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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 021.

895/2020-1

GRUPO II – CLASSE VII – PLENÁRIO


TC 021.895/2020-1
Natureza: Representação
Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Interessados: 16º Batalhão de Infantaria Motorizado
(09.590.096/0001-60); Comando da 7ª Brigada de Infantaria
Motorizada (09.583.579/0001-37); Hospital Naval de Natal
(00.394.502/0064-28)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PREGÃO. HABILITAÇÃO.


APRESENTAÇÃO TARDIA DE DOCUMENTO. ETAPA
RECURSAL. POSSIBILIDADE DE DILIGÊNCIA.
FORMALISMO EXAGERADO. ATESTADO REGISTRADO
NO CREA. IRREGULARIDADE. DETERMINAÇÃO.
ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, excerto da instrução elaborada por Auditor Federal lotado na Selog
(peça 68), anuída por dirigentes da unidade (peça 69):
“HISTÓRICO
1. A Instrucon, empresa representante, informou que ofereceu os melhores lances no pregão,
perfazendo um total de R$ 6.486.889,00, e que foi inicialmente declarada vencedora dos três grupos do
certame. No entanto, que a licitante Polyclima Ar Condicionado & Refrigeração Ltda. interpôs recurso
no qual alegou, em síntese, que a Instrucon desatendera aos itens 9.12.1 e 9.12.2 do edital, conforme
seguem (peça 4, p. 14-15):
9.12. As empresas, cadastradas ou não no SICAF, para todos os itens, deverão comprovar, ainda, a
qualificação técnica, por meio de:
9.12.1. Registro ou inscrição da empresa licitante no CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E
AGRONOMIA – CREA, em plena validade;
9.12.2. Atestado(s) de capacidade técnica fornecidos por pessoa(s) jurídica(s) de direito público ou
privado e devidamente registrados no CREA da região onde foram ou estão sendo prestados os
serviços, acompanhados das respectivas Anotações de Responsabilidade Técnica (ART's) e da Certidão
de Acervo Técnico (CAT), os quais comprovem:
I. Que tenha executado ou esteja executando, satisfatoriamente, serviços de natureza compatível com o
objeto desta licitação e em QUANTITATIVO MÍNIMO DE 30% (TRINTA POR CENTO) DOS
ITENS DE MAIOR RELEVÂNCIA relacionados abaixo:
(...)
II. Que tenha executado ou esteja executando, satisfatoriamente, serviços de natureza compatível com o
objeto desta licitação por período não inferior a 3 (três) anos.
(...)
2. Segundo a recorrente, a Instrucon não havia apresentado a Certidão de Registro e Quitação com o
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), mas sim, uma certidão emitida pelo Conselho
Federal dos Técnicos Industriais (CFT), e, conquanto houvesse apresentado os atestados de capacidade
técnica e as certidões de acervo técnico devidamente registrados no Crea, tais documentos estavam
vinculados ao Técnico de Refrigeração e Ar Condicionado, sócio da empresa, que havia demonstrado
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experiência e capacidade técnica para o quantitativo solicitado pelo edital, e não ao Engenheiro
Mecânico, profissional de nível superior por ela indicado.
3. O recurso administrativo foi submetido à comissão de apoio técnico e ao pregoeiro, que não
acolheram as razões da recorrente e mantiveram a habilitação da Instrucon. Porém, submetido o
recurso da Polyclima à apreciação da Procuradoria Federal, foi sugerida a inabilitação da representante,
por meio do Parecer 2/2020/PROC/PFUFRN/PGF/AGU (peça 5), o qual acabou sendo acolhido pela
Pró-Reitoria de Administração. Não conformada com sua inabilitação, a representante chegou a
interpor Pedido de Reconsideração, cujos argumentos, entretanto, não foram admitidos.
4. Em instrução inicial (peça 32), entendeu-se que a inabilitação da Instrucon apresentava indícios de
ter sido irregular. Em relação ao item 9.12.1 do edital, porque a empresa apresentara tempestivamente a
documentação requerida; com relação ao item 9.12.2 do edital, porque era a exigência ali insculpida,
ainda que não tivesse sido atendida pela representante, que se configurava irregular.
5. Além dessas questões, que propiciaram a oitiva da UFRN, a magnitude da diferença de valores
entre a contratação atualmente em vigor (R$ 1.811.620,00) e os montantes apresentados na presente
licitação (previsão de despesas de R$ 10.498.504,35) foi objeto de proposta de diligência à
Universidade, para que fossem esclarecidos os motivos dessa discrepância e informadas as razões que
justificaram o acréscimo de valor.
6. Pronunciando-se no feito, o Ministro-Relator Augusto Sherman Cavalcanti (peça 35),
considerando a plausibilidade jurídica do pedido, a caracterização do pressuposto do perigo da demora,
a ausência de conclusão segura quanto à presença do perigo da demora reverso e o potencial risco de
dano ao erário causado pela possibilidade de não ser selecionada a proposta mais vantajosa para a
Administração, considerando-se a diferença, em relação às segundas colocadas de cada grupo, de cerca
de R$ 1,9 milhão no total, endossou as proposições da Unidade Técnica e adotou medida cautelar
determinando à UFRN que suspendesse o andamento do Pregão Eletrônico 2/2019 e se abstivesse, caso
a licitação já se houvesse concluída, de permitir adesões à ata de registro de preços decorrente do
certame, bem como, de praticar qualquer ato com vistas à execução dos contratos que porventura
tivessem sido firmados, medida também aplicável aos demais órgãos participantes (7ª Brigada de
Infantaria Motorizada, Hospital Naval de Natal e 16º Batalhão de Infantaria Motorizado).
7. Naquela assentada, o ministro-relator alertou para a necessidade de, após a realização das
diligências propostas, serem esclarecidas as demais circunstâncias que gravitavam em torno do
atendimento, ou não, ao item 9.12.2 do edital, tendo em vista os seguintes registros da análise da
Procuradoria Jurídica junto à UFRN (peça 5, p. 6):
vi. Por outro lado, ao analisar os documentos acostados aos autos pela empresa Instrucon, verifica-se
que ela não apresentou em sua plenitude os documentos requeridos no subitem 9.12.2, notadamente no
que diz respeito a substituição de ART’s por TRT’s, e CAT’s do Crea por CAT’s do CFT, indo de
encontro, inclusive, ao posicionamento emanado pelo Pregoeiro na resposta do pedido de
esclarecimento outrora interposto;
vii. Outrossim, não assiste razão à empresa Instrucon no que se refere à faculdade de apresentação dos
atestados de capacidade registrados no Crea e as respectivas Anotações de Responsabilidade Técnica
(ARTS) e Certidões de Acervo Técnico (CAT), dada a leitura sistemática dos subitens 9.12.3 e
9.12.3.1. Ora, a opção de apresentação de declaração de compromisso de vinculação futura prevista no
Edital diz respeito, apenas e tão somente, à comprovação de a licitante possuir em seu quadro
permanente Engenheiro Mecânico e não da apresentação futura dos documentos solicitados no subitem
9.12.2, tampouco do subitem 9.12.1.
8. A medida cautelar foi referendada pelo Acórdão 1.917/2020-TCU-Plenário (peça 42).
9. Promovidas as oitivas e diligência quanto às alegações do representante e demais questões
levantadas por esta Unidade Técnica, passa-se a analisar as respostas apresentadas, tópico a tópico,
conforme transcrição/contextualização a seguir.

