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PROPEDÊUTICA E

TEORIA DA LEI PENAL


Parte 3

Professora Giselle Batista Leite


Professora Giselle Batista Leite

4. LEI PENAL NO ESPAÇO

A APLICAÇÃO EXTRATERRITORIAL DA LEI PENAL

“Normalmente a lei penal é direcionada a reprimir os crimes que acontecem no seu


território, mas em alguns casos de particular importância, é de interesse do Estado que a
lei penal estenda a sua eficácia também a crimes cometidos em território estrangeiro.”
(Bataglini)

PREVISÃO DE APLICAR A LEI PENAL BRASILEIRA EM CRIMES PRATICADOS FORA


DO TERRITÓRIO NACIONAL – PRINCÍPIOS PENAIS DE VALOR UNIVERSAL

Extraterritorialidade INCONDICIONADA

Extraterritorialidade CONDICIONADA
Professora Giselle Batista Leite

EXTRATERRITORIAL INCONDICIONADA

A) PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL

Alicerce no bem jurídico a ser protegido

SEGURANÇA INTERNA E EXTERNA

“Alguns interesses nacionais devem ser protegidos penalmente, sem, que seja levado em
conta o lugar da realização da ação que os lesiona, portanto, também quando a ação se
realiza no estrangeiro.” (Mezger)

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
Professora Giselle Batista Leite

EXTRATERRITORIAL INCONDICIONADA

A) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL APLICADO AO GENOCÍDO

- Sistema da Justiça Penal Universal

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

“(...) fundamenta aplicação extraterritorialidade da lei penal em face da significação que o delito tem
para a Ordem Jurídica Internacional. Na lei penal brasileira esse Princípio fundamenta duas
hipóteses da aplicação da lei penal, mas apenas uma – e que tem significação mais danosa à ordem
jurídica internacional – é caso de extraterritorialidade incondicionada. Esse caso é a prática de crime
de Genocídio, quando o sujeito ativo é brasileiro ou domiciliado no Brasil.” (Brandão)

“Genocídio é um crime contra a Humanidade. Seu surgimento se deu em face do nazismo alemão, o
qual patrocinou o extermínio de grupos humanos (judeus, ciganos, dentre outros), fato de triste
memória, que manchou a história mundial. A Convenção Internacional que reprime o Genocídio e o
aponta como um crime contra a Humanidade foi patrocinada pela ONU, em 1948, e foi ratificada pelo
Brasil em 15 de abril de 1952. Atualmente, o crime de Genocídio é um dos delitos de competência do
Direito Internacional Penal, consoante o Tratado de Roma de 1988.”
Professora Giselle Batista Leite

EXTRATERRITORIAL CONDICIONADA

A) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL

“o Princípio da Justiça da Penal Universal teve suas origens nas concepções


jusnaturalistas dos teólogos e juristas dos séculos XVI e XVII, especialmente Covarrubias
e Suárez, que inspiraram Grocio, que considerava os crimes violações ao Direito Natual
que reagia a sociedade humana. Por isso, nenhum Estado poderia permitir a impunidade.
Na atualidade o fundamento desse princípio é o interesse da comunidade internacional em
perseguir delitos que violem interesses reconhecidos por ela. Nesses casos a repressão é
feita por qualquer país, já que todos são interessados naquela punição, por serem
membros da comunidade internacional.” (Muñoz Conde)

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
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B) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE

“(...) Também chamado de Princípio da Personalidade se deduz da relação de fidelidade,


que obriga o sídito de um Estado, ainda quando ele se encontre em território estrangeiro.”
(MEZFER)

II - os crimes:
b) praticados por brasileiro;

C) PRINCÍPIO DO PAVILHÃO OU BANDEIRA

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,


quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

“O Estado em que está registrado navio ou aeronave pode sujeitar ai seu poder punitivo as
infrações cometidas a bordo, ainda que o fato tenha sido comedito por um estrangeiro”
(Soler)
Professora Giselle Batista Leite

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável
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5. LEI PENAL COM RELAÇÃO ÀS PESSOAS

PRIVILÉGIOS PESSOAIS

“Com suporte da tradição do Direito Romano, os reis, os príncipes, e, na Idade Média, os


senhores feudais, que monopolizam o Direito, fizeram proclamar que eles estavam subtraídos
da esfera penal. Somente com o advento da Revolução Francesa, houve uma renovação
ideológica das antigas concepções jurídicas se proclamou o princípio da igualdade perante a
lei.” (Polaino Navarrete)

IMINIDADES SUBSTANCIAIS

Constituição da República

Bill of Rigths
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Art. 53, CR. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.

