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PROJUDI - Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013 - Ref. mov. 12.

1 - Assinado digitalmente por Juliane Velloso Stankevecz


12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA
UNIDADE REGIONALIZADA DE PLANTÃO JUDICIÁRIO DE CURITIBA - PROJUDI
Avenida Anita Garibaldi, 750 - Ahú - Curitiba/PR - Fone: 3210-7045 - E-mail: plantaojudiciariocuritiba@tjpr.jus.br

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Autos nº. 0010268-87.2022.8.16.0013

Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013
Classe Processual: Interdito Proibitório
Assunto Principal: Esbulho / Turbação / Ameaça
Data da Infração:
Polo Ativo(s): PIEMONTE CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA
Polo Passivo(s): MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TETO DO PARANÁ

PLANTÃO JUDICIÁRIO

1. Trata-se de AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO ajuizada por PIEMONTE


CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÃO LTDA. em face de MOVIMENTO DOS
TRABALHADORES SEM TETO DO PARANÁ – MST PARANÁ (e demais potenciais invasores
do imóvel).

Primeiro, frisa-se que a parte requerente propôs ação de reintegração de posse


– com pedido de liminar de tutela de urgência (autos n. 0010245-44.2022.8.16.0013), em
11.06.2022, neste Plantão Judiciário, objetivando a reintegração da posse exercida sobre a
área composta pelos imóveis de matrícula n. 59.650, 125.359, 189.711 e 197.698, todas da 8ª
Circunscrição Imobiliária dessa Capital.

Sustentou a parte autora que demonstrou de forma inequívoca o exercício de


posse sobre o imóvel há mais de 18 (dezoito) anos, e o esbulho praticado pelo movimento
requerido em 10.06.2022 (mov. 1.12), isto é, há menos de ano e dia, sendo reconhecido por
este Juízo que “(...) a situação do esbulho restou demonstrada e é recente”. No entanto, aduziu
que a desocupação não foi efetivada até esse momento, considerando que foi determinado o
prazo de 72 (setenta e duas) horas para saída do Movimento “a fim de contemplar a
necessidade de como serão encaminhadas e resolvidas as questões habitacionais e de
medidas de amparo social”. Ao visitar a área, a parte requerente constatou aproximadamente
400 (quatrocentas) pessoas acampadas, que se identificaram como protestantes e
trabalhadores “sem teto”, em parte da área de matrícula 59.650 e 197.698. Disse que é de
conhecimento de toda a comunidade local que o requerido vem planejando a invasão de áreas
contíguas ao imóvel esbulhado, ao qual se encontra inclusive em processo de unificação para
construção de empreendimento imobiliário no local. Segundo informações que obteve o
pleiteante, faz parte da pretensão do movimento invadir as demais áreas de sua propriedade,
reunindo em diversas localidades pessoas para lá acamparem. Informou que uma das áreas foi
totalmente invadida, outra parcialmente, o que evidencia o justo receio de esbulho nos demais
terrenos desta mesma localidade (o que justifica os presentes pedidos).
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Postulou a concessão de liminar para: a) abster o grupo de indivíduos do
movimento requerido de exercer qualquer medida que importe no esbulho ou turbação dos
imóveis objeto desta demanda, sendo expedido de imediato o competente mandado proibitório,
sob pena pecuniária em valor diário não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais), caso seja
descumprido; b) determinar que as forças policiais ostensivas permaneçam na localidade dos

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imóveis descritos, para o fim de coibir que o grupo de indivíduos do movimento exerçam
qualquer medida que importe no esbulho ou turbação dos imóveis objeto desta demanda,
enquanto permaneçam na localidade.

O Ministério Publico manifestou-se (mov. 9.1), pugnando pelo a) pelo


indeferimento da inicial, com a extinção do processo, sem resolução do mérito, por falta de
interesse processual, uma das condições da ação, com fulcro nos artigos 330, III e 485, VI, do
CPC; b) caso não acolhido o item 1, pelo indeferimento da liminar postulada, por não terem
sido comprovados os requisitos previstos no artigo 567, do CPC.

É o que cumpria relatar.

DECIDO.

