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PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.

1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174


16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
ÓRGÃO ESPECIAL

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQN RNM8P MTLU2 GJEL3


Autos nº. 0023721-67.2017.8.16.0000/1

Embargante(s): ESTADO DO PARANÁ

Embargado(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

Relator: Desembargador Arquelau Araujo Ribas

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO QUE JULGOU O


INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS FIXANDO
A SEGUINTE TESE: “O ART. 33 DA LEI ESTADUAL Nº 18.907/2016
E NORMATIVOS POSTERIORES, QUE POSTERGARAM
INDEFINIDAMENTE O IMPLEMENTO DA REVISÃO GERAL PREVISTA
NO ART. 3º DA LEI ESTADUAL Nº 18.493/2015, SÃO
INCONSTITUCIONAIS POR OFENSA AO DIREITO ADQUIRIDO
(ART. 5º, XXXVI, DA CF) E À GARANTIA DA IRREDUTIBILIDADE
DE VENCIMENTOS (ART. 37, XV, DA CF)”. 1. NÃO CONHECIMENTO
PARCIAL DO RECURSO NO QUE TOCA AO PEDIDO DO
EMBARGANTE DE QUE OS EFEITOS DA ORDEM CONCEDIDA NO MS
Nº 0044150-89.2016.8.16.0000 ALCANCEM APENAS OS FILIADOS
DA PARTE AUTORA (AMAI) ATIVOS NA DATA DA IMPETRAÇÃO, EM
RAZÃO DA AVENTADA AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DA
PARANAPREVIDÊNCIA NAQUELA AÇÃO MANDAMENTAL. INDEVIDA
INOVAÇÃO RECURSAL. 2. ALEGADAS OMISSÕES E OBSCURIDADES
NO TOCANTE À DISTINÇÃO ENTRE O PRESENTE CASO E O
PRECEDENTE FIRMADO NO RE Nº 905.357. INOCORRÊNCIA.
ACÓRDÃO QUE EXPLICITOU, À EXAUSTÃO, AS RAZÕES DA NÃO
INCIDÊNCIA AO CASO DA RATIO DELINEADA NO RE Nº 905.357.
3. PEDIDO DE MODULAÇÃO DE EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE FORMULADO PELO ESTADO DO
PARANÁ. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO DE EXCEPCIONALIDADE APTA
A JUSTIFICÁ-LO.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDOS E, NO


MÉRITO, REJEITADOS.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nº


0023721-67.2017.8.16.0000/01, em que é embargante o ESTADO DO PARANÁ.
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
RELATÓRIO

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1. Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Estado do Paraná
contra acórdão deste Colegiado (mov. 526.1, IRDR nº 0023721-67.2017.8.16.0000), que: a)
acolheu o incidente de resolução de demandas repetitivas, fixando a tese a ser aplicada em
todas as ações judiciais que versem sobre o tema, nos seguintes termos: ”O art. 33 da Lei
Estadual nº 18.907/2016 e normativos posteriores, que postergaram indefinidamente o
implemento da revisão geral prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 18.493/2015, são
inconstitucionais por ofensa ao direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF) e à garantia da
irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da CF)”; e b) concedeu a segurança “nos MS nº
0044150-89.2016.8.16.0000 e 0002787-88.2017.8.16.0000, afetados ao IRDR, a fim de
assegurar, respectivamente, tal como pedido, em relação à AMAI, ‘o direito do filiado do
impetrante - servidores policiais civis inativos e pensionistas - com supedâneo no artigo 3º da
Lei 18.493/2015, a manutenção imediata de sua data-base, já fixada, com seus reflexos’, e
pelo SINDIPOL, o cumprimento integral do artigo 3º da Lei Estadual nº 18.493/15, nos moldes
especificados, em ambos os casos, com o devido desconto de eventuais valores já incorporados
aos vencimentos dos servidores em decorrência do quanto disposto no art. 1º da Lei Estadual
nº 19.912/2019”.

1.1. O embargante aduz, em apertada síntese, que: a) o aresto incorreu


em omissões no que se refere ao distinguishing entre o caso vertente e aquele decidido pelo
Pretório Excelso no RE nº 905.357/TO; b) faz-se necessário o pronunciamento do órgão
julgador sobre a modulação de efeitos do decisum, a fim de que a declaração de
inconstitucionalidade do art. 33 da LDO/2017 produza efeitos somente a partir do exercício
orçamentário seguinte, “de modo a ordenar que o Estado inclua a dotação orçamentária
suficiente para pagar a revisão geral conforme os índices estabelecidos no art. 3º da Lei 18.493
/2015”; c) isso porque, “no caso concreto, [...] a declaração de inconstitucionalidade com
efeitos ex tunc implica a constituição de dívida de cerca de R$ 10 bilhões aos cofres públicos,
considerando a retroatividade a janeiro/2017”; d) o MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000 tinha
por objetivo garantir “o direito do filiado do impetrante - servidores policiais civis inativos e
Pensionistas - com supedâneo no artigo 3º da Lei 18.493/2015, à manutenção imediata de sua
data-base, já fixada, com seus reflexos”; todavia, em que pese os termos do pedido
formulado, a impetrante não incluiu no polo passivo a Paranaprevidência, responsável pela
implementação da revisão geral em favor dos inativos; e) desse modo, “[...] a tutela
jurisdicional deve projetar efeitos apenas sobre aqueles que participaram do contraditório. Daí
a necessidade de se deixar claro, atribuindo efeitos infringentes aos presentes embargos de
declaração, que os beneficiários da decisão que concedeu a segurança são apenas os filiados à
AMAI que eram ativos ao tempo da impetração”. Requer o provimento dos aclaratórios para
sanar os vícios apontados.

1.2. O Sindicato dos Servidores do Departamento de Trânsito no Estado do


Paraná (SINDETRAN/PR), o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (SENGE-PR) e o
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Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES – SN)
apresentaram contrarrazões, nas quais propugnaram a inexistência de omissões no acórdão
embargado. Relativamente ao pedido de modulação de efeitos da declaração de
inconstitucionalidade, defenderam o seu descabimento em sede de IRDR por extrapolar o
objeto do incidente (mov. 44.1).

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1.3. Da mesma forma, o Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do
Paraná (SINPOAPAR) manifestou-se pelo não acolhimento dos embargos (mov. 47.1). Sobre o
pleito de modulação de efeitos, consignou que “a tentativa de evitar efeitos patrimoniais
pretéritos, tal como pleiteado[...], vai contra o próprio objeto do IRDR e de todas as ações
propostas pelos Servidores do Estado, tendo em vista que desde a promulgação da norma
declarada inconstitucional, o embargante se encontra em mora com o pagamento da reposição
garantida em 2015”.

1.4. Por sua vez, a Associação dos Policiais Militares ativos, inativos e
pensionistas do Estado do Paraná (AMAI) postulou a rejeição dos aclaratórios, ocasião em que
sustentou que: a) a Paranaprevidência não ostenta legitimidade para figurar no polo passivo
de writ que visa à implementação de reajuste ao funcionalismo público; b) a alegação do
Estado do Paraná quanto à ausência de integração daquela entidade no contraditório constitui
inovação recursal; e c) o acórdão não padece de omissões. Quanto à postulada modulação de
efeitos, pontuou que “não há como o Poder Judiciário determinar a implementação de reajuste
e condicionar tal obrigação ao exercício seguinte, pois estará endossando a omissão estatal em
relação ao reajuste dos servidores”, além do que não foi “apresentado nenhum documento
autuarial de impacto nas contas públicas ou fundamento para tal postergação” (mov. 48.1).

1.5. A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Paraná


(ADEPOL) aduziu o descabimento dos aclaratórios, vez que estes intencionam a rediscussão da
conclusão alcançada pelo órgão julgador. No mérito, arguiu a ausência de omissões ou
obscuridades no decisum, assim como a inexistência de previsão legal para a modulação de
efeitos na hipótese (mov. 49.1).

1.6. O Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (SINDIPOL)


também pugnou pelo não conhecimento do recurso haja vista o objetivo de rediscussão da
decisão (mov. 50.1).