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C. HISTÓRICO DE COMUNICAÇÕES

DESPACHO DO RELATOR Peça 35 10/7/2020

OFÍCIOS ENCAMINHADOS PELO TCU


Ofício 36.150/2020-TCU/Seproc, de 13/7/2020 (peça 41),
referente à oitiva da Universidade
À Universidade Federal do Ofício 36.156/2020-TCU/Seproc, de 13/7/2020 (peça 46),
Rio Grande do Norte referente aos comentários do gestor
Ofício 41.316/2020-TCU/Seproc, de 6/8/2020 (peça 53),
referente à notificação do acórdão
Ofício 36.152/2020-TCU/Seproc, de 13/7/2020 (peça 36),
Ao 16º Batalhão de Infantaria oitiva
Motorizado Ofício 41.319/2020-TCU/Seproc, de 6/8/2020 (peça 50),
notificação do acórdão
Ofício 36.153/2020-TCU/Seproc, de 13/7/2020 (peça 37),
À 7ª Brigada de Infantaria oitiva
Motorizada Ofício 41.318/2020-TCU/Seproc, de 6/8/2020 (peça 49),
notificação do acórdão
Ofício 36.151/2020-TCU/Seproc, de 13/7/2020 (peça 40),
oitiva
Ao Hospital Naval de Natal
Ofício 41.317/2020-TCU/Seproc, de 6/8/2020 (peça 52),
notificação do acórdão
D. DOCUMENTOS APRESENTADOS EM RESPOSTA À OITIVA

PELA UNIDADE JURISDICIONADA CONDUTORA DO CERTAME


Ofício 596/2020-GAB, de 11/9/2020, com os esclarecimentos da Universidade (peça 65), após
solicitação de prorrogação de prazo para atendimento aos expedientes do Tribunal (peça 62)
PELAS DEMAIS UNIDADES JURISDICIONADAS
Comando da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada: Ofício 27-SALC/Fisc Adm/Cmdo 7 Bda (peça 45);
16º Batalhão de Infantaria Motorizado: Ofício 50-Sect/ 16º BIMtz (peça 47); e
Hospital Naval de Natal: Ofício 514/2020-HNNa-MB (peça 48)