2. Considerações iniciais:

A ação de reintegração de posse autuada com o nº 0010245-44.2022.8.16.0013


neste Juízo Plantonista, em 11.06.2022, tem por objetivo a reintegração da posse exercida
sobre a área composta pelos imóveis de matrícula n. 59.650, 125.359, 189.711 e 197.698,
todas da 8ª Circunscrição Imobiliária dessa Capital.

Neste feito, até a presente data, foi determinado, em síntese, a REINTEGRAÇÃO


DE POSSE, com alguns acautelamentos, por se tratar de conflito possessório coletivo, nos
termos das diretrizes da Resolução nº 10, de 17.10.2018, tal como a elaboração de plano
específico de execução da reintegração de posse. Por conta disso, foi alterado o prazo inicial
de 24 (vinte e quatro) horas, para 72 (setenta e duas) horas, para que a parte requerida e/ou
terceiros que ali se encontrem desocupem o imóvel voluntariamente.

A referida decisão foi confirmada pelo órgão ad quem, em sede liminar de recurso
de agravo de instrumento.

Todavia, em que pese a situação de esbulho narrada nos autos nº


0010245-44.2022.8.16.0013, alegou a parte requerente neste feito que está sob constante
ameaça de ter seu imóvel invadido pelos requeridos. Disse que a invasão acima
destacada pode ficar ainda mais configurada caso o Movimento Dos Trabalhadores Sem
Teto Do Paraná – MST Paraná, edemais potenciais invasores do local, adentrem nos
imóveis circundantes da área.Informou que uma das áreas foi totalmente invadida, outra
parcialmente, o que evidencia o justo receio de esbulho nos demais terrenos desta
mesma localidade (o que justifica os presentes pedidos).

Posto isso, considerando a justificativa apresentada acima, a ameaça


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iminente do esbulho narrado, em outra área, ainda que contíguo da qual foi
esbulhada/turbada anteriormente, necessária a análise do pedido liminar, ao contrário do
que o Ministério Público alegou.

Cita-se, por oportuno:

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APELAÇÃO CÍVEL. INTERDITO PROIBITÓRIO. AMEAÇA DE INVASÃO DE
FAZENDA PELO MST E MOVIMENTO VIA CAMPESINA. POSSE DA
AUTORA NÃO CONTESTADA - TURBAÇÃO EVIDENCIADA PELAS PROVAS
E POR INDIRETA CONFISSÃO. PROCEDÊNCIA DA DEMANDA. Para o
acolhimento do interdito proibitório basta a prova da posse do requerente e do
justo receio da turbação para que o pedido seja acolhido. Quando a parte ré
não contesta a posse da autora e, além, bate-se pela prevalência do que
considera seu direito de se manifestar livremente, mesmo que tal manifestação
configure - como o demonstram as provas dos autos - evidente turbação,
impõe-se a proteção do interdito, para que o direito se mantenha a cavaleiro da
política, porque só assim se pode conceber o conceito de ordem democrática.
(TJ-MG 101050724202320011 MG 1.0105.07.242023-2/001(1), Relator:
LUCIANO PINTO, Data de Julgamento: 12/03/2009, Data de Publicação:
31/03/2009)

4.Das diretrizes da Resolução nº 10, de 17.10.2018

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos, na sua Resolução nº 10, de


17.10.2018, dispõe sobre soluções e medidas preventivas em situações de conflitos fundiários
coletivos rurais e urbanos.

Por se tratar de conflito possessório coletivo, em atenção ao constante da


Resolução citada e em respeito aos direitos humanos, verifica-se:

O artigo 6º da referida Resolução dispõe acerca de medidas de prevenção:

Art. 6º No tratamento e prevenção de conflitos fundiários coletivos deve-se:


I - Reconhecer a desigualdade das partes envolvidas nos litígios;
II - Destinar prioritariamente terras públicas devolutas à finalidade da reforma agrária, titulação
de territórios tradicionais e regularização fundiária de interesse social urbana e rural;
III - Aplicar o princípio constitucional da razoável duração aos processos de demarcação de
terras indígenas, de titulação de quilombos, de desapropriação para fins de reforma agrária, de
reconhecimento de direitos de povos e comunidades tradicionais e de regularização fundiária
de interesse social;
IV - Garantir o respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório
e da ampla defesa, assegurando inclusive assistência jurídica integral gratuita aos grupos em
situação de vulnerabilidade;
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V- Realizar e publicar levantamento estatístico de demandas judiciais relacionadas a conflitos
coletivos, catalogando as experiências de autocomposição conduzidas pelo judiciário;
VI - Disponibilizar gratuitamente os registros públicos imobiliários às partes envolvidas, aos
órgãos e às instituições públicas com atuação relacionada à questão fundiária;
VII - Elaborar cadastro unificado, com acesso universal, das propriedades públicas federais,