1.7. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do


Paraná (APP-Sindicato) pleiteou a rejeição dos aclaratórios, aduzindo que “nada mais faz o
Estado do Paraná do que novamente tentar justificar o descumprimento de lei já em vigor, por
conta de situações de conjuntura econômica[...]” (mov. 51.1).
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1.8. O Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná
(SINCLAPOL) pediu o não conhecimento do recurso e, no mérito, afirmou a ausência de
quaisquer vícios no julgado. A respeito do pedido de modulação dos efeitos do decisum,
defendeu sua inviabilidade diante da ausência de previsão legal (mov. 52.1).

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1.9. A Associação Rodoviária do Paraná defendeu a inexistência de
omissões na decisão recorrida, pugnando pela rejeição dos embargos (mov. 53.1).

1.10. Por fim, a d. Procuradoria-Geral de Justiça pronunciou-se pelo


conhecimento dos embargos e, no mérito, pelo seu acolhimento parcial tão somente para
modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade a fim de que esta tenha eficácia a
partir da “data de 1º de janeiro de 2020, quando o Estado efetivamente retomou o pagamento
da revisão atinente ao ano de 2017, na forma então prevista pela Lei Estadual nº 19.912/2019
”. Nesse tocante, aduziu que “evidenciado em 1º de janeiro de 2020 contexto propício à efetiva
implantação da revisão obstada pelo artigo 33 da Lei Estadual n.º 18.907/2016 e normativos
posteriores, e buscando uma solução intermediária para a celeuma, que não comprometa
sobremaneira as políticas pelo ente desenvolvidas e demais encargos a ele afetos, mas que,
por outro lado, não suprima o direito dos servidores públicos estaduais à revisão, sugere-se
que o pleito de modulação seja acolhido e se dê nos moldes acima formatados”. No mais,
posicionou-se: (i) pela inexistência de vícios de omissão e de obscuridade no que toca à
distinção realizada pelo acórdão recorrido para afastar a aplicação do RE nº 905.357; e (ii)
pela rejeição do pedido do Estado do Paraná de que os efeitos da decisão proferida no MS nº
0044150-89.2016.8.16.0000 alcancem apenas os “filiados à AMAI que eram ativos ao tempo
da impetração”, por se tratar de indevida inovação recursal em sede de embargos de
declaração.

É o relatório.

FUNDAMENTOS DO VOTO:

2. Consoante relatado, trata-se de embargos de declaração opostos pelo


Estado do Paraná em desfavor de acórdão deste Colegiado que: a) acolheu o incidente de
resolução de demandas repetitivas, fixando a tese a ser aplicada em todas as ações judiciais
que versem sobre o tema, nos seguintes termos: ”O art. 33 da Lei Estadual nº 18.907/2016 e
normativos posteriores, que postergaram indefinidamente o implemento da revisão geral
prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 18.493/2015, são inconstitucionais por ofensa ao direito
adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF) e à garantia da irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV,
da CF)”; e b) concedeu a segurança “nos MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000 e 0002787-
88.2017.8.16.0000, afetados ao IRDR, a fim de assegurar, respectivamente, tal como pedido,
em relação à AMAI, ‘o direito do filiado do impetrante - servidores policiais civis inativos e
pensionistas - com supedâneo no artigo 3º da Lei 18.493/2015, a manutenção imediata de sua
data-base, já fixada, com seus reflexos’, e pelo SINDIPOL, o cumprimento integral do artigo 3º
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da Lei Estadual nº 18.493/15, nos moldes especificados, em ambos os casos, com o devido
desconto de eventuais valores já incorporados aos vencimentos dos servidores em decorrência
do quanto disposto no art. 1º da Lei Estadual nº 19.912/2019”.

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2.1. Em apertada síntese, o embargante arguiu que: a) o acórdão padece
de omissões no que tange ao distinguishing entre o caso vertente e aquele decidido pelo
Pretório Excelso no RE nº 905.357/TO; b) faz-se necessário o pronunciamento do órgão
julgador sobre a modulação de efeitos do decisum, a fim de que a declaração de
inconstitucionalidade do art. 33 da LDO/2017 produza efeitos somente a partir do exercício
orçamentário seguinte, “de modo a ordenar que o Estado inclua a dotação orçamentária
suficiente para pagar a revisão geral conforme os índices estabelecidos no art. 3º da Lei 18.493
/2015”; e c) tendo em vista a aventada ausência de integração da Paranaprevidência no polo
passivo do MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000, a tutela jurisdicional deve alcançar apenas os
servidores que eram ativos à época da impetração.

Aclaratórios no MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000

2.2. Pois bem, de partida, observa-se que os aclaratórios não


comportam conhecimento no que diz respeito ao pleito do embargante no sentido de
que os efeitos da ordem concedida no MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000 alcancem
apenas os filiados da parte autora (AMAI) ativos na data da impetração, em razão da
alegada não integração da Paranaprevidência no contraditório.

2.2. Neste ponto, como bem pondera a douta Procuradoria-Geral de


Justiça, o pedido traduz indevida inovação em sede de embargos de declaração, na medida em
que, em suas manifestações anteriores neste IRDR e no MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000 (v.
g., mov. 1.78, 66.1 e 250.1 dos Autos de IRDR nº 0023721-67.2017.8.16.0000, mov. 1.10 e
1.16 do Autos de MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000), o embargante fez uso do silêncio, calou-
se.

2.3. Como é cediço, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no


sentido da vedação da inovação recursal na via dos aclaratórios, mesmo tratando-se de
matéria de ordem pública:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. MARCO CIVIL DA INTERNET. OMISSÃO CONSTATADA.

1. Conforme a dicção legal, cabem embargos de declaração quando há "omissão de


ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento"
(art. 1.022, II, CPC).
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2. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que é vedada a
inovação recursal em sede de embargos de declaração, ainda que sobre
matéria considerada de ordem pública, haja vista o cabimento restrito dessa
espécie recursal às hipóteses em que existente vício no julgado. Precedentes.

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3. Constatada a omissão acerca de questão expressamente suscitada nas razões
recursais, impõe-se solucionar o vício.

4. A pretensão de rediscussão de matéria já decidida é incompatível com a natureza dos


embargos de declaratórios.

5. Embargos de declaração no recurso especial parcialmente acolhidos”.

(EDcl no REsp n. 1.776.418/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,


julgado em 9/2/2021, DJe de 11/2/2021.)

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE (NULIDADE DE
ALGIBEIRA). OMISSÃO CONSTATADA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE
ACOLHIDOS, SEM EFEITOS INFRINGENTES.

1. Os embargos de declaração têm como objetivo sanar eventual obscuridade,


contradição, omissão ou erro material (CPC/2015, art. 1.022).

2. Verificada omissão referente a questão expressamente arguida, devem ser acolhidos


os embargos de declaração acerca do referido ponto.

3. "A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que é vedada a


inovação recursal em sede de embargos de declaração, ainda que sobre
matéria considerada de ordem pública, haja vista o cabimento restrito dessa
espécie recursal às hipóteses em que existente vício no julgado" (EDcl no REsp
1.776.418/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/02
/2021, DJe de 11/02/2021).

4. Embargos de declaração acolhidos parcialmente, para sanar omissão, sem efeitos


infringentes”.

(EDcl no AgInt no AREsp n. 1.337.703/RJ, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
julgado em 10/5/2021, DJe de 9/6/2021.)

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE
OU ERRO MATERIAL. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. INOVAÇÃO
RECURSAL. VEDAÇÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. Os embargos de declaração têm como objetivo sanar eventual existência de


obscuridade, contradição, omissão ou erro material (CPC/2015, art. 1.022).

2. "A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que é vedada a inovação


recursal em sede de embargos de declaração, ainda que sobre matéria considerada de
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ordem pública, haja vista o cabimento restrito dessa espécie recursal às hipóteses em
que existente vício no julgado" (EDcl no REsp 1.776.418/SP, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/02/2021, DJe de 11/02/2021).

3. Embargos de declaração rejeitados”.

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(EDcl no AgInt no AREsp n. 1.827.049/DF, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
julgado em 14/3/2022, DJe de 7/4/2022.)

