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DIREITO PENAL – Prof.

Anderson Diógenes
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL de condutas. A criminalização, assim, viola o
Os princípios constitucionais do Direito Penal são princípio da reserva legal (Trata-se do princípio da
normas que, extraídas da Constituição Federal, taxatividade da lei penal).
servem como base interpretativa para todas as outras Fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS
normas de Direito Penal do sistema jurídico brasileiro. PENAIS EM BRANCO. As normas penais em branco são
Entretanto, não possuem somente função aquelas que dependem de outra norma para que sua
informativa, não servem somente para auxiliar na aplicação seja possível (ex.: Na lei de drogas, há
interpretação de outras normas. Os princípios diversas menções a “substância ilícita entorpecente”,
constitucionais, na atual interpretação constitucional, sem que se esclareça o que se considera substância
possuem força normativa, devendo ser respeitados, ilícita entorpecente. Trata-se de norma penal em
sob pena de inconstitucionalidade da norma que os branco, pois depende de uma complementação para
contrariar. Vamos a eles: que possa a norma ser perfeitamente aplicada).
1 Princípio da legalidade A Doutrina divide as normas penais em branco em:
O princípio da legalidade está previsto no art. 5°,  Homogêneas (norma penal em branco em sentido
XXXIX da Constituição Federal (e também, com amplo) – A complementação é realizada por uma
redação muito semelhante, no art. 1º do CP): fonte homóloga, ou seja, pelo mesmo órgão que
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que produziu a norma penal em branco.
o defina, nem pena sem prévia cominação legal;  Heterogêneas (norma penal em branco em sentido
Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen estrito) – A complementação é realizada por fonte
sine praevia lege), estabelece que uma conduta não heteróloga, ou seja, por órgão diverso daquele que
pode ser considerada criminosa se antes de sua produziu a norma penal em branco.
prática não havia lei nesse sentido. Trata-se de uma Quanto às normas penais em branco, apesar da
exigência de segurança jurídica: imaginem se divergência doutrinária, prevalece o entendimento de
pudéssemos responder criminalmente por uma que não violam o princípio da reserva legal, eis que
conduta que, quando praticamos, não era crime? não seria possível ao legislador colocar na própria lei
Simplesmente não faríamos mais nada, com medo de todas as especificações, sendo necessário, em alguns
que, futuramente, a conduta fosse criminalizada e casos, deixar que a regulamentação seja dada por
pudéssemos responder pelo delito! outras normas complementares.
Entretanto, o Princípio da Legalidade se divide em Além disso, em razão da reserva legal, em Direito
dois outros princípios, o da Reserva Legal e o da Penal é proibida a analogia in malam partem, que é a
Anterioridade da Lei Penal. Desta forma, vamos analogia em desfavor do réu. A analogia é um método
estudá-los em tópicos distintos. de integração da lei penal, utilizada quando não há
norma regulando certa situação, de maneira que se
1.1 Princípio da Reserva Legal utiliza uma norma prevista para caso semelhante.
O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE Assim, não pode o Juiz criar uma conduta criminosa
LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas não prevista em lei, com base na analogia, tampouco
criminosas e estabelecer sanções penais (penas e pode utilizar a analogia para, de qualquer forma,
medidas de segurança). agravar a situação do réu. A analogia benéfica ao réu
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) (analogia in bonam partem), porém, é permitida.
pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medidas Com relação à interpretação extensiva, apesar da
Provisórias, Decretos, e demais diplomas legislativos divergência doutrinária, prevalece no STF (embora
NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS não seja pacífico o tema) o entendimento de que é
NEM COMINAR SANÇÕES. possível a interpretação extensiva, mesmo que
Quanto às medidas provisórias, apesar da divergência, prejudicial ao réu, já que na interpretação extensiva o
prevalece no STF a posição de que elas podem cuidar intérprete apenas extrai a vontade da lei, que acabou
de matéria penal, desde que para beneficiar o réu. dizendo menos do que pretendia dizer (A Lei diz “X”,
O princípio da reserva legal implica ainda a proibição mas sua intenção foi dizer “XYZ”).
da edição de leis vagas, com conteúdo impreciso. Isso
porque a existência de leis cujo conteúdo não seja 1.2 Princípio da anterioridade da Lei penal
claro, que não se sabe ao certo qual conduta está O princípio da anterioridade da lei penal estabelece
sendo criminalizada, acaba por retirar toda a função que não basta que a criminalização de uma conduta
do princípio da reserva legal, que é dar segurança se dê por meio de Lei em sentido estrito, mas que
jurídica às pessoas. esta lei seja anterior ao fato, à prática da conduta.
EXEMPLO: Imagine que a Lei X considere como Ou seja, para que a lei penal possa ser aplicada a
criminosas as condutas que atentem contra os bons determinado fato, ela já deverá estar em vigor
costumes. Ora, trata-se de um termo muito vago, quando tal fato for praticado, não sendo aplicável aos
muito genérico, que pode abranger uma infinidade fatos praticados antes de sua entrada em vigor. O
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princípio da anterioridade da lei penal culmina no sua revogação. Trata-se da EXTRA-ATIVIDADE da lei
princípio da irretroatividade da lei penal, já que a lei penal benéfica.
penal, como regra, não se aplica aos fatos praticados O art. 2º, § único do CP estabelece que sobrevindo
antes de sua entrada em vigor. nova lei penal mais benéfica, ela será aplicada aos
Entretanto, a lei penal pode retroagir, quando for fatos praticados antes de sua entrada em vigor, ainda
para beneficiar o réu (quando a nova lei diminui a que já tenha havido em relação a eles sentença penal
pena prevista para o crime, ou exclui uma condenatória transitada em julgado (retroatividade da
qualificadora, etc.). Nesse caso, estamos haverá lei penal benéfica).
retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos Além disso, uma vez revogada a lei penal por uma
ocorridos antes de sua vigência (art. 5°, XL da CRFB/88 outra mais gravosa, a lei revogada (mais benéfica)
e art. 2º, § único do CP): continuará sendo aplicada ao fato praticado durante
sua vigência (ultra-atividade da lei penal benéfica).
EXEMPLO: José pratica determinado crime, cuja pena Assim, vemos que a extra-atividade da lei penal
é de 01 a 04 anos de reclusão. No curso do processo, benéfica engloba duas vertentes: retroatividade
sobrevém nova lei penal diminuindo a pena deste (aplicação a fatos passados) e ultra-atividade
crime para 06 meses a 02 anos de reclusão. Nesse (continua sendo aplicável aos fatos praticados
caso, por ser benéfica, a nova lei penal terá eficácia durante sua vigência, mesmo não estando mais em
retroativa, aplicando-se ao crime praticado por José. vigor)
Vale frisar que a nova lei penal benéfica se aplica aos EXEMPLO: José praticou um crime “X”, cuja pena é de
fatos anteriores (eficácia retroativa) ainda que já reclusão de 02 a 04 anos e multa (“Lei A”). No curso
tenha havido sentença penal condenatória transitada do processo, sobreveio nova lei (“Lei B”) diminuindo a
em julgado (art. 2º, § único do CP). pena para 01 a 03 anos de reclusão e multa. Antes da
sentença, a “Lei B” foi revogada pela “Lei C”, que
APLICAÇÃO DA LEI PENAL passou a prever pena de 03 a 05 anos de reclusão e
1 Aplicação da Lei penal no tempo multa. Nesse caso, a Lei B terá eficácia retroativa E
É certo que as leis se sucedem no tempo, pois é da ultra-ativa. Ela será aplicada retroativamente ao fato
natureza humana a mudança de pensamento. Assim, praticado por José (eis que ocorreu antes de sua
o que hoje é considerado crime, amanhã pode não o entrada em vigor) e, na sentença, o Juiz deverá aplica
ser, e vice-versa. É claro, também, que quando uma essa Lei, mesmo não estando mais em vigor, por já ter
lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a sido revogada pela Lei C (fenômeno da ultra-
matéria de forma, ao menos um pouco, diferente do atividade).
modo como tratava a lei revogada, caso contrário, Mas, nem sempre a nova lei penal será benéfica.
seria uma lei absolutamente inútil. A esse fenômeno Sobrevindo nova lei penal, algumas situações podem
damos o nome de Princípio da continuidade das leis. ocorrer:
A revogação, por sua vez, é o fenômeno que  Novatio legis incriminadora – A nova lei passa a
compreende a substituição de uma norma jurídica por criminalizar conduta até então atípica (não prevista
outra. Essa substituição pode ser total ou parcial. No como crime). Nesse caso, não há retroatividade. Só
primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogação, e produz efeitos em relação aos fatos futuros, pelo
no segundo caso, derrogação. princípio da anterioridade da lei penal.
Por sua vez, a revogação tácita ocorre quando a lei  Novatio legis in pejus – A nova lei é mais grave que
nova, embora não diga nada com relação à revogação a atual. Nesse caso, não há retroatividade. Só produz
da lei antiga, trata da mesma matéria, só que de efeitos em relação aos fatos futuros.
forma diferente.  Novatio legis in mellius – A nova lei é mais
Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigência benéfica que a atual. Nesse caso, terá eficácia
até sua revogação. retroativa, aplicando-se aos fatos praticados antes de
Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como sua entrada em vigor.
qualquer lei, somente produz efeitos durante o seu  Abolitio criminis – A nova lei descriminaliza a
período de vigência. É o que se chama de princípio da conduta. Por ser benéfica ao agente, tem eficácia
atividade da lei. retroativa, aplicando-se aos fatos praticados antes de
Assim, como regra, a lei penal não se aplica aos fatos sua entrada em vigor, que não mais poderão ser
praticados antes de sua entrada em vigor punidos (gera extinção da punibilidade).
(retroatividade) e não se aplica após já ter sido Ressalte-se que a nova lei, nos casos de novatio legis
revogada (ultra-atividade). Em alguns casos, porém, a in mellius e abolitio criminis (reforma pra melhor e
lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos descriminalização, respectivamente), terá eficácia
ocorridos antes de sua entrada em vigor e, até retroativa, aplicando-se aos fatos anteriores, mesmo
mesmo, continuar produzindo efeitos mesmo após que já tenham sido decididos por sentença penal

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condenatória transitada em julgado, nos termos do Poderes, já que não cabe ao Judiciário legislar. Trata-
art. 2° e seu § único do Código Penal. se teoria da ponderação unitária ou global.
É importante ressaltar, ainda, que a abolitio criminis
faz cessar a pena e os efeitos penais da condenação, 1.1.2 Leis excepcionais e temporárias
mas são mantidos os efeitos extrapenais da Excepcional é a situação das leis intermitentes, que se
condenação. dividem em leis excepcionais e leis temporárias. As
EXEMPLO: José foi condenado pelo crime “X” e está leis excepcionais são aquelas que são produzidas para
cumprindo pena. Surge uma Lei nova, vigorar durante determinada situação. Por exemplo,
descriminalizando a conduta. José será colocado em estado de sítio, estado de guerra, ou outra situação
liberdade (deve cessar a pena imposta), bem como tal excepcional. Lei temporária é aquela que é editada
condenação pelo crime X não poderá ser considerada para vigorar durante determinado período, certo, cuja
futuramente para fins de reincidência, por exemplo revogação se dará automaticamente quando se atingir
(afastam-se os efeitos penais da condenação). o termo final de vigência, independentemente de se
Todavia, se José foi condenado a reparar o dano tratar de uma situação normal ou excepcional do país.
causado à vítima, tal obrigação permanece (efeito No caso destas leis, a autorrevogação natural pelo
extrapenal da condenação). decurso do prazo de validade (ou pela cessação das
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com circunstâncias excepcionais que a determinaram) não
continuidade típico-normativa. Em alguns casos, gera abolitio criminis. Assim, aquele que cometeu o
embora a lei nova revogue um determinado artigo crime durante a vigência de uma destas leis
que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere responderá pelo fato, nos moldes em que previsto na
esse fato dentro de outro tipo penal. Neste caso não lei, mesmo após o fim do prazo de duração da norma.
há abolitio criminis, pois a conduta continua sendo Isso está previsto no art. 3° do Código Penal:
considerada crime, ainda que por outro tipo penal Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
(ex.: a Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, mas decorrido o período de sua duração ou cessadas as
não houve descriminalização da conduta ali circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
criminalizada, que migrou para dentro do art. 213 do praticado durante sua vigência.
CP). Isso é uma questão de lógica, pois, se assim não o
Mas, a quem compete aplicar a nova lei mais fosse, bastaria que o réu procrastinasse o processo
benéfica? até data prevista para a revogação da lei a fim de que
O STF firmou entendimento (súmula 611 do STF) no fosse decretada a extinção de sua punibilidade.
sentido de que DEPENDE DO MOMENTO: 2 Tempo do crime
• Antes do trânsito em julgado – Compete ao Juízo da Para podermos aplicar corretamente a lei penal, é
condenação, aquele que irá julgar o caso necessário saber quando se considerada praticado o
• Após o trânsito em julgado – Compete ao Juízo da delito. O CP, em seu art. 4º, adotou a teoria da
execução penal. atividade para definir o tempo do crime,
1.1 Tópicos importantes estabelecendo que o crime se considera praticado no
1.1.1 Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao momento da conduta, ou seja, no momento da ação
réu ou omissão, ainda que outro seja o momento do
Pode ocorrer de a lei nova ter alguns pontos mais resultado.
favoráveis e outros mais prejudiciais ao réu. Vale frisar que saber o tempo do crime é fundamental
EXEMPLO: Imagine que Maria tenha praticado crime por diversas razões, como, por exemplo, para saber
de furto, cuja pena é de 1 a 04 anos de reclusão, e qual é a lei aplicável, para saber se o agente era
multa. Posteriormente, sobrevém uma lei que imputável ou não, etc.
estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de Em relação aos crimes continuados e permanentes,
detenção, sem multa. Percebam que a lei nova é mais deve-se considerar que o crime está sendo praticado
benéfica pois extinguiu a pena de multa, e durante toda a continuidade delitiva ou durante todo
estabeleceu pena de detenção, mas é mais gravosa o período de permanência, respectivamente. Por
pois aumentou a pena mínima e a pena máxima. conta disso o STF editou a súmula 711:
Nesse caso, como avaliar se a lei é mais benéfica ou SÚMULA 711 DO STF A lei penal mais grave aplica-se
mais gravosa? E mais, será que é possível combinar as ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
duas leis para se achar a solução mais benéfica para o sua vigência é anterior à cessação da continuidade
réu? Embora haja discussão doutrinária, prevalece o ou da permanência.
entendimento (inclusive na jurisprudência1 ) de que Nos crimes permanentes, portanto, aplica-se a lei em
não é possível combinar as leis penais para se extrair vigor ao final da permanência delitiva, ainda que mais
os pontos favoráveis de cada uma delas, pois o Juiz gravosa que a do início. O mesmo ocorre nos crimes
estaria criando uma terceira lei (Lex tertia), o que continuados, hipótese em que se aplica a lei vigente à
seria uma violação ao princípio da Separação dos época do último ato (crime) praticado.
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Vale frisar que aqui não há retroatividade de lei ou em pouso no território nacional, ou, no caso das
gravosa (o que seria vedado), pois nesse caso não há embarcações, em porto ou mar territorial brasileiro
retroatividade. Nesse caso, a lei mais grave está sendo (art. 5º, §2º do CP).
aplicada a um crime que ainda está sendo praticado, e 3.2 Extraterritorialidade
não a um crime que já foi praticado. A extraterritorialidade é a aplicação da lei penal
EXEMPLO: José sequestra Maria para exigir brasileira a um fato criminoso que não ocorreu no
pagamento pelo resgate. O crime se inicia em 10.01, território nacional. São basicamente três espécies de
com o sequestro da vítima, que só é libertada em extraterritorialidade:
10.04 do mesmo ano. Durante esses três meses, o  Incondicionada – Hipóteses do art. 7º, I do CP
crime esteve sendo praticado. Imagine que em 20.03  Condicionada – Hipóteses do art. 7º, II do CP
(durante o crime) nova lei entre em vigor  Hipercondicionada – Hipótese do art. 7º, §3º do CP
AUMENTANDO a pena relativa ao crime em questão. 3.2.1 Extraterritorialidade incondicionada
Essa nova lei será aplicável ao crime em curso, pois ela No primeiro caso, como o próprio nome diz, não há
não é posterior ao fato criminoso, ela é qualquer condição. As hipóteses são poucas e estão
contemporânea ao fato, já que entrou em vigor previstas no art. 7°, I do CP (Crimes contra bens
DURANTE o crime. jurídicos de relevância nacional e crime de genocídio).
3 Aplicação da lei penal no espaço Nestes casos, pelos princípios da Defesa/Proteção e
3.1 Territorialidade do Domicílio ou da Personalidade Ativa (a depender
Essa é a regra no que tange à aplicação da lei penal no do caso), aplica-se a lei brasileira:
espaço. Pelo princípio da territorialidade, aplica-se à PRINCÍPIO DA DEFESA OU PROTEÇÃO
lei penal aos crimes cometidos no território nacional. Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da
Assim, não importa se o crime foi cometido por República
estrangeiro ou contra vítima estrangeira. Se cometido Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União,
no território nacional, submete-se à lei penal do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
brasileira. É o que prevê o art. 5° do Código Penal: Município, de empresa pública, sociedade de
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de economia mista, autarquia ou fundação instituída
convenções, tratados e regras de direito internacional, pelo Poder Público
ao crime cometido no território nacional. Crimes contra a administração pública, por quem está
Na verdade, trata-se de uma territorialidade mitigada a seu serviço
ou temperada, eis que a aplicação da nossa lei penal PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL OU DO
nesse caso pode ser afastada por conta de DOMICÍLIO OU DA PERSONALIDADE ATIVA
convenções, tratados e regras de direito internacional, Crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
ao crime cometido no território nacional (ex.: domiciliado no Brasil
imunidade diplomática. Se o embaixador do Japão no Embora sob fundamentos diversos (Princípios
Brasil praticar um crime em nosso território, não será diversos), todas as hipóteses culminam no fenômeno
aplicável nossa lei penal, de forma que o agente será da extraterritorialidade incondicionada da lei penal
julgado no Japão). brasileira.
Território pode ser conceituado como espaço em que Nos três primeiros casos temos o princípio da defesa
o Estado exerce sua soberania política. O território ou proteção. Este princípio visa a garantir a aplicação
brasileiro compreende: da lei penal brasileira aos crimes cometidos, em
• O Mar territorial; qualquer lugar e por qualquer agente, mas que
• O espaço aéreo (Teoria da absoluta soberania do ofendam bens jurídicos nacionais. Estas hipóteses
país subjacente); dispensam outras condições, bastando que tenha sido
• O subsolo o crime cometido contra estes bens jurídicos. Aliás,
São considerados como território brasileiro por será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já
extensão: tenha sido condenado ou absolvido no exterior, na
• Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se forma do art. 7º, §1º do CP. Entretanto, para que seja
encontrem evitado o cumprimento duplo de pena (bis in idem),
• Os navios e aeronaves particulares, que se caso tenha sido o agente condenado no exterior, a
encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo pena cumprida no estrangeiro será abatida da pena a
correspondente ser cumprida no Brasil, o que se chama de detração
Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a penal, na forma do art. 8° do CP.
lei brasileira, pelo princípio da territorialidade. A Lei 3.2.2 Extraterritorialidade condicionada
penal brasileira será aplicada, ainda, aos crimes As hipóteses de extraterritorialidade condicionada,
cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações por sua vez, estão previstas no art. 7°, II do CP. Neste
estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, caso, a lei brasileira só será aplicada ao fato se
desde que se encontrem no espaço aéreo brasileiro cumpridas determinadas condições.
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As hipóteses são: de tais condições, ou seja, fora dos períodos
 Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se “normais”
obrigou a reprimir (princípio da Justiça Universal) A lei Temporária, é aquela que já “nasce” sabendo
 Crimes praticados por brasileiro (princípio da quando vai “morrer”. É certa a data do seu término.
nacionalidade ou personalidade ativa) É uma lei criada para ficar vigente, somente, por um
 Crimes praticados em aeronaves ou embarcações período determinado.
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, As características principais das leis excepcionais e
quando em território estrangeiro e aí não sejam temporárias são:
julgados (princípio representação/bandeira/pavilhão) A) Autorrevogabilidade (autorrevogáveis) – não
Estas são as hipóteses em que se aplica, precisam de outra lei para
condicionalmente, a lei penal brasileira a fatos revogá-las, pois uma tem período condicional (até
ocorridos no estrangeiro. As condições para esta que termine a excepcionalidade) e a outra tempo
aplicação se encontram no art. 7°, § 2° do CPB: determinado (até o término previsto desde sua
 Entrar o agente no território nacional criação. Data determinada). Por estes motivos,
 Ser o fato punível também no país em que foi autorrevogam-se dentro das peculiaridades de cada
praticado (dupla tipicidade) uma
 Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a B) Ultratividade (ultrativas) – é o fenômeno de que
lei brasileira autoriza a extradição os fatos cometidos dentro de sua vigência, mesmo
 Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou após a extinção, continuam a ter efeitos.
não ter aí cumprido a pena Pelo fenômeno da ultratividade, os fatos praticados
 Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, dentro do período da lei excepcional ou temporária
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, (mesmo que já extintas) continuam a produzir
segundo a lei mais favorável efeitos. Os efeitos dos atos praticados não
3.2.3 Extraterritorialidade hipercondicionada extinguem-se com elas!
Entretanto, existe ainda a chamada Para concluir, temos:
extraterritorialidade hipercondicionada, que é a Lei Excepcional: criada para situações excepcionais
hipótese prevista no § 3° do art. 7º, qual seja, crime Lei temporária: criada para um período
praticado por estrangeiro contra brasileiro fora do determinado/certo
Brasil. Dessa forma, acredito tornar mais fácil a leitura do
Neste caso, além das condições anteriores, existem art. 3º do CP:
ainda duas outras condições: “Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº
 Ter havido requisição do Ministro da Justiça 7.209, de 11.7.1984)
(espécie de "autorização” para a persecução penal) Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
 Não ter sido pedida ou ter sido negada a
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
extradição do estrangeiro que praticou o crime
praticado durante sua vigência. (Redação dada pela
Ausente qualquer das condições, não será aplicável a
Lei nº 7.209, de 1984)”
lei penal brasileira.
