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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.

914/2016-1

GRUPO II – CLASSE IV – Plenário


TC 034.914/2016-1
Natureza(s): Representação
Órgão/Entidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro
Responsáveis: Debora Torres Isola (052.569.157-03); Felipe
Villarta Moreira (099.806.867-58)
Interessado: Linkcon Ltda. – Epp (05.323.742/0001-71)
Representação legal: Soraia Cristina Pompozo Martins
(36.227/OAB-PE), Elísio de Azevedo Freitas (8.596/OAB/DF) e
outros, representando Linkcon Ltda. – Epp.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CONHECIMENTO.
IMPROPRIEDADES NA CONDUÇÃO DO PREGÃO
ELETRÔNICO 17/2016, PARA “PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
DE MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA PORTUÁRIA”.
DESCRIÇÃO GENÉRICA DO OBJETO, LEVANDO A BAIXA
COMPETITIVIDADE DO CERTAME. DETERMINAÇÃO DE
MEDIDA CAUTELAR. AGRAVO. NÃO CONHECIMENTO
POR INTEMPESTIVIDADE. AUTOS EM CONDIÇÕES DE
DECISÃO DE MÉRITO. PROVIMENTO PARCIAL DA
REPRESENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE SOBREPREÇO.
AUSÊNCIA DE JOGO DE PLANILLHA. DESCRIÇÃO
ADEQUADA DOS SERVIÇOS A SEREM DESNVOLVIDOS NO
TERMO DE REFRÊNCIA E NA ORDEM DE SERVIÇO
EMITIDA NO ÂMBITO DO CONTRATO 63/2016.
DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS PREÇOS REGISTRADOS NA
ATA 1/2016 SÃO VANTAJOSOS PARA A ADMINISTRAÇÃO.
TRÊS OUTROS CONTRATOS JÁ CELEBRADOS POR
OUTROS ÓRGÃOS QUE ADERIRAM À ATA DE REGISTRO
DE PREÇOS 1/2016. SUSPENSÃO DA MEDIDA CAUTELAR.
DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de


Janeiro (Secex/RJ), peça 81, cujas conclusões e proposta de encaminhamento contaram com a
anuência dos respectivos dirigentes.
Transcrevo a instrução a seguir.
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de documentação, protocolada na Secex/RJ em 9/12/2016 (peça 1,
p. 1-20), autuada como representação, com pedido implícito de medida cautelar, de Wend
Tecnologia e Treinamento Ltda.-ME (CNPJ 15.216.759/0001-83), tratando de possíveis
irregularidades relativamente ao pregão eletrônico 17/2016 (peças 2 a 8), promovido pela
Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Uasg (Unidade Administrativa de Serviços Gerais)
399008, para registro de preços objetivando eventual contratação de sociedade empresarial

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especializada para a “prestação de serviços de modernização administrativa portuária”, pelo


período de doze meses, estimada em R$ 20.549.650,00 (peça 4, p. 30).
2. A autora da representação questionou falhas de publicidade na divulgação do certame,
bem como realização da licitação em lote único, com muitas exigências de habilitação, quando
seria mais adequada a adjudicação por itens, levando à restrição indevida da competitividade.
3. A adjudicação ocorreu em 8/9/2016, para a empresa Linkcon Ltda. – EPP (CNPJ
05.323.742/0001-71), pelo valor total de R$ 20.490.000,00 (peça 7). Em 4/11/2016, foi celebrado o
contrato 63/2016 com a empresa vencedora, no valor de R$ 5.739.989,40 (peças 9 a 11).

HISTÓRICO
4. A empresa representante, Wend Tecnologia e Treinamento Ltda.-ME, alegou imprecisão
e ambiguidade na descrição do objeto da contratação contida no edital da licitação, não
observância dos princípios da publicidade e da competitividade; discrepância entre a descrição do
objeto e o seu detalhamento no instrumento convocatório; realização de licitação em um único lote,
sendo o objeto passível de fracionamento; adjudicação por preço global, quando deveria ter sido
realizada por itens; exigências de habilitação a limitar injustificadamente a competição.
5. As irregularidades afrontariam o art. 30 da Lei 8.666/1993 e o item 9.2.3 do Acórdão
2314/2010-TCU-Plenário (Ministro-Relator Raimundo Carreiro); o art. 23, §1º, da Lei 8.666/93 e
a Súmula 247 deste TCU.
6. O Ministro-Relator (peça 22) acolheu a proposta da unidade técnica formulada em sua
instrução inicial (peças 20 e 21) e conheceu desta representação, tendo determinado a oitiva da
CDRJ (peça 24), para que, no prazo de cinco dias, se manifestasse acerca do teor desta
representação; bem como a oitiva da empresa contratada Linkcon Ltda. (peça 26) para, querendo,
se manifestar sobre os pontos questionados, alertando-as quanto à possibilidade de o Tribunal vir a
determinar a anulação de todos os atos posteriores à realização do pregão eletrônico 17/2016.
Determinou, também, diligência à CDRJ (peça 25), para que, no prazo de cinco dias,
encaminhasse ao TCU informações acerca dos seguintes fatos: a) data de início da execução do
contrato decorrente do pregão eletrônico 17/2016; b) atos já executados no âmbito do referido
contrato e previsão de execução dos próximos atos contratuais (execução física e financeira); c)
impactos à CDRJ advindos de eventual anulação do certame e dos atos subsequentes.
7. Após avaliação das repostas aos expedientes (peças 33, 35 e 36), esta Secretaria
concluiu, em análise preliminar, que não foram elididas as impropriedades até então verificadas,
remanescendo as seguintes irregularidades (peça 62):
7.1 descrição genérica do objeto da licitação (prestação de serviços de modernização
administrativa portuária), o que teria comprometido o entendimento, pelos eventuais interessados
no certame, do objeto que estaria sendo efetivamente licitado (serviços de tecnologia da
informação);
7.2 falta de clareza e precisão da descrição e especificação do objeto a ser contratado
(desenvolvimento de sistemas x solução no mercado), constantes do instrumento convocatório
(edital e termo de referência do pregão eletrônico 17/2016), causando prejuízo à competitividade e
à transparência do certame, e gerando falhas na formalização do processo de contratação;
7.3 incongruência entre o objeto especificado no edital (desenvolvimento de sistemas) e o
objeto efetivamente contratado, por meio do contrato 63/2016 (solução de mercado), resultando na
contratação de sistema já existente, apesar de o mencionado termo contratual prever a contratação
de desenvolvimento de sistemas;

