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Quinta-feira.

25 de Agosto de 1988 I SÉRIE — Número 34

BOLETIM DA REPUBLICA
PUBLICACÃO OFICIAL DA REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE

2.° SUPLEMENTO
IMPRENSA NACIONAL DE M O Ç A M B I Q U E das atribuições conferidas pelo artigo 51 da Constituição
da República.
A V I S O 1. No domínio do estudo, investigação e exploração dos
A materia a publicar no «Boletim da Republica» deve ser remetida em
recursos minerais, através da Lei n.° 1 /88, de 29 de Janeiro,
cópia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além a Comissão Permanente da Assembleia Popular atribuiu
das indicações necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, ao Conselho de Ministros a competência para regulamentar
assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim da República». sobre a matéria relacionada com o fomento mineiro e com
o apoio financeiro às indústrias extractivas.
SUMARIO 2. Pela Lei n.° 2/88, de 29 de Janeiro, a Comissão Per-
manente da Assembleia Popular aprovou a introdução de
uma nota de cinco mil meticais na estrutura de notas com
Assembleia Popular; curso legal obrigatório no País, para responder à necessi-
dade de ter uma nota de valor facial mais elevado, resul-
Resolução n.° 8/88:
tante das medidas de reajustamento dos preços e dos salá-
Ratifica as Leis n.° 1, 2, 3 e 4/88, respectivamente de 29 rios operados no quadro do Programa de Reabilitação Eco-
de Janeiro c 12 de Malo.
nómica.
Resolução 9/88: 3. Com a aprovação da Lei n.° 3/88, de 12 de Maio, a
Ratifica a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, Comissão Permanente da Assembleia Popular alterou a Lei
cujo texto em anexo faz parte integrante deste diploma. n.° 3/88, de 19 de Janeiro, referente ao Imposto sobre
o Rendimento do Trabalho. A alteração consistiu, por um
Resolução n.° 10/88: íado, na fixação de uma taxa de imposto mais favorável
Ratifica a Convenção sobre a entrega de pessoas condenadas e mais suave para os rendimentos mais baixos e, por outro
â penas privativas de Fberdade a fim de as cumprirem no lado, isentou deste imposto os contribuintes com salário
Estado de que são cidadãos, cujo texto em anexo faz parte
integrante deste diploma. inferior a 13 000,00 MT.
4. Por último, pela Lei n.° 4/88, de 12 de Maio, a Co-
Resolução n.° 11/88: missão Permanente da Assembleia Popular alterou a Lei
Ratifica a Convenção da OUA relativa a aspectos específicos n.° 13/87, de 18 de Dezembro, relativa ao Orçamento do
dos problemas dos refugiados em África, de 10 de Setembro Estado para 1988.
de 1969, cujo texto em anexo faz parte integrante desta
resolução. Foram definidos novos montantes globais quer para as
despesas correntes quer para as despesas de investimentos,
Resolução n.° 12/88: aumentando os respectivos limites previstos anteriormente
Ratifica o Protocolo Adicional à Convenção de Genebra sobre no Orçamento do Estado para 1988 o que significou um
o Estatuto do Refugiado. de 31 de Janeiro dc 1967, cujo aumento do défice orçamental, justificado pela necessidade
texto em anexo faz parte integrante da presente resolução. de reforçar verbas para despesas com a alimentação e com
o alargamento das representações diplomáticas da Repú-
blica Popular de Moçambique no exterior.
ASSEMBLEIA POPULAR Assim assumindo as necessidades da presente fase do
processo de recuperação económica, a Comissão Perma-
R e s o l u ç ã o n.° 8 / 8 8 nent e da Assembleia Popular aprovou e veio agora subme-
ter a ratificação da 4.a Sessão da Assembleia Popular os
de 25 de Agosto
actos legislativos por ela praticados após a 3.a Sessão reali-
No período compreendido entre a 3.a Sessão e a presente zada em Dezembro de 1987.
4. a Sessão da Assembleia Popular, a Comissão Permanente Nestes termos, e fazendo uso da competência que lhe
da Assembleia Popular aprovou quatro leis. no exercicio é conferida pela alínea g) do artigo 44 da Constituição da
Republica, a Assembleia Popular, reunida na 4 a Sessão em Povos, prevendo nomeadamente a instituição de órgãos de
Agosto de 1988, determina a ratificação das seguintes leis promoção e de protecção dos direitos do Homem e dos
Lei n ° 1/88, de 29 de Janeiro — que atribui compe- Povos.
tência ao Conselho de Ministros para regular sobre Considerando a Carta da Organização da Unidade Afri-
o fomento mineiro; cana, nos termos da qual (a liberdade, a igualdade, a jus-
Lei n.° 2/88, de 29 de Janeiro — que introduz a nota tiça e a dignidade), são objectivos essenciais à realização
de cinco mil meticais, das aspirações legítimas dos povos africanos
Lei n ° 3/88, de 12 de Maio — que altera a Lei do Reafirmando o compromisso solenemente tomado no ar-
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho; tigo 2 da referida Carta de eliminar sob todas as suas for-
Lei n.° 4/88, de 12 de Maio — que altera o défice mas o colonialismo em Africa, de coordenar e intensificar
do Orçamento do Estado para 1988 a sua cooperação e esforços a fim de oferecer melhores
condições de assistência aos povos de Africa, de favorecer
Aprovada pela Assembleia Popular a cooperação internacional tendo devidamente em conta
a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos
O Presidente da Assembleia Popular, Marcelino dos
Direitos do Homem.
Santos
Tendo em conta os valores de suas tradições históricas
Publique-se e da civilização africana que devem inspirar e caracterizar
as suas reflexões sobre a concepção dos direitos do Homem
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO e dos Povos;
Reconhecendo que por um lado, os direitos fundamentais
do ser humano baseiam-se nos atributos humanos, o que
justifica a sua protecção internacional e que por outro lado,
Resolução n.° 9/88 a realidade e o respeito dos direitos dos povos devem
d e 25 de Agosto necessariamente garantir os direitos do homem,
Considerando que o gozo dos direitos e liberdades im-
A X V I I I Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo plica o cumprimento dos deveres de cada um,
da Organização da Unidade Africana, reunida em Nairobi, Convictos de que é essencial conceder doravante, uma
Kénia, em Julho de 1981, aprovou a Carta Africana dos atenção particular ao direito do desenvolvimento que os
Direitos Humanos e dos Povos, também conhecida por direitos civis e políticos são indissociáveis dos direitos eco-
Carta de Banjul nómicos, sociais e culturais garante o gozo dos direitos civis
Este importante documento consagra os princípios uni- e politicos,
versais do respeito pela dignidade humana e do direito dos Conscientes do seu dever de libertar totalmente a Africa
povos ã sua autodeterminação, independência, paz e pro- cujos povos continuam a lutar pela sua verdadeira inde-
gresso pendência e dignidade e comprometendo-se a eliminar o
A Constituição da República Popular de Moçambique, colonialismo, o neocolomalismo, o apartheid, o sionismo, as
em muitas das suas disposições, reconhece e garante a apli- bases militares estrangeiras de agressão e de todas as formas
cação destes princípios que, já durante a Luta Armada de discriminação nomeadamente as que são baseadas na
de Libertação Nacional, haviam sido materializados e de- raça, etnia, cor, sexo, língua, religião ou opinião política,
senvolvidos pela Frente de libertação de Moçambique Reafirmando a sua dectsao is liberdades e aos direitos
(FRELIMO)
do Homem e dos Povos contidos nas declarações, conven-
Nestes termos, usando das faculdades que lhe são confe ções e outros instrumentos adoptados no quadro da Orga-
ridas pela alínea e) do artigo 44 da Constituição da Re- nização da Unidade Africana, do Movimento dos Países
pública, a Assembleia Popular determina Não-Alinhados e da Organização das Nações Unidas
Único É ratificada a Carta Africana dos Direitos Huma- Firmemente convencidos do seu dever de assegurar a
nos e dos Povos, cujo texto em anexo faz parte integrante promoção e a protecção dos direitos e liberdade do Homem
deste diploma. e dos Povos, tendo devidamente em conta a ímportânc
primordial tradicionalmente dispensada em Africa a estes
Aprovada pela Assembleia Popular direitos e liberdades convieram no seguinte
O Presidente da Assembleia Popular, Marcelino dos PRIMEIRA PARTE
Santos
Dos direitos e dos deveres
Publique-se
CAPITULO 1
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO Doa direitos do Homem e dos Povos

Artigo 1 Os Estados Membros da Organização da Uni-


dade Africana, partes da presente Carta, reconhecem os
Carta Africana dos Direitos d o Homem e dos Poros direitos, deveres e liberdades enunciados nesta Carta e
PREAMBULO comprometem-se a adoptar medidas legislativas ou outras
para as aplicar.