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estaduais e municipais, da administração direta e indireta com indicação expressa da
finalidade, uso atual efetivo e indicação dos imóveis rurais e urbanos não afetados;
VIII - Primar pela agilidade do acesso à terra, à moradia, e à regularização fundiária: (a) em
terras públicas, por intermédio de processos administrativos céleres e adequados destinados
ao atendimento de grupos que demandem proteção especial do Estado; (b) em propriedades
particulares, devendo o Estado tomar todas as medidas para transferência de domínio, locação
social ou outras medidas pertinentes.

Em seu artigo 7º, a Resolução dispõe sobre conflito coletivo judicializado:

Art. 7º. Quando se tratar de conflito fundiário coletivo, primando pelos princípios da cooperação,
boa fé, busca da autocomposição e do atendimento aos fins sociais, bem como do resguardo
da dignidade da pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e
eficiência, previstos na Constituição Federal de 1988 e no Código de Processo Civil, o/a juiz/a
deverá, antes da apreciação da liminar, adotar as seguintes medidas:
I - Todos/as os/as afetados/as devem ser pessoalmente citados/as, não se admitindo citação
ficta, nem mesmo sob justificativa de insegurança ou de não localização das pessoas afetadas;
II - Intimar a Defensoria Pública para o adequado exercício de sua intervenção obrigatória,
independentemente da constituição de advogado pelas partes, para exercício de sua missão
constitucional de promoção e defesa dos direitos humanos, na relação jurídico-processual;
III - Zelar pela obrigatória intervenção do Ministério Público nos litígios coletivos pela posse de
terra rural ou urbana, sempre que não for parte, que deverá atuar no sentido de garantir o
respeito aos direitos humanos dos grupos que demandam especial proteção do Estado
afetados pelo conflito;
IV - Designar audiência para que o autor justifique previamente o alegado, como medida de
boa prática processual e realização do princípio da cooperação e autocomposição, ainda que
os fatos, objeto do litígio, datem de período inferior a ano e dia;
V - Verificar se o autor da ação possessória demonstrou a função social da posse do imóvel, se
comprovou o exercício da posse efetiva sobre o bem e, cumulativamente, em caso de posse
decorrente de propriedade, se apresentou título válido;
VI - Considerar a dominialidade do imóvel, tanto em ações possessórias quanto em petitórias,
como mecanismo necessário à garantia da correta utilização do patrimônio público fundiário e
combate à grilagem e especulação imobiliária, devendo para tanto exigir a certidão de inteiro
teor da cadeia dominial do imóvel desde a origem, aferindo o seu regula destacamento do
patrimônio público e a regularidade jurídica e tributária dos imóveis;
VII - Avaliar o impacto social, econômico e ambiental das decisões judiciais tendo em conta a
proteção de grupos em situação de vulnerabilidade, inclusive considerando o número de
pessoas, grupos e famílias, com suas especificidades;
VIII - Realizar inspeção judicial tendo como premissa que tal medida em conflitos coletivos
fundiários é procedimento indispensável à eficiente prestação jurisdicional nos termos do artigo
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126, parágrafo único, da Constituição Federal, com a devida intimação prévia e pessoal das
pessoas afetadas;
IX - Designar audiência de mediação, de acordo com o art. 565 do CPC, expedindo intimações
para comparecimento do Ministério Público, Defensoria Pública e os órgãos responsáveis pela
política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e do Município

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onde se situe a área objeto do litígio, devendo estes aportar propostas e informações
relevantes para a solução do conflito, observado o que dispõem os artigos 378 e 380 do CPC.

Pois bem, primando pelos princípios da cooperação, boa-fé, busca da


autocomposição e do atendimento aos fins sociais, bem como do resguardo da dignidade da
pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência,
previstos na Constituição Federal de 1988 e no Código de Processo Civil, entendo
desnecessário designar audiência prévia para que a parte autora justifique o alegado, até
porque a petição inicial encontra-se com documentos, vídeos (processo em apenso) e tudo
mais que demonstrem o direito alegado pela parte, bem como considerando o número
indeterminado de pessoas envolvidas no polo passivo.