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7.4 licitação realizada em lote único, sem a suficiente justificativa, sendo que o objeto seria
passível de parcelamento;
7.5 adjudicação por preço global, contrariando o entendimento deste Tribunal de que, em
licitações para registro de preços, a adjudicação por item é a regra geral, sendo a adjudicação por
preço global medida excepcional que precisa ser devidamente justificada;
7.6 justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de previsão de adesão à
ata por órgãos ou entidades não participantes ("caronas").
8. Esta unidade técnica entendeu que haveria relevante risco de as irregularidades
descritas terem maculado o pregão eletrônico 17/2016, e os atos subsequentes, o que caracterizaria
o fumus boni iuris. Ademais, o risco de serem emitidos novos atos decorrentes do certame
configuraria o periculum in mora. Adicionalmente, não se vislumbraria o periculum in mora
reverso, nos termos da resposta apresentada pelo diretor-presidente da CDRJ, no sentido de que,
apesar de ter sido celebrado o contrato 63/2016, não teriam ocorrido pagamentos à Linkcon Ltda.,
sendo que eventuais impactos decorrentes da anulação do certame restringir-se-iam aos custos do
tempo e dos recursos humanos dispendidos no planejamento e na contratação dos serviços, e à
possibilidade de a CDRJ deixar de ser a pioneira no Projeto de Modernização Administrativa
Portuária.
9. Esta Secex sugeriu, então, a adoção da medida cautelar prevista no art. 276 do
Regimento Interno do Tribunal, para suspender a emissão de novos atos decorrentes do pregão
eletrônico 17/2016 e do contrato 63/2016, até que este Tribunal aprecie o mérito destes autos.
Ademais, definiu que os responsáveis pelas impropriedades elencadas seriam a Sra. Debora Torres
Isola, que atuou como gerente de compras e licitações, e o Sr. Felipe Villarta Moreira, que atuou
como superintendente de tecnologia da informação; e sugeriu as respectivas audiências, na forma
dos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e III, do RI/TCU.
10. o Ministro-Relator, em despacho de 5/4/2017, alinhou-se ao encaminhamento proposto
por esta Secretaria, determinando:
10.1 à Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), que suspenda a emissão de novos atos
decorrentes do pregão eletrônico 17/2016 e do contrato 63/2016, até que este Tribunal aprecie o
mérito destes autos;
10.2 à Secex/RJ, que realize as audiências da Sra. Debora Torres Isola, gerente de compras
e licitações, e do Sr. Felipe Villarta Moreira, superintendente de tecnologia da informação, para
que apresentem razões de justificativa quanto às seguintes impropriedades, identificadas no pregão
eletrônico 17/2016, realizado pela CDRJ, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c o
art. 250, inciso IV, do Regimento Interno do Tribunal:
10.2.1 especificação imprecisa do objeto do pregão eletrônico 17/2016, constante no edital,
no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente contrato 63/2016, com
prejuízo aos princípios da publicidade, da competitividade e da busca da melhor proposta pela
Administração, e descumprindo o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993; os arts. 5º, inciso I, e 11 da
IN-SLTI 4/2010; os itens 3.1.1.2, alínea “b”, e 4.3, alínea “a”, da Norma de Licitações e Contratos
da CDRJ; e os itens 6.1.6 e 6.3 do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de
Tecnologia da Informação, publicado em 2012 por este Tribunal;
10.2.2 especificação imprecisa do objeto do pregão eletrônico 17/2016, constante no edital,
no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente contrato 63/2016,
consubstanciada na:
10.2.2.1 descrição genérica do objeto do pregão eletrônico 17/2016 no sistema Comprasnet
(prestação de serviços de modernização administrativa portuária), comprometendo o entendimento,
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pelos eventuais interessados no certame, do objeto que estaria sendo efetivamente licitado (serviços
de tecnologia da informação);
10.2.2.2 ausência, no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no
subsequente contrato 63/2016, da descrição dos sistemas a serem desenvolvidos (sistema de
gerenciamento eletrônico de documentos; sistema de controle de acesso e sistema de consulta
legado);
10.2.2.3 incongruência entre o objeto especificado no edital (desenvolvimento de sistemas) e
o objeto efetivamente contratado, por meio do contrato 63/2016 (solução de mercado), resultando
na contratação de sistema já existente, apesar de o contrato 63/2016 prever a contratação de
desenvolvimento de sistemas;
10.2.3 realização da licitação em lote único, quando o objeto seria passível de
fracionamento, afrontando o art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, a Súmula 247 do TCU, o art. 17,
§§ 2º e 3º da IN-SLTI 4/2010, bem como o item 6.1.9 do Guia de Boas Práticas em Contratação de
Soluções de Tecnologia da Informação, publicado em 2012 por este Tribunal;
10.2.4 adjudicação do objeto licitado por valor global, contrariando o entendimento deste
Tribunal, expresso nos Acórdãos 509/2015, 757/2015 e 588/2016, todos do Plenário, de que, em
licitações para registro de preços, a adjudicação por item é a regra geral, sendo a adjudicação por
preço global medida excepcional que precisa ser devidamente justificada, conforme arts. 3º, § 1º,
inciso I, 15, inciso IV, e 23, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993;
10.2.5 justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de previsão de adesão à
ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da Administração Pública, em afronta ao
art. 3º da Lei 8.666/1993 e ao princípio da motivação dos atos administrativos, bem como ao art.
22 do Decreto 7.892/2013;
10.3 o envio de cópia do despacho à representante, à Companhia Docas do Rio de Janeiro
(CDRJ) e à Linkcon Ltda. – EPP;
10.4 o envio de cópia do despacho, bem como da instrução da unidade técnica (peça 62) à
Sra. Debora Torres Isola e ao Sr. Felipe Villarta Moreira, para subsidiar suas manifestações.
11. O ofício de comunicação 935/2017-TCU/Secex-RJ (peça 68), de 6/4/2017, foi
encaminhado à CDRJ, informando a entidade acerca do provimento cautelar.
12. O ofício de audiência 933/2017-TCU/Secex-RJ (peça 69), de 6/4/2017, foi encaminhado
à Sra. Debora Torres Isola. A sua resposta foi protocolada em 2/5/2017 (peça 77, p. 1-4).
13. O ofício de audiência 934/2017-TCU/Secex-RJ (peça 70), de 6/4/2017, foi encaminhado
ao Sr. Felipe Villarta Moreira. A sua resposta foi protocolada em 10/5/2017 (peça 79, p. 1-3).

ANÁLISE TÉCNICA
14. Seguem os elementos de defesa apresentados.
15. Preliminarmente, seguem as considerações gerais apresentadas pelos responsáveis em
suas respectivas defesas.
15.1 Considerações gerais apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 4):
15.1.1 A responsável afirmou que:
15.1.1.1 O superintendente de tecnologia da informação à época, autoridade máxima em
tecnologia de informação (TI) da CDRJ, subordinado apenas à diretoria da presidência, se

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encarregou de definir o objeto a ser licitado, elaborar o termo de referência e trazer as


justificativas cabíveis.
15.1.1.2 Considerando a Ordem de Serviço Dirpre 17/2012 (peça 59), bem como o princípio
da segregação de funções, as atribuições da área requisitante estão bem definidas e segregadas no
processo administrativo, razão pela qual as ocorrências verificadas pelo TCU estão todas no
âmbito de atuação da área técnica.
15.1.1.3 No caso de TI, área extremamente técnica, os gerentes ou superintendente devem
optar pela contratação que melhor atenda ao interesse público, não podendo a gerência de
compras adentrar no mérito dessa escolha.
15.1.1.4 A gerência de compras e almoxarifado (Gercal), dentro da estrutura da
Administração, encarrega-se da elaboração das minutas em conformidade com as condições
estabelecidas no termo de referência, razão pela qual as questões objeto da audiência estão todas
no âmbito de atuação da superintendência da tecnologia de informação.
15.2 Considerações gerais apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 3):
15.2.1 O responsável afirmou que:
15.2.1.1 Na função de superintendente de TI, cumpriu com as suas atribuições, que eram de
cunho técnico, sendo os itens objeto de audiência relacionados à forma e à modalidade do pregão
eletrônico, que não são suas atribuições de direito.
15.2.1.2 A empresa, após a ordem de serviço emitida, realizou a entrega de forma rápida e
não apresentou meios de detalhar os custos que estavam sendo atribuídos no desenvolvimento das
soluções. Por isso, na condição de superintendente, ele não autorizou nenhum pagamento. O fato
da entrega ter sido rápida pode ter gerado o entendimento que a empresa realizou a entrega de
uma solução de mercado.
15.2.1.3 Sua exoneração ocorreu no dia 6/1/2017, de modo que qualquer ação que tenha sido
tomada após essa data não foi por ele realizada. Adicionalmente, antes mesmo da sua exoneração e
antes de o TCU se manifestar acerca da suspensão desse contrato, ele já havia solicitado
formalmente (fls. 485 do processo 13.979/16; cópia não presente na defesa apresentada pelo
responsável) que a contratação fosse suspensa até que este Tribunal concluísse a análise dos
questionamentos em tela.
16. Impropriedade: especificação imprecisa do objeto do pregão Eletrônico 17/2016,
constante no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
contrato 63/2016, com prejuízo aos princípios da publicidade, da competitividade e da busca da
melhor proposta pela Administração, e descumprindo o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993; os
arts. 5º, inciso I, e 11 da IN-SLTI 4/2010; os itens 3.1.1.2, alínea “b”, e 4.3, alínea “a”, da Norma
de Licitações e Contratos da CDRJ; e os itens 6.1.6 e 6.3 do Guia de Boas Práticas em
Contratação de Soluções de Tecnologia da Informação, publicado em 2012 por este Tribunal (item
10.2.1 desta instrução).
16.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-2):
16.1.1 A responsável afirmou que:
16.1.1.1 A Norma de Licitações e Contratos da CDRJ (peça 59), aprovada pela Ordem de
Serviço Dirpre 017/2012, tem a finalidade de disciplinar os procedimentos para instrução e
tramitação dos processos licitatórios e respectivos contratos firmados pela CDRJ, em
conformidade com as rotinas em prática na companhia, à legislação vigente que trata do assunto e
à jurisprudência do Tribunal de Contas da União e definir as responsabilidades de cada órgão da
CDRJ no processo de contratação.
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16.1.1.2 O item 3.1.1.2 da mencionada norma, em sua alínea “b”, ao definir as providências
que a área requisitante deve tomar para iniciar qualquer contratação no âmbito da CDRJ, assim
dispõe (peça 59, p. 8):
3.1.1.2. Caso a necessidade não possa ser atendida internamente, o órgão requisitante iniciará os
estudos com vistas à futura contratação, adotando as seguintes providências: [...]
b) elaborar Termo de Referência ou Projeto Básico contendo todo o detalhamento da aquisição ou
contratação dos serviços/obras, bem como as condições técnicas de execução, pagamento, etc.;
16.1.1.3 O item 3.1.1.3 da norma em referência estabelece os documentos que a área
requisitante deverá providenciar para iniciar o processo de contratação, nos seguintes termos
(peça 59, p. 8):
3.1.1.3. Concluída a fase de planejamento da futura contratação, o órgão requisitante encaminhará à
Superintendência de Administração – SUPADM, com vistas à Divisão de Contratos e Licitações –
DIVCOL, a documentação necessária à instrução do processo licitatório, conforme abaixo:
a) Pedido de Compra /Serviço – PC/S (assinado);
b) Termo de Referência ou Projeto Básico (rubricado pelo responsável);
c) Pesquisa de preços;
d) Reserva orçamentária.
16.1.1.4 Após o recebimento e análise da documentação, a gerência de compras e
almoxarifado (antiga Divcol) define a modalidade licitatória e elabora o edital e minuta de
contrato, conforme documentação recebida da área requisitante, e encaminha à gerência de
instrumentos contratuais (antiga Dictra) para análise quanto ao aspecto legal e formal do certame,
bem como a chancela do edital e seus anexos. Desse modo, a gerência de compras e almoxarifado
não define o objeto a ser contratado, pois o mesmo é definido pela área requisitante e transcrito
para o edital e minuta de contrato, e posteriormente para o portal de compras.
16.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 1):
16.2.1 O responsável afirmou que:
16.2.2.1 Não foi ele quem atribuiu o resumo do projeto que foi descrito como "Projeto de
Modernização Portuária".
16.2.2.2 A responsabilidade de determinar como deve ser dada publicidade das modalidades
de contratação é da gerência de licitações e do jurídico, conforme normativo interno da CDRJ.
17. Impropriedade: especificação imprecisa do objeto do pregão eletrônico 17/2016,
constante no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
contrato 63/2016, consubstanciada na descrição genérica do objeto do pregão eletrônico 17/2016
no sistema Comprasnet (prestação de serviços de modernização administrativa portuária),
comprometendo o entendimento, pelos eventuais interessados no certame, do objeto que estaria
sendo efetivamente licitado (serviços de tecnologia da informação) (item 10.2.2.1 desta instrução).
17.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 2):
17.1.1 A responsável afirmou que:
17.1.1.1 Conforme já exposto, a descrição do objeto do pregão eletrônico 17/2016 no sistema
Comprasnet seguiu a descrição do objeto que se encontrava no termo de referência elaborado pela
área requisitante, neste caso a superintendência de tecnologia da informação.
17.1.1.2 Adicionalmente, os demais campos do sistema Comprasnet foram preenchidos com o
Decreto 7174/2010 e com a unidade de medida "UST".