4 Lugar do Crime
Teoria Geral do Crime
Para aplicarmos corretamente a lei penal no espaço,
CONCEITO DE CRIME
precisamos saber, com exatidão, qual é o local do
Podemos conceituar infração penal como a conduta,
crime. Para tanto, existem algumas teorias. O CP
em regra praticada por pessoa humana, que ofende
adotou (art. 6º) a teoria da ubiquidade ou (teoria
um bem jurídico penalmente tutelado, para a qual a
mista), que estabelece que se considera praticado o
lei estabelece uma pena, seja ela de reclusão,
delito tanto no lugar onde ocorreu a conduta quanto
detenção, prisão simples ou multa.
no lugar onde ocorreu ou deveria ocorrer o resultado.
A infração penal é o gênero do qual decorrem duas
Só para finalizar, vou deixar de lambuja para vocês um
espécies, crime e contravenção.
macete para gravarem as teorias adotadas para o
Sob o aspecto legal, ou formal, crime é toda infração
tempo do crime e para o lugar do crime:
penal a que a lei comina pena de reclusão ou
Lugar = Ubiquidade
detenção. Nos termos do art. 1° da Lei de Introdução
Tempo = Atividade
ao CP:
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei
Lei penal excepcional, especial e temporária
comina pena de reclusão ou de detenção, quer
A lei Excepcional é criada para vigorar sob
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
determinadas condições excepcionais (calamidade,
com a pena de multa; contravenção, a infração penal
guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período
a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão

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simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou quando o agir de alguém é dirigido a alguma
cumulativamente. finalidade (seja ela lícita ou não).
Percebam que o conceito aqui é meramente legal. Se Assim, a conduta é elemento do fato típico, podendo
a lei cominar a uma conduta a pena de detenção ou haver conduta dolosa ou culposa, a depender de cada
reclusão, cumulada ou alternativamente com a pena circunstância. A conduta humana, como se viu, pode
de multa, estaremos diante de um crime. ser uma ação ou uma omissão. Na omissão, podemos
Por outro lado, se a lei cominar a apenas prisão ter:
simples ou multa, alternativa ou cumulativamente,  Crime omissivo puro (ou próprio)
estaremos diante de uma contravenção penal.  Crime omissivo impuro (impróprio) Nos crimes
Sob o aspecto material, crime é toda ação humana omissivos puros o tipo penal estabelece uma omissão
que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico de como sendo a conduta criminalizada. Ou seja,
terceiro, que, por sua relevância, merece a proteção criminaliza-se no tipo penal um “não fazer”. Vejamos:
penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto Omissão de socorro
conteúdo, ou seja, busca identificar se a conduta é ou Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando
não apta a produzir uma lesão a um bem jurídico possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
penalmente tutelado. abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo;
analítico, que o divide em partes, de forma a ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
estruturar seu conceito. pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou
A teoria tripartida (teoria aceita pela doutrina mais multa.
que majoritária) entende que crime é o fato típico,
ilícito, com agente culpável, ou seja: fato típico + Como se vê, o tipo penal estabelece que aquele que
ilicitude + culpabilidade. não fizer o que norma determina responderá por
Vejamos, agora, o primeiro desses elementos. aquele crime. Assim, no crime omissivo puro o agente
FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS simplesmente descumpre a norma penal, que
O fato típico também se divide em elementos, são impunha o dever de agir.
eles: Neste caso, é irrelevante avaliar se houve qualquer
• Conduta humana (alguns entendem possível a resultado (no exemplo, é irrelevante saber se houve
conduta de pessoa jurídica) dano à vítima), pois o agente responde criminalmente
• Resultado naturalístico pelo simples fato de ter violado a norma penal,
• Nexo de causalidade descumprindo o mandamento.
• Tipicidade Nos crimes omissivos impuros, ou impróprios,
1 Conduta também chamados de crimes comissivos por omissão
Para a teoria finalista (adotada no Brasil), que foi não há um tipo penal que estabeleça como crime uma
idealizada por Hans Welzel, a conduta humana é a conduta omissiva. Em tais crimes o agente é
ação (positiva ou negativa) voluntária dirigida a uma responsabilizado por um determinado resultado
determinada finalidade. Assim: lesivo, por ter se omitido quando tinha o dever legal
CONDUTA = VONTADE + AÇÃO OU OMISSÃO de agir em específica situação, pela sua especial
Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta posição de garantidor:
não existirá, o que acarreta a inexistência de fato EXEMPLO: Maria é casada com José. Todavia, Maria
típico. É necessária, portanto, a conjugação do possui uma filha de 11 anos de idade, Joana, oriunda
aspecto objetivo (ação ou omissão) e do aspecto de seu casamento anterior. Certo dia, Maria descobre
subjetivo (vontade). que José está tendo relações sexuais com sua filha.
EXEMPLO: João olha para Roberto e o agride, por livre Com receio de que José se separe dela, Maria não
espontânea vontade. Estamos diante de uma conduta adota nenhuma providência, ou seja, acompanha a
(quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado). situação sem nada fazer para impedir que sua filha
Agora, se João dirige seu carro, vê Roberto e sem seja estuprada.
querer, o atinge, estamos diante de uma conduta Neste caso, Maria praticou um crime omissivo
(quis dirigir e acabou ferindo) culposa (não quis o impróprio. Isso porque Maria tinha o específico dever
resultado). de proteção e cuidado em relação à sua filha, de
Vemos, portanto, que a expressão “vontade” (ou forma que tinha o dever de agir para impedir que a
voluntariedade) se refere à prática da conduta (ação filha fosse vítima daquele crime, ou seja, tinha o dever
ou omissão). Esta deve ser sempre voluntária. de agir para impedir a ocorrência do resultado.
A grande evolução da teoria finalista em relação à Tecnicamente falando, a conduta da mãe não deu
teoria causalista foi conceber a conduta como um causa ao resultado. O resultado foi provocado pela
“acontecimento final”1 , ou seja, somente há conduta conduta do padrasto. Entretanto, pela teoria
naturalístico-normativa, o resultado será imputado à
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mãe, em razão do seu descumprimento do dever de falecer minutos depois, por conta do veneno. Para
vigilância e cuidado. sabermos se a conduta de José foi causa da morte,
2 Resultado naturalístico devemos nos perguntar: e se José não tivesse colocado
O resultado naturalístico é a modificação do mundo o veneno? Maria ainda assim morreria? A resposta é
real provocada pela conduta do agente. negativa. Logo, a conduta de José foi causa do
Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se resultado.
exige um resultado naturalístico. Nos crimes formais e EXEMPLO 2: José coloca veneno na bebida de Maria.
de mera conduta não há essa exigência. Os crimes Esta ingere a bebida, mas nada sente, pois se trata de
formais são aqueles nos quais o resultado veneno que demora 24h para produzir efeitos. Alguns
naturalístico é previsto pelo tipo penal, mas a sua minutos após ingere o veneno, Maria sai de casa e
ocorrência é irrelevante para a consumação do crime. acaba sendo alvejada por um raio e vem a falecer.
Já os crimes de mera conduta são aqueles em que não Para sabermos se a conduta de José foi causa da
há um resultado naturalístico previsto pelo tipo penal. morte, devemos nos perguntar: e se José não tivesse
Assim: colocado o veneno? Maria ainda assim morreria? A
 Crime material – Homicídio. Para que o homicídio resposta é POSITIVA (o fato de ter colocado o veneno
seja consumado, é necessário que a vítima venha a não altera nada no processo causal). Logo, a conduta
óbito. Caso isso não ocorra, estaremos diante de um de José NÃO foi causa do resultado.
homicídio tentado (ou lesões corporais culposas); O CP também adotou a teoria da causalidade
 Crime formal – Extorsão (art. 158 do CP). Para que adequada, mas como exceção. Trata-se da hipótese
o crime de extorsão se consume não é necessário que de concausa superveniente relativamente
o agente obtenha a vantagem ilícita, bastando o independente que, por si só, produz o resultado3 .
constrangimento à vítima; Como assim? Vamos lá:
 Crime de mera conduta – Invasão de domicílio. As concausas são circunstâncias que atuam
Nesse caso, a mera presença do agente, paralelamente à conduta do agente em relação ao
indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza o resultado. As concausas podem ser: absolutamente
crime. Não há um resultado previsto para esse crime. independentes e relativamente independentes.
Qualquer outra conduta praticada a partir daí As concausas absolutamente independentes são
configura crime autônomo (furto, roubo, homicídio, aquelas que não se juntam à conduta do agente para
etc.). produzir o resultado, e podem ser preexistentes
Além do resultado naturalístico (que nem sempre (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram
estará presente), há também o resultado jurídico (ou durante a conduta) e supervenientes (surgiram após a
normativo), que é a ofensa ao bem jurídico tutelado conduta).
pela norma penal. Esse resultado sempre estará EXEMPLO: José coloca veneno na bebida de Maria.
presente! Maria ingere a bebida e nada sente, pois o veneno
tem efeito retardado, demorando horas para provocar
3 Nexo de Causalidade sintomas. Antes de sentir qualquer coisa, Maria acaba
O nexo de causalidade pode ser entendido como o falecendo em razão de uma bala perdida enquanto
vínculo que une a conduta do agente ao resultado estava no ônibus indo para casa. Nesse caso, a “bala
naturalístico. perdida” foi uma concausa (outro evento diferente da
conduta de José) superveniente (vem depois)
O CP adota, como regra, a teoria da equivalência dos absolutamente independente (não tem nenhuma
antecedentes causais no que tange ao nexo de relação com a conduta de José).
causalidade: No caso de concausa absolutamente independente
que dá causa ao resultado, estamos diante de uma
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do quebra no nexo de causalidade. O agente não
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. responderá pelo resultado, pois sua conduta não foi a
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o causa do resultado (no exemplo anterior, José
resultado não teria ocorrido. responderá apenas por homicídio tentado).
Para esta teoria (também chamada de conditio sine Até aqui conseguimos resolver somente com a teoria
qua non), é considerada causa do crime toda conduta da causalidade adequada.
sem a qual o resultado não teria ocorrido. Assim, para Porém, existem concausas que possuem alguma
se saber se uma conduta é ou não causa do crime, relação com a conduta do agente. Essas são as
devemos retirá-la do curso dos acontecimentos e ver chamadas concausas relativamente independentes,
se, ainda assim, o crime ocorreria (chamado processo que também podem ser preexistentes, concomitantes
hipotético de eliminação de Thyrén). ou supervenientes.
EXEMPLO: José coloca veneno na bebida de Maria,
que ingere a bebida e começa a se sentir mal, vindo a
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Primeiro começarei pelas preexistentes e ambulância e, no caminho para o Hospital, sofre um
concomitantes. Após, falarei especificamente sobre as acidente de carro (a ambulância bate de frente com
supervenientes. uma carreta) e vem a morrer em razão do acidente,
EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo não dos ferimentos causados por Pedro.
contra ela golpes de facão, causando-lhe a morte. Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de
Entretanto, Maria era hemofílica (condição conhecida homicídio.
por Caio), tendo a doença contribuído em grande Por qual motivo? Sua conduta não foi a causa da
parte para seu óbito. Nesse caso, embora a doença morte. Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o
(concausa preexistente) tenha contribuído para o resultado teria ocorrido? Não. Pedro teve a intenção
óbito, Caio responde por homicídio consumado. Por de produzir o resultado? Sim.
qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte Então por qual razão não responde pelo resultado??
(aplica-se a própria e já falada teoria da equivalência Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A
dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Caio, causa superveniente (acidente de trânsito) produziu
o resultado teria ocorrido? Não. Caio teve a intenção por si só o resultado, já que o acidente de ambulância
de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo não é o desdobramento natural de um disparo de
resultado (homicídio consumado). arma de fogo (esse resultado não é consequência
____________________________________________ natural e previsível da conduta do agente4 ).
_______ Perceba que a concausa superveniente (acidente de
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar João, e coloca em carro), apesar de produzir sozinha o resultado, não é
seu drink determinada dose de veneno. Ao mesmo absolutamente independente, pois se não fosse a
tempo, Ricardo faz a mesma coisa. Pedro e Ricardo conduta de Pedro, o acidente não teria ocorrido (já
querem a mesma coisa, mas não se conhecem nem que a vítima não estaria na ambulância).
sabem da conduta um do outro. João ingere a bebida Por isso dizemos que, aqui, temos:
e acaba falecendo. A perícia comprova que qualquer ▪ Concausa superveniente relativamente
das doses de veneno, isoladamente, não seria capaz independente – A conduta de Pedro é relevante para
de produzir o resultado. Porém, a soma de esforços o resultado.
de ambas (a soma das quantidades de veneno) ▪ Que por si só produziu o resultado – Apesar disso, a
produziu o resultado. Assim, Pedro responde por conduta de Pedro foi relevante apenas por CRIAR A
homicídio consumado (Ricardo também responde, SITUAÇÃO, mas não foi a responsável efetiva pela
mas estamos analisando a conduta de Pedro!). Por morte.
qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte EXEMPLO (2) - No mesmo exemplo anterior, João é
(aplica-se a própria e já falada teoria da equivalência socorrido e chegando ao Hospital, é submetido a uma
dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de cirurgia. Durante a cirurgia, o ferimento infecciona e
Pedro, o resultado teria ocorrido? Não. Pedro teve a João morre por infecção. Nesse caso, a causa
intenção de produzir o resultado? Sim. Logo, superveniente (infecção hospitalar) não produziu por
responde pelo resultado (homicídio consumado). si só o resultado, tendo se agregado aos ferimentos
Até aqui é possível resolver todos os casos pela teoria para causar a morte de João. Nesse caso, Pedro
da equivalência dos antecedentes, da seguinte forma: responde por homicídio consumado.
• Nas concausas absolutamente independentes – Em Mas qual a diferença entre o exemplo (1) e o exemplo
todos os casos a conduta do agente não contribuiu (2)? A diferença básica reside no fato de que:
para o resultado. Logo, pelo juízo hipotético de ▪ No exemplo (1) – A conduta do agente é relevante
eliminação, a conduta do agente não foi causa. em apenas um momento: por criar a situação
Portanto, não responde pelo resultado. (necessidade de ser transportado pela ambulância).
• Nas concausas relativamente independentes ▪ No exemplo (2) - A conduta do agente é relevante
(preexistentes e concomitantes) – Em todos os casos a em dois momentos: (a) cria a situação, ao fazer com
conduta do agente contribuiu para o resultado. Logo, que a vítima tenha que ser operada; (b) contribui para
pelo juízo hipotético de eliminação, a conduta do o próprio resultado (já que a infecção do ferimento
agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado. não é um novo nexo causal).
No caso das concausas supervenientes relativamente Há, ainda, a teoria da imputação objetiva, que foi
independentes, podem acontecer duas coisas: melhor desenvolvida por Roxin5 , mas que não foi
▪ A causa superveniente produz por si só o resultado adotada expressamente pelo CP. Para a teoria da
▪ A causa superveniente se agrega ao desdobramento imputação objetiva, a imputação só poderia ocorrer
natural da conduta do agente e ajuda a produzir o quando o agente tivesse dado causa ao fato
resultado. (causalidade física) mas, ao mesmo tempo, houvesse
EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar João, e dispara 25 uma relação de causalidade NORMATIVA, assim
tiros contra ele, usando seu fuzil calibre 7.62 (agora compreendida como a criação de um risco não
vai!). João fica estirado no chão, é socorrido por uma
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permitido para o bem jurídico que se pretende EXEMPLO: Imagine o caso de alguém que, querendo
tutelar. matar certo executivo, coloca uma bomba no avião
em que este se encontra. Ora, nesse caso, o agente
4 Tipicidade age com dolo de primeiro grau em face da vítima
A tipicidade pode ser de duas ordens: tipicidade pretendida, pois quer sua morte, e dolo de segundo
formal e tipicidade material. grau em relação aos demais ocupantes do avião, pois
A tipicidade formal nada mais é que a adequação da é certo que também morrerão, embora este não seja
conduta do agente a uma previsão típica (norma o objetivo do agente.
penal que prevê o fato e o descreve como crime). Ex.: Há, ainda, o que a Doutrina chama de dolo indireto. O
José pega para si o celular de Maria. Nesse caso, dolo indireto se divide em dolo eventual e dolo
temos aqui tipicidade formal, pois a conduta de José alternativo.
corresponde ao que prevê o tipo penal (art. 155 – O dolo eventual consiste na consciência de que a
furto) como crime. Nesse caso, temos o que se chama conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a
de adequação típica (a conduta praticada no mundo assunção desse risco, mesmo diante da probabilidade
real é aquilo que está criminalizado na norma) ou de algo dar errado. Trata-se de hipótese na qual o
juízo positivo de tipicidade. agente não tem vontade de produzir o resultado
A adequação típica pode ser: criminoso, mas, analisando as circunstâncias, sabe
que este resultado pode ocorrer e não se importa, age
 Imediata (direta) – Conduta do agente é da mesma maneira.
exatamente aquela descrita na norma penal EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um sítio, e
incriminadora. Ex.: José atira em Maria, querendo sua apreciador da prática do tiro esportivo, decida
morte, e Maria morre. Há adequação típica imediata levantar sábado pela manhã e praticar tiro no seu
ao tipo penal do art. 121 do CP. terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo
 Mediata (indireta) – A conduta do agente não alcance e que há casas na vizinhança. Renato até não
corresponde exatamente ao que diz o tipo penal, quer que ninguém seja atingido, mas sabe que isso
sendo necessária uma norma de extensão. Ex.: Paulo pode ocorrer e não se importa, pratica a conduta
empresta a arma para que José mate Maria, o que assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguém,
efetivamente ocorre. Paulo não praticou a conduta de causando-lhe lesões ou mesmo a morte, estará
“matar alguém”, logo, a adequação típica depende do praticando homicídio doloso por dolo eventual
art. 29 do CP (que estabelece que os partícipes No dolo alternativo o agente pratica a conduta sem
respondem pelo crime). Assim: art. 121 + art. 29 do pretender alcançar um resultado específico,
CP. estabelecendo para si mesmo que qualquer dos
A tipicidade material, por sua vez, é a ocorrência de resultados possíveis é válido.
uma ofensa (lesão ou exposição a risco de lesão) EXEMPLO: José atira uma pedra em Maria, querendo
significativa ao bem jurídico. Assim, não haverá matá-la ou lesioná-la, tanto faz. Ou seja, José não
tipicidade material quando a conduta, apesar de possui a intenção específica de matar, mas também
formalmente típica (prevista na Lei como crime), não não possui a intenção específica de lesionar. O que
for capaz de afetar significativamente o bem jurídico José, pretende, apenas, é causar dano a Maria.
protegido pela norma. Um exemplo disso ocorre nas Vale ressaltar que em alguns tipos penais dolosos a lei
hipóteses em que há aplicação do princípio da exige não só a vontade livre e consciente de praticar a
insignificância (ex.: subtração, num supermercado, de conduta, mas vai além, exigindo um dolo específico,
uma lata de leite, avaliada em R$ 10,00) ou ou especial fim de agir, ou seja, em alguns casos o tipo
adequação social da conduta (condutas previstas penal exige alguma finalidade específica por parte do
como crime, mas toleradas pela sociedade). agente. É o caso do crime de injúria, por exemplo, no
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO qual o agente deve não só praticar a conduta, mas
1 Crime doloso deve fazê-lo com a intenção de ofender a honra
O dolo é o elemento subjetivo do tipo, consistente na subjetiva da vítima (ex.: José chama Pedro de corno,
vontade, livre e consciente, de praticar o crime (dolo mas de forma carinhosa, pois são amigos de longa
direto), ou a assunção do risco produzido pela data. Nesse caso, apesar do dolo de chamar de
conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP: “corno”, algo ofensivo, não havia dolo específico de
O dolo direto, que é o elemento subjetivo clássico do ofender a honra da vítima).
crime, é composto pela consciência (conhecimento
das circunstâncias) e vontade de alcançar o resultado. 2 Crime culposo
O dolo direto pode ser, ainda, de segundo grau, ou de No crime culposo a conduta do agente não é dirigida
consequências necessárias. Neste o agente não deseja ao resultado criminoso previsto no tipo, mas pela
a produção do resultado, mas aceita o resultado como violação a um dever de cuidado, o agente acaba por
consequência necessária dos meios empregados. dar causa ao resultado não querido.
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A violação ao dever objetivo de cuidado pode se dar aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o
de três maneiras: agente prevê o resultado e mesmo assim age.
• Negligência – O agente deixa de tomar todas as Entretanto, a diferença é que, enquanto no dolo
cautelas necessárias para que sua conduta não venha eventual o agente assume o risco de produzi-lo, não
a causar o resultado. se importando com a sua ocorrência, na culpa
• Imprudência – O agente aqui pratica atos consciente o agente não assume o risco de produzir o
temerários, que não se coadunam com a prudência resultado, pois acredita, sinceramente, que ele não
que se deve ter na vida em sociedade, praticando ocorrerá.
conduta demasiadamente arriscada e potencial
causadora de danos aos demais. • Culpa própria e culpa imprópria – A culpa própria é
• Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma aquela na qual o agente NÃO QUER O RESULTADO
regra técnica profissional. Falta técnica (perícia) ao criminoso. Na culpa imprópria, o agente quer o
agente na prática da conduta (Ex.: médico que comete resultado, mas, por erro evitável pelas circunstâncias
falha grotesca ao realizar uma cirurgia e o paciente [ex.: José, durante a madrugada, ouve um barulho no
morre). quarto da filha. Na escuridão, pensando ser um
O CP prevê o crime culposo em seu art. 18, II, criminoso, José desfere uma paulada na cabeça do
estabelecendo que se considera culposo o crime mesmo (dolo de lesão). Todavia, era Ricardo,
“quando o agente deu causa ao resultado por namorado da filha, que estava fugindo pela janela
imprudência, negligência ou imperícia”. (erro evitável, pois poderia ter sido mais cauteloso e
Os elementos do crime culposo são: ter checado melhor as circunstâncias). Nesse caso,
• Uma conduta voluntária – Conduta praticada com temos uma descriminante putativa (legítima defesa
voluntariedade (agente quer praticar a conduta), putativa), de forma que José não responderá na forma
embora o resultado causado não tenha sido aquele dolosa, mas como se trata de erro evitável, será
desejado pelo agente. punido na forma culposa (culpa imprópria), conforme
• A violação a um dever objetivo de cuidado – Que art. 20, §1º]. Como se vê, na culpa imprópria o agente
pode se dar por negligência, imprudência ou quer o resultado, mas só quer porque incorre em erro
imperícia. evitável sobre as circunstâncias fáticas.