E. EXAME TÉCNICO

Oitiva. Item ‘a’: a inabilitação da empresa Instrucon (peça 13), pelo não atendimento ao
item 9.12.1 do Edital, mesmo tendo posteriormente verificado o cumprimento da
exigência por meio de diligência, em possível afronta ao art. 3º, caput, da Lei 8.666/93, ao
disposto no item 9.5 do Edital, ao princípio do formalismo moderado e à jurisprudência
deste TCU (Acórdãos 11.907/2011-2ª Câmara, 1.734/2009, 1.924/2011, 2.302/2012,
3.381/2013, 357 e 1.795/2015-Plenário, respectivamente, relatoria dos Ministros Augusto
Sherman, Raimundo Carreiro (duas vezes),Walton Alencar Rodrigues, Valmir Campelo,
Bruno Dantas e José Mucio Monteiro).
Contextualização:
10. Da decisão que apreciou o pedido de reconsideração interposto pela Instrucon, constatou-se que o
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fundamento para o indeferimento não foi a ausência de registro ou de inscrição da licitante junto ao
Crea, mas a apresentação intempestiva do documento que comprovaria a condição da empresa de
inscrita no referido órgão. Sob tais condições, a desclassificação da representante se revestia de
formalismo exagerado, dado que o próprio edital previa regra para a requisição de documentos de
habilitação complementares. Ademais, não se podia olvidar das manifestações desta Corte de Contas
no sentido de que falhas formais, sanáveis durante o processo licitatório, não devem levar à
desclassificação da licitante e de que, ao se conduzir uma licitação pública, não se deve perder seu
objetivo principal, que é obter a proposta mais vantajosa para a Administração. Nessa linha de
entendimento, dada a diferença de R$ 1.985.401,60 entre a proposta da Instrucon e as propostas das
empresas com melhor oferta após a desclassificação da representante, a inabilitação apresentava
indícios de ter ocorrido de maneira irregular.
Oitiva. Item ‘b’: a exigência contida no item 9.12.2 do Edital, no sentido de que os
atestados de capacidade técnica-operacional fornecidos por pessoas jurídicas devam ser
registrados no CREA, não tem previsão legal no art. 30, § 3º, da Lei 8.666/1993 e
contraria o disposto no art. 55 da Resolução-Confea 1.025/2009 e a jurisprudência deste
TCU (Acórdãos 7.260/2016-2ª Câmara e 1.849/2019-Plenário, relatoria Ministros Ana
Arraes e Raimundo Carreiro), sendo que a empresa Instrucon foi inabilitada também em
razão do não atendimento a essa exigência indevida.
Contextualização:
11. O Tribunal já manifestou entendimento no sentido de que a exigência de que a atestação da
capacidade técnico-operacional de empresa participante de certame licitatório esteja registrada ou
averbada junto ao Crea é irregular. A exigência de atestados registrados nas entidades profissionais
competentes deve ser limitada à capacitação técnico-profissional, que diz respeito às pessoas físicas
indicadas pelas empresas licitantes. Ademais, considerando a redação da parte final do dispositivo, é
possível exigir-se que os atestados de capacidade técnica sejam acompanhados de Anotações de
Responsabilidade Técnica (ART) e de Certidão de Acervo Técnico (CAT), porém apenas como forma
de assegurar a autenticidade e a veracidade das informações constantes nos atestados que comprovam a
qualificação técnico-operacional da empresa, não havendo razão exigir que eles se refiram
necessariamente a um profissional engenheiro registrado no Crea, podendo também, no caso concreto,
se referir a um técnico registrado no CFT. Sendo assim, ainda que a inabilitação da Instrucon pelo não
atendimento do item 9.12.2 possa ter sido correta, considerando a exigência ali imposta, tem-se que a
exigência em si foi indevida, do que decorre, portanto, a inabilitação da empresa como sendo também
indevida.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada sobre os indícios de irregularidades (peça 65, p 1-2):
a) antes da sessão de abertura das propostas foi apresentado pedido de esclarecimentos ao
edital com questionamento acerca da possibilidade de substituição das comprovações de inscrição no
Crea por inscrição no CFT, conselho que teria passado a ser responsável pela fiscalização das
atividades dos técnicos industriais. Em resposta, o pregoeiro, com suporte no parecer emitido pela
Diretoria de Compras, pautado nos estudos técnicos e termo de referência desenvolvido pela equipe
técnica, considerou não ser possível a realização da citada substituição, uma vez que o edital exigia a
presença de profissional de nível superior, com base na expressão econômica e elevada complexidade
técnica do serviço a ser executado, bem como nos riscos potenciais de uma execução falha, dado o
grande fluxo de membros da comunidade acadêmica que estariam potencialmente expostos a riscos;
b) quando da apresentação dos documentos de habilitação, a empresa Instrucon juntou aos
autos, além das comprovações relativas ao profissional de nível superior, a comprovação da sua
inscrição no CFT, documento este que foi aceito pela equipe de apoio e pelo pregoeiro, por entender
que o citado documento atenderia aos termos do edital, especialmente considerando o benefício ao
erário que tal habilitação promoveria;
c) após a declaração de habilitação da Instrucon, a empresa Polyclima apresentou recurso
administrativo no qual alegou ter sido descumprido o edital, motivo pelo qual os autos foram enviados
à autoridade superior, a Pró-Reitoria de Administração (Proad), que, por sua vez, os enviou à
Advocacia Geral da União que atua junto à UFRN. Ao fim, acabou prevalecendo o princípio da
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adstrição aos termos do edital, que não previa a possibilidade de substituição da inscrição junto ao Crea
pela inscrição junto ao CFT, com recomendação para se dar procedência ao recurso e determinar a
inabilitação da licitante recorrida, com o prosseguimento do processo para análise da documentação
dos demais licitantes; e
d) a Pró-Reitoria de Administração acatou o referido parecer na íntegra, objetivando
garantir a legalidade do certame, em especial quanto aos pontos examinados pela AGU.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada sobre a construção participativa de deliberações:
a) a UFRN não se manifestou.
Diligência. Item ‘a’: encaminhe cópia dos seguintes documentos e/ou esclarecimentos,
motivando e evidenciando as razões que resultaram no montante na presente licitação
(previsão total de R$ 10.498.504,35 somente para UFRN – peça 4, p. 5) apresentar
diferença de valor muito superior à contratação atual (R$ 1.811.620,00 – peça 23, p. 2), e
discriminando os serviços e as quantidades que estão sendo acrescidos em relação à
contratação atual.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada sobre o objeto da diligência (peça 65, p. 2):
a) o Contrato 25/2018, mantido com a Instrucon, teve de ser acrescido em 25% no
primeiro ano de renovação e, ainda assim, nos anos seguintes, o saldo sempre expirava antes do final
do exercício, ficando evidente sua insuficiência para atender integralmente às necessidades da
Universidade, tendo sido necessário ampliar os quantitativos para deixá-los mais aderentes à realidade;
b) quanto à divergência nos itens, o contrato atualmente em vigor é decorrente de uma
adesão a ata de registro de preços formada por outro órgão, de tal modo que não há uma adequação
integral entre as necessidades da UFRN e os descritivos dos itens objetos da contratação, o que explica
a divergência na listagem dos itens. No contrato 25/2018, são 100 itens relacionados a manutenção,
instalação e desinstalação de condicionadores de ar; no processo do Pregão 2/2019, são 375 itens,
distribuídos em três grupos (campus central, região metropolitana e campus interior), cada qual com
125 itens, mais aderentes à realidade da Universidade;
c) sobre a pesquisa de preços, ela foi realizada de acordo com a norma vigente à época,
seguindo a ordem de preferência estabelecida pelo art. 4º da IN 5/2014. Para os itens de Natal e Região
Metropolitana, os itens foram compostos de três pesquisas junto a fornecedor e uma de ata de registro
de preços; para os itens do interior, dada a dificuldade de obter dados com tais amostras no sistema
Comprasnet, posto que cada estado tem sua própria realidade, a pesquisa foi realizada apenas com
fornecedores;
d) a comparação de valores entre o contrato em execução, no qual já houve disputa de
preços, e um processo com valores anteriores à fase externa da licitação pode indicar distorções
aparentes, sendo certo que após a disputa de preços, o valor total da presente contratação, incluindo os
participantes, passou de R$ 13.909.893,75 para 6.486.889,00, o que demonstra a substancial vantagem
econômica obtida no processo de disputa; e
e) ainda sobre a comparação entre os preços, cabe destacar a existência de substancial
lapso temporal entre as datas em que as cotações foram realizadas, sendo certo que as pressões
inflacionárias têm impacto sobre o custo dos contratos ao longo do tempo.
Análise conjunta das manifestações da UFRN:
12. A diversidade de preços entre o contrato atualmente em vigor e a estimativa para o contrato
decorrente da presente licitação, objeto da diligência do Tribunal, foi atribuída a dois fatores principais:
à falta de identidade entre as condições da contratação da ata de registro de preços que propiciou a
adesão da UFRN e as reais necessidades da Universidade; e à falta de comparabilidade entre os