2.4. No mesmo sentido trilha a jurisprudência semelhante, desta Corte de


Justiça:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. APELAÇÃO


CÍVEL. EMBARGOS. NOTAS PROMISSÓRIAS. 1. ENDOSSO COMPROVADO.
LEGITIMIDADE ATIVA DO EXEQUENTE CONFIGURADA. O ENDOSSO DEVE SER
CONSIDERADO VÁLIDO PORQUE FOI REALIZADO PELO PROCURADOR DE ANA
GERTRUDES OZÓRIO, CONFORME PROCURAÇÃO PÚBLICA DE MOV. 1.19, COM
PODERES PARA “TRANSFERIR”. 2. NOTA PROMISSÓRIA. CIRCULAÇÃO. APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DE DIREITO CAMBIÁRIO. AUTONOMIA, ABSTRAÇÃO E INOPONIBILIDADE
DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AO TERCEIRO DE BOA-FÉ. IMPOSSIBILIDADE DE
DISCUSSÃO DA CAUSA DEBENDI DOS TÍTULOS EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA MÁ-FÉ DO ENDOSSATÁRIO. SENTENÇA MANTIDA.3. ALEGAÇÃO DE
PRESCRIÇÃO MATERIAL DOS TÍTULOS EXECUTADOS. PRETENSÃO QUE FOI
TRAZIDA A ESTE TRIBUNAL SOMENTE POR OCASIÃO DOS PRESENTES
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO NO RECURSO DE
APELAÇÃO INTERPOSTO PELA ORA EMBARGANTE, CONFIGURANDO,
PORTANTO, FLAGRANTE INOVAÇÃO RECURSAL, AINDA QUE SE TRATA DE
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA E DESTA CORTE.RECURSO NÃO CONHECIDO.

(TJPR - 16ª C.Cível - 0007114-74.2012.8.16.0025 - Araucária - Rel.:


DESEMBARGADOR LAURO LAERTES DE OLIVEIRA - J. 21.02.2022)

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DA AGRAVANTE AVENTADA


UNICAMENTE EM SEDE DOS ACLARATÓRIOS E PEDIDO DE OFICIAMENTO POR CRIME À
DELEGACIA DE POLÍCIA. INOVAÇÃO RECURSAL CARACTERIZADA, MESMO EM SE
TRATANDO DE MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CABIMENTO RESTRITO ÀS
HIPÓTESES EM QUE EXISTE VÍCIO NO JULGADO. NÃO CONHECIMENTO.
OMISSÃO SOBRE A NATUREZA DA POSSE (INVASÃO DO IMÓVEL). INOCORRÊNCIA.
MATÉRIA QUE DEMANDA DILAÇÃO PROBATÓRIA. PRETENDIDA REDISCUSSÃO DO
MÉRITO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE QUAISQUER DAS HIPÓTESES DE PROVIMENTO.
EMBARGOS PARCIALMENTE CONHECIDOS E, NO MÉRITO, REJEITADOS”.

(TJPR - 17ª C.Cível - 0029639-13.2021.8.16.0000 - Palmas - Rel.: DESEMBARGADOR


NAOR RIBEIRO DE MACEDO NETO - J. 04.04.2022)
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

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2.5. Desse modo, caracterizada a inovação recursal, a questão levantada
pelo Estado do Paraná não pode ser debatida em sede de embargos de declaração, de modo
que o recurso não comporta conhecimento nesse ponto.

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2.6. No entanto, ainda que não se estivesse diante de óbice intransponível
ao conhecimento deste ponto do recurso, cumpre assinalar, apenas para fins de
argumentação, que no caso, não se cogita de nulidade decorrente da ausência de
intimação específica da Paranaprevidência nos autos nº 0044150-89.2016.8.16.0000.

2.7.Em primeiro lugar, porque os argumentos relativos às questões


previdenciárias foram devidamente considerados no acórdão, haja vista (i) o convite
formal apresentado nos autos do IRDR tanto à Paranaprevidência como ao Secretário
de Estado da Administração e Previdência (movimento 1.33, fls. 695/698; mov. 1.38, fls.
717/718; mov. 1.43, 744/745 – ocasião em que estes foram notificados para integrar o feito
na condição de interessados), bem como (ii) a manifestação posterior, subscrita por aquela
Secretaria, em conjunto com o Governador do Estado e com a Procuradoria-Geral do Estado
(mov. 66).

2.8. Quanto a esse ponto, impede consignar ainda que, embora a


Paranaprevidência não tenha sido intimada especificamente nos autos de MS nº 0044150-
89.2016.8.16.0000 – no momento de sua habilitação no presente IRDR - tomou
conhecimento do acórdão que instaurou o incidente, bem como da afetação do MS nº
0044150-89.2016.8.16.0000 como feito representativo da controvérsia (mov. 1.18, fl. 529),
o qual, nos termos do art. 978, parágrafo único, do CPC, seria julgado conjuntamente
com este incidente (“Art. 978. Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o
incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária de onde se originou o incidente.”).

Porém, nessa ocasião, podendo arguir eventual vício no trâmite da


ação mandamental apensa ao IRDR, optou por não fazê-lo, quedando-se silente.

2.9. Em segundo lugar, cabe observar que a formação do precedente


qualificado consubstancia uma obra coletiva: além do exame pontual dos argumentos
veiculados nos autos, inclusive no que concerne ao espectro dos benefícios previdenciários -
ponto fundamental para fins de formação do precedente[1] - houve real consideração das
questões previdenciárias que envolvem o debate travado no presente incidente, inclusive
diante da inseparabilidade, para efeito da aplicação da tese firmada no IRDR, entre servidores
ativos, inativos e pensionistas.
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16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
2.10. No presente caso, o objeto deliberado pela tese firmada pelo
IRDR é incindível: a diferenciação feita entre servidores (i) ativos e (ii) inativos e
pensionistas consubstancia mera repercussão jurídica da norma contida no art. 3º da Lei
Estadual nº 18.493/2015, a qual disciplinou critérios de “revisão geral anual da referência
salarial inicial das tabelas de vencimento básico ou de subsídio, com o consequente reflexo nos

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interníveis e interclasses”.

2.11. Em outras palavras, o acréscimo patrimonial a ser experimentado


pelos aposentados e pensionistas é simples produção de efeitos decorrente da majoração
remuneratória operada, como fato gerador, pela concessão da revisão geral aplicável aos
benefícios previdenciários. Dinamicamente falando, a concessão da revisão geral anual
inaugura uma posição de vantagem remuneratória para os servidores, cujas
consequências normativas comunicam-se a todos os benefícios que estão atrelados, de uma
forma ou outra, à base referencial salarial majorada, como é o caso dos servidores ativos e
inativos, por exemplo.

2.12. Percebe-se, portanto, que, processualmente falando, a repercussão


da tese firmada pelo presente IRDR – ”O art. 33 da Lei Estadual nº 18.907/2016 e
normativos posteriores, que postergaram indefinidamente o implemento da revisão geral
prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 18.493/2015, são inconstitucionais por ofensa ao direito
adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF) e à garantia da irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV,
da CF)” – desvela o âmbito uniforme de aplicação da norma validada (art. 3º da Lei
Estadual nº 18.493/2015), sendo incorreto diferenciar as implicações decorrentes da
majoração remuneratória causada pela revisão geral.

2.13. Somando-se a tal unicidade de tratamento das repercussões


jurídicas decorrentes da revisão geral, o outro processo paradigma que sustentou a
definição da tese no presente IRDR (MS 0002787-88.2017.8.16.0000, ajuizado pelo
SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DE LONDRINA e REGIÃO - SINDIPOL) limita seu pedido
mandamental “tão somente em nome dos aposentados e pensionistas”[2]. Assim sendo, a
perspectiva argumentativa debatida no presente incidente considerou, igualmente, as teses e
objeções veiculadas pela Paranaprevidência (conforme retro consignado).

2.14. Dessa feita, não há qualquer nulidade na decisão firmada no


IRDR, a qual considerou as manifestações da Paranaprevidência na qualidade de
parte em processo paradigma (mov. 1.7 e 1.20 do MS 0002787-88.2017.8.16.0000) e na
condição de interessada devidamente habilitada e cientificada de todos os atos e
decisões exaradas no bojo do incidente. Ademais, note-se que a Paranaprevidência foi
integrada à lide antes: a) do exame de mérito (do IRDR e do MS 0044150-
89.2016.8.16.0000); b) das deliberações finais das partes. Em momento algum, apesar de
haver acompanhado todo o transcorrer dos debates e manifestações, suscitou qualquer
nulidade ou prejuízo, o que poderia configurar a denominada “nulidade de algibeira”, prática
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afrontosa à boa-fé objetiva e à lealdade processual, não exalando seu pleito o doce aroma da
boa-fé.