Os Estados africanos membros da OUA, partes da pre Art 2 Toda i pessoa tem direito ao gozo dos direitos
sente Carta com o título de «Carta Africana dos Direitos e liberdades reconhecidos e garantidos na presente Carta
do Homem e dos Povos» sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de etnia,
Relembrando a decisão 115 ( X V I ) da conferência dos de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política
Chefes de Estado e de Governo, na sua- décima seita ses- ou de qualquer outra opinião de origem nacional ou social,
são ordinária realizada em Monrovia (Libéria) de 17 a 20 de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação
de Julho de 1979, relativa à elaboração de um antepro- Art 3 — 1 Todas as pessoas beneficiam de uma total
jecto da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos igualdade perante a lei
2 Todas as pessoas tem direito a uma igual protecção conformidade com a lei de cada pais e as convençoes inter
da lei nacionais
Art 4 A pessoa humana e invrolavel Todo o ser humano 4 O estrangeiro legalmente admitido no teiritorio de um
tem direito ao respeito pela vida e integridade física e mo Estado faz parte da presente Carta nao podei a ser dai
ral da sua pessoa Ninguém pode ser privado arbitraria expulso a nao ser que a decisão esteja em conformidade
mente deste direito com a lei
Art 5 Todo o individuo tem direito ao respeito pela 5 É proibida a expulsão colectiva de estrangeiros
dignidade inerente a pessoa humana e ao reconhecimento A expulsão colectiva e a que pisa. globalmente grupos
da sua personalidade jurídica Todas as formas de expio nacionais, raciais étnicos ou religiosos
ração e de degradação do homem nomeadamente a escra Art 13 — 1 Todos os cidadaos têm o direito de partici
vatura, o trafego de pessoas a tortura física ou moral e as par livremente na direcção dos assuntos públicos do seu
penas ou tratamentos cruéis inumanos ou degradantes são pais seja directamente seja por intermédio de represen
proibidos tantes escolhidos livremente em conformidade com as re
Art 6 Todo o individuo tem direito a liberdade e a gras estabelecidas pela lei
segurança pessoal Ninguém pode ser privado da sua líber 2 Todos os cidadãos tem igualmente direito de aceder
dade salvo por motivos ou condições previamente deter as funções publicas dos seus países
minados pela lei particularmente ninguém pode ser preso 3 Toda a pessoa tem o direito de usar os bens e serviços
ou detido arbitrariamente públicos na base da estreita igualdade de todos perante
Art 7 Toda a pessoa tem direito a que a sua causa seja a lei
atendida Este direito abrange
Art 14 O direito de propriedade e garantido Não pode
а) O direito de recorrer as jurisdições nacionais com ser lesado a não ser por necessidade publica ou no inte
petentes de todo e qualquer acto violando os resse geral da colectividade em conformidade com as dis
direitos fundamentais que lhe são reconhecidos posições das leis especificas
e garantidos pelas convenções leis regulamentos
Art 15 Toda a pessoa tem o direito de trabalhar em
e costumes em vigor
condiçoes equitativas e satisfatórias e de receber um sala
riorgual por um trabalho igual b)
que a sua culpa seja estabelecida pela jurisdição
Art 16— 1 Toda a pessoa tem o direito de gozar o
competente
melhor estado dc saúde física e mental que a mesma possa
c) O direito a defesa incluindo o facto da se fazer
atingir
assistir por um defensor da sua escolha
2 Os Estados Partes da presente Carta comprometem se
d) O direito de ser julgado num prazo razoavel por
a tomar as medidas necessárias com vista a proteger a saúde
uma jurisdição imparcial
das suas populações e de lhes assegurar a assistência me
dica em caso de doença
Ninguém pode ser condenado por uma acçao ou omissão
Art 17— 1 Toda a pessoa tem direito a educação
que não constitua no momento em que teve lugar uma
2 Toda a pessoa pode tomar livremente parte na vida
infracção legalmente punível
cultural da comunidade
Nenhuma pena pode ser inflingida se a mesma não for
3 A promoção e a protecção da moral dos valores tra
prevista no momento em que a infraccao for cometida
dicionais reconhecidos pela comunidade constituem um
A pena e pessoal e so pode atingir o delinquente
dever do Estado no quadro da salvaguarda dos direitos
Art 8 A liberdade dc consciência a profissão e a pratica do Homem
livre da religião sao garantidas Sob reserva da ordem pu Art 18— l A família e o elemento natural e a base
blica ninguém pode ser objecto de medidas de coacção da sociedade Ela deve ser protegida pelo Estado que deve
visando restringir a manifestação das suas liberdades velar pela sua saúde física e moral
Art 9 — 1 Toda a pessoa tem direito a informaçao 2 O Estado tem obrigação de assistir a família na sua
2 Toda a pessoa tem direito de exprimir e divulgar as missão de guardiã da moral e dos valores tradicionais reco
suas opiniões no quadro das leis e regulamentos nhecidos pela comunidade
Art 1 0 — 1 Toda a pessoa tem direito de constituin 3 O Estado tem o devei de velar pela eliminacao de
livremente associacoes sob reserva de se conformar com as qualquer discriminação contra a mulher e de assegurar a
regras estabelecidas pela lei protecção dos direitos da mulher e da criança tais como
2 Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma se encontram estipulados nas declarações e convencões
associação sob reseiva da obrigação de solidariedade pre internacionais
vista no artigo 29 4 As pessoas idosas ou deficientes tem rgualmente di
Art 11 Toda a pessoa tem direito de reunir livremente rei to a medidas especificas de proteccao de acordo com
com outras Esse direito exerce se sob a unica reserva das as suas necessidades físicas ou morais
restrições necessárias estabelecidas pelas les e regulamen Art 19 Todos os povos sao iguais gozam da mesma
tos, nomeadamente no interesse da segurança de outrem dignidade e têm os mesmos direitos Nada pode justificai
da moral ou dos direitos e liberdades das pessoas a dominação de um povo por um outio
Art 1 2 — 1 Toda a pessoa tem o direito de circular Art 20 — 1 Todo o povo tem direito a existencia
livremente e de escolher residência no interior dum Estado Todo o povo tem o direito imprescitivel e inalienavel a
sob reserva de se conformar as regras estabelecidas pela lei autodeterminação Determina livremente o seu estatuto po
2 Toda a pessoa tem o direito de deixar qualquer pais ÍItICO e assegura o seu desenvolvimento economico e social
incluindo o seu e die regressar ao mesmo Este direito so segundo a via que livremente escolheu
pode ser objecto de restrições que estejam previstas na lei 2 Os povos colonizados ou oprimidos tem o direito de
necessarias para proteger a segurança nacional a ordem se libertarem da dominação recorrendo a todos os meios
publica, a saúde ou moral publica reconhecidos pela comunidade internacional
3 Toda a pessoa tem o direito em caso da perseguição 3 Todos os povos têm direito a assistência dos Estados
de procurar e de receber asilo em territorio estrangeiro em Partes da Presente Caria na sua luta de libertação contra
a dominação estrangeira, seja ela de ordem política, econó- CAPITULO II
mica ou cultural Dos deveras
Art 21 — 1 Os povos são livres de dispor das suás
riquezas e dos seus recursos naturais Este direito é exer- Art 27 — 1 Cada indivíduo tem deveres para com a
cido no interesse exclusivo das populações Em nenhum famila e a sociedade, para com o Estado e outras colecti-
vidades legalmente reconhecidas e para com a comunidade
caso, o povo deve ser privado disso
internacional
2 Em caso de espoliação, o povo espoliado tem direito 2 Os direitos e liberdades de cada pessoa exercem-se
à legítima recuperação dos seus bens assim como a uma no respeito do direito de outrem, da segurança colectiva,
indemnização adequada da moral e do interesse comum
3 A livre disposições das riquezas e dos recursos natu Art 28 Cada indivíduo tem o dever de respeitar e con-
rais é exercida sem prejuízo da obrigação de promover siderar os seus semelhantes sem discriminação alguma, e
uma cooperação económica internacional baseada no res de manter com eles, relações que permitam promover,
peito mútuo, troca equitativa e os princípios do direito salvaguardar e reforçar o respeito e a tolerância recíprocas
internacional Art 29 Além disso o indivíduo tem o dever
4 Os Estados Partes da presente Carta comprometem-se 1 De preservar o desenvolvimento harmonioso da
tanto individual como colectivamente, a exercer o direito família e de trabalhar a favor da coesão e do
de disporem livremente das suás riquezas e dos seus recur- respeito da mesma, de respeitar em qualquer
sos naturais, com vista a reforçar a unidade e a solidarie- momento os seus parentes, de os alimentar, e
dade africana de os assistir em caso de necessidade
5 Os Estados Partes da presente Carta, comprometem-se 2 De servir a comunidade nacional pondo ao seu
a eliminar todas as formas de exploração económica estran- serviço as suás capacidades físicas e intelec-
geira, nomeadamente a que é praticada por monopólios tuais
internacionais, a fim de permitir às populações de cada 3 De preservar e de reforçar a solidariedade social
país de beneficiar plenamente das vantagens provenientes e nacional, sobretudo quando é ameaçada.