respectivos valores, sendo um resultante de uma disputa de preços já realizada e outro, de uma
estimativa da Administração, bem como em decorrência das perdas ocasionadas pela inflação.
13. Reportando-se aos itens objetos da oitiva, a UFRN não trouxe novas informações. Destacou que a
possibilidade de substituição do atestado do Crea pelo CFT (item 9.12.1 do edital) fora inicialmente
negada em sede de pedido de esclarecimentos e posteriormente admitida pela equipe de apoio do
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pregoeiro na fase de habilitação; reiterou que tal entendimento acabou sendo derrogado pelas instâncias
superiores quando em análise o recurso interposto pela Polyclima contra a habilitação da Instrucon; e
não se manifestou objetivamente quanto à exigência do item 9.12.2 do edital.
14. Acerca do item 9.12.1 do edital, a exigência, por si só, já é questionável. A Lei 13.589/2018, que
trata do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de equipamentos e sistemas de
climatização de ambiente, foi sancionada com veto ao § 2º do art. 1º, que dizia que o referido plano
deveria estar sob a responsabilidade técnica de engenheiro mecânico. Nas suas razões, o então
Presidente da República assim se justificou:
O dispositivo criava uma reserva de mercado desarrazoada, ao prever exclusividade de atuação de um
profissional para a responsabilidade técnica do Plano instituído pelo projeto, contrariando dispositivo
constitucional atinente à matéria, em violação ao inciso XIII do artigo 5º da Constituição, que garante o
direito ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão.
15. De fato, assiste razão à Procuradoria Federal que atua junto à UFRN quando afirma que (peça 5, p.
5), apesar de a Lei 13.589/2018 ter transferido a fiscalização das atividades dos técnicos industriais
para um conselho próprio desta categoria, e de que tais profissionais estejam autorizados a executar os
serviços licitados, a nova norma não impediu que as empresas do ramo, dependendo dos níveis de
escolaridade dos seus empregados, se registrassem em ambos os conselhos, como também, não
impediu a Administração Pública – observada a razoabilidade nos casos concretos – , de exigir um ou
ambos os registros em suas licitações.
16. Da mesma forma, é procedente a preocupação da AGU (peça 5, p. 5-6) quanto à possibilidade de
os acontecimentos no curso da licitação terem restringindo a participação de outras empresas
igualmente interessadas no certame. Nesse ponto, tendo em vista a aceitação, pela Administração, da
documentação da Instrucon, sem ter providenciado qualquer alteração no edital, contrariando a
orientação proferida em sede de pedido de esclarecimentos da empresa A R N da Cunha Júnior – ME,
quando disse não ser possível substituir a certidão de registro no Crea pela certidão do CFT.
17. De qualquer modo, sem que se adentre no mérito quanto à regularidade da exigência de inscrição
da empresa no Crea, e à razoabilidade de tal da exigência na licitação, certo é que, conforme já
assentado na instrução inicial, o fundamento para a inabilitação da representante não foi a ausência de
registro ou inscrição da empresa junto ao Crea, mas a apresentação intempestiva do documento que
comprovava tal condição.
18. Ocorre que a inabilitação da Instrucon motivada pelo atraso na apresentação do registro no Crea,
além de ter se mostrado incompatível com o edital, cujo item 9.5 previa a possibilidade de diligências
para o requerimento de documentos complementares de habilitação, revelou-se de extremo rigor
formal, contrariando a orientação desta Corte no sentido de que falhas formais, que podem ser
regularizadas no curso do processo licitatório, não devem levar à desclassificação dos licitantes.
19. Sendo assim, e considerando as manifestações desta Corte no sentido de que, ao se conduzir uma
licitação pública, não se deve perder seu objetivo principal, qual seja obter a proposta mais vantajosa
para a Administração, oportunizando ampla competitividade ao certame, entende-se que a inabilitação
da Instrucon, por desatendimento ao item 9.12.1 do edital do PE (SPR) 2/2019, houve-se por irregular.
20. Com relação ao item 9.12.2 do edital, quanto à apresentação de atestados de capacidade
devidamente registrados no Crea e acompanhados das respectivas Anotações de Responsabilidade
Técnica (ART) e Certidão de Acervo Técnico (CAT), também na instrução inicial já se deixou
assentado o entendimento do Tribunal no sentido de ser irregular a exigência de que a atestação da
capacidade técnico-operacional da empresa licitante seja registrada ou averbada junto ao Crea,
inclusive porque o art. 55 da Resolução-Confea 1.025/2009 veda a emissão de CAT em nome de
pessoa jurídica. A exigência de atestados registrados nas entidades profissionais competentes deve ser
limitada à capacitação técnico-profissional, que diz respeito às pessoas físicas indicadas pelas empresas
licitantes.
21. No tocante à previsão de que os atestados de capacidade técnico-operacional estejam
acompanhados de ART e CAT, esta Corte de Contas já se manifestou no sentido de que tal exigência é
cabível tão somente como forma de verificar a autenticidade e a veracidade das informações constantes
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nos atestados. Sendo assim, não haveria razão para exigir que ART e CAT se referissem,
necessariamente, a profissional engenheiro registrado no Crea, podendo também, no caso concreto, se
referir a técnico registrado no CFT. A finalidade aqui não seria atestar a qualificação técnica dos
profissionais, mas proporcionar uma maneira rápida e segura para conferir a fidedignidade das
informações existentes nos atestados apresentados pelas empresas.
22. Ainda sobre o atendimento, ou não, pela Instrucon, do item 9.12.2 do edital, chamaram atenção do
ministro-relator trechos da análise da Procuradoria Jurídica junto à UFRN que: informavam não terem
sido apresentados todos os documentos requeridos, em especial quanto à substituição de ART por TRT,
e de CAT do Crea por CAT do CFT; e questionavam a possiblidade de apresentação futura dos
documentos solicitados tanto pelo próprio item 9.12.2 quanto pelo item 9.12.1 do edital, sob o
entendimento de que a faculdade estava restrita à apresentação de declaração de compromisso de a
licitante possuir, em seu quadro permanente, Engenheiro Mecânico inscrito no Crea, prevista nos
subitens 9.12.3 e 9.12.3.1 do edital.
23. Entende-se, entretanto, que tais preocupações não merecem prosperar. A exigência de ART ou
TRT e de CAT do Crea ou do CFT somente seria cabível para esclarecer a autenticidade e a veracidade
das informações constantes nos atestados apresentados pela empresa. E não se tem notícias de que a
UFRN tenha questionado a qualificação operacional da Instrucon. Pelo contrário, consta dos autos
atestado de capacidade técnica emitido pela própria Universidade com informação de que a empresa
atendia satisfatoriamente às suas necessidades (peça 24). Por fim, quanto à possibilidade de
apresentação futura dos documentos, também questionada no parecer, a hipótese estava expressamente
prevista no edital (peça 4, p. 12):
9.5. Para os documentos de habilitação que não estejam contemplados no SICAF, inclusive quando
houver necessidade de envio de anexos, o pregoeiro PODERÁ solicitar o envio de documentos de
habilitação complementares estabelecendo, NO MÍNIMO, prazo de 2 (duas) horas.
24. Não se pode olvidar que a ausência do registro ou inscrição da licitante junto ao Crea somente foi
questionada quando da manifestação da Pró-Reitoria de Administração (peça 13). Entretanto, o
mencionado dispositivo deve necessariamente ter sua aplicabilidade estendida a esta instância de
revisão.
25. Nesses termos, e tendo em consideração: que a exigência de que os atestados de capacidade
técnica sejam registrados no Crea não tem previsão legal; que a exigência de que tais atestados estejam
acompanhados de ART e de CAT servem apenas para efeito de circularização das informações
presentes nos atestados de capacidade técnico-operacional das empresas, sem razão para exigir que eles
se refiram a profissionais registrados em um ou outro conselho profissional; e a ausência de
manifestação da UFRN quanto a esse aspecto da oitiva do Tribunal, entende-se que a inabilitação da
Instrucon, por desatendimento ao item 9.12.2 do edital do PE (SPR) 2/2019, também se houve por
irregular.
26. Diante do exposto, os elementos constantes dos autos permitem, desde já, a avaliação quanto ao
mérito da presente representação como procedente.
27. Será proposta, portanto, a revogação da medida cautelar adotada, com a realização de
determinação à UFRN para que anule o ato que decidiu pela inabilitação da firma Instrucon Comércio
e Serviços de Refrigeração Eireli do certame, dando-se prosseguimento à licitação.
F. IMPACTO DOS ENCAMINHAMENTOS PROPOSTOS
Haverá impacto relevante na Unidade Jurisdicionada e/ou na sociedade, Não
decorrente dos encaminhamentos propostos?
Análise:
28. A determinação para que seja anulado o ato que decidiu pela inabilitação da recorrente não deve
acarretar em prejuízo relevante para a consecução do pregão, mormente porque o certame já se
encontra suspenso por medida cautelar do Tribunal e em razão de que há contrato em vigor tratando
dos mesmos serviços, ainda que não tenha escopo tão amplo quanto ao do contrato objeto da presente

