral. É um tipo de instrumento internacional destinado em geral a
estabelecer normas para o comportamento dos Estados em uma gama cada vez
mais ampla de setores.
Exemplos: Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, relações
consulares e direitos dos tratados; Convenção sobre aviação civil, sobre
segurança no mar, sobre questões trabalhistas.
Atos internacionais com reduzido número de participantes e importância relativa.
O Brasil tem feito amplo uso desse termo em suas negociações bilaterais de
natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. O acordo
 Acordo toma o nome de Ajuste ou Acordo Complementar quando o ato dá execução a
outro, anterior, devidamente concluído. Em geral, são colocados ao abrigo de
um acordo-quadro ou acordo-básico, dedicados a grandes áreas de cooperação
(comércio e finanças, cooperação técnica, científica e tecnológica, cooperação
cultural e educacional). Esses acordos criam o arcabouço institucional que
orientará a execução da cooperação.
Termo que tem sido usado nas mais diversas acepções, tanto para acordos
 Protocolo bilaterais quanto para multilaterais. Aparece designando acordos menos formais
que os tratados, ou acordos complementares ou interpretativos de tratados ou
convenções anteriores. É utilizado ainda para designar a ata final de uma
conferência internacional. Tem sido usado, na prática diplomática brasileira,
muitas vezes sob a forma de "protocolo de intenções", para sinalizar um início
de compromisso.
Designação comum para atos redigidos de forma simplificada, destinados a
 Memorando de registrar princípios gerais que orientarão as relações entre as Partes, seja nos
planos político, econômico, cultural ou em outros. É semelhante ao acordo, com
Entendimento exceção do articulado, que deve ser substituído por parágrafos numerados com
algarismos arábicos. Seu fecho é simplificado. Na medida em que não crie
compromissos gravosos para a União, pode normalmente entrar em vigor na
data da assinatura.
2.2 – Modalidades de Acordos Internacionais (Caparroz, 2012)

 Multilaterais

São tratados formados por três ou mais sujeitos dotados de personalidade jurídica
(Estados Soberanos e organismos internacionais), com reciprocidade de concessões e
necessidade de ratificação pelas partes contratantes (no caso dos Estados).

No âmbito da OMC, os Acordos Multilaterais são obrigatórios para todos os


membros, e suas regras devem observar os princípios fundamentais do comércio, como a
cláusula da nação mais favorecida e a igualdade de tratamento entre produtos
estrangeiros e nacionais.

 Plurilaterais

Possuem adesão facultativa, isto é, criam obrigações apenas para os signatários.

Exemplos: Acordo sobre compras governamentais; Acordo sobre o comércio de


aeronaves civis; Acordo Internacional sobre carne bovina.

 Preferenciais

Decorrem de vantagens recíprocas concedidas entre Estados. Normalmente


buscam aplicar tarifas mais vantajosas que as negociadas no âmbito da OMC.

Podem, portanto, ser celebrados nos moldes do Sistema Geral de Preferências


(SGP) ou nos processos de integração econômica, nos quais se objetiva a redução ou
eliminação das tarifas intrabloco, nos termos do artigo XXIV do GATT.

 Regionais

São celebrados para redução de barreiras tarifárias e não tarifárias, em função da


localização geográfica dos signatários, no intuito de incentivar o comércio regional, com o
aproveitamento de possíveis identidades históricas ou culturais e da proximidade em
termos logísticos, o que, em tese, reduziria o custo das operações.

2.3 – General Agreement on Tariffs and Trade – GATT


(Acordo Geral de Tarifas e Comércio) (Luz, 2011); (Caparroz, 2012)

Do ponto de vista comercial, logo após a II guerra mundial, existia a ideia de formar
uma Organização Internacional de Comércio – OIC (Carta de Havana), mas, por
diferentes motivos, ela não se consolidou como órgão internacional. Somente foram feitos
acordos que, desde 1947, são conhecidos como GATT. Esses acordos tiveram como
objetivo fundamental promover uma série de medidas para a progressiva liberação do
comércio.
Os membros do GATT (partes contratantes) estabeleceram originalmente, como
objetivos:

 grande desenvolvimento econômico;

 pleno emprego; e

 eficaz utilização dos recursos mundiais, com base na premissa de que a liberdade de
comércio constituir-se-ia num procedimento adequado para lograr tais fins.

A liberdade de comércio seria possível por meio de acordos recíprocos e


mutuamente vantajosos, dirigidos a uma substancial redução de tarifas e outras barreiras
ao comércio internacional, tudo somado à eliminação de qualquer discriminação ente as
partes.

 Princípios básicos do GATT:

- Não-discriminação:
a) Cláusula da Nação mais favorecida
b) Tratamento Isonômico entre produtos ou serviços nacionais e
estrangeiros.

- Liberdade Comercial: Redução das barreiras mediante negociação.

- Previsibilidade: utilização de tarifas e compromissos assumidos e


vedação ao uso arbitrário de barreiras tarifárias e não tarifárias.
Princípios do - Competitividade: incentivar o “comércio justo” e desencorajar práticas
GATT abusivas.

- Tratamento favorecido aos países em desenvolvimento: concessão


de privilégios específicos e flexibilidade para facilitar sua adaptação.

- Flexibilização: permite a ajuda, mediante dispensa de cumprimento de


obrigações, a países com dificuldades na balança de pagamentos.

- Ação coletiva: adoção de medidas negociadas e posicionamentos do


órgão de solução de controvérsias.

- Reconhecimento dos processos de integração: são válidos desde


que não imponham a terceiros gravames adicionais ou aumento de
tarifas.

- Princípio da não discriminação:

È o princípio básico de funcionamento do GATT, por meio do qual um Estado deve


oferecer o mesmo tratamento em relação a todos os seus parceiros comerciais. Para
atingir esse objetivo as Partes Contratantes se comprometem a cumprir duas cláusulas:

a) Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF): estabelece que cada uma das partes
contratantes se compromete a estender as outras partes todo privilégio, vantagem ou
favor que venha conceder a um terceiro país.
A cláusula NMF é o principal instrumento para o estabelecimento da política
multilateral. A partir de sua entrada em vigor, não haveria mais benefícios restritos a dois
ou três países, ou seja, o multilateralismo passou a ser prestigiado em detrimento do
bilateralismo restritivo que caracterizou a década de 30.

O art. I assim dispõe:

Qualquer vantagem, favor, privilégio ou imunidade concedido por uma parte a um produto
originário de outro país ou destinado a ele, será concedido imediata e
incondicionalmente a todo produto similar originário dos territórios de todas as demais
partes contratantes ou a eles destinado.

b) Cláusula da Paridade (Igualdade de Tratamento ou Tratamento Nacional):


estabelece que produtos originários de um dos países contratantes terão, no território de
outro país contratante, o mesmo tratamento aplicado a produtos similares nacionais,
particularmente com relação a impostos e outros gravames fiscais.

As diretrizes de não discriminação e da cláusula da nação mais favorecida são


tão importantes que constam expressamente, por exemplo, do Acordo Geral sobre o
Comércio de Serviços (GATS, em inglês) e no Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS, em inglês).
Os referidos princípios não são absolutos e tiveram que ser flexibilizados a partir da
realidade apresentada pelos chamados processos de integração, nos quais países se
organizam e criam blocos comerciais ou econômicos que não estendem a terceiros
alheios ao modelo os mesmos benefícios intrabloco.
Em relação à cláusula do tratamento nacional, vale destacar que o princípio
também pode ser encontrado nos três grandes acordos da Organização Mundial de
Comércio (GATT, GATS e TRIPS), com pequenas variantes em termos de aplicação.

- Princípio da transparência: se houver necessidade de proteção a determinados setores


da economia nacional, esta deverá ser caracterizada pelo uso de tarifas diferenciadas,
que apresentem um indicador claro e inequívoco do grau de protecionismo almejado, sem
utilização de subterfúgios ou barreiras não alfandegárias.

O princípio da transparência pressupõe, portanto, a necessária publicidade, pelos


membros da OMC, de todas as medidas aplicadas ao controle das importações e
exportações e, nesse sentido, está presente nos principais acordos multilaterais.

- Princípio da redução geral e progressiva das tarifas: tem como objetivo aumentar o
intercâmbio comercial entre as partes contratantes, criando uma base sólida e estável de
negociação, com o estabelecimento de alíquotas máximas para determinados produtos,
de acordo com o pactuado nas diferentes rodadas.

- Princípio da proibição de medidas não alfandegárias: veda a adoção de barreiras não


tarifárias. Ex.: restrição quantitativa, restrição voluntária às exportações, dumping.
- Princípio da previsibilidade: diz respeito à estabilidade das relações jurídicas, forma de
criar um ambiente competitivo saudável e transparente, capaz de incentivar os
investimentos e gerar oportunidades.

- Princípio da concorrência leal: o foco concentra-se no combate às práticas abusivas de


comércio, notadamente os casos de dumping e da concessão indiscriminada de
subsídios.

- Princípio do tratamento diferenciado para países em desenvolvimento: mecanismos


capazes de promover a inserção dos países em desenvolvimento no atual mercado
globalizado.
Ex.: Cláusula de habilitação, SGP.

- Princípio da flexibilização em caso de urgência: medidas excepcionais em determinada


situação.
Ex.: Salvaguardas, cláusulas do tipo “waiver”, questões de segurança.

- Princípio da ação coletiva: tem por objetivo impedir que os países adotem medidas
unilaterais, que, ao prejudicarem os interesses de terceiros, possam originar uma reação
protecionista em cadeia.

- Princípio do reconhecimento dos processos de integração: flexibilização da cláusula da


nação mais favorecida (NMF) a fim de recepcionar os novos blocos econômicos. O
princípio previsto no artigo XXIV do acordo assegura e reconhece a formação de blocos
regionais, desde que obedecidas certas condições, como a não imposição de novas
barreiras e a proibição de aumentos nas tarifas ou restrições para países externos à
região.

Periodicamente os países signatários reuniam-se para a progressiva liberação dos


fluxos comerciais. Essas reuniões ficaram conhecidas como “Rodadas”.

 As Rodadas de Negociação sob o GATT 1947

As negociações previstas começaram a acontecer em 1947. Desde a criação do


acordo foram realizadas oito Conferências Comerciais Multilaterais envolvendo todos os
países membros.
Em todas as rodadas de negociações, houve redução das barreiras tarifárias. Os
países, na base da reciprocidade, reduziam os impostos de importação e abriam
mercados. As cincos primeiras rodadas (Genebra 1947, Annecy 1949, Torquay 1950-
1951, Genebra 1955-1956, Dillon 1960-1961) tiveram essa redução de tarifas como
principal resultado.
A sexta rodada (Kennedy 1964-1967) avançou um pouco mais. Além de se
reduzirem as tarifas, foi criado o Acordo Antidumping.
O foco principal da sétima rodada de negociações (Tóquio 1973-1979) foi a
redução e eliminação das barreiras não tarifárias (BNT).
O principal resultado da Rodada Uruguai do GATT (1986-1994), a oitava e mais
importante, foi a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio –, que entrou em
funcionamento em 10 de janeiro de 1995.

