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PROPEUDÊUTICA E

TEORIA DA LEI PENAL


Parte 2

Professora Giselle Batista Leite


Professora Giselle Batista Leite

1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL

Século XIX – FEUERBACH

• MAGNA CHARTA LIBERTATUM (art.39) – 1215

NULLUN CRIMEN NULLA POENA SINE PRAEVIA LEGE

- Princípio da reserva legal

- Princípio da anterioridade

“É através do princípio da legalidade que o Estado encontra o pressuposto e a fonte para o exercício da potestade de
repressão penal.” (Brandão)

“Alguém somente pode ser tido como criminoso após a prévia e solene declaração da conduta qualificada na lei como
crime.” (Florian)

“O sistema penal tem como partes o Estado e a pessoa humana. Juridicamente, o Principio da legalidade se presta a
equilibrar o sistema penal, dando ao Estado um fonte – ainda que limitada – para a emissão de seus comandos e à
pessoa humana uma série de garantias.”
Professora Giselle Batista Leite

Art. 1° Não há crime sem lei anterior


que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.
Professora Giselle Batista Leite

PROIBIÇÃO DE ANALOGIA – “nullun crimen, nulla poena sine lege stricta”

“A lei penal precisa ser interpretada de um modo particular, diferentemente das normas
existentes nos outros ramos do Direito.” (CAPEZ)

“Se uma conduta não se amoldar perfeitamente ao modelo abstrato da ação ou omissão
que a norma penal descreve, não é possível a aplicação da dita normal.” (Brandão)

“Ao juiz se veda impor uma pena a condutas distintas da descrita pelo tipo, mesma razão
para castiga-la.”

Exemplo:

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Professora Giselle Batista Leite

“IN MALAM PARTEM”??????????????

“IN BONAM PARTEM”??????????????

Exemplo:

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
(...)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.

“A proibição de analogia no Direito Penal não é absoluta. O sentido do Princípio da


Legalidade é proteger o ser humano frente a possibilidade de inflição de uma pena, por
isso se proibi a analogia in malam partem, isto é, que prejudica o sujeito, cerceando, fora
dos limites da lei, sua liberdade. A analogia in bonam partem, isto é, que beneficia o
sujeito, é permitida pelo Direito Penal, não se contrapondo aos seus fins do multirreferido
Princípio da Legalidade, porque não tolhe a liberdade humana, mas contribui para
estendê-la.” (Brandão)
Professora Giselle Batista Leite

EXIGÊNCIA DE LEI CERTA – “nullun crimen, nulla poena sine lege certa”

EXIGÊNCIA DE LEI ESCRITA – “nullun crimen, nulla poena sine lege scripta”

2. LEI PENAL NO TEMPO

“A lei é um ato de vontade do legislador, e como tal não possui eficácia universal e
permanente, mas uma eficácia circunscrita à vontade que a anima. Deste modo, a ´vida`
da lei penal é limitada no tempo, seu nascimento se dá com a promulgação e publicação,
e sua morte se dá com a revogação, por uma lei posterior que expressamente cesse a
validez temporal da primeira ou por uma lei posterior que tacitamente a faça. Chama-se
ab-rogação ou revogação completa da lei, e chama-se derrogação a revogação que se
circunscreve à parte da lei.” (Hungria)
Professora Giselle Batista Leite

“ABOLITIO CRIIMINIS”

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória

“A lei é um ato de vontade do legislador, e como tal não possui eficácia universal e
permanente, mas uma eficácia circunscrita à vontade que a anima. Deste modo, a ´vida`
da lei penal é limitada no tempo, seu nascimento se dá com a promulgação e publicação,
e sua morte se dá com a revogação, por uma lei posterior que expressamente cesse a
validez temporal da primeira ou por uma lei posterior que tacitamente a faça. Chama-se
ab-rogação ou revogação completa da lei, e chama-se derrogação a revogação que se
circunscreve à parte da lei.” (Hungria)
Professora Giselle Batista Leite

RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENIGNA – “Lex mitior”

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

ULTRA-ATIVIDADE DA PENAL – “Lei excepcional ou temporária”

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

TEMPO DO CRIME

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Professora Giselle Batista Leite

3. ALGUNS OUTROS PRINCÍPIOS IMPORTANTES

A) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

“O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da intervenção
mínima. Com isto, quero dizer que o Direito Penal somente deve intervir nos casos de
ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do
ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do Direito.” (Muñoz Conde)

“ULTIMA RATIO”

B) PRINCÍPIO DA LESIVIDADE

“As proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem
gravemente a direitos de terceiros; como consequência, não podem ser concebidas como
respostas puramente éticas aos problemas que se apresentam senão como mecanismos de
uso inaceitável para que sejam assegurados os pactos que sustentam o ordenamento
normativos, quando não existe outro modo de resolver o conflitos.” (Sarrule)

DIREITO ≠ MORAL
Professora Giselle Batista Leite

C) PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS

ART. 5º, XLVI, CR - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

D) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL

ART. 5º, XLV, CR - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Art. 1.997, CC - A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só
respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.
Professora Giselle Batista Leite

E) PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS

ART. 5º, XLVII, CR - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Banimento = negação ao direito à nacionalidade

“No que tange às penas degradantes ou cruéis, é geralmente admitido que entram nessa categoria
todas as mutilações, tais como o decepamento da mão do ladrão, prescrito na sharia muçulmana, e a
castração de condenados por crime de violência sexual, constante de algumas legislações ocidentais.”
(Konder)

Art. 5º, XLIX, CR - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Professora Giselle Batista Leite

4. LEI PENAL NO ESPAÇO

“A lei penal pode ser aplicada no espaço pelo Princípio da Territorialidade ou pelo Princípio
da Extraterritorialidade. Desses princípios, em face da função do próprio Estado, o de
maior importância é o primeiro. Todavia, o Princípio da Territorialidade, apesar de
dominante, não é suficiente para fundamentar e explicar todo alcance espacial da lei
penal, sofrendo uma série de exceções, que alicerçam a aplicação extraterritorial da norma
positiva estatal.” (Calón)

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE

Nacionalidade do sujeito ativo e do sujeito passivo? SOBERANIA.

“Com relação à vigência espacial à lei penal, o primeiro preceito a ser estudado é o
Princípio da Territorialidade, que trunfou a partir da Revolução Francesa. Segundo ele, a
lei aplicável para processar e julgar um crime é a do Estado no qual o delito foi cometido.
Isso se dá porque o Direito de Punir, (jus puniendi) é uma manifestação da soberania
estatal, a qual é exercida dentro dos limites territoriais do Estado.“ (Brandão)
Professora Giselle Batista Leite

Convenção de Montego Bay – 1988 = 12 milhas marítimas de largura a partir da linha de baixa-
mar do litoral continental.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e


aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (extensão
legal)

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo
no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (extensão legal)
Professora Giselle Batista Leite

Convenção de Montego Bay – 1988 = 12 milhas marítimas de largura a partir da linha de baixa-
mar do litoral continental.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e


aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (extensão
legal)

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo
no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (extensão legal)
Professora Giselle Batista Leite

LUGAR DO CRIME

Teoria da Ação = local no qual se produziu ou deveria ter produzida ação, ainda que
tenha sido outro o lugar do resultado.

Teoria do Resultado = lugar onde o resultado se verificou, pouco importando o lugar


no qual a ação ou omissão se deu.

Teoria da Ubiquidade = essa teoria amplia as possibilidades do lugar do crime, pois


considera lugar do crime tanto o lugar no qual se realizou a ação ou omissão, quanto
o lugar onde se realizou ou deveria ter sido realizado o resultado.

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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