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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
5ª CÂMARA CÍVEL
APELADOS: OS MESMOS
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0029688-
56.2018.8.16.0001 Ap 1, da 4ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba,
em que figuram como apelantes, e reciprocamente apelados, Daniel Grassi Severino e outros.
Trata-se de Apelação Cível interposta contra a sentença de mov. 304.1, proferida nos
autos de “Ação de Cumprimento de Preceito Legal c/ Pedido Liminar c/c Perdas e Danos” n° 0029688-
56.2018.8.16.0001, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial, para o fim de:
a) DETERMINAR que as pessoas jurídicas rés e as pessoas dos réus se abstenham de realizar
qualquer execução ou retransmissão de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas, sem a prévia
autorização do ECAD, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por cada ato praticado, limitada
a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), de modo a confirmar a decisão inibitória deferida mediante tutela
antecipatória (mov. 15.1); e
b) CONDENAR as pessoas jurídicas rés e as pessoas dos réus, de modo solidário, a pagarem para
a pessoa jurídica autora, a título de direitos autorais correspondentes ao período de novembro/2015
a novembro/2018, a importância de R$ 15.415,81 (quinze mil, quatrocentos e quinze reais e oitenta
e um centavos), devidamente atualizada em sua expressão monetária pelo índice de variação do
INPC e com a incidência de juros de mora no percentual de 1% (um por cento) ao mês, ambos a
partir da data dos cálculos (21/11/2018 - mov. 1.45).
Quanto à cobrança de multa no percentual de 10% sobre o valor devido, JULGO IMPROCEDENTE
o pedido formulado com a petição inicial.
c) CONDENAR as pessoas jurídicas rés e as pessoas dos réus, de modo solidário, a pagarem para
a pessoa jurídica autora, a título de direitos autorais, as parcelas vincendas e inadimplidas,
enquanto durar a obrigação (art. 323, CPC), até o trânsito em julgado, que deverão ser devidamente
atualizadas em sua expressão monetária pelo índice de variação do INPC e com a incidência de
juros de mora no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data dos respectivos
vencimentos, bem como com a incidência de multa no percentual de 2% (art. 1.336, §1º, do CPC).
Ainda, contra decisão de mov. 322.1 foram opostos embargos de declaração (mov.
325.1), os quais, contudo, foram rejeitados (mov. 342.1).
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a) além do pagamento quanto ao direito autoral, se faz necessário que a parte
adversa arque com os valores concernentes às parcelas vincendas durante o curso da demanda, até a
efetiva quitação;
Por fim, pleiteou pela reforma da sentença, com o provimento das razões recursais.
a) o ECAD possui pretensão de receber valores que não vão ser liquidados no curso
da presente ação, querem o efeito pro futurum; e
Por sua vez, no mov. 348.1, Xaxim Point Comércio de Alimentos LTDA e outros
alegou, preliminarmente:
c) a prova pericial tem grande peso em litígios que dependem de uma manifestação
técnica especializada, por isso é um dever judicial produzi-las;
No mérito, sustentou:
b) a imprecisão dos cálculos do suposto crédito cobrado pelo ECAD, sem natureza
contratual que configurando a mora ex persona;
PROJUDI - Recurso: 0029688-56.2018.8.16.0001/1 - Ref. mov. 26.1 - Assinado digitalmente por Antonio Franco Ferreira da Costa Neto:7355302698
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29/11/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Juiz Subst. 2ºGrau Antonio Franco Ferreira da Costa Neto - 5ª Câmara Cível)
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c) por ser o ECAD uma entidade particular, seus atos não se revestem de presunção
de veracidade e seus funcionários não são agentes públicos;
f) o ECAD não exerce poder regulamentar, sendo assim, não tem competência para
fixar os valores das obras musicais, pode apenas fazer a arrecadação e distribuição de direitos;
i) é uma associação privada, não lhe sendo dada nenhuma prerrogativa de cobrança
unilateral;
c) entende que a mora ex persona não possui fundamento e o fato de ser entidade
particular não possui pertinência;
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g) os valores fixados para as obras musicais competem ao ECAD, por se tratar de
direito do autor, esses estabelecidos conforme critérios eleitos internamente; e
É o relatório.