• Um resultado naturalístico involuntário – O Há ainda a figura do crime preterdoloso (ou
resultado produzido não foi querido pelo agente preterintencional). O crime preterdoloso ocorre
(salvo na culpa imprópria, que veremos adiante). quando o agente, com vontade de praticar
• Nexo causal – Relação de causa e efeito entre a determinado crime (dolo), acaba por praticar crime
conduta do agente (voluntária) e o resultado ocorrido mais grave, não com dolo, mas por culpa. Um
no mundo fático (involuntário) exemplo clássico é o crime de lesão corporal seguida
• Tipicidade – O fato deve estar previsto como crime. de morte, previsto no art. 129, § 3° do CP. Nesse
Em regra, os crimes só podem ser praticados na forma crime o agente provoca lesões corporais na vítima,
dolosa, só podendo ser punidos a título de culpa mediante conduta dolosa. No entanto, em razão de
quando a lei expressamente determinar. Essa é a sua imprudência na execução (excesso), acabou por
regra do § único do art. 18 do CP. provocar a morte da vítima, que era um resultado não
• Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve pretendido (culpa).
ser previsível mediante um esforço intelectual
razoável. É chamada previsibilidade objetiva. Assim, CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSÍVEL
se uma pessoa comum, de inteligência mediana, seria 1 Iter criminis
capaz de prever aquele resultado, está presente este O iter criminis é o “caminho do crime”, ou seja, o
requisito. Se o resultado não for previsível itinerário percorrido pelo agente até a consumação do
objetivamente, o fato é um indiferente penal, eis que delito, e pode ser dividido em 04 etapas:
terá sido mero acidente, já que não era algo capaz de 1.1 Cogitação (cogitatio)
ter sido previsto pelo agente causador do resultado. É a representação mental do crime na cabeça do
Não se exige a efetiva previsão (se previsto, será culpa agente, a fase inicial, na qual o agente idealiza como
consciente; se não previsto mas previsível, será culpa será a conduta criminosa. Trata-se de uma fase
inconsciente). interna, ou seja, não há exteriorização da ideia
A culpa, por sua vez, pode ser de diversas criminosa, adoção de preparativos, nada disso. Assim,
modalidades: a cogitação é sempre impunível, pois não sai da esfera
• Culpa consciente e inconsciente – Na culpa psicológica do agente.
consciente, o agente prevê o resultado como possível, 1.2 Atos preparatórios (conatus remotus)
mas acredita que este não irá ocorrer. Na culpa Aqui o agente adota algumas providências para a
inconsciente (ex ignorantia), o agente não prevê que o realização do crime, ou seja, dá início aos preparativos
resultado possa ocorrer. A culpa consciente se para a prática delituosa, sem, contudo, iniciar a
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execução do crime propriamente dita (Ex.: José quer  Tentativa vermelha ou cruenta – Ocorre quando o
matar Maria. Para tanto, José vai até uma loja e agente atinge o objeto, mas não obtém o resultado
compra uma faca bem afiada). naturalístico esperado, em razão de circunstâncias
Como regra, os atos preparatórios são impuníveis, já alheias à sua vontade. Ex.: José atira em Maria, com
que o agente não chega, sequer, a iniciar a execução dolo de matar, e acerta o alvo. Maria, todavia, sofre
do crime. Todavia, os atos preparatórios serão apenas lesões leves no braço, não vindo a falecer.
puníveis quando configurarem, por si só, um delito  Tentativa perfeita – Ocorre quando o agente
autônomo (ex.: comprar ilegalmente uma arma de esgota completamente os meios de que dispunha
fogo, visando a prática futura de um homicídio) ou para lesar o objeto material. Ex.: José atira em Maria,
quando a própria Lei estabelecer que a preparação com dolo de matar, descarregando todos os projéteis
para certo crime é punível (ex.: terrorismo). da pistola. Acreditando ter provocado a morte, vai
1.3 Atos executórios embora satisfeito. Todavia, Maria é socorrida e não
Os atos executórios são aqueles por meio dos quais o morre.
agente, efetivamente, dá início à conduta delituosa,  Tentativa imperfeita – Ocorre quando o agente,
por meio de um ato capaz de provocar o resultado. antes de esgotar toda a sua potencialidade lesiva, é
Ex.: José quer matar Maria. Para tanto, espera Maria impedido por circunstâncias alheias, sendo forçado a
passar pela porta de sua casa e, quando ela passa, interromper a execução. Ex.: José possui um revólver
dispara contra ela um projétil de arma de fogo. Neste com 06 projéteis. Dispara os 03 primeiros contra
momento se inicia a execução. Maria, mas antes de disparar o quarto é surpreendido
1.4 Consumação pela chegada da Polícia Militar, de forma que foge
Aqui o crime atinge sua realização plena, havendo a sem completar a execução, e Maria não morre.
presença de todos os elementos que o compõem, ou É possível a mescla de espécies de tentativa entre as
seja, o agente consegue realizar tudo o que o tipo duas primeiras com as duas últimas (cruenta e
penal prevê, causando a ofensa jurídica prevista na imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), mas nunca
norma penal. entre elas mesmas (ao mesmo tempo cruenta e
Temos, aqui, portanto, um crime completo e acabado. incruenta ou perfeita e imperfeita), por questões
2 Tentativa lógicas.
De acordo com o art. 14, II do CP, há tentativa Em regra, todos os crimes admitem tentativa.
quando, uma vez iniciada a execução, não se consuma Entretanto, não admitem tentativa:
o crime por circunstâncias alheias à vontade do  Crimes culposos – Nestes crimes o resultado
agente. naturalístico não é querido pelo agente, logo, a
EXEMPLO: José quer roubar Maria, e anuncia o vontade dele não é dirigida a um fim ilícito e,
assalto. Antes que Maria entregue qualquer pertence, portanto, não ocorrendo este, não há que se falar em
a polícia chega e prende José em flagrante. interrupção involuntária da execução do crime6 .
EXEMPLO 2: José quer matar Maria, e contra ela  Crimes preterdolosos – Como nestes crimes existe
desfere vários disparos de arma de fogo. Maria, dolo na conduta precedente e culpa na consequência,
porém, é socorrida, levada para o hospital e não se admite tentativa.
sobrevive.  Crimes unissubsistentes – São aqueles que se
Assim, na tentativa o agente dá início à execução, mas produzem mediante um único ato, não cabendo
não consegue alcançar a consumação por fatores fracionamento de sua execução. Assim, ou o crime é
alheios (externos, estranhos) à sua vontade. consumado ou sequer foi iniciada sua execução.
Estas circunstâncias alheias à vontade do agente EXEMPLO: Injúria verbal. Ou o agente profere a injúria
podem ser de diversas ordens (ex.: intervenção de e o crime está consumado ou ele sequer chega a
terceiro, caso fortuito, falhas do próprio infrator, etc,). proferi-la, não havendo crime algum.
Mas, qual é a pena do agente em caso de tentativa? A  Crimes omissivos próprios – Seguem a mesma
pena será a mesma do crime consumado, reduzida de regra dos crimes unissubsistentes, pois ou o agente se
um a dois terços, salvo disposição expressa em omite, e pratica o crime na modalidade consumada ou
contrário, na forma do art. 14, §único do CP (teoria não se omite, hipótese na qual não comete crime.
objetiva da punibilidade da tentativa). Quanto mais  Contravenções penais – A tentativa, neste caso,
próximo da consumação, menor será a diminuição da até pode ocorrer, mas não será punível, nos termos
pena, e vice-versa. do art. 4° do Decreto-Lei n° 3.688/41 (Lei das
A tentativa pode ser: Contravenções penais);
 Tentativa branca ou incruenta – Ocorre quando o  Crimes de atentado (ou de empreendimento) –
agente sequer atinge o objeto que pretendia lesar. São crimes que se consideram consumados com a
Ex.: José atira em Maria, com dolo de matar, mas erra obtenção do resultado ou ainda com a tentativa
o alvo. deste. Por exemplo: O art. 352 tipifica o crime de

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“evasão”, dizendo: “evadir-se ou tentar evadir-se”...  Na tentativa – O agente quer, mas não pode
Desta maneira, ainda que não consiga o preso se prosseguir.
evadir, o simples fato de ter tentado isto já consuma o  Na desistência voluntária – O agente pode, mas
crime; não quer prosseguir.
 Crimes habituais – Nestes crimes, o agente deve Para que fique caracterizada a desistência voluntária,
praticar diversos atos, habitualmente, a fim de que o é necessário que o resultado não se consume em
crime se consume. Entretanto, o problema é que cada razão da desistência do agente.
ato isolado é um indiferente penal. Assim, ou o agente EXEMPLO: José desfere uma facada no vizinho Pedro.
praticou poucos atos isolados, não cometendo crime, Embora sabendo que a primeira facada não é
ou praticou os atos de forma habitual, cometendo suficiente, José se lembra da amizade com o pai de
crime consumado. Exemplo: Crime de curandeirismo, Pedro, e desiste de prosseguir na execução, de forma
no qual ou o agente pratica atos isolados, não que Pedro não morre. Nesse caso, há desistência
praticando crime, ou o faz com habitualidade, voluntária. José não responderá por homicídio
praticando crime consumado, nos termos do art. 284, tentado, mas por lesão corporal.
I do CP. No arrependimento eficaz é diferente. Aqui o agente
3 Crime impossível já praticou todos os atos executórios que queria e
Nos termos do Código Penal: podia, mas após isto, se arrepende do ato e adota
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por medidas que acabam por impedir a consumação do
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta delito.
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o EXEMPLO: José desfere uma facada no vizinho Pedro,
crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) que começa a sangrar muito. José desfere outras três
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a facadas, guarda a faca e vai embora, sabendo que sua
execução do crime, mas por circunstâncias alheias à conduta é suficiente para provocar a morte. Minutos
sua vontade o resultado não se consuma (art. 14, II do depois, arrependido, José socorre Pedro e o leva para
CPC). o Hospital. Pedro sobrevive. Nesse caso, há
No crime impossível (tentativa inidônea), arrependimento eficaz. José não responderá por
diferentemente do que ocorre na tentativa, embora o homicídio tentado, mas por lesão corporal.
agente inicie a execução do delito, JAMAIS o crime se Ambos os institutos estão previstos no art. 15 do CP.
consumaria, em hipótese nenhuma, ou pelo fato de Para que estes institutos ocorram, é necessário que a
que o meio utilizado é completamente ineficaz (ex.: conduta (desistência voluntária e arrependimento
gestante que tenta abortar ingerindo substância eficaz) impeça a consumação do resultado. Se o
incapaz de provocar aborto) ou porque o objeto resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente
material é impróprio para aquele crime (ex.: tentar responde pelo crime, incidindo, no entanto, uma
matar um cadáver). atenuante de pena genérica, prevista no art. 65, III, b
Na verdade, o crime impossível é uma espécie de do CP.
tentativa, com a circunstância de que jamais poderá 5 Arrependimento posterior
se tornar consumação, face à impropriedade do O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o
objeto ou do meio utilizado. Por isso, não se pode crime, pois este já se consumou, mas é causa
punir a tentativa nestes casos, eis que não houve obrigatória de diminuição de pena. Ocorre quando,
lesão ou sequer exposição à lesão do bem jurídico nos crimes em que não há violência ou grave ameaça
tutelado. à pessoa, o agente, até o recebimento da denúncia ou
Como o CP previu a impossibilidade de punição da queixa, repara o dano provocado ou restitui a coisa,
tentativa inidônea (crime impossível), diz-se que o CP nos termos do art. 16 do CP.
adotou a teoria OBJETIVA DA PUNIBILIDADE DO EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP),
CRIME IMPOSSÍVEL. no qual o agente quebra a vidraça de uma padaria,
4 Desistência voluntária e arrependimento eficaz revoltado com o esgotamento do pão francês naquela
Embora a Doutrina tenha se dividido quanto à tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da ação
definição da natureza jurídica destes institutos, a penal o agente ressarcir o prejuízo causado, ele
Doutrina majoritária entende se tratar de causas de responderá pelo crime, mas a pena aplicada deverá
exclusão da tipicidade, pois não tendo ocorrido o ser diminuída de um a dois terços.
resultado, e também não se tratando de hipótese Vejam que não se aplica o instituto se o crime é
tentada, não há como se punir o crime nem a título de cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.
consumação nem a título de tentativa. O arrependimento posterior também se comunica aos
Na desistência voluntária o agente, por ato voluntário, demais agentes (coautores).
desiste de dar sequência aos atos executórios, mesmo A Doutrina entende, ainda, que se a vítima se recusar
podendo fazê-lo. Conforme a clássica FÓRMULA DE a receber a coisa ou a reparação do dano, mesmo
FRANK:
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assim o agente deverá receber a causa de diminuição primeiro elemento (fato típico), presume-se a
de pena. ilicitude, que será afastada caso haja a presença de
CAUSAS DE EXCLUSÃO DO FATO TÍPICO uma causa de exclusão da ilicitude.
Haverá exclusão do fato típico sempre que estiver As causas de exclusão da ilicitude podem ser:
ausente algum de seus elementos. As principais  Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e
hipóteses são: qualquer crime. Estão previstas na parte geral do
1 Coação física irresistível Código Penal, em seu art. 23;
A coação física irresistível (também chamada de vis  Específicas – São aquelas que são próprias de
absoluta) exclui a CONDUTA, por ausência completa determinados crimes, não se aplicando a outros. Por
de vontade do agente coagido. Logo, acaba por excluir exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art. 156,
o fato típico. Não confundir com a coação MORAL §2°. Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser comum
irresistível, que exclui a culpabilidade. retira a ilicitude da conduta. Porém, só nesse crime!
Ex.: José pega Maria à força e, segurando seu braço, As causas genéricas de exclusão da ilicitude são: a)
faz com que Maria esfaqueie Joana, que está estado de necessidade; b) legítima defesa; c) exercício
dormindo. Neste caso, Maria não teve conduta, pois regular de um direito; d) estrito cumprimento do
não teve dolo ou culpa. Maria não escolheu dever legal. Entretanto, a Doutrina majoritária e a
esfaquear, foi coagida fisicamente a fazer isso. Jurisprudência entendem que existem causas
2 Erro de tipo inevitável supralegais de exclusão da ilicitude (não previstas na
No erro de tipo inevitável o agente pratica o fato lei, mas que decorrem da lógica, como o
típico por incidir em erro sobre um de seus consentimento do ofendido nos crimes contra bens
elementos. Quando o erro é inevitável (qualquer disponíveis).
pessoa naquelas circunstâncias cometeria o erro), o
agente não responde por crime algum (afasta-se o 1 Estado de necessidade
dolo e a culpa). Está previsto no art. 24 do Código Penal:
Ex.: José pega o celular que está em cima do balcão da Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade
loja e vai embora, acreditando ser o seu celular. quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
Todavia, quando chega em casa, vê que pegou o não provocou por sua vontade, nem podia de outro
celular de outra pessoa, pois confundiu com o seu. modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
Neste caso, José praticou, em tese, o crime de furto nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
(art. 155 do CP). Todavia, como houve erro inevitável EXEMPLO: José vê uma criança chorando em um carro
sobre um dos elementos do tipo (o elemento “coisa fechado em um dia de muito calor. Para salvar a
alheia”, já que José acreditava que a coisa era sua), criança, José quebra o vidro do carro. Nesse caso,
José não responderá por crime algum. apesar de a conduta (quebrar o vidro do carro) esteja
3 Sonambulismo e atos reflexos prevista como fato típico (art. 163 do CP), não houve
Nas hipóteses de sonambulismo e de atos reflexos crime, em razão do estado de necessidade;
também se afasta o fato típico, pois em ambos os O Brasil adotou a teoria unitária de estado de
casos o agente não tem controle sobre sua ação ou necessidade, que estabelece que o bem jurídico
omissão, ou seja, temos a exteriorização física do ato, protegido deve ser de valor igual ou superior ao
sem que haja dolo ou culpa. sacrificado, afastando-se em ambos os casos a
Ex.: José dá um susto em Ricardo, que acaba mexendo ilicitude da conduta.
os braços repentinamente e acerta uma cotovelada No caso de o bem sacrificado ser de valor maior que
em Paula. Neste caso, Ricardo não responde por crime o bem protegido, o agente responde pelo crime, mas
de lesão corporal pois não teve dolo ou culpa tem sua pena diminuída, nos termos do art. 24, § 2°
do CP.
4 Insignificância e adequação social da conduta Os requisitos para a configuração do estado de
Tanto na hipótese de insignificância da conduta necessidade são basicamente dois:
(ausência de ofensa significativa ao bem jurídico a) a existência de uma situação de perigo a um bem
protegido pela norma) quanto na hipótese de jurídico próprio ou de terceiro;
adequação social da conduta (tolerância da sociedade b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele
frente a uma conduta que é tipificada como crime), há sacrifica o bem alheio para salvar o próprio ou do
exclusão do fato típico, eis que não haverá tipicidade terceiro). Entretanto, a situação de perigo deve:
material.  Não ter sido criada voluntariamente pelo agente -
ILICITUDE Ou seja, o agente não pode ter causado dolosamente
Uma conduta enquadrada como fato típico pode não a situação de perigo.
ser ilícita perante o direito. Assim, a antijuridicidade  Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei
(ou ilicitude) é a condição de contrariedade da não permite o estado de necessidade diante de um
conduta perante o Direito. Estando presente o perigo futuro, ainda que iminente (cuidado: perigo
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atual é a mesma coisa que iminência de dano. Se o um terceiro (ex.: José agride Paulo para livrar Maria
perigo está acontecendo, significa que o dano está de um estupro, que estava sendo praticado por Paulo
próximo, logo, iminente). contra esta).
 A situação de perigo deve estar expondo a risco  Reação proporcional – O agente deve repelir a
de lesão um bem jurídico do próprio agente ou de injusta agressão utilizando moderadamente dos meios
um terceiro. necessários.
 O agente não pode ter o dever legal enfrentar o  Conhecimento da situação justificante – O agente
perigo – Um bombeiro, por exemplo, não pode alegar deve saber que está agindo em legítima defesa, ou
risco pessoal para deixar de salvar uma pessoa num seja, deve conhecer a situação justificante e agir com
incêndio. Ele tem o dever legal de enfrentar esse tipo intenção de defesa (animus defendendi).
de risco. Todavia, a Doutrina entende que se não há Quando uma pessoa é atacada por um animal, em
mais como enfrentar a situação, é possível alegar o regra não age em legítima defesa, mas em estado de
estado de necessidade, mesmo por aquele que teria o necessidade, pois os atos dos animais não podem ser
dever de enfrentar o perigo. Entende-se que não se considerados injustos. Entretanto, se o animal estiver
pode exigir do agente um ato de heroísmo, sendo utilizado como instrumento de um crime (dono
sacrificando a própria vida em prol de terceiros determina ao cão bravo que morda a vítima), o agente
 Ser conhecida pelo agente – O agente deve saber poderá agir em legítima defesa. Entretanto, a legítima
que está agindo em estado de necessidade (elemento defesa estará ocorrendo em face do dono, e não em
subjetivo). face do animal. Na legítima defesa, diferentemente do
Quanto à conduta do agente, ela deve ser: que ocorre no estado de necessidade, o agredido (que
• Inevitável – O bem jurídico protegido só seria salvo age em legítima defesa) não é obrigado a fugir do
daquela maneira. Não havia outra forma de salvar o agressor, ainda que possa. A lei permite que o
bem jurídico. agredido revide e se proteja, ainda que lhe seja
• Proporcional – O agente deve sacrificar apenas bens possível fugir!
jurídicos de menor ou igual valor ao que pretende A legítima defesa pode ser:
proteger.  Agressiva – Quando o agente pratica um fato
O estado de necessidade pode ser previsto como infração penal. Assim, se A agride B e
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o este, em legítima defesa, agride A, está cometendo
agente sacrifica bem jurídico de um terceiro que não lesões corporais (art. 129), mas não há crime, em
provocou a situação de perigo. razão da presença da causa excludente da ilicitude.
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem  Defensiva – O agente se limita a se defender, não
jurídico de quem ocasionou a situação de perigo. atacando nenhum bem jurídico do agressor.
Pode ser ainda:  Própria – Quando o agente defende seu próprio
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente bem jurídico.
existe;  De terceiro – Quando defende bem jurídico
• Putativo – Quando a situação de perigo não existe pertencente a outra pessoa.
de fato, apenas na imaginação do agente (não exclui a  Real – Quando a agressão a iminência dela
ilicitude, podendo ser causa de exclusão da acontece, de fato, no mundo real.
culpabilidade, se derivar de erro inevitável).  Putativa – Quando o agente acredita haver
2 Legítima defesa situação que o autoriza a agir em legítima defesa,
Nos termos do art. 25 do CP: mas, na verdade, trata-se de fruto da sua imaginação
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando (não é excludente de ilicitude).
moderadamente dos meios necessários, repele injusta CUIDADO! A legítima defesa sucessiva é possível!
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de EXEMPLO: José agride Pedro, com socos e pontapés.
outrem. Pedro, para se defender, dá um soco em José e o
O agente deve ter praticado o fato para repelir uma imobiliza (legítima defesa). Já estando José
agressão. Contudo, há alguns requisitos: imobilizado e sem oferecer qualquer risco, Pedro
 Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa, continua a agredir José (excesso), por estar com
não há legítima defesa. Dessa forma, o preso que muita raiva. José, então, o agressor inicial, poderá
agride o carcereiro que o está colocando para dentro agora repelir essa injusta agressão de Pedro (legítima
da cela não age em legítima defesa, pois a agressão defesa sucessiva).
do carcereiro (empurrá-lo à força) é justa, autorizada Atente-se que é possível alegar legítima defesa contra
pelo Direito. uma conduta acobertada apenas por excludente de
 Atual ou iminente – A agressão deve estar culpabilidade (ex.: Pedro, em coação moral irresistível,
acontecendo ou prestes a acontecer. agride José. José se defende agredindo Pedro. Há
 Contra direito próprio ou alheio – A agressão legítima defesa por parte de José). Todavia, não há
injusta pode se contra direito do próprio agente ou de
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legítima defesa real em face de qualquer conduta O consentimento do ofendido não está
acobertada por excludente de ilicitude real, pois a expressamente previsto no CP como causa de
conduta não irá se configurar como agressão injusta exclusão da ilicitude. Todavia, a Doutrina é pacífica ao
(ex.: Pedro, em estado de necessidade, agride José. sustentar que o consentimento do ofendido pode, a
José não poderá invocar legítima defesa contra Pedro, depender do caso, afastar a ilicitude da conduta,
eis que a conduta de Pedro não é injusta. José poderá funcionando como causa supralegal (não prevista na
agir, aqui, em estado de necessidade). Lei) de exclusão da ilicitude.