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2.15. Nesse sentido, a propósito da inadmissibilidade da alegação de
nulidade tardia ou “de algibeira”, colhe-se da remansosa jurisprudência dos Tribunais
Superiores:

“Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. IMPEACHMENT DE GOVERNADOR DE


ESTADO. RESPEITO AO PROCEDIMENTO PREVISTO NA LEI 1.079/1950. GARANTIA DA
AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. A Súmula Vinculante 46 consolidou o entendimento da CORTE no
sentido de que apenas a União possui competência para legislar sobre crimes de
responsabilidade, bem como para definir o procedimento a ser aplicado em tais casos,
reconhecendo, assim, a impossibilidade de os Estados e Municípios criarem
procedimentos próprios quanto à matéria. 2. No caso concreto, o Órgão Julgador
utilizou apenas da Lei Federal 1.079/1950 - conforme reconhecido pelo próprio
Reclamante na petição inicial -, “motivo pelo qual o ato Reclamado não poderia ter
incorrido em violação à competência privativa da União para legislar sobre crimes de
responsabilidade, já que não aplicou qualquer norma local em desconformidade com a
norma federal pertinente” (Rcl 42.161 AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira
Turma, julgado em 13/10/2020). 3. O rito procedimental aplicável aos Governadores
está previsto nos arts. 74 a 79 da Lei 1.079/1950, o qual não faz referência à
necessidade de apresentação de libelo acusatório. Por outro lado, quanto ao
procedimento aplicável ao Presidente de República e aos Ministros de Estado, previsto
nos arts. 14 a 38 do supracitado Diploma Legal, há previsão expressa da possibilidade
de juntada de libelo acusatório (art. 24). 4. Inexistência de prejuízo. A alegação de
nulidade, após o esgotamento do trâmite processual, caracteriza-se como
“nulidade de algibeira”. Portanto, “embora tenha o direito de alegar a nulidade
, mantém-se inerte durante longo período, deixando para exercer seu direito
somente no momento em que melhor lhe convier, acaba por renunciar
tacitamente ao seu direito de alegá-la.(...). Nessa quadra, também se revela
incompatível com o princípio da boa-fé processual o reconhecimento de
nulidades em qualquer momento processual, sem a possibilidade de se
declarar a preclusão”(ACO 847 AgR-segundo, de minha relatoria, Tribunal Pleno,
julgado em 23/8/2019). 5. Agravo regimental desprovido”.

(STF, Rcl 46835 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado
em 03/08/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-160 DIVULG 10-08-2021 PUBLIC 12-08-
2021)

“Ementa: SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. CONFLITO


CONFEDERATIVO. TERRAS DEVOLUTAS ARRECADADAS PELA UNIÃO COM BASE NOS DL
1.164/71 e DL 2.375/87. NULIDADE DE TÍTULOS EMITIDOS PELO ESTADO DE
TOCANTINS. RECURSO APRECIADO NOS EXATOS LIMITES DEVOLUTIVOS DAS RAZÕES
RECURSAIS. INCONFORMISMO RESTRITO À ALEGAÇÃO DE NULIDADE NA CITAÇÃO DO
ITERTINS, QUE TERIA SE DADO NA PESSOA DE SEU REPRESENTANTE LEGAL E NÃO
JUDICIAL. IRREGULARIDADE SUPERADA. ATOS PROCESSUAIS POSTERIORES
DEMONSTRAM A PLENA CIÊNCIA DA CAUSA PELO AGRAVANTE. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
PROCESSUAL. APLICABILIDADE. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
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“Fácil constatar deste quadro fático que o ato citatório, ainda que eivado de
irregularidade em seu aperfeiçoamento, atingiu sua finalidade, qual seja, permitir ao
réu pleno conhecimento da demanda contra si ajuizada, oportunizando-lhe o
desempenho de todas as faculdades processuais garantidas pelo devido processo legal.
Assim, também em prestígio ao princípio da instrumentalidade das formas, merecedor
de maior destaque no processo civil moderno, não há que se cogitar em prejuízo

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processual e, portanto, de nulidade do processo.

Mas não é só. Não pode passar despercebido que a agravante, com a postura
adotada durante a tramitação processual, desviou-se do princípio da boa-fé
objetiva processual, princípio este positivado no novo Código de Processo Civil,
em seu artigo 5º. Como afirmado, devidamente cientificada do processo desde
2015, interveio expressamente nos autos para ratificar os atos até então
praticados, sendo devidamente intimada dos atos processuais subsequentes e
para sobre eles se manifestar (interesse na produção de provas e alegações
finais por exemplo), optando, todavia, pelo silêncio. E, adotando conduta
incompatível com os atos anteriores, apenas suscitou nulidade do ato citatório,
com a pretensão de invalidação do processo, quando da interposição deste
agravo interno.

Quanto ao tema, importante ressaltar a relevância do princípio da lealdade


processual dentro do nosso ordenamento jurídico, cuja função é estabelecer
um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais”.

(STF, ACO 847 AgR-segundo, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,


julgado em 23/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-203 DIVULG 18-09-
2019 PUBLIC 19-09-2019)

“ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO DISCIPLINAR.


INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PROVA EMPRESTADA. LEGALIDADE. VÍCIO FORMAL.
ALEGAÇÃO TARDIA. NULIDADE DE ALGIBEIRA. EXAME. IMPOSSIBILIDADE.

1. Esta Corte tem firme o entendimento de que que é possível a utilização, em processo
administrativo disciplinar, como prova emprestada, de interceptações telefônicas
obtidas no curso de investigação criminal ou de instrução processual penal, desde que
obtidas com autorização judicial e assegurada a garantia do contraditório.

2. A via do mandado de segurança não é o instrumento adequado para analisar a


nulidade das interceptações telefônicas, deferidas pelo juízo criminal, competindo
àquele o exame dessas alegações.

Precedentes.

3. Esta Corte de Justiça, em diversas oportunidades, tem exarado a


compreensão de que a suscitação tardia da nulidade, somente após a ciência
de resultado de mérito desfavorável e quando óbvio o conhecimento do
referido vício muito anteriormente à arguição, configura a chamada nulidade
de algibeira, manobra processual que não se coaduna com a boa-fé processual
e que é rechaçada pelo Superior Tribunal de Justiça, inclusive nas hipóteses de
nulidade absoluta”(STJ, REsp 1.714.163/SP, rel. Min. NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, DJe 26/09/2019).
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO A DESTEMPO. INTEMPESTIVIDADE. NULIDADE DE INTIMAÇÃO. REJEIÇÃO.
NULIDADE DE ALGIBEIRA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

1. Não ficou configurada a violação aos arts. 489 e 1.022 do CPC/2015, uma vez que o

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Tribunal de origem se manifestou de forma fundamentada sobre todas as questões
necessárias para o deslinde da controvérsia. O mero inconformismo da parte com o
julgamento contrário à sua pretensão não caracteriza falta de prestação jurisdicional.

2. A orientação jurisprudencial desta Corte assenta que o vício relativo à


ausência de intimação exclusiva constitui nulidade do processo, devendo ser
alegada na primeira oportunidade em que couber à parte se manifestar nos
autos, uma vez que a suscitação tardia da nulidade, somente após a ciência de
resultado de mérito desfavorável, configura a chamada Nulidade de Algibeira.

3.Agravo interno desprovido.

(AgInt no REsp n. 1.962.777/PB, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 13/12/2021, DJe de 15/12/2021.)

4. No caso, a alegação de vício na formação da comissão processante não foi


sustentada em nenhum momento pela defesa técnica dos recorrentes durante o
processo administrativo disciplinar, embora a suposta mácula já existisse desde a
designação da comissão.