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17.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 1):
17.2.1 O responsável afirmou que:
17.2.1.1 Na figura de superintendente de TI, ele não era responsável pelo manuseio das
descrições e dos resumos das informações inseridas no sistema Comprasnet, ficando esta
atribuição a cargo da pregoeira Débora Isola.
18. Impropriedade: especificação imprecisa do objeto do pregão eletrônico 17/2016,
constante no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
contrato 63/2016, consubstanciada na ausência, no edital, no termo de referência e no portal de
compras, bem como no subsequente contrato 63/2016, da descrição dos sistemas a serem
desenvolvidos (sistema de gerenciamento eletrônico de documentos; sistema de controle de acesso
e sistema de consulta legado) (item 10.2.2 desta instrução).
18.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-4):
18.1.1 A responsável afirmou que:
18.1.1.1 Conforme já exposto, a responsabilidade pela elaboração do termo de referência
contendo todo o detalhamento da aquisição ou contratação dos serviços/obras, bem como as
condições técnicas de execução, pagamento, etc., é da área requisitante, neste caso a
superintendência de tecnologia da informação.
18.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 1):
18.2.1 O responsável afirmou que:
18.2.1.1 No processo 13.979/16, às fls. 86, no item 26 (peça 36, p. 27), está a sua resposta ao
jurídico com relação à solicitação de um catálogo de serviços na qual justificava a contratação das
quantidades de cada item contido no termo de referência.
18.2.1.2 Suas respostas quanto às estimativas foram aceitas pelo jurídico, mas em tempo
nenhum foi solicitado que essa tabela com os valores estimados de consumo de cada item estivesse
presente no termo de referência, no edital e no Comprasnet. O edital e o termo de referência foram
chancelados pelo jurídico sem o pedido de inclusão dessas informações nessas peças.
19. Impropriedade: especificação imprecisa do objeto do pregão eletrônico 17/2016,
constante no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
contrato 63/2016, consubstanciada na incongruência entre o objeto especificado no edital
(desenvolvimento de sistemas) e o objeto efetivamente contratado, por meio do contrato 63/2016
(solução de mercado), resultando na contratação de sistema já existente apesar de o contrato
63/2016 prever a contratação de desenvolvimento de sistemas (item 10.2.2.3 desta instrução).
19.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-4):
19.1.1 A responsável afirmou que:
19.1.1.1 O detalhamento do objeto do edital do pregão eletrônico 17/2016 encontra-se no
item 3.2 do termo de referência, elaborado pela área requisitante, e suas quantidades
demonstradas na tabela constante do subitem 3.4.2., e a confecção do contrato 63/2016 foi
elaborada exatamente de acordo com o termo de referência, sendo o recebimento do objeto
responsabilidade da fiscalização conforme estabelece o item 9 - Gestão e Fiscalização de
Contratos.
19.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 2):
19.2.1 O responsável afirmou que:

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19.2.1.1 Desconhece que o contrato 63/2016 faça referência à contratação de solução de


mercado.
19.2.1.2 O que ficou determinado foi o desenvolvimento de soluções conforme os requisitos
funcionais e técnicos obtidos através de reuniões entre as áreas técnicas da CDRJ e a contratada
LinkCom, na qual foram gerados alguns documentos que constam nos autos do processo 13.979
entre as fls. 365 e 410 (cópias não presentes na defesa apresentada pelo responsável). A ordem de
serviço encaminhada à LinkCom faz referência aos requisitos funcionais e não-funcionais
levantados, reforçando então que foi demandado o desenvolvimento e não a compra de uma
solução de mercado.
20. Impropriedade: realização da licitação em lote único, quando o objeto seria passível de
fracionamento, afrontando o art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, a Súmula 247 do TCU, o art. 17,
§§ 2º e 3º da IN-SLTI 4/2010, bem como o item 6.1.9 do Guia de Boas Práticas em Contratação de
Soluções de Tecnologia da Informação, publicado em 2012 por este Tribunal (item 10.2.3 desta
instrução).
20.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-4):
20.1.1 A responsável afirmou que:
20.1.1.1 Conforme consta nos subitens 16.2.1, 16.2.2 e 16.2.3 da instrução da unidade
técnica, a realização da licitação em lote único foi justificada pelo superintendente de tecnologia
da informação, além de constar no item 14 do termo de referência.
20.1.1.2 De acordo com o superintendente de TI (item 16.2.1 da peça 62):
todos os componentes de serviços pretendidos deverão ser fornecidos em um GRUPO ÚNICO, pelo
mesmo licitante ou fornecedor, pois somente assim haverá garantia de interoperabilidade e integração
entre todos os componentes da solução pretendida deste projeto. Nesse sentido, a opção da CDRJ, em
respeito à legislação vigente e na busca pela economicidade, optou por garantir a integração total dos
componentes da solução a partir da aquisição conjunta de todos os itens do projeto.
20.1.1.3 Assim, a realização de licitação em lote único foi adotada em razão da justificativa
do mencionado superintendente, representando a área técnica que atua no objeto da referida
licitação e que está próxima aos fatos, pois, considerando o seu despacho, não competia a Gercal
fazer uma ingerência no termo de referência a ponto de retirar interoperabilidade e integração
entre todos os componentes da solução pretendida.
20.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 2):
20.2.1 O responsável afirmou que:
20.2.1.1 Conforme regulamento interno da CDRJ (IN-17/2012), a responsabilidade do
superintendente de TI é de apenas se ater as questões técnicas, sendo assim tudo que foi
determinado acerca da modalidade e da forma do pregão é de responsabilidade da pregoeira e do
superintendente jurídico que, à época, chancelou o edital, o termo de referência e seus anexos.
20.2.1.2 O parecer jurídico reforça a contratação em lote único às fls.78 do processo
13.979/16 (peça 36, p. 33).
21. Impropriedade: adjudicação do objeto licitado por valor global, contrariando o
entendimento do Tribunal, expresso nos Acórdãos 509/2015, 757/2015 e 588/2016, todos do
Plenário, de que, em licitações para registro de preços, a adjudicação por item é a regra geral,
sendo a adjudicação por preço global medida excepcional que precisa ser devidamente justificada,
conforme arts. 3º, § 1º, inciso I, 15, inciso IV, e 23, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993 (item 10.2.4 desta
instrução).
21.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-4):
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

