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DIREITO DOS CONTRATOS acontecimentos extraordinários e

imprevisíveis. Arts. 478 e 480 CC. Consiste


Conceito: o contrato é a mais comum e a mais na aplicação da teoria da imprevisão.
importante fonte de obrigações, devido às suas  Princípio da Boa fé: (objetiva – norteada do
múltiplas formas e inúmeras repercussões no direito processual): exige que as partes se
mundo jurídico, sendo fonte de obrigação o comportem de forma correta não só
fato que lhe dá origem. Os fatos humanos que durante as tratativas como também
o código civil considera como geradores de durante a sua formação e cumprimento
obrigação são: (art. 422 CC). Guarda relação com o
princípio segundo o qual ninguém pode
a) Os contratos;
beneficiar-se da própria torpeza. A boa fé
b) As declarações de vontade;
se biparte em subjetiva (psicológica) e
c) Os atos ilícitos dolosos e culposos;
objetiva (cláusula geral que impõe norma
O contrato é uma espécie de negócio jurídico de conduta).
que defende para sua formação, de
Interpretação dos contratos
participação de pelo menos duas partes. E,
portanto, negócio jurídico bilateral ou Funções: a interpretação dos contratos exerce
plurilateral. função objetiva e subjetiva nos contratos
escritos, a análise do texto (interpretação
Unilateral: se aperfeiçoam pela manifestação
objetiva) conduz à descoberta da
de vontade de apenas uma das partes;
intenção(interpretação subjetiva), alvo
Bilateral: resultam de uma composição de principal da operação. O código civil deu
interesses; prevalência a teoria da vontade, sem aniquilar
a da declaração. A real intenção das partes a
Contrato é comumente conceito como: “Acordo ser considerada nas declarações de vontade, é
de vontades para o fim de adquirir, a nelas “consubstanciada” não se pesquisando
resguardar, modificar ou extinguir direitos. o pensamento “intímo” dos declarantes.
Art. 421 CC – parte geral; Art. 481 CC –
contratos em espécie;  Princípio básico da interpretação dos
contratos.
Princípios fundamentais do direito contratual A) Boa fé: deve o interprete presumir que os
(não são absolutos): contratantes procedam com lealdade, pois
a boa-fé se presume, ao passo que a má fé
 Princípio da autonomia da vontade: significa a deverá ser provada. (ARTIGOS 113 E 422
ampla liberdade de contratar. Tem as partes a C.C.)
faculdade de celebrar ou não contratos, sem B) conservação do contrato: é uma cláusula
qualquer interferência do Estado. contratual permitida as interpretações,
 Princípio da supremacia da ordem pública: prevalecerá a que possa produzir algum
limita o princípio da autonomia da vontade, efeito.
dando prevalência ao interesse público.  Regras interpretativas:
 Princípio do consensualismo: basta o acordo A) quando houver no contrato de adesão
de vontades, independentemente da coisa, de cláusulas ambíguas ou contraditórias deverá ser
para o aperfeiçoamento do contrato. Os adotada a intepretação mais favorável ao aderente.
contratos são, em regra, consensuais. Alguns (ARTIGO 423 C.C.)
poucos, no entanto, são reais, porque somente B) a transação interpreta-se restritivamente.
se aperfeiçoam com a entrega do objeto, (ARTIGO 844 C.C.)
subsequente ao acordo de vontades (depósito C) a fiança não admite interpretação extensiva.
ou contrato, por exemplo). (ARTIGO 819 C.C.).