Art. 27, CR . O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da


representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato,
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armada

Art. 29, CR. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
Estado e os seguintes preceitos: (...)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município;
Professora Giselle Batista Leite

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
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IMINIDADES FORMAIS

“Nas imunidades formais as condutas são considerados como típicas, isto, consideradas como
típicas, isto é, são consideradas como adequadas a um tipo penal; antijurídicas, ou seja,
contrárias ao Direito; e também, culpáveis, isto é, seu autpr é censurado pelo ordenamento
jurídico por ter realizado a conduta típica e antijurídica. Todavia não se aplica a leinpenal em
face de uma especial.” (Bataglini)

Privilégios de direito processual penal

- IMUNIDADES DIPLOMÁTICA - NORMAL DE DIREITO INTERNACIONAL

- CONVENÇÃO DE VIENA - ART 2º - Por conta do exercício de sua funções, os


diplomatas gozam de imunidade de jurisdição penal.

Obs.: País acreditante pode renunciar.


Professora Giselle Batista Leite

FAMILIARES DO DIPLOMATA

1. Resida com o diplomata


2. Não deve ser o familiar nacional do país em que está estabelecida a missão
diplomática

PESSOAL ADMNISTRATIVO E TÉCNICO DA MISSÃO DIPLOMÁTICA

“Art. 31 Convenção de Viena: A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no


Estado acreditado não isenta da jurisdição do Estado acreditante.”

Membro do pessoal de serviço de missão que são funcionários do Estado acreditante que
executam serviços domésticos?
1. Atos praticados no exercício de suas funções
2. Não sejam nacionais do país em que está estabelecida a missão diplomática
3. Não residência permanente no país em que está estabelecida a dita missão.
Professora Giselle Batista Leite

IMUNIDADES CONSULARES

- CONVENÇÃO DE VIENA - “ART 43 – Os funcionários consulares e os empregados


consulares não estão sujeitos à jurisdição das autoridades judiciárias e
administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício de suas
funções.”

IMUNIDADES PARLAMENTARES

- Não se proíbe processo e julgamento do parlamentar após sua diplomação = STF


- PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NA CASA LEGISLATIVA QUE O
PARLAMENTAR FAZ PARTE - IMUNIDADE FORMAL (SUSTAÇÃO DO PROCESSO) –
OBSTÁCULO PROCESSUAL – PRAZO PRESCRICIONAL FICA SUSTADO ENQUANTO
DURAR O MANDATO.
Professora Giselle Batista Leite

EXTRADIÇÃO

“A extradição é um instituto de cooperação internacional em matéria penal. Consiste na


entrega de uma pessoa, feita por solicitação de um país a outro, para submeter à lei penal do
país solicitante.”

PROIBIDA – BRASILEIRO NATO (CR) – NÃO SIGNIFICA IMPUNIDADE – (ART. 7º, II, “b” –
Princípio da Nacionalidade

BRASILEITO NATURALIZADO?

a) Se o crime tiver ocorrido antes da naturalização.


b) Se for comprovado seu envolvimento em delito de tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins.

Obs.: Súmula 421, STF – “Não impede a extradição a circunstancia de ser o extraditando
casado com brasileira ou ter filho brasileiro.”
Professora Giselle Batista Leite

REQUISITOS:

a. O fato que motiva a extradição deve ser considerado como crime tanto no Brasil quanto no
país que requer a extradição;
b. Não ser o Brasil competente para julgar o caso;
c. O crime imputado ao sujeito deve ser punido, segunda a lei brasileira com uma pena de
prisão igual ou superior a um ano;
d. O extraditando não deve ter sido condenado ou absolvido no Brasil pelo fato imputado, ou
não deve estar respondendo processo-crime em face dele;
e. O crime nai deve estar prescrito segundo critérios da lei mais favorável, quer ela seja
brasileira ou quer ela seja do país que requereu a extradição;
f. Não ser o extraditando submetido, no estrangeiro, a juízo ou tribunal de exceção;
g. O fato que motiva a extradição deve ter sido cometido no Estado que a requer, ou devem
ser aplicáveis ao extraditando as leis penais daquele Estado;
h. Deve existir uma sentença transitada em julgado, condenando o extraditando, ou deverá
haver a decretação da prisão processual do extraditando pela autoridade competente.

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