dos seus recursos naturais 4 De não comprometer a segurança do Estado de
Art 22 — 1 Todos os povos têm direito ao seu desen- que é nacional ou residente
volvimento económico, social e cultural, no respeito pela 5 De preservar e de reforçar a independência nacio-
sua liberdade e identidade e a usufruir de forma igual do nal, a integridade territorial da pátria e, de
património comum da humanidade maneira geral contribuir para a defesa do seu
2 Todos os Estados têm o dever, separadamente ou em país, nas condições estabelecidas pela lei
cooperação de assegurar o exercicio do direito ao desen- 6 De trabalhar, na medida das suás capacidades e
volvimento possibilidades, e de pagar as contribuições esta-
belecidas pela lei para salvaguardar os intéressés
Art. 23 — 1 Os povos têm direito à paz e à segurança
fundamentais da sociedadè
tanto no plano nacional como no internacional O princí-
7 De zelar, nas relações com a sociedade, pela pre-
pio de solidariedade e das relações de amizade afirmada
servação e pelo reforço dos valores culturais
implicitamente pela Carta da Organização das Nações Uni- africanos positivos, num espírito de tolerância,
das e reafirmada pela Organização da Unidade Africana de diálogo e de concertação e, de uma maneira
deve presidir às relações entre os Estados geral, de contribuir para a promoção da saúde
2 Com o objectivo de reforçar a paz, solidariedade e as moral da sociedadè
relações de amizade, os Estados Partes da presente Carta, 8 De contribuir com todas as suás capacidades e qual-
comprometem-se a proibir quer momento e a qualquer nível, para a pro-
a) Que uma pessoa gozando do direito de asilo nos moção e a realização da Unidade Africana
termos do artigo 12 da presente Carta empre
enda uma actividade subversiva dirigida contra SEGUNDA PARTE
o seu pais de origem ou contra qualquer outro
país parte da presente Carta, Das medidas de salvaguarda
b) Que os seus territórios sejam utilizados como base CAPÍTULO I
de actividades subversivas ou terrorristas diri-
Da composição e da organização
gidas contra o povo de um Estado Parte da
da Comissão Africana dos Direitos do Homem
presente Carta e dos Povos
Art 24 Todos os povos têm direito a um meio ambiente Art 30. É criada junto da Organização da Unidade
satisfatório e global, propício ao seu desenvolvimento Africana uma Comissão Africana dos Direitos do Homem
Art 25 Os Estados Partes da presente Carta têm o e dos Povos abaixo denominada «A Comissão» encarregada
dever de promover e de assegurar, através do ensino, da de promover os direitos do Homem e dos Povos e de asse-
educação e da difusão, o respeito dos direitos e liberdades gurar a sua preservação em África
contidos na presente Carta e tomar medidas com vista a Art 31 — 1 A Comissao compõe-se de onze membros
que estas liberdades e direitos sejam compreendidos assim que devem ser escolhidos entre as personalidades africanas
como as obrigações e deveres correspondentes disfrutando da mais alta consideração conhecidas pela sua
Art 26 Os Estados Partes da presente Carta têm o dever moralidade, integridade e imparcialidade possuindo com-
de garantir a independência dos tribunais e de permitir petência em matéria de direitos do Homem e dos Povos,
o estabelecimento e o aperfeiçoamento das instituições devendo ser favorecida a participação de pessoas que pos-
nacionais apropriadas e encarregadas da promoção e pro- suem experiência em matéria de Direito
tecção dos direitos e liberdades garantidos na presente 2 Os membros da Comissão tomam parte a título
Carta pessoal
Art 32 A Comissão nao pode incluir mais de um na previstas pela convenção sobre os privilégios e imunidade
cional do mesmo Estado da Organização da Unidade Africana
Art 33 Os membros da Comissão sao eleitos por escru Art 44 Os emolumentos e gratificações dos membros
timo secreto pela Conferência dos Chefes de Estado e de da Comissão são previstos no orçamento regular da Orga
Governo na base de uma lista de pessoas apresentadas nização da Unidade Africana
para este fim, pelos Estados Partes da presente Carta
CAPÍTULO 11
Art 34 Cada Estado Parte da presente Carta pode
apresentar o máximo de dois candidatos Estes devem ter Das competências da Comissão
a nacionalidade de um dos Estados Partes da presente Art 45 A Comissão tem por missão
Carta Quando dois candidatos são apresentados por um 1 Promover os direitos do Homem e dos Povos e no
Estado um dos dois nao pode ser nacional deste Estado meadamente
Art 35 — 1 O Secretario Geral da Organização da Uni
a) Compilar a documentação fazer estudos e pesqui-
dade Africana convida os Estados Partes da presente Carta
sas sobre os problemas africanos no domínio
a proceder num prazo de pelo menos quatro meses, antes
dos direitos do Homem e dos Povos, organizar
das eleições a apresentaçao dos candidatos a Comissão seminários, coloquios e conferencias divulgar
2 O Secretario Geral da Organização da Unidade Afri informações, encorajar os organismos nacionais
cana estabelece a lista por ordem alfabética das pessoas e locais que se ocupam dos direitos do Homem
assim apresentadas e comunica a pelo menos com um mês e dos Povos e se for preciso opinar ou fazer
de antecedência das eleições aos Chefes de Estado e do recomendações aos Governos
Governo b) Formular e elaborar com vista a servu de base
Art 36 Os membros da Comissão sao eleitos por um a adopção de textos legislativos pelos Governos
período de seis anos renovaveis O mandato de quatro dos africanos, princípios e regras que permitam re-
membros eleitos na altura da primeira eleição termina ao solver os problemas jurídicos relativos ao gozo
fim de dois anos e o mandato dos tres outros ao fim de dos direitos do Homem e dos Po\os c das líber
quatro anos dades fundamentais
Art 37 Imediatamente a seguir a primei ra eleição, os c) Cooperar com outras instituições africanas ou inter
nomes dos membros visados no artigo 36 sao tirados a nacionais que se interessem pela promoção e
sorte pelo Presidente da Conferencia dos Chefes de Estado protecção dos direitos do Homem e dos Povos
e do Governo da OU A
2 Assegurar a protecção dos direitos do Homem e dos
Art 38 Depois da sud elerção os membros da Comissão Povos nas condições fixadas pela presentc Carta
fazem a declaracao solene de executar bem e fielmente as 3 Interpretar qualquer disposição da presente Carta a
suas funções com toda a imparcialidade pedido de um Estado Parte de uma instituição da OUA
Art 39 — 1 Em caso de morte ou demissão de um ou de uma Organização Africana reconhecida pela OUA
membro da Comissão o Presidente da Comissão informa 4 Executar quaisquer outras tarefas que lhe forem even
disso imediatamente o Secretario Geral da OUA que de tualmente confiadas pela Conferência dos Chefes de Es
ciara o lugar vago a partn da data do falecimento ou da tado e de Governo
quela em que a demissão se concretize
CAPÍTULO III
2 Se por opinião unanime dos outros membros da Co
missão um membro cessou as suas funções por qualquer Do procedimento da Comissão
motivo que não seja uma ausência temporaria, ou se en Art 46 A Comissão pode recorrer a qualquer método
contre incapacitado de continuar a assumi las o Presidente de investigação apropriada, pode nomeadamente ouvir o
da Comissão informa o Secretario-Geral da Organização Secretario Geral da OUA e qualquer pessoa susceptível de
da Unidade Africana que declara então o lugar vago a elucidar das comunicações que provem dos Estados Par
3 Em cada um dos casos acima previstos a Conferência tes da presente Carta
dos Chefes de Estado e do Governo procede a substituição Art 47 Se um Estado Parte da presente Carta tem ra
do membro cujo lugar vagou para o período do mandato zoes para acreditar que um outro Estado igualmente parte
a cumprir, salvo se o mesmo for inferior a seis meses desta Carta infringiu as disposições desta pode chamar
Art 40 Todo o membro da Comissão conserva o seu por escrito a atenção do Estado sobre a questão Esta
mandato ate a data de entrada em função do seu sucessor comunicação sera igualmente enviada ao Sceretario Geral
Art 41 O Secretario Geral da OUA designa um Secre da OUA e ao Presidente da Comissão
ta no da Comissão e fornece alem disso o pessoal e os meios Num prazo de três meses a contar da recepcao da comu
e serviços necessários ao cumprimento efectivo das fun meação o Estado destinatario apresentara ao Estado que
ções atribuídas a Comissão enviou a comunicação explicações ou declaracoes escritas
A OUA responsabiliza se pelas despesas com esse pes elucidando a questão que abrangerao na medida do pos
soal meios e serviços sivel indicações sobre as leis e regulamentos de processo
Art 4 2 — 1 A Comissão elege o seu Presidente e Vice aplicavel ou aplicados e sobre as formas dc recutso quer
Presidente por um período de dois anos renováveis ja utilizados quer em instância ou quer ainda em aberto
2 Ela estabelece o seu regulamento interno Art 48 Se num prazo de tres meses a contar da data
3 O quórum e constituído por sete membros da recepção da comunicação original pelo Estado destina
