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I - independência nacional;
Segundo Tibúrcio (2014, p.8 grifo nosso), “conceito de independência, tal como inscrito no art. 4º, I, é o
desdobramento imediato da noção de soberania. Toma-se como independência 1) a capacidade do Estado para, de
um lado, agir no plano internacional perseguindo seus próprios interesses e, de outra parte, 2) a vedação a
interferências externas na condução dos ne gócios internos do país ”. Conforme Silva (2013, p.15), “a primazia é
bastante justificável, visto que a Constituição abre seu artigo 1º, inciso I, consagrando o fundamento de que a
“República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania”. Assim, princípio basilar do
Estado brasileiro é a sua soberania e, portanto, é muito coerente que, em suas relações com os demais Estados
partícipes da sociedade internacional, o Brasil repute essencial sua própria independência. ”
“ O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, adotado pela Assembleia Geral da ONU em
1967, estabelece, no seu art. 1°, que a autodeterminação significa ter direito a determinar livremente seu estatuto
político e assegurar livremente o seu desenvolvimento econômico, social e cultural, podendo para isso dispor de
1 Guerra: ilícita, salvo a legítima defesa e a guerra por decisão do Conselho de Segurança da ONU.
suas riquezas e de seus recursos naturais”, ou seja, “a liberdade que os países gozam de traçarem os seus próprios
destinos” (TIBÚRCIO, 2014, p. 10 grifo nosso).
IV - não-intervenção;
“Consequência direta da independência e da soberania dos Estados, a não intervenção é um dos princípios
fundamentais do Direito Internacional (..) A não intervenção proíbe a interferência, por Estado estrangeiro, em
matérias afetas ao exercício da soberania interna ou externa ” (TIBÚRCIO, 2014, p. 11 grifo nosso).
VI - defesa da paz;
“Um dos maiores testemunhos da tradição pacifista do Brasil é o fato de o país ter fronteiras com dez países e não ter
problemas de limites com nenhum deles. É um processo centenário de consolidação da paz com os vizinhos e uma das
heranças do Barão do Rio Branco ” (SILVA, 2013, p.23), patrono da diplomacia brasileira.
Também presente no Preâmbulo da CF/88: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar [...] uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias [...]”
Dispositivo constitucional em favor da proteção do indivíduo que sofre perseguição étnica-racial, religiosa,
política, que viole os direitos humanos, portanto, são institutos com finalidades semelhante o asilo – territorial ou
diplomático - e o refúgio. Em ambos casos prevalece a regra do “non-refoulement” que impede o envio de indivíduo
ao país em que sofre perseguição. Nos diplomas internacionais são muitas vezes usados como sinônimos. Contudo,
no direito latino-americano, faz-se distinção entre o asilado e o refugiado: o asilo pode ser territorial – quando
concedido pelo Estado no qual o indivíduo se encontra, com base na Convenção de Caracas sobre Asilo Territorial de
1954 ou diplomático – concedido pelo Embaixador, temporariamente para permitir a saída do asilado do país onde se
encontre, com base na Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático de 1954 (TIBÚRCIO, 2014, p.19-20). A
condição de refugiado se baseia na Convenção da ONU sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, e no Protocolo de
1967. Segundo Tibúrcio (2014, p.20), “o status de refugiado é concedido em razão de efetiva perseguição ou de
simples temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas,
enquanto que a condição de asilado exige a efetiva perseguição – não bastando o temor – por crenças, opiniões e
filiação política ou delitos políticos. Assim, o conceito de refugiado é mais amplo do que o de asilado. ”
Ver também: http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/asilo-no-brasil
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural
dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
- Surge, como derivado do princípio da igualdade soberana, a prerrogativa de imunidade de jurisdição: par
in parem nom habet judicium – nenhum Estado soberano pode ser submetido contra sua vontade à condição
de parte perante o foro doméstico de outro Estado, ou seja, impossibilidade de submissão de Estado
soberano à jurisdição de outro Estado – visão clássica de imunidade absoluta.