5. Presume-se de óbvio conhecimento a composição da comissão processante por ser


fato público e notório, determinado por ato administrativo desde o início do processo,
sendo certo que prova da ciência interna (representação psíquica) do interessado não
tem como ser exigida, porque esta não pode ser demonstrada, muito menos na via
estreita do mandado de segurança.

6. Agravo interno não provido”.

(STJ, AgInt no MS n. 22.757/DF, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção,


julgado em 3/3/2022, DJe de 8/3/2022.)

2.16. Diante disso, na mão da jurisprudência dos Tribunais Superiores,


percebe-se que inexiste nulidade a ser reconhecida, vez que: (i) a um, o embargante nada
alegou acerca do aventado vício de procedimento, a não ser após o julgamento meritório deste
incidente, procedendo de forma a vulnerar a boa-fé; e (ii) a dois, ainda que assim não fosse,
não restou configurado prejuízo, porquanto a Paranaprevidência integrou materialmente
a relação jurídico-processual atinente à formação da tese deste IRDR, a qual engloba
as duas lides mandamentais postas a julgamento (MS nº 0002787-88.2017.8.16.0000 e
0044150-89.2016.8.16.0000), conquanto a grande maioria dos atos processuais (como, por
exemplo, o parecer ministerial) tenha sido realizada no MS nº 0002787-88.2017.8.16.0000.

2.17. Em terceiro lugar,especificamente em relação ao MS nº 0002787-


88.2017.8.16.0000, para além da necessidade de aplicação uniforme da sua ratio decidendi
visando garantir a coerência e integridade decisórias nas demais lides (presentes e futuras)
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que controvertam os aspectos previdenciários (art. 926 e V do art. 927 do CPC – coisa julgada
erga omnes), tal univocidade de tratamento jurídico também pode ser vislumbrada sob a ótica
da questão prejudicial incidental como via de ampliação do objeto litigioso (art. 503, §1º, do
CPC[3]).

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2.18. Em que pese tal mecanismo não possa ser aplicado destituído de
contraditório (TJPR - Órgão Especial - 0029316-47.2017.8.16.0000 - Rel.: Desembargador
Marcus Vinicius De Lacerda Costa - J. 14.06.2021), haveria contrassenso e retrabalho se as
repercussões previdenciárias da tese firmada neste IRDR (que foram consideradas na formação
da tese) pudessem ser novamente rediscutidas em cada um dos processos atualmente
suspensos que se encontram em trâmite versando sobre os aposentados e os pensionistas,
raciocínio esse que se aplica igualmente ao MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000.

2.19. Por todos os motivos acima assinalados, ainda que este Colegiado
conhecesse dos aclaratórios para analisar o suscitado vício de procedimento decorrente da
ausência de intimação específica da Paranaprevidência nos autos nº 0044150-
89.2016.8.16.0000, não haveria nulidade alguma a ser reconhecida em virtude da
ausência de prejuízo, porquanto:

i. a Paranaprevidência integrou materialmente a relação jurídico-processual atinente


à formação da tese deste IRDR, tendo sido notificada como interessada no incidente,
além de ter se pronunciado formalmente no MS nº 0002787-88.2017.8.16.0000 (mov.
1.7 e 1.20 daqueles autos eletrônicos), no qual se discute questão jurídica idêntica
àquela do MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000;

ii. apesar de expressamente instada a pronunciar-se no IRDR na qualidade de


interessada, optou por não se manifestar, o que poderia caracterizar a perniciosa prática
denominada de “nulidade de algibeira”; e

iii. a tese formulada neste IRDR reivindica aplicação uniforme a todos os seus
beneficiários (sejam servidores ativos, sejam inativos), vez que o acréscimo patrimonial a
ser experimentado pelos aposentados e pensionistas constitui mera produção de efeitos
decorrente da majoração remuneratória operada, como fato gerador, pela concessão da
revisão geral incidente sobre os benefícios previdenciários.

2.20. Feitas essas considerações, não se conhece parcialmente do


recurso do Estado do Paraná no que toca ao pedido de que a tutela jurisdicional – relativa
ao MS nº 0044150-89.2016.8.16.0000 – alcance apenas os servidores ativos à época da
impetração.
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2.21. Passa-se, doravante, ao exame dos demais vícios suscitados pelo
embargante.

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Supostas omissões e obscuridades no que toca à distinção entre o
presente caso e o precedente firmado no RE nº 905.357

2.22. No que tange à suposta omissão decorrente da ausência de


“fundamentação que explique o porquê de à revisão concedida por lei específica não se aplicar
a ratio decidendi empregada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso
Extraordinário n.º 905.357/TO (Tema 864) e a dupla condição exigida pelo artigo 169, § 1º, da
Constituição da República”, observa-se que o acórdão explicitou, à exaustão, as razões da
não incidência ao caso da ratio delineada no RE nº 905.357, in verbis:

“Recurso extraordinário nº 905.357

2.61. Igualmente, o Estado do Paraná incorre em equívoco quando pretende a


aplicação descontextualizada do quanto decidido no RE nº 905.357.

2.62. O aludido recurso se voltava contra acórdão do Tribunal de Justiça de Roraima


que condenou aquele ente ao pagamento da revisão geral autorizada pela Lei Estadual
nº 339/2002 (Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2003), relativa ao exercício de 2003,
com base em percentual de 5% (cinco por cento) estabelecido pelo art. 41 da Lei
Estadual nº 331/2002.

2.63. Cita-se trecho do decisum na parte que importa ao entendimento do cenário


fático-jurídico enfrentado pelo STF:

[...]

2.64. Ou seja, conforme se denota do inteiro teor do acórdão, estes foram os


fundamentos adotados como razões de decidir pelo Pretório Excelso: a)a revisão geral
em questão foi autorizada pela LDO/2003; b)“todavia, o artigo 41 desta norma fez
remissão expressa ao percentual de 5% constante no artigo 1º da Lei 331/2002 (norma
de vigência temporária, que previu o orçamento apenas para o ano de 2002)”; c)como
norma de vigência temporária, restrita ao ano de 2002, a Lei nº 331/2002 não poderia
prever dotação orçamentária para todo o exercício de 2003; d)a despeito da
autorização na LDO para a revisão geral dos servidores, não houve dotação
orçamentária na lei orçamentária anual respectiva (LOA/2003); e) “sendo a LDO
norma de orientação para a elaboração do orçamentos para o ano
subsequente, não se poderia dizer que cria direitos subjetivos para eventuais
beneficiários, tampouco exclui a necessidade de inclusão da despesa na LOA”.

2.65. Com base nesses fundamentos, fixou-se a seguinte tese: “A revisão geral anual
da remuneração dos servidores públicos depende, cumulativamente, de dotação na Lei
Orçamentária Anual e de previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias”.

2.66. Como se sabe, a “tese” constitui uma tentativa de traduzir, num enunciado
abstrato, a ratio decidendi elaborada pelo órgão julgador. Não se trata, evidentemente,
de enunciado que possa ser equiparado à lei, mas de assertiva que deve ser
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16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
interpretada sempre à luz dos fatos materiais (circunstâncias fático-jurídicas relevantes)
do caso[4].

2.67. Pois bem. A despeito do esforço argumentativo do Estado do Paraná, há


distinções que impedem a incidência da ratio à hipótese vertente, quais sejam:

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i. o caso analisado pelo STF dizia respeito à revisão geral anual autorizada
pela lei de diretrizes orçamentárias, ao passo que a controvérsia deste
IRDR se cinge à revisão geral determinada por lei específica, que
estabeleceu o direito ao reajuste com datas e índices certos;

ii. no RE nº 905.357, a autorização contida na LDO não restou concretizada em


dotação orçamentária na LOA respectiva – decisão que se insere na margem
decisória do Chefe do Poder Executivo;

iii. no caso em debate, por outro lado, o reajuste outrora concedido por lei
específica nos termos do art. 37, X, da CF[5]– cuja efetiva implementação
ficou sujeita à ocorrência de termo (evento futuro e certo) – foi procrastinado
de forma indefinida por disposição posterior da LDO/2017, que impediu o
gozo de direito patrimonial já incorporado à esfera jurídica dos servidores;

iv. na espécie, a postergação do direito teve por lastro justificativas não


plausíveis sob a ótica dos RE nº 843.112 e 565.089, em razão da inobservância
das medidas constitucionais previstas para a redução dos gastos com pessoal
(art. 169, §§ 3º e 4º). Tal cenário torna a medida estatal inconstitucional e
ilegítima, por afetar de modo grave o núcleo essencial da garantia do
direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos;

2.68. Inaplicável à hipótese, portanto, a ratio decidendi delineada no RE nº 905.357.”

2.23. Como se denota do excerto citado, este Órgão Especial declinou, de


forma clara e precisa, as razões pelas quais os fatos materiais do presente caso se afastam
daqueles enfrentados pela Corte Suprema no RE nº 905.357.

