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Estado de Direitos, Constitucionalismo e Democracia.

Gerações ou Dimensões dos Direitos Hu-


manos: Teorias, Características e Evolução

UNIDADE 3

ESTADO DE DIREITOS,
3
CONSTITUCIONALISMO E DEMOCRACIA

1. ESTADO DE DIREITOS, CONSTITUCIONALISMO E


DEMOCRACIA
A teoria do Estado de Direitos surgiu na Alemanha e resultou na subordinação do Esta-
do ao Direito. Isso ocorreu por conta dos movimentos burgueses no século XVIII, que
se insurgiram contra o absolutismo dos governantes, com o fim de subordiná-los ao
império da lei (princípio da legalidade), que teria origem na vontade do povo.

Nas suas raízes, o Estado de Direitos deveria respeitar as liberdades fundamentais do


indivíduo (liberdades públicas), de modo a tomar uma posição passiva em relação ao
povo. Essas ideias são decorrentes do pensamento liberal da época, que entendia que
o Estado deveria ter limitados os seus poderes, bem como as suas funções (SILVA,
2005). Nesse sentido, o Estado de Direitos deveria subordinar-se ao conjunto de nor-
mas jurídicas, em oposição ao regime absolutista.

O complemento “Democrático” ao Estado de Direitos diz respeito à soberania popular


que “impõe a participação efetiva e operante do povo na coisa pública, participação que
não se exaure1 [...] na simples formação das instituições representativas [...]” (CROSA,
1946, p. 25, apud SILVA, 2014, p. 119).

A Democracia é o sistema político que dá ao povo a soberania sobre um Estado, seja


diretamente ou por meio de seus representantes. Observe-se que resta uma clara a
intenção do poder constituinte em afirmar, no art.1° da Constituição Federal, que a Re-
pública Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, no qual todo o poder
emana do povo (BRASIL, 1988).

O Constitucionalismo é uma teoria política que se refere diretamente ao conceito de


Constituição, que é a representação de um sistema que traz os fundamentos de um Esta-
do. Assim, o Constitucionalismo é parte indissociável dos conceitos tratados anteriormen-
te, considerando que é através de uma Constituição que se define modernamente que
um Estado é Democrático e se subordina ao Direito. Para Baracho, o Constitucionalismo:

1. O que não se exauri não se esgota.

1
[...] evidencia-se, normalmente, pela existência de uma Constituição jurídica,
pela universalização dos direitos e liberdades, com suas respectivas garantias,
pelo aperfeiçoamento de técnicas jurídicas que limitam o poder político. A pri-
meira Constituição, acorde com o movimento e a doutrina. do constitucionalis-
mo, foi a inglesa. Surgiu de largo processo histórico, carecendo de documento 3
articulado e codificado. Como criação consciente e deliberada, refletida em do-
cumento escrito, a primeira realização institucionalizada do constitucionalismo
decorre das Constituições das colônias norte-americanas. Como manifestação
do constitucionalismo, por meio de documentos, a Revolução francesa propi-
ciou: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789; a Consti-
tuição de 1791; a Constituição de 1793; a Constituição de 1795 (Ano III) e a
Constituição de 1799 (Ano VIII) (BARACHO, 1986, p. 27).

Os conceitos estudados neste tópico estão intrinsecamente2 relacionados à temática


dos Direitos Humanos, pois representam sua consolidação no tempo e na história, bem
como materializam de modo positivo os princípios que motivaram os movimentos po-
líticos que os constituíram. Vejamos o cerne3 de cada conceito no esquema a seguir:

Figura 01. Esquema resumindo os principais conceitos tratados anteriormente.

ESTADO DE DIREITOS Estado submetido ao império da Lei.

CONSTITUCIONALISMO Teoria que se refere ao conceito de Constituição.

DEMOCRACIA Sistema político que dá ao povo a soberania sobre um Estado.

Fonte: elaborado pelo autor.

2. Intrínseco é algo que faz parte da essência de algum objeto.


3. Cerne é a parte central de algum objeto.

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É muito importante adotar uma definição sintetizada do conceito de Direitos


Humanos para que se possa compreender qual o objeto central da matéria.
Assim, vale recordar a definição trazida pela Organização das Nações Unidas
3 – ONU – (2020) no tópico 1.1 desta unidade: “Os direitos humanos são direitos
inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.

2. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS:


TEORIAS, CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO
Figura 02. Direitos Humanos e suas características.

Fonte: 123rf.