- Jurisdição: elemento da soberania estatal e é exercida dentro dos limites territoriais, em que o Estado define
a amplitude e limites do ordenamento jurídico, exercício exclusivo do poder estatal
- A imunidade de jurisdição, em que nenhum Estado pode ter jurisdição sobre os demais, é consequência da
igualdade jurídica entre os Estados – um igual não tem jurisdição sobre outro igual. Impossibilidade de que
certas pessoas naturais e jurídicas sejam julgadas por outros Estados contra a sua vontade e que seus bens
sejam submetidos a medidas por parte das autoridades dos Estados onde se encontram ou onde atua
- Reafirmada pela máxima par in parem non habet imperium – entre iguais não há império – cuja premissa é
exatamente a igualdade entre os Estados.
- É fundamental que o Estado estabeleça relações com seus pares e essas são efetivadas através de missões
diplomáticas.
- O direito diplomático dispõe acerca dos privilégios e garantias dos representantes de certo Estado junto
ao governo de outro.
- Estado acreditante: aquele que envia a missão diplomática.
Privilégios diplomáticos:
→ O diplomata representa o Estado de origem junto à soberania local e para o trato bilateral dos assuntos de
Estado (Rezek).
→ O Estado acreditado (que recebe a missão) tem a obrigação especial de adotar todas as medidas
apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à
tranquilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade (Art. 22).
→ Imunidade tributária: o Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e
taxas, nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos
(exemplo: isento do pagamento de IPTU incidente sobre o imóvel), excetuados os que representem o
pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados (Art.23).
→ O beneficiário do privilégio diplomático deverá arcar com os impostos indiretos, normalmente incluídos
no preço de bens ou serviços: os tributos indiretos não gozam de imunidade tributária. Possuindo imóvel
particular no território local, pagará os impostos sobre ele incidentes (Art.34).
a) uma ação real sobre imóvel privado/particular situado no território do Estado acreditado (que recebe a
missão), salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão.
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e não em nome do Estado,
como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário: não há imunidade no caso de feito
sucessório em que o agente esteja envolvido a título estritamente privado.
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático
no Estado acreditado fora de suas funções oficiais. * Contudo, a própria convenção veda esse tipo de
atividade: o agente diplomático não exercerá no Estado acreditado nenhuma atividade profissional ou
comercial em proveito próprio (Art.42).
→ A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado (que recebe a missão) não o
isenta da jurisdição do Estado acreditante (que envia a missão) (Art.31).
Nas palavras de Rezek (2011, p. 204),
Os diplomatas e integrantes do pessoal administrativo e técnico da
missão diplomática gozam de imunidade penal ilimitada, que se projeta,
de resto, sobre os membros de suas famílias. Desse modo, até mesmo
um homicídio passional, uma agressão, um furto comum estarão isentos
de processo local. Os textos de Viena lembram que isso não livra o
agente da jurisdição de seu Estado patrial. O que se espera, por óbvio, é
que retornando à origem o diplomata responda ali pelo delito praticado
no exterior. A imunidade não impede a polícia local de investigar o
crime, preparando a informação sobre a qual se presume que a Justiça
do Estado de origem processará o agente beneficiado pelo privilégio
diplomático 3 .
→ Estado acreditante (que envia a missão) pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes
diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade 4 . É necessária uma nova renúncia quanto às medidas de
execução da sentença 5 (Artigo 32).
3 A imunidade de jurisdição não significa imunidade de investigação. A autoridade policial pode instaurar inquérito policial,
realizar ações que contribuam para a elucidação do caso e encaminhar as informações angariadas às autoridades do Estado de
origem do Diplomata.
