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Warley Belo
O art. 5º, II, CF prevê que: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”. Trata-se de lei em sentido amplo, ou seja, qualquer ato normativo
editado pelo Poder Legislativo (Constituição, leis complementares, leis ordinárias e
resoluções) ou, excepcionalmente, pelo Poder Executivo (medidas provisórias e leis
delegadas). Aqui temos a salva-guarda do amplo princípio da legalidade.
Já o princípio da reserva ( lex populi) é mais restrito. Refere-se especificamente à emenda, à
lei complementar, etc. para regular determinado assunto. “Se todos os comportamentos
humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade, somente alguns estão submetidos ao da
reserva da lei. Este é, portanto, de menor abrangência, mas de maior densidade ou conteúdo,
visto exigir o tratamento de matéria exclusivamente pelo Legislativo, sem participação
normativa do Executivo” 33 3. MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,
doutrina e jurisprudência. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003 (Coleção temas jurídicos; 3).
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Até bem pouco tempo atrás a Parte Especial do nosso atual Código Penal e a Lei de
Contravenções Penais alcançavam vigência como decreto-lei. Seria comparativamente, hoje,
aceitar a modificação maléfica ou criação de crimes por medida provisória 44 4. Ver art. 62, §
1º, I, b, CF/1988 ou lei delegada.
Quando a Carta, em seu art. 5º, XXXIX, estabelece que não haverá crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal, estamos diante de uma matéria reservada à
lei formal. Somente a União, privativamente, por meio de seu Poder Legislativo, poderá
discipliná-la (art. 22, I, CF). “A garantia da lex populi exige que, em matéria penal
incriminadora, a lei respectiva siga estritamente o procedimento legislativo constitucional da
lei ordinária”55 5. GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antonio García-Pablos de. Direito penal:
parte geral. São Paulo: RT, v. 2, 2007. p. 59.