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licitação. Além disso, a anulação da inabilitação da firma Instrucon deve até dar mais celeridade ao
certame, já que não haverá mais necessidade de analisar a documentação de habilitação e propostas das
empresas que oferecerem melhores lances, em cada grupo, após os lances da Instrucon.
G. PEDIDO DE INGRESSO AOS AUTOS, DE INFORMAÇÕES/VISTAS/CÓPIAS, E DE
SUSTENTAÇÃO ORAL
Há pedido do representante de ingresso aos autos? Não
Há pedido de informações/vistas/cópia do processo? Não
Há pedido de sustentação oral? Não
H. PROCESSOS CONEXOS E APENSOS
Há processos conexos noticiando possíveis irregularidades na Não
contratação ora em análise?
Há processos apensos? Não
I. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

29. Em virtude do exposto, propõe-se:


29.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal, e no
art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
29.2. no mérito, considerar a presente representação procedente;
29.3. revogar a medida cautelar adotada;
29.4. determinar à Universidade Federal do Rio Grande , com fundamento no art. 250, inciso
II, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução – TCU 315/2020, que adote as
seguintes providências, e informe ao TCU, no prazo de quinze, os encaminhamentos realizados:
a) anulação do ato que concluiu pela inabilitação da empresa Instrucon Comércio e serviços de
Refrigeração Eireli do Pregão Eletrônico (SRP) 2/2019, consubstanciado no Despacho 21/2020-Proad
de 9/1/2020 (peça 10), que por sua vez acatou as conclusões do Parecer 2/2020-
PROC/PFUFRN/PGF/AGU (peça 5), sob o argumento de que a licitante não atendera aos itens 9.12.1 e
9.12.2 do edital, dando-se prosseguimento à licitação, dadas as seguintes razões que caracterizaram a
inabilitação como irregular:
a.1) em relação ao item 9.12.1 do edital; considerando que a empresa conseguiu demonstrar ter
cumprido a exigência por meio de diligência; considerando que a inabilitação da licitante se revestiu de
formalismo exagerado, uma vez que o procedimento de diligência estava previsto no edital;
considerando que, na condução de uma licitação pública, não pode a Administração perder de vista seu
objetivo principal, que é obter a proposta mais vantajosa; restou caracterizada afronta ao art. 3º, caput,
da Lei 8.666/93, ao disposto no item 9.5 do edital, ao princípio do formalismo moderado e à
jurisprudência do TCU (Acórdãos 11.907/2011-2ª Câmara, 1.734/2009, 1.924/2011, 2.302/2012,
3.381/2013, 357 e 1.795/2015-Plenário, respectivamente, relatoria dos Ministros Augusto Sherman,
Raimundo Carreiro (duas vezes),Walton Alencar Rodrigues, Valmir Campelo, Bruno Dantas e José
Mucio Monteiro); e
a.2) em relação ao item 9.12.2 do edital, em razão de que a exigência da apresentação de atestados
de capacidade técnica registrados no Crea não tem previsão legal no art. 30, § 3º, da Lei 8.666/1993 e
afronta o disposto no art. 55 da Resolução-Confea 1.025/2009 e a jurisprudência do TCU (Acórdãos
7.260/2016-2ª Câmara e 1.849/2019-Plenário, relatoria Ministros Ana Arraes e Raimundo Carreiro).
29.5. informar à UFRN e ao representante do acórdão que vier a ser proferido, destacando
que o relatório e o voto que fundamentam a deliberação ora encaminhada podem ser acessados
por meio do endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos; e

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29.6. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, II, do Regimento Interno/TCU, sem
prejuízo de que a Selog monitore a determinação supra”.

É o relatório.