4 Em caso de empate durante a votação o voto do Pre tario, a questão nao estiver resolvida a contenda dos dois
sidente e preponderante Estados interessados, pela via de negoetacao bilateral ou
5 O Secretario Geral da OUA pode assistir as reuniões através de qualquer outro processo pacifico tanto um
da Comissão Não participa nem nas deliberações nem como outro terão direito de submete Ia a Comissão através
nos votos Pode todavia ser convidado pelo Presidente da de uma notificação dirigida ao seu Presidente ao outro
Comissão a tomar a palavra Estado interessado e ao Secretario Geral da OUA
Art 43 No exercício das suas funções os membros da Art 49 Não obstante as disposiçoes do artigo 47 se um
Comissão gozam de privilégios e imunidade diplomáticas Estado Parte da presente Carta considera que um outro
Estado igualmente parte desta Carta violou as disposições Art 58— 1. I guando se consta na sequência de uma
desta pode submeter o caso. directamente à Comissão atra- deliberação da Comissão que uma ou várias comunicações
vés de uma comunicação dirigida ao seu Presidente, ao relatam situações particulares que pareçam revelar a exis-
Secretário-Geral da OUA e ao Estado interessado tência de um co junto de violações graves ou massivas
Art 50 A Comissão só pode conhecer de um caso que dos direitos do Pomem e dos Povos a Comissão chamará
lhe é submetido após ter-se assegurado que todos os recur- à atenção da Coi ferência dos Chefes de Estado e de Go-
sos internos existentes foram esgotados, a não ser que seja 'verno para essas situações
manifesto para a Comissão que a tramitação desses recur- 2. A Conferên ia dos Chefes de Estado e de Governo
sos se prolonga de uma forma anormal. pode então solicit I à Comissão que esta elabore um estudo
Art 51 — 1 A Comissão pode pedir aos Estados Partes aprofundado sobre tais situações e que informe num rela-
interessados que lhe sejam fornecidas todas as informações tório circunstancado acompanhado de conclusões e reco-
pertinentes mendações
2 No momento do exame do caso, os Estados Partes 3 Em casos ur entes e devidamente constatados pela Co-
interessados podem fazer-se representar perante a Comissão missão, esta con acta o Presidente da Conferência dos
e apresentar observações escritas ou orais Chefes de Estade e de Governo que poderá solicitar um
Art 52 Depois de obtidos junto dos Estados interessados estudo aprofunde lo
ou outras fontes, todas as informações que ela estima Art 59 — 1 Todas as medidas tomadas no quadro do
necessárias e depois de ter tentado por todos os meios presente capítulo permanecerão confidenciais até ao mo-
apropriados encontrar uma solução favorável baseada no mento em que a Conferência dos Chefes de Estado e de
respeito pelos direitos do Homem e dos Povos, a Comissão Governo decidiren em contrario
num prazo razoável a partir da notificação visada no ar- 2 O relatório publicado pelo Presidente da Comissão
tigo 48, um relatório dos factos e conclusões aos quais sob decisão da conferência dos Chefes de Estado e de
chegou Esse relatório é enviado aos Estados concernentes Governo
e comunicado à Conferência dos Chefes de Estado e do 3 O relatório de actividades da Comissão é publicado
Governo pelo seu Presidente depois de examinado pela Conferência
Art 53 No momento em que o relatório ê transmitido, dos Chefes de Es ado de Governo
a Comissão pode fazer à Conferência dos Chefes de Estado
e do Governo, as recomendações que achar útil CAPITULO IV
Art 54 A Comissão submete a cada uma das sessões Dos principios aplicáveis
ordinárias da Conferência dos Chefes de Estado e de Go-
verno um relatório das suas actividades. Art 60 A Comissão inspirta-se no Direito Internacional
Art 55 — 1 Antes de cada sessão o Secretário da Co- relativo aos direit s do Homem e dos Povos, nomeadamente
missão estabelece a lista das comunicações, outras que as nas disposições dos diversos instrumentos africanos rela-
dos Estados Partes da presente Carta, e comumca-as aos tivos aos direitos do homem e dos Povos, nas disposições
membros da Comissão que podem pedir para tomar conhe- da Carta das Nacoes Unidas, da Carta da Organização da
cimento delas e submetê-las à Comissão Unidade African , da Declaração Universal dos direitos
2 A Comissão apreciá-las-á a pedido da maioria abso do Homem, nas disposições de outros instrumentos adop-
luta dos seus membros tados pelas Naçoes Unidas e pelos países africanos no
Art 56 As comunicações referidas no artigo 55 rece- domínio dos dire tos do Homem e dos Povos assim como
bidas da Comissão e relativas aos direitos do Homem e dos as disposições dos diversos instrumentos adoptados no
Povos, devem necessariamente, para serem examinados, seio das instituiç es especializadas das Nações Unidas de
preencher as condições seguintes que são membro- as partes da presente Carta
Art 61. São tmadas em consideração pela Comissão,
1 Indicar a identidade do seu autor mesmo se este
como meios auxdiares de determinação das regras de
requeira à Comissão o seu anonimato,
Direito, as outras convenções internacionais sejam gerais,
2 Ser compatível com a Carta da Organização da
ou especiais que estabeleçam regras expressamente reconhe-
Unidade Africana ou com a presente Carta,
cidas pelos Estadas membros da Organização da Unidade
3 Não conter termos ultiajantes ou insultuosos em
Africana, as pratcas africanas conforme as normas inter-
relação ao Estado posto em causa, às suas insti-
nacionais relative aos direitos do Homem e dos Povos, os
tuições ou à OUA,
costumes geralmante aceites como sendo de direito, os
4 Não se limitar exclusivamente a reunir as notícias
princípios gerais de direitos reconhecidos pelas Nações
difundidas pelos meios de comunicação de
Africanas assim como a jurisprudência e a doutrina
massa,
5 Depois de terem-se esgotados todos os recursos Art 62 Cada Estado Parte compromete-se apresentar
internos existentes a ser que a Comissão consi- de dois em doisanOSa contar da data de entrada em vigor
dere que o processo desses recursos se prolonga da presente Cart , um relatório sobre medidas de ordem
de maneira anormal, legislativas ou ouras, tomadas no sentido de efectivar os
6 Ser introduzida num prazo razoável após se terem direitos e liberda es reconhecidos e garantidos na presente
esgotado os recursos internos ou depois da data Carta
fixada pela Comissão a partir da qual começa Art 63 — 1. A presente Carta estara aberta à assinatura,
a sua apreciação; a ratificação ou adesão dos Estados membros da Orga-
7 Não se referir a casos que tenham sido resolvidos nização da Unid. de Africana
de acordo com os princípios de Carta das Na- 2 Os instrume tos de ratificação ou de adesão da presen-
ções Unidas, da Carta da OUA e das disposi- te Carta serão d positados junto do Secretário-Geral da
ções da presente Carta Organização da Unidade Africana
3 A presente Carta entrará em vigor três meses depois
Art 57 Antes de qualquer exame do fundo da causa, da recepção pel. Secretário-Geral dos instrumentos da
qualquer comunicação deverá ser levada ao conhecimento ratificação ou de adesão da maioria absoluta dos Estados
do Estado interessado através do Presidente da Comissão membros da Org nização da Unidade Africana
TERCEIRA PAUTE Convenção sobre entrega de pessoas condenadas
a penas privativas de liberdade a fim de as cumprirem
Disposições diversas no Estado de que são cidadãos
Art. 64— 1. Depois da entrada cm vigor da presente Guiados pelo desejo de continuar a desenvolver as
Carta, proceder-se-á à eleição dos membros da Comissão relações de confiança e cooperação mútua, tomando em
nas condições fixadas pelo disposto nos artigos pertinentes consideração que o cumprimento de uma pena no Estado
da presente Carta. do qual o condenado é cidadão contribui dc forma mais
2. O Secretário da Organização da Unidade Africana efectiva para o melhoramento e reeducação do delinquente,
convocará a primeira reunião da Comissão na sede da e ainda partindo do princípio da Humanidade, os Estados
Organização. Em seguida, a Comissão será convocada cada signatários acordaram o seguinte:
vez que for necessário e peio menos uma vez por ano,
pelo seu Presidente. Artigo 1. O cidadão de um Estado signatário, que
Art. 65. Para cada um dos Estados que ratificaram a lenha sido condenado a uma pena privativa dc liberdade
presente Carta ou que a ela aderirem após a sua entrada num outro Estado signatário, sera entregue, por acordo
em vigor, a referida Carta produz efeitos três meses após a mútuo, ao seu Estado para que a pena seja cumprica no
data do depósito por esse Estado do seu instrumento de mesmo.
ratificação ou adesão. A cidadania do condenado determina-se pela legislação
Art. 66. Protocolos ou acordos particulares poderão em dos Estados participantes desta Convenção. É cidadão de
caso de necessidade completar as disposições da presente um Estado signatário quem possui»- a cidadã tia desse
Carta. Estado nos termos das leis vigentes do respectivo Estado.