21.1.1 A responsável afirmou que:


21.1.1.1 Conforme exposto anteriormente a adjudicação por valor global se deu em função
das justificativas apresentadas pelo superintendente de tecnologia da informação.
21.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 2):
21.2.1 O responsável fez referência à resposta de item 20.2 desta instrução, pois as questões
de modalidade e forma do pregão não são atribuições do superintendente de TI, conforme
regulamento interno da CDRJ.
22. Impropriedade: justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de
previsão de adesão à ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da Administração
Pública, em afronta ao art. 3º da Lei 8.666/1993 e ao princípio da motivação dos atos
administrativos, bem como ao art. 22 do Decreto 7.892/2013 (item 10.2.5 desta instrução).
22.1 Razões apresentadas pela Sra. Debora Torres Isola (peça 77, p. 1-4):
22.1.1 A responsável afirmou que:
22.1.1.1 Consta, às fls. 84 dos autos do processo administrativo (peça 36, p. 25), justificativa
do superintendente de tecnologia da informação em resposta ao parecer jurídico, o qual solicita tal
justificativa.
22.1.1.2 O parecer jurídico cita parte de acórdão 1297/2015-TCU-Plenário (Ministro-Relator
Bruno Dantas), o qual dispõe que a “adesão prevista no art. 22 do Decreto 7.892/13 é uma
possibilidade anômala e excepcional, e não uma obrigatoriedade a constar necessariamente em
todos os editais e contratos regidos pelo Sistema de Registro de Preços”.
22.1.1.3 No entanto, o mencionado superintendente, mesmo alertado de tal questão, dentro de
sua esfera de discricionariedade e competência, optou pela previsão de adesão à ata, justificando-
a, razão pela qual a Gercal incluiu tal item no edital.
22.2 Razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (peça 79, p. 2-3):
22.2.1 O responsável afirmou que:
22.2.1.1 Às folhas 84 do processo 13.979/16 (peça 36, p. 25), está a sua justificativa quando
foi questionado pelo jurídico sobre a possibilidade de permitir caronas.
22.2.1.2 Seu entendimento à época baseia-se no fato de a contratação possuir itens diversos
em grande quantidade, onde se pode presumir que a possibilidade de se obter um preço competitivo
é grande devido a volume a ser contratado.
22.2.1.3 Uma vez que desenvolvimento de sistemas é uma atividade demandada por diversos
órgãos, sinalizou que a Administração Pública poderia se beneficiar com isso.
22.2.2.4 Adicionalmente, deve ficar claro que a decisão de permitir "carona", no que se diz
respeito de cunho legal, não era sua atribuição, e que isso foi determinado e aprovado pelo
superintendente jurídico quando determinou que o edital fosse chancelado.
23. Segue análise das impropriedades apontadas frente às razões de justificativa aportadas
aos autos.
24. As impropriedades relacionadas nos itens 16, 17, 18 e 19 desta instrução tratam da
especificação técnica. Tal especificação é realizada pela área requisitante, nos termos do item
3.1.1.2, alínea “b” da Norma de Licitações e Contratos da CDRJ (peça 59, p. 8), se
consubstanciando, no caso em tela, no termo de referência (peça 4, p. 18-40), de responsabilidade
do superintendente de informação.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

24.1 O edital foi feito pela gerência de compras e almoxarifado (antiga Divcol), a partir das
informações presentes no termo de referência. Nesse sentido, transcrevemos trecho do Relatório em
sede do Acórdão 687/2007-TCU-Plenário (Ministro-Relator Augusto Nardes):
32. Não entendemos que uma comissão permanente de licitação – que normalmente licita desde
parafusos até computadores de última geração – tenha a obrigação de conhecer, a fundo, cada item
licitado.
Por esse motivo, concluímos que os membros da CPL não podem ser apenados (neste particular) por
confiar na especificação do objeto, realizado pelas autoridades superiores da Fundação, e que contava
com o aval da assessoria jurídica.
24.2 Vale observar que a própria descrição do objeto da licitação – “prestação de serviços de
modernização administrativa portuária” – provém do termo de referência (peça 4, p. 18, item 1.1),
cuja elaboração foi responsabilidade do Sr. Felipe Villarta Moreira. Podemos entender que tal
impropriedade (item 17 desta instrução), sozinha, poderia resultar apenas em ciência à entidade.
24.3 Entretanto, configura-se impropriedade grave a especificação imprecisa do objeto (itens
16, 17 e 18 desta instrução), no que diz respeito à falta da descrição adequada dos sistemas a
serem desenvolvidos (sistema de gerenciamento eletrônico de documentos; sistema de controle de
acesso e sistema de consulta legado), e à falta de clareza e precisão no que diz respeito ao tipo de
solução a ser contratada (desenvolvimento de sistemas x solução de mercado). Conforme
assinalado no item 21.8 da instrução anterior (peça 62, p. 9), essa incongruência está presente
termo de referência do certame, que, em seu item 3.2.10 (peça 4, p. 21-22), especifica
extensivamente os serviços que contemplam o objeto de desenvolvimento de softwares e aplicações
específicas (peça 4, p. 18-17), e, no seu item 9 (peça 4, p. 9), estabelece a realização da prova de
conceito, que se trata de testar uma solução integrada pré-existente, em sua versão padrão, nas
instalações disponibilizadas pela CDRJ (item 21.6 desta instrução).
25. Quanto às impropriedades relacionadas nos itens 20 e 21, verificamos que a decisão por
adjudicar por lote único já estava presente no termo de referência, nos seus itens 4.1 a 4.5 (peça 4,
p. 24-25).
25.1 Segue trecho da citada justificativa constante do Termo de Referência (peça 4, p. 24):
4.2. Todos os componentes de Serviços pretendidos deverão ser fornecidos em um GRUPO ÚNICO,
pelo mesmo licitante ou fornecedor, pois somente assim haverá garantia de interoperabilidade e
integração entre todos os componentes da solução pretendida deste projeto. Nesse sentido, a opção da
CDRJ, em respeito à legislação vigente e na busca pela economicidade, optou por garantir a
integração total dos componentes da solução a partir da aquisição conjunta de todos os itens do
projeto. Dessa forma, há garantia de que todos os serviços prestados terão compatibilidade nas devidas
execuções.
25.2 Entendemos que a análise da razoabilidade da justificativa fornecida de licitar por lote
único fica prejudicada pela imprecisão da especificação do objeto a ser contratado (item 24 desta
instrução).
26. Por fim, no tocante à impropriedade relacionada no item 22 desta instrução, o
superintendente de TI, mesmo alertado de tal questão pela superintendência jurídica da CDRJ
(peça 36, p. 34-35, itens 21 e 22), decidiu manter a previsão de adesão à ata por órgãos ou
entidades não participantes (peça 36, p. 25, item 22), apresentando uma justificativa genérica e
insuficiente (“ser de grande valia para outras entidades públicas”).
27. Desse modo, somos por propor acatar as razões de justificativa apresentadas pela Sra.
Débora Torres Isola; e rejeitar as razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (itens 24 e
26 desta instrução), propondo que lhe seja aplicada a multa regimental.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

28. Em virtude de que os elementos aportados nos autos foram insuficientes para alterar o
entendimento formado neste processo quantos aos vícios no certame, somos por tornar definitivos
os efeitos do provimento cautelar proferido.
29. Adicionalmente, somos pela realização de ciência à entidade a respeito das
impropriedades relacionadas nos itens 24 e 26 desta instrução.