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PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Em exame Representação com pedido de cautelar, oferecida por Instrucon Comércio e


Serviços de Refrigeração Eireli, em face do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 2/2019
promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Uasg 153103), que tem por
objeto o Registro de Preços para eventual contratação de empresa para prestação de serviços de
manutenção, instalação e remoção de aparelhos de ar-condicionado para atender demandas da UFRN e
entes partícipes pelo período de doze meses (peça 4, p. 4).
2. Referido certame tem valor estimado de R$ 13.909.893,75 (peça 4, p. 4), divididos entre
seus três grupos, a saber: Grupo 1 – Instalação e Montagem (Parede / Sistemas) – R$ 6.964.677,35
(peça 29, p. 45); Grupo 2 – Manutenção de Aparelhos de Parede – R$ 4.574.230,75 (peça 29, p. 47); e
Grupo 3 – Manutenção de Aparelhos de Parede – R$ 2.370.985,65 (peça 29, p. 49).
3. A Representante alega que ofereceu o melhor lance nos três grupos do certame, no valor
total de R$ 6.486.889,00 (peça 30, p. 3), sendo que, inicialmente, o Pregoeiro sagrou-a vencedora dos
três grupos. No entanto, a licitante Polyclima Ar Condicionado & Refrigeração Ltda. interpôs recurso
alegando, em síntese, que a Representante (peça 32, p. 2):
i. desatendeu ao item 9.12.1 do Edital (peça 4, p. 14), uma vez que a empresa recorrida
não apresentou a Certidão de Registro e Quitação com o Crea, e sim apresentou certidão emitida pelo
Conselho Federal dos Técnicos Industriais – CFT; e
ii. descumpriu o disposto no item 9.12.2 do Edital (peça 4, p. 14), posto que apresentou os
atestados de capacidade técnica e as certidões de acervo técnico devidamente registrados no Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia – Crea, mas vinculados ao Técnico de Refrigeração e Ar
Condicionado, Sr. Hivson Luis Soares, sócio da empresa, e não ao profissional de nível superior, o
Engenheiro Mecânico Sr. Gerson Ferreira Duca Junior, uma vez que apenas o primeiro havia
demonstrado experiência e capacidade técnica para o quantitativo solicitado pelo Edital.
4. O mencionado recurso administrativo foi submetido à Comissão de Apoio Técnico, bem
como ao Pregoeiro, que não acolheu as razões da recorrente, mantendo a habilitação da Representante
(empresa Instrucon).
5. Ocorre que, submetido à apreciação da Procuradoria Federal, o recurso da Polyclima Ar
Condicionado & Refrigeração Ltda. foi acolhido e foi sugerida a inabilitação da representante
Instrucon por meio do Parecer 2/2020/PROC/PFUFRN/PGF/AGU (peça 5), o que foi acolhido pela
Pró-Reitoria responsável. Irresignada com sua inabilitação durante a fase recursal, a Representante
apresentou Pedido de Reconsideração, o qual não foi acolhido pela Pró-Reitoria.
6. Já no âmbito desta Corte, após exame preliminar das alegações apresentadas na exordial
(peça 1), por meio do Despacho de peça 35 aquiesci com a proposta da Selog (peça 32, p. 14-16), no
sentido de expedir medida cautelar, inaudita altera pars, realizar a oitiva da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN, bem como dos órgãos partícipes do registro de preços (7ª Brigada de
Infantaria Motorizada, Hospital Naval de Natal e 16º Batalhão de Infantaria Motorizado – peça 4, p.
5). A mencionada medida foi referendada por meio do Acórdão 1.917/2020-Plenário, de minha
relatoria (peça 42).
7. Naquela assentada considerei, ainda, que a diferença de cerca do total de R$ 1,9 milhão
entre a proposta da Instrucon e as propostas das empresas com melhor oferta após a inabilitação da
representante poderiam colocar em risco o Erário Público.
8. Além disso, considerando que a contratação atualmente em vigor perfaz a monta de
R$ 1.811.620,00 e que na presente licitação houve previsão de despesas de R$ 10.498.504,35 somente
para a UFRN (peça 4, p. 5), foi promovida diligência à Universidade, para que fossem esclarecidos os
motivos dessa discrepância e informadas as razões que justificaram o acréscimo de valor.
1

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9. Dessa sorte, o Pregão 2/2019, com sessão pública iniciada no dia 23/9/2019, teve seu
andamento suspenso a partir de 14/8/2020 (peça 65, p. 1, item 2).
10. Após promovidas as oitivas, a Selog lançou aos autos a instrução de peça 68, em síntese
propondo considerar procedente a representação, revogar a medida cautelar e determinar que a UFRN
anule o ato que concluiu pela inabilitação da empresa Instrucon.
11. Desde logo adianto que endosso a análise empreendida, incorporando-a às minhas razões
de decidir, sem prejuízo das complementações que se seguem, sendo que a manifestação apresentada
pela entidade promotora da licitação, carreada à peça 65, pouco contribuiu à dialética processual
quanto aos pontos impugnados pela Representante.
II
12. Uma vez superado o exame de admissibilidade (peça 35), lembro que a Representante se
insurge contra a aferição de sua documentação ante os itens 9.12.1 e 9.12.2 do Edital (peça 4, p. 14-
15), os quais transcrevo a seguir, in verbis:
“9.12. As empresas, cadastradas ou não no SICAF, para todos os itens, deverão comprovar,
ainda, a qualificação técnica, por meio de:
9.12.1. Registro ou inscrição da empresa licitante no CONSELHO REGIONAL DE
ENGENHARIA E AGRONOMIA – CREA, em plena validade;
9.12.2. Atestado(s) de capacidade técnica fornecidos por pessoa(s) jurídica(s) de
direito público ou privado e devidamente registrados no CREA da região onde foram ou estão
sendo prestados os serviços, acompanhados das respectivas Anotações de Responsabilidade
Técnica (ART's) e da Certidão de Acervo Técnico (CAT), os quais comprovem:
I. Que tenha executado ou esteja executando, satisfatoriamente, serviços de natureza
compatível com o objeto desta licitação e em QUANTITATIVO MÍNIMO DE 30% (TRINTA POR
CENTO) DOS ITENS DE MAIOR RELEVÂNCIA relacionados abaixo:
(...)
II. Que tenha executado ou esteja executando, satisfatoriamente, serviços de natureza
compatível com o objeto desta licitação por período não inferior a 3 (três) anos”.