Por fim, importante destacar que a Lei 13.964/19 Ex.: José e Paulo combinam de fazer manobras
(Pacote “anticrime”) incluiu um § único ao art. 25 do arriscadas numa moto, estando Paulo na garupa e
CP. Vejamos: José guiando a motocicleta. Neste caso, se José perder
Art. 25 (...) Parágrafo único. Observados os requisitos a direção e causar lesões culposas em Paulo, não
previstos no caput deste artigo, considera-se haverá crime, eis que o consentimento de Paulo em
também em legítima defesa o agente de segurança relação à conduta arriscada de José afasta a ilicitude
pública que repele agressão ou risco de agressão a da conduta.
vítima mantida refém durante a prática de crimes.” A Doutrina elenca alguns requisitos para que o
(NR) consentimento do ofendido possa ser considerado
O referido parágrafo estabelece que, observados os causa supralegal de exclusão da ilicitude:
requisitos de toda e qualquer legítima defesa (reação  O consentimento deve ser válido – O
proporcional, agressão injusta atual ou iminente, consentimento deve ser prestado por pessoa capaz,
etc.), considera-se em legítima defesa o agente de mentalmente sã e livre de vícios (coação, fraude, etc.).
segurança pública que atua para repelir agressão atual  O bem jurídico deve ser próprio e disponível –
ou iminente a vítima mantida refém durante a prática Assim, não há que se falar em consentimento do
de crimes (inclusão absolutamente desnecessária, ofendido quando o bem jurídico pertence a outra
frise-se, pois tal situação já era considerada legítima pessoa ou é indisponível como, por exemplo, a vida.
defesa de outrem).  O consentimento deve ser prévio ou concomitante
3 Estrito cumprimento do dever legal e exercício à conduta – O consentimento do ofendido após a
regular de direito prática da conduta não afasta a ilicitude.
Nos termos do art. 23, III do CP: 5 Excesso punível
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: O excesso punível é o exercício irregular de uma causa
(...) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no excludente da ilicitude, seja porque não há mais a
exercício regular de direito. circunstância que permitia seu exercício (cessou a
Age acobertado pelo estrito cumprimento do dever agressão, no caso da legítima defesa, por exemplo),
legal aquele que pratica fato típico, mas o faz em seja porque o meio utilizado não é proporcional
cumprimento a um dever previsto em lei (ex.: Oficial (agredido saca uma metralhadora para repelir um
de Justiça que entra na casa contra a vontade do tapa, no caso da legítima defesa). No primeiro caso,
morador, policial que usa a força para conter o preso temos o excesso extensivo, e no segundo, o excesso
e acaba causando-lhe lesões, etc.). intensivo. Nesses casos, a lei prevê que aquele que se
exceder responderá pelos danos que causar, art. 23, §
CUIDADO! Quando o policial, numa troca de tiros, único do CP.
acaba por ferir ou matar um suspeito, ele não age no Vale frisar que o excesso pode ser doloso (agente
estrito cumprimento do dever legal, mas em legítima quer se exceder) ou culposo (agente acaba se
defesa. Isso porque o policial não tem o dever legal de excedendo sem querer). Em ambos os casos o excesso
matar ninguém, só estando autorizado a agir assim será punível, caso constitua fato típico.
quando isso for absolutamente necessário para repelir CULPABILIDADE
injusta agressão contra si ou contra terceiros. A culpabilidade nada mais é que o juízo de
Há, ainda, o exercício regular de direito. Dessa forma, reprovabilidade acerca da conduta do agente,
quem age no legítimo exercício de um direito seu, não considerando-se suas circunstâncias pessoais.
poderá estar cometendo crime, pois a ordem jurídica Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros
deve ser harmônica, de forma que uma conduta que é elementos (fato típico e ilicitude), onde se analisa o
considerada um direito da pessoa, não pode ser fato, na culpabilidade o objeto de estudo não é o fato,
considerada crime, por questões lógicas. Trata-se de mas o agente.
preservar a coerência do sistema (ex.: Pai que deixa o A teoria normativa pura considera como elementos da
filho trancado no quarto no fim de semana, como culpabilidade:
castigo. Apesar da privação da liberdade, não há a) imputabilidade;
crime, pois o pai tem o direito de, querendo, dar esse b) potencial consciência da ilicitude;
castigo). c) exigibilidade de conduta diversa.
4 Consentimento do ofendido
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Além disso, o dolo e a culpa integram o fato típico, capaz de entender o caráter ilícito da conduta e de se
não a culpabilidade (na teoria psicológica, o dolo e a comportar conforme o Direito (fator psicológico). Essa
culpa eram elementos da culpabilidade). foi a teoria adotada como regra pelo nosso Código
Todavia, o chamado dolo “normativo” que nada mais Penal.1
é que a potencial consciência da ilicitude, permanece
na culpabilidade. Para a maior parte da Doutrina, a CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida
teoria normativa pura se divide em: quando do momento em que ocorreu o fato
• Teoria extremada criminoso. Assim, se A (menor com 17 anos e 11
• Teoria limitada Mas o que dizem estas teorias? meses de idade) atira contra B, que fica em coma e só
Basicamente, a mesma coisa. A grande diferença vem a falecer quando A já tinha mais de 18 anos, A
entre elas reside no tratamento dispensado ao erro será considerado INIMPUTÁVEL, pois no momento do
sobre as causas de justificação (ou causas de crime (momento da ação ou omissão, art. 4º do CP),
exclusão da ilicitude), também conhecidas como era menor de 18 anos (critério puramente biológico,
descriminantes putativas. A teoria extremada adotado como EXCEÇÃO no CP).
defende que todo erro que recaia sobrea uma causa As causas de inimputabilidade estão previstas nos
de justificação seria equiparado ao erro de proibição. arts. 26, 27 e 28 do CP. Tais artigos trazem hipóteses
A teoria limitada, por sua vez, divide o erro sobre as em que a imputabilidade ficará afastada
causas de justificação (descriminantes putativas) em: (inimputabilidade penal), bem como hipóteses nas
• Erro sobre pressuposto fático da causa de quais ela ficará apenas diminuída, mas não será
justificação (ou erro de fato) – Neste caso, aplicam-se afastada (semi-imputabilidade). Além disso, trata de
as regras semelhantes às previstas para o erro de casos em que não será possível afastar a
tipo (tem-se aqui o que se chama de erro de tipo imputabilidade ou reconhecer semiimputabilidade
permissivo): se inevitável, isenta de pena; se evitável (emoção e paixão, por exemplo).
o erro, o agente responde na forma culposa. Vamos ver, agora, este tema com mais detalhes.
• Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma
causa de justificação (erro sobre a ilicitude da 1.1.1 Menor de 18 anos
conduta) – Neste caso, tal teoria defende que devam Esse é um critério meramente biológico e taxativo: se
ser aplicadas as mesmas regras previstas para o erro o agente é menor de 18 anos, responde perante o ECA
de proibição, por se assemelhar à conduta daquele não se aplicando a ele o CP, nos termos do art. 27 do
que age consciência da ilicitude (chamado de erro de CP.
proibição indireto).
Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a 1.1.2 Doença mental e Desenvolvimento mental
teoria limitada dizem a mesma coisa, divergindo incompleto ou retardado
apenas no que toca ao tratamento que deve ser No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o
dispensado às descriminantes putativas. O CP adota a agente era, ao tempo do fato criminoso, inteiramente
teoria limitada. incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se
era parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será
1 Elementos inimputável, ou seja, isento de pena. No segundo
1.1 Imputabilidade penal caso, será semi-imputável, e será aplicada pena,
A imputabilidade penal pode ser conceituada como a porém, reduzida de um a dois terços. Por isso se diz
capacidade mental de entender o caráter ilícito da que este é um critério BIOPSICOLÓGICO (pois mescla
conduta e de comportar-se conforme o Direito. os dois critérios).
Existem três sistemas acerca da imputabilidade: Caso o agente seja inimputável, exclui-se a
➢ Biológico – Basta a existência de uma doença culpabilidade e ele é isento de pena. Se for
mental ou determinada idade para que o agente seja semiimputável, será considerado culpável (não se
inimputável. É adotado no Brasil com relação aos exclui a culpabilidade), mas sua pena será reduzida de
menores de 18 anos. Trata-se de critério meramente um a dois terços. Assim, no caso de doença mental:
biológico: se o agente tem menos de 18 anos, é  Agente inteiramente incapaz – Inimputável (exclui
inimputável. a culpabilidade)
➢ Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou  Agente parcialmente capaz – Semi-imputável
não), na análise do caso concreto, verificando se o (reduz a pena de 1/3 a 2/3)
agente tinha capacidade, à época do fato, de No caso de o agente ser inimputável, por ser menor
entender o caráter ilícito de sua conduta e comportar- de 18 anos, não há processo penal, respondendo
se de acordo com este entendimento. perante o ECA. No caso de ser inimputável em razão
➢ Biopsicológico – Deve haver um fato biológico (ex.: de doença mental, será isento de pena (absolvido),
doença mental), mas o Juiz deve analisar no caso mas o Juiz aplicará uma medida de segurança
concreto se o agente era ou não, à época do fato, (internação ou tratamento ambulatorial), em razão de
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sua periculosidade (não há culpabilidade aqui). Isso é PARA tomar coragem e praticar o crime. Ou seja, o
o que se chama de sentença absolutória imprópria. agente não só quer ficar embriagado, ele quer ficar
No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será embriagado para praticar o crime. Tal embriaguez não
isento de pena! Será condenado a uma pena, que será afasta a imputabilidade do agente, sendo, ainda,
reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante circunstância agravante da pena (a pena, portanto,
do caso (se houver uma periculosidade concreta que será aumentada em razão de tal fato)
recomende a substituição), substitua a pena privativa 1.2 Potencial consciência da ilicitude
de liberdade por uma medida de segurança A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade
(internação ou tratamento ambulatorial). (daí o termo “potencial”) de o agente, de acordo com
suas características, conhecer o caráter ilícito do fato.
1.1.3 Embriaguez Não se trata do parâmetro do homem médio, mas de
Segundo o CP, como regra, a embriaguez não é uma uma análise da pessoa do agente.
hipótese de inimputabilidade, de forma que o agente É Quando o agente age acreditando que sua conduta
responderá pelo crime, ou seja, será considerado não é penalmente ilícita, comete erro de proibição
IMPUTÁVEL, na forma do art. 28, II do CP. (art. 21 do CP), que veremos mais à frente.
Assim, não importa se a embriaguez foi dolosa (o 1.3 Exigibilidade de conduta diversa
agente queria ficar embriagado) ou culposa (não Não basta que o agente seja imputável, que tenha
queria ficar embriagado, mas bebeu demais e ficou potencial conhecimento da ilicitude do fato, é
embriagado). O agente, nestes casos, será necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro
considerado imputável. Trata-se da adoção da modo. É necessário que esteja presente, portanto, a
chamada “Teoria da actio Libera in causa” (ação livre exigibilidade de conduta diversa.
na causa), que pode aparecer em formato de sigla A exigibilidade de conduta diversa é, assim, um juízo
(ALIC). que se faz acerca da conduta do agente, para que se
Segundo esta Teoria, o agente deve ser considerado possa definir se, apesar de praticar um fato típico e
imputável mesmo não tendo discernimento no ilícito, sendo imputável e conhecendo a ilicitude de
momento do fato, pois tinha discernimento quando sua conduta, o agente podia, ou não, agir de outro
decidiu ingerir a substância. Ou seja, apesar de não modo. Se se conclui que não era possível exigir do
ter discernimento agora (no momento do crime), agente uma postura diferente, conforme o Direito,
tinha discernimento quando se embriagou, ou seja, estará afastada a exigibilidade de conduta diversa,
sua ação era livre na causa (tinha liberdade para havendo neste caso o que se chama de inexigibilidade
decidir ingerir, ou não, a substância). de conduta diversa.
Todavia, a embriaguez pode afastar a imputabilidade Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas
quando for acidental, ou seja, decorrente de caso causas de exclusão da culpabilidade:
fortuito ou força maior (E mesmo assim, deve ser
completa, retirando totalmente a capacidade de  Coação MORAL irresistível – A coação mora
discernimento do agente). irresistível, também chamada de “vis compulsiva”
EXEMPLO: Imagine que Luciana é embriagada por ocorre quando uma pessoa coage moralmente outra a
Carlos (que coloca álcool em seus drinks). Sem saber, praticar determinado crime. Neste caso, aquele que
Luciana ingere as bebidas alcoólicas e fica age sob ameaça, por exemplo, atua em situação de
completamente embriagada. Luciana sai do local em coação moral irresistível, de forma que se entende
que estava e acaba por desacatar dois policiais que a que não era possível exigir de tal pessoa uma outra
abordaram em uma blitz. Nesse caso, Luciana estava postura.
em situação de embriaguez acidental completa, pois EXEMPLO: Alberto, mediante ameaça, obriga Poliana
a embriaguez decorreu de caso fortuito e retirou a furtar um veículo. Alberto afirma que se Poliana
completamente o discernimento desta. Neste caso, não realizar o furto, matará seu filho. Poliana, com
ficará afastada a imputabilidade penal de Luciana. medo de que Alberto cumpra a promessa e mate seu
Importante destacar que o Código Penal exige que, filho, pratica o furto e entrega o bem a Alberto.
em razão da embriaguez decorrente de caso fortuito Nesse caso, a conduta de Poliana é um fato típico
ou força maior, o agente esteja INTEIRAMENTE (furto) e ilícito (não há nenhuma causa de exclusão
INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de da ilicitude). Todavia, não se pode exigir de Poliana
determinar-se conforme este entendimento. Caso se uma outra postura, pois está sob ameaça de um mal
trate de embriaguez acidental parcial, o agente será gravíssimo (morte do filho).
considerado imputável, ou seja, responderá pelo fato  Obediência hierárquica – Na obediência
praticado. Todavia, sua pena poderá ser diminuída de hierárquica o agente pratica o fato em cumprimento a
um a dois terços. uma ordem proferida por um superior hierárquico.
 E a embriaguez preordenada? A embriaguez Todavia, a ordem não pode ser MANIFESTAMENTE
preordenada é aquela na qual o agente se embriaga ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem sabe que está
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cumprindo uma ordem ilegal, responde pelo crime  Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em
juntamente com aquele que deu a ordem. erro sobre elemento essencial do tipo, mas poderia,
CUIDADO! Nesse caso (obediência hierárquica), só se mediante um esforço mental razoável, não ter agido
aplica aos funcionários públicos, não aos particulares! desta forma, de maneira que o erro pode ser
Importante destacar que somente a coação MORAL atribuído a culpa de sua parte. Nesse caso, afasta-se o
irresistível é que exclui a culpabilidade. A coação dolo, mas é possível a punição na forma culposa
FÍSICA irresistível não exclui a culpabilidade. A coação (desde que haja previsão de punição para esta
FÍSICA irresistível EXCLUI O FATO TÍPICO, pois o fato conduta na forma culposa).
não será típico por ausência de CONDUTA, já que não Existe, ainda, o que se convencionou chamar de “erro
há voluntariedade. de tipo permissivo”. O que é isso? O erro de “tipo
EXEMPLO: José segura o braço de Maria e força a permissivo” é o erro sobre os pressupostos fáticos de
mesma a apertar o gatilho de uma arma, disparando uma causa de justificação (excludente de ilicitude).
contra Juliana. Nesse caso, Maria não teve qualquer Assim, o erro de “tipo permissivo” seria, basicamente,
voluntariedade, logo, não houve conduta. Apesar de uma descriminante putativa por erro de fato (erro
ter sido o dedo de Maria a apertar o gatilho, foi José sobre os pressupostos fáticos que autorizariam o
quem forçou fisicamente o contato entre o dedo e o agente a atuar amparado pela excludente de
gatilho. ilicitude).
Assim: coação moral irresistível, exclusão da
culpabilidade; coação física irresistível, exclusão do 2 Erro de tipo acidental
fato típico. O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na
ERRO execução do fato criminoso ou um desvio no nexo
causal da conduta com o resultado . Pode se
1 Erro de tipo essencial apresentar de diversas formas:
Pode ocorrer de o agente praticar um fato previsto
como crime por equívoco. O agente pratica um fato 2.1 Erro sobre a pessoa (error in persona)
considerado típico, mas o faz por ter incidido em erro Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da
sobre algum de seus elementos. pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que
Trata-se do erro sobre elemento constitutivo do tipo deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro não
legal de crime (ou erro de tipo). isenta de pena, e o agente responde como se tivesse
O erro de tipo é a representação errônea da praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa
realidade, na qual o agente acredita não se verificar a previsão está no art. 20, §3° do CP.
presença de um dos elementos essenciais que Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou
compõem o tipo penal. seja, não existe falha na execução do delito. O erro
EXEMPLO: José, 18 anos, conhece Maria, moça de está em momento anterior (na representação mental
apenas 13 anos, em uma boate só para maiores. da vítima).
Maria mente a idade e diz que tem 18 anos. José, pela Ex.: João quer matar seu pai, pois está com raiva em
compleição física da vítima, uma moça já razão da partilha dos bens de sua mãe. João fica na
desenvolvida, acredita que esta tem, de fato, 18 anos, espreita e, quando vê uma pessoa chegar,
e com ela mantém relação sexual. Nesse caso, José acreditando ser seu pai, mira bem no crânio e lasca
teria praticado o fato descrito como crime de estupro um balaço certeiro, fazendo com que a vítima caia
de vulnerável (art. 217-A do CP), na medida em que desfalecida. Após, verifica que a pessoa não era seu
manteve relação sexual com pessoa menor de 14 pai, mas seu tio.
anos. Todavia, nesse caso houve erro de tipo, eis que Neste caso o agente responderá como se tivesse
José incorreu em erro sobre as circunstâncias fáticas, praticado o delito contra seu pai (pessoa visada) e não
acreditando não estar presente um dos elementos do pelo homicídio contra seu tio. Trata-se da teoria da
tipo (ser Maria menor de 14 anos). equivalência.
O erro de tipo pode ser:
 Escusável – Quando o agente erra sobre as 2.2 Erro sobre o nexo causal
circunstâncias fáticas, desconhecendo um dos No erro sobre o nexo causal o agente alcança o
elementos do tipo penal, e este erro não pode ser resultado efetivamente pretendido, mas em razão de
atribuído sequer a uma culpa de sua parte. Ou seja, um nexo causal diferente daquele que o agente
trata-se de um erro justificável, escusável, desculpável planejou.
ou inevitável. Nesse caso, fica afastado o fato típico, Pode ser de duas espécies:
eis que se afasta o dolo e também se afasta qualquer  Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Aqui
possibilidade de punição a título culposo. O agente o agente, com um só ato, provoca o resultado
não será responsabilizado criminalmente. pretendido (mas com nexo causal diferente). Ex.: José
dispara dois tiros contra Maria, visando sua morte.
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Maria, em razão dos disparos, cai na piscina, e morre também Paulo, que passava na hora. Neste caso, José
por afogamento. O agente responde pelo que responde pelos dois crimes).
efetivamente ocorreu (morte por afogamento). 2.4 Erro sobre o crime ou resultado diverso do
 Dolo geral ou aberratio causae - Aqui temos o que pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis)
se chama de dolo geral ou por erro sucessivo. É o Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por
engano no que se refere ao meio de execução do acidente ou erro na execução, acaba cometendo
delito. Ocorre quando o agente, acreditando já ter outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa
ocorrido o resultado pretendido, prática outro ato, x pessoa). Na aberratio ictus há uma relação de
mas ao final verifica que este último foi o que pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies:
provocou o resultado (Ex.: O agente atira contra a Se o agente atinge apenas o resultado NÃO
vítima, visando sua morte. Acreditando que a vítima já PRETENDIDO, temos a chamada “unidade simples”. O
morreu, atira o corpo num rio, visando sua ocultação. agente responde apenas por um delito, da seguinte
Mais tarde, descobre-se que esta última conduta foi a forma:
que causou a morte da vítima, por afogamento, pois ▪ Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo
ainda estava viva). O agente responde pelo crime em relação à pessoa (ex.: José atira uma pedra em
originalmente previsto (homicídio doloso Maria e acaba quebrando uma vidraça. Responde por
consumado), tendo sido adotada a teoria unitária (ou lesão corporal tentada, apenas).
princípio unitário). ▪ Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas
pelo resultado ocorrido em relação à pessoa (ex.:
2.3 Erro na execução (aberratio ictus) José, querendo quebrar uma vidraça, atira uma pedra,
Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora mas erra e acerta Maria, causando-lhe lesão corporal.
visada, não por confundi-la, mas por erro ou acidente Responde apenas por lesão corporal).
na execução (ex.: José, querendo acertar Maria, Quando o agente atinge tanto o alvo quanto a coisa
desfere um tiro. José erra o alvo e acerta Teresa, que ou pessoa não pretendida, aplica-se a mesma regra do
passava perto do local). erro na execução: atingindo ambos os bens jurídicos
A aberratio ictus pode decorrer, também, de mero (o pretendido e o não pretendido) responderá por
acidente durante a execução do delito (não houve má AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70
execução pelo infrator, mas mero acidente) (ex.: José do CP).
atira em Maria, acerta o tiro, mata Maria, mas a bala
atravessa o corpo da vítima, atinge um barril de 2.5 Erro sobre o objeto (error in objecto)
querosene, que explode e mata Pedro). Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada,
No caso de erro na execução, assim como no erro sobre o objeto material do delito.
sobre a pessoa, não há isenção de pena, respondendo Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de
o agente como se tivesse atingido a vítima visada, na arte. Entra à noite na residência mas acaba furtando
forma do art. 73 do CP. um quadro de pequeno valor, por confundir com a
No que tange às consequências, o erro na execução obra pretendida.
pode ser de duas ordens: O CP não previu esta hipótese de erro, mas diante de
 Erro sobre a execução com unidade simples sua possibilidade fática, a Doutrina se debruçou sobre
(Aberratio ictus de resultado único) - O agente atinge o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre o objeto, não
somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, há qualquer relevância para fins de afastamento do
responde como se tivesse atingido a pessoa visada (e do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a
não aquela efetivamente atingida), da mesma forma culpabilidade. O agente responderá pelo delito. A
como ocorre no erro sobre a pessoa (Ex.: José quer doutrina majoritária sustenta que o agente deve
lesionar Maria, mas acaba errando ao atirar a pedra e responder pela conduta efetivamente praticada
acerta Joana, que estava grávida. Nesse caso, José (independentemente da coisa visada). Assim, no
responderá por lesão corporal, levando-se em conta exemplo anterior, o agente responderia pelo furto do
as condições de Maria, não de Joana. Logo, não quadro de pequeno valor (e não pelo furto da obra de
haverá a agravante de ter sido praticado o crime arte valiosa).
contra mulher grávida, pois Maria não estava grávida).