2.24. Com efeito, enquanto no precedente do STF se debatia revisão


que era apenas autorizada pela lei de diretrizes orçamentárias (replicando percentual
estabelecido para a revisão geral do ano anterior, de eficácia já exaurida), este IRDR versa
sobre revisão geral anual concedida e determinada por lei anterior específica nos
termos do comando expresso contido no art. 37, X, da CF, que estabelece que “a
remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em
cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”.

2.25. Trata-se de relevante distinção, na medida em que, como se extrai


do julgado do Pretório Excelso, a lei de diretrizes orçamentárias constitui apenas “norma
de orientação para a elaboração do orçamento para o ano subsequente”, de modo que
não se pode dizer que esta crie “direitos subjetivos para eventuais beneficiários”.
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
2.26. É dizer, a lei de diretrizes orçamentárias versa sobre o planejamento
orçamentário para a implementação do benefício propiciando o pagamento, enquanto a lei
específica assegura o benefício, constituindo o direito dos servidores e impondo a
previsão no orçamento nos exatos moldes fixados (percentuais e termos).

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2.27. Tendo em vista a complexidade das questões jurídicas envolvidas,
para fins de rememorar a distinção realizada pelo acórdão embargado, colaciona-se o seguinte
quadro contendo a síntese dos apontamentos ali realizados, para fins de sistematização:
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

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2.28. Desse modo, observa-se que a distinção em relação ao RE nº
905.357/RR não teve por lastro apenas o veículo normativo de previsão da revisão geral (lei
específica ou LDO), vez que, como já longamente explanado na decisão recorrida, na hipótese
em epígrafe:

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i. o reajuste relativo à Lei nº 18.493/2015 ingressou na esfera jurídica dos servidores a
partir da vigência da norma, em 25/06/2015, na forma diferida determinada;

ii. nessa senda, a imposição, por lei posterior (LDO/2017), de condições à fruição do
direito já incorporado ao patrimônio nos termos da lei anterior (Lei nº 18.493/2015) viola a cláusula
do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos, ao transmudar uma situação jurídica já
consolidada em uma espécie de “expectativa de direito”; e

iii. a postergação indefinida do pagamento do reajuste foi fundamentada em justificativas


destituídas de plausibilidade sob a ótica dos RE nº 843.112 e 565.089, em razão da inobservância
das medidas constitucionais previstas para a redução dos gastos com pessoal (art. 169, §§ 3º e
4º[6]), notadamente a redução, em pelo menos 20%, da quantidade de cargos em comissão e funções
de confiança[7].

2.29. Finalmente, quanto à alegada necessidade de observância das


“condições implícitas” preconizadas no art. 169, §1º, da CF, infere-se da interpretação global
do decisum embargado que:

i. a um, não se nega a necessidade de planejamento financeiro por parte do Estado por ocasião da
concessão de qualquer vantagem financeira; todavia, o referido planejamento deve, necessariamente,
observar a ordem de priorização preestabelecida pela Constituição Federal, inclusive no que
tange ao corte de gastos, o que não ocorreu na hipótese devido ao descumprimento dos §§3º e 4º do
próprio artigo 169 da CF;

ii. a dois, a ausência de observânciadas medidas de controle fiscal do art. 169 da CF torna
evidente o abuso da prerrogativa estatalde decidir sobre a viabilidade do implemento da revisão, ao
eleger, sem justificativas constitucionalmente plausíveis, outras modalidades de gasto como prioritárias
em detrimento da revisão geral – cenário que traduz comportamento contraditório e afrontoso à boa-fé
objetiva; e

iii. a três, a interpretação levada a efeito pelo Estado acaba por tornar letra morta a legislação de
2015, ao postergar (a perder de vista) o pagamento da vantagem devida aos servidores.

2.30. De conseguinte, restam sobejamente demonstrados não só os


motivos da não incidência ao caso da ratio elaborada no RE nº 905.357, como
também a plena adequação do quanto decidido à orientação firmada pelo STF nos RE
nº 843.112 e 565.089, no bojo dos quais se cominou ao Estado o dever de pronunciamento
fundamentado acerca do implemento (ou não) do direito à revisão geral (art. 37, X, da CF).
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

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2.31. Em segundo lugar,também não assiste razão ao Estado do Paraná
quando sustenta a existência de obscuridade no acórdão embargado no que se refere à (in)
existência de dotação orçamentária – referente à revisão geral prevista na Lei nº 18.493/2015
– na LOA/2017.

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2.32. Ora, a inconstitucionalidade glosada neste IRDR diz respeito
justamente à postergação indefinida do direito à revisão anual – determinado em lei específica
nos termos do art. 37, X, da CF (Lei nº 18.493/2015) e incorporado ao patrimônio dos
servidores na forma diferida estabelecida – mas não implementado concretamente pelo Estado
do Paraná mediante a alocação de verbas destinadas a tal fim.

2.33. É o que se depreende do seguinte trecho do decisum vergastado:

“2.35. Oportuno salientar ainda que, no caso em tela, não se verificou, em


momento algum, qualquer planejamento propício a promover o pagamento dos
valores sobrestados. A ausência de ações estatais específicas e concretas no
sentido da equalização orçamentária revela a absoluta incerteza quanto ao
lapso temporal para a implementação da verba de natureza alimentar,
configurando, de conseguinte, a violação ao direito adquirido (artigo 5º, XXXVI, da
Constituição Federal) e à garantia da irredutibilidade de vencimentos (artigo 37, X, da
Constituição Federal)”.

2.34. Portanto, ausente também qualquer obscuridade neste tocante.

Pleito de modulação de efeitos:

2.35. Com pertinência ao pleito de modulação de efeitos formulado pelo


Estado do Paraná, é inconteste que tanto a jurisprudência como a doutrina pátrias entendem,
hodiernamente, pela possibilidade da aplicação da modulação em sede de controle difuso.

2.36. Nesse sentido, pertinente a alusão às ponderações de Luís Roberto


Barroso:

“[...] O Supremo Tribunal Federal tem precedentes, alguns relativamente antigos, nos
quais, em controle incidental, deixou de dar efeitos retroativos à decisão de
inconstitucionalidade, como consequência da ponderação com outros valores e bens
jurídicos que seriam afetados [...]. Nos últimos anos, multiplicaram-se estes casos
de modulação dos efeitos temporais, por vezes com a invocação analógica do
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art. 27 da Lei nº 9.868/99 e outras vezes sem referência a ele. Aliás, a rigor
técnico, a possibilidade de ponderar valores e bens jurídicos constitucionais
não depende de previsão legal” (BARROSO, Luís Roberto. O controle de
constitucionalidade no direito brasileiro. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 153-154.)

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2.37. Nada obstante, como advertem Gilmar Ferreira Mendes e Ives
Gandra da Silva Martins, o princípio da nulidade das normas inconstitucionais permanece como
regra, de sorte que seu afastamento reivindica severo juízo de ponderação fundado no
postulado da proporcionalidade:

“O princípio da nulidade continua a ser a regra no Direito brasileiro. O


afastamento de sua incidência dependerá de um severo juízo de ponderação
que, tendo em vista análise fundada no princípio da proporcionalidade, faça
prevalecer a ideia de segurança jurídica ou outro princípio constitucionalmente
relevante, manifestado sob a forma de interesse social relevante. Assim, aqui,
como no Direito português, a não aplicação do princípio da nulidade não há de se
basear em consideração de política judiciária, mas em fundamento
constitucional próprio” (MARTINS, Ives Gandra da Silva; MENDES, Gilmar Ferreira.
Controle concentrado de constitucionalidade. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 564-
565.)