Art. 67. O Secretário-Geral da Unidade Africana infor- Art. 2. A entrega do condenado ao Estado do qual e
mará os Estados membros da Organização da Unidade cidadão para o cumprimento da pena só te pode efectuar
Africana do depósito de cada instrumento de ratificação depois dc a sentença transitar em julgado.
ou de adesão. Art. 5. O condenado entregue ao Estado do qual e
Art. 68. A presente Carta pode ser emendada ou revista cidadão para efeitos de cumprimento da pena aplicada não
se um dos Estados Partes enviar para esse efeito um pe- deverá ser submetido a novo processo judicial pelo mesmo
dido escrito ao Secretário-Geral da OUA. O projecto da facto, excepto nos casos previstos no artigo 15 desta
emenda só é submetido à Conferência dos Chefes de Es- Convenção.
tado e de Governo quando todos os Estados Partes tiverem Art. 4. A entrega do condenado segundo os modos
sido devidamente avisados c a Comissão tenha dado o seu previstos nesta Convenção não se efectuará:
parecer à diligência do Estado requerente. A emenda deve
ser aprovada pela maioria absoluta dos Estados Partes. a) Se, segundo a legislação do Estado do qual o
Esta entra em vigor para cada Estado que a tenha aceite, condenado é cidadão, o facto pelo qual foi
em conformidade com as regras constitucionais, três meses condenado não for punível;
depois da notificação da aceitação, ao Secretário-Geral da b) Se. no Estado do qual o condenado é cidadão, tiver
OUA. sido proferida, pelo mesmo facto, sentença
condenatória ou absolutória transitada cm jul-
gado, ou se o processo penal tiver sido definiti-
vamente arquivado, ou ainda se lhe tiver sido
R e s o l u ç ã o n.° 1 0 / 8 8 remissa a pena pelos órgãos competentes deste
de 25 de Agosto Estado;
c) Sc, segundo a lei do Estado do qual o condenado
Em 19 de Maio de 1975 foi assinada em Berlim, capital é cidadão, a pena não poder ser cumprida
da República Democrática Alemã, por oito Estados socia- devido à prescrição ou a outro previsto na
listas, a «Convenção sobre a entrega de pessoas conde- lei desse Estado;
nadas a penas privativas dc liberdade a fim de as d) Se, o condenado tiver residência permanente no
cumprirem no Estado de que pão cidadãos». território do Estado cujo tribunal proferiu a
Baseia-se este importante convénio nos princípios da sentença;
reeducação do delinquente pelo trabalho, da sua reinserção e) Se os Estados não tiverem chegado a um entendi-
no seio da comunidade a que pertence e no respeito pelos mento quanto à entrega do condenado nos ter-
direitos humanos, princípios que sempre orientaram a mos das condições previstas nesta convenção.
política prisional no nosso País.
Nestes termos, a Assembleia Popular, usando das facul- Art. 5. A entrega do condenado para o cumprimento
dades que lhe são conferidas peia alínea e) do artigo 44 da pena será proposta pelo Estado cujo tribunal preferiu
da Constituição da República, determina: a sentença e só se efectuará se o Estado do qual o conde-
Cínico. É ratificada a «Convenção sobre a entrega de nado é cidadão se declara disposto a recebê-lo, cumprindo
pessoas condenadas a penas privativas de liberdade a fim as condições relativas à imposição da sentença, contidas
de as cumprirem no Estado dc que são cidadãos», cujo nesta Convenção. O Estado do qual o condenado é cida-
texto em anexo faz parte integrante deste diploma. dão poderá dirigir-se ao Estado cujo tribunal proferiu a
sentença a fim dc que este examine a possibilidade da
Aprovada pela Assembleia Popular. entrega.
O condenado e seus familiares terão o direito de efectuar
O Presidente da Assembleia Popular, Marcelino dos diligências junto dos órgãos competentes ou do Estado
Santos. cujo tribunal proferiu a sentença ou do Estado do qual o
condenado é cidadão, visando a entrega do condenado. O
Publique-se. condenado será informado da possibilidade de apresentar
tal requerimento.
O Presidente da República. JOAQuiM Alberto CHISSANO.
Art 6 Para efeitos de tratamento de assuntos regulados rias aplicadas na se tença, se estas ainda não tiverem sido
por esta Convenção, as relações serão mantidas directa- cumpridas e se, pel facto praticado, tais penas acessórias
mente pelos órgãos competentes dos Estados signatários estiverem previstas na lei desse Estado
Cada Estado signatário comunicará ao depositária a desig- A execução da ena acessória será determinada con-
nação do seu órgão competente forme previsto neste artigo
Art 7 Para efeitos de entrega do condenado para cum- Art 11 As pesso s entregues para o cumprimento da
primento de pena, o órgão competente do Estado cujo pena ao Estado de que são cidadãos estalão sujeitas às
tribunal proferiu a sentença, dingir-se-á ao órgão com- mesmas consequêne as jurídicas que aquelas que tiveren
petente do Estado do qual o condenado é cidadão sido condenadas po crimes análogos nesse Estado
O pedido sera feito por escrito, devendo ser acom-
panhado de Art 12 O órgão competente do Estado signatário ao
qual o condenado tver sido entregue para o cumprimento
a) Copias autenticadas da sentença e das decisões da pena comunicara ao órgão competente do Estado onde
tomadas por tribunais superiores, assim como se proferiu a senti iça a decisão tomada pelo tribunal
a certificação do trânsito em julgado das mes- conforme o artigo 0 desta Convenção, para efeitos de
mas, imposição da senter ca
b) Documentos que certificam qual a parte ja cum- Art 13 A realizaição de parte da pena não cumprida
prida da sentença e qual a parte ainda por antes da entrega d condenado, assim como a remissão
cumprir, segundo as leis do Estado cujo tribunal completa ou parcia da pena depois da decisão sobre a
proferiu a sentença, forma de realização da sentença, regem-se pela ler do
c) Documentos sobre o cumprimento de uma pena Estado ao qual o condenado tiver sido entregue
adicional caso tal pena tenha sido fixada,
A concessão de u dulto será feita pelo Estado signatário
d) Teor dos artigos da lei penal na base dos quais a ao qual o condenai o tiver sido entregue para efeitos de
pessoa foi condenada, cumprimento de pel a
e) Prova documental da nacionalidade do condenado,
f ) Outros documentos considerados necessários pelos Depois da entrega o condenado beneficiara da amnistia
órgãos do Estado cujo tribunal proferiu a decretada tanto pelo Estado cujo tribunal proferiu a
sentença, sentença como pelo Estado de que o condenado é cidadão
g) Tradução autenticada do pedido e dos documentos A revisão da sentença imposta ao condenado ja entregue
que o acompanham e o Estado do qual cidadão apenas poderá ser efectuada
por um tribunal do Estado em que a sentença for pronun-
Se necessário, os órgãos do Estado do qual o condenado ciada
é cidadão poderão pedir mais documentos e dados suple-
mentares Art 14 Se, depeis da entrega do condenado para o
cumprimento da pena, a sentença for modificada no Estado
Art 8 O órgão competente do Estado do qual o conde- signatário em que foi proferida, pública-forma dessa de-
nado e cidadão informara o mais brevemente possível o cisão e outros documentos necessários serão remetidos ao
órgão competente do Estado, cujo tribunal proferiu a órgão competente de Estado ao qual o condenado foi en-
sentença, sobre a sua aquiescência ou recusa de recebi tregue O tribunal lesse Estado determinará a execução
mento do condenado, conforme as condições previstas daquela decisão, de acordo com o disposto no artigo 10
nesta Convenção desta Convenção
Art 9 O lugar, o tempo e a forma de entrega do conde-
Se, depois da entrega do condenado para o cumprimento
nado serão acordados entre os órgãos competentes dos
da pena, a sentença for anulada no Estado em que for
Estados interessados
proferida, suspendei do-se o processo penal, a pública-for-
Art 10 A pena imposta ao condenado sera cumprida ma dessa decisão a sua tradução autenticada serão
com base na sentença do tribunal do Estado onde a pessoa remetidas sem demo a ao órgão competente do Estado ao
for condenada qual o condenado or entregue para efeitos da concreti-
O tribunal do qual o condenado é cidadão determinará zação da decisão
em conformidade com a sentença proferida a forma da sua
realização, estabelecendo dc acordo com as leis do seu Art 15 Se, depos da entrega do condenado para o
Estado, a mesma duração da pena privativa de liberdade cumprimento da pela, no Estado signatário em que for
que foi fixada na sentença proferida a sentença esta for anulada e se se determinar
uma nova investigaçao ou a realização de novos debates ju-
Se, de acordo com a lei do Estado do qual o condenado
diciais, a cópia desa decisão e os demais documentos
e cidadão, o limite máximo da pena de privação de líber
necessários ao novo ratamento do assunto serão remetidos
dade aplicavel pelo facto praticado, for menor que o
ao órgão competente do Estado ao qual o condenado tiver
imposto na sentença, o tribunal fixará como pena a cum-
sido entregue, para decidir sobre a sua responsabilidade
prir o limite máximo previsto na lei desse Estado por tal
pelo assunto, de accrdo com a lei desse Estado
facto
Nos casos em que, segundo a lei do Estado de que o Art 16 Os Estados signatários permitirão a passagem
condenado e cidadão, não se estabeleça, pelo facto prati- pelo seu território crando condenados forem entregues a
cado, pena de privação de liberdade, o tribunal, de acordo terceiros Estados signatários de acordo com esta Con-
com a lei do seu Estado fixará como pena a cumprir a venção Tal passagen sera permitida por requerimento
que melhor se ajuste a imposta na sentença do Estado do qual c condenado é cidadão
Relativamente a duração da pena será levada em conta Art 17 As despsas relacionadas com a entrega do
também a parte da pena já cumprida pelo condenado no condenado, antes desta efectuar, serão assumidas pelo
Estado cujo tribunal proferiu a sentença, procedendo-se Estado signatário on e tiverem sido originadas As demais
do mesmo modo se tiver sido determinada uma pena dife- despesas relacionada com a entrega do condenado, incluin-
rente da de privação de liberdade do as despesas com a passagem por um terceiro Estado,
O Inbunal do Estado de que o condenado é cidadão serão suportadas peo Estado do qual o condenado é
determinará igualmente o cumprimento das penas acessó- cidadão
Art. 18. As questõesresultantesda aplicação desta Con- lizada em Addis-Abeba em 10 de Setembro de 1969, apro-
venção serão resolvidas por coordenação entre os órgãos vou a Convenção relativa a aspectos específicos dos
competentes dos Estados signatários. problemas dos refugiados em Africa.