No mais, ao verificar se o autor da ação possessória demonstrou a função social


da posse do imóvel, retira-se dos autos de ação de reintegração de posse em apenso (n.
0010245-44.2022.8.16.0013), a afirmação, na petição inicial, que a requerente é uma empresa
do ramo da construção civil, que atua há mais de treze anos no mercado imobiliário de Curitiba
e já lançou mais de 8.000 imóveis, beneficiando aproximadamente 35.000 pessoas. Atua,
especialmente, na construção de habitações populares, para a população de baixa renda.
Ainda, informou o exercício de posse sobre o imóvel há mais de 18 (dezoito) anos.

Nesse ponto, ressalta-se que, em que pese a recomendação existente na referida


Resolução, de acordo com o entendimento da jurisprudência pátria, a questão da observância,
ou não, pelo autor do princípio da função social da propriedade é matéria que exige dilação
probatória, não obstando seja ele liminarmente mantido/reintegrado na posse do imóvel. Ou
seja, a função social da propriedade, ainda que exigida constitucionalmente, não constitui
requisito para o deferimento de liminares medidas possessórias.

Nesse sentido, cita-se a jurisprudência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE


BEM PÚBLICO - LITÍGIO POSSESSÓRIO COLETIVO - JUÍZO COMPETENTE
E LEGITIMIDADE ATIVA: QUESTÕES NÃO AGRAVÁVEIS - FUNÇÃO SOCIAL
DA PROPRIEDADE: IRRELEVÂNCIA - LIMINAR: REQUISITOS PRESENTES -
MEDIAÇÃO: PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE - PRÉVIA OITIVA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO: DESNECESSIDADE - PROTEÇÃO JUDICIAL DO
MENOR: IMPERTINÊNCIA - DESPROVIMENTO DA PARTE ADMISSÍVEL DO
RECURSO. (...) II - A função social da propriedade, ainda que exigida
constitucionalmente, não constitui requisito para o deferimento de
liminares medidas possessórias. III - Em ações possessórias, "a liminar
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será concedida sempre que dois requisitos forem preenchidos no caso
concreto, sendo dispensada no caso concreto a demonstração de
periculum in mora: (i) demonstração de que o ato de agressão à posse
deu-se há menos de ano e dia, e (ii) instrução da petição inicial que, em
cognição sumária do juiz, permita a formação de convencimento de que

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há probabilidade de o autor ter direito à tutela jurisdicional" (Daniel
Amorim Assunção Neto, Manual de Direito Processual Civil, Vol. Único, 8ª ed.,
Jus, Podivm, p. 1258). IV - Em respeito ao princípio da especificidade, a inicial
da ação possessória coletiva não é inepta (art. 330, I, CPC/15) por
inobservância do art. 319, VII, do CPC/15, posto manifesta a incompatibilidade
desta regra com o que ditam os arts. 562, "caput", e 565, § 1º, ambos do
CPC/15, para o específico caso dos litígios possessórios coletivos; e, ainda, em
um litígio coletivo de "posse nova" ou "força nova" não há se falar na prévia
realização de audiência de mediação como requisito para a apreciação do
pedido liminar de reintegração, sendo seu deferimento "inaudita altera parte"
perfeitamente legítimo. (...) (TJ-MG - AI: 10000180884165002 MG, Relator:
Peixoto Henriques, Data de Julgamento: 10/05/0020, Data de Publicação:
17/05/2020) (sem grifos no original).

AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO. JULGAMENTO CONFORME O


ESTADO DO PROCESSO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO
CONFIGURADO. CITAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE. IRRELEVÂNCIA DA DISCUSSÃO PARA O OBJETO DA
DEMANDA. - O juiz, como destinatário da prova, é quem compete decidir sobre
a necessidade ou não de sua produção para a formação de sua convicção, não
havendo cerceamento de defesa pelo fato de ter entendido pelo julgamento
antecipado da lide - A ação possessória que envolve movimentos populares
pela posse da terra apresenta algumas particularidades, em razão da
volatilidade do número dos ocupantes e, também, da extensão da área por eles
ocupada. A inerente dificuldade na individualização e identificação dos
integrantes do movimento impossibilita a citação pessoal destes, razão pela
qual se admite que, de pronto, sejam citados apenas aqueles que se
localizarem na área litigiosa no momento do ato e os demais por edital - O
descumprimento da função social da propriedade rural não constitui
óbice à proteção possessória pleiteada, uma vez que o ordenamento
jurídico pátrio possui mecanismos próprios para a hipótese, notadamente
a possibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária. (TJ-MG -
AC: 10000190005595001 MG, Relator: Cláudia Maia, Data de Julgamento:
21/05/0019, Data de Publicação: 24/05/2019) (sem grifos no original).