CONCLUSÃO
30. A presente representação, já conhecida pelo Ministro-Relator (peça 22), com base no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993 c/c o arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU, deve, no
mérito, ser considerada procedente.
31. Os elementos aportados nos autos foram insuficientes para descaracterizar as
impropriedades no tocante aos itens objeto da cautelar. Assim, com fundamento no art. 71, inciso
IX, da Constituição Federal, c/c art. 45 da Lei 8.443/ 1992, entendemos que deva ser assinado
prazo para que a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) anule o pregão eletrônico 17/2016 e
os atos dele decorrentes, incluindo o contrato 63/2016.
32. Somos por acatar as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Débora Torres Isola, e
rejeitar as razões apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (itens 24 e 26 desta instrução),
aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor; sendo autorizado o desconto da dívida na
remuneração do servidor, observado o disposto no art. 46 da Lei 8.112/1990.
33. Somos também pela ciência à Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) sobre as
seguintes impropriedades:
33.1 especificação imprecisa do objeto do certame, identificada no edital do pregão
eletrônico 17/2016, no seu termo de referência e na correspondente publicação no portal de
compras, relativamente à descrição genérica do objeto do pregão eletrônico 17/2016 no sistema
Comprasnet (prestação de serviços de modernização administrativa portuária), à ausência da
descrição dos sistemas a serem desenvolvidos e à incongruência quanto ao objeto a ser contratado
(desenvolvimento de sistemas ou solução de mercado), com prejuízo aos princípios da publicidade,
da competitividade e da busca da melhor proposta pela Administração, e descumprindo o art. 6º,
inciso IX, da Lei 8.666/1993; os arts. 5º, inciso I, e 11 da IN-SLTI 4/2010; os itens 3.1.1.2, alínea
“b”, e 4.3, alínea “a”, da Norma de Licitações e Contratos da CDRJ; e os itens 6.1.6 e 6.3 do Guia
de Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia da Informação, publicado em 2012
por este Tribunal;
33.2 justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de previsão de adesão à
ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da Administração Pública, identificada no
pregão eletrônico 17/2016, em afronta ao art. 3º da Lei 8.666/1993 e ao princípio da motivação dos
atos administrativos, bem como ao art. 22 do Decreto 7.892/2013.
34. Por fim, deverá ser dada ciência do acórdão que vier a ser proferido, assim como do
relatório e do voto que o fundamentarem, à representante, à Sra. Debora Torres Isola (CPF
052.569.157-03), ao Sr. Felipe Villarta Moreira (CPF 099.806.867-58), à Companhia Docas do Rio
de Janeiro e à empresa Linkcon Ltda. – EPP (CNPJ 05.323.742/0001-71), vencedora do certame
em tela, tendo celebrado o contrato CDRJ 63/2016.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
35. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo (itens 30 a 34
desta instrução):
35.1 considerar a presente representação, já conhecida pelo Ministro-Relator, com base no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993 c/c o arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU,
procedente.
35.2 com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c art. 45 da Lei
8.443/1992, assinar prazo para que a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) adote
providências para anulação do pregão eletrônico 17/2016 e dos atos dele decorrentes, incluindo o
contrato 63/2016.
35.3 acatar as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Débora Torres Isola, (CPF
052.569.157-03), gerente de compras e licitações da CDRJ;
35.4 rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Felipe Villarta Moreira (CPF
099.806.867-58), então superintendente de tecnologia da informação da CDRJ, aplicando-lhe a
multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor; sendo autorizado o desconto da dívida na
remuneração do servidor, observado o disposto no art. 46 da Lei 8.112/1990;
35.5 dar ciência à Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) de que são irregularidades:
35.5.1 especificar de forma imprecisa o objeto do certame a ponto de comprometer a
identificação adequada e suficiente do objeto pelos potenciais interessados, o que foi identificado
no âmbito do edital do pregão eletrônico 17/2016 no seu termo de referência e na correspondente
publicação no portal de compras, relativamente à descrição genérica do objeto no sistema
Comprasnet (“prestação de serviços de modernização administrativa portuária”), à ausência da
descrição dos sistemas a serem desenvolvidos e à incongruência quanto ao objeto a ser contratado
(“desenvolvimento de sistemas ou solução de mercado”), ocasiona claro prejuízo aos princípios da
publicidade, da competitividade e da busca da melhor proposta pela Administração, com
descumprimento do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993; dos arts. 5º, inciso I, e 11 da IN-SLTI
4/2010; dos itens 3.1.1.2, alínea “b”, e 4.3, alínea “a”, da Norma de Licitações e Contratos da
CDRJ; e dos itens 6.1.6 e 6.3 do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia
da Informação, publicado em 2012 por este Tribunal;
35.5.2 não motivar, ou empregar justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no
edital, de previsão de adesão à ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, identificada no pregão eletrônico 17/2016, em afronta ao art. 3º da Lei
8.666/1993 e ao princípio da motivação dos atos administrativos, bem como ao art. 22 do Decreto
7.892/2013;
35.6 dar conhecimento do acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do
voto que o fundamentarem, à representante, à Sra. Debora Torres Isola (CPF 052.569.157-03), ao
Sr. Felipe Villarta Moreira (CPF 099.806.867-58), à Companhia Docas do Rio de Janeiro e à
empresa Linkcon Ltda. – EPP (CNPJ 05.323.742/0001-71).”
Estando os autos em meu gabinete, após a instrução de mérito pela Secex/RJ, a Companhia
Docas do Rio de Janeiro, protocolou, em 17/7/2017, o documento de peça 88, acolhido como agravo
contra o despacho de peça 65, por meio do qual deferi a medida cautelar pleiteada pelo representante.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

O agravante solicitou a “revisão da medida cautelar para que a execução contratual seja
reestabelecida e os serviços contratados pela administração anterior, finalizados (...)”.
Posteriormente, em 19/7/2017, a Empresa Linkcon Ltda. – EPP, cujo contrato foi suspenso
pela medida cautelar, juntou a estes autos os documentos de peça 89, cadastrados como novos
elementos/informações adicionais, em que requer que:
“a) a representação não seja conhecida, uma vez que se tratar de mera irresignação privada,
na qual o interesse público milita a favor da Representada;
b) caso se entenda pelo conhecimento da representação, que ela seja julgada improcedente;
c) que a medida cautelar seja imediatamente afastada, para que o serviço contratado possa
ser finalizado o quanto antes e a necessária modernização da Companhia Docas do Rio de Janeiro
seja concluída – a bem do interesse público.”
Em 16/8/2017, a Empresa Linkcon Ltda. – EPP apresentou os documentos de peças 90 a
107, contendo cópias do processo administrativo de sua contratação, especificamente a ordem de
serviço 001/2016, referente ao Contrato CDRJ 63/2016, abarcando três anexos, um para cada um dos
sistemas que já teriam sido desenvolvidos pela contratada (GED/WORKFLOW, SISTEMA DE
CONSULTA LEGADO E SISTEMA DE CONTROLE DE ACESSO); cópia dos resultados da prova
de conceito exigida no edital; e comparativos de preços da ata registrada com outras contratações
realizadas pela administração pública.
Esclareceu que a primeira ordem de serviço do aludido contrato, já apresentada nestes
autos (peça 33, p. 6) teria sido enviada por e-mail pelo Superintendente de da CDRJ, em 7/11/2016 e,
somente posteriormente, complementada com os requisitos dos três primeiros sistemas solicitados,
estabelecidos nos anexos apresentados.
Os documentos juntados corroborariam a assertiva de que o objeto da contratação teria
sido o desenvolvimento de sistemas, conforme especificado: a) no item 3 e seguintes do Termo de
Referência, que tratam das exigências de capacitação técnica e operacional, exigindo profissionais com
certificação específica para desenvolvimento de sistemas; b) e na Cláusula 18 do contrato que
estabelece a obrigatoriedade de transferência de tecnologia, o que seria inerente ao desenvolvimento de
software, mormente porque no caso da solução de mercado pronta, não se transfere tecnologia,
compra-se a licença de uso, tão somente; os códigos fontes são protegidos.
A empresa argumenta que os comparativos dos preços da ata com aqueles concernentes a
outras contratações públicas de serviços semelhantes demonstrariam que os preços registrados pela
CDRJ seriam mais vantajosos para a Administração, por estarem abaixo da média de mercado,
evidenciando que as contratações já realizada com base na referida ata teriam sido satisfatórias.
Ao final, reitera o que foi requerido no documento de peça 89, já mencionado acima.
É o relatório.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

VOTO

Em análise representação noticiando eventuais irregularidades no edital do Pregão