2. Fundamentação
Admissibilidade
Observo que os recursos foram interpostos por partes legítimas para recorrer (art. 996
do CPC) e mostram-se adequados em relação à decisão contra a qual se voltam (art. 1.009 do CPC), além
de úteis à obtenção dos resultados pretendidos.
Ainda, são tempestivos (artigo 1.003, § 5º, do CPC) e os respectivos preparos foram
recolhidos (mov. 345.2 e mov. 348.12).
No que concerne à legitimidade, nos termos do art. 110 da Lei nº 9.610/98 (Lei de
Direitos Autorais), os sócios respondem solidariamente pela prática ilícita consistente na violação de direitos
autorais, in verbis:
Art. 110. Pela violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas, realizados nos
locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores, gerentes,
empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores dos espetáculos.
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Desse modo, também não há que se falar em ilegitimidade passiva dos sócios para
compor o polo passivo da ação.
Mérito
Das nulidades
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão, que:(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar
a conclusão adotada pelo julgador;(...)
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No caso, observo que o magistrado singular, na contramão da intenção dos apelantes
02, delineou fundamentadamente os motivos de seu convencimento.
Necessário ponderar que a via eleita dos aclaratórios é restrita aos vícios expostos
pelo art. 1.022 do CPC, o que não restou identificado na hipótese.
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DE APELAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 6ª C.Cível - 0039445-50.2013.8.16.0001 -
Curitiba - Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU JEFFERSON ALBERTO
JOHNSSON - J. 19.03.2019).
Da constituição em mora
Aduzem os apelantes 02 que não houve, in casu, a constituição em mora, uma vez
que não há comprovação da ciência acerca da cobrança de direitos autorais.
Por sua vez, o art. 68 da Lei nº Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais) dispõe que: “
sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais,
composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas.”.
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Inicialmente, convém destacar que o ECAD – Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição é competente para fixar e cobrar valores pela execução de obras musicais em locais de
frequência coletiva, assim considerados, dentre outros, os bares, estabelecimentos comerciais, restaurantes,
por disposição expressa do art. 68, §3º, da Lei nº 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais)[1].
Também, é cediço que o ECAD não precisa comprovar a filiação dos artistas
nacionais ou estrangeiros, para que possa exigir o pagamento dos valores pelo uso das obras musicais,
senão vejamos:
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Por este viés, sobrevém que os apelantes 02 tinham pleno conhecimento sobre a
necessidade de autorização prévia, bem como em relação ao próprio ECAD, haja vista o cadastro destes
junto ao órgão desde 2012 (mov. 1.32).
Nos termos do “regulamento de arrecadação” (mov. 1.13 a mov. 1.20), o item 1.9
descreve o enquadramento dos usuários e das utilizações musicais. Este parâmetro é basilar ao critério de
cobrança acostado ao mov. 1.44, cuja memória de cálculo é explícita e acarreta na quantia mensal a ser
quitada
Isto é, uma vez que há dos autos a certeza dessas parcelas, por se tartarem de
prestações sucessivas, enquanto durou a obrigação, não há necessidade de declara-las expressamente no
pedido.
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PROVIMENTO PARCIAL. (TJPR - 7ª C.Cível - 0036557-50.2015.8.16.0030 - Foz do Iguaçu - Rel.:
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU SERGIO LUIZ PATITUCCI - J.
20.04.2020); e
O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Carlos Mansur Arida, com voto, e
dele participaram Juiz Subst. 2ºgrau Antonio Franco Ferreira Da Costa Neto (relator) e Desembargador
Leonel Cunha.
29 de novembro de 2022
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RELATOR
[1] Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composições
musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas. (...) § 3º Consideram-se locais de
[2] Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.