André Luiz Nogueira S.

Novaes
Marta Cruz Machado
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO
PLANTÃO JUDICIÁRIO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA.

RÉU PRESO (URGENTE)

Auto de prisão em flagrante nº 0301651-35.2020.8.05.0080

Ambos primários e sem antecedentes criminais

I – DOS FATOS

IAN SANTOS GUSMÃO COUTO e THEO SANTOS GUSMÃO

COUTO, já qualificados nos autos do Auto de Prisão em Flagrante tombado sob o
número 0301651-35.2020.8.05.0080, vêm, perante Vossa Excelência, por intermédio
de seus advogados, com base no artigo 5.º, LXVI, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 e do artigo 310, III do Código de Processo Penal,
requerer a

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

conforme razões de fato e de direito a seguir expostas, e por ausência de periculum

libertatis.

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CEP 44.001-112–Tel.: (75) 3021-0926.
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Marta Cruz Machado
Note-se que os investigados (primário e sem antecedentes
criminais) não coloca em risco a aplicação da lei penal a que porventura for imposta,
eis que têm residência fixa e, bem como possuem ocupação regular e lícita, o Sr.
THEO SANTOS GUSMÃO COUTO é estudante universitário devidamente
matriculado no 3º semestre do curso de Psicologia, da Universidade UNIFACS, já o
Sr. IAN SANTOS GUSMÃO COUTO possui atividade laborativa regular, exercendo
a atividade de Vendedor, na empresa Oficina L4 – Indústria e Comércio de Móveis e
Decorações LTDA (MISURA Marcenaria), atividades devidamente comprovadas por
comprovante de matricula e declaração de atividade laborativa, respectivamente.

Quanto ao resultado concreto do processo (= conveniência da

instrução criminal), pode-se dizer que não será afetado caso os investigados sejam
colocados em liberdade, até mesmo porque é de interesse dos próprios
flagranteados que a investigação siga o seu curso normal.

A própria segurança social (garantia da ordem pública e

econômica) não será afetada, visto que não se trata de pessoas voltadas ao
cometimento de crimes, sendo primários e possuidores de bons antecedentes —
insisto neste ponto.
DO PARECER MINISTERIAL

Após a cominação do flagrante, a serventia da 1ª Vara de

Tóxicos da Comarca de Feira de Santana remeteu os autos ao Ministério Público que
através de sua representante formulou parece em 02 (duas) laudas, opinando pela
não conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva e pelo estabelecimento
de medidas cautelares diversas da prisão. In verbis:

Deste modo, com lastro no código adjetivo penal, em seus artigos

310 e seguintes, manifesta-se o Ministério Público pela não
conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, aplicando ao
Flagranteado as seguintes medidas cautelares: 1. Impossibilidade de
comparecimento à festas, bares e estabelecimentos congêneres, 2.
Impossibilidade de ingestão de bebida alcoólica e uso de substância
proscrita pelo Ministério da Saúde, 3. Necessidade de recolhimento
noturno, exceto quando à serviço, fato este que deverá ser

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previamente comunicado ao juízo criminal, 4. Comparecimento à
escrivania cartorária da comarca de Feira de Santana - BA para
atualizar o endereço. Feira de Santana, 30 de abril de 2020.
[assinado digitalmente] MIRELLA BARROS C. BRITO Promotora de
Justiça

DA IMPOSSIBILIDADE TÉCNICA DE APRECIAÇÃO DO FLAGRANTE

(PORTARIA SECRETARIA-GERAL CNJ n. 10 DE 20 DE FEVEREIRO DE 2020)

Ocorre excelência que tendo flagrante ocorrido no turno

matutino aproximadamente às 10 horas da manhã, da última quinta-feira (véspera do
feriado do dia do trabalho), só fora comunicado em horário próximo das 15 horas,
embora o parecer ministerial tenha sido realizado em tempo reduzidíssimo, só fora
disponibilizado no sistema as 18 horas e 11 minutos, tornando impossível a sua
conclusão para a Magistrada titular, vez que a intuição normativa n. 74 de 19 de
fevereiro de 2019, veda ao servidor do TJ/BA a prática quaisquer atos processuais
em horário distinto do seu horário de trabalho.

Ocorre Excelência que esta questão técnica por via oblíqua,

ofende o mais incontornável dos princípios constitucionais, vez que coloca de joelhos
o princípio da dignidade da pessoa humana.

COVID-19 DETECTADO EM PRESO DO COMPLEXO DE DELEGACIAS DO

SOBRADINHO – FEIRA DE SANTANA/BA

Embora já tenha sido por demais explicitado a desnecessidade

da manutenção ou mesmo conversão as prisões aqui vergastadas, importa ainda,
por derradeiro esclarecer o caráter de irreparabilidade que pode ser originado da sua
negativa.
No dia 29 de março deste ano, um dos preso que esta
custodiado no complexo de delegacias do Sobradinho na cidade de feira de Santana,
testara positivo para o vírus COVID-19, nota-se aqui excelência, que os indiciados

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aqui representados, estão custodiados nesta mesma delegacia, estando diretamente
expostos a contaminação por esta enfermidade.

Nota-se que aqui, estamos falando de flagranteados, indivíduos

que estão na condição de meros investigados, sem quaisquer antecedentes ou
histórico de condutas criminosas, submete-lo ao risco de contrair uma doença que
tem se mostrado mortal, mesmo que em percentual reduzido, é o mais temário dos
riscos de irreparabilidade que pode cometer a pátrio sistema judiciário.

III – DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer seja, concedida LIBERDADE

PROVISÓRIA dos custodiados e expedido o competente alvará de soltura, sem as
condições do art. 3199 do CPPP;
Não sendo o entendimento deste Magistrado(a), que seja
concedida LIBERDADE PROVISÓRIA dos custodiados nos termos do parecer
ministerial, bem como, expedido o competente alvará de soltura, para que seja
imediatamente cumprido, após, a ordem definitiva;
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Requer todas as publicações e intimações sejam feitas em
nome dos advogados Marta Cruz Machado, OAB/BA 60.891 e André Luiz Nogueira
S. Novaes, OAB/BA 27.845, sob pena de nulidade.

Nestes Termos,
Pede Deferimento,

Feira de Santana-Bahia. 02 de maio de 2020.

Respeitosamente,

André Luiz Nogueira S. Novaes

OAB/BA 27.845

Marta Cruz Machado

OAB/BA 60.891

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