Rodadas de negociações na âmbito do GATT


Ano Cidade Principal Acordo Países Participantes
1947 Genebra (Suíça) Criação – Corte de Tarifas 23
1949 Annecy (França) Corte de Tarifas 13
1951 Torquay (Inglaterra) Corte de Tarifas 38
1956 Genebra Corte de Tarifas 26
1960/61 Genebra Tarifas e Leis 26
Rodada Dillon
1964/67 Genebra Antidumping 62
Rodada Kennedy
Genebra Barreiras Tarifárias, não tarifárias e acordos 102
1973/79 Rodada Tóquio pró-nações em desenvolvimento
Genebra Barreiras Tarifárias, não tarifárias e inclusão
1986/94 Rodada do Uruguai dos serviços no acordo multilateral de bens 123
Fonte: Adaptado de http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/tif_s/fact5_s.htm

 Quando a Organização Mundial de Comércio – OMC – encampou o GATT, ao término


das negociações da Rodada do Uruguai, o acordo passou a ser denominado GATT-1994,
ou seja, na prática o texto decorre do GATT original, de 1947, com as atualizações
ocorridas no decorrer de décadas e com consolidação promovida pelo Protocolo de
Marraqueche, que sacramentou a Ata Final das discussões (Protocolo de Marraqueche ao
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, 1994).

2.4 – Organização Mundial do Comércio (OMC)


(World Trade Organization – WTO)

 Órgão responsável pelas regras no comércio internacional, estabelecidas nos acordos


resultantes das rodadas de negociações realizadas por seus países membros (164
membros desde 29 de julho de 2016, representando 98% do comércio mundial).

 Objetivo: efetuar a crescente liberalização mundial do comércio através da redução das


barreiras tarifárias e não tarifárias aos fluxos de bens e serviços. Atua como fórum para a
gradativa regulamentação das trocas comerciais, de forma a garantir direitos aos seus
membros.

 Funções (http://www.wto.org/spanish/thewto_s/thewto_s.htm):

- administrar os acordos comerciais da OMC;


- fórum para negociações comerciais;
- tentar resolver as disputas comerciais;
- monitoramento de políticas comerciais nacionais;
- assistência técnica e treinamento para países em desenvolvimento;
- cooperação com outros organismos internacionais.

 Tem também a prerrogativa para a mediação dos entendimentos para solução de


controvérsias entre os países em casos de contenciosos comerciais.

 Principal característica: MULTILATERALISMO.


 Estrutura da OMC:

Comitês de: Conferência


Comércio e Meio Ambiente
Comércio e Desenvolvimento
Ministerial
Sub-comitê de países menos
desenvolvimento
Acordos Comerciais Regionais
Restrições de Balanço de Pagamentos Reunião do Reunião do
Orçamento, Finanças e Administração Conselho Geral Conselho Geral
como como
Grupo de Trabalho sobre:
Adesões Órgão de Revisão de
solução de Políticas
Grupo de trabalho sobre: controvérsias Comerciais
Comércio, Dívida e Finanças Conselho
Comércio e Transferência de tecnologia
Geral
Inativos: Órgão de
Relação entre comércio e investimento Apelação:
Interação entre comércio e política de
concorrência Painéis de
Transparência em compras governamentais resolução de
litígios

Plurilaterais: Conselho de Plurilaterais:


Direitos de Comitê de
Conselho de propriedade
Conselho de comércio de
Comitê de
Comitê de acordo
sobre Tecnologia da Comércio de Intelectual Comércio de aeronaves civis Negociações
Informação Bens Relacionados ao Serviços Comerciais
comércio (Conselho Comitê de
TRIPS) compras
governamentais

Comitês de Comitês de Agenda de Doha para o


Acesso a mercados Comércio de serviços Desenvolvimento:
Agricultura financeiros Comitê de negociações
Medidas sanitárias e Compromissos comerciais
fitossanitárias específicos
Barreiras técnicas ao Reuniões especiais de:
comércio Grupos de trabalho Conselho de
Subsídios e medidas sobre: serviços/Conselho
compensatórias Regulamentação TRIPS/Órgão de solução
Práticas antidumping doméstica de controvérsias/Comitê de
Valoração Aduaneira Regras do GATS agricultura e subcomitê de
Regras de origem algodão/Comitê de
Licenças de importação comércio e
Medidas de investimento desenvolvimento/Comitê de
relacionadas ao comércio comércio e meio ambiente
Salvaguardas
Facilitação do comércio Grupo de negociações
sobre:
Grupo de trabalho sobre: Acesso a mercado
Empresas estatais Regras
comerciantes

Fonte: site OMC (Disponível: www.wto.org)

Todos os países-membros têm participação em todos os órgãos da OMC, exceto o


Órgão de Apelação (apenas sete pessoas com mandato de quatro anos), nos grupos de
especialistas montados para determinada solução de controvérsias (três ou cinco pessoas
escolhidas pelos países litigantes) e nos comitês de Acordos Plurilaterais (que, por
definição não têm participação de todos os países-membros).
 Organograma da OMC:

- Principal instância: Conferência Ministerial que deve se realizar a cada dois anos.

- Na prática de seu dia a dia, a OMC é gerida pelo Conselho Geral, sendo este
assessorado por dois órgãos: o de Resolução de Controvérsias e o de Revisão de
Políticas Comerciais.

- Subordinados ao Conselho Geral, funcionam três conselhos (de comércio de serviços,


de comércio de mercadorias e de propriedade intelectual) e vários comitês.

 As decisões da OMC são adotadas por consenso. Se, por acaso, houver posições
divergentes por parte dos membros presentes, a matéria é submetida à votação, sendo
que cada membro tem direito a um voto.

Fonte: International trade statistic 2015 wto

 Conferências Ministeriais

As Conferências Ministeriais configuram o nível mais alto do processo de tomada


de decisão da OMC. Nelas são definidos os temas que serão tratados em cada rodada de
negociação que devem ocorrer num prazo de até dois anos. Essa instância é composta
por ministros das relações exteriores e/ou ministros de comércio exterior dos países
membros. Até o momento ocorreram doze (12) Conferências:

CONFERÊNCIAS LOCAL/DATA TEMAS/RESULTADOS


CINGAPURA Comércio e investimento, comércio e competitividade,
1ª 09 A 13 DEZ. DE 1996 comércio e meio ambiente, transparência nas compras
governamentais e facilitação do comércio.
Celebração dos 50 anos de formação de um sistema
2ª GENEBRA (SUÍÇA) multilateral de comércio; países em desenvolvimento
18 A 20 DE MAIO DE 1998 com dificuldades na implementação dos acordos da
rodada do Uruguai (falta de recursos financeiros,
humanos e institucionais).
SEATTLE (EUA) Impasse nas negociações por divergências entre países-
3ª 30 DE NOV. A 03 DE DEZ membros; primeiro confronto entre manifestantes
DE 1999 antiglobalização.
Lançamento uma nova rodada de negociações a respeito
DOHA (QATAR) do desenvolvimento com término previsto na conferência
4ª 09 A 14 DE NOV. 2001 de Cancun. Dois temas tomaram importância: agricultura
e serviços. Impasse nas discussões do comércio agrícola
por parte dos países em desenvolvimento (grupo G-20),
EUA e União Europeia. Decisão adiada para 5ªconfer.
CANCÚN (MÉXICO) Comércio de produtos agrícolas (agendado em Doha
5ª 10 A 14 DE SET. 2003 2001). Investimentos, concorrência, compras
governamentais e facilitação de trocas (desde
Cingapura). Fracasso da reunião.
6ª HONG KONG (CHINA) Tentativa de avançar a rodada, sem sucesso.
13 A 18 DE DEZ. 2005
GENEBRA (SUÍÇA) Trabalho da OMC (revisão e supervisão dos trabalhos da
7ª 30 DE NOV. A 02 DE DEZ. organização) e as não negociações da rodada de Doha.
DE 2009
A declaração final lamentou que, apesar dos esforços para
desbloquear as negociações sobre a liberalização do comércio
global a Rodada de Doha não saiu do impasse. Em paralelo à
8
a
GENEBRA (SUÍÇA) sessão plenária, em que as declarações dos ministros foram
elaboradas com antecedência, houve três sessões de trabalho
15 a 17 DE DEZ. DE 2011 com os seguintes temas: "A importância do sistema multilateral
de comércio e da OMC", "Comércio e desenvolvimento" e
"Programa de Doha para o Desenvolvimento ". A Conferência
aprovou a adesão da Rússia, Samoa e Montenegro.
Um acordo histórico foi alcançado pela OMC e o comércio
global poderia começar a mostrar avanços. O acordo global
assinado foi o primeiro na história da OMC onde as
negociações estavam paralisadas desde 2008. O pacote,
conhecido como "Doha Light", compreendeu três pilares:
9ª BALI (INDONÉSIA) agricultura, com um compromisso de reduzir os subsídios às
03 a 07 DE DEZ. DE 2013 exportações; a ajuda ao desenvolvimento, que previa uma
isenção crescente das tarifas alfandegárias para os produtos
procedentes dos países menos desenvolvidos, e a
facilitação de intercâmbios, que pretendia reduzir a
burocracia nas fronteiras. O acordo de Bali representou
menos de 10% do ambicioso programa de reformas iniciado
em Doha, mas mesmo assim muitos negociadores temeram
pelo futuro da própria OMC em caso de novo fracasso.
A Décima Conferência Ministerial da OMC culminou com
10ª NAIRÓBI (QUÊNIA) a adoção do "pacote de Nairobi", um conjunto de seis
15 A 18 DE DEZ. DE 2015 decisões ministeriais sobre agricultura, algodão e
questões relacionadas com países menos desenvolvidos
(PMD).
A Conferência terminou com uma série de decisões
a
11 BUENOS AIRES ministeriais, inclusive sobre os subsídios à pesca e as
(ARGENTINA) obrigações de comércio eletrônico, programa de trabalho
11 a 14 DE DEZ. 2017 para pequenas economias e um compromisso de
continuar as negociações em todas as áreas.
A 12ª Conferência Ministerial da OMC (MC12) ocorreu de
12 a 17 de junho de 2022 na sede da OMC em Genebra.
GENEBRA (SUÍÇA) Ministros de todo o mundo compareceram para revisar o
12ª 12 a 17 DE JUN. DE 2022 funcionamento do sistema multilateral de comércio, fazer
co-organizado pelo declarações gerais e tomar medidas sobre o trabalho
Cazaquistão futuro da OMC. A Conferência foi co-organizada pelo
Cazaquistão e presidida pelo Sr. Timur Suleimenov, Vice-
Chefe de Gabinete do Presidente do Cazaquistão. O
Cazaquistão estava originalmente programado para
sediar o MC12 em junho de 2020, mas a conferência foi
adiada devido à pandemia do COVID-19. A conferência
foi concluída com sucesso em 17 de junho, com acordo
sobre um pacote de iniciativas comerciais importantes.
 A Rodada de Doha

- primeira rodada de negociações multilaterais no âmbito da OMC e o nono encontro


desde a criação do GATT.