 Erro sobre a execução com unidade complexa 3 Erro determinado por terceiro
(Aberratio ictus de resultado duplo) - O agente atinge No erro determinado (ou provocado) por terceiro o
a vítima não visada, mas atinge também a vítima agente erra porque alguém o induz a isso.
originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos Nesse caso, só responde pelo delito aquele que
dois crimes, em concurso formal (ex.: José quer provoca o erro. Entende-se que há, aqui, uma
lesionar Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, modalidade de autoria mediata, na qual o autor
além de acertar Maria, a pedra acaba acertando mediato (agente provocador) utiliza o autor imediato

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(agente provocado, aquele que comete o erro) como • Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando
mero instrumento para seu intento criminoso. que, no caso concreto, estão presentes os requisitos
Ex.: Determinado médico, querendo a morte do fáticos que caracterizam a causa de justificação e,
paciente, entrega ao enfermeiro (dolosamente) uma portanto, sua conduta seria justa. Ex.: José atira
dose de veneno, e o induz a ministra-lo ao paciente, contra seu filho, de madrugada, pois acreditava tratar-
alegando tratarse de um sedativo. O enfermeiro, sem se de um ladrão (acreditava que as circunstâncias
saber do que se trata, confiando no médico, ministra fáticas autorizariam agir em legítima defesa).
o veneno. O paciente morre. Nesse caso, somente o • Erro de proibição indireto – O agente atua
médico (aquele que provocou o erro) responde pelo acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma
homicídio (neste caso, doloso). descriminante (causa de justificação) que autorize sua
conduta. Trata-se de erro sobre a existência e/ou
4 Erro de proibição limites de uma causa de justificação em abstrato.
A culpabilidade (terceiro elemento do conceito Erro, portanto, sobre o ordenamento jurídico. Ex.:
analítico de crime) é formada por alguns elementos, José é portador de glaucoma, e compra pequena
dentre eles, a potencial consciência da ilicitude, que é quantidade de maconha para fins medicinais. José
a possibilidade de o agente, de acordo com suas sabe que, a princípio, a conduta de ter pequena
características, conhecer o caráter ilícito do fato. quantidade de droga é fato típico, mas acredita que
Quando o agente age acreditando que sua conduta há excludente de ilicitude no seu caso, por ter
não é ilícita, comete erro de proibição (art. 21 do CP). glaucoma (a lei não prevê isso).
EXEMPLO: Um cidadão do interior do país, pessoa
bem simples e de pouca instrução formal, encontra CONCURSO DE PESSOAS
um bem (relógio de ouro, por exemplo) e fica com ele 1 Conceito, natureza e características
para si. Entretanto, mal sabe ele que essa conduta é O concurso de pessoas pode ser conceituado como a
crime, estando prevista no CP (apropriação de coisa colaboração de dois ou mais agentes para a prática de
achada). Vejamos: Art. 169 - Parágrafo único - Na um delito ou contravenção penal.
mesma pena incorre: (...) II - quem acha coisa alheia Mas como compreender a natureza jurídico-penal de
perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, uma conduta criminosa praticada por diversas
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor pessoas? Três teorias surgiram, de forma a explicar a
ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no relação entre os agentes, bem como a punibilidade de
prazo de 15 (quinze) dias. cada um no concurso de agentes:
Assim, o agente, diferentemente do que ocorre no  Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada
erro de tipo, representa perfeitamente a realidade pessoa responderia por um crime próprio, existindo
fática (Sabe que a coisa não é sua, é uma coisa que foi tantos crimes quantos forem os participantes da
perdida por alguém), mas acredita que sua conduta é conduta delituosa, já que a cada um corresponde uma
lícita (acredita que pode se apropriar da coisa conduta própria, um elemento psicológico próprio e
achada). um resultado igualmente particular1 .
O erro de proibição pode ser:  Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há
➢ Escusável – Nesse caso, era impossível àquele um crime para os autores, que realizam a conduta
agente, naquele caso concreto, saber que sua conduta típica emoldurada no ordenamento positivo, e outro
era contrária ao Direito. Nesse caso, exclui-se a crime para os partícipes, que desenvolvem uma
culpabilidade e o agente é isento de pena. atividade secundária.
➢ Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto  Monista (ou monística ou unitária) – A
à proibição da conduta não é tão perdoável, pois era codelinquência (concurso de agentes) deve ser
possível, mediante algum esforço, entender que se entendida, para esta teoria, como CRIME ÚNICO,
tratava de conduta ilícita (contrária ao direito). Assim, devendo todos responderem pelo mesmo crime. É a
permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, adotada pelo CP. Isso não significa que todos que
com pena diminuída de um sexto a um terço. respondem pelo delito terão a mesma pena. A pena
O erro de proibição pode ser direto (que é a hipótese de cada um irá corresponder à valoração de cada uma
mencionada) ou indireto. O erro de proibição indireto das condutas (cada um responde “na medida de sua
ocorre quando o agente atua acreditando que existe culpabilidade).
uma causa de justificação que o ampare. Contudo, O CP brasileiro adotou a teoria monista,
não confundam o erro de proibição indireto com o estabelecendo que todos aqueles que participam de
erro de tipo permissivo. Ambos se referem à uma empreitada criminosa (em concurso de agentes),
existência de uma causa de justificação (excludente de respondem pelo mesmo tipo penal (mesmo crime).
ilicitude), mas há uma diferença fundamental entre Todavia, existem exceções, como ocorre no caso do
eles: aborto provocado por terceiro com o consentimento
da gestante, no qual o terceiro responde por um
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crime (art. 126 do CP) e a gestante responde por Todavia, não basta que o executor seja um
outro (art. 124 do CP). inimputável, ele deve ser um verdadeiro
Assim, adotamos a teoria monista, com exceções INSTRUMENTO do mandante, ou seja, ele não deve
(teoria monista mitigada ou temperada). O concurso ter qualquer discernimento no caso concreto.
de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies: Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos)
 EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que combinam de matar Maria. José arma o plano e
o fato seja praticado por mais de uma pessoa. Isso entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso,
não impede, contudo, que eventual ele venha a ser Pedro é inimputável por ser menor de 18 anos, mas
praticado por mais de uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, possui discernimento, não se pode dizer que foi um
homicídio). mero “instrumento” de José. Assim, aqui não teremos
 NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige autoria mediata, mas concurso aparente de pessoas.
que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um
Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de doente mental sem nenhum discernimento) uma
conduta unilateral): Aqui os agentes praticam arma e diz para ele atirar em Maria, que vem a óbito.
condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade Neste caso há autoria mediata, pois Mauro (o
criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); b) inimputável) foi mero instrumento nas mãos de José.
condutas convergentes (crimes de conduta bilateral  Mas esta é a única hipótese de autoria mediata?
ou de encontro): Nesta modalidade os agentes A resposta é negativa. A melhor Doutrina divide a
praticam condutas que se encontram e produzem, autoria mediata em três hipóteses, basicamente:
juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); c) 1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste
condutas contrapostas: Neste caso os agentes caso, aquele que pratica a conduta foi induzido a erro
praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibição).
rixa) Ex.: Médico que entrega à enfermeira uma injeção
contendo determinada substância tóxica, e determina
2 Requisitos que esta aplique no paciente, alegando que se trata
2.1 Pluralidade de agentes de morfina, para aliviar a dor4 . A enfermeira, aqui,
Para que possamos falar em concurso de pessoas, é não atua dolosamente (do ponto de vista
necessário que tenhamos mais de uma pessoa a “finalístico”), pois apesar de dar causa à morte do
colaborar para o ato criminoso. É necessário que paciente (causalidade física, pois foi ela quem injetou
sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, mas a substância), não dirigiu sua conduta a este
prevalece o entendimento de que todos os comparsas resultado. O domínio do fato pertencia ao médico, o
devem ter discernimento, de maneira que a ausência real infrator.
de culpabilidade por doença mental, por exemplo, 2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o
afastaria o concurso de agentes, devendo ser infrator coage uma terceira pessoa a praticar um
reconhecida a autoria mediata. delito. Em se tratando de coação MORAL irresistível,
Assim, se uma pessoa, perfeitamente mental e maior teremos um agente não culpável (a coação moral
de 18 anos (penalmente imputável) determina a um irresistível afasta a culpabilidade). Desta forma,
doente mental (sem qualquer discernimento) que aquele que executa o faz em situação de não
realize um homicídio, não há concurso de pessoas, culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o
mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o coator, não sobre o coagido.
mandante, que se valeu de uma pessoa não culpável 3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente
como mero instrumento2 para praticar o crime. Não – Nesta hipótese o infrator se vale de uma pessoa
há concurso, pois um dos agentes não era culpável. inimputável para a prática do delito. A
inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor
2.1.1 Autoria mediata (inimputável) não tenha discernimento necessário5 .
A autoria mediata ocorre quando o agente (autor Caso o executor, mesmo inimputável, possua
mediato) se vale de uma pessoa como instrumento discernimento, não haverá autoria mediata.
(autor imediato) para a prática do delito.
EXEMPLO: José, maior e capaz, entrega uma arma de 2.2 Relevância causal da colaboração
fogo a uma criança de 05 anos, dizendo que ela deve A participação do agente deve ser relevante para a
colocar a arma na cabeça de Maria e fazer uma produção do resultado, de forma que a colaboração
brincadeira, pois ao apertar o gatilho, sairá água da que em nada contribui para o resultado é um
arma. A criança aperta o gatilho e Maria morre. Neste indiferente penal.
caso, temos autoria mediata, pois José (autor Além disso, a colaboração deve ser prévia ou
mediato) se valeu da criança (executor) como mero concomitante à execução, ou seja, anterior à
instrumento para a prática do delito consumação do delito. Se a colaboração for posterior
à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não
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há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, ficar meramente no plano abstrato, no plano da
outro crime (favorecimento real, receptação, etc.). cogitação, não há fato punível, nos termos do art. 31
Porém, se a colaboração for posterior à consumação, do CP:
mas combinada previamente, há concurso de pessoas. Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
combina com seu namorado para que ele esteja às são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
20h em ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na fuga) 11.7.1984).
é posterior à consumação, mas fora combinada Importante ressaltar que, em alguns casos, os atos
anteriormente, havendo, portanto, concurso de preparatórios já configuram fato punível, seja porque
pessoas. Diversa seria a hipótese, no entanto, se o a lei assim expressamente determina, seja porque
namorado tivesse ido à casa da namorada sem saber eles constituem tipo penal autônomo.
que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a
namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, 3 Modalidades
concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o 3.1 Coautoria
namorado comete o crime de favorecimento pessoal Para entendermos o fenômeno da coautoria,
(nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! devemos, primeiramente, estudar o que seria a
autoria do delito. Várias teorias, ao longo do tempo,
2.3 Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) procuraram definir o conceito de AUTOR.
Também é conhecido como concurso de vontades. O conceito extensivo de autor não diferencia autor e
Assim, para que haja concurso de pessoas, é partícipe, considerando que todos aqueles que
necessário que a colaboração dos agentes tenha sido concorrem para o crime são autores do delito. Esse
ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido conceito é baseado numa premissa “causal-
adesão de um à conduta do outro. Deste modo, a naturalista” de que todo aquele que dá causa ao
colaboração meramente causal, sem que tenha delito (por qualquer forma), deve ser considerado
havido combinação entre os agentes, não caracteriza autor do crime.
o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da Como o conceito extensivo apresentou mais
convergência. Caso haja colaboração dos agentes para problemas que soluções, surgiu o conceito restritivo
a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre de autor7 . Para esta teoria restritiva8 , autor e
eles, estaremos diante da autoria colateral, e não da partícipe não se confundem. Alguns serão autores,
coautoria. outros agentes serão apenas partícipes. Esta foi a
teoria adotada pelo CP.
2.4 Identidade de infração penal Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e
Também conhecido como unidade de infração penal partícipe, precisamos saber qual é o critério para se
para todos os agentes, está fundamentado no art. 29 diferenciar um do outro. O CP adota, conforme
do CP: doutrina majoritária, a teoria objetivo formal, que
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o estabelece que autor é quem realiza a conduta
crime incide nas penas a este cominadas, na medida prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os
de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, outros que colaboraram para isso, mas não realizaram
de 11.7.1984). a conduta descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria,
Daí podemos perceber que, se 20 pessoas colaboram por exemplo, no crime de homicídio, somente seria
para a prática de um delito (homicídio, por exemplo), autor aquele que efetivamente praticasse a conduta
todas elas respondem pelo homicídio, de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores
independentemente da conduta que tenham seriam partícipes. O grande problema desta teoria é
praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro considerar o autor intelectual (mandante) como
dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). partícipe, e não como autor. Mais que isso: essa teoria
As condutas dos agentes, portanto, devem constituir não explica o fenômeno da autoria mediata (quando
algo juridicamente unitário. alguém se vale de um inimputável para cometer um
crime).
2.5 Existência de fato punível
Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal,
necessário que o fato praticado pelos agentes seja considerando autor aquele que realiza a conduta
punível, o que de um modo geral exige pelo menos descrita no núcleo do tipo, já que denota sua
que este fato represente uma tentativa de crime, ou “vontade de autor” (animus auctoris), em
crime tentado. contraposição à “vontade de colaboração” do
Para a caracterização do crime tentado, é necessário partícipe (animus socii). Entretanto, considera-se
que seja dado início à execução do crime. Se o fato adotada a teoria do domínio do fato para os crimes
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em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., Imagine que Marcio e João combinam de matar Paulo.
de forma a complementar a teoria adotada. Esta é, Na data combinada para a execução, Marcio guia o
portanto, a posição doutrinária a respeito da posição carro até o local e fica esperando do lado de fora.
do CP sobre a diferença entre autor e partícipe. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo
Não confundam coautoria com autoria colateral. Na começa a agredir João, que na verdade mata Paulo
coautoria, deve haver vínculo subjetivo ligando as em legítima defesa. João matou Paulo em legítima
condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, defesa e não em razão do ajuste com Marcio (não
ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não age em tendo praticado fato ilícito, mas apenas típico), mas
acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia
desafetos de C, sem que um saiba da existência do como partícipe do crime. Veja que João, de fato,
outro, escondem-se atrás de árvores esperando a matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João
passagem de C, a fim de matá-lo. Quando C passa, agiu em legítima defesa. Porém, para esta teoria,
ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve ainda que a conduta de João seja considerada apenas
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai típica, mas não ilícita, Marcio deveria ser punido. O
mais uma informação: Imaginem que o laudo pior de tudo é que, neste caso, Márcio, que não
identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na praticou a conduta seria punido, mas João seria
cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não absolvido pela legítima defesa.
conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que  Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o
matou C. Nesse caso, como não se pode definir quem fato praticado (conduta principal) seja pelo menos
efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado
de homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a acima, a conduta do partícipe Marcio não é punível,
nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo pois a conduta principal, apesar de típica, não é ilícita.
é inconclusivo quanto a isto. Este é o fenômeno da Veja que, para esta corrente Doutrinária, se o fato
autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja
agindo em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se um fato típico), em razão de legítima defesa, etc., o
houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam partícipe não deve ser punido.
por crime de homicídio CONSUMADO, pois nesse caso  Teoria da acessoriedade máxima – Para esta
seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que teoria, o partícipe só será punido se o fato for típico,
levou C a óbito. ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz
exigência irrazoável, pois a culpabilidade é uma
3.2 Participação questão pessoal do agente, não guardando relação
A participação pode ser: com o fato. Assim, imagine que Carlos, maior de
 Moral – É aquela na qual o agente não ajuda idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas,
materialmente na prática do crime, mas instiga ou menor de idade. Para esta corrente, Carlos não
induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade
quando o partícipe age no psicológico do autor do de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é
crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na inimputável (não tem culpabilidade), sendo o fato
mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre apenas típico e ilícito, sem o complemento da
quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na culpabilidade.
mente do autor, que não tinha pensado no delito;  Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de
 Material – A participação material é aquela na qual o fato ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor
o partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo tenha sido efetivamente punido para que o partícipe
objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio responda pelo crime. É ainda mais irrazoável que a
para a fuga, etc. É também chamada de cumplicidade. última. Imagine que José seja partícipe de um roubo
Este auxílio não pode ser prestado após a praticado por Marcelo. No decorrer do processo,
consumação, salvo se o auxílio foi previamente Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da
ajustado. punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta
 Já que o partícipe não pratica a conduta descrita corrente, como houve extinção da punibilidade em
no núcleo do tipo penal, como puni-lo? relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe
Como a conduta do partícipe é considerada acessória (José) não poderá mais ser punido.
em relação à conduta do autor (que é principal), o A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda
partícipe é punido em razão da teoria da ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade
acessoriedade. Porém, existem quatro teorias da limitada11 , exigindo que o fato seja somente típico e
acessoriedade: ilícito para que o partícipe responda pelo crime.
 Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a Questões interessantes acerca da participação:
conduta principal deva ser um fato típico, não  A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a
importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: participação é de menor importância (art. 29, § 1° do
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CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconheça essa
apenas à participação; circunstância elementar, responde ele apenas pelo
 A participação inócua não se pune. Assim, se A crime de furto.
empresta uma faca a B, de forma a auxiliálo a matar C,
e B mata C usando seu revólver, a participação de A 5 Cooperação dolosamente distinta
foi absolutamente inócua, pois em nada auxiliou no A cooperação dolosamente distinta, também
resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, chamada de “participação em crime menos grave” ou
e B realiza a conduta porque já estava determinado a “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos
isso, a instigação promovida por A não teve qualquer os agentes decidem praticar determinado crime, mas
eficácia, pois B já mataria C de qualquer forma. durante a execução, um deles decide praticar outro
crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2°
4 Comunicabilidade das circunstâncias do CP:
O art. 30 do CP estabelece que: Art. 29 (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
condições de caráter pessoal, salvo quando pena deste; essa pena será aumentada até metade,
elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
7.209, de 11.7.1984) grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
As condições e circunstâncias podem ser: EXEMPLO: José narra ao amigo Tiago estar planejando
 Subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à um furto à residência de um casal de “bacanas” que
pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário estavam viajando para a Europa. Contudo, disse que
público, que é pessoal, pois se refere ao agente. precisava de um veículo maior e mais potente, para
 Objetivas (ou de caráter real), quando se referem poder subtrair mais objetos e fugir mais facilmente.
ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim sendo, pediu ao amigo Tiago o empréstimo de
Assim, o emprego de violência, no crime de roubo sua caminhonete. Tiago aceitou emprestar o veículo,
(art. 157 do CP) é uma elementar objetiva. certificando-se junto a José de que o crime não
De acordo com o art. 30, podemos extrair três regras envolveria qualquer tipo de violência ou grave ameaça
do CP: à pessoa. No dia planejado, José se dirigiu à casa das
 As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se vítimas para realizar o furto, acreditando que a casa
comunicam – Porém, é necessário que a circunstância estava vazia. Todavia, ao chegar ao local, se deparou
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais com os moradores na casa, motivo pelo qual rendeu
agentes. Imagine que A contrata B para matar C. B os moradores e exigiu, sob grave ameaça, a entrega
informa a A que usará de emboscada (portanto, dos pertences de maior valor, empreendendo fuga
homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2° do logo em seguida.
CP), e A concorda com isto. Nesse caso, a No caso acima, como se vê, Tiago aceitou apenas
circunstância objetiva “emboscada” (relativa ao meio participar de um FURTO (crime previsto no art. 155 do
utilizado), se comunica, pois embora A não tenha CP, com pena de reclusão de 01 a 04 anos e multa),
usado de emboscada, concordou com esta prática por embora na prática tenha ocorrido um ROUBO por
B. Diversamente, se B praticasse o crime mediante parte de José (crime do art. 157, com pena de 04 a 10
emboscada sem nada comunicar ao mandante, A, esta anos de reclusão e multa). Assim, Tiago “quis
circunstância não se comunicaria, por não ter entrado participar de crime menos grave”, de maneira que
na esfera de conhecimento de A; houve cooperação dolosamente distinta. Solução:
 As circunstâncias e condições de caráter pessoal, Tiago responderá pelo crime MENOS GRAVE (furto),
como regra, não se comunicam – Ex.: José e Pedro mas sua pena poderá ser aumentada até metade, se
combinam a morte de Paulo, irmão de José. Nesse previsível a ocorrência do resultado mais grave. A lei
caso, a condição pessoal de ser “irmão da vítima” é diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar
somente de José, e não se comunica com Pedro. Logo, a esse patamar.
a agravante de ter sido o crime praticado contra
irmão (art. 61, II, “e”) só se aplica a José, não a Pedro. 6 Concurso de agentes e crimes culposos
 As condições e circunstâncias elementares do Existe uma questão muito controvertida no que se
delito sempre se comunicam, sejam objetivas ou refere ao concurso de pessoas. É a possibilidade (ou
subjetivas – No entanto, exige-se que tenham entrado não) de concurso de pessoas em crimes CULPOSOS.
no âmbito de conhecimento dos demais agentes. Ex.: São muitas, MUITAS ideias diferentes.