Outrossim, frisa-se que, oportunamente, poder-se-á ser realizada inspeção judicial


no local, tendo como premissa que tal medida em conflitos coletivos fundiários é procedimento
indispensável à eficiente prestação jurisdicional, nos termos do artigo 126, parágrafo único, da
Constituição Federal, com a devida intimação prévia e pessoal das pessoas afetadas.
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Ainda, no mesmo sentido, poder-se-á ser designada audiência de mediação, de
acordo com o art. 565 do CPC, expedindo intimações para comparecimento do Ministério
Público, Defensoria Pública e os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política
urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e do Município onde se situe a área objeto
do litígio, devendo estes aportar propostas e informações relevantes para a solução do conflito,

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observado o que dispõem os artigos 378 e 380 do CPC.

Assim, respeitadas as diretrizes da Resolução nº 10, de 17.10.2018, passa-se a


análise do mérito da liminar:

4. Da análise do pedido liminar:

Para que a parte possa obter a tutela de urgência, devem se fazer presentes os
requisitos do artigo 300 do CPC[1], quais sejam a probabilidade do direito, e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.

Consoante se extrai da melhor doutrina, a probabilidade que autoriza o emprego


da técnica acautelatória para a tutela dos direitos é a probabilidade lógica, que é aquela que
surge da confrontação das alegações e das provas com os elementos disponíveis nos autos,
sendo provável a hipótese que encontra maior grau de confirmação e o menor grau de
refutação nesses elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é provável para
conceder a tutela de urgência.

A probabilidade do direito se dá "com a constatação de que há um considerável


grau de plausibilidade em torno da narrativa dos fatos trazida pelo autor. É preciso que se
visualize, nessa narrativa, uma verdade provável sobre os fatos, independentemente da
produção de prova." (Fredie Didier Jr; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. Curso
de Direito Processual Civil)

Quanto ao segundo elemento necessário para autorizar a tutela de urgência, é


preciso ler as expressões perigo de dano e risco ao resultado útil do processo como alusões ao
perigo na demora. Vale dizer: há urgência quando a demora pode comprometer a
realização imediata ou futura do direito. (In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; JR., Fredie
Didier; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno. Breves Comentários ao Novo Código de
Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais Ltda., 2015. p.782-783).

Da análise dos autos, verifica-se a presença dos requisitos legais que autorizam
a concessão da tutela antecipada, ao contrário do alegado pelo Ministério Público.

Analisando-se o disposto no artigo 567 do CPC, tem-se que o interdito proibitório


é uma ação de caráter preventivo, na qual o possuidor direto ou indireto visa a ser segurado
contra atos de turbação ou esbulho iminentes, invocando o justo receio de ser molestado em
sua posse.

Assim, três são os requisitos para a concessão do mandado proibitório: a posse


atual exercida pelo autor; a ameaça, por parte do réu, de turbação ou esbulho iminente; e
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o justo receio de ser efetivada a ameaça.

Humberto Theodoro Júnior pondera que: (...) enquanto os interditos de


reintegração e manutenção pressupõem lesão à posse já consumada, o interdito proibitório é
de natureza preventiva e tem por objetivo impedir que se consume dano apenas temido. O

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mandado que o possuidor obtém, na última hipótese, é de segurança contra esbulho ou
turbação iminente, no qual, além da interdição do mal ameaçado, haverá também a cominação
de pena pecuniária para eventualidade de transgressão do preceito (art. 932) (Curso de direito
processual civil, 29ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 137).

Compulsando os autos, está evidenciada a probabilidade do direito, visto que a


posse exercida pela parte autora no imóvel está comprovada pelas matrículas citadas nos
autos (mov. 1.3), da 8ª Circunscrição Imobiliária de Curitiba/PR, que permite admitir que ela é
proprietária do imóvel.