2.1 CARACTERÍSTICAS
Os Direitos Humanos adquiriram uma extensão universal, inspirando, com seus prin-
cípios e propósitos, normas em países soberanos, Constituições e tratados interna-
cionais. Assim, é relevante conhecer suas características basilares. Malheiro (2016, p.
41-44) definiu 14 dessas características. Vejamos:

Complementaridade
Deve haver interpretação conjunta dos direitos humanos com outros direitos, portanto
aqueles não devem ser interpretados de modo isolado. Assim, os direitos humanos de-
vem complementar os instrumentos normativos existentes.

3
Congenialidade
Os direitos humanos, originários da simples condição humana, pertencem intrinsica-
mente ao indivíduo antes mesmo de nascer, por essa razão são congênitos, manifes-
tando-se espontaneamente. Esses direitos independem de Estado e não se concen- 3
tram na ordem jurídica interna.

Efetividade
O reconhecimento abstrato dos direitos humanos pelo Estado não é suficiente, pois es-
tes devem ser efetivos, isto é, capazes de produzir efeito concreto. Nessa linha, o Esta-
do deve aplicá-los efetivamente, de modo que não fiquem apenas no campo subjetivo.

Essencialidade
Tendo em vista que os Direitos Humanos protegem interesses fundamentais ao homem
para sua sobrevivência, são essenciais. Assim, são necessários para própria existência
do homem.

Historicidade
Os direitos humanos decorrem de uma evolução histórica, movidos por interesses que
condicionam seu desenvolvimento.

Imprescritibilidade
Em matéria de direitos humanos, não há decurso de prazo para o direito de punir al-
guém que os tenha violado, portanto são imprescritíveis.

Inalienabilidade
Os direitos humanos não podem ser afastados de seus titulares, seja a que título for,
gratuito ou oneroso, como também não podem ser transferidos para outras pessoas,
portanto não pode ser alienados.

Indivisibilidade
O conjunto das normas de direitos humanos é indivisível, uma vez que sua natureza
homogenia não permite dissocia-los, sob pena de desconfigurá-los.

Inexauribilidade
Os direitos humanos podem a todo momento serem somados a novos direitos desde
que os mais novos não desfigurem os anteriores. Desse modo, não se esgotam, sendo,
portanto, inexauríveis.

Interdependência
Os direitos humanos são dependentes um do outro em razão de uma conexão mútua
que há entre si, de modo que seus objetivos só se conquistam pelo vínculo que há entre
um e outro direito.

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Inviolabilidade
Nenhuma pessoa pode emitir juízo a respeito da vigência dos direitos humanos, bem
como ofendê-los legitimamente. Os direitos humanos são, assim, invioláveis.
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Irrenunciabilidade
A manifestação de vontade de uma pessoa a respeito dos direitos humanos será nula
se se desejar renuncia-los. Desse modo, independe da vontade do indivíduo tê-los ou
não tê-los, estando vedada a sua disposição.

Proibição do regresso
Essa característica é relaciona aos Estados, que estão proibidos de minimizar a pro-
teção aos direitos humanos no âmbito de suas respectivas competências. Do mesmo
modo, os tratados internacionais estão proibidos de reduzir a proteção a tais direitos.

Universalidade
Os direitos humanos são universais, atingindo todas as pessoas e todos os países, sem
discriminação de qualquer natureza, tais como sexo, etnia, religião, cor, raça, etc.

Para melhor compreensão das características apontadas, vejamos o quadro a seguir.

Tabela 01. Características dos Direitos Humanos.

N.º CARACTERÍSTICA RESUMO TEÓRICO


01 Complementaridade Devem ser interpretados em conjunto com outros direitos.
São anteriores ao nascimento de qualquer indivíduo. Originam-se na
02 Congenialidade
condição humana.
O poder público deve responsabilizar-se pela sua aplicação de modo
03 Efetividade
concreto e não abstrato.
04 Essencialidade São direitos essenciais para sobrevivência do homem enquanto tal.
05 Historicidade Evoluem num processo histórico.
06 Imprescritibilidade Não há prazo prescricional incidente sobre os direitos.
São direitos que não podem ser alienados ou transferidos para ou-
07 Inalienabilidade
tras pessoas.
08 Indivisibilidade Seu conjunto de normas é uno, portanto, não pode ser dividido.
09 Inexauribilidade São direitos que não se esgotam, pois podem ser somados à novos direitos.
10 Interdependência São direitos conexos entre si por dependência recíproca.
11 Inviolabilidade São invioláveis, pois não se pode empreender ofensa legítima a esses direitos.
São direitos irrenunciáveis, pois não podem ser rejeitados ou recusados
12 Irrenunciabilidade
pelo seu titular.
Não é possível diminuir a proteção aos direitos humanos por parte
13 Proibição do regresso
dos Estados.
14 Universalidade São direitos que atingem todos os indivíduos, em qualquer tempo e lugar.
Fonte: elaborado pelo autor.

