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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA
UNIDADE REGIONALIZADA DE PLANTÃO JUDICIÁRIO DE CURITIBA - PROJUDI
Avenida Anita Garibaldi, 750 - Ahú - Curitiba/PR - Fone: 3210-7045 - E-mail: plantaojudiciariocuritiba@tjpr.jus.br
Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013
Classe Processual: Interdito Proibitório
Assunto Principal: Esbulho / Turbação / Ameaça
Data da Infração:
Polo Ativo(s): PIEMONTE CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA
Polo Passivo(s): MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TETO DO PARANÁ
PLANTÃO JUDICIÁRIO
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Postulou a concessão de liminar para: a) abster o grupo de indivíduos do
movimento requerido de exercer qualquer medida que importe no esbulho ou turbação dos
imóveis objeto desta demanda, sendo expedido de imediato o competente mandado proibitório,
sob pena pecuniária em valor diário não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais), caso seja
descumprido; b) determinar que as forças policiais ostensivas permaneçam na localidade dos
DECIDO.
2. Considerações iniciais:
A referida decisão foi confirmada pelo órgão ad quem, em sede liminar de recurso
de agravo de instrumento.
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iminente do esbulho narrado, em outra área, ainda que contíguo da qual foi
esbulhada/turbada anteriormente, necessária a análise do pedido liminar, ao contrário do
que o Ministério Público alegou.
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V- Realizar e publicar levantamento estatístico de demandas judiciais relacionadas a conflitos
coletivos, catalogando as experiências de autocomposição conduzidas pelo judiciário;
VI - Disponibilizar gratuitamente os registros públicos imobiliários às partes envolvidas, aos
órgãos e às instituições públicas com atuação relacionada à questão fundiária;
VII - Elaborar cadastro unificado, com acesso universal, das propriedades públicas federais,
Art. 7º. Quando se tratar de conflito fundiário coletivo, primando pelos princípios da cooperação,
boa fé, busca da autocomposição e do atendimento aos fins sociais, bem como do resguardo
da dignidade da pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e
eficiência, previstos na Constituição Federal de 1988 e no Código de Processo Civil, o/a juiz/a
deverá, antes da apreciação da liminar, adotar as seguintes medidas:
I - Todos/as os/as afetados/as devem ser pessoalmente citados/as, não se admitindo citação
ficta, nem mesmo sob justificativa de insegurança ou de não localização das pessoas afetadas;
II - Intimar a Defensoria Pública para o adequado exercício de sua intervenção obrigatória,
independentemente da constituição de advogado pelas partes, para exercício de sua missão
constitucional de promoção e defesa dos direitos humanos, na relação jurídico-processual;
III - Zelar pela obrigatória intervenção do Ministério Público nos litígios coletivos pela posse de
terra rural ou urbana, sempre que não for parte, que deverá atuar no sentido de garantir o
respeito aos direitos humanos dos grupos que demandam especial proteção do Estado
afetados pelo conflito;
IV - Designar audiência para que o autor justifique previamente o alegado, como medida de
boa prática processual e realização do princípio da cooperação e autocomposição, ainda que
os fatos, objeto do litígio, datem de período inferior a ano e dia;
V - Verificar se o autor da ação possessória demonstrou a função social da posse do imóvel, se
comprovou o exercício da posse efetiva sobre o bem e, cumulativamente, em caso de posse
decorrente de propriedade, se apresentou título válido;
VI - Considerar a dominialidade do imóvel, tanto em ações possessórias quanto em petitórias,
como mecanismo necessário à garantia da correta utilização do patrimônio público fundiário e
combate à grilagem e especulação imobiliária, devendo para tanto exigir a certidão de inteiro
teor da cadeia dominial do imóvel desde a origem, aferindo o seu regula destacamento do
patrimônio público e a regularidade jurídica e tributária dos imóveis;
VII - Avaliar o impacto social, econômico e ambiental das decisões judiciais tendo em conta a
proteção de grupos em situação de vulnerabilidade, inclusive considerando o número de
pessoas, grupos e famílias, com suas especificidades;
VIII - Realizar inspeção judicial tendo como premissa que tal medida em conflitos coletivos
fundiários é procedimento indispensável à eficiente prestação jurisdicional nos termos do artigo
PROJUDI - Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013 - Ref. mov. 12.1 - Assinado digitalmente por Juliane Velloso Stankevecz
12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão
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126, parágrafo único, da Constituição Federal, com a devida intimação prévia e pessoal das
pessoas afetadas;
IX - Designar audiência de mediação, de acordo com o art. 565 do CPC, expedindo intimações
para comparecimento do Ministério Público, Defensoria Pública e os órgãos responsáveis pela
política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e do Município
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será concedida sempre que dois requisitos forem preenchidos no caso
concreto, sendo dispensada no caso concreto a demonstração de
periculum in mora: (i) demonstração de que o ato de agressão à posse
deu-se há menos de ano e dia, e (ii) instrução da petição inicial que, em
cognição sumária do juiz, permita a formação de convencimento de que
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Ainda, no mesmo sentido, poder-se-á ser designada audiência de mediação, de
acordo com o art. 565 do CPC, expedindo intimações para comparecimento do Ministério
Público, Defensoria Pública e os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política
urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e do Município onde se situe a área objeto
do litígio, devendo estes aportar propostas e informações relevantes para a solução do conflito,
Para que a parte possa obter a tutela de urgência, devem se fazer presentes os
requisitos do artigo 300 do CPC[1], quais sejam a probabilidade do direito, e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.