Ademais, preconiza o artigo 1.196 do Código Civil, “considera-se possuidor todo


aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade”.

Já o artigo 1.210 do mesmo diploma legal assim dispõe “O possuidor tem direito a
ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado”.

Conforme já citada anteriormente, a parte requerente é proprietária dos


imóveis, e está sob constante ameaça de ter outra parte de seu imóvel (registrados por
outras matriculas) invadido pela parte requerida Movimento Dos Trabalhadores Sem Teto
Do Paraná – MST Paraná edemais potenciais invasores.

Ademais, narrou a parte autora que no início da ocupação eram aproximadamente


400 (quatrocentos) pessoas, a cada minuto o número cresce em número desproporcional,
com grave ameaça a todos que estão no entorno da localidade. Neste ponto, é necessário
asseverar que uma dasáreas foi totalmente invadida, outra parcialmente, o que evidencia o
justo receio de esbulho nos demais terrenos desta mesma localidade.

A ameaça de turbação ou esbulho iminente por parte do requerido está


comprovada por meio dos documentos acostados nos autos, que, em cognição sumária,
aparenta ser de forma ilícita. Não bastasse, há justo receio da parte autora de ser
molestada novamente em sua posse.

Assim, a documentação apresentada pela parte autora, em sede de cognição


sumária, é suficiente para demonstrar o seu direito.

Ressalta-se, por fim, a viabilidade de reversão do provimento, pois nada impede


que durante o transcurso processual seja revogada a antecipação de tutela pela admissão que
não subsistem mais os pressupostos que autorizam essa providência (art. 300, §3º, do CPC).
PROJUDI - Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013 - Ref. mov. 12.1 - Assinado digitalmente por Juliane Velloso Stankevecz
12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
5. Da ADPF 828 DF:

O STF proferiu liminar na ADPF 828 DF suspendendo a execução de despejos e


remoções forçadas até março de 2022, in verbis:

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“Diante de todo o exposto, defiro parcialmente o pedido de medida cautelar incidental, nos
seguintes termos:

(i) Determino a extensão, para as áreas rurais, da suspensão temporária de desocupações e


despejos, de acordo com os critérios previstos na Lei nº 14.216/2021, até o prazo de 31 de
março de 2022.

(ii) Faço apelo ao legislador, a fim de que prorrogue a vigência dos prazos previstos na Lei nº
14.216/2021 (arts. 1º; 2º; 4º e 5º), tendo em vista o cenário atual da pandemia;

(iii) Caso não haja prorrogação até o período de recesso do Congresso Nacional, concedo
parcialmente a medida cautelar, a fim de que os direitos assegurados pela Lei nº 14.216/2021,
para as áreas urbanas e rurais, sigam vigentes até 31 de março de 2022.”

Em data recente, o Min. Luiz Roberto Barroso deferiu uma segunda Tutela
Provisória Incidental na Arguição de Preceito Fundamental nº 828, prorrogando os efeitos até
30 de junho de 2022.

Ressalte-se que o artigo 2º da Lei nº 14.216/2021, que determinou a suspensão


dos efeitos de atos que imponham a desocupação ou a remoção forçada coletiva de imóvel
privado ou público que sirva de moradia ou que represente área produtiva pelo trabalho
individual ou familiar e, considerando, a sua prorrogação até junho de 2022, prevê que:

LEI Nº 14.216, DE 7 DE OUTUBRO DE 2021

Art. 2º Ficam suspensos até 31 de dezembro de 2021 os efeitos de atos ou decisões judiciais,
extrajudiciais ou administrativos, editados ou proferidos desde a vigência do estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, até 1
(um) ano após o seu término, que imponham a desocupação ou a remoção forçada coletiva de
imóvel privado ou público, exclusivamente urbano, que sirva de moradia ou que represente
área produtiva pelo trabalho individual ou familiar.

§ 1º Para fins do disposto neste artigo, aplica-se a suspensão nos seguintes casos, entre
outros:

I - execução de decisão liminar e de sentença em ações de natureza possessória e petitória,


inclusive mandado pendente de cumprimento;

II - despejo coletivo promovido pelo Poder Judiciário;

III - desocupação ou remoção promovida pelo poder público;

IV - medida extrajudicial;
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V - despejo administrativo em locação e arrendamento em assentamentos;

VI - autotutela da posse.