Eletrônico 17/2016 (peças 2 a 8), promovido pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), cujo
objeto foi o registro de preços para contratação de sociedade empresarial especializada na “prestação
de serviços de modernização administrativa portuária”, pelo período de doze meses, estimada em
R$ 20.549.650,00 (peça 4, p. 30).
O objeto foi adjudicado à empresa Linkcon Ltda. – EPP, em 8/9/2016, pelo valor total de
R$ 20.490.000,00 (peça 7), tendo sido celebrado, em 4/11/2016, o Contrato CDRJ 63/2016, com a
empresa vencedora, para a prestação de parcela dos serviços registrados na ata, no valor de R$
5.739.989,40 (peça 36, p. 11).
A empresa representante, Wend Tecnologia e Treinamento Ltda.-ME, alegou imprecisão e
ambiguidade na descrição do objeto da contratação contida no edital da licitação; não observância dos
princípios da publicidade e da competitividade; discrepância entre a descrição do objeto e o seu
detalhamento no instrumento convocatório; realização de licitação em um único lote, sendo o objeto
passível de fracionamento; adjudicação por preço global, quando deveria ter sido realizada por itens;
exigências de habilitação a limitar injustificadamente a competição.
As irregularidades afrontariam o art. 30 da Lei 8.666/93 e o item 9.2.3 do Acórdão n°
2314/2010 - TCU – Plenário; o art. 23, §1º, da Lei 8.666/93 e a Súmula 247 deste TCU.
Acolhi a proposta formulada pela unidade técnica, em sua instrução inicial (peças 20 e 21),
e conheci da representação.
Determinei a oitiva da CDRJ, para que, no prazo de cinco dias, se manifestasse acerca do
teor desta representação; bem como da empresa contratada Linkcon Ltda. – EPP para, querendo,
manifestar-se sobre os pontos questionados, alertando-as quanto à possibilidade de o Tribunal vir a
determinar a anulação de todos os atos posteriores à realização do Pregão Eletrônico 17/2016.
Determinei, ainda, diligência à CDRJ para que, no prazo de cinco dias, encaminhasse ao
TCU informações acerca dos seguintes fatos: a) data de início da execução do contrato decorrente do
Pregão Eletrônico 17/2016; b) atos já executados no âmbito do referido contrato e previsão de
execução dos próximos atos contratuais (execução física e financeira); c) impactos à CDRJ advindos
de eventual anulação do certame e dos atos subsequentes.
Após a avaliação das repostas aos expedientes, a Secex/RJ concluiu, em análise preliminar,
que as impropriedades até então verificadas não teriam sido elididas, havendo relevante risco de as
irregularidades descritas terem maculado o Pregão Eletrônico 17/2016 e os atos subsequentes, o que
caracterizaria o fumus boni iuris.
Ademais, o risco de serem emitidos novos atos decorrentes do certame configuraria o
periculum in mora.
Adicionalmente, não se vislumbraria o periculum in mora reverso, nos termos da resposta
apresentada pelo Diretor-Presidente da CDRJ, no sentido de que, apesar de ter sido celebrado o
Contrato 63/2016, não teriam ocorrido pagamentos à Linkcon Ltda., sendo que eventuais impactos
decorrentes da anulação do certame restringir-se-iam aos custos do tempo e dos recursos humanos
dispendidos no planejamento e na contratação dos serviços, e à possibilidade de a CDRJ deixar de ser
a pioneira no Projeto de Modernização Administrativa Portuária.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

Em face da análise da Secex/RJ, determinei a suspensão cautelar da emissão de novos atos


decorrentes do Pregão Eletrônico 17/2016 e do Contrato 63/2016, até que o Tribunal apreciasse o
mérito destes autos, nos termos do art. 276 do Regimento Interno do Tribunal.
Determinei, ainda, as audiências de Debora Torres Isola, que atuou como gerente de
compras e licitações, e de Felipe Villarta Moreira, que atuou como superintendente de tecnologia da
informação, na forma dos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I
e III, do RI/TCU, pelas seguintes irregularidades:
b.1) especificação imprecisa do objeto do Pregão Eletrônico 17/2016, constante no
edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
Contrato 63/2016, com prejuízo aos princípios da publicidade, da competitividade e
da busca da melhor proposta pela Administração, e descumprindo o art. 6º, inciso
IX, da Lei 8.666/1993; os arts. 5º, inciso I, e 11 da IN-SLTI 4/2010; os itens 3.1.1.2,
alínea b, e 4.3, alínea a, da Norma de Licitações e Contratos da CDRJ; e os itens
6.1.6 e 6.3 do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia da
Informação, publicado em 2012 por este Tribunal;
b.2) especificação imprecisa do objeto do Pregão Eletrônico 17/2016, constante no
edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no subsequente
Contrato 63/2016, consubstanciada na:
b.2.1) descrição genérica do objeto do Pregão Eletrônico 17/2016 no sistema
Comprasnet (prestação de serviços de modernização administrativa portuária),
comprometendo o entendimento, pelos eventuais interessados no certame, do objeto
que estaria sendo efetivamente licitado (serviços de tecnologia da informação);
b.2.2) ausência, no edital, no termo de referência e no portal de compras, bem como no
subsequente Contrato 63/2016, da descrição dos sistemas a serem desenvolvidos
(sistema de gerenciamento eletrônico de documentos; sistema de controle de acesso
e sistema de consulta legado);
b.2.3) incongruência entre o objeto especificado no edital (desenvolvimento de
sistemas) e o objeto efetivamente contratado, por meio do Contrato 63/2016
(solução de mercado), resultando na contratação de sistema já existente apesar de o
Contrato 63/2016 prever a contratação de desenvolvimento de sistemas;
b.3) realização da licitação em lote único, quando o objeto seria passível de
fracionamento, afrontando o art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, a Súmula 247 do
TCU, o art. 17, §§ 2º e 3º da IN-SLTI 4/2010, bem como o item 6.1.9 do Guia de
Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia da Informação, publicado
em 2012 por este Tribunal;
b.4) adjudicação do objeto licitado por valor global, contrariando o entendimento do
Tribunal, expresso nos Acórdãos 509/2015, 757/2015 e 588/2016, todos do
Plenário, de que, em licitações para registro de preços, a adjudicação por item é a
regra geral, sendo a adjudicação por preço global medida excepcional que precisa
ser devidamente justificada, conforme arts. 3º, § 1º, inciso I, 15, inciso IV, e 23, §§
1º e 2º, da Lei 8.666/1993;
b.5) justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de previsão de
adesão à ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da Administração
Pública, em afronta ao art. 3º da Lei 8.666/1993 e ao princípio da motivação dos
atos administrativos, bem como ao art. 22 do Decreto 7.892/2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

Após a avalição das audiências, a unidade técnica entendeu que os elementos aportados
nos autos não foram suficientes para descaracterizar as impropriedades objeto da cautelar e propôs
assinar prazo para que a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) anulasse o pregão eletrônico
17/2016 e os atos dele decorrentes, incluindo o contrato 63/2016, com fundamento no art. 71, inciso
IX, da Constituição Federal, c/c art. 45 da Lei 8.443/ 1992.
Sugeriu, ainda, acolher as razões de justificativa apresentadas por Débora Torres Isola,
rejeitar as razões apresentadas por Felipe Villarta Moreira e aplicar-lhe multa prevista no art. 58, inciso
II, da Lei 8.443/1992.
Por fim, propôs dar ciência à Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) acerca das
seguintes irregularidades:
a)a especificação imprecisa do objeto do certame, identificada no edital do
pregão eletrônico 17/2016, no seu termo de referência e na correspondente publicação
no portal de compras, relativamente à descrição genérica do objeto do pregão
eletrônico 17/2016, afronta os princípios da publicidade, da competitividade e da busca
da melhor proposta pela Administração, bem como o art. 6º, inciso IX, da Lei
8.666/1993; os arts. 5º, inciso I, e 11 da IN-SLTI 4/2010; os itens 3.1.1.2, alínea “b”, e
4.3, alínea “a”, da Norma de Licitações e Contratos da CDRJ; e os itens 6.1.6 e 6.3 do
Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia da Informação,
publicado em 2012 por este Tribunal;
b)a justificativa genérica e insuficiente para a inclusão, no edital, de
previsão de adesão à ata de registro de preços por outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, identificada no pregão eletrônico 17/2016, afronta o art. 3º da
Lei 8.666/1993 e o princípio da motivação dos atos administrativos, bem como o art.
22 do Decreto 7.892/2013.
II
Estando os autos em meu gabinete, a Companhia Docas do Rio de Janeiro juntou, em
17/7/2017, o documento de peça 88, acolhido como agravo contra o despacho, peça 65, por meio do
qual deferi a medida cautelar pleiteada pelo representante.
O agravante solicitou a “revisão da medida cautelar para que a execução contratual seja
reestabelecida e os serviços contratados pela administração anterior, finalizados (...)”. Acrescentou
que, embora não tenham sido efetuados pagamentos à contratada, caberia indenização a ela, ante os
serviços já desenvolvidos. Aduziu que os serviços contratados seriam essenciais à gestão da CDRJ,
para a sua eficiência e para facilitar ações de auditoria e de controle de seus processos de trabalho, e
que a contratação efetuada teria sido vantajosa.
Em 19/7/2017, a Empresa Linkcon Ltda. – EPP, cujo contrato foi suspenso pela medida
cautelar, juntou a estes autos os documentos, peça 89, cadastrados como novos elementos/informações
adicionais, requerendo que a representação não seja conhecida; caso conhecida, não lhe seja dado
provimento; e que a medida cautelar seja imediatamente suspensa a fim de que o contrato celebrado
com a CDRJ possa ser finalizado.
Em 16/8/2017, a Empresa Linkcon Ltda. – EPP apresentou mais documentos, peças 90 a
107, contendo cópias do processo administrativo de sua contratação, especificamente, a ordem de
serviço 001/2016, referente ao Contrato CDRJ 63/2016, abarcando três anexos, um para cada sistema
que já teria sido desenvolvido pela contratada (GED/WORKFLOW, SISTEMA DE CONSULTA
LEGADO E SISTEMA DE CONTROLE DE ACESSO); cópia dos resultados da prova de conceito