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Os Direitos Humanos estão situados em diversos períodos da história, assim, em cada
tempo acabam adquirido um conteúdo próprio que os identifica. Daí vem a ideia de
“evolução” que norteia as suas “gerações” ou “dimensões”.
3
2.2 GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
A teoria das dimensões dos direitos humanos foi criada pelo jurista francês Karel Vasak, em
1979. Ele classificou os direitos humanos em três dimensões, com características próprias.
Há doutrinadores que defendem, ainda, uma quarta ou quinta geração desses direitos.

As três dimensões idealizadas por Karel estão relacionadas à tríade de ideais da Re-
volução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade. No ordenamento jurídico bra-
sileiro, especialmente na Constituição Federal de 1988, esses direitos são concebidos
como garantias fundamentais.

Alguns estudiosos entendem que a terminologia “gerações” de direitos não seria tec-
nicamente adequada, uma vez que traz a ideia de que a geração posterior superaria a
anterior, eliminando-a do mundo jurídico. No entanto, essa compreensão estaria equi-
vocada, uma vez que, em matéria de Direitos Humanos, as temáticas abordadas pelas
“gerações” interdependem uma da outra (MALHEIRO, 2016). Assim, muitos autores
preferem o conceito de “dimensões” de direitos.

Portanto, nessa ordem, os direitos de primeira geração ou dimensão referem-se àque-


les relacionados à liberdade, os de segunda geração ou dimensão referem-se àqueles
relacionados à igualdade e os de terceira geração ou dimensão referem-se àqueles
relacionados à fraternidade.

Direitos de primeira geração ou dimensão


Os direitos de primeira geração (dimensão) estão relacionados às liberdades indivi-
duais (direitos civis e políticos) e liberdades públicas (estado de direito), tendo como
inspiração a conversão de um estado autoritário para um estado de direito, como ocor-
reu com o pensamento liberal-burguês do século XVIII (LENZA, 2011).

Caracterizam-se esses direitos por imporem uma abstenção estatal e por limitarem a
atuação do Estado em defesa dos direitos das pessoas. Em razão disso, é dito que essa
dimensão representa direitos de caráter negativo.

Convém esclarecer, no campo das liberdades individuais, que os direitos civis prote-
gem os indivíduos contra eventuais arbitrariedades que possam ser cometidas pelo
Estado. Protegem, por exemplo, o direito à liberdade de expressão, à liberdade de ir
e vir, o direito ao devido processo legal, dentre outros. Quanto aos direitos políticos,
referem-se à participação das pessoas no governo do Estado com a possibilidade
de votar e ser votado.

Os grandes marcos históricos de surgimento dessa dimensão são:

01. Revolução Gloriosa na Inglaterra, em 1688.

02. Independência dos Estados Unidos, em 1776.

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03. Revolução Francesa de 1789.

No campo dos estudiosos, aponta-se como marco teórico a obra “O Contrato Social”
3 de Jean-Jacques Rousseau e o “Segundo Tratado sobre o Governo” de Jonh Locke,
os quais afirmam que os homens possuem determinados direitos que não podem ser
suprimidos pelos governantes e que, se desrespeitados, representam um governo arbi-
trário, violador de Direitos Humanos.

Por fim, identificam-se como marcos jurídicos dessa dimensão:

01. Constituição dos EUA, de 1787.

02. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão redigida na França, em 1789.

Direitos de segunda geração ou dimensão


Essa geração compreende os direitos relacionados à igualdade, abrangendo os direitos so-
ciais, econômicos e culturais, em razão da evolução do Estado Liberal para o Estado Social.

Ao contrário da dimensão anterior, os direitos de segunda dimensão são notadamente


prestacionais, ou seja, exigem uma prestação positiva do Estado.

Tais direitos originaram-se do despertar de consciência para as precárias condições


de trabalho vivenciadas pelos operários nas indústrias (LENZA, 2011, p. 861). Para
Malheiro (2016, p. 38):
A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo
aos direitos de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não me-
ramente formal, mostra-se marcante nos documentos pertencentes ao que se
convencionou classificar como segunda dimensão dos direitos humanos.

Dois são os marcos históricos relevantes desse período:

01. Revolução Mexicana, em 1910.

02. Revolução Russa, em 1917, que culminou com o comunismo da URSS.

Evidencia-se como marco teórico a “Encíclica Rerum Novarum”, de autoria do Papa


Leal XIII, em 1891. Outro documento importante é o “Manifesto do Partido Comunista”
de Karl Marx e de Frederich Engels, de 1848. Ambos indicaram a necessidade de dar
mais atenção às questões sociais e uma melhor distribuição das riquezas.

Em relação aos marcos jurídicos, a doutrina aponta a:

01. Constituição Mexicana, de 1917, considerada o primeiro texto constitucional a


proclamar direitos sociais.