Da análise dos autos, verifica-se a presença dos requisitos legais que autorizam
a concessão da tutela antecipada, ao contrário do alegado pelo Ministério Público.
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o justo receio de ser efetivada a ameaça.
Já o artigo 1.210 do mesmo diploma legal assim dispõe “O possuidor tem direito a
ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado”.
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5. Da ADPF 828 DF:
(ii) Faço apelo ao legislador, a fim de que prorrogue a vigência dos prazos previstos na Lei nº
14.216/2021 (arts. 1º; 2º; 4º e 5º), tendo em vista o cenário atual da pandemia;
(iii) Caso não haja prorrogação até o período de recesso do Congresso Nacional, concedo
parcialmente a medida cautelar, a fim de que os direitos assegurados pela Lei nº 14.216/2021,
para as áreas urbanas e rurais, sigam vigentes até 31 de março de 2022.”
Em data recente, o Min. Luiz Roberto Barroso deferiu uma segunda Tutela
Provisória Incidental na Arguição de Preceito Fundamental nº 828, prorrogando os efeitos até
30 de junho de 2022.
Art. 2º Ficam suspensos até 31 de dezembro de 2021 os efeitos de atos ou decisões judiciais,
extrajudiciais ou administrativos, editados ou proferidos desde a vigência do estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, até 1
(um) ano após o seu término, que imponham a desocupação ou a remoção forçada coletiva de
imóvel privado ou público, exclusivamente urbano, que sirva de moradia ou que represente
área produtiva pelo trabalho individual ou familiar.
§ 1º Para fins do disposto neste artigo, aplica-se a suspensão nos seguintes casos, entre
outros:
IV - medida extrajudicial;
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12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão
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V - despejo administrativo em locação e arrendamento em assentamentos;
VI - autotutela da posse.
§ 3º Durante o período mencionado no caput deste artigo, não serão adotadas medidas
preparatórias ou negociações com o fim de efetivar eventual remoção, e a autoridade
administrativa ou judicial deverá manter sobrestados os processos em curso.
§ 4º Superado o prazo de suspensão a que se refere o caput deste artigo, o Poder Judiciário
deverá realizar audiência de mediação entre as partes, com a participação do Ministério
Público e da Defensoria Pública, nos processos de despejo, de remoção forçada e de
reintegração de posse coletivos que estejam em tramitação e realizar inspeção judicial nas
áreas em litígio.
Todavia, a própria lei citada acima, que teve o seu prazo prorrogado, dispõe
expressamente, em seu artigo 7º, QUE NÃO SE APLICA ÀS OCUPAÇÕES OCORRIDAS
APÓS 31 DE MARÇO DE 2021, in verbis:
E, ainda, cita-se:
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DESOCUPAÇÃO. INTENÇÃO DE RETOMAR A POSSE DA ÁREA ESBULHADA.
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA E VULNERABILIDADE DOS OCUPANTES. FAMÍLIAS DE
BAIXA RENDA. POSSIBILIDADE DE COMPATIBILIZAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE
DO ENTE PÚBLICO COM O TRATAMENTO DIGNO DOS OCUPANTES DO IMÓVEL,
MEDIANTE OFERECIMENTO DE CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA PERMANECEREM
Portanto, não cabe suspensão à ordem proibitória, nos termos da própria ADPF
mencionada.
Assim, entendo que o Poder Público poderá atuar a fim de evitar a sua
consolidação, NÃO necessitando de medidas para que as pessoas sejam levadas para
abrigos públicos ou que de outra forma se assegure a elas moradia adequada, posto que
não se está falando em ocupação, e sim em apenas AMAEÇA de novas ocupações.
6.1.3. Nos termos da ADPF 828 DF, do STF, entendo que o Poder Público
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12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão
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poderá atuar a fim de evitar a sua consolidação, NÃO necessitando de medidas para que
as pessoas sejam levadas para abrigos públicos ou que de outra forma se assegure a
elas moradia adequada, posto que não se está falando em ocupação, e sim em apenas
AMAEÇA de novas ocupações.
6.7. Observe o Sr. Oficial de Justiça que deverá ser feita a citação pessoal
dos ocupantes que forem encontrados no local. Para tanto, deverá cumprir a diligência nos
exatos termos do § 2º, do artigo 554, do CPC: “Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o
oficial de justiça procurará os ocupantes (leia-se possíveis invasores) no local por uma vez,
citando-se por edital os que não forem encontrados”. Em relação aos demais, deverá ser
expedido edital, com prazo de 20 (vinte) dias. Tudo, com fundamento no § 1º, do artigo 554, do
CPC.
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8. Oportunamente, distribua-se conforme a competência para as
providencias iniciais.
[1] Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.