4 Exemplo: “O caso Balmaceda-Waddington ilustra a impossibilidade da renúncia ao privilégio por parte do próprio diplomata,
ainda que não seja sua pessoa, mas a de um familiar, o alvo da ação deduzida em juízo. Em 1906 o filho do embaixado r do Chile
em Bruxelas, D. Luys Waddington, matou por razões pessoais o secretário da embaixada, Ernesto Balmaceda. As autoridades
belgas se abstiveram de qualquer ação punitiva. Dias mais tarde D. Luys Waddington compareceu ao foro e declarou ao
procurador do rei que renunciava à imunidade do filho, para que este respondes se pelo homicídio ante os tribunais belgas. O
governo local procurou saber se a chancelaria chilena abonava aquela renúncia, e só ante a resposta afirmativa fez com que o
processo tivesse curso” (REZEK, 2011, p. 205-206).
→ Os membros da família do agente diplomático gozarão das imunidades mencionadas, “desde que não
sejam nacionais do estado acreditado” (Art.37).
→ Os membros do pessoal administrativo e técnico da missão, assim como os membros de suas famílias que
com eles vivam, “desde que não sejam nacionais do estado acreditado nem nele tenham residência
permanente”, gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos 29 a 35. Exceção: a imunidade
de jurisdição civil e administrativa do estado acreditado, mencionado no parágrafo 1 do artigo 31, não se
estenderá aos atos por eles praticados fora do exercício de suas funções.
→ O STF admitiu não haver imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro em matéria trabalhista a ser
julgada, após o advento da CF/88, pela Justiça do Trabalho.
→ Os agentes diplomáticos, assim como os consulares, precisam respeitar as leis e regulamentos do Estado
Acreditado, como por exemplo, as leis de trânsito. “Em 2009, os diplomatas passaram a ter de pagar as próprias
multas. Antes disso, as autuações eram enviadas ao Itamaraty, que repassava a notificação aos motoristas
infratores. O Ministério de Relações Exteriores destacou que a Convenção de Viena, documento estabelecendo
regras da diplomacia, “não justifica de maneira nenhuma o desrespeito à lei local”. Fonte:
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/08/em-7-meses-diplomatas-recebem-434-mais-multas-do-
que-em-2014.html
Privilégios consulares:
→ O cônsul representa o Estado de origem para o fim de cuidar, no território onde atue, de interesses
privados (os de seus compatriotas que ali se encontrem a qualquer título) e fomentar o desenvolvimento das
relações comerciais, econômicas, culturais e científicas entre os Estado que envia e o Estado receptor, dentre
outras funções (Art.5º).
→ Isenção fiscal dos locais consulares: Os locais consulares e a residência do chefe da repartição consular
de carreira estarão isentos de quaisquer impostos e taxas nacionais, regionais e municipais, excetuadas as
taxas cobradas em pagamento de serviços específicos prestados (Art.32).
→ Inviolabilidade pessoal dos funcionários consulares: não poderão ser detidos ou presos preventivamente,
nem submetidos a qualquer outra forma de limitação de sua liberdade pessoal, exceto em caso de crime
grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente (Art.41).
→ Quando se instaurar processo penal contra um funcionário consular, este será obrigado a comparecer
perante as autoridades competentes (Art.41).
→ Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à Jurisdição das autoridades
judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares, ou
seja, praticados em virtude do cargo ocupado (Art.43).
→ Obrigação de prestar depoimento: os membros de uma repartição consular poderão ser chamados a depor
como testemunhas no decorrer de um processo judiciário ou administrativo. Um empregado consular ou um
membro do pessoal de serviço não poderá negar-se a depor como testemunha (Art.44). Exceção: os membros
de uma repartição consular não serão obrigados a depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas
funções, nem a exibir correspondência e documentos oficiais que a elas se refiram.
→ A autoridade que solicitar o testemunho deverá evitar que o funcionário consular seja perturbado no
exercício de suas funções. Poderá tomar o depoimento do funcionário consular em seu domicílio ou na
repartição consular, ou aceitar sua declaração por escrito, sempre que for possível (Art.44).
→ Isenção fiscal: os funcionários e empregados consulares, assim como os membros de suas famílias que
com eles vivam, estarão isentos de quaisquer impostos e taxas, pessoais ou reais, nacionais, regionais ou
municipais, com algumas exceções7 (Art.49).