Júlio, servidor público, e Marcelo subtraem alguns Resumidamente, podemos definir a Doutrina
computadores do local em que Júlio trabalha, majoritária da seguinte forma:
valendo-se da condição de Júlio. Caso Marcelo COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é
conheça a condição de funcionário público de Júlio, possível que duas pessoas, de comum acordo,
ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. resolvam praticar uma conduta imprudente, por
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exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um móvel reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
do 10º andar de um prédio, sem intenção de atingir (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ninguém, mas acabam lesionando uma pessoa. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente
PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO – Depende. tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não
Podemos estar falando de participação DOLOSA ou suspensa, por um dos crimes, para os demais será
participação CULPOSA. incabível a substituição de que trata o art. 44 deste
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
culposo, pois a Doutrina entende que não há “unidade 11.7.1984) §
de vontades” entre os agentes (um quer o resultado a 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de
título de dolo, e o outro, executor, é apenas um direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as
descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
eles no que tange ao resultado. Logo, cada um demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
responde por sua conduta. 11.7.1984)
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais
culpa, induza, instigue ou preste auxílio ao executor condutas e produz dois ou mais resultados. Pode ser
de uma conduta também culposa, e haveria “unidade homogêneo, quando todos os crimes praticados são
de vontades”. CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe idênticos (ex.: dois homicídios), ou heterogêneo,
nenhum tipo de participação em crime culposo (usar quando os crimes são diferentes (ex.: um homicídio e
esse entendimento na prova). Parte da Doutrina uma lesão corporal).
também segue este entendimento. EXEMPLO: José vai à casa de Maria e atira nesta,
matando-a. Após, procura o marido de Maria, que se
CONCURSO DE CRIMES banhava. Abre a porta do banheiro e dispara contra o
1 Conceito e natureza marido de Maria, matando-o também. Nesse caso,
O concurso de crimes pode ser de três espécies: temos duas condutas e dois resultados, logo, há
concurso formal, concurso material e crime concurso material de delitos.
continuado. A exata caracterização de cada um dos A solução neste caso é o sistema do cúmulo material,
institutos é bastante importante, pois isso influenciará ou seja, as penas serão somadas. O Juiz irá aplicar a
na adoção do sistema de aplicação da pena. Três pena do crime 1, aplicar a pena do crime 2 e, ao final,
também são os sistemas de aplicação da pena: irá proceder à soma das duas penas fixadas, chegando
 Sistema do cúmulo material – Aqui, ao agente é ao montante final.
aplicada a pena correspondente ao somatório das
penas relativas a cada um dos crimes cometidos 2.2 Concurso formal de crimes
isoladamente. Foi adotado no que tange ao concurso No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma
material (art. 69 do CP), no concurso formal impróprio única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso ou não. Nos termos do art. 70 do CP:
de penas de multa (art. 72 do CP); Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou
 Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
somente a pena da infração penal mais grave, não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
acrescida de determinado percentual. Foi acolhido no se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em
que se refere ao concurso formal próprio ou perfeito qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
(art. 70, caput, primeira parte, do CP) e ao crime aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação
continuado (art. 71 do CP); ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
 Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena resultam de desígnios autônomos, consoante o
da infração penal mais grave, dentre todas as disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº
praticadas, sem que haja qualquer aumento. Foi 7.209, de 11.7.1984)
adotado (jurisprudencialmente) em relação aos Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que
crimes falimentares, quando da legislação falimentar seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
anterior. Não tem previsão no CP. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve
2 Espécies haver unidade de conduta e pluralidade de
2.1 Concurso material (ou real) de crimes resultados. No entanto, a unidade de conduta não
Está regulado pelo art. 69 do CP: significa unidade de atos, pois existem condutas que
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma podem ser fracionadas em diversos atos, como no
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, caso de alguém que mata outra pessoa com diversas
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as pauladas na cabeça. Embora neste caso haja diversos
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. atos, há unidade de conduta.
No caso de aplicação cumulativa de penas de
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O concurso formal será homogêneo se todos os pratica diversas condutas, praticando dois ou mais
crimes cometidos mediante a conduta única forem crimes, que por determinadas condições são
idênticos, e será heterogêneo se os crimes praticados considerados pela Lei (por uma ficção jurídica) como
forem diversos. crime único. Nos termos do art. 71 do CP:
O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma
imperfeito: ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
 Concurso formal perfeito (próprio) – Aqui o agente mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
pratica uma única conduta e acaba por produzir dois maneira de execução e outras semelhantes, devem os
resultados, embora não pretendesse realizar ambos, subsequentes ser havidos como continuação do
ou seja, não há desígnios autônomos (Ex.: agente primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
perde a direção do veículo e acaba atropelando e idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
matando dois pedestres que estavam na calçada); em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
 Concurso formal imperfeito (impróprio) – Aqui o (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
agente se vale de uma única conduta para, Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
dolosamente, produzir mais de um crime (ex.: Agente diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
quer matar duas vítimas. Para poupar seu trabalho, à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
amarra as duas vítimas juntas, coloca ambas no porta- os antecedentes, a conduta social e a personalidade
malas de um veículo e ateia fogo). do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
o da exasperação, utilizando-se como base a pena do ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas
crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
a metade (art. 70, primeira parte, do CP). Trata-se, deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que 11.7.1984)
visa a beneficiar o réu, em razão do menor desvalor O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a
de sua conduta. consideração dos diversos delitos como um único
Entretanto, se estivermos diante de concurso formal crime se dá apenas para fins de aplicação da pena,
imperfeito (impróprio), aplica-se a regra estabelecida tanto que, no que tange à prescrição, eles são
pelo art. 70, segunda parte, do CP, ou seja, o sistema considerados crimes autônomos, nos termos do art.
do cúmulo material, pois o agente se valeu de uma 119 do CP.
única conduta para praticar diversos crimes de A Doutrina entende serem três os requisitos do crime
maneira dolosa, agindo com intenções autônomas continuado: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade
(desígnios autônomos). de crimes da mesma espécie; e c) condições
Há, ainda, a figura que se denominou de cúmulo semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e
material benéfico, que ocorre quando o sistema da outras semelhanças.
exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação A pluralidade de conduta decorre da redação do art.
ao sistema da cumulação. 71, que fala em “mediante mais de uma ação ou
EXEMPLO: Imaginem que o agente tenha cometido omissão”
homicídio doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam
tenha, culposamente, com a mesma conduta, crimes da mesma espécie? A Doutrina e a
lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo Jurisprudência não são pacíficas. Parte minoritária
o crime de lesões corporais culposas em concurso entende que crimes da mesma espécie são aqueles
formal com o homicídio (art. 129, § 6° do CP, pena de que tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa
02 meses a um ano de detenção). corrente, furto, estelionato, apropriação indébita,
Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é etc., seriam todos crimes da mesma espécie, pois
muito prejudicial ao réu. Imagine que pelo homicídio seriam todos “crimes contra o patrimônio”.
doloso o agente tenha recebido pena de 10 anos de No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no
reclusão, e pelo crime de lesão corporal leve, tenha STJ, é a de que crimes da mesma espécie são aqueles
recebido pena de 06 meses de detenção. Nesse caso, tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma
aplicar o sistema da exasperação será péssimo para o simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou
agente, pois resultará em uma pena de 10 anos + 1/6 tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie
(pelo menos) = 12 anos. Somar as penas se mostra roubo e roubo qualificado. Devem, ainda, proteger o
mais benéfico, logo, deverá o Juiz somar as penas (ao mesmo bem jurídico (ex.: Roubo e Latrocínio NÃO são
final, ficará em 10 anos e 06 meses). da mesma espécie, pois no latrocínio se protege
também a vida humana12).
2.3 Crime continuado Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer
Também conhecido como continuidade delitiva, é a à conexão de quatro gêneros: temporal, espacial,
espécie de concurso de crimes na qual o agente modal e ocasional.
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A conexão temporal exige que os crimes tenham sido mais grave, se diversas), aumentada até o triplo.
cometidos na mesma época. Mesma época não Vejam que se adotou o mesmo sistema da
implica mesmo momento. A jurisprudência tem exasperação, entretanto, o § único previu um
entendido que os crimes não podem ter sido quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. estabelece a quantidade mínima nesse caso, mas a
No entanto, no que se refere aos crimes contra a Jurisprudência, inclusive o STF, entende que o mínimo
ordem tributária, o STF já entendeu que pode haver aqui também é de 1/6.
continuidade delitiva desde que os delitos tenham No crime continuado, é bom frisar, também se aplica
sido cometidos em lapso temporal não superior a 03 a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o
anos. sistema da exasperação se mostrar mais gravoso,
A conexão espacial indica que, para que seja deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material.
considerada continuidade delitiva, os crimes devem
ser cometidos no mesmo local. A Jurisprudência 2.5 Crime continuado e conflito de leis penais no
entende que a conexão espacial só estará presente se tempo
os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no Se durante a execução do crime continuado sobrevir
máximo, na mesma região metropolitana. lei nova, mais gravosa ao réu, esta última é aplicada,
A conexão modal se verifica quando o agente pratica pois se considera que o crime continuado está sendo
o crime sempre da mesma maneira, seja pelo modo praticado enquanto não cessa a continuidade delitiva.
de execução, pela utilização de comparsas, etc. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que
A conexão ocasional não possui previsão expressa na cessa a continuidade, a lei nova chegou a vigorar
Lei, mas parte da Doutrina a entende como a antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser
necessidade de que os primeiros crimes tenham a lei vigente ao tempo do crime. Este entendimento
proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos está, inclusive, sumulado pelo STF (súmula 711).
crimes subsequentes.
Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a 2.6 Crime continuado e prescrição
necessidade de que todos os crimes praticados na Nos crimes continuados, por haver mera ficção
verdade tenham sido partes de um único projeto jurídica de crime único, apenas para fins de aplicação
criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da da pena, a prescrição é calculada em relação a cada
Doutrina, bem como a Jurisprudência, entendem ser crime isoladamente. Entretanto, para o cálculo da
necessária essa unidade de desígnios, de forma que a prescrição RETROATIVA (a que leva em consideração a
mera reunião dos demais requisitos não configura a pena “em concreto”), leva-se em conta a pena mínima
continuidade delitiva se os crimes foram praticados de estabelecida para a pena-base, desprezando-se o
maneira isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso acréscimo que seria aplicado em decorrência da
significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudência continuidade delitiva (ex.: José praticou dois furtos
adotam a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a em continuidade delitiva, tendo recebido pena de 01
teoria objetiva pura, que não prevê a necessidade de ano para cada um, mas o Juiz aplicou a exasperação e
unidade de desígnios. a pena final ficou em 01 ano + 1/6 = 01 ano e 02
meses. Nesse caso, para fins de prescrição, será
2.4 Aplicação da pena no crime continuado considerada somente a pena isolada de cada crime,
Existem três espécies de crime continuado: simples, ou seja, 01 ano, sem o acréscimo dos “dois meses”).
qualificado e específico. Entretanto, em todos os Esta previsão consta na súmula 497 do STF.
casos se aplica o sistema da exasperação. No crime
continuado simples, as penas dos delitos parcelares 2.7 Aplicação da pena de multa no concurso de
são as mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados crimes
em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena Prevê o art. 72 do CP que, no concurso de crimes, as
de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 (varia penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
conforme a quantidade de delitos). No crime Assim, ainda que se trate de concurso formal, por
continuado qualificado, as penas dos delitos exemplo, não haverá aplicação do sistema da
praticados são diferentes, de modo que se aplica a exasperação para a pena de multa. Essa aplicação é
pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. inquestionável no concurso material e no concurso
Por fim, o crime continuado específico está previsto formal. No entanto, no que se refere ao crime
no § único do art. 71 do CP, que trata de crimes continuado, há forte divergência. Prevalece na
dolosos praticados com violência ou grave ameaça à Doutrina e na Jurisprudência, inclusive no STJ, que,
pessoa, com vítimas diferentes (ex.: 03 estupros, nesse caso, não se aplica a regra do art. 72, por ter a
contra vítimas diferentes, mas em continuidade lei entendido que se trata de crime único, mediante
delitiva). Nesses crimes, havendo continuidade ficção jurídica. Logo, o agente receberia somente uma
delitiva, poderá o Juiz aplicar a pena de um deles (ou a das multas.
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PARTE ESPECIAL de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
(Vide Lei nº 7.209, de 1984) agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
TÍTULO I não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
CAPÍTULO I homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o
DOS CRIMES CONTRA A VIDA crime é praticado contra pessoa menor de 14
Homicídio simples (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação
Art. 121. Matar alguem: dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz
Caso de diminuição de pena poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por da infração atingirem o próprio agente de forma tão
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o grave que a sanção penal se torne
domínio de violenta emoção, logo em seguida a desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 24.5.1977)
pena de um sexto a um terço. § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
Homicídio qualificado metade se o crime for praticado por milícia privada,
§ 2° Se o homicídio é cometido: sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº
ou por outro motivo torpe; 12.720, de 2012)
II - por motivo futil; § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, terço) até a metade se o crime for
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
que possa resultar perigo comum; I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses
IV - à traição, de emboscada, ou mediante posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104,
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne de 2015)
impossivel a defesa do ofendido; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
V - para assegurar a execução, a ocultação, a de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora
impunidade ou vantagem de outro crime: de doenças degenerativas que acarretem condição
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. limitante ou de vulnerabilidade física ou
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo III - na presença física ou virtual de descendente ou de
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 13.771, de 2018)
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do IV - em descumprimento das medidas protetivas de
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art.
Pública, no exercício da função ou em decorrência 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou 2019)
proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a
2019) (Vigência) praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968,
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de de 2019)
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
pela Lei nº 13.104, de 2015) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
nº 13.104, de 2015) resulta lesão corporal de natureza grave ou
II - menosprezo ou discriminação à condição de gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129
mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Homicídio culposo Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, pela Lei nº 13.968, de 2019)
de 1965) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação
Pena - detenção, de um a três anos. resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Aumento de pena Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada pela Lei nº 13.968, de 2019)
de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
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§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
de 2019) dessas causas, lhe sobrevém a morte.
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por
ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) médico: (Vide ADPF 54)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por Aborto necessário
qualquer causa, a capacidade de I - se não há outro meio de salvar a vida da
resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) gestante;
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é Aborto no caso de gravidez resultante de
realizada por meio da rede de computadores, de rede estupro
social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
Lei nº 13.968, de 2019) precedido de consentimento da gestante ou, quando
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é incapaz, de seu representante legal.
líder ou coordenador de grupo ou de rede CAPÍTULO II
virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) DAS LESÕES CORPORAIS
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta Lesão corporal
em lesão corporal de natureza gravíssima e é Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou saúde de outrem:
contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, Pena - detenção, de três meses a um ano.
não tem o necessário discernimento para a prática do Lesão corporal de natureza grave
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode § 1º Se resulta:
oferecer resistência, responde o agente pelo crime I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído mais de trinta dias;
pela Lei nº 13.968, de 2019) II - perigo de vida;
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é III - debilidade permanente de membro, sentido
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou ou função;
contra quem não tem o necessário discernimento IV - aceleração de parto:
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra Pena - reclusão, de um a cinco anos.
causa, não pode oferecer resistência, responde o § 2° Se resulta:
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. I - Incapacidade permanente para o trabalho;
121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de II - enfermidade incuravel;
2019) III perda ou inutilização do membro, sentido ou
Infanticídio função;
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado IV - deformidade permanente;
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo V - aborto:
após: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - detenção, de dois a seis anos. Lesão corporal seguida de morte
Aborto provocado pela gestante ou com seu § 3° Se resulta morte e as circunstâncias
consentimento evidenciam que o agente não quís o resultado, nem
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou assumiu o risco de produzí-lo:
consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de um a três anos. Diminuição de pena
Aborto provocado por terceiro § 4° Se o agente comete o crime impelido por
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
da gestante: domínio de violenta emoção, logo em seguida a
Pena - reclusão, de três a dez anos. injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento pena de um sexto a um terço.
da gestante: (Vide ADPF 54) Substituição da pena
Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, duzentos mil réis a dois contos de réis:
ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência anterior;
Forma qualificada II - se as lesões são recíprocas.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos Lesão corporal culposa
anteriores são aumentadas de um terço, se, em § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de
conseqüência do aborto ou dos meios empregados 1965)
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de Pena - detenção, de dois meses a um ano.
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Aumento de pena Pena - detenção, de três meses a um ano, se o
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se fato não constitui crime mais grave.
ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. Parágrafo único. A pena é aumentada de um
121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde
12.720, de 2012) de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º para a prestação de serviços em estabelecimentos de
do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) qualquer natureza, em desacordo com as normas
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
10.886, de 2004) Abandono de incapaz
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de resultantes do abandono:
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Lei nº 11.340, de 2006) § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) natureza grave:
anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste § 2º - Se resulta a morte:
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um Aumento de pena
terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 3º - As penas cominadas neste artigo
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena aumentam-se de um terço:
será aumentada de um terço se o crime for cometido I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela II - se o agente é ascendente ou descendente,
Lei nº 11.340, de 2006) cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou III – se a vítima é maior de 60 (sessenta)
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Exposição ou abandono de recém-nascido
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido,
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, para ocultar desonra própria:
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de
de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de natureza grave:
2015) Pena - detenção, de um a três anos.
CAPÍTULO III § 2º - Se resulta a morte:
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Pena - detenção, de dois a seis anos.
Perigo de contágio venéreo Omissão de socorro
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
contaminado: ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
multa. pública:
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
moléstia: Parágrafo único - A pena é aumentada de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. metade, se da omissão resulta lesão corporal de
§ 2º - Somente se procede mediante natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
representação. Condicionamento de atendimento médico-
Perigo de contágio de moléstia grave hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653,
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a de 2012).
outrem moléstia grave de que está contaminado, ato Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota
capaz de produzir o contágio: promissória ou qualquer garantia, bem como o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. preenchimento prévio de formulários administrativos,
Perigo para a vida ou saúde de outrem como condição para o atendimento médico-hospitalar
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
perigo direto e iminente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
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Parágrafo único. A pena é aumentada até o Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dobro se da negativa de atendimento resulta lesão multa.
corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a Exceção da verdade
morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Parágrafo único - A exceção da verdade somente
Maus-tratos se admite se o ofendido é funcionário público e a
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para Injúria
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
quer privando-a de alimentação ou cuidados dignidade ou o decoro:
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ou inadequado, quer abusando de meios de correção § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
ou disciplina: I - quando o ofendido, de forma reprovável,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou provocou diretamente a injúria;
multa. II - no caso de retorsão imediata, que consista em
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de outra injúria.
natureza grave: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
Pena - reclusão, de um a quatro anos. fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
§ 2º - Se resulta a morte: se considerem aviltantes:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, e
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime multa, além da pena correspondente à violência.
é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) § 3o Se a injúria consiste na utilização de
anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
CAPÍTULO IV origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
DA RIXA de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741,
Rixa de 2003)
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os Pena - reclusão de um a três anos e
contendores: multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou Disposições comuns
multa. Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da cometido:
participação na rixa, a pena de detenção, de seis I - contra o Presidente da República, ou contra
meses a dois anos. chefe de governo estrangeiro;
CAPÍTULO V II - contra funcionário público, em razão de suas
DOS CRIMES CONTRA A HONRA funções;
Calúnia III - na presença de várias pessoas, ou por meio
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
falsamente fato definido como crime: da injúria.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
multa. portadora de deficiência, exceto no caso de
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
falsa a imputação, a propala ou divulga. § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. promessa de recompensa, aplica-se a pena em
Exceção da verdade dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 2019)
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação § 2º Se o crime é cometido ou divulgado em
privada, o ofendido não foi condenado por sentença quaisquer modalidades das redes sociais da rede
irrecorrível; mundial de computadores, aplica-se em triplo a
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
indicadas no nº I do art. 141; 2019) (Vigência)
III - se do crime imputado, embora de ação Exclusão do crime
pública, o ofendido foi absolvido por sentença Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação
irrecorrível. punível:
Difamação I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato causa, pela parte ou por seu procurador;
ofensivo à sua reputação:

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II - a opinião desfavorável da crítica literária, I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
artística ou científica, salvo quando inequívoca a consentimento do paciente ou de seu representante
intenção de injuriar ou difamar; legal, se justificada por iminente perigo de vida;
III - o conceito desfavorável emitido por II - a coação exercida para impedir suicídio.
funcionário público, em apreciação ou informação Ameaça
que preste no cumprimento de dever do ofício. Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá causar-lhe mal injusto e grave:
publicidade. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Retratação Parágrafo único - Somente se procede mediante
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se representação.
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica Perseguição
isento de pena. Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em perturbando sua esfera de liberdade ou
que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
13.188, de 2015) Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído
satisfatórias, responde pela ofensa. pela Lei nº 14.132, de 2021)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo II – contra mulher por razões da condição de sexo
somente se procede mediante queixa, salvo quando, feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
corporal. III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição com o emprego de arma. (Incluído pela Lei nº
do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do 14.132, de 2021)
art. 141 deste Código, e mediante representação do § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem das correspondentes à violência. (Incluído pela Lei
como no caso do § 3o do art. 140 deste nº 14.132, de 2021)
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de § 3º Somente se procede mediante
2009) representação. (Incluído pela Lei nº 14.132,
CAPÍTULO VI de 2021)
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL Seqüestro e cárcere privado
SEÇÃO I Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade,
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei
Constrangimento ilegal nº 10.446, de 2002)
Art. 146 - Constranger alguém, mediante Pena - reclusão, de um a três anos.
violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de I – se a vítima é ascendente, descendente,
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60
o que ela não manda: (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou 11.106, de 2005)
multa. II - se o crime é praticado mediante internação da
Aumento de pena vítima em casa de saúde ou hospital;
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em III - se a privação da liberdade dura mais de
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem quinze dias.
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. IV – se o crime é praticado contra menor de 18
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de
correspondentes à violência. 2005)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste V – se o crime é praticado com fins
artigo: libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

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§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus- Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento multa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
físico ou moral: 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade
Redução a condição análoga à de escravo se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de 2016) (Vigência)
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou I - o crime for cometido por funcionário público no
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
degradantes de trabalho, quer restringindo, por las; (Incluído pela Lei nº 13.344, de
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida 2016) (Vigência)
contraída com o empregador ou II - o crime for cometido contra criança, adolescente
preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído
11.12.2003) pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
da pena correspondente à violência. (Redação domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) dependência econômica, de autoridade ou de
§ 1o Nas mesmas penas incorre superioridade hierárquica inerente ao exercício de
quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de emprego, cargo ou função; ou (Incluído pela
11.12.2003) Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no território nacional. (Incluído pela Lei nº
local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 13.344, de 2016) (Vigência)
11.12.2003) § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
II – mantém vigilância ostensiva no local de for primário e não integrar organização
trabalho ou se apodera de documentos ou objetos criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local 2016) (Vigência)
de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
11.12.2003) SEÇÃO II
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
11.12.2003) DOMICÍLIO
I – contra criança ou adolescente; (Incluído
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Violação de domicílio
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou
religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
de 11.12.2003) tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº dependências:
13.344, de 2016) (Vigência) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou
transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, arma, ou por duas ou mais pessoas:
fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) da pena correspondente à violência.
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do § 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de
corpo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2019) (Vigência)
2016) (Vigência) § 3º - Não constitui crime a entrada ou
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de permanência em casa alheia ou em suas
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de dependências:
2016) (Vigência) I - durante o dia, com observância das
III - submetê-la a qualquer tipo de formalidades legais, para efetuar prisão ou outra
servidão; (Incluído pela Lei nº 13.344, de diligência;
2016) (Vigência) II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº algum crime está sendo ali praticado ou na iminência
13.344, de 2016) (Vigência) de o ser.