Art. 19. As determinações de outros acordos interna- Esta Convenção constitui um complemento regional para
cionais, dos quais os Estados signatários são partes contra- África da Convenção de Genebra de 28 de Julho de 1951.
tantes, não serão alteradas por esta Convenção. Considerando a especificidade e a importância das ques-
Art. 20. Esta Convenção precisará da ratificação pelos tões abordadas na Convenção, mostra-se necessário pro-
Estados que a assinaram. Os instrumentos de ratificação ceder à sua assinatura e ratificação por parte do nosso
serão depositados junto do Governo da República Demo- País.
crática Alemã que exercerá a função de depositário desta Nestes termos, usando da competência que lhe é atri-
Convenção. buída pela alínea e) do artigo 44 da Constituição da Re-
pública, a Assembleia Popular determina:
Esta Convenção entrará em vigor no nonagésimo dia
Único. £ ratificada a Convenção da OUA relativa a
contados a partir do dia em que for depositado, junto do
aspectos específicos dos problemas dos refugiados em
depositário, o terceiro instrumento da ratificação. Para o
África, de 10 de Setembro de 1969, cujo texto em anexo
Estado cujo instrumento de ratificação tiver sido deposi- faz parte integrante desta resolução.
tado depois desta Convenção ter entrado em vigor, ela
entrará em vigor no nonagésimo dia a contar e a partir Aprovada pela Assembleia Popular.
do dia em que o seu instrumento de ratificação tiver sido
depositado junto do depositário. O Presidente da Assembleia Popular, Marcelino dos
Art. 21. A presente Convenção lerá a validade por cinco Santos.
anos. contados a partir da data de entrada em vigor. Ex-
pirado este prazo, o período de validade da Convenção Publique-se.
prorrogar-se-á automaticamente por mais cinco anos, res- O Presidente da República,JOAQUIMALBERTOCHISSANO.
pectivamente.
Cada Estado signatário poderá denunciar a Convenção,
informando o depositário desta intenção, por escrito,
doze meces antes de expirar o respectivo período de vali- Convenção da OUA quanto a aspectos específicos
dade de cinco anos. de problemas de refugiados em África
Art. 22. A esta Convenção poderão aderir depois de ela
ter entrado em vigor e após consentimento de todos os Esta- P R E Â M B U L O
dos signatários, ainda outros Estados, entregando ao deposi-
tário a sua declaração de adesão Nós, Chefes de Estado e de Governo, reunidos na cidade
A adesão considerar-se-á como efectuada após noven- de Addis-Abeba, desde 6 a 10 de Setembro de 1969,
ta dias, contados a partir do dia em que o depôsiario 1. Observando o crescimento constante do número de
tiver recebido a última comunicação que atesta o consen- refugiados na África e desejosos de encontrar vias e meios
timento para esta adesão. de aliviar a sua miséria e sofrimento, assim como desejosos
Art. 23. O depositário comunicará, sem demora, a todos de lhes proporcionar uma vida e futuro melhores;
os Estados signatários desta Convenção ou àquelas que a 2. Reconhecendo a necessidade de uma aproximação
eia aderiram a data de depósito de cada documento de fundamentalmente humanitária com vista a resolver os
ratificação ou de cada declaração de adesão, a data da en- problemas de refugiados;
trada em vigor desta Convenção, assim como a data de 3. Conscientes, contudo, de que os problemas de refu-
recebimento de outros avisos que resuliarem desta Conven- giados constituem uma fonte de atritos entre muitos Esta-
ção. dos Membros, e desejosos de eliminar a fonte de tais dis-
Ari. 24. O depositário desta Convenção tomará as medi- córdias:
dasnecessáriasaoao registo da Convenção junto das Nações 4. Ansiosos de distinguir um refugiado que procura uma
Unidas, de acordo com a sua carta. vida pacífica e normal e aquela pessoa que abandona o seu
Art. 25. A presente Convenção será depositada junto País com o único objectivo de fomentar a subversão no
do depesitário. Este remeterá aos Estados que assinaram a exterior;
Convenção e que a ela aderiram as cópias autenticadas 5. Decididos de que as actividades de tais elementos
desta Convenção. subversivos seriam desencorajadores, relativamente à De-
Lavrada em Berlim, aos 19 de Maio de 1978, em um só claração acerca da questão da subversão e resolução quanto
exemlar em língua russa. ao problema dos Refugiados, adoptada em Accra, em 1965;
6. Conservando na memória que a Carta das Nações
Pela República Popular da Bulgária. Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos
Pela República Popular Húngara. têm afirmado o princípio de que os seres Humanos devem
Peia República Democrática Alemã. gozar os direitos e liberdades fundamentais sem discrimi-
Pela República de Cuba. nação ;
Peia República Popular da Mongólia. 7. Recordando a Resolução 23/12 (XXII) de 14 de
Pela República Popular da Polónia. Dezembro de 1967, da Assembleia Geral das Nações Uni-
Pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. das, referente à Declaração sobre o Asilo Territorial;
Pela República Socialista da Checoslováquia. 8. Convencidos de que todos os problemas do nosso
continente devem ser resolvidos dentro do espírito da Carta
da Organização da Unidade Africana e dentro do contexto
Resolução n.° 1 1 / 8 8 Africano:
de 25 de Agosto 9. Reconhecendo que a Convenção das Nações Unidas
de 28 de Julho de 1951 alterada pelo Protocolo de 31 de
A Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da Janeiro de 1967, constitui o instrumento básico e universal
Organização da Unidade Africana, na sua VI Sessão rea- quanto ao estatuto dos refugiados e reflecte a profunda
preocupação dos Estados quanto aos refugiados e o seu g) Que teu a infringido gravemente os fins e os ob-
desejo de estabelecer regras comuns para o seu tratamento, jectivos desta Convenção
10 Recordando as Resoluções 26 e 104 das Assembleias
dos Chefes de Estado e de Governo da OUA, e chamando 5 As disposicoes desta Convenção não se aplicarão a
a atenção dos Estados Membros da Organização que ainda nenhuma pessoa a respeito da qual o País de asilo tenha
nada fizeram para aderir à Convenção das Nações Unidas sérias razões part considerar que
de 1951 e ao Protocolo de 1967 relativos ao Estatuto dos a) Que ten a cometido um crime contra a Paz, um
Refugiados, de modo a, entretanto aplicarem as suas nor- crime de Guerra, um crime contra a Humani-
mas aos refugiados na África, dade, tal como vem definido nos instrumentos
11 Convencido de que a eficiência das medidas reco- internacionais referentes a tais crimes,
mendadas pela presente Convenção para solucionar o pro- b) Que tenl a cometido um crime grave, não político
blema dos refugiados na África precisa de uma colabora- fora xx País de asilo antes do pedido de admis-
ção estreita e contínua entre a Organização da Unidade são a ste País como refugiado,
Africana e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para c) Tenha silo culpado por actos contrários aos fins
os Refugiados e principios das Nações Unidas

Concordaram do modo seguinte 6 Para os fins lesta Convenção, os Estados Contratantes


que pretendem onceder o asilo deverão determinar se
ARTIGO 1 o requerente é u n refugiado
Definição do t e i m o «Refuigiado»
ARTIGO II
1 Para os fins desta Convenção, o termo «Refugiado» Asilo
significa todo aquele que, tendo um fundamentado receio
de ser perseguido em virtude da sua raça, religião, naciona- 1 Os Estado Membros da OUA envidarão os seus
lidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões melhores esforço no sentido de as respectivas legislações
políticas, se encontre fora do País de que tem a naciona- receberem refugi dos e assegurar a fixação daqueles refu-
lidade e não possa, devido àquele receio, ou não queira giados que, por em fundadas razões, não podem ou não
pedir a protecção daquele País, ou que, se não tiver nacio- querem regressar ao seu País de origem ou de nacionali
nalidade c estiver fora da Pais no quel tinha, a sua resi dade.