 Princípio da relatividade dos contratos: funda-  Partos sucessórios: não pode se
se na ideia de que os efeitos dos contratos só objeto de contrato a herança de
se produzem em relação às partes, não pessoa viva, dispõe o ART 126 C.C.,
afetando terceiros, salvo algumas exceções afastando a sucessão contratual. O
previstas em lei (ex: estipulação em favor de nosso ordenamento só admite duas
terceiro). formas de sucessão causa mortis: a
 Princípio da obrigatoriedade dos contratos: legítima e a testamentária. No C.C.,
decorre da convicção de que o acordo de somente a partilha intervivos,
vontades faz lei entre as partes (pacta sunt permitida no ARTIGO 2018 C.C. pode
servanda – o contrato faz lei entre as partes), ser considerada exceção a norma do
não podendo ser alterado nem mesmo pelo ARTIGO 426.
juiz.  Formação dos contratos – ART. 427.
 Princípio da Revisão dos contratos:  ELEMENTOS: o contrato resulta de
também chamada de “princípio da duas manifestações de vontade. A
onerosidade excessiva”. Opõe-se as da proposta (oferta, participação,
obrigatoriedade, pois permite aos negociação ou proposta) e a
contratantes recorrerem ao judiciário para aceitação. E não depende de forma
obter alteração da concessão e condições especial.
mais humanas caso a prestação se torne  A proposta no código civil: É
excessivamente onerosa em virtude de antecedida de uma fase de
negociações preliminares ( fase de  Bilaterais: são os que geram
puntação – negociação preliminar), obrigações para ambos os
em que não há vinculação ao contratantes. EX.: compra e venda,
negócio. A proposta, desde que séria locação e etc.
e consciente, vincula o proponente  Plurilaterais: são os que contém mais
(art. 427 c.c.). A sua retirada sujeita de duas partes. EX.: contratos de
o proponente ao pagamento de sociedade, consórcios e etc. obs.: não
perdas e danos. O código civil abre é o número de pessoas, mas o
exceções a essa regra no artigo 498 número de polos.
c.c.  Gratuitos ou benefícios: são os
 A aceitação: é a concordância com os contratos em que apenas uma das
termos da proposta, a manifestação partes aufere benefícios ou
de vontade imprescindível para que vantagens.
se repute concluído o contrato.  Onerosos: são os que ambos os
 Requisitos: deve ser puro e simples. contratantes obtém proveito, ao qual
Se apresentada fora do prazo, com corresponde em sacrifício. Ex.:
adições, restrições ou modificações compra e venda.
importará nova proposta (art. 431  Comutativos: são os contratos de
C.C.), denominada contra proposta. prestações certas e determinas,
Pode ser expressa ou tácita (art. 432 porque não envolvem nenhum risco.
C.C.)  Aleatórios: são os que se
 Hipóteses em que a aceitação não caracterizam pela incerteza. Os
tem força vinculante: a) quando contratos de jogos, apostas e seguro
chegar tarde ao conhecimento do são aleatórios por sua natureza,
proponente, caso em que este deverá porque a álea, o uisco, lhes é
avisar o aceitante, sob pena de peculiar. Os tipicamente
perdas e danos, art. 430 c.c. b) se comutativos, que se tornam
antes dela ou com ela chegar ao aleatórios em razão de certas
proponente a retratação do aceitante, circunstâncias denominam-se
art. 433 c.c. acidentalmente aleatórios (venda de
 Contrato entre ausentes: entre os coisas futuras e de coisas existentes,
presentes os contratos reputam-se mas expostas a risco).
concluídos no momento da aceitação.  Quanto a formação: a) Paritórios: são
Já entre os ausentes, por contratos do tipo tradicional, em que
correspondência ou intermediários, a as partes discutem livremente as
reposta passa por três fases. condições, porque se encontram em
Divergem os autores quanto à pé de igualdade (par a par). b) de
conclusão do negócio. Há duas adesão: são os que não permitem
teorias: a) da informação ou cognição essa liberdade, devido a
– aperfeiçoa-se o negócio quando o preponderância da vontade de um
policitante (exponente) toma dos contratantes, que elabora todas
conhecimento da resposta. B) da as cláusulas. O outro adere ao
declaração ou agnição – subdivide-se modelo previamente confeccionado,
em três: 1. Da declaração não podendo modificar as cláusulas
propriamente dita (considera o (consórcio, seguro, transporte etc) art
momento da redação. 2. Da 423 e 424 C.C.