§ 2º As medidas decorrentes de atos ou decisões proferidos em data anterior à vigência do


estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de

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2020, não serão efetivadas até 1 (um) ano após o seu término.

§ 3º Durante o período mencionado no caput deste artigo, não serão adotadas medidas
preparatórias ou negociações com o fim de efetivar eventual remoção, e a autoridade
administrativa ou judicial deverá manter sobrestados os processos em curso.

§ 4º Superado o prazo de suspensão a que se refere o caput deste artigo, o Poder Judiciário
deverá realizar audiência de mediação entre as partes, com a participação do Ministério
Público e da Defensoria Pública, nos processos de despejo, de remoção forçada e de
reintegração de posse coletivos que estejam em tramitação e realizar inspeção judicial nas
áreas em litígio.

Todavia, a própria lei citada acima, que teve o seu prazo prorrogado, dispõe
expressamente, em seu artigo 7º, QUE NÃO SE APLICA ÀS OCUPAÇÕES OCORRIDAS
APÓS 31 DE MARÇO DE 2021, in verbis:

Art. 7º As medidas de que tratam os arts. 2º e 3º desta Lei:

I - não se aplicam a ocupações ocorridas após 31 de março de 2021;


II - não alcançam as desocupações já perfectibilizadas na data da publicação desta Lei.

Destaca-se, por oportuno:

MEDIDA CAUTELAR NA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL 828 DISTRITO FEDERAL (...)

ii) com relação a ocupações posteriores à pandemia: com relação às ocupações


ocorridas após o marco temporal de 20 de março de 2020, referido acima, que sirvam de
moradia para populações vulneráveis, o Poder Público poderá atuar a fim de evitar a sua
consolidação, desde que as pessoas sejam levadas para abrigos públicos ou que de
outra forma se assegure a elas moradia adequada . (STF - ADPF: 828 DF
0052042-05.2021.1.00.0000, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 03/06/2021,
Data de Publicação: 07/06/2021)

E, ainda, cita-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO DE


IMÓVEL PÚBLICO POR PARTICULARES (OCUPAÇÃO ANITA GARIBALDI). ESBULHO
POSSESSÓRIO CARACTERIZADO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL PARA
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DESOCUPAÇÃO. INTENÇÃO DE RETOMAR A POSSE DA ÁREA ESBULHADA.
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA E VULNERABILIDADE DOS OCUPANTES. FAMÍLIAS DE
BAIXA RENDA. POSSIBILIDADE DE COMPATIBILIZAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE
DO ENTE PÚBLICO COM O TRATAMENTO DIGNO DOS OCUPANTES DO IMÓVEL,
MEDIANTE OFERECIMENTO DE CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA PERMANECEREM

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ABRIGADOS. ORIENTAÇÃO CONTIDA NA ADPF 828/STF, PARA AS OCUPAÇÕES
CONSIDERADAS RECENTES. DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL CONDICIONADA À
DESTINAÇÃO, PELO ESTADO DE SANTA CATARINA, DE LOCAL ADEQUADO PARA O
ABRIGO DOS OCUPANTES. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, PARA QUE A
DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL PÚBLICO SEJA PRECEDIDA DA APRESENTAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO, PELO AGRAVADO, DE PLANO DE DESOCUPAÇÃO E DESTINAÇÃO A
LOCAL ADEQUADO PARA O ABRIGO DOS AGRAVANTES. (TJSC, Agravo de Instrumento n.
5060703-31.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Pedro Manoel
Abreu, Primeira Câmara de Direito Público, j. Tue Apr 26 00:00:00 GMT-03:00 2022). (TJ-SC -
AI: 50607033120218240000, Relator: Pedro Manoel Abreu, Data de Julgamento: 26/04/2022,
Primeira Câmara de Direito Público)

Portanto, não cabe suspensão à ordem proibitória, nos termos da própria ADPF
mencionada.

Ademais, nestes autos em específico, está-se falando em AMEAÇA de


turbação ou esbulho iminente por parte do requerido e não à ocupação propriamente
dita.

Assim, entendo que o Poder Público poderá atuar a fim de evitar a sua
consolidação, NÃO necessitando de medidas para que as pessoas sejam levadas para
abrigos públicos ou que de outra forma se assegure a elas moradia adequada, posto que
não se está falando em ocupação, e sim em apenas AMAEÇA de novas ocupações.