A rodada de Doha pretende alcançar uma reforma significativa do comércio


internacional através do estabelecimento de medidas para reduzir as barreiras comerciais
e outras medidas comerciais. O programa de trabalho abrange 20 áreas do comércio. A
rodada também é denominada, não oficialmente, de Programa de Doha para o
Desenvolvimento tendo em vista que um dos seus principais objetivos é melhorar as
perspectivas comerciais dos países em desenvolvimento.
A rodada foi lançada oficialmente na 4ª Conferência Ministerial da OMC realizada
em Doha, no Qatar, em novembro de 2001. A Declaração Ministerial de Doha estabelecia
um mandato para as negociações, incluindo agricultura, serviços e propriedade intelectual
que já haviam sido iniciadas anteriormente.
Mas a Rodada de Doha provavelmente não conseguirá seus objetivos,
principalmente pela dificuldade em se chegar a acordo sobre:

- redução dos subsídios concedidos internamente pelos países desenvolvidos;

- maior abertura às importações de produtos industrializados pelos países em


desenvolvimento (incluindo o acesso que os países desenvolvidos querem ter no
fornecimento de bens de compras governamentais dos países em desenvolvimento).

Principais áreas de negociação: agricultura, acesso ao mercado não agrícola,


serviços, propriedade intelectual, comércio e desenvolvimento, comércio e meio ambiente,
a facilitação do comércio, regras da OMC, entendimento sobre soluções de controvérsias.

2.5 – Outras instituições internacionais

a) Organização das Nações Unidas (ONU)

 Instituição criada em 1946 com objetivo principal de promover a paz entre as nações e
prover um ambiente de diálogo para solução de controvérsias entre os 193 países
membros.

 Órgãos principais da ONU em funcionamento:

- Assembleia Geral - Tribunal Internacional de Justiça

- Conselho de Segurança - Secretariado

- Conselho Econômico e Social

Conselho de Tutela (CT): segundo a Carta, cabia ao CT a supervisão da administração


dos territórios sob regime de tutela internacional. As principais metas desse regime de
tutela consistiam em promover o progresso dos habitantes dos territórios e desenvolver
condições para progressiva independência e estabelecimento de um governo próprio. Os
objetivos foram amplamente atingidos e em novembro de 1994 o CT suspendeu suas
atividades.
 O Sistema da ONU está formado pelos principais órgãos da Organização, bem como
por Agências especializadas, Fundos, Programas, Comissões, Departamentos e
Escritórios.
Atualmente as Nações Unidas têm programas, fundos e agências vinculados de
diversas formas com a ONU apesar de terem seus próprios orçamentos e estabelecerem
suas próprias regras e metas. Todos os organismos têm uma área específica de atuação
e prestam assistência técnica e humanitária nas mais diversas áreas. Exemplos:

- PNUD - Banco Mundial - FMI - CEPAL

- UNICEF - ONU Mulheres - OIT - FAO

- UNESCO - OIM - OPAS/OMS - ACNUR

b) Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD)


(United Nations Conference on Trade and Development)

 A UNCTAD é um órgão intergovernamental permanente estabelecido pela Assembleia


Geral das Nações Unidas em 1964. A sede está localizada em Genebra, na Suíça, e tem
escritórios em Nova York e Addis Ababa. A UNCTAD faz parte do Secretariado da
ONU. Reporta-se à Assembleia Geral da ONU e ao Conselho Econômico e Social, mas
tem sua própria filiação, liderança e orçamento. Também faz parte do Grupo de
Desenvolvimento das Nações Unidas.

 Objetivo: fomentar o comércio internacional como instrumento de desenvolvimento


econômico das nações, buscando novas políticas e princípios voltados para o objetivo,
sempre que possível associado ao interesse dos países em desenvolvimento.

“Nós fomos criados por países em desenvolvimento, para países em desenvolvimento”.


(unctad.org)

 O trabalho substantivo é realizado por cinco divisões, sob a liderança do Secretário


Geral:

 Divisão para África, países menos desenvolvidos e programas especiais


 Divisão sobre globalização e estratégias de desenvolvimento
 Divisão de investimento e empreendimento
 Divisão no comércio internacional de bens e serviços e commodities
 Divisão em tecnologia e logística

 Em 1970 instituiu o Sistema Geral de Preferências (SGP) – acordo pelo qual os países
desenvolvidos se comprometem a reduzir substancialmente ou mesmo eliminar os
impostos de importação incidentes sobre determinados produtos oriundos dos países em
desenvolvimento, sem necessariamente haver reciprocidade da parte dos países
beneficiados.
c) Banco Mundial

 Foi fundado em julho de 1944, como Banco Internacional de Reconstrução e


Desenvolvimento (BIRD), com o objetivo inicial de financiar a reconstrução dos países
atingidos pela II GM.

 Hoje, a organização multilateral que pertence a 189 países-membros, é uma parceria


global única: cinco instituições que trabalham para soluções sustentáveis que reduzem a
pobreza e constroem prosperidade compartilhada em países em desenvolvimento.

BIRD
Banco Internacional Parceria com os Governos
para Reconstrução e
Desenvolvimento Juntos, o BIRD e a IDA formam o Banco Mundial, que fornece
financiamento, assessoria política e assistência técnica aos
IDA governos dos países em desenvolvimento. A IDA concentra-se
Associação nos países mais pobres do mundo, enquanto o BIRD auxilia os
Internacional de países mais pobres e de renda média.
Desenvolvimento

IFC
Corporação
Financeira
Internacional Parceria com o setor privado
A IFC, a MIGA e o ICSID concentram-se no fortalecimento do
MIGA setor privado nos países em desenvolvimento. Por meio dessas
Agência Multilateral instituições, o Grupo Banco Mundial oferece financiamento,
de Garantia de assistência técnica, seguro contra riscos políticos e solução de
Investimentos controvérsias para empresas privadas, inclusive instituições
financeiras.
ICSID
Centro Internacional
para Arbitragem de
Disputas sobre
Investimentos

 Juntas, as organizações podem oferecer empréstimos a juros baixos, créditos sem


juros, doações aos países em desenvolvimento para propostas que incluem:
investimentos em educação, saúde, administração pública, infraestrutura financeira e
desenvolvimento do setor privado, da agricultura e do gerenciamento de recursos naturais
e do meio ambiente.

International Bank for Reconstruction and Development (IBRD)


Voting Power of Member Countries
0
Member N of Percent of
Votes Total
1-United States 425.784 15.75
2- Japan 200.687 7.42
3-China 155.701 5.76
4- Germany 114.979 4.25
5-United Kingdom 105.771 3.91
France 105.771 3.91
13 - Brazil 94.798 3.51
Fonte: https://thedocs.worldbank.org/en/doc/1da86cb968275b94ab30b3d454882208-0330032021/original/IBRDEDsVotingTable.pdf
CORPORATE SECRETARIAT Data as of: October 26, 2022 Reporting on: November 01, 2022
d) Fundo Monetário Internacional (FMI)

 Fundado em 1944, também na Conferência de Bretton Woods, é governado e


responsável pelos 189 países que o compõem.

 Objetivos primários (www.imf.org):

- promover a cooperação monetária internacional;

- facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional;

- promover a estabilidade do câmbio;

- assistir no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos;

- disponibilizar recursos (com salvaguardas adequadas) para os membros que enfrentam


dificuldades no balanço de pagamentos.

 Cada membro do FMI é atribuído uma quota , com base em seu tamanho relativo na
economia mundial. Isso determina sua contribuição máxima para os recursos de cota do
FMI. Ao se juntar ao FMI, um país normalmente paga até um quarto de sua cota na forma
de moedas estrangeiras amplamente aceitas (como o dólar americano, o euro, o iene ou
a libra esterlina) ou Direitos Especiais de Saque (DES). Os restantes três quartos são
pagos na própria moeda do país. As quotas de membros são a principal fonte de recursos
financeiros do FMI. O FMI realiza regularmente revisões gerais de cotas. A revisão mais
recente (a 14 ª revisão) foi concluída em 2010 e os aumentos das quotas entrou em vigor
em 2016.

 Embora sejam recursos mais baratos (com juros abaixo do mercado), o FMI libera estes
recursos mediante a negociação de uma carta de intenções por parte do país credor.

QUOTA – Países selecionados


Member Millions of Percent of Member Millions of Percent of
SDRs Total SDRs Total
1-United States 82.994,2 17,43 6-Italy 15.070,0 3,16
2- Japan 30.820,5 6,47 7-India 13.114,4 2,75
3-China 30.482,9 6,40 8- Russian Federation 12.903,7 2,71
4- Germany 26.634,4 5,59 9- Brazil 11.042,0 2,32
5- France 20,155,1 4,23 9- Canada 11.023,9 2,31
5-United Kingdom 20.155,1 4,23 10- Saudi Arabia 9.992,6 2,10
Fonte: https://www.imf.org/en/About/executive-board/members-quotas#S (em 07/11/2022)

e) Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

 Instituição criada em 1959

 É a principal fonte de financiamento multilateral em 26 países da América Latina e


Caribe para apoiar o processo de desenvolvimento econômico e social da região.
 O BID trabalha para melhorar a qualidade de vida na América Latina e no Caribe. Ajuda
a melhorar a saúde, a educação e a infra-estrutura através do apoio financeiro e técnico
aos países que trabalham para reduzir a pobreza e a desigualdade.

 O objetivo é alcançar o desenvolvimento de uma forma sustentável e ecológica. É


principal fonte de financiamento para o desenvolvimento da América Latina e o Caribe.
Oferecem empréstimos, subsídios e cooperação técnica; realiza inúmeras pesquisas.

 As áreas de intervenção do Banco incluem 3 desafios: inclusão social e equidade,


produtividade e integração econômica; e 3 temas transversais: igualdade de gênero,
mudança climática e sustentabilidade do meio ambiente, e capacidade institucional do
estado e estado de direito.

 Prioridades:

 reduzir a pobreza e as desigualdades sociais;

 suprir as necessidades dos países pequenos e vulneráveis;

 promover o desenvolvimento através do setor privado;

 enfrentar a mudança climática, energia renovável e sustentabilidade ambiental;

 promover a cooperação e integração regionais.

f) Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL)

 Criada em 1948 pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.

 A CEPAL é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede está em
Santiago do Chile. Foi fundada para contribuir ao desenvolvimento econômico da América
Latina, coordenar as ações encaminhadas à sua promoção e reforçar as relações
econômicas dos países entre si e com as outras nações do mundo. Posteriormente, seu
trabalho foi ampliado aos países do Caribe e se incorporou o objetivo de promover o
desenvolvimento social.