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

exigida no edital; e comparativos entre os preços registrados na ata e preços de outras contratações
realizadas pela administração pública. Ratificou seu requerimento de peça 89.
III
Feito esse resumo, passo a decidir.
Deixo de conhecer o agravo interposto pela CDRJ, peça 65, por ser intempestivo, nos
termos do art. 289 do RI/TCU.
A avaliação dos documentos juntados pela Empresa Linkcon Ltda. – EPP, peças 89 a 107,
não é compulsória, tendo em vista que, nos termos do art. 160, §§ 1º e 2º, é facultada à parte a juntada
de documentos novos até o término da etapa de instrução, que ocorre no momento em que o titular da
unidade técnica emitir seu parecer conclusivo.
Entretanto, as informações trazidas nestes documentos foram determinantes na decisão de
mérito destes autos, razão pela qual foram todos considerados e avaliados, em razão dos princípios do
formalismo moderado e da busca da verdade material que regem o processo administrativo.
Quanto ao mérito, a especificação técnica imprecisa foi idealizada pela área requisitante,
nos termos do item 3.1.1.2, alínea “b” da Norma de Licitações e Contratos da CDRJ (peça 59, p. 8), e
constou do termo de referência (peça 4, p. 18 a 40), elaborado sob a responsabilidade do
superintendente de tecnologia de informação, Felipe Villarta Moreira.
O edital foi concebido pela gerência de compras e almoxarifado – GERCAL, com base nas
informações presentes no termo de referência. Portanto, a descrição do objeto da licitação – “prestação
de serviços de modernização administrativa portuária” –, contida no edital, no sistema Comprasnet e
na minuta de contrato, provém do termo de referência (peça 4, p. 18, item 1.1).
De fato, a descrição “prestação de serviços de modernização administrativa portuária”
deixa dúvidas a respeito do objeto da licitação.
Assiste razão ao representante no sentido de que há grande probabilidade de que o edital
publicado não tenha sido percebido pelos principais fornecedores do mercado, uma vez que, embora
seja vultoso o volume licitado, somente compareceram quatro empresas interessadas, nenhuma delas
sediada no Rio de Janeiro, sendo que somente duas ofertaram lances no certame.
Entretanto, os preços unitários das “UST” e do “ponto de função”, unidades de medida dos
serviços registrados, são inferiores à média do mercado, conforme documentos, peças 102 a 104, 106 e
107, demonstrando que, no tocante aos valores registrados, a ata é vantajosa para a administração.
Foram questionadas, ainda, a licitação dos serviços em um único lote e a adjudicação por
preço global.
A licitação em lote único, estabelecida nos itens 4.1 a 4.5 do termo de referência (peça 4, p.
24 e 25), está assim justificada:
“4.2. Todos os componentes de Serviços pretendidos deverão ser fornecidos em um GRUPO
ÚNICO, pelo mesmo licitante ou fornecedor, pois somente assim haverá garantia de
interoperabilidade e integração entre todos os componentes da solução pretendida deste projeto.
Nesse sentido, a opção da CDRJ, em respeito à legislação vigente e na busca pela economicidade,
optou por garantir a integração total dos componentes da solução a partir da aquisição conjunta
de todos os itens do projeto. Dessa forma, há garantia de que todos os serviços prestados terão
compatibilidade nas devidas execuções.”

17
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

De fato, a necessidade de garantir a integração entre as aplicações a serem desenvolvidas


justifica a licitação em lote único.
Quanto à adjudicação por preço global, não é indicada em razão do risco de ocorrer o
denominado “jogo de planilha”, em que um serviço que sabidamente será menos requisitado é cotado a
valor menor; e outro, que será mais demandado, é cotado a valor maior, de forma que não se altera o
preço global. Portanto, no caso da ata de registro de preços, em que, em geral, os contratos são
avençados para a execução de parcela dos itens registrados, é imprescindível a avaliação dos preços
unitários, quanto a eventual sobrepreço ou inexequibilidade, o que é inerente à adjudicação por preço
unitário.
No caso, porém, não há espaço para o jogo de planilha, pois dentre os preços unitários da
proposta vencedora não há preço com valor acima do orçamento estimativo da administração, o que
impede a existência de ganhos significativos em caso de alteração de quantitativos. Além disso,
conforme já mencionei, os preços unitários são inferiores aos praticados pelo mercado. Dessa forma, a
irregular adjudicação por preço global não compromete a execução contratual.
No que concerne à impropriedade na especificação do objeto licitado, que poderia ter
impactos negativos na execução do contrato, foi amenizada pela descrição dos serviços a serem
desenvolvidos, no item 3 do termo de referência (peça 4, p.19 a 24).
O termo de referência utiliza a unidade de medida “Unidade de Serviço Técnico” (UST) e
“ponto de função” para fins de pagamento e de descrição dos serviços contratados e os associa aos
serviços a serem desenvolvidos.
No “Parecer SEPJUR/GERINC/LMV/CDRJ” (peça 36, p.37), que avaliou o edital sob o
aspecto jurídico, há questionamento acerca da unidade de medida utilizada - UST - e solicitação à área
técnica demandante que elabore um catálogo de serviços a serem prestados, contendo descrição e
quantidade de UST necessária à execução de cada serviço, de acordo com sua natureza, complexidade
e criticidade, nos termos do Acórdão 916/2015 – Plenário.
Em resposta (peça 36, p. 27, item 26), Felipe Villarta Moreira declara que foi elaborado
catálogo de serviços a serem prestados, contendo descrição e respectiva quantidade média de UST
esperada de cada serviço, ressaltando que não haveria subsídios para avaliar com precisão a quantidade
demandada, o que seria feito no início de cada projeto a ser realizado. Descreve um quadro resumo do
catálogo de serviços elaborado.
Ao avaliar o início da execução do Contrato CDRJ 63/2016, verifico que, na ordem de
serviço 001/2016, emitida à Empresa Linkcon (peça 100), há descrição pormenorizada das aplicações
a serem desenvolvidas (Sistema Gerenciamento Eletrônico de Documentos; Sistema de Controle de
Acesso e Sistema de Consulta Legado), justificando o valor atribuído ao Contrato CDRJ 63/2016 e
deixando transparentes as unidades de medida dos serviços a serem executados.
Quanto a eventual incongruência entre o tipo de objeto que a CDRJ afirma ter especificado
(desenvolvimento de sistemas) e o objeto da contratação (sistema já existente), a qual teria sido
levantada em razão da exigência editalícia de que a licitante melhor colocada fosse submetida a “prova
de conceito”, que seria inerente à contratação de solução de mercado, entendo que a matéria restou
esclarecida.
Ocorre que a “solução integrada, em sua versão padrão” a ser instalada pela licitante
durante a “prova de conceito” não se confunde com a solução integrada objeto da licitação. Trata-se de
demonstração, pela licitante, de sua capacidade técnica de desenvolver a solução requerida na licitação
por meio da instalação de uma solução já desenvolvida por ela, em sua versão padrão, que tenha as
funcionalidades mínimas especificadas no anexo do termo de referência.
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Precedentes desta Corte de Contas que mencionam a “prova de conceito” indicam que a
referida exigência tem por objetivo que a licitante demonstre, na prática, sua capacidade técnica,
assemelhando-se à exigência de apresentação de amostras, no caso do fornecimento de produtos
(acórdãos 794/2017, 1667/2017 e 2079/2014, todos do Plenário e Acórdão 6343/2017 – 2ª Câmara).
Sobre esse ponto, cientifico a CDRJ acerca da determinação expedida no Acórdão
1.984/2008 – Plenário, para que, “viabilize, em licitações que requeiram ‘prova de conceito’ ou
apresentação de amostras, o acompanhamento de suas etapas para todos os licitantes interessados,
em consonância com o princípio da publicidade, insculpido no art. 3º da Lei 8.666/1993. Realize o
acompanhamento in loco das principais etapas da ‘prova de conceito’ ou da apresentação de
amostras, a exemplo da etapa de produção, no caso de licitações que requeiram tais demonstrações”.
Por conseguinte, não obstante a descrição genérica do objeto da licitação tenha sido
determinante para a pouca competitividade do certame, não se vislumbra prejuízo para a administração
com a contratação em análise.
Tento em vista que há descrição dos serviços a serem realizados no corpo do termo de
referência, o qual faz parte do edital, e que os preços registrados na Ata 1/2016 são justos e até inferiores à
média do mercado, discordo da proposta da unidade técnica de anular o Pregão Eletrônico 17/2016 e os
atos administrativos dele decorrentes.
Acrescento que foram levantados outros três contratos firmados por outros órgãos da
Administração Pública que aderiram à Ata 1/2016, além do Contrato CDRJ 63/2016:
Contrato Contratante Valor Data de Assinatura Data final de vigência
10/2017 Instituto Nacional de R$ 5.478.836,00 6/6/2017 5/6/2018
Meteorologia e Qualidade
Industrial
29/2016 Ministério da Integração R$ 4.706.250,00 20/1/2017 19/1/2018
Nacional
915/201 Departamento Nacional de R$ 5.716.350,00 3/1/2017 2/1/2018
6 Infraestrutura de Transportes