dência habitual, por causa daquelas razões, não possa ou, 2 A admissão da concessão de asilo traduz um acto
em virtude daquele fundamentado receio, não queira re- de paz e um act humanitário e não deve ser visto como
gressar a esse País acto de inimizad por parte de um Estado Membro
2 O termo «Refugiado» deve ser aplicado também a 3 Nenhuma pessoa deverá ser submetida por um Estado
todo aquele que, devido a uma agressão externa, ocupação, Membro a medic is como recusa junto da fronteira, o re-
dominação estrangeira ou a acontecimentos que alteram, gresso ou a expusão que poderiam levar ao regresso ou
em termos graves, a ordem pública numa parte ou em à permanêncianumn território onde a sua vida, integridade
todo o Pais de origem, seja obrigado a deixar o lugar da física ou liberdaco poderiam ser ameaçadas petos motivos
sua residência habitual, com a finalidade de pedir refúgio constantes dos § 1 e 2 do artigo I
em outro lugar fora do seu País de origem ou de naciona- 4 Sempre que um Estado Membro encontre dificuldades
lidade em continuar a g rantir o asilo aos refugiados, esse Estado
3 No caso de uma pessoa que tenha mais de uma nacio- Membro poderá "ecorrer directamente a outros Estados
nalidade, a expressão «O País do qual é nacional» refere-se Membros e atravis da OUA
a cada um dos países de que essa pessoa tem a naciona Tais Estados Hembros deverão dentro do espírito da
lidade Nao será considerada privada da protecção do País solidariedade afri ana e da cooperação internacional tomar
de que tem a nacionalidade qualquer pessoa que, sem medidas adequad s para aliviar a responsabilidade do Es-
razão válida, fundado num receio justificado, não tenha tado Membro qu garantia o asilo
pedido a protecção de um dos países de que tem a nacio-
5 Sempre que im refugiado nao tenha obtido o direito
nalidade
de residir em qua quer País do asilo, poderá ser garantida
4 Esta Convenção não se aplicará a qualquer refugiado a residência temp rária em qualquer País do asilo em que
que primeiramente se presentou como refugiado enquanto esti-
á) Tenha voluntariamente voltado a pedir a protecção ver pendente o pocesso para a sua fixação e de acordo
do Pais da sua nacionalidade; ou com o parágrafo eguinte
b) Tendo perdido a sua nacionalidade, a tenha read- 6 Por razões de segurança, os Países que concedem o
quirido voluntariamente, ou asilo devem, tant quanto possível, colocar os refugiados
c) Tenha adquirido uma nova nacionalidade e goze a uma distância rizoável da fronteira do seu País de ori-
da protecção do País de que adquiriu a nacio- gem
nalidade, ou ARTIgO I I I
d) Tenha voltado voluntariamente a instalar-se no
Prorbicao de actividades subversiveis
País que deixou ou fora do qual ficou com
receio de ser perseguido, ou 1 Todo o refugiado tem deveres para o País em que
e) Se, tendo deixado de existir as circunstâncias em se encontra, exigado-se, em particular, que ele se com-
consequência das quais foi considerado refu- porte de acordo om as suas leis e regulamentos, assim
giado, já não puder continuar a recusar pedir como as medidas tomadas em relação à manutenção da
a protecção do País de que tem a nacionalidade, ordem pública. C refugiado deve abster-se de quaisquer
ou actividades subversivas contra qualquer Estado Membro
f ) Que tenha praticado um crime grave não político da OUA
foca do País que deu asilo, depois da sua admis 2 Os Estados ignatários comprometem-se a proibir a
são no País que concedeu o refúgio; ou residência no respestivo território ao refugiado que tenha
actuado contra qualquer Estado Membro da OUA através ARTIGO VIl

de qualquer actividade apta a causar qualquer tensão entre Cooperaçâo das autoridades nacionais
os Estados Membros quer seja através do uso das armas com a Organização da Unidade Africana
ou através da imprensa ou da radio Com o fim de habilitar o Secretario Geral Administra
tivo da OUA a elaborar relatorios para os orgãos compe-
ARTIGO I V
tentes da Organizaçao da Unidade Africana, os Estados
Não-discriminação Membros comprometem se a prover o Secretario de forma
Os Estados Membros comprometem se a aplicar as re adequada com informações e dados estatísticos pedidos e
gras desta Convenção a todos os refugiados sem discrimi relativamente a
naçao de raça religião nacionalidade membro de qualquer a) Condição dos refugiados,
grupo social ou por causa das suas opinioes politicas b) Implementação desta Convenção, e
c) Leis regulamentos e decretos (ordens mandados)
ARTÍGO V que são ou podem ser relativos aos refugiados
Repatriação voluntaria
ARTIGO V I I I
1 O caracter essencialmente voluntário da repatriação Cooperação com o Alto-Comissanado das Nações Unidas
deve ser respeitado em todos os casos e nenhum refugiado para os Refugiados
sera repatriado contra a sua vontade 1 Os Estados Membros cooperarão com o Departamento
2 O Pais do asilo, em colaboração com o Pais de ori do Alio Comissariado das Nações Unidas para os Refu-
gem, deve tomar as providências adequadas para o regresso giados
seguro dos refugiados que peçam repatriação 2 A presente Convenção sera considerada como o efec-
3 O Pais de origem, ao receber os refugiados deve tivo complemento regional na África da Convenção das
facilitar a sua integração e garantir lhes todos os direitos Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951
e privilégios dos nacionais do Pais e submete los as mes
ARTIGO IX
mas obrigações
4 Os refugiados que voluntariamente regressam ao seu Decisão de conflitos
Pais, não deverão ser punidos por o terem deixado e por Qualquer conflito entre os Estados Signatarios desta
causas que dão origem as situações de refugiados Sempre Convenção, quanto a sua interpretação ou aplicação, que
que necessário poderá ser feito um pedido através dos não possa ser decidido por outros meios, sera levada a Co
orgaos nacionais de Informação e através do Secretario missão de Mediação, Conciliação e Arbitragem da OUA,
Geral Administrativo da OUA a convidar o refugiado a a pedido de qualquer das partes em litigio
regressar ao Pais e assegurando lhes que as novas circuns
tâncias prevalecentes no seu Pais de origem permitir lhes ARTIGO X
ao regressar sem qualquer risco e levar uma vida normal Assinatura e ratificação
pacifica, sem receio de poder ser incomodado ou punido,
e que o texto de tal pedido sera entregue ao refugiado e 1
claramente explicado pelo Pais de asilo adesão por todos os Estados Membros da Organização da
Unidade Africana e poderá ser ratificada pelos Estados
5 Aos refugiados que, livremente decidam regressar ao Signatários em conformidade com os respectivos procedi
seu Pais, como consequência de tais garantias ou por sua mentos constitucionais
livre iniciativa, sera prestada toda a assistência possível
Os instrumentos de ratificação serão depositados junto
pelo País do asilo, pelo Pais de ongem por Agências Vo
do Secretário-Geral Administrativo da OUA
luntarias e por Organizações Internacionais e Intergover-
2 O instrumento original, dado, se possível nas línguas
namentais de modo a facilitar o regresso
africanas, em inglês e francês, sendo todos os textos igual
mente autênticos, sera depositado junto do Secretario Geral
ARTIGO VI
Administrativo da OUA
Documentos de viagem 3 Qualquer Estado Membro Africano Independente,
1 Face ao exposto ao artigo I I I , os Estados Membros Membro da Organização da Unidade Africana pode, em
emitirão para os refugiados que se encontram legalmente qualquer altura, notificar o Secretario Geral Administrativo
aos seus territorios, documentos de viagem em conformi da OUA para adesão a esta Convenção
dade com a Convenção das Nações Unidas para os refu- ARTIGO XI
giados, a Lista e Anexo respectivos com o objectivo de
Entrada em vigor
viajar fora do seu terrtorio a menos que razões de segu-
rança nacional ou de ordem publica o impeçam Esta Convenção entrara em vigor após o deposito dos
Os Estados Membros podem emitir igualmente um do- instrumentos de ratificação por um terço dos Estados Mem
cumento de viagem para qualquer outro refugiado no seu bros da Organização da Unidade Africana
território
ARTIGO XII
2 Quando um Pais Africano concede o asilo pela se
Emendas
gunda vez a um refugiado proveniente de um Pais que
concedeu o primeiro asilo o Pais do primeiro asilo pode Esta Convenção pode ser emendada, se algum Estado
ser dispensado de emitir um documento com uma cláusula Membro fizer um pedido escrito ao Secretario Gerai Admi
de retorno nistrativo, para tal efeito, ficando estabelecido, no entanto
3 Os documentos de viagem emitidos para os refugiados que a emenda proposta não poderá ser submetida a Confe
ao abrigo de acordos prévios internacionais pelos Estados rência dos Chefes de Estado e de Governo para conside
Membros também deverão ser reconhecidos e considerados ração, sem que todos os Estados Membros tenham sido
como se tivessem sido emitidos para refugiados nos termos notificados, e dentro do período de um ano Qualquer
deste artigo emenda não se tornará efectiva sem a aprovação de pelo
menos dois terços dos Estados Membros subscritores da Protocolo Adicional à Convenção de Genebra
presente Convenção
sobre o Estatuto do Refugiado, de 31 de Janeiro de 1947
Denúncia Os Estados Pai es no presente Protocolo, considerando
que a Convenção relativa ao Estatuto do Refugiado, assi-
1. Qualquer Estado Membro desta Convenção pode de-
nunciar as suas disposições através de uma notificação nada em Genebr em 28 de Julho de 1951 (daqui em
escrita ao Secretário-Geral Administrativo diante referida coao a Convenção), apenas se aplica àque-