 A CEPAL tem duas sedes sub-regionais, uma para a sub-região da América Central,
situada na cidade do México, e a outra para a sub-região do Caribe, em Port of Spain,
estabelecidas em junho de 1951 e dezembro de 1966, respectivamente. Além disso, tem
escritórios nacionais em Buenos Aires, Brasília, Montevidéu e Bogotá e um escritório de
ligação em Washington, D.C.

 Os 33 países da América Latina e do Caribe são membros da CEPAL, junto com


algumas nações da América do Norte, Europa e Ásia que mantêm vínculos históricos,
econômicos e culturais com a região. No total, há 46 Estados membros e 13 membros
associados (condição jurídica atribuída a alguns territórios não independentes do Caribe).
g) Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

 Em 1947, foi criada a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE),


precursora da OCDE, cujo objetivo era a administração do Plano Marshall para
reconstrução da economia européia.

 Com avanço do processo de integração do continente, principalmente a partir do


Tratado de Roma (1957), que estabeleceu a Comunidade Econômica Europeia (CEE),
seus membros resolveram criar uma organização capaz de oferecer soluções para um
crescimento sustentável, a ampliação das oportunidades de emprego e a elevação do
padrão de vida dos cidadãos. Surgiu assim, a OCDE, em 16 de dezembro de 1960.

 Sede: Paris (França)

 Países membros (38,2022): Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile,


Colômbia, Coréia, Costa Rica, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia,
Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão,
Letônia, Lituânia, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal,
República Eslovaca, República Checa, Suécia, Suíça,Turquia, Reino Unido

 Objetivos: a) alcançar um crescimento econômico sustentável e taxas crescentes de


emprego, com a melhoria do padrão de vida dos cidadãos dos países-membros e a
manutenção da estabilidade financeira; b) auxiliar economias em expansão de membros e
outros países em processo de desenvolvimento; c) contribuir para o crescimento do
comércio internacional multilateral, a partir de princípios não discriminatórios.

 Engajado à OCDE desde 1994, o Brasil tornou-se um Parceiro-Chave ativo da


Organização em 16 de maio de 2007, seguindo a resolução do Conselho da OCDE (a
nível ministerial) para fortalecer a cooperação com o Brasil, China, Indonésia e África do
Sul, através de um programa de maior engajamento. Como um Parceiro-Chave, o Brasil
tem tido a possibilidade de participar dos diferentes órgãos da OCDE, aderir aos
instrumentos legais, se integrar aos informes estatísticos e revisões por pares de setores
específicos, e tem sido convidado a participar de todas as reuniões Ministeriais desde
1999. O Brasil tem contribuído para o trabalho dos Comitês e tem participado em pé de
igualdade com os países membros da OCDE em diversos órgãos e projetos importantes
da Organização.

 Em 25 de janeiro de 2022, o Conselho da OCDE decidiu abrir discussões de acessão


com o Brasil. Isto se segue à cuidadosa deliberação dos Membros da OCDE com base
em seu Quadro de Considerações dos Membros Potenciais e no progresso feito pelo
Brasil desde seu primeiro pedido de adesão à OCDE.

2.6 – Integração Econômica – Estágios (Luz, 2011)

Quando dois ou mais países decidem integrar suas economias, podem fazê-lo com
mais superficialidade, como, por exemplo, somente eliminando entre si os impostos
aduaneiros, ou de forma mais profunda, como no caso de se unificar a política monetária,
passando a se usar uma única e mesma moeda.
Existem assim vários níveis de integração econômica, agrupados em basicamente
dois sistemas de classificação. O mais tradicional foi criado, nos anos 1960, pelo
economista húngaro Bela Balassa e se baseia em cinco estágios de integração:
10) área (ou zona) de livre comércio;
20) união aduaneira;
30) mercado comum;
40) união econômica;
50) integração econômica total.

O outro sistema de classificação utilizado pela doutrina possui apenas quatro


estágios:

10) área (ou zona) de livre comércio;


20) união aduaneira;
30) mercado comum;
40) união econômica e monetária.

Os três primeiros estágios são comuns nos dois sistemas de classificação. O


problema consiste em se categorizar os blocos que passaram de estágio de mercado
comum (basicamente, a União Europeia).

a) Área de Livre Comércio (ou Zona de Livre Comércio)

 situação em que os países sócios concordam em eliminar as barreiras sobre o comércio


recíproco mas mantém políticas comerciais independentes para com os demais.

b) União Aduaneira

 além da eliminação recíproca das barreiras sobre os produtos os sócios passam a


adotar uma política comercial uniforme em relação aos demais países.

c) Mercado Comum

 a liberdade de deslocamento não se restringe aos produtos mas abrange também os


fatores de produção. Nessa categoria enquadram-se, portanto, os acordos que incluem
liberdade de deslocamento de produtos, de fatores de produção e política comercial
uniforme para com países não membros.

d) União Econômica

 difere do mercado comum por incluir também certo grau de harmonização das políticas
econômicas.
e) Integração Econômica Total

 os membros dos acordos adotam idênticas políticas monetária, fiscal, cambial, social,
etc. Uma autoridade supranacional tem poder para aplicar essas políticas.

Essa é a classificação mais usual e foi apresentada de forma progressiva. Na


prática a formação de um bloco se dá de acordo com as conveniências dos países
envolvidos, podendo ser iniciado em qualquer das etapas e, nem mesmo é necessário
englobar todos os produtos.
 Benefícios da integração: Efeitos Estáticos e Dinâmicos.

- Estáticos: sobre o bem-estar decorrente de uma união aduaneira são medidos em


termos de CRIAÇÃO e DESVIO de comércio.

Criação de comércio: produção interna é substituída por importações dos parceiros,


que produz de forma mais eficiente e com custo mais baixo → há um aumento ou melhora
de bem estar da população atingida.

Desvio de comércio: as importações de um produto, de baixo custo, de um país


fora da união, são substituídas por aquisições de um país membro, porém menos
eficiente e, portanto, com um custo elevado.

Então, se a integração gerar mais criação que desvio de comércio há aumento do


bem-estar do país, e redução em caso contrário.

- Dinâmicos: resultam de economias de escala, do aumento da concorrência e de


aumentos dos investimentos, possibilitados pela integração econômica. Esses efeitos são,
sob todos os aspectos, mais importantes que os efeitos estáticos apontados.

– Acordos Comerciais Regionais e Acordos Comerciais Preferenciais


O número crescente de acordos comerciais regionais e acordos comerciais preferenciais
é uma característica proeminente do comércio internacional. Os membros da OMC que
participam destes acordos são encorajados a notificar a OMC quando novos acordos são
formados.

 Acordos Comerciais Regionais (ACRs)/Regional Trade Agreements (RTAs): na OMC,


acordos comerciais regionais (ACR) são definidos como acordos comerciais recíprocos
entre dois ou mais parceiros. Eles incluem os acordos de livre comércio e as uniões
aduaneiras.

Exemplos de acordos comerciais regionais - entre os mais conhecidos temos:

- União Europeia;
- Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA);
- Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA);
- Mercado Comum do Sul (MERCOSUL);
- Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN);
- Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA).

BRASIL

Fonte: WTO, fev.2022.


 Acordos Comerciais Preferenciais (ACPs)/Preferential Trade Arrangements (PTAs): no
âmbito da OMC são as preferências comerciais unilaterais. Eles incluem o Sistema Geral
de Preferências (sob o qual países desenvolvidos concedem tarifas preferenciais para as
importações provenientes de países em desenvolvimento), bem como outros regimes
preferenciais. Fonte: wto.org Ago, 2021.

Quando um membro da OMC entra em um arranjo de integração regional


através do qual concede condições mais favoráveis para seu comércio com outros
países, se afasta do princípio orientador da não-discriminação definido no artigo I
do GATT, no artigo II do GATS e em outros lugares.
Membros da OMC são, porém, autorizados a entrar em acordos em condições
específicas que estão traduzidas em três conjuntos de regras:

 ARTIGO XXIV DO ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS E COMÉRCIO (GATT)


Estabelece as situações de exceção da aplicação do princípio consagrado no Artigo I do
Acordo sobre o Tratamento da Nação Mais Favorecida, levando em conta a conveniência
de aumentar a liberdade do comércio, desenvolvendo, mediante acordos livremente
concertados, uma integração maior das economias dos países que participam desses
acordos.

 CLÁUSULA DE HABILITAÇÃO
Consiste na Decisão das Partes Contratantes do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio
(GATT), adotada por ocasião da Rodada Tóquio (1979), através da qual é permitido
celebrar acordos regionais ou gerais entre países em desenvolvimento com a finalidade
de reduzir ou eliminar mutuamente as travas a seu comércio recíproco, excetuando-se da
aplicação do princípio consagrado no Artigo I do GATT, sobre o Tratamento da Nação
Mais Favorecida.
 ARTIGO V GATS
Outra exceção à NMF (à semelhança do Art Art.º XXIVº do GATT) - Integração
Econômica (diferente, pois no setor dos serviços não existe diferença entre união
aduaneira e zona de livre comércio).

Lista de ACPs /PTAs– Brasil

Fonte: OMC/WTO (Fevereiro, 2022).


2.8 Blocos Comerciais

a) Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)

 Latin American Integration Association (LAIA) - http://www.aladi.org

 A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) é um organismo


intergovernamental que, continuando com o processo iniciado pela ALALC em 1960,
promove a expansão da integração da região, objetivando garantir seu desenvolvimento
econômico e social e tendo como meta final a criação de um mercado comum.

 O Tratado de Montevidéu 1980 (TM80), âmbito jurídico global, constitutivo e regulador


da ALADI, foi assinado em 12 de agosto de 1980, estabelecendo os seguintes princípios
gerais: pluralismo em matéria política e econômica, convergência progressiva de ações
parciais para a criação de um mercado comum latino-americano, flexibilidade, tratamentos
diferenciais com base no nível de desenvolvimento dos países-membros e multiplicidade
nas formas de concertação de instrumentos comerciais.

Dispõe o artigo 10 do Tratado de Montevidéu:

“Esse processo de integração terá como objetivo, a longo prazo, o estabelecimento, em


forma gradual e progressiva, de um mercado comum latino-americano.”

 Objetivos (http://www.aladi.org):

- reduzir e eliminar gradativamente as barreiras ao comércio recíproco de seus países


membros;

- impulsionar o desenvolvimento de vínculo de solidariedade e cooperação entre os povos


latino americanos;

- promover o desenvolvimento econômico e social da região de forma harmônica e


equilibrada, a fim de garantir um melhor nível de vida para seus povos;

- renovar o processo de integração latino-americano e estabelecer mecanismos aplicáveis


à realidade regional;

- criar uma área de preferências econômicas, tendo como objetivo final o estabelecimento
de um mercado comum latino-americano.