02. Constituição de Weimar na Alemanha, de 1919, outra referência no trato dos di-
reitos socais.

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Direitos de terceira geração ou dimensão
A terceira dimensão dos Direitos Humanos envolve os direitos de solidariedade (ou
fraternidade), abrangendo os direitos difusos e coletivos. Constituem, na realidade, os 3
direitos assegurados às pessoas em geral.

Os direitos de terceira dimensão remontam após a Segunda Guerra Mundial, e tutelam,


por exemplo, o direito à paz, direito ao desenvolvimento e direito ao meio ambiente
equilibrado (RAMOS, 2016).

Essa é uma das dimensões mais importantes para a nossa disciplina, uma vez que, ao
final da Segunda Guerra Mundial, as discussões acerca da própria compreensão do ser
humano se modificaram. Em razão das atrocidades decorrentes das grandes guerras
e dos regimes antissemitas, a sociedade passou a compreender a necessidade de se
assegurar ao máximo a proteção da dignidade da pessoa.

O marco histórico, portanto, dessa dimensão é o Pós Segunda Guerra Mundial e o sur-
gimento da Organização das Nações Unidas, em 1945. Não há uma obra ou estudioso
em específico para esse período.

Por fim, quanto ao marco jurídico, destaca-se a Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos, criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948.

Direitos de quarta geração ou dimensão


Alguns doutrinadores de relevo no estudo da matéria afirmam existir a quarta e a quinta
dimensões dos Direitos Humanos. Devemos saber que essas dimensões não são con-
senso na doutrina.

Na classificação de Malheiro (2016, p. 39), são direitos de quarta dimensão “aqueles re-
lacionados aos povos, os quais visam a proteção do ser humano”. São exemplos desses
direitos: o direito à biossegurança, o direito à democracia e o direito à inclusão digital.

Um ótimo exemplo de aplicação dessa dimensão dos Direitos Humanos no Brasil é a Lei
de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005), que disciplina regras sobre a produção e a comer-
cialização de organismos geneticamente modificados e a pesquisa com células-tronco.

Direitos de quinta geração ou dimensão


Ainda, para o mesmo autor, são direitos de quinta dimensão os relativos à paz, que
outros autores classificam como sendo de terceira geração.

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Tabela 02. Resumo teórico sobre as gerações/dimensões de Direitos Humanos.

Direitos de 1ª Direitos de 2ª Direitos de 3ª Direitos de 4ª Direitos de 5ª


dimensão dimensão dimensão dimensão dimensão
3 Liberdade. Igualdade. Fraternidade.
Inspiração liberal. Inspiração democrática e social.
Direitos dos povos.
Direitos civis e Direitos sociais, cul- Direitos difusos e
políticos. turais e econômicos. coletivos.
Direitos relativos às Direito à paz
Direito à paz (po- (posição minoritária).
relações de produ-
Direito à liberdade de sição majoritária), Direito à biossegu-
ção e trabalho, à
expressão, à liberda- direito ao desen- rança, o direito à de-
previdência, à edu-
de de ir e vir, ao devi- volvimento e direito mocracia e o direito
cação, à cultura, à
do processo legal. ao meio ambiente à inclusão digital.
alimentação, à saú-
equilibrado.
de e à moradia.
Fonte: elaborado pelo autor.

2.3 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


Convém mencionar que há um outro critério para classificação dos Direitos Humanos,
que é o que trata dos direitos e garantias fundamentais. Para Lenza (2012, p. 1157),
segundo esse critério:
direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as
garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos
aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados.

Por fim, para melhor compreensão do conteúdo, vejamos um esquema exemplificando


direitos e as correspondentes garantias prescritas pela Constituição Federal de 1988.

Tabela 03. Resumo teórico comparativo entre direitos e garantias fundamentais.

FUNDAMENTAÇÃO
DIREITO GARANTIA
LEGAL
Livre exercício dos cultos reli-
Inviolabilidade da liberdade de consci-
giosos e a proteção aos locais Art. 5º, VI, CF.
ência e de crença.
de culto e a suas liturgias.
Inviolabilidade da intimidade, da Direito à indenização pelo dano
vida privada, da honra e da imagem material ou moral decorrente de Art. 5º, X, CF.
das pessoas. sua violação.
Art. 5º, caput, e inciso XLVII,
Inviolabilidade do direito à vida. Não haverá pena de morte.
alínea “a”, CF.
Liberdade de locomoção em
tempos de paz
Liberdade de pensamento e de Art. 5º, caput, e inciso IV, V,
Direito à liberdade.
expressão artística, intelectual IX e XV.
ou de comunicação, inclusive
para respostas.
Fonte: elaborado pelo autor.

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