2 Decorrido um ano após a data de tal notificação, se las pessoas que tornaram refugiados em resultado de
não tiver sido retirada, a Convenção deixará de ser apli- acontecimentosoccorridosantes de 1 de Janeiro de 1951
cada em relação ao Estado denunciante. Considerando cie novas categorias de refugiados apare-
ceram a partir da data em que a Convenção foi adoptada
ARtigo XIV e que, como tal, os refugiados em causa não podem cair
Registo no âmbito da Covenção
Considerando due é desejável que todos os refugiados
Após a entrada em vigor desta Convenção, o Secretário- abrangidos na definição da Convenção, independentemente
-Geral Administrativo da OUA registá-la-á junto da Secre- do prazo de 1 de Janeiro de 1951, possam gozar de igual
taria-Geral das Nações Unidas, de acordo com o artigo 102 estatuto,
da Carta das Nações Unidas Concordam no seguinte
ARTIgO XV ARTIGO l
Notificação pelo Secratário-Geral Administrativo da OUA Disposições gerais
O Secretário-Geral Administrativo da OUA deverá infor- 1 Os Estados 'artes no presente Protocolo obngam-se
mar todos os Membros da Organização a aplicar os artigos 2 a 34, inclusive, da Convenção aos
a) Das assinaturas, ratificações e adesões em confor- refugiados, nos temos a seguir definidos
midade com o artigo X, 2 Para os efeitas do presente Protocolo, o termo «refu-
b) Da entrada em vigor, de acordo com o artigo XI, giado» deverá, ex epto no que respeita a aplicação do § 3
c) Dos pedidos de emendas feitos, nos termos do deste artigo, significar qualquer pessoa que caiba na defi-
artigo XII; nição do artigo 1 como se fossem omitidas as palavras
d) Das denúncias, em conformidade com o arti- «como resultado le acontecimentos ocorridos antes de 1
go XIII b) Da Entrada em vigor, de acotrdo de Janeiro de 195 e » e as palavras « como resultado
com o artigo XI. de tais acontecim ntos», no artigo 1-A (2)
3 O presente Protocolo será aplicado pelos Estados
Partes sem qualquer limitação geográfica, com a excepção
Resoluçao n.° 12/88 de que as declara ões existentes feitas por Estados já par-
da 25deAgosto tes da Convenção de acordo com o artigo 1-B (1) (a) da
Convenção deverao, salvo se alargadas nos termos do ar-
Em 22 de Outubro de 1983, a República Popular de tigo 1-B (2) da 1 esma, ser aplicadas também sob o pre-
Moçambique comunicou à Organização das Nações Unidas sente Protocolo
a sua adesão à Convenção de Genebra relativa ao Estatuto ARTIGO 2
do Refugiado, de 28 de Julho de 1951. Cooperaçao das a toridades nacionais com as Nações Unidas
Tendo os Estados Partes naquela Convenção subscrito
em 31 de Janeiro de 1967 um Protocolo Adicional, que 1 Os Estados artes no presente Protocolo obrigam-se
teve como objectivo essencial alargar o âmbito de apli- a cooperar com o Alto-Comissário das Nações Unidas para
cação da mesma Convenção, nela abarcando grupos de os Refugiados, ou com qualquer Outra agência das Nações
pessoas que reúnam os requisitos para beneficiar do Esta- Unidas que lhe p ssa vir a suceder no exercício das suas
tuto do Refugiado, independentemente da data limite de funções, e deverao, em especial, facilitar o desempenho
1 de Janeiro de 1951, e em relação aos acontecimentos do seu dever de v a g a r a aplicação das disposições do pre-
ocorridos antes desta data. sente Protocolo
Considerando que a República Popular de Moçambique 2 Com vista a habilitar o Alto-Comissário, ou qualquer
não anunciou ainda a sua adesão ao referido Protocolo outra agência das dações Unidas que lhe possa vir a suce-
Adicional, mostrando-se conveniente e necessário fazê-lo der, a elaborar re atórios para os órgãos competentes das
Nestes termas, a Assembleia Popular, no aso da compe- Nações Unidas, c Estados Partes no presente Protocolo
tência que lhe é atribuída pela alínea e) do artigo 44 da obrigam-se a forn cer-Ihes as informações e dados estatís-
Constituição da República, determina' ticos requeridos, a forma apropriada e relativos
Único É ratificado o Protocolo Adicional à Convenção a) A condiçao dos refugiados,
de Genebra sobre o Estatuto do Refugiado, de 31 de Ja- b) A aplicaçao do presente Protocolo,
neiro de 1967, cujo texto em anexo faz parte integrante c) As leis, regulamentos e decretos que são ou pos-
da presente resolução sam vi a ser aplicáveis em relação aos refu-
giados
Aprovada pela Assembleia Popular ARTIGO 3
O Presidente da Assembleia Popular, Marcelino dos Inform cão sobre legislação nacional
Santos
Os Estados Pares no presente Protocolo deverão comu-
Publique-se nicar ao Secretário Geral das Nações Unidas as leis e regu-
lamentos que pos an vir a adoptar para assegurar a apli-
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO cação do presente Protocolo
ARTIGO 4 quaisquer disposições da Convenção alem das contidas nos
Resolução de diferendos artigos 1, 3, 4, 16 (1) e 33, desde que, no caso de um
Estado Parte na Convenção, as reservas feitas ao abrigo
Qualquer diferendo entre Estados Partes no presente deste artigo não abranjam os refugiados aos quais se aplica
Protocolo que esteja relacionado com a sua interpretação a Convenção
ou aplicação e que nao possa set resolvido por outros 2 As reservas formuladas por Estados Partes na Con
meios devera ser submetido ao Tribunal Internacional de venção de acordo com o seu artigo 42 aplicar se ão, a me
Justiça a pedido de qualquer das partes no diferendo nos que sejam retiradas em relação às suas obrigações
decorrentes do presente Protocolo
ARTIGO 5
3 Qualquer Estado que formula uma reserva nos termos
Adesão do § 1 deste artigo poderá, a qualquer tempo, retirar tal
reserva por mero de uma comunicação dirigida para esse
O ao Secretario Geral das Nações Unidas presente Protocolo liçara aberto a adesao de
efeito
os Estados Partes na Convenção ou qualquer outro Es
4 As declarações feitas nos termos dos §§ 1 e 2 do ar-
tado Membro das Nacoes Unidas ou Membro de qualquer
tigo 40 da Convenção, por um Estado que nela seja Parte
das agências especializadas ou de. qualquer Estado ao qual
e que adira ao presente Protocolo considerar se ão aplica-
tenha sido enviado pela Assembleia Geral das Nacoes Uni
veis sob o regime do presente Protocolo, salvo se, no mo-
das um convite para adetir ao Protocolo A adesao sera
mento de adesão, o Estado Parte interessado enviar uma
efectuada pelo deposito de um instrumento de adesao junto
notificação em contrario pelo Estado Parte interessado ao
do Secretario Geral das Nacoes Unidas
Secretario Geral das Nações Unidas As disposições do
ARTIGO 6
artigo 40, §§ 2 e 3, e do artigo 44 § 3, da Convenção
considerar-se ão aplicaveis, mutatis mutandis ao presente
Clausula Federal
Protocolo
No caso de um Estado Federal ou nao unitário aplicar ARTIGO 8

se ão as seguintes disposiçoes Entrada em vigor


a) No respeitante aos artigos da Convenção a aplicar 1 O presente Protocolo entrará em vigor no dia do
de acordo com o artigo 1 § 1 do presente Pro depósito do sexto instrumento de adesão
tocolo que caibam dentro da competencia legis 2 Para cada Estado que adira ao Protocolo depois do
lativa da autoridade legislativa federal as obri- deposito do sexto instrumento de adesão, o Protocolo en
gações do Governo Federal serão nesta medida trará em vigor na data do deposito pelo mesmo Estado do
as mesmas que as dos Estados Partes que não seu instrumento de adesão
forem Estados federais
b) No respeitante aos artigos da Convenção a aplicar ARTIGO 9
de acordo com o artigo 1 § 1 do presente Pro Denuncia
tocolo que caibam dentro da competencia legis
lativa de Estados constituintes províncias ou 1 Qualquer Estado Parte poderá, a qualquer tempo,
cantões que nao sao segundo o sistema consti denunciar este Protocolo por meio de uma notificação diri-
tucional da Federacao obrigados a tomar me gida ao Secretario Geral das Nações Unidas
didas legislativas o Governo Federal levara 2 Tal denuncia tera efeito para o Estado Parte interes
com a maroi brevidade possível os referidos sado um ano depois da data em que for recebida pelo
artigos com uma recomendação favoravel, ao Secretario Geral das Nações Unidas
conhecimento das autoridades competentes dos
Estados provincias ou cantões, ARTIGO 10
c) Um Estado Federal parte no presente Protocolo Notificações pelo Secretário-Geral das Nações Unidas
devera a pedido de qualquer outro Estado Par
te, transmitido atraves do Secretario Geral das O Secretário-Geral das Nações Unidas informara os
Nações Unidas fornecei uma informaçao da Estados referidos no artigo 5 acima da data de entrada
lei e da pratica da Federacao e das suas uni em vigor, adesões, reservas retiradas de reservas e denun-
dades constituintes no tocante a qualquer dis cias do presente Protocolo, e das declarações e notificações
posição em partículat da Convenção a aplicar com ele relacionadas
de acordo com o artigo 1 § 1 do presente Pro ARTIGO 11
tocolo indicando a medida em que foi dado Deposito nos Arquivos do Secretariado das Nações Unidas
efeito por medidas legislativas ou outras a dita
disposição Um exemplar do presente Protocolo cujos textos em
ARTIGO 7
chinês, inglês, francês, russo e espanhol são igualmente
autênticos assinado pelo Presidente da Assembleia Geral
Reservas e declarações
e pelo Secretario-Geral das Nações Unidas O Secretario-
1 No momento da adesao qualquer Estado poderá for Geral transmitirá cópias certificadas do mesmo a todos
mular reservas ao artigo 4 do presente Protocolo e a apli os Estados Membros das Nações Unidas e aos outros Esta-
cacão de acordo com o artigo 1 do presente Protocolo de dos referidos no artigo 5, acima

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