 Em novembro de 1998, Cuba foi admitida na ALADI e em maio de 2012 o Panamá


passou a ser o décimo terceiro membro; consequentemente fazem parte dessa
associação os seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba,
Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Desde 2011 a Nicarágua avança no cumprimento das condições estabelecidas
para constituir-se em país-membro da Associação.

 Sede: Montevidéu (Uruguai).

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Tipo: Acordo de Alcance Parcial.

 A ALADI promove a criação de uma área de preferências econômicas na região,


objetivando um mercado comum latino-americano, através de três mecanismos:
- uma preferência tarifária regional (PTR), aplicada a produtos originários dos
países-membros frente às tarifas em vigor para terceiros países;

- acordos de alcance regional (comuns a todos os países-membros). São seis (6)


acordos regionais vigentes, além da PTR: as Listas de Abertura de Mercados
(LAM) em favor dos países de menor desenvolvimento econômico relativo (Bolívia,
Equador e Paraguai); o Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica; o Acordo
de Cooperação e Intercâmbio de bens nas áreas educacional, cultural e científica;
e o Acordo Quadro para a Promoção do Comércio mediante a Superação de
Barreiras Técnicas ao Comércio.

- acordos de alcance parcial, com a participação de dois ou mais países da


área. Estão vigentes mais de 70 deste tipo e de natureza muito diversa:
promoção do comércio; complementação econômica; agropecuários; etc.

 Tanto os acordos regionais como os de alcance parcial (Artigos 6 a 9) podem


abranger matérias tais como: desgravação tarifária e promoção do comércio,
complementação econômica, comércio agropecuário, cooperação financeira, tributária,
aduaneira, sanitária, preservação do meio-ambiente, cooperação científica e tecnológica,
promoção do turismo, normas técnicas e muitos outros campos previstos expressamente
ou não no TM 80 (Artigos 10 a 14).

 Os países qualificados como de menor desenvolvimento econômico relativo da região


(Bolívia, Equador e Paraguai) gozam de um sistema preferencial. Através das listas de
abertura de mercados, oferecidas pelos países em favor dos PMDERs, de programas
especiais de cooperação (rodadas de negócios, pré-investimento, financiamento, apoio
tecnológico) e de medidas compensatórias em favor dos países mediterrâneos busca-se
que esses países participem plenamente do processo de integração.

 Na estrutura jurídica da ALADI, cabem os mais vigorosos acordos sub-regionais,


plurilaterais e bilaterais de integração, que surgem, cada vez mais, no Continente. Por
conseguinte, cabe à Associação – como âmbito ou “guarda-chuvas” institucional e
normativo da integração regional – apoiar e fomentar estes esforços a fim de que
confluam prog/ressivamente para a criação de um espaço econômico comum.

 Existem dois agrupamentos sub-regionais de integração, entendendo como tais


aqueles conformados integralmente por países que são membros da ALADI:

- Comunidade Andina - MERCOSUL


 Além dos agrupamentos sub-regionais existem outras iniciativas de integração das
quais fazem parte alguns dos países-membros da ALADI com outros países que não são
membros. Esses agrupamentos são:
- Unasul - Alba-TCP

- Arco do Pacífico - CELAC

 A ALADI possui 03 órgãos políticos e 01 órgão técnico:

 Conselho de Ministros das Relações Exteriores:


é o órgão de cúpula, responsável pela condução da integração econômica (toma as
decisões mais importantes). É formado pelos Ministros das Relações Exteriores dos
países-membros.

 Conferência de Avaliação e Convergência:


é integrada por representantes plenipotenciários dos países-membros, devendo
reunir-se a cada três anos em sessão ordinária, ou, em sessão extraordinária, por
convocação do Comitê de Representantes. A finalidade dessas conferências é examinar o
funcionamento dos mecanismos instituídos pelo Tratado de Montevidéu-1980, bem como
a convergência dos acordos de alcance parcial, por meio da multilateralização
progressiva, e promover ações de maior alcance para aprofundar a integração.

 Comitê de Representantes:
órgão permanente da Associação e encarregado de executar a aplicação do
Tratado.
 Secretaria Geral:
o órgão técnico da Associação, encarregado da parte administrativa, dando apoio
técnico aos demais órgãos. É dirigida por um Secretário-Geral e dois Subsecretários e
conta com sete departamentos técnicos e com uma Biblioteca especializada em
integração latino-americana.

 Maior parceiro do Brasil: Argentina

 A América Latina é grande oportunidade para exportadores brasileiros.


 Dados Estatísticos:
http://www.aladi.org (Início -> Conheça a ALADI -> Indicadores Socioeconômicos ->ALADI)

b) Mercado Comum Centro-Americano (MCCA)

 Central American Common Market (CACM)

 Países-membros (5): Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua.

 Constituído em 13 de dezembro de 1960 pelo Tratado Geral de Integração Econômica


Centro-Americana, assinado em Manágua (Nicarágua).

 Os Protocolos do tratado original, assinados durante a década de 90, mudaram o


conceito original do MCCA para o do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA).
- Protocolo de Tegucigalpa: em 1991, os presidentes dos cinco países centro-americanos, além do
Panamá, assinaram este Protocolo do Tratado de Integração Econômica da América Central. O Protocolo
de Tegucigalpa, em vigor desde 1993, estabeleceu uma nova estrutura institucional conhecida por SICA,
elaborada para facilitar a eventual integração econômica e política da América Central. O SICA tenta
estabelecer um sistema de integração que envolva não apenas o comércio mas, também, a integração
política, social, cultural e ecológica.
- Protocolo de Guatemala: A adoção do Protocolo do Tratado de Integração Econômica da América
Central em 1993 foi um importante passo em direção ao mercado comum, através do estabelecimento
gradual de uma união aduaneira centro-americana.

 Objetivo: Criação de um mercado comum.

 Sede: Guatemala (Guatemala)

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Tipo: união aduaneira.

 Maior parceiro do Brasil: Costa Rica

c) Comunidade do Caribe (CARICOM)

 Caribbean Community – Caricom

 Países-membros (15): Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica,


Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São
Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago.

 Associados: Anguila, Bermuda, Ilhas Cayman, Ilhas Turks e Caicos e Ilhas Virgens
Britânicas.
- exceto Belize (América Central) e Guiana e Suriname, todos os Membros e Membros Associados
são Estados insulares.

 Criação: em 04 de julho de 1973, na cidade de Chaguaramas (Trinidad e Tobago), foi


assinado o Tratado de Chaguaramas.

 Sede: Georgetown (Guiana)

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Tipo: união aduaneira e acordo de


integração econômica.

 O CARICOM assenta em quatro pilares principais: integração econômica; coordenação


da política externa, desenvolvimento humano e social; segurança.

 CSME - Visão geral: CARICOM Mercado Único e Economia (CSME) é um mercado


amplo que oferece mais e melhores oportunidades para produzir e vender bens e serviços
e atrair investimentos; maiores economias de escala; competitividade; o pleno emprego e
a melhoria do nível de vida das populações da Comunidade do Caribe. O objetivo final do
CSME é fornecer as bases para o crescimento e desenvolvimento através da criação de
um espaço econômico único para a produção de bens e serviços competitivos. O CSME
está no centro da integração econômica da CARICOM; e a integração econômica é um
dos quatro pilares sobre os quais a CARICOM apoia os seus objetivos.

 Maior parceiro comercial do Brasil: Jamaica


d) Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA)

 North American Free Trade Agreement (NAFTA)

 Criação: O Acordo de Livre Comércio da América do Norte foi assinado nas seguintes
datas:
Canadá: em 11 e 17.12.1992, em Ottawa;
México: em 14 e 17.12.1992, na Cidade do México;
Estados Unidos da América: em 8 e 17.12.1992, em Washington.

 Sede: Não há uma sede específica, apenas representações nos (as)


ministérios/secretarias de comércio de cada país membro.

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Tipo: acordo de livre comércio e acordo
de integração econômica.

 Objetivos: Constituir uma Zona de Livre Comércio visando à eliminação de barreiras às


transações de bens, serviços e capitais, proporcionando maiores oportunidades de trocas
comerciais e crescimento dos fluxos de investimentos entre os países membros.

 Desde janeiro de 2008, todas as alíquotas de imposto de importação no comércio


intrabloco estão zeradas, sem exceção. Em relação as barreiras não tarifárias, não se
assumiu compromisso para total eliminação, até pelo fato de que algumas são
expressamente permitidas pelo GATT, como as medidas sanitárias, fitossanitárias e
técnicas.

 2018: depois de um ano de negociações, Washington, Ottawa e Cidade do México


assinaram em 30 de novembro um novo tratado para substituir o Acordo de Livre-
Comércio da América do Norte (Nafta) de 1994 e renovar as regras de indústria, comércio
digital e direitos trabalhistas, entre outros setores. O novo acordo chamado United States-
Mexico-Canada Agreement (USMCA) ainda precisa ser ratificado pelas respectivas
assembleias legislativas das três nações antes de entrar em vigor (discussões estão em
andamento no âmbito da Comissão de Livre Comércio do USMCA (FTC)).
Algumas alterações do acordo:
 Comércio Digital: o acordo veta impostos sobre produtos de origem digital,
como ebooks, jogos e músicas e protege companhias de internet para que não
sejam responsáveis por conteúdos que são produzidos por seus usuários;
 Propriedade Intelectual: o acordo aumenta as barreiras de propriedade
intelectual, em setores como medicamentos e produtos advindos de inovação
agrícola;
 Setor automotivo: a ideia do acordo é garantir com que as empresas
automobilísticas permaneçam na região, evitando com que busquem mercados
com mão de obra mais barata, como, por exemplo, os asiáticos. Dessa forma,
para que os produtos finais não possuam tarifas, é necessário que ao menos
75% das peças dos automóveis sejam produzidas em Estados Unidos, México
e Canadá. Além disso, o acordo coloca que 40 a 45% das peças devem ser
produzidas por trabalhadores que recebam, ao menos $16 por hora até 2023;
 Mercado canadense de laticínios: o acordo prevê a abertura do mercado
canadense de laticínios, antes protegido pelo governo canadense. Com isso,
aumentam-se as possibilidades de comércio de laticínios ao Canadá;
 Medicamentos: uma das medidas de propriedade intelectual é a que
companhias estadunidenses passam a poder comercializar medicamentos no
mercado canadense por 10 anos antes de que seja permitida a competição
com os genéricos;
 “Sunset clause”: o USMCA, diferente do NAFTA, traz uma data de
experação, ou seja, em que seus termos perdem validade. Essa data está
prevista para o pôr do sol do dia em que se completarem 16 anos a partir do
dia em que o acordo entrar em vigor.

e) União Europeia (U.E.) - European Union – EU

 Cronologia:

1948 Bélgica, Holanda e Luxemburgo criam uma União Aduaneira conhecida como BENELUX.
1952 os 03 países acima citados, juntamente com Alemanha Ocidental, França e Itália
compuseram a Comunidade Europeia de Carvão e Aço (CECA).
1958 os seis países citados assinam o Tratado de Roma onde eliminam obstáculos para livre
movimentação de mercadorias, serviços, capital e mão-de-obra. Estruturam os termos da
Comunidade Econômica Europeia (CEE) ou Mercado Comum Europeu.
1968 entra em vigor a união aduaneira suprindo todas as taxas alfandegárias dos países
membros.
1973 adesão do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), Irlanda e
Dinamarca e o estabelecimento de uma política comercial comum.
1981 adesão da Grécia
1986 inclusão de Portugal e Espanha.
1991 a cúpula dos Estados da Comunidade convenciona que a Comunidade Econômica evolua
para Comunidade Política com moeda comum (Tratado de Maastrich).
1994 há adesão da Suécia, Áustria e Finlândia; o bloco econômico ficou composto por 15 países
1999 ocorre a adoção escritural da moeda única, o Euro
2002 o Euro passa a circular como papel-moeda
2004 União Europeia é expandida para 25 países com a adoção de 10 novos membros: Chipre,
Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República
Checa.
2007 Aumentou para 27 estados com a adesão da Bulgária e da Romênia.
0
2013 Em 1 de julho a Croácia adere à UE, elevando o número total de países membros para 28.
A UE passa também a ter 24 línguas oficiais.
2016 Brexit - Referendo sobre o “Brexit” no Reino Unido: ganha o não à permanência na UE.