13. Em relação ao item 9.12.1, a Representante, inicialmente, não teria entregue a Certidão de
Registro e Quitação perante o Crea, tendo entregue, na verdade, certidão emitida pelo Conselho
Federal dos Técnicos Industriais – CFT.
14. Ao que se depreende dos autos (peça 1, p. 14-15; peça 32, p. 10), sua inscrição junto ao
Crea teria sido apresentada à UFRN em momento posterior, já durante o exame recursal.
15. Sob tal circunstância, o fundamento de sua inabilitação não seria a ausência de registro ou
inscrição da licitante junto ao Crea, mas a apresentação intempestiva do documento que comprovaria
sua real condição de inscrita no referido órgão e, portanto, apta a atender o disposto no item 9.12.1 do
Edital, o que caracterizaria formalismo exagerado.
16. Ainda que a possibilidade de substituição da comprovação da inscrição no Crea – exigida
expressamente no edital – pela inscrição no CFT – inicialmente apresentada pela Representante –
tenha sido enfrentada no bojo de pedido de esclarecimento, sendo indeferida em resposta prestada pelo
Pregoeiro, e sem adentrar na discussão jurídica quanto aos efeitos da Lei 13.589/2015 ou ao veto ao
§ 2º do art. 1º – que previa responsabilidade técnica de engenheiro mecânico em relação ao Plano de
Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de equipamentos e sistemas de climatização de ambiente–,
fato é que a inabilitação, ao fim e ao cabo, se deu em razão da intempestividade na apresentação
daquela comprovação.
2

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17. A este respeito, alinho-me às conclusões da Selog (peça 68, p. 7), no sentido de que a
referida inabilitação afigura-se de elevado formalismo, considerando-se o item 9.5 do Edital, que
estabelece que “para os documentos de habilitação que não estejam contemplados no SICAF, inclusive
quando houver necessidade de anexos, o pregoeiro poderá solicitar o envio de documentos de
habilitação complementares, estabelecendo, no mínimo, prazo de 2 (duas) horas” (peça 4, p. 12).
18. Assim, tendo em vista que a mencionada ausência foi suscitada quando da manifestação da
Pró-Reitoria, por ocasião da decisão recursal, seria possível aplicar o dispositivo editalício a esta
instância, admitindo-se a apresentação naquele momento.
19. Tal excesso de formalismo ganha ainda mais relevância quando se observa a diferença
entre os valores propostos pela empresa inabilitada e aqueles propostos pelas empresas que se
encontram em primeiro lugar após a inabilitação. Isto porque, após a inabilitação da Representante, as
propostas das empresas que encontram-se em primeiro lugar (Prospera – grupo 1 – peça 30, p. 109 – e
Polo – grupos 2 e 3 – peça 30, p. 149 e 170) perfazem a monta total de R$ 8.472.290,60 (peça 32, p.
11), equivalendo a uma diferença de R$ 1.895.401,60 em desfavor do erário.
20. Esta Corte tem defendido, a exemplo dos posicionamentos consignados nos Acórdãos
357/2015 e 1.795/2015, ambos do Plenário, que, no curso de procedimentos licitatórios, a
Administração Pública deve pautar-se pelo princípio do formalismo moderado, promovendo, assim, a
prevalência do conteúdo sobre o formalismo extremo, a exemplo de falhas formais, sanáveis durante o
processo licitatório.
21. Nestes termos, considerando-se que uma das grandes finalidades do procedimento
licitatório consiste na seleção da proposta mais vantajosa (Lei 8.666/1993, art. 3º, caput), considero
ilegítima a inabilitação da empresa Instrucon por desatendimento ao item 9.12.1 do Edital do PE
2/2019, devendo-se expedir determinação à UFRN no sentido de promover a anulação do ato que
concluiu pela inabilitação da empresa Instrucon Comércio e serviços de Refrigeração Eireli do Pregão
Eletrônico (SRP) 2/2019, consubstanciado no Despacho 21/2020-Proad de 9/1/2020 (peça 10), que por
sua vez acatou as conclusões do Parecer 2/2020-PROC/PFUFRN/PGF/AGU (peça 5).
22. Com relação ao item 9.12.2 do edital (peça 4, p. 14), que prevê a apresentação de
atestados de capacidade devidamente registrados no Crea e acompanhados das respectivas Anotações
de Responsabilidade Técnica (ART’s) e Certidão de Acervo Técnico (CAT), inicialmente vale lembrar
– consoante apontado no Despacho de peça 35 – entendimento do Tribunal (a exemplo dos Acórdãos
7.260/2016-2ª Câmara, Relatora Ministra Ana Arraes; e 1.849/2019- Plenário, Relator Ministro
Raimundo Carreiro) no sentido de ser irregular a exigência de que a atestação da capacidade técnico-
operacional da empresa licitante seja registrada ou averbada junto ao Crea, inclusive porque o art. 55
da Resolução-Confea 1.025/2009 veda a emissão de CAT em nome de pessoa jurídica, não se
compatibilizando com a previsão contida no art. 30, § 3º, da Lei 8.666/1993.
23. Em relação à alegação de que a Representante teria apresentado atestados de capacidade
técnica e certidões de acervo técnico vinculadas ao Técnico de Refrigeração e Ar Condicionado, Sr.
Hivson Luis Soares, sócio da empresa, e não a profissional de nível superior, esta Corte de Contas já se
manifestou no sentido de que tal exigência é cabível tão-somente como forma de verificar a
autenticidade e a veracidade das informações constantes nos atestados (a exemplo do consignado no
Acórdão 2.326/2019-Plenário, Relator Ministro Benjamin Zymler).
24. Nesta esteira, acolho a conclusão da Selog pugnando que a finalidade de tal exigência não
seria atestar a qualificação técnica dos profissionais, mas proporcionar uma forma rápida e segura para
se circularizarem informações e conferir a fidedignidade das informações existentes nos atestados
apresentados pelas empresas, não havendo, em princípio, razão para exigir que ART e CAT se
referissem, necessariamente, a profissional engenheiro registrado no Crea, podendo também, no caso
concreto, se referir a técnico registrado no CFT.