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº § 4º - A expressão "casa" compreende:
13.344, de 2016) (Vigência) I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
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III - compartimento não aberto ao público, onde ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
alguém exerce profissão ou atividade. outrem:
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra trezentos mil réis a dois contos de réis. (Vide Lei nº
habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição 7.209, de 1984)
do n.º II do parágrafo anterior; § 1º Somente se procede mediante
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei
gênero. nº 9.983, de 2000)
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações
SEÇÃO III sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei,
DOS CRIMES CONTRA A contidas ou não nos sistemas de informações ou
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA banco de dados da Administração Pública: (Incluído
Violação de correspondência pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
correspondência fechada, dirigida a outrem: multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 2o Quando resultar prejuízo para a
Sonegação ou destruição de correspondência Administração Pública, a ação penal será
§ 1º - Na mesma pena incorre: incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - quem se apossa indevidamente de Violação do segredo profissional
correspondência alheia, embora não fechada e, no Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,
todo ou em parte, a sonega ou destrói; segredo, de que tem ciência em razão de função,
Violação de comunicação telegráfica, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa
radioelétrica ou telefônica produzir dano a outrem:
II - quem indevidamente divulga, transmite a Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
outrem ou utiliza abusivamente comunicação multa de um conto a dez contos de réis. (Vide Lei nº
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou 7.209, de 1984)
conversação telefônica entre outras pessoas; Parágrafo único - Somente se procede mediante
III - quem impede a comunicação ou a representação.
conversação referidas no número anterior; Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho nº 12.737, de 2012) Vigência
radioelétrico, sem observância de disposição legal. Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há alheio, conectado ou não à rede de computadores,
dano para outrem. com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de informações sem autorização expressa ou tácita do
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou usuário do dispositivo ou de instalar vulnerabilidades
telefônico: para obter vantagem ilícita: (Redação dada pela Lei
Pena - detenção, de um a três anos. nº 14.155, de 2021)
§ 4º - Somente se procede mediante Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
Correspondência comercial § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
empregado de estabelecimento comercial ou de computador com o intuito de permitir a prática da
industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº
subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a 12.737, de 2012) Vigência
estranho seu conteúdo: § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
Pena - detenção, de três meses a dois anos. terços) se da invasão resulta prejuízo
Parágrafo único - Somente se procede mediante econômico. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
representação. 2021)
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
SEÇÃO IV de comunicações eletrônicas privadas, segredos
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim
SEGREDOS definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado
Divulgação de segredo do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, 12.737, de 2012) Vigência
conteúdo de documento particular ou de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
correspondência confidencial, de que é destinatário multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

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§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a III - com emprego de chave falsa;
dois terços se houver divulgação, comercialização ou IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10
informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
de 2012) Vigência ou de artefato análogo que cause perigo
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 2018)
12.737, de 2012) Vigência § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
I - Presidente da República, governadores e anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido
prefeitos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
2012) Vigência conectado ou não à rede de computadores, com ou
II - Presidente do Supremo Tribunal sem a violação de mecanismo de segurança ou a
Federal; (Incluído pela Lei nº 12.737, de utilização de programa malicioso, ou por qualquer
2012) Vigência outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado nº 14.155, de 2021)
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara considerada a relevância do resultado
Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
2012) Vigência I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
IV - dirigente máximo da administração direta e se o crime é praticado mediante a utilização de
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito servidor mantido fora do território
Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
2012) Vigência II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o
Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de crime é praticado contra idoso ou
2012) Vigência vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se
somente se procede mediante representação, salvo se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
o crime é cometido contra a administração pública transportado para outro Estado ou para o
direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
empresas concessionárias de serviços anos se a subtração for de semovente domesticável
públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de de produção, ainda que abatido ou dividido em partes
2012) Vigência no local da subtração. (Incluído pela Lei nº
13.330, de 2016)
TÍTULO II § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO anos e multa, se a subtração for de substâncias
CAPÍTULO I explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
DO FURTO isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
Furto ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa 2018)
alheia móvel: Furto de coisa comum
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente
é praticado durante o repouso noturno. a detém, a coisa comum:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de multa.
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois § 1º - Somente se procede mediante
terços, ou aplicar somente a pena de multa. representação.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
ou qualquer outra que tenha valor econômico. fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
Furto qualificado direito o agente.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
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CAPÍTULO II Extorsão
DO ROUBO E DA EXTORSÃO Art. 158 - Constranger alguém, mediante
Roubo violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para si ou para outrem indevida vantagem econômica,
para outrem, mediante grave ameaça ou violência a a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, coisa:
reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa pena de um terço até metade.
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. violência o disposto no § 3º do artigo
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
o
metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, § 3 Se o crime é cometido mediante a restrição da
de 2018) liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
13.654, de 2018) reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se
III - se a vítima está em serviço de transporte de as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
valores e o agente conhece tal circunstância. respectivamente. (Incluído pela Lei nº
IV - se a subtração for de veículo automotor que 11.923, de 2009)
venha a ser transportado para outro Estado ou para o Extorsão mediante seqüestro
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter,
1996) para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, condição ou preço do resgate: Vide Lei nº
restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de
nº 9.426, de 1996) 2002)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas Pena - reclusão, de oito a quinze
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
possibilitem sua fabricação, montagem ou 25.7.1990)
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de § 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e
2018) quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o
com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei crime é cometido por bando ou
nº 13.964, de 2019) quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 2003)
I – se a violência ou ameaça é exercida com Pena - reclusão, de doze a vinte
emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
nº 13.654, de 2018) 25.7.1990)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de
mediante o emprego de explosivo ou de artefato natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
análogo que cause perigo comum. (Incluído Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
pela Lei nº 13.654, de 2018) anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida 25.7.1990)
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista 8.072, de 25.7.90
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta
13.964, de 2019) anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
§ 3º Se da violência resulta: (Redação 25.7.1990)
dada pela Lei nº 13.654, de 2018) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida
pela Lei nº 13.654, de 2018) de um a dois terços. (Redação dada pela Lei
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 nº 9.269, de 1996)
(trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº Extorsão indireta
13.654, de 2018)
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Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
dívida, abusando da situação de alguém, documento multa, além da pena correspondente à violência.
que pode dar causa a procedimento criminal contra a Introdução ou abandono de animais em
vítima ou contra terceiro: propriedade alheia
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em
propriedade alheia, sem consentimento de quem de
CAPÍTULO III direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou
DA USURPAÇÃO multa.
Alteração de limites Dano em coisa de valor artístico, arqueológico
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou histórico
ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa tombada pela autoridade competente em virtude de
imóvel alheia: valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: multa.
Usurpação de águas Alteração de local especialmente protegido
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
outrem, águas alheias; competente, o aspecto de local especialmente
Esbulho possessório protegido por lei:
II - invade, com violência a pessoa ou grave Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas Ação penal
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do
esbulho possessório. seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre mediante queixa.
também na pena a esta cominada. CAPÍTULO V
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
emprego de violência, somente se procede mediante Apropriação indébita
queixa. Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de
Supressão ou alteração de marca em animais que tem a posse ou a detenção:
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de Aumento de pena
propriedade: § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e agente recebeu a coisa:
multa. I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
CAPÍTULO IV liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
depositário judicial;
DO DANO III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Dano Apropriação indébita previdenciária (Incluído
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa pela Lei nº 9.983, de 2000)
alheia: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
Dano qualificado prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei
Parágrafo único - Se o crime é cometido: nº 9.983, de 2000)
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
II - com emprego de substância inflamável ou multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
fundação pública, empresa pública, sociedade de importância destinada à previdência social que tenha
economia mista ou empresa concessionária de sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela
13.531, de 2017) Lei nº 9.983, de 2000)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo II – recolher contribuições devidas à previdência
considerável para a vítima: social que tenham integrado despesas contábeis ou

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custos relativos à venda de produtos ou à prestação CAPÍTULO VI
de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
respectivas cotas ou valores já tiverem sido Estelionato
reembolsados à empresa pela previdência Art. 171 - Obter, para si ou para outrem,
social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,
espontaneamente, declara, confessa e efetua o ou qualquer outro meio fraudulento:
pagamento das contribuições, importâncias ou Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
valores e presta as informações devidas à previdência quinhentos mil réis a dez contos de réis. (Vide Lei nº
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes 7.209, de 1984)
do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
2000) valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou disposto no art. 155, § 2º.
aplicar somente a de multa se o agente for primário e § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei Disposição de coisa alheia como própria
nº 9.983, de 2000) I - vende, permuta, dá em pagamento, em
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e locação ou em garantia coisa alheia como própria;
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
contribuição social previdenciária, inclusive própria
acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
II – o valor das contribuições devidas, inclusive garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
pela previdência social, administrativamente, como mediante pagamento em prestações, silenciando
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas sobre qualquer dessas circunstâncias;
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Defraudação de penhor
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se III - defrauda, mediante alienação não consentida
aplica aos casos de parcelamento de contribuições pelo credor ou por outro modo, a garantia
cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior pignoratícia, quando tem a posse do objeto
àquele estabelecido, administrativamente, como empenhado;
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Fraude na entrega de coisa
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de IV - defrauda substância, qualidade ou
2018) quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Apropriação de coisa havida por erro, caso Fraude para recebimento de indenização ou
fortuito ou força da natureza valor de seguro
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
natureza: as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. de haver indenização ou valor de seguro;
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Fraude no pagamento por meio de cheque
Apropriação de tesouro VI - emite cheque, sem suficiente provisão de
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem pagamento.
direito o proprietário do prédio; Fraude eletrônica
Apropriação de coisa achada § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização
apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí- de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
autoridade competente, dentro no prazo de quinze telefônicos ou envio de correio eletrônico
dias. fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso,
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional. (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
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§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
é cometido em detrimento de entidade de direito multa.
público ou de instituto de economia popular, § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
assistência social ou beneficência. qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo
Estelionato contra idoso ou caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de
vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira;
2021) vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
considerada a relevância do resultado Outras fraudes
gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-
2021) se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
§ 5º Somente se procede mediante representação, dispor de recursos para efetuar o pagamento:
salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
de 2019) multa.
I - a Administração Pública, direta ou Parágrafo único - Somente se procede mediante
indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) representação, e o juiz pode, conforme as
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
13.964, de 2019) Fraudes e abusos na fundação ou administração
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído de sociedade por ações
pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao
incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a
Duplicata simulada constituição da sociedade, ou ocultando
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de fraudulentamente fato a ela relativo:
venda que não corresponda à mercadoria vendida, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se
em quantidade ou qualidade, ou ao serviço o fato não constitui crime contra a economia popular.
prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não
27.12.1990) constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e nº 1.521, de 1951)
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade
27.12.1990) por ações, que, em prospecto, relatório, parecer,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá balanço ou comunicação ao público ou à assembléia,
aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da
Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou
5.474. de 1968) em parte, fato a elas relativo;
Abuso de incapazes II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove,
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou outros títulos da sociedade;
da alienação ou debilidade mental de outrem, III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de
de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
terceiro: autorização da assembléia geral;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende,
Induzimento à especulação por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, quando a lei o permite;
da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade V - o diretor ou o gerente que, como garantia de
mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou crédito social, aceita em penhor ou em caução ações
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, da própria sociedade;
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: VI - o diretor ou o gerente que, na falta de
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. balanço, em desacordo com este, ou mediante
Fraude no comércio balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por
comercial, o adquirente ou consumidor: interposta pessoa, ou conluiado com acionista,
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, consegue a aprovação de conta ou parecer;
mercadoria falsificada ou deteriorada; VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e
II - entregando uma mercadoria por outra: VII;
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IX - o representante da sociedade anônima Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa,
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº
pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa 9.426, de 1996)
informação ao Governo. § 4º - A receptação é punível, ainda que
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses desconhecido ou isento de pena o autor do crime de
a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº
vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas 9.426, de 1996)
deliberações de assembléia geral. § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é
Emissão irregular de conhecimento de depósito primário, pode o juiz, tendo em consideração as
ou "warrant" circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
warrant, em desacordo com disposição legal: 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da
Fraude à execução União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, de autarquia, fundação pública, empresa pública,
desviando, destruindo ou danificando bens, ou sociedade de economia mista ou empresa
simulando dívidas: concessionária de serviços públicos, aplica-se em
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou dobro a pena prevista no caput deste
multa. artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de
Parágrafo único - Somente se procede mediante 2017)
queixa. Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
CAPÍTULO VII ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade
de produção ou de comercialização, semovente
DA RECEPTAÇÃO domesticável de produção, ainda que abatido ou
Receptação dividido em partes, que deve saber ser produto de
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
sabe ser produto de crime, ou influir para que multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de CAPÍTULO VIII
1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e DISPOSIÇÕES GERAIS
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de Art. 181 - É isento de pena quem comete
1996) qualquer dos crimes previstos neste título, em
Receptação qualificada (Redação dada pela prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
Lei nº 9.426, de 1996) I - do cônjuge, na constância da sociedade
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, conjugal;
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, II - de ascendente ou descendente, seja o
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no Art. 182 - Somente se procede mediante
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa representação, se o crime previsto neste título é
que deve saber ser produto de crime: (Redação cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 2003)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e I - do cônjuge desquitado ou judicialmente
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) separado;
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de III - de tio ou sobrinho, com quem o agente
comércio irregular ou clandestino, inclusive o coabita.
exercício em residência. (Redação dada pela Lei Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois
nº 9.426, de 1996) artigos anteriores:
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em
natureza ou pela desproporção entre o valor e o geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve violência à pessoa;
presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação II - ao estranho que participa do crime.
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) III – se o crime é praticado contra pessoa com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
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TÍTULO VI hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL nº 10.224, de 15 de 2001)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois)
CAPÍTULO I anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 2001)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela
Estupro Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou § 2o A pena é aumentada em até um terço se a
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído
permitir que com ele se pratique outro ato pela Lei nº 12.015, de 2009)
libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de CAPÍTULO I-A
2009) (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Registro não autorizado da intimidade sexual
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
12.015, de 2009) sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) nº 13.772, de 2018)
anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
o
§ 2 Se da conduta resulta morte: (Incluído multa.
pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
de 2009) caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Violação sexual mediante fraude (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) CAPÍTULO II
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº Sedução
12.015, de 2009) Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) 2005)
anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº
2009) 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
obter vantagem econômica, aplica-se também libidinoso com menor de 14 (catorze)
multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze)
Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
2018) § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua descritas no caput com alguém que, por enfermidade
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a ou deficiência mental, não tem o necessário
própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº discernimento para a prática do ato, ou que, por
13.718, de 2018) qualquer outra causa, não pode oferecer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 2009)
13.718, de 2018) § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
2009) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
de 15 de 2001) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte)
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
obter vantagem ou favorecimento sexual, § 4 Se da conduta resulta morte: (Incluído
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior pela Lei nº 12.015, de 2009)
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Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015,
anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
deste artigo aplicam-se independentemente do de vulnerável, de cena de sexo ou de
consentimento da vítima ou do fato de ela ter pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
mantido relações sexuais anteriormente ao Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
Corrupção de menores divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a comunicação de massa ou sistema de informática ou
satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro
pela Lei nº 12.015, de 2009) audiovisual que contenha cena de estupro ou de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza
anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima,
2009) cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº nº 13.718, de 2018)
12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
Satisfação de lascívia mediante presença de criança não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 13.718, de 2018)
2009) Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 2018)
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer (dois terços) se o crime é praticado por agente que
lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto
nº 12.015, de 2009) com a vítima ou com o fim de vingança ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de 2018)
exploração sexual de criança ou adolescente ou de § 2º Não há crime quando o agente pratica as
vulnerável. (Redação dada pela Lei nº condutas descritas no caput deste artigo em
12.978, de 2014) publicação de natureza jornalística, científica, cultural
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou acadêmica com a adoção de recurso que
ou outra forma de exploração sexual alguém menor impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito)
deficiência mental, não tem o necessário anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
discernimento para a prática do ato, facilitá-la,
impedir ou dificultar que a CAPÍTULO III
abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) DO RAPTO
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) Rapto violento ou mediante fraude
anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter 2005)
vantagem econômica, aplica-se também Rapto consensual
multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela 2005)
Lei nº 12.015, de 2009) Diminuição de pena
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior 2005)
de 14 (catorze) anos na situação descrita Concurso de rapto e outro crime
no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
12.015, de 2009) 2005)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
local em que se verifiquem as práticas referidas CAPÍTULO IV
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009) DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015,
obrigatório da condenação a cassação da licença de de 2009)
localização e de funcionamento do
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Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
de 2009) aplica-se também multa.
Ação penal Favorecimento da prostituição ou outra forma de
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II exploração sexual (Redação dada pela Lei nº
deste Título, procede-se mediante ação penal pública 12.015, de 2009)
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou
2018) outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei ou dificultar que alguém a abandone: (Redação
nº 13.718, de 2018) dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Aumento de pena Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Art. 226. A pena é aumentada: (Redação multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
dada pela Lei nº 11.106, de 2005) 2009)
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta,
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
dada pela Lei nº 11.106, de 2005) curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se
II - de metade, se o agente é ascendente, assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, cuidado, proteção ou vigilância: (Redação
companheiro, tutor, curador, preceptor ou dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
empregador da vítima ou por qualquer outro título Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
tiver autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
13.718, de 2018) 2009)
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é violência, grave ameaça ou fraude:
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de pena correspondente à violência.
2018) § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais aplica-se também multa.
agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Casa de prostituição
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de Art. 229. Manter, por conta própria ou de
2018) terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração
b) para controlar o comportamento social ou sexual sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação
da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) direta do proprietário ou gerente: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
CAPÍTULO V Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Rufianismo
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia,
DE participando diretamente de seus lucros ou fazendo-
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
EXPLORAÇÃO SEXUAL Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por
Mediação para servir a lascívia de outrem ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
outrem: empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei
Pena - reclusão, de um a três anos. ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu de 2009)
ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
confiada para fins de educação, de tratamento ou de 2009)
guarda: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave
2005) ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. a livre manifestação da vontade da
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
violência, grave ameaça ou fraude: 2009)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem
correspondente à violência. prejuízo da pena correspondente à
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violência. (Redação dada pela Lei nº 12.015, II - realiza, em lugar público ou acessível ao
de 2009) público, representação teatral, ou exibição
Tráfico internacional de pessoa para fim de cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer
exploração sexual (Redação dada pela Lei nº outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
12.015, de 2009) III - realiza, em lugar público ou acessível ao
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 13.344, de público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter
2016) (Vigência) obsceno.
Art. 231-A. (Revogado pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência) CAPÍTULO VII
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de
2009) DISPOSIÇÕES GERAIS
Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de Aumento de pena (Incluído pela Lei nº
estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em 12.015, de 2009)
país estrangeiro: Incluído pela Lei nº 13.445, de Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
2017 Vigência aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e 2009)
multa. Incluído pela Lei nº 13.445, de I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº
2017 Vigência 12.015, de 2009)
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de
qualquer meio, com o fim de obter vantagem 2009)
econômica, a saída de estrangeiro do território III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
nacional para ingressar ilegalmente em país gravidez; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
estrangeiro. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2018)
2017 Vigência IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um transmite à vítima doença sexualmente transmissível
terço) se: Incluído pela Lei nº 13.445, de de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a
2017 Vigência vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação
I - o crime é cometido com violência; ou Incluído dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes
II - a vítima é submetida a condição desumana ou definidos neste Título correrão em segredo de
degradante. Incluído pela Lei nº 13.445, de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
2017 Vigência
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
prejuízo das correspondentes às infrações CAPÍTULO I
conexas. Incluído pela Lei nº 13.445, de
2017 Vigência DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Incêndio
CAPÍTULO VI Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Ato obsceno Aumento de pena
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
ou aberto ou exposto ao público: I - se o crime é cometido com intuito de obter
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
multa. II - se o incêndio é:
Escrito ou objeto obsceno a) em casa habitada ou destinada a habitação;
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou b) em edifício público ou destinado a uso público
ter sob sua guarda, para fim de comércio, de ou a obra de assistência social ou de cultura;
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo
pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: de transporte coletivo;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou d) em estação ferroviária ou aeródromo;
multa. e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: f) em depósito de explosivo, combustível ou
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao inflamável;
público qualquer dos objetos referidos neste artigo; g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
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h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Modalidade culposa
Incêndio culposo Parágrafo único - Se o crime é culposo:
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, Pena - detenção, de seis meses a um ano.
de seis meses a dois anos. Subtração, ocultação ou inutilização de material
Explosão de salvamento
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por
física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro
arremesso ou simples colocação de engenho de desastre ou calamidade, aparelho, material ou
dinamite ou de substância de efeitos análogos: qualquer meio destinado a serviço de combate ao
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou dificultar serviço de tal natureza:
explosivo de efeitos análogos: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Formas qualificadas de crime de perigo comum
Aumento de pena Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do privativa de liberdade é aumentada de metade; se
artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa,
coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
Modalidade culposa de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de cominada ao homicídio culposo, aumentada de um
dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é terço.
de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais Difusão de doença ou praga
casos, é de detenção, de três meses a um ano. Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa
Uso de gás tóxico ou asfixiante causar dano a floresta, plantação ou animais de
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade utilidade econômica:
física ou o patrimônio de outrem, usando de gás Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
tóxico ou asfixiante: Modalidade culposa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de
Modalidade Culposa detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano. CAPÍTULO II
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou
transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante DOS CRIMES CONTRA A
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
transportar, sem licença da autoridade, substância ou E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou Perigo de desastre ferroviário
material destinado à sua fabricação: Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e de ferro:
multa. I - destruindo, danificando ou desarranjando,
Inundação total ou parcialmente, linha férrea, material rodante
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a ou de tração, obra-de-arte ou instalação;
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: II - colocando obstáculo na linha;
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no III - transmitindo falso aviso acerca do movimento
caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o
no caso de culpa. funcionamento de telégrafo, telefone ou
Perigo de inundação radiotelegrafia;
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em IV - praticando outro ato de que possa resultar
prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a desastre:
integridade física ou o patrimônio de outrem, Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
obstáculo natural ou obra destinada a impedir Desastre ferroviário
inundação: § 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Desabamento ou desmoronamento § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Art. 256 - Causar desabamento ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por
integridade física ou o patrimônio de outrem: estrada de ferro qualquer via de comunicação em que
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou Interrupção ou perturbação de serviço
por meio de cabo aéreo. telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de
Atentado contra a segurança de transporte informação de utilidade pública (Redação dada pela
marítimo, fluvial ou aéreo Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço
aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou
tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, dificultar-lhe o restabelecimento:
fluvial ou aérea: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. § 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo telemático ou de informação de utilidade pública, ou
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou impede ou dificulta-lhe o
encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
aeronave: 2012) Vigência
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é
Prática do crime com o fim de lucro cometido por ocasião de calamidade
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o pública. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
agente pratica o crime com intuito de obter vantagem 2012) Vigência
econômica, para si ou para outrem.