 Integrantes (28): Alemanha (1952), Áustria (1995), Bélgica (1952), Bulgária (2007), Chipre
(2004), Croácia (2013), Dinamarca (1973), Eslováquia (2004), Eslovênia (2004), Espanha (1986),
Estônia (2004), Finlândia (1995), França (1952), Grécia (1981), Hungria (2004), Irlanda (1973),
Itália (1952), Letônia (2004), Lituânia (2004), Luxemburgo (1952), Malta (2004), Países Baixos
(1952), Polônia (2004), Portugal (1986), Reino Unido (1973), República Checa (2004), Romênia
(2007) e Suécia (1995).

 Sede: Bruxelas (Bélgica).

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Tipo: União aduaneira e acordo de


integração econômica.

 Objetivos: Promover o progresso econômico e social entre os povos europeus por meio
da criação de um espaço comum, através do estabelecimento de uma união econômica e
monetária com moeda única; instituir uma cidadania europeia; desenvolver uma estreita
cooperação nos campos da liberdade, segurança e justiça; e afirmar o papel da Europa
no mundo.
 Organização: para funcionar, a UE estabeleceu as seguintes instituições (Tratado de
Lisboa, 2007):
(http://europa.eu/about-eu/institutions-bodies/index_pt.htm)

Conselho Europeu – criado em 1974, mas somente tornou uma instituição da UE


em 2009, com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Define as orientações políticas
gerais da UE, mas não tem poder para adaptar legislação. Dirigido pelo seu Presidente e
composto pelos Chefes de Estado ou de Governo e pelo Presidente da Comissão, reúne-
se durante um ou dois dias, pelo menos, de seis em seis meses.

Há três grandes instituições da UE envolvidas no processo legislativo:

o o Parlamento Europeu, diretamente eleito, que representa os cidadãos da UE;


o o Conselho da União Europeia, que representa os governos nacionais e cuja
presidência é assumida rotativamente pelos Estados-Membros;
o a Comissão Europeia, que vela pela defesa dos interesses da UE no seu todo.

Em conjunto, estas três instituições adaptam as políticas e a legislação que se aplicam


em toda a UE. Em princípio, a Comissão propõe nova legislação e o Parlamento e o
Conselho adaptam-na. A Comissão e os Estados-Membros são os responsáveis pela sua
execução. A Comissão vela também pela correta transposição da legislação da UE para
as ordens jurídicas nacionais.
Outras instituições da UE

Duas outras instituições desempenham tarefas fundamentais:

o o Tribunal de Justiça, que assegura o cumprimento da legislação europeia;


o o Tribunal de Contas, que fiscaliza o financiamento das atividades da UE.

Os poderes e as responsabilidades de todas estas instituições são definidos nos


Tratados, nos quais se baseia toda a ação da UE. Os Tratados consagram igualmente as
regras e os procedimentos que as instituições da UE devem observar. Os Tratados são
aprovados pelos Presidentes e/ou Primeiros-Ministros de todos os Estados-Membros da
UE e são ratificados pelos Parlamentos nacionais.
A UE possui ainda uma série de outras instituições e organismos interinstitucionais
que desempenham funções específicas.

 O processo de integração econômica e monetária (Caparroz, 2012)

Em junho de 1988, o então Conselho Europeu confirmou a intenção de avançar


para o patamar de uma União Econômica e Monetária. Foi proposta a criação de uma
união econômica em três etapas, cuja primeira fase teve início em 10 de julho de 1990,
com a abolição de todas as restrições ao movimento de capitais entre os Estados-
membros.
Como a segunda etapa carecia de adequada regulamentação jurídica, só foi
possível instaurá-la a partir da ratificação definitiva do Tratado da União Europeia
(assinado em Maastricht em 7 de fevereiro de 1992), o que ocasionou certo atraso no
cronograma original.
A criação do Instituto Monetário Europeu (IME), em 10 de janeiro de 1994,
marcou o início da segunda etapa do processo de integração econômica e monetária da
União Europeia. Apesar das limitações, visto que não tinha competência para intervir na
economia, o IME possuía dois importantes mandatos: a) reforçar a cooperação entre os
bancos centrais e a coordenação em matéria de política econômica e b) realizar os
preparativos necessários para o estabelecimento do Sistema Europeu de Bancos Centrais
(SEBC), para a condução da política monetária e para a introdução da moeda única na
terceira fase.
À época, a União Europeia já havia definido uma estratégia econômica comunitária
baseada em três fundamentos: a coordenação entre os Estados-membros de suas
políticas econômicas internas, a vigilância multilateral do processo de convergência e a
fixação de regras comuns quanto à disciplina financeira e orçamentária.
Em dezembro de 1995, o Conselho Europeu decidiu que a unidade monetária
europeia seria designada euro e confirmou que a terceira fase de integração teria início
em 10 de janeiro de 1999, sob a tutela do Sistema Europeu de Bancos Centrais. A fase
final implicou a fixação irrevogável das taxas de câmbio das moedas dos 11 Estados-
membros que inicialmente integraram a União Econômica e Monetária.

o Criação do Euro

O euro foi lançado em 10 de janeiro de 1999, como a moeda oficial de 11 países


em substituição das moedas nacionais, em duas fases. No início o euro só existia como
instrumento virtual de pagamento, pois as transações não envolviam pape-moeda, mas
apenas registros contábeis.
Somente em 10 de janeiro de 2002, com a retirada de circulação das moedas
nacionais, o euro passou a circular fisicamente, sob a forma de notas e moedas
metálicas.
O Banco Central Europeu tem o direito exclusivo de autorizar a emissão de notas
em euros pelos bancos centrais nacionais, que dividem a responsabilidade pela sua
produção e circulação. As notas emitidas pelo Banco Central Europeu e pelos bancos
centrais nacionais são as únicas com curso legal na União.
O euro (cujo símbolo é: €) é a moeda oficial de 19 (Alemanha, Áustria, Bélgica,
Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália,
Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal) dos 28 países da UE.
Esses países constituem a chamada área do euro ou, mais informalmente, zona euro.
Outros países e territórios, ainda que não pertençam à União Europeia, também
utilizam o euro (Vaticano, San Marino e Mônaco).
Desde a sua criação, o euro passou a ser largamente utilizado como moeda de
referência em diversas transações internacionais, atrás do dólar norte-americano. A
adoção do euro representa a confiança dos mercados no seu modelo de gestão, fato que
pode ser comprovante pela expressiva valorização cambial apresentada nos últimos anos.
A adoção de uma moeda comum conferiu maior dinamismo e transparência à
economia europeia, pois reduziu os custos com as operações cambiais e reforçou os
mercados financeiros dos respectivos membros, tornando-os mais seguros em face a
crises internacionais, devido ao enorme volume de reservas. No mesmo sentido, a gestão
integrada do euro permite que o Sistema Europeu de Bancos Centrais promova medidas
de ajuda a países em dificuldade.

o Critérios de convergência

A partir da experiência original da criação do euro, todos os países interessados


em adotar a moeda comunitária precisam, nos termos da legislação europeia, satisfazer
condições econômicas e legais, conhecidas como critérios de convergência (ou critérios
de Maastricht), cujo objetivo é demonstrar que o futuro membro da zona do euro está apto
a integrar o sistema.
A convergência jurídica depende de alterações na legislação local, especialmente
quanto às prerrogativas do Banco Central é à condução da política econômica e
monetária, que devem atender as disposições do tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia.
Os critérios de convergência econômica são bastante rigorosos e decorrem da
avaliação técnica de diversas metas, como a estabilidade nos preços e a situação das
finanças públicas:

- realização de um elevado grau de estabilidade de preços, que será expresso


por um nível de inflação que esteja próxima da taxa, no máximo, dos três estados-
membros com melhores resultados em termos de estabilidade dos preços;

- sustentabilidade das suas finanças públicas, que será traduzida pelo fato de ter
alcançado uma situação orçamentária sem déficit excessivo, nos termos da legislação
europeia;

- observância, durante pelo menos dois anos, das margens normais de flutuação
previstas no mecanismo de taxas de câmbio do SME, sem ter procedido a uma
desvalorização em relação ao euro;

- caráter duradouro da convergência alcançado pelo Estado-membro que se


beneficia de uma derrogação e da sua participação no mecanismo de taxas de câmbio, o
qual deve igualmente refletir-se nos níveis das taxas de juros de longo prazo.

 Espaço Schengen

O espaço Schengen é um dos maiores feitos da UE. Trata-se de um espaço sem


fronteiras internas no interior do qual os cidadãos europeus e muitos nacionais de países
que não pertencem à UE podem circular livremente, em turismo ou por motivos de
trabalho, sem serem sujeitos a controles fronteiriços. Criado em 1985, este espaço tem
crescido gradualmente, englobando, hoje em dia, quase todos os países da UE e alguns
países associados. Em paralelo com a supressão das fronteiras internas, assistiu-se a um
reforço dos controles nas fronteiras externas comuns, com base nas regras de Schengen,
para garantir a segurança de quem vive ou viaja no espaço Schengen.

f) Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC)

 Asia Pacific Economic Cooperation (APEC)

 Criação: a APEC foi informalmente estabelecida em um Encontro Ministerial ocorrido


nos dias 6 e 7.11.1989, na cidade de Camberra (Austrália).

 Países-membros (21): Austrália, Brunei Darussalam, Canadá, Chile, China, Cingapura,


Coréia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México,
Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Taiwan, Tailândia e Vietnam.