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25. Em acréscimo, vale destacar a existência nos autos de atestado de capacidade técnica
emitido pela própria Universidade com informação de que a empresa atendia satisfatoriamente às suas
necessidades (peça 24).
26. Com efeito, considerando-se as análises quanto a ambos os itens do edital, entendo ter
sido indevida a inabilitação em tela, devendo-se expedir determinação para que a UFRN promova a
anulação do ato de inabilitação em epígrafe.
IV
27. Em outro giro, no tocante à distinção entre os valores da presente licitação (estimados
anualmente em R$ 10.498.504,35 para a UFRN) com o atual contrato de serviços de manutenção,
instalação e remoção de aparelhos de ar-condicionado, celebrado inicialmente em 1º/9/2017
(atualmente sob a cifra de R$ 1.811.620,00), a Universidade aduziu que esta avença teve de ser
acrescida em 25% já no primeiro ano (o valor inicial era de R$ 1.371.140,00 – peça 20, p. 12) e, ainda
assim, “nos anos seguintes o saldo sempre expira antes do final do exercício, ficando evidente não ser
suficiente para atender integralmente às necessidades desta instituição” (peça 65, p. 2). Pontua, ainda,
que após a disputa de preços da licitação, o valor total passou para R$ 6.486.889,00, considerando
também os partícipes, e que a contratação anterior é datada de 2017, sendo que teria havido pressões
inflacionárias com impacto sobre o custo contratual.
28. Em relação a tal ponto, a Selog limitou-se a destacar a falta de identidade entre as
condições da contratação da ata de registro de preços que propiciou a adesão da UFRN e as reais
necessidades da Universidade, bem como a falta de comparabilidade entre os respectivos valores,
sendo um resultante de uma disputa de preços já realizada e outro, de uma estimativa da
Administração, além das perdas inflacionárias.
29. Friso que o valor de R$ 1.811.620,00 já diz respeito ao valor após o acréscimo referido
(peça 20, p. 12; peça 23, p. 2) e, ao que parece, os valores da contratação inicial já vinham sendo
atualizados pelo IGP-M, consoante cláusula editalícia (peça 20, p. 12-13, cláusula sexta), o que atua no
sentido de absorver as mencionadas pressões inflacionárias. Além disso, vale destacar que, tomando
por base a previsão do edital (peça 4, p. 5), os partícipes representam apenas 25% do total de serviços
licitado, o que não contribui significativamente para justificar o novel valor.
30. De toda forma, considerando-se que, a despeito da similaridade entre os serviços licitados,
há relevantes diferenças quanto aos volumes de serviços a serem contratados, à descrição de alguns
itens e exclusões e inclusões de outros, como apontara a unidade técnica (peça 32, p. 8), acolho o
derradeiro exame instrutório quanto à inexistência de indicativo de dano ao Erário.
31. Por fim, registro que deixo de carrear para a minuta de Acórdão a proposta instrutória de
revogação da cautelar anteriormente expedida, por considerar que restou preservado o juízo
perfunctório ensejador daquele medida, entendendo mais adequado ao bom andamento da marcha
processual apenas a expedição da determinação para se anular o ato de inabilitação supra destacado.
32. Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de novembro de
2020.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI


Relator

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ACÓRDÃO Nº 3094/2020 – TCU – Plenário

1. Processo TC 021.895/2020-1.
2. Grupo II – Classe VII - Assunto: Representação.
3. Interessados: 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (09.590.096/0001-60); Comando da 7ª Brigada
de Infantaria Motorizada (09.583.579/0001-37); Hospital Naval de Natal (00.394.502/0064-28).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação com pedido de cautelar, oferecida
por Instrucon Comércio e Serviços de Refrigeração Eireli, em face do Pregão Eletrônico para Registro
de Preços 2/2019 promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Uasg
153103), que tem por objeto o Registro de preços para eventual contratação de empresa para prestação
de serviços de manutenção, instalação e remoção de aparelhos de ar-condicionado para atender
demandas da UFRN e entes partícipes pelo período de doze meses,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal, e no art.
103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
9.2. no mérito, considerar a presente Representação procedente;
9.3. determinar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com fundamento no art. 250,
inciso II, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 4º, inciso I, da Resolução – TCU 315/2020, que adote
as seguintes providências, e informe ao TCU, no prazo de quinze, as providências tomadas:
9.3.1. anulação do ato que concluiu pela inabilitação da empresa Instrucon Comércio e serviços
de Refrigeração Eireli do Pregão Eletrônico (SRP) 2/2019, consubstanciado no Despacho 21/2020-
PROAD de 9/1/2020 (peça 10), que por sua vez acatou as conclusões do Parecer 2/2020-
PROC/PFUFRN/PGF/AGU (peça 5), sob o argumento de que a licitante não atendera aos itens 9.12.1
e 9.12.2 do edital, dando-se prosseguimento à licitação, dadas as seguintes razões que caracterizaram a
inabilitação como irregular:
9.3.1.1. em relação ao item 9.12.1 do edital: considerando que a empresa conseguiu demonstrar
ter cumprido a exigência por meio de diligência; considerando que a inabilitação da licitante se
revestiu de formalismo exagerado, uma vez que o procedimento de diligência estava previsto no edital;
considerando que, na condução de uma licitação pública, não pode a Administração perder de vista seu
objetivo principal, que é obter a proposta mais vantajosa; restou caracterizada afronta ao art. 3º, caput,
da Lei 8.666/93, ao disposto no item 9.5 do edital, ao princípio do formalismo moderado e à
jurisprudência do TCU (Acórdão 2ª Câmara nº 11.907/2011, de minha relatoria; Acórdãos Plenário
nºs 1.734/2009, 1.924/2011 e 2.302/2012, relatados pelo Ministro Raimundo Carreiro; e Acórdãos
Plenário nºs 3.381/2013, 357 e 1.795/2015, respectivamente, da relatoria dos Ministros Valmir
Campelo, Bruno Dantas e José Mucio Monteiro);
9.3.1.2. em relação ao item 9.12.2 do edital: em razão de que a exigência da apresentação de
atestados de capacidade técnica registrados no Crea não tem previsão legal no art. 30, § 3º, da Lei

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 021.895/2020-1

8.666/1993 e afronta o disposto no art. 55, da Resolução-Confea 1.025/2009 e a jurisprudência do


TCU (Acórdãos 7.260/2016-2ª Câmara e 1.849/2019-Plenário, respectivamente, da relatoria Ministros
Ana Arraes e Raimundo Carreiro).
9.4. dar ciência deste Acórdão à UFRN, aos órgãos partícipes e ao Representante; e
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, II, do Regimento Interno/TCU, sem
prejuízo de que a Selog monitore a determinação supra.

10. Ata n° 44/2020 – Plenário.


11. Data da Sessão: 18/11/2020 – Telepresencial.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3094-44/20-P.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: José Mucio Monteiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, Ana Arraes, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos Bemquerer
Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


JOSÉ MUCIO MONTEIRO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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