Não há, portanto, razão para anular os referidos contratos, uma vez que foram avençados a
preços vantajosos para a administração e não se vislumbra risco de dano ao erário na sua execução.
Em casos como o ora analisado, em que se verifica a ocorrência de falhas em relação ao
procedimento licitatório, notadamente em relação à publicidade e competitividade, há que se sopesar
outros princípios que regem o agir administrativo sob pena de a atuação do poder público ocasionar
um dano maior que aquele que visava a combater. Muitas vezes, embora contendo vícios, a opção da
convalidação do ato irregular é a que melhor atende à administração e ao interesse público.
Julgo suficiente, portanto, com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU,
determinar à CDRJ que dê conhecimento deste processo e das irregularidades apuradas aos órgaõs que
já aderiram à ata de registro de preços 1/2016 e aos interessados em a ela aderir, alertando-os quanto a
obrigatoriedade de demonstrar a vantagem prevista no art. 22 do Decreto 7.892/2013, bem assim
quanto à possibilidade de serem responsabilizados por eventuais prejuízos aos cofres públicos, em
razão de aquisições comprovadamente antieconômicas.
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de registro de preços, durante
sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração pública

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

federal que não tenha participado do certame licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.
(Decreto 7.892/2013)
Ressalto que, para justificar a adesão, cabe ao órgão contratante detalhar as necessidades
que pretende suprir por meio do contrato e demonstrar sua compatibilidade com o objeto discriminado
na ata de registro de preço, não lhe socorrendo a mera reprodução, parcial ou integral, do plano de
trabalho do órgão que realizou a licitação. Para evidenciar a vantagem da adesão, é mister que o
contratante demonstre a metodologia utilizada, confrontando os preços unitários dos bens e serviços
constantes na ata de registro de preço com referenciais válidos de mercado.
Por todo o exposto, acolho as razões de justificativa apresentadas por Débora Torres Isola e
por Felipe Villarta Moreira, sem prejuízo de reconhecer a procedência de irregularidades na condução
do Pregão Eletrônico 17/2016, as quais, entretanto, não comprometeram o objetivo final do certame
que foi a contratação da proposta mais vantajosa para a administração pública.
Anuo ao encaminhamento sugerido pela unidade técnica de dar ciência à CDRJ sobre as
irregularidades verificadas no Pregão Eletrônico 17/2016 à CDRJ.
Acrescento, entre aquelas já discutidas, a irregular exigência de “atestado de visita técnica”
(item 7.1.10 do edital, peça 4, p.9), sob pena de desclassificação da proposta, sem a devida motivação
nem alternativa de apresentação, pelas licitantes, de declaração de opção de não realizar a vistoria sem
prejudicar a consecução do objeto, em desacordo com a Constituição Federal, art. 37, inciso XXI, com
a Lei 8.666/1993, art. 3º, §1º e com a Jurisprudência do TCU (Acórdãos 655/2016, 656/2016,
234/2015, 1.955/2014, 1.604/2014, 714/2014, 1.731/2008, todos do Plenário do TCU).
Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão
que ora submeto à apreciação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 23 de agosto de
2017.

WALTON ALENCAR RODRIGUES


Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

ACÓRDÃO Nº 1823/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 034.914/2016-1.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII - Representação
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Linkcon Ltda. – Epp (05.323.742/0001-71)
3.2. Responsáveis: Debora Torres Isola (052.569.157-03); Felipe Villarta Moreira (099.806.867-58).
4. Órgão/Entidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal:
8.1. Soraia Cristina Pompozo Martins (36.227/OAB-PE), Elísio de Azevedo Freitas (8.596/OAB/DF) e
outros, representando Linkcon Ltda. – Epp.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela empresa Wend
Tecnologia e Treinamento Ltda.-ME acerca de irregularidades verificadas no Pregão Eletrônico
17/2016, promovido pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), cujo objeto foi o registro de
preços para eventual contratação de sociedade empresarial especializada na “prestação de serviços de
modernização administrativa portuária”, pelo período de doze meses, estimada em R$ 20.549.650,00;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, com fundamento nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o
art. 113, § 1º, da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e 250, inciso IV e §2º, do Regimento Interno deste
Tribunal e, diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer da representação para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. não conhecer do agravo interposto pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ),
por ser intempestivo;
9.3. acolher as razões de justificativa apresentadas por Débora Torres Isola, (CPF
052.569.157-03), então gerente de compras e licitações da CDRJ, e por Felipe Villarta Moreira (CPF
099.806.867-58), então superintendente de tecnologia da informação da CDRJ;
9.4. suspender a medida cautelar que determinou que não fossem emitidos novos atos
decorrentes do Pregão Eletrônico 17/2016 e do Contrato 63/2016, até a apreciação do mérito destes
autos por este Tribunal;
9.5. determinar, à CDRJ, que, nos termos do art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, dê conhecimento deste processo e das irregularidades apuradas à entidades que já aderiram à ata
de registro de preços 1/2016 e aos interessados em a ela aderir, alertando-os quanto a obrigatoriedade
de demonstrar a vantagem prevista no art. 22 do Decreto 7.892/2013, bem assim quanto à possibilidade
de serem responsabilizados por eventuais prejuízos aos cofres públicos, em razão de aquisições
comprovadamente antieconômicas;
9.6. autorizar à CDRJ a devolução do interregno de quatro meses e treze dias à vigência da
Ata de Registro de Preços 1/2016 bem como ao Contrato CDRJ 63/2016, dela decorrente, tendo em
vista que a aludida Ata expira em 8/9/2017 e que esteve suspensa em razão de medida cautelar
ratificada por este Plenário, de 6/4/1017 até a presente data;
21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

9.7. dar ciência à Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ):


9.7.1. de que são irregularidades que podem ensejar a anulação do certame as seguintes:
9.7.2. especificação de forma imprecisa do objeto da licitação, a ponto de comprometer a
respectiva identificação pelos potenciais interessados, o que ocorreu no âmbito do edital do Pregão
Eletrônico 17/2016 e na correspondente publicação no portal de compras Comprasnet (“prestação de
serviços de modernização administrativa portuária”), em prejuízo aos princípios da publicidade e da
competitividade, com descumprimento do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993;
9.7.3. adjudicação do objeto licitado por valor global, contrariando o entendimento desta
Corte de Contas, expresso nos Acórdãos 509/2015, 757/2015 e 588/2016, todos do Plenário, de que,
em licitações para registro de preços, a adjudicação por preço unitário é a regra geral, sendo a
adjudicação por preço global medida excepcional que precisa ser devidamente justificada;
9.7.4. exigência de “atestado de visita técnica”, sob pena de desclassificação da proposta,
sem a devida motivação e sem franquear às licitantes a alternativa de apresentação de declaração de
opção de não realizar a vistoria, sem prejuízo da consecução do objeto, em desacordo com a
Constituição Federal, art. 37, inciso XXI; com a Lei 8.666/1993, art. 3º, §1º; e com a Jurisprudência do
TCU (Acórdãos 655/2016, 656/2016, 234/2015, 1.955/2014, 1.604/2014, 714/2014, 1.731/2008, todos
do Plenário do TCU);
9.7.5. da determinação expedida no Acórdão 1.984/2008 – Plenário, para que, “viabilize,
em licitações que requeiram ‘prova de conceito’ ou apresentação de amostras, o acompanhamento de
suas etapas para todos os licitantes interessados, em consonância com o princípio da publicidade,
insculpido no art. 3º da Lei 8.666/1993. Realize o acompanhamento in loco das principais etapas da
‘prova de conceito’ ou da apresentação de amostras, a exemplo da etapa de produção, no caso de
licitações que requeiram tais demonstrações”;
9.8. enviar cópia deste acórdão bem como do relatório e voto que o fundamentam a
empresa representante, a Debora Torres Isola (CPF 052.569.157-03), a Felipe Villarta Moreira (CPF
099.806.867-58), a Companhia Docas do Rio de Janeiro e a empresa Linkcon Ltda. – EPP (CNPJ
05.323.742/0001-71).

10. Ata n° 33/2017 – Plenário.


11. Data da Sessão: 23/8/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1823-33/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),
Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, André Luís de Carvalho e Weder
de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


RAIMUNDO CARREIRO WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator

Fui presente:

22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.914/2016-1

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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