expedição. 3. As recepção (entrega ao  Contrato-tipo ( de massa, em série ou
destinatário) por formulários): aproxima-se do
 Teoria adotada pelo código civil: contrato de adesão, porque é
embora o artigo 434 C.C. aponte o apresentado em fórmula impressa ou
momento em que a resposta é datilografada, mas dele difere o que
expedida, o aludido diploma, ao admite discussão em branco para
permitir a retratação da aceitação, na serem preenchidos pelo concurso de
verdade, filiou-se a teoria da teoria da vontades.
recepção.  Quanto ao momento da execução: a)
 Lugar de celebração: segundo dispõe de execução instantânea: são os que
o artigo 435 do C.C. “ reputarse-á se consumam num só ato, sendo
celebrado o contrato no lugar em que cumpridos imediatamente após sua
foi proposto.” A LINDB, art. 9 celebração. EX.: compra e venda à
parágrafo 2º diz que “ a obrigação vista. B) Contratos de execução
resultante do contrato reputa-se se diferida: são os que devem ser
constituída no lugar em que residir o cumprida também em um só ato,
proponente.” mas em momento futuro.
 Classificação dos contratos:  Contratos de execução continuada ou
 Quanto aos efeitos: trato sucessivo: são os que se
 Unilaterais: são os contratos que cumprem por meio de atos
criam obrigações unicamente para reiterados. EX.: contrato de aluguel.
uma das partes. EX.: doação pura;  Quanto ao agente:
contrato de depósito;
 A) Personalíssimo ou intuito
personae: são celebrados em atenção
às qualidades pessoais de um dos
agentes.
 B) Impessoais: são aqueles cuja
prestação pode ser cumprida,
indiferentemente pelo obrigado ou
por terceiro.
 C) Individuais: são aqueles em que as
vontades são individualmente
consideradas, ainda que envolvam
várias pessoas.
 D) Coletivos: são os que perfazem
pelo acordo de vontades entre duas
pessoas jurídicas de direito privado,
representativas de categorias
profissionais.
 Quanto ao modo de existirem:

 a) Principal: trata-se
de contrato fruto da convergência
de vontades, estabelecendo relação
jurídica originária entre as partes.
 b) Acessório ou adjeto: espécie
de contrato que se constitui em
função do contrato principal, sendo
garantia ou complementação deste.
 c) Derivado ou
subcontratos : configura
um contrato novo que só surge em
razão da existência de uma relação
jurídica contratual pretérita. Não se
comunica, porém com
o contrato principal.
 Quanto a forma:
 Solene ou
formal: aquele contrato que deve
respeitar os requisitos estipulados
em lei para que haja sua validade.
AD SOLEMNITATEM. EX.: contrato
de compra e venda de imóvel,
casamento).
 Não solene ou informal: são os de
forma livre. Basta o consentimento
para sua formação,
independentemente da entrega da
coisa ou da observância de
determinada forma. São também
chamados de consensuais. Em
regra, a forma dos contratos é livre
(art. 107), podendo ser celebrados
verbalmente se a lei não exigir forma
especial.
 Real: opõem-se aos consensuais ou
não solenes. São os que exigem,
para se aperfeiçoarem, além do
consentimento, a entrega da coisa
que lhe serve como objeto.
(Depósito, comodato ...)
 Quanto ao objeto:
 Preliminar ou pactum
contrahendo ou pré- contrato: é o
que tem por objeto a celebração de
um contrato definitivo. Tem,
portanto, um único objetivo.
Quando este imóvel é determinado
promessa de compra e venda, ou
compromisso de compra e venda.
 Definitivo: tem objetos diversos, de
acordo com a característica de cada
um.

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