 Sede: Cingapura (Cingapura)

 Objetivos: o principal objetivo é apoiar o crescimento econômico sustentável e a


prosperidade na região da Ásia-Pacífico. A união tem feito esforços para construir uma
comunidade Ásia-Pacífico dinâmica e harmoniosa ao defender o comércio e o
investimento livre e aberto, promover e acelerar a integração econômica regional,
incentivando a cooperação econômica e técnica, aumentando a segurança das pessoas,
e facilitando um ambiente de negócios favorável e sustentável . As iniciativas transformam
metas políticas em resultados concretos e acordos em benefícios tangíveis.
(http://www.apec.org/About-Us)

g) Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN)

 Association of Southeast Asian Nations (ASEAN)

 Países-membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia, desde 1967;


Brunei, a partir de 1984; Vietnã desde 1985; Mianmar e Laos a partir de 1997 e Camboja
desde 1999.

 Criação: fundado em 8 de agosto de 1967 em Bangkok, Tailândia, com a assinatura


da Declaração de ASEAN (Declaração de Bangkok) pelos países fundadores, Indonésia,
Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia. Brunei Darussalam aderiu em 7 de janeiro de
1984, Vietnã em 28 de julho de 1995, Laos e Mianmar em 23 de julho de 1997, e
Camboja em 30 de abril de 1999, compondo hoje os dez Estados membros da ASEAN.

 Composição da ACR (pela OMC): Bens. Plurilateral. Tipo: Acordo de livre comércio.

 Objetivos e fins: conforme estabelecido na Declaração da ASEAN, os objetivos e


propósitos da ASEAN são:

1. Acelerar o crescimento econômico, o progresso social e o desenvolvimento cultural


na região por meio de esforços conjuntos no espírito de igualdade e parceria, a fim
de fortalecer as bases de uma comunidade próspera e pacífica das Nações do
Sudeste Asiático;
2. Promover a paz e a estabilidade regional através do respeito permanente pela
justiça e pelo estado de direito no relacionamento entre os países da região e a
adesão aos princípios da Carta das Nações Unidas;
3. Promover a colaboração ativa e a assistência mútua em assuntos de interesse
comum nos campos econômico, social, cultural, técnico, científico e administrativo;
4. Prestar assistência mútua na forma de instalações de treinamento e pesquisa nas
esferas educacional, profissional, técnica e administrativa;
5. Colaborar de forma mais eficaz para a maior utilização de sua agricultura e
indústrias, a expansão de seu comércio, incluindo o estudo dos problemas do
comércio internacional de mercadorias, a melhoria de suas instalações de
transporte e comunicações e a elevação do nível de vida de seus povos;
6. Promover estudos do Sudeste Asiático; e
7. Manter uma cooperação estreita e benéfica com organizações internacionais e
regionais existentes com objetivos e propósitos semelhantes, e explorar todos os
caminhos para uma cooperação ainda maior entre eles.

A ASEAN se propõe a estabelecer uma verdadeira zona de livre comércio para, em


seguida, dotar os parceiros de uma única política externa comercial, criando uma união
aduaneira. O bloco busca promover o desenvolvimento econômico, social e cultural da
região através de programas cooperativos, salvaguardando a estabilidade política e
econômica da região, bem como servindo como fórum de discussão das diferenças intra-
regionais.
h) União das Nações Sul-Americanas (UNASUL)

 Origem: a UNASUL começou a ser esboçada na III Reunião de Chefes de Estado da


América do Sul.
Declaração de Cusco → reconhecia a necessidade de desenvolver uma área
integrada nos campos político, econômico, social, cultural, ambiental e de infraestrutura,
como forma de reafirmar a identidade e unidade da América Latina e Caribe (12 países da
região).
 Tratado Constitutivo da UNASUL: aprovado e assinado durante a Reunião
Extraordinária de Chefes de Estado e Governo, realizada em Brasília (23 de maio de
2008).
- O Tratado entrou em vigor em 11 de março de 2011.
 A UNASUL é uma organização dotada de personalidade jurídica internacional cuja sede
está localizada em Quito (Equador).

 Países-membros (12): Argentina, Bolívia*, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana*,


Paraguai, Peru, Suriname*, Uruguai*, Venezuela*.

*membros ativos

 Objetivos: o Tratado estabelece como objetivo geral da UNASUL a construção de "um


espaço de integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus
povos, priorizando o diálogo político, as políticas sociais, a educação, a energia, a infra-
estrutura, o financiamento e o meio ambiente, entre outros, com vistas a eliminar a
desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã,
fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania
e independência dos Estados".
Além do objetivo geral, o Tratado lista 21 objetivos específicos.

 COSIPLAN: o Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN) é


um órgão da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Foi criado em agosto de 2009
durante encontro presidencial da Unasul, quando foi decidida a substituição do Comitê de
Direção Executiva da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-
Americana (IIRSA) por um Conselho em nível de Ministros. Com a medida, os países
membros buscaram conferir maior suporte político às atividades desenvolvidas na área de
integração da infraestrutura, de forma a assegurar os investimentos necessários para a
execução de projetos prioritários. Desde então, o Cosiplan definiu um Plano de Ação
Estratégica para os próximos 10 anos e elaborou uma Agenda Prioritária de Projetos, que
funcionarão como indutores do da integração da infraestrutura regional, estratégica para o
desenvolvimento sul-americano.

 Em 16 de abril de 2019 o governo brasileiro anunciou ter formalizado a saída da União


das Nações Sul-Americanas (Unasul). A decisão foi comunicada pouco depois de a
Bolívia informar que estava repassando ao Brasil a presidência temporária do bloco. Os
únicos membros ainda ativos são Uruguai, Guiana, Bolívia, Suriname e Venezuela.

 O comunicado do Itamaraty também citou que o Brasil assinou, em 22 de março de


2019, um documento no qual mostrou a intenção de constituir o Fórum para o Progresso
da América do Sul (Prosul), em substituição à Unasul. Também se comprometeram com o
novo fórum de desenvolvimento e integração regional Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
Equador, Guiana, Paraguai e Peru.
i) Pacto Andino (Comunidade Andina- CAN)

 Criação: 1969 pelo Acordo de Cartagena, assinado por Bolívia, Colômbia, Chile,
Equador e Peru. Em 1973, Venezuela aderiu ao bloco e, em abril 2006, o presidente
anunciou que o país sairia do bloco. A Venezuela estava obrigada a um aviso prévio de
cinco anos que terminou em 2011. O Chile dele se retirou em 1976.

 O grupo de países remanescentes objetiva criar um mercado comum, em função do


processo de globalização econômica que exige a formação em bloco para melhor defesa
de seus interesses e promoção integrada do seu desenvolvimento.

 A Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru) é formada por órgãos e


instituições articuladas no Sistema Andino de Integração, mais conhecido como SAI.

 Composição da ACR (pela OMC): Plurilateral. Cobertura: bens. Tipo: União aduaneira.

 Este sistema faz o CAN funcionar quase como um estado. Ou seja, cada uma dessas
instâncias tem o seu papel e as funções específicas, tais como: o Conselho Presidencial
Andino está a cargo da liderança política da CAN; o Conselho Andino de Ministros das
Relações Exteriores formula a política externa dos países andinos em questões
relacionadas à integração e, se necessário, coordena posições conjuntas em fóruns ou
negociações internacionais; a Comissão, composta por plenipotenciários ou delegados
com plenos poderes, são responsáveis pela formulação, implementação e avaliação das
políticas de integração no comércio e investimento e criar padrões que são obrigatórios
para os 4 países. O Secretariado-Geral administra e coordena o processo de integração
e o Tribunal de Justiça Andino é a entidade que controla a legalidade das ações de todos
os órgãos e instituições e arbitra disputas entre países, entre os cidadãos ou entre países
e cidadãos quando os acordos assumidos no âmbito da Comunidade Andina forem
violados.

 Existem ainda os órgãos consultivos da Sociedade Civil, como dos Povos Indígenas,
dos Trabalhadores e dos Empregadores que fazem parte da SAI. A Universidade Andina
Simón Bolívar, com vários locais na região, é a entidade educacional. E os organismos
financeiros são a Corporação Andina de Fomento e o Fundo de Reserva da América
Latina.

j) Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)

 Mercado Comun del Sur - Mercosur

 Em 26/03/91 foi assinado o Tratado de Assunção para a constituição de um mercado


comum entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Entrou em vigor em 29/11/91.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um amplo projeto de integração concebido


por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Envolve dimensões econômicas, políticas e
sociais, o que se pode inferir da diversidade de órgãos que ora o compõem, os quais
cuidam de temas tão variados quanto agricultura familiar ou cinema, por exemplo. No
aspecto econômico, o Mercosul assume, hoje, o caráter de União Aduaneira, mas seu fim
último é constituir-se em verdadeiro Mercado Comum, seguindo os objetivos
estabelecidos no Tratado de Assunção, por meio do qual o bloco foi fundado, em 1991.

 Sede: Montevidéu (Uruguai).


 Objetivos: (http://www.mercosur.int/)

Conforme o artigo 10 do Tratado de Assunção, tratado constitutivo do bloco, o


MERCOSUL implica:

A.“A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre
outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias à circulação de
mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente;

B. o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial


comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de
posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais;

C. a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes - de


comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços,
alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim de
assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes;

D. o compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas


pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração.”

 Associados: O MERCOSUL tem como Estados Associados o Chile, a Colômbia


(Decisão N° 44/04), o Peru (Decisão N° 39/03), o Equador (Decisão N° 43/04), a
Guiana*** (Decisão N° 12/13) e o Suriname*** (Decisão N° 13/13). A participação dos
Estados Associados nas reuniões do MERCOSUL e a celebração de Acordos se regem
pelo estabelecido nas Decisões CMC N° 18/04, 28/04 e 11/13. A Bolívia encontra-se em
processo de adesão.

*** Em processo de ratificação.

- O protocolo da adesão boliviana ao bloco foi ratificado pelos parlamentos


Venezuela, Uruguai e Argentina, ficando pendentes Brasil, Paraguai e a própria Bolívia.
- A diferença entre os membros plenos e os membros associados é que tornar-se
“Estado parte”, ou pleno, implica no estabelecimento de uma tarifa externa comum, na
adoção de política comercial conjunta e no compromisso de harmonizar a legislação das
áreas pertinentes, entre outras ações.
- A Venezuela era Estado Parte em processo de adesão. A entrada da Venezuela
no bloco ocorreu em julho de 2012, depois que o Paraguai foi suspenso do Mercosul em
consequência de processo relâmpago de impeachment contra o ex-presidente Fernando
Lugo (CMC N0 28/12). O Mercosul decidiu suspender temporariamente o Paraguai até as
novas eleições presidenciais do país, que ocorreriam em abril de 2013, e a Venezuela foi
incorporada ao bloco como "membro de pleno direito".

- O Paraguai se reintegrou ao grupo no final de 2013.