2.38. Pois bem, na hipótese em epígrafe, o embargante requer a aplicação


da técnica da modulação a fim de que a declaração de inconstitucionalidade tenha eficácia
apenas “a partir do exercício orçamentário seguinte, de modo a ordenar que o Estado inclua a
dotação orçamentária suficiente para pagar a revisão geral conforme os índices estabelecidos
no art. 3º da Lei 18.493/2015”, [...] “afastados efeitos patrimoniais pretéritos”.

2.39. Para lastrear seu pedido, o Estado traz as seguintes alegações: a) a


integralidade do débito estatal inscrito em precatórios requisitórios equivalia a 6,6 bilhões (em
dezembro de 2021); assim sendo, o pagamento retroativo da revisão geral – isoladamente
considerado – ultrapassa todas as demais dívidas do Estado; b) a implementação da revisão
implicará a não utilização das receitas para outros segmentos importantes; e c) a aplicação da
modulação vai ao encontro do precedente fixado no RE nº 905.357, sem negar aplicação do
art. 169, §1º, da CF.

2.40. A despeito da construção argumentativa do Estado do Paraná, não


se vislumbra, na espécie, situação de excepcionalidade a justificar o emprego da técnica da
modulação de efeitos em sede de controle difuso de constitucionalidade.

2.41. A um, porque, como bem observa a d. Procuradoria-Geral de Justiça,


“[...] o pleito de que seja fixada tese segundo a qual o Poder Executivo deva estabelecer, para
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o ano seguinte, dotação orçamentária suficiente para implementar a revisão geral estabelecida
no artigo 3º da Lei Estadual n.º 18.493/2015, [... se mostra] incompatível com o próprio
objeto do incidente, que é, como visto, resolver, com efeito vinculante, controvérsia de
direito presente de forma repetitiva, fixando solução que virá a ser replicada nos feitos que
versem sobre idêntica questão”.

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2.42. A dois, porque o pleito de modulação – tal qual formulado pelo
Estado do Paraná, no sentido de que a declaração de inconstitucionalidade produza efeitos
somente a partir do exercício financeiro seguinte – traduz indisfarçada tentativa de
rediscutir o mérito da decisão proferida pelo Órgão Especial, que claramente assentou o
direito adquirido dos servidores ao implemento da revisão geral, nos termos do art. 3º da Lei
Estadual nº 18.493/2015, com termo inicial em janeiro de 2017[8].

2.43. Nessa perspectiva, a sugerida modificação do marco de eficácia da


declaração de inconstitucionalidade ensejaria a alteração substancial e o esvaziamento do
decisum proferido por este Colegiado, pretensão inviável na estreita via dos aclaratórios.

2.44. A três, porque o Estado não se desincumbiu do ônus de


demonstrar a insuficiência da aplicação das medidas determinadas no art. 169, v.g., a
redução dos cargos em comissão (art. 169, §3º, I, da CF), para criar o alívio orçamentário
necessário para a implementação do direito à revisão geral, já assegurado pela legislação de
2015.

2.45. Em verdade, segundo pontuado à exaustão no acórdão embargado,


em momento algum, o Poder Executivo se prontificou a realizar planejamento concreto no
sentido de implementar a integralidade do direito adquirido dos servidores à revisão anual.
Muito, pelo contrário, postergou-o de forma indefinida não só pela edição da LDO/2017 (Lei nº
18.907/2016), mas pelas leis de diretrizes orçamentárias dos exercícios seguintes (Leis
Estaduais nº 19.090/2017[9] e 19.593/2018[10]) – circunstância esta que levou à fixação da
tese tal como posta: ”O art. 33 da Lei Estadual nº 18.907/2016 e normativos posteriores, que
postergaram indefinidamente o implemento da revisão geral prevista no art. 3º da Lei Estadual
nº 18.493/2015, são inconstitucionais por ofensa ao direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF) e
à garantia da irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da CF)”.

2.46. A quatro, apesar do embargante apontar que o impacto econômico


anual da revisão geral é de R$ 2,2 bilhões ao ano, o Estado não traz no bojo dos
aclaratórios fundamentação específica concernente à inviabilidade de honrar o
compromisso, mormente se for considerada a obstinada inobservância estatal quanto à
ordem constitucionalmente preestabelecida de planejamento/corte de gastos (art. 169, §3º, I,
da CF).
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2.47. Quanto ao alegado passivo de R$ 10 bilhões, decorrente do não
pagamento da revisão geral desde 2017, não se trata de dívida exigível de forma imediata
, na medida em que sua exigibilidade pressupõe: (i) o ajuizamento de demandas por todos os

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servidores pleiteando os valores pretéritos; (ii) a condenação do Estado com posterior
inclusão dos valores em precatório, os quais serão pagos na ordem cronológica
preconizada pela Constituição Federal (art. 100); e (iii) a inocorrência de prescrição –
considerando-se que somente as parcelas vencidas nos últimos 5 (cinco) anos a contar da
propositura das respectivas ações serão devidas (Decreto nº 20.910/1932).

2.48. Por derradeiro, quanto à “solução intermediária” proposta pela douta


Procuradoria-Geral de Justiça, no sentido de que a modulação tenha por marco inicial a data de
1º de janeiro de 2020, “quando o Estado efetivamente retomou[11] o pagamento da revisão
atinente ao ano de 2017, na forma então prevista pela Lei Estadual nº 19.912/2019[12]”, tem-
se que também se aplicam à proposta os fundamentos declinados nos itens “três” e “quatro”
(acima), mormente em razão do Estado não ter logrado êxito em demonstrar a readequação
do planejamento orçamentário – em consonância com as diretrizes constitucionais (art. 169,
§3º, I, da CF) – com vista à implementação do direito já incorporado à esfera jurídica dos
servidores.

2.49. Por todo o exposto, é de se rechaçar o pleito de modulação de


efeitos da declaração de inconstitucionalidade do “art. 33 da Lei Estadual nº 18.907/2016
e normativos posteriores, que postergaram indefinidamente o implemento da revisão geral
prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 18.493/2015 [...]”.

3.Diante do exposto, com base nos fundamentos declinados, vota-se por


conhecer parcialmente dos embargos de declaração e, no mérito, negar-lhes
provimento.

[1] Enunciado 2 do XI Fórum Permanente de Processualistas – Brasília, 2022: “(arts. 10


e 927, §1º) Para a formação do precedente, somente podem ser usados argumentos
submetidos ao contraditório. (Grupo: Precedentes 2)”.

[2] Consta da petição inicial do MS nº 0002787-88.2017.8.16.0000 o seguinte pedido: “


Que, o presente Mandado de Segurança seja julgado totalmente procedente, mantendo-
se a liminar concedida no sentido de conceder a segurança para o fim de reconhecer o
direito do filiado do impetrante -servidores policiais civis inativos e pensionistas- com
supedâneo no artigo 3º. da Lei 18.493/2015, a manutenção imediata, de sua data base,
já fixada, com seus reflexos” (mov. 50.3 daqueles autos eletrônicos).

[3] Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos
limites da questão principal expressamente decidida.
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§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa
e incidentemente no processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso

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de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.

§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou


limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Disponível em: GOODHART, Arthur L. The ratio decidendi of a case. The Modern Law
Review, n. 22, mar. 1959. ( No âmbito da common law, em artigo intitulado
“Determining the Ratio Decidendi of a Case”, ARTHUR L. GOODHART defendeu que
se deveria buscar o princípio subjacente à questão em julgamento por meio: a)
da consideração dos fatos do caso e; b) da identificação, dentre esses fatos,
daqueles que o magistrado reputou materiais para o julgamento. [4].)

A respeito desse conceito, NEIL DUXBURY afirma que “tal concepção de ratio
decidendi conecta a doutrina dos precedentes com o princípio pelo qual casos
semelhantes devem ser tratados de forma igualitária”. Ou seja, caso estejam
presentes os mesmos fatos de um caso anterior, os tribunais devem aplicar, ao
caso sob julgamento, a solução dada àquele, salvo quando presente algum
outro fato relevante, ou ainda, quando ausente algum fato material do caso
anterior (DUXBURY, Neil. The Nature and Authority of Precedent. New York:
Cambridge University Press, 2008. p. 83).