6. DAS DETERMINAÇÕES JUDICIAIS:

6.1.DEFIRO a liminar pleiteada, para o fim de determinar que a parte


requerida Movimento Dos Trabalhadores Sem Teto Do Paraná – MST Paraná edemais
potenciais invasoresSE ABSTENHAM de turbar, ameaçar ou esbulhar a posse dos
autores sobre o imóvel informado na exordial, sob pena de multa de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) por descumprimento. Expeça-se mandado proibitório IMEDIATAMENTE.

6.1.1. Intime-se imediatamente oMovimento Dos Trabalhadores Sem Teto Do


Paraná – MST Paraná.

6.1.2. Comunique-se,imediatamente, O Sr. Oficial de Justiça. Autorizo, desde


já, que tal diligência possa ser feita por mais um Oficial de Justiça.

6.1.3. Nos termos da ADPF 828 DF, do STF, entendo que o Poder Público
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
poderá atuar a fim de evitar a sua consolidação, NÃO necessitando de medidas para que
as pessoas sejam levadas para abrigos públicos ou que de outra forma se assegure a
elas moradia adequada, posto que não se está falando em ocupação, e sim em apenas
AMAEÇA de novas ocupações.

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6.2. Defiro, ainda o pedido de determinar que as forças policiais ostensivas
permaneçam na localidade dos imóveis descritos na exordial, para o fim de coibir que o grupo
de indivíduos do movimento exerçam qualquer medida que importe no esbulho ou turbação dos
imóveis objeto desta demanda, enquanto permaneçam na localidade.

6.2.1. Desde logo, defiro a utilização de reforço policial. Oficie-se


imediatamente ao Comandante da Polícia Militar.

6.3. Comuniquem-se, imediatamente, a Defensoria Pública e o Ministério


Público.

6.4.Comunique-se a Prefeitura Municipal de Curitiba.

6.5. Ainda, comunique-se imediatamente a DEFESA CIVIL para que vá até o


local dos fatos, a fim de providenciar um conjunto de ações preventivas, de socorro,
assistenciais, destinadas a evitar desastres ou minimizar seus impactos para a
população e a restabelecer a normalidade social. Desde já autorizo a chegada de
mantimento e remédios às pessoas que eventualmente ocupem a localidade.

6.6. Outrossim, defiro o pedido da parte autora de juntada de instrumento de


procuração a posteriori, nos termos do artigo 104 do CPC: “O advogado não será admitido a
postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou
para praticar ato considerado urgente”. Frisa-se que deve a referida parte juntar a respectiva
procuração no prazo de 15 (quinze) dias.

6.7. Observe o Sr. Oficial de Justiça que deverá ser feita a citação pessoal
dos ocupantes que forem encontrados no local. Para tanto, deverá cumprir a diligência nos
exatos termos do § 2º, do artigo 554, do CPC: “Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o
oficial de justiça procurará os ocupantes (leia-se possíveis invasores) no local por uma vez,
citando-se por edital os que não forem encontrados”. Em relação aos demais, deverá ser
expedido edital, com prazo de 20 (vinte) dias. Tudo, com fundamento no § 1º, do artigo 554, do
CPC.

6.8. Para o cumprimento da regra extraída do § 3º, do artigo 554, do CPC,


prudente que primeiro seja conhecido o número de pessoas no local. Por isso, essa questão
será analisada posteriormente à citação.

6.9. Cite-se a parte requerida para apresentar contestação no prazo de 15


(quinze) dias úteis (artigo 335 do CPC), contados na forma do artigo 231, do CPC.

7. Junte-se cópia da presente decisão na ação de reintegração de posse


(autos n. 0010245-44.2022.8.16.0013). Após, apense-se este feito aos autos citado.
PROJUDI - Processo: 0010268-87.2022.8.16.0013 - Ref. mov. 12.1 - Assinado digitalmente por Juliane Velloso Stankevecz
12/06/2022: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão

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8. Oportunamente, distribua-se conforme a competência para as
providencias iniciais.

Intimações e diligências necessárias.

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Curitiba, datado eletronicamente.

Juliane Velloso Stankevecz

Juíza de Direito Substituta Plantonista

[1] Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

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