- Em agosto de 2017 resolveu-se suspender a República Bolivariana da Venezuela de


todos os direitos e obrigações inerentes à sua condição de Estado Parte do Mercosul, em
conformidade com o disposto no segundo parágrafo do artigo 5º do Protocolo de Ushuaia.
Os Estados Partes definiram medidas com vistas a minimizar os impactos
negativos desta suspensão para o povo venezuelano. A suspensão cessará quando, de
acordo com o estabelecido no artigo 7º do Protocolo de Ushuaia, se verifique o pleno
restabelecimento da ordem democrática na República Bolivariana da Venezuela.

PRINCIPAIS TEXTOS NORMATIVOS


1991 Tratado de Assunção Constituição do Mercosul
1994 Protocolo de Ouro Preto Define a Estrutura Institucional do Mercosul
1998 Protocolo de Ushuaia Sobre Compromisso Democrático no Mercosul, a
República da Bolívia e a república do Chile
2002 Protocolo de Olivos Solução de Controvérsias no Mercosul
2004 Fundo para Convergência Estrutural do Criação do Fundo para Convergência Estrutural do
Mercosul Mercosul
2005 Protocolo Constitutivo do Parlamento do Criação do Parlamento do Mercosul
Mercosul
2006 Protocolo de Adesão da Venezuela Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao
Mercosul
2011 Protocolo de Montevidéu Sobre compromisso com a democracia no Mercosul
(Ushuaia II)
2012 Protocolo de Adesão da Bolívia Adesão do Estado Plurinacional da Bolívia ao Mercosul
Fonte: www.mercosur.int

 Estrutura Institucional do MERCOSUL (http://www.mercosur.int)

O MERCOSUL toma suas decisões mediante três órgãos: o Conselho do Mercado


Comum (CMC), órgão superior do MERCOSUL, que conduz politicamente o processo de
integração, o Grupo Mercado Comum (GMC), que vela pelo funcionamento cotidiano do
bloco, e a Comissão de Comércio (CCM), incumbida da administração dos instrumentos
comuns de política comercial. Assistindo os mencionados órgãos existem mais 300 foros
de negociação nas mais diversas áreas, os quais se integram por representantes de cada
país membro e promovem iniciativas para ser consideradas pelos órgãos decisórios.
Com o correr do tempo e para efeitos da implementação de suas políticas
regionais, o MERCOSUL criou em distintas cidades diversos organismos de caráter
permanente entre os quais, o Alto Representante-Geral do MERCOSUL (ARGM),
o FOCEM, o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), o Instituto
Social do MERCOSUL (ISM), o Parlamento do MERCOSUL (PARLASUR), a Secretaria
do MERCOSUL (SM), o Tribunal Permanente de Revisão (TPR) e a Unidade de Apoio
à Participação Social (UPS).
 Tarifa Externa Comum – TEC (http://www.mercosur.int)

O MERCOSUL conta desde o ano 1995 com uma Tarifa Externa Comum (TEC),
conforme o estabelecido no Tratado de Assunção e como condição indispensável para o
aprofundamento do processo de integração.
A TEC tem por base a Nomenclatura Comum do MERCOSUL e é definida
mediante uma alíquota aplicável a cada item tarifário (8 dígitos). Atualmente, a NCM
compreende cerca de nove mil itens tarifários, e inclui tarifas ad valorem que variam, em
geral, de 0% a 20%*, segundo a categoria de produtos e a existência ou não de produção
regional.
Os Estados Partes do MERCOSUL poderão manter uma Lista de Exceções à TEC
que conterá um determinado número de itens da NCM temporariamente excetuados do
regime geral da TEC. O Conselho do Mercado Comum (CMC) aprovou mediante
diferentes Decisões o número de itens e o tempo máximo para a aplicação de tais
exceções (ver Decisões CMC Nº 68/00, Nº 31/03, Nº 38/05, Nº 59/07, 28/09 e 58/10).
Para atenuar os problemas decorrentes de desequilíbrios de oferta e demanda
inesperados em virtude de desabastecimento no MERCOSUL, a Resolução GMC N°
69/00 permite aos Estados Partes, com caráter pontual e excepcional, aplicar aos
produtos que se encontrem nessas condições reduções temporárias à TEC, com prazos
de vigência definidos e limitadas a contingentes.
Existe, ainda, um regime especial estabelecido para os Bens de Capital (BK), e
Bens de Informática e Telecomunicações (BIT), mediante o qual os Estados Partes
poderão aplicar alíquotas diferentes às da TEC (ver Decisões CMC N° 33/03, 39/05,
13/06, 27/06, 61/07, 58/08 e 57/10).

 Regime de Origem

O Regime de Origem do MERCOSUL (ROM) é um Regime constituído pelo


conjunto de requisitos e procedimentos acordados pelos Estados Partes tendente a
determinar se um produto qualifica ou não para a outorga do tratamento preferencial
estabelecido pelos acordos do MERCOSUL, que inclui a eliminação das tarifas aplicadas
ao comércio intrarregional.
O Regime de Origem MERCOSUL prevê como regra geral que serão considerados
como "Produtos originários do MERCOSUL" os bens elaborados integralmente no
território de qualquer dos Estados Partes do MERCOSUL utilizando materiais originários,
bem com aqueles em que sua última transformação substancial tenha sido realizada no
território de qualquer dos Estados Partes do MERCOSUL na medida em que o valor CIF
dos insumos importados de terceiros países não exceda 40% do valor FOB do bem final
(regra do valor agregado), ou bem, que ao produto final lhe corresponda uma
classificação tarifária em nível de posição tarifária diferente da de seus insumos (regra do
salto de posição). O ROM é um regime transitório, cuja vigência está prevista até 31 de
dezembro do ano 2016 (Decisão CMC Nº 44/10).

 Fundo de Convergência Estrutural do MERCOSUL – FOCEM


(https://focem.mercosur.int)

O Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM) foi criado pela


Decisão CMC Nº 45/04. Mais tarde, a Decisão CMC Nº 18/05 estabeleceu as normas para
sua integração e funcionamento, e a Decisão CMC Nº 01/10 define seu regulamento
atual.
O FOCEM é um fundo destinado a financiar programas para promover a
convergência estrutural; desenvolver a competitividade; promover a coesão social, em
particular das economias menores e regiões menos desenvolvidas e apoiar o
funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integração.
E o primeiro mecanismo solidário de financiamento próprio dos países do
MERCOSUL e tem por objetivo reduzir as assimetrias do bloco. Os fundos são destinados
aos países, e entregues em caráter de doação não reembolsável para financiar até os
85% do valor elegível por eles apresentados.

Programas FOCEM:
Os projetos FOCEM devem ser desenvolvidos em algum dos seguintes Programas
estabelecidos pela normativa:
Programa I) Convergência Estrutural
Programa II) Desenvolvimento da Competitividade
Programa III) Coesão Social
Programa IV) Fortalecimento da Estrutura Institucional e do Processo de Integração
Como se tomam as decisões no Mercosul?

As decisões no Mercosul são tomadas por consenso e com a presença de todos os


Estados Partes. As decisões são de natureza obrigatória, embora não tenham aplicação
direta (precisam ser internalizadas).

 Solução de Controvérsias

Solução de Controvérsias no MERCOSUL é atualmente regulamentada


pelo Protocolo de Olivos, que foi incorporado pelas legislações nacionais de todos os
Estados Partes e está vigente para as controvérsias a partir de 2004. O Protocolo de
Olivos gerou mudanças relevantes no mecanismo, uma das quais é o Tribunal
Permanente de Revisão do MERCOSUL, com sede em Assunção, Paraguai. Entre 1991 e
2003 vigorou o Protocolo de Brasília, 1991, que foi revogado pelo Protocolo anteriormente
mencionado, salvo para as controvérsias pendentes.
Existe, ainda, o Procedimento Geral de Reclamações junto à Comissão de
Comércio do MERCOSUL, anexo do Protocolo de Ouro Preto, de 1994, que continua
vigente no atual sistema de solução de controvérsias.

 Sistema de Pagamentos em Moeda Local - SML

Em julho de 2009, foi aprovada a Decisão CMC n o 09/2009. Por meio dela, passou
a ser permitida a utilização das moedas locais nos pagamentos realizados entre os
países-membros do Mercosul, dependendo apenas de acordo bilateral entre os Bancos
Centrais dos países interessados.
O Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML) é um sistema de pagamento
internacional administrado pelo Banco Central do Brasil em parceria com os bancos
centrais da Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele permite que pagamentos e recebimentos
sejam efetuados diretamente em reais, sem a necessidade de moeda intermediária, como
o dólar, dispensando, assim, o contrato de câmbio. Isso torna o sistema mais eficiente e
reduz o custo das operações. Por meio desse mecanismo, exportadores e importadores
dos países conveniados realizam as operações de compra e venda usando suas moedas
locais, sendo o próprio SML encarregado de efetivar a conversão. Para tanto, é utilizada a
Taxa SML.
Dessa forma, não há necessidade de usar uma terceira moeda – normalmente o
dólar– para realizar as transações. Com isso, o exportador pode fixar o preço de sua
mercadoria ou serviço na moeda de seu país, deixando de ficar exposto a variações nas
taxas de câmbio e tendo a certeza de que receberá exatamente o valor negociado na sua
moeda, o que confere mais segurança no cálculo dos seus custos.
O SML amplia a integração econômica e financeira entre os países participantes. A
possibilidade de fazer transações internacionais usando sua própria moeda reduz
entraves, facilitando, em especial, a atuação de pequenos e médios produtores que
desejam exportar.
Tanto pessoas jurídicas quanto pessoas físicas podem fazer operações via SML.
O remetente, único capaz de dar entrada na instrução de pagamento, deve
comparecer à instituição financeira com os dados do beneficiário e com os documentos
da operação, se for o caso.
No convênio firmado com a Argentina, só é possível fazer operações de comércio
de bens. Com o Uruguai e o Paraguai é possível o comércio de bens, de serviços
transferências unilaterais (remessas de pessoa física para pessoa física de pequeno
valor).

REMETENTE

https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sml

 Dados Estatísticos: https://estadisticas.mercosur.int/

Busque - Informe Técnico de Comercio Exterior 2021 - COMITÉ TÉCNICO N° 6


“Estadísticas del Comercio Exterior del MERCOSUR” UTECEM/Secretaría del
MERCOSUR, Mayo 2022.

Disponível em pdf no campus virtual


ESTATÍSTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MERCOSUL

Em 2021, o comércio do MERCOSUL com o mundo (comercio extrazona. Países


que integram o MERCOSUL 4) foi de US$ 598,910 milhões, aumentando 36,9% em
relação a 2020.
O valor das exportações do MERCOSUL em 2021 foi de US$ 338,810 milhões,
enquanto em 2020 foi de US$ 250,392 milhões. Isso significa um aumento de 35% no
período analisado.

Em 2021, as exportações do MERCOSUL foram divididas entre: Argentina com


19%, Brasil 78%, Paraguai com 1% e Uruguai com 2%.

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