[5] Art. 37, X, da CF - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de


que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;

[6] Art. 169 § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo,
durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes


para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste
artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de
cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade
administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
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[7] Sobre esse ponto, consta na cópia do Caderno de Gestão de Pessoas
encartado no Mandado de Segurança nº 0044150-89.2016.8.16.0000 (mov. 1.3,
fls. 84/89):

“Nos casos dos órgãos a seguir descritos, observa-se discrepância entre o

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número de servidores efetivos e estatutários em relação aos cargos em
comissão, que deveriam ser minoria e usados apenas na direção, chefia e
assessoramento, conforme o mandamento constitucional.

A simples análise da comparação entre o número de servidores estatutários e os cargos


em comissão e sua proporção demonstra a distorção gerada na administração destes
órgãos. O que era exceção para a Constituição Federal virou regra nestas entidades
estatais. Foram selecionados, para demonstração, os órgãos estatais que apresentam
as maiores disparidades entre servidores efetivos e cargos em comissão, ferindo os
preceitos constitucionais de contratação de servidor público.

(...)

Situação complexa é a de algumas Instituições que apresentam somente


cargos em comissão nos seus quadros, casos da AGEPAR, CGE, CM; e outras,
como a SETI, SEPL, SEMA, SEIL, SEET, SECS, COMEC e CASA CIVIL, que
possuem em seu quadro de servidores um maior número de cargos em
comissão do que de estatutários, conforme demonstrado em números
percentuais (Tabela 4).

Está prevista na legislação a possibilidade de contratar no atendimento à necessidade


temporária de excepcional interesse público, sendo que os órgãos da Administração
Direta e Autarquias do Poder Executivo poderão efetuar contratação de pessoal por
tempo determinado, porém, como se pode observar pelos números apresentados, o que
deveria ser temporário tornou-se permanente e com crescimento ano a ano de
admissões na modalidade CRES, excetuando-se a UEL e a UEM dentre as IEES, as
outras Universidades tiveram incremento em suas contratações.

(...)

A proporção entre os Estatutários e os contratados pelo CRES em 2012, 2013,


2014 e 2015, representava 19%, 27%, 28% e 24%, respectivamente.
Portanto, pode-se afirmar que as contratações temporárias e que deveriam ser
excepcionais, tornaram-se prática habitual da administração estadual.”

[8]Art. 3. Estabelece o dia 1º de janeiro de 2017 e o dia 1º de maio de 2017,


para a revisão geral anual da referência salarial inicial das tabelas de
vencimento básico ou de subsídio, com o consequente reflexo nos interníveis e
interclasses, respeitada a amplitude salarial e a dinâmica intercargos, às carreiras
estatutárias civis e militar do Poder Executivo do Estado do Paraná, em atendimento ao
disposto no inciso X do art. 27 da Constituição Estadual.

§1° Para o reajuste de 1º de janeiro de 2017, a revisão geral a que se refere o caput
deste artigo será implantada pelo Poder Executivo, em percentual equivalente ao IPCA
acumulado entre os meses de janeiro de 2016 a dezembro de 2016.

§2° Fica, ainda, estipulado o percentual de 1% (um por cento) de adicional de data-
base relativo à compensação dos meses não pagos do ano de 2015.

§3° Para a data-base de 1º de maio de 2017, a revisão geral a que se refere o caput
deste artigo será implantada pelo Poder Executivo, em percentual equivalente ao IPCA
acumulado entre os meses de janeiro de 2017 a abril de 2017.
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[9] Art. 30. Não se aplica e não gera efeitos o disposto no art. 3º da Lei nº 18.493, de
24 de junho de 2015, enquanto não forem implantadas e pagas todas as promoções e
progressões devidas aos servidores civis e militares, comprovada a disponibilidade
orçamentária e financeira e o atendimento ao limite de que trata o art. 4º da Lei
Complementar Federal nº 156, de 2016.

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[10]Art. 34. Fica o Poder Executivo autorizado a encaminhar Projeto de Lei, visando
implantar a revisão geral anual de que trata o art. 3° da Lei Estadual n° 18.493, de 24
de junho de 2015, consoante permissivo constitucional disposto no inciso X do art. 37
da Constituição Federal, apenas se atendidos os limites de que tratam o art. 4° da Lei
Complementar Federal n° 156, de 2016, e os arts. 18 a 23 da Lei Complementar
Federal n° 101, de 2000, bem como comprovada a disponibilidade orçamentária e
financeira.

[11] Como explicitado no acórdão embargado, por meio da Lei nº 19.912/2019, buscou-
se uma implementação parcial (e a destempo) da revisão geral prevista pelo art. 3º da
Lei nº 18.493/2015.

Como rememora a d. Procuradoria-Geral de Justiça, o Poder Público implementou


apenas o percentual de 2% (dois por cento) previsto no inciso I do art. 1º da Lei nº
19.912/2019, por meio do Decreto Estadual nº 3.846/2020, in verbis:

” Súmula: Publica as tabelas de vencimento básico, de subsídio e de vantagens


com o índice geral de 2,0% (dois por cento) concedido nos termos da Lei nº
19.912, de 30 de agosto de 2019.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe confere o


artigo 87, inciso V e VI, da Constituição Estadual e tendo em vista o disposto na Lei n°
19.912, de 30 de agosto de 2019, e o contido no protocolado nº 15.876.099-1,

DECRETA:

Art. 1.º As tabelas de vencimento básico, de subsídio e de vantagens das carreiras


estatutárias civis e da carreira militar do Poder Executivo do Estado do Paraná, com a
revisão geral anual, são as constantes dos Anexos deste Decreto.

Art. 2.º Este Decreto entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2020.”

Em seguida, como resume o parquet, “a revisão prevista para 2021 foi obstada
por Despacho Governamental de 08 de janeiro de 2021, que entendeu pela
“impossibilidade de implantação do reajuste do funcionalismo público”,
considerando o “cenário estadual e nacional vivenciado em meio à pandemia
do COVID-19” e a Informação n.º 911/2020 da Diretoria de Orçamento
Estadual.”

[12] Art. 1º A revisão geral anual estabelecida pelo art. 3º da Lei nº 18.493, de 25 de
junho de 2015, será implantada, parcialmente, pelo Poder Executivo Estadual, da
seguinte forma:

I – em 1º de janeiro de 2020, o percentual de 2% (dois por cento);

II – em 1º de janeiro de 2021, percentual de 1,5% (um vírgula cinco por cento);

III – em 1º de janeiro de 2022, percentual de 1,5% (um vírgula cinco por cento).
PROJUDI - Recurso: 0023721-67.2017.8.16.0000/1 - Ref. mov. 92.1 - Assinado digitalmente por Arquelau Araujo Ribas:2174
16/09/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Arquelau Araujo Ribas - Órgão Especial)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Parágrafo único. A revisão de que trata o caput deste artigo restará condicionada à
previsão orçamentária, disponibilidade financeira e ao cumprimento das restrições
fiscais da Lei de

Responsabilidade Fiscal.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQN RNM8P MTLU2 GJEL3


Ante o exposto, acordam os Desembargadores da Órgão Especial do
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O
RECURSO DE PARTE E PROVIDO EM PARTE o recurso de ESTADO DO PARANÁ.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador José Laurindo De Souza


Netto, sem voto, e dele participaram Desembargador Arquelau Araujo Ribas (relator),
Desembargador Hamilton Mussi Corrêa, Desembargador Mário Helton Jorge, Desembargador
Luiz Cezar Nicolau, Desembargador Clayton De Albuquerque Maranhão, Desembargador Fábio
Haick Dalla Vecchia, Desembargadora Ana Lúcia Lourenço, Desembargador Fernando Ferreira
De Moraes, Desembargador Ramon De Medeiros Nogueira, Desembargador Marcus Vinicius De
Lacerda Costa, Desembargadora Maria José De Toledo Marcondes Teixeira, Desembargador
Jorge Wagih Massad, Desembargador José Augusto Gomes Aniceto, Desembargador Rogério
Luis Nielsen Kanayama, Desembargador Lauro Laertes De Oliveira e Desembargador Paulo
Roberto Vasconcelos.

05 de setembro de 2022

Desembargador Arquelau Araujo Ribas

RELATOR

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