Modalidade culposa CAPÍTULO III
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Atentado contra a segurança de outro meio de Epidemia
transporte Art. 267 - Causar epidemia, mediante a
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de propagação de germes patogênicos:
transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação
funcionamento: dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Pena - detenção, de um a dois anos. § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de em dobro.
reclusão, de dois a cinco anos. § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro
Pena - detenção, de três meses a um ano. anos.
Forma qualificada Infração de medida sanitária preventiva
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos Art. 268 - Infringir determinação do poder
arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, público, destinada a impedir introdução ou
resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto propagação de doença contagiosa:
no art. 258. Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Arremesso de projétil Parágrafo único - A pena é aumentada de um
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou
movimento, destinado ao transporte público por exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista
terra, por água ou pelo ar: ou enfermeiro.
Pena - detenção, de um a seis meses. Omissão de notificação de doença
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à
corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois autoridade pública doença cuja notificação é
anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, compulsória:
aumentada de um terço. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
Atentado contra a segurança de serviço de multa.
utilidade pública Envenenamento de água potável ou de
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o substância alimentícia ou medicinal
funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum
ou qualquer outro de utilidade pública: ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. destinada a consumo:
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação
(um terço) até a metade, se o dano ocorrer em dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
virtude de subtração de material essencial ao § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a
funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº consumo ou tem em depósito, para o fim de ser
5.346, de 3.11.1967) distribuída, a água ou a substância envenenada.

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Modalidade culposa § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem
§ 2º - Se o crime é culposo: pratica as ações previstas no § 1º em relação a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. produtos em qualquer das seguintes
Corrupção ou poluição de água potável condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de I - sem registro, quando exigível, no órgão de
uso comum ou particular, tornando-a imprópria para vigilância sanitária competente; (Incluído pela Lei nº
consumo ou nociva à saúde: 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. II - em desacordo com a fórmula constante do
Modalidade culposa registro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei
Parágrafo único - Se o crime é culposo: nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de dois meses a um ano. III - sem as características de identidade e
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração qualidade admitidas para a sua
de substância ou produtos alimentícios (Redação comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) 2.7.1998)
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou IV - com redução de seu valor terapêutico ou de
alterar substância ou produto alimentício destinado a sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de
consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo- 2.7.1998)
lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº
de 2.7.1998) 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem 9.677, de 2.7.1998)
fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em Modalidade culposa
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui § 2º - Se o crime é culposo:
ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
produto falsificado, corrompido ou multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Emprego de processo proibido ou de substância
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica não permitida
as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto
com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº destinado a consumo, revestimento, gaseificação
9.677, de 2.7.1998) artificial, matéria corante, substância aromática, anti-
Modalidade culposa séptica, conservadora ou qualquer outra não
§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela expressamente permitida pela legislação sanitária:
Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Invólucro ou recipiente com falsa indicação
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de
de produto destinado a fins terapêuticos ou produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
medicinais (Redação dada pela Lei nº 9.677, de existência de substância que não se encontra em seu
2.7.1998) conteúdo ou que nele existe em quantidade menor
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº 9.677,
alterar produto destinado a fins terapêuticos ou de 2.7.1998)
medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
2.7.1998) multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e Produto ou substância nas condições dos dois
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) artigos anteriores
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender para vender ou, de qualquer forma, entregar a
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
consumo o produto falsificado, corrompido, Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº multa.(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
9.677, de 2.7.1998) Substância destinada à falsificação
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito
refere este artigo os medicamentos, as matérias- ou ceder substância destinada à falsificação de
primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os produtos alimentícios, terapêuticos ou
saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de
Lei nº 9.677, de 2.7.1998) 2.7.1998)
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e TÍTULO IX
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Outras substâncias nocivas à saúde pública DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em Incitação ao crime
depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de
a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda crime:
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Apologia de crime ou criminoso
Modalidade culposa Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato
Parágrafo único - Se o crime é culposo: criminoso ou de autor de crime:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Substância avariada Associação Criminosa
Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
27.12.1990) para o fim específico de cometer crimes: (Redação
Medicamento em desacordo com receita médica dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
desacordo com receita médica: anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa. 2013) (Vigência)
Modalidade culposa Parágrafo único. A pena aumenta-se até a
Parágrafo único - Se o crime é culposo: metade se a associação é armada ou se houver a
Pena - detenção, de dois meses a um ano. participação de criança ou adolescente. (Redação
COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA Constituição de milícia privada (Incluído dada
FÍSICA OU PSÍQUICA. (Redação dada pela Lei nº 5.726, pela Lei nº 12.720, de 2012)
de 1971) (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) custear organização paramilitar, milícia particular,
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
farmacêutica qualquer dos crimes previstos neste
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem 2012)
autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o
fim de lucro, aplica-se também multa. TÍTULO X
Charlatanismo
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
secreto ou infalível: CAPÍTULO I
Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa. DA MOEDA FALSA
Curandeirismo Moeda Falsa
Art. 284 - Exercer o curandeirismo: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
habitualmente, qualquer substância; país ou no estrangeiro:
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
meio; § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
III - fazendo diagnósticos: própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante circulação moeda falsa.
remuneração, o agente fica também sujeito à multa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
Forma qualificada verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido
crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
definido no art. 267. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze
anos, e multa, o funcionário público ou diretor,
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

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I - de moeda com título ou peso inferior ao V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
determinado em lei; documento relativo a arrecadação de rendas públicas
II - de papel-moeda em quantidade superior à ou a depósito ou caução por que o poder público seja
autorizada. responsável;
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa
faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda de transporte administrada pela União, por Estado ou
autorizada. por Município:
Crimes assimilados ao de moeda falsa Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação
representativo de moeda com fragmentos de cédulas, dada pela Lei nº 11.035, de 2004)
notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los papéis falsificados a que se refere este
à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. falsificado destinado a controle tributário; (Incluído
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado pela Lei nº 11.035, de 2004)
a doze anos e multa, se o crime é cometido por III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à
funcionário que trabalha na repartição onde o venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
11.7.1984) atividade comercial ou industrial, produto ou
Petrechos para falsificação de moeda mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, a controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº
aparelho, instrumento ou qualquer objeto 11.035, de 2004)
especialmente destinado à falsificação de moeda: b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. tributária determina a obrigatoriedade de sua
Emissão de título ao portador sem permissão aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
legal § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis,
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte inutilização:
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
dinheiro qualquer dos documentos referidos neste parágrafo anterior.
artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
três meses, ou multa. recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º,
CAPÍTULO II depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre
na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS multa.
PÚBLICOS § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os
Falsificação de papéis públicos fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando- irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias,
os: praças ou outros logradouros públicos e em
I – selo destinado a controle tributário, papel residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
selado ou qualquer papel de emissão legal destinado Petrechos de falsificação
à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
11.035, de 2004) guardar objeto especialmente destinado à falsificação
II - papel de crédito público que não seja moeda de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
de curso legal; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
III - vale postal; Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-
caixa econômica ou de outro estabelecimento se a pena de sexta parte.
mantido por entidade de direito público;
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CAPÍTULO III e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de
DA FALSIDADE DOCUMENTAL serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Falsificação do selo ou sinal público Falsificação de documento particular (Redação
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando- dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
os: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais particular ou alterar documento particular verdadeiro:
da União, de Estado ou de Município; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737,
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de de 2012) Vigência
tabelião: Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. equipara-se a documento particular o cartão de
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: crédito ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; 2012) Vigência
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal Falsidade ideológica
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito Art. 299 - Omitir, em documento público ou
próprio ou alheio. particular, declaração que dele devia constar, ou nele
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, juridicamente relevante:
de 2000) Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete documento é público, e reclusão de um a três anos, e
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis,
de sexta parte. se o documento é particular. (Vide Lei nº 7.209, de
Falsificação de documento público 1984)
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, Parágrafo único - Se o agente é funcionário
documento público, ou alterar documento público público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
verdadeiro: ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete Falso reconhecimento de firma ou letra
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no
de sexta parte. exercício de função pública, firma ou letra que o não
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a seja:
documento público o emanado de entidade Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por documento é público; e de um a três anos, e multa, se
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros o documento é particular.
mercantis e o testamento particular. Certidão ou atestado ideologicamente falso
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em
faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) razão de função pública, fato ou circunstância que
I – na folha de pagamento ou em documento de habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
informações que seja destinado a fazer prova perante ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
a previdência social, pessoa que não possua a vantagem:
qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei Pena - detenção, de dois meses a um ano.
nº 9.983, de 2000) Falsidade material de atestado ou certidão
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
do empregado ou em documento que deva produzir certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
efeito perante a previdência social, declaração falsa verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
pela Lei nº 9.983, de 2000) ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
III – em documento contábil ou em qualquer vantagem:
outro documento relacionado com as obrigações da Pena - detenção, de três meses a dois anos.
empresa perante a previdência social, declaração falsa § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro,
ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de
Lei nº 9.983, de 2000) multa.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
documentos mencionados no § 3o, nome do segurado
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Falsidade de atestado médico documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua para que dele se utilize, documento dessa natureza,
profissão, atestado falso: próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de um mês a um ano. Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
fim de lucro, aplica-se também multa. grave.
Reprodução ou adulteração de selo ou peça Fraude de lei sobre estrangeiro
filatélica Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça permanecer no território nacional, nome que não é o
filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a seu:
reprodução ou a alteração está visivelmente anotada Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
na face ou no verso do selo ou peça: Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. qualidade para promover-lhe a entrada em território
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
para fins de comércio, faz uso do selo ou peça Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
filatélica. multa. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Uso de documento falso Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei
a 302: a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. pela Lei nº 9.426, de 1996)
Supressão de documento Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo Adulteração de sinal identificador de veículo
alheio, documento público ou particular verdadeiro, automotor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
de que não podia dispor: Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o chassi ou qualquer sinal identificador de veículo
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, automotor, de seu componente ou
e multa, se o documento é particular. equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996))
CAPÍTULO IV Pena - reclusão, de três a seis anos, e
DE OUTRAS FALSIDADES multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Falsificação do sinal empregado no contraste de § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou função pública ou em razão dela, a pena é aumentada
para outros fins de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário
marca ou sinal empregado pelo poder público no público que contribui para o licenciamento ou registro
contraste de metal precioso ou na fiscalização do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, indevidamente material ou informação
falsificado por outrem: oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é CAPÍTULO V
o que usa a autoridade pública para o fim de
fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
determinados objetos, ou comprovar o cumprimento DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
de formalidade legal: PÚBLICO
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
multa. Fraudes em certames de interesse público (Incluído
Falsa identidade pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
identidade para obter vantagem, em proveito próprio fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
ou alheio, ou para causar dano a outrem: comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de
grave. 2011)
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei
de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer 12.550. de 2011)
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III - processo seletivo para ingresso no ensino informatizados ou bancos de dados da Administração
superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pública com o fim de obter vantagem indevida para si
IV - exame ou processo seletivo previstos em ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela
lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Lei nº 9.983, de 2000))
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou Modificação ou alteração não autorizada de
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de
autorizadas às informações mencionadas 2000)
no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à sistema de informações ou programa de informática
administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de sem autorização ou solicitação de autoridade
2011) competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei terço até a metade se da modificação ou alteração
12.550. de 2011) resulta dano para a Administração Pública ou para o
TÍTULO XI administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA documento
CAPÍTULO I Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer
documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
DOS CRIMES PRATICADOS sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL não constitui crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Peculato Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de aplicação diversa da estabelecida em lei:
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, Concussão
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se 2019)
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de Excesso de exação
funcionário. § 1º - Se o funcionário exige tributo ou
Peculato culposo contribuição social que sabe ou deveria saber
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
para o crime de outrem: meio vexatório ou gravoso, que a lei não
Pena - detenção, de três meses a um ano. autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação 27.12.1990)
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
pena imposta. 27.12.1990)
Peculato mediante erro de outrem § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro para recolher aos cofres públicos:
de outrem: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Corrupção passiva
Inserção de dados falsos em sistema de Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas vantagem:
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Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de multa.
12.11.2003) § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em Pena - detenção, de três meses a um ano, e
conseqüência da vantagem ou promessa, o multa.
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. faixa de fronteira:
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
ou retarda ato de ofício, com infração de dever Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: prolongado
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou Art. 324 - Entrar no exercício de função pública
multa. antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
Facilitação de contrabando ou descaminho exercê-la, sem autorização, depois de saber
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever oficialmente que foi exonerado, removido, substituído
funcional, a prática de contrabando ou descaminho ou suspenso:
(art. 334): Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de Violação de sigilo funcional
27.12.1990) Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em
Prevaricação razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, ou facilitar-lhe a revelação:
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
sentimento pessoal: § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
Pena - detenção, de três meses a um ano, e quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
multa. I – permite ou facilita, mediante atribuição,
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou sistemas de informações ou banco de dados da
similar, que permita a comunicação com outros Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela 2000)
Lei nº 11.466, de 2007). II – se utiliza, indevidamente, do acesso
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condescendência criminosa § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei
de responsabilizar subordinado que cometeu infração nº 9.983, de 2000)
no exercício do cargo ou, quando lhe falte Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
competência, não levar o fato ao conhecimento da multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
autoridade competente: Violação do sigilo de proposta de concorrência
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de
multa. concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
Advocacia administrativa ensejo de devassá-lo:
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, Pena - Detenção, de três meses a um ano, e
interesse privado perante a administração pública, multa.
valendo-se da qualidade de funcionário: Funcionário público
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, além sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
da multa. pública.
Violência arbitrária § 1º - Equipara-se a funcionário público quem
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de exerce cargo, emprego ou função em entidade
função ou a pretexto de exercê-la: paraestatal, e quem trabalha para empresa
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além prestadora de serviço contratada ou conveniada para
da pena correspondente à violência. a execução de atividade típica da Administração
Abandono de função Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos § 2º - A pena será aumentada da terça parte
casos permitidos em lei: quando os autores dos crimes previstos neste
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Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
de função de direção ou assessoramento de órgão da multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
administração direta, sociedade de economia mista, 12.11.2003)
empresa pública ou fundação instituída pelo poder Parágrafo único - A pena é aumentada de um
público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
CAPÍTULO II pratica infringindo dever funcional.
Descaminho
DOS CRIMES PRATICADOS POR Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
Usurpação de função pública pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
multa. dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada
vantagem: pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
Resistência permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008,
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, de 26.6.2014)
mediante violência ou ameaça a funcionário II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
prestando auxílio: 26.6.2014)
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
executa: alheio, no exercício de atividade comercial ou
Pena - reclusão, de um a três anos. industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem introduziu clandestinamente no País ou importou
prejuízo das correspondentes à violência. fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Desobediência introdução clandestina no território nacional ou de
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de importação fraudulenta por parte de
funcionário público: outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e 26.6.2014)
multa. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Desacato alheio, no exercício de atividade comercial ou
Art. 331 - Desacatar funcionário público no industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
exercício da função ou em razão dela: desacompanhada de documentação legal ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou acompanhada de documentos que sabe serem
multa. falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 26.6.2014)
9.127, de 1995) § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário inclusive o exercido em residências. (Redação dada
público no exercício da função: (Redação dada pela pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Lei nº 9.127, de 1995) § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e descaminho é praticado em transporte aéreo,
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) marítimo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único - A pena é aumentada da 13.008, de 26.6.2014)
metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem Contrabando
é também destinada ao funcionário. (Redação dada Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria
pela Lei nº 9.127, de 1995) proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Corrupção ativa Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
indevida a funcionário público, para determiná-lo a § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei
praticar, omitir ou retardar ato de ofício: nº 13.008, de 26.6.2014)

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I - pratica fato assimilado, em lei especial, a Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou
contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de parcialmente, livro oficial, processo ou documento
26.6.2014) confiado à custódia de funcionário, em razão de
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria ofício, ou de particular em serviço público:
que dependa de registro, análise ou autorização de Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato
órgão público competente; (Incluído pela Lei nº não constitui crime mais grave.
13.008, de 26.6.2014) Sonegação de contribuição
III - reinsere no território nacional mercadoria previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
nº 13.008, de 26.6.2014) previdenciária e qualquer acessório, mediante as
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou 2000)
alheio, no exercício de atividade comercial ou I – omitir de folha de pagamento da empresa ou
industrial, mercadoria proibida pela lei de documento de informações previsto pela legislação
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) previdenciária segurados empregado, empresário,
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
alheio, no exercício de atividade comercial ou este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído
industrial, mercadoria proibida pela lei pela Lei nº 9.983, de 2000)
brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ II – deixar de lançar mensalmente nos títulos
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os próprios da contabilidade da empresa as quantias
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio descontadas dos segurados ou as devidas pelo
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei pela Lei nº 9.983, de 2000)
nº 4.729, de 14.7.1965) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio demais fatos geradores de contribuições sociais
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Lei nº 4.729, de 14.7.1965) multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
contrabando é praticado em transporte aéreo, espontaneamente, declara e confessa as
marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de contribuições, importâncias ou valores e presta as
26.6.2014) informações devidas à previdência social, na forma
Impedimento, perturbação ou fraude de definida em lei ou regulamento, antes do início da
concorrência ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
concorrência pública ou venda em hasta pública, aplicar somente a de multa se o agente for primário e
promovida pela administração federal, estadual ou de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou nº 9.983, de 2000)
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de II – o valor das contribuições devidas, inclusive
vantagem: acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou pela previdência social, administrativamente, como
multa, além da pena correspondente à violência. sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
se abstém de concorrer ou licitar, em razão da § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
vantagem oferecida. folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
Inutilização de edital ou de sinal 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
ou conspurcar edital afixado por ordem de aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983,
funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal de 2000)
empregado, por determinação legal ou por ordem de § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior
funcionário público, para identificar ou cerrar será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
qualquer objeto: índices do reajuste dos benefícios da previdência
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Subtração ou inutilização de livro ou documento

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CAPÍTULO II-A Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA contratação direta fora das hipóteses previstas em
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA lei: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Corrupção ativa em transação comercial Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
internacional multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou Frustração do caráter competitivo de
indiretamente, vantagem indevida a funcionário licitação (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de para si ou para outrem vantagem decorrente da
ofício relacionado à transação comercial adjudicação do objeto da licitação, o caráter
internacional: (Incluído pela Lei nº 10.467, de competitivo do processo licitatório: (Incluído pela
11.6.2002) Lei nº 14.133, de 2021)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o Lei nº 14.133, de 2021)
funcionário público estrangeiro retarda ou omite o Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente,
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever interesse privado perante a Administração Pública,
funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) dando causa à instauração de licitação ou à
Tráfico de influência em transação comercial celebração de contrato cuja invalidação vier a ser
internacional (Incluído pela Lei nº 10.467, de decretada pelo Poder Judiciário: (Incluído pela Lei
11.6.2002) nº 14.133, de 2021)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato Modificação ou pagamento irregular em contrato
praticado por funcionário público estrangeiro no administrativo (Incluído pela Lei nº 14.133, de
exercício de suas funções, relacionado a transação 2021)
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10.467, Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a
de 11.6.2002) qualquer modificação ou vantagem, inclusive
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e prorrogação contratual, em favor do contratado,
multa. (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) durante a execução dos contratos celebrados com a
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, Administração Pública, sem autorização em lei, no
se o agente alega ou insinua que a vantagem é edital da licitação ou nos respectivos instrumentos
também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) ordem cronológica de sua exigibilidade: (Incluído
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei pela Lei nº 14.133, de 2021)
nº 10.467, de 11.6.2002) Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
Art. 337-D. Considera-se funcionário público multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que Perturbação de processo licitatório (Incluído pela
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, Lei nº 14.133, de 2021)
emprego ou função pública em entidades estatais ou Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização
em representações diplomáticas de país de qualquer ato de processo licitatório: (Incluído
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10.467, de pela Lei nº 14.133, de 2021)
11.6.2002) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou Violação de sigilo em licitação (Incluído pela Lei nº
função em empresas controladas, diretamente ou 14.133, de 2021)
indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada
ou em organizações públicas internacionais. (Incluído em processo licitatório ou proporcionar a terceiro o
pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) ensejo de devassá-lo: (Incluído pela Lei nº 14.133,
CAPÍTULO II-B de 2021)
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e
ADMINISTRATIVOS multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Afastamento de licitante (Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021)
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Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio suspensão ou o cancelamento de registro do
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento inscrito: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
de vantagem de qualquer tipo: (Incluído pela Lei Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
nº 14.133, de 2021) multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e Omissão grave de dado ou de informação por
multa, além da pena correspondente à projetista (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
violência. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se Administração Pública levantamento cadastral ou
abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem condição de contorno em relevante dissonância com a
oferecida. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) realidade, em frustração ao caráter competitivo da
Fraude em licitação ou contrato (Incluído pela Lei licitação ou em detrimento da seleção da proposta
nº 14.133, de 2021) mais vantajosa para a Administração Pública, em
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração contratação para a elaboração de projeto básico,
Pública, licitação ou contrato dela decorrente, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo
mediante: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) competitivo ou em procedimento de manifestação de
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços interesse: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
com qualidade ou em quantidade diversas das Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
previstas no edital ou nos instrumentos multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
contratuais; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) § 1º Consideram-se condição de contorno as
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de informações e os levantamentos suficientes e
mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para necessários para a definição da solução de projeto e
consumo ou com prazo de validade dos respectivos preços pelo licitante, incluídos
vencido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) sondagens, topografia, estudos de demanda,
III - entrega de uma mercadoria por condições ambientais e demais elementos ambientais
outra; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) impactantes, considerados requisitos mínimos ou
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade obrigatórios em normas técnicas que orientam a
da mercadoria ou do serviço fornecido; (Incluído elaboração de projetos. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 14.133, de 2021) 14.133, de 2021)
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter
mais onerosa para a Administração Pública a proposta benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem,
ou a execução do contrato: (Incluído pela Lei nº aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
14.133, de 2021) artigo. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de
Contratação inidônea (Incluído pela Lei nº 14.133, cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior
de 2021) a 2% (dois por cento) do valor do contrato licitado ou
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou celebrado com contratação direta. (Incluído pela
profissional declarado inidôneo: (Incluído pela Lei Lei nº 14.133, de 2021)
nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e CAPÍTULO III
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
declarado inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, JUSTIÇA
de 2021) Reingresso de estrangeiro expulso
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e Art. 338 - Reingressar no território nacional o
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) estrangeiro que dele foi expulso:
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem
aquele que, declarado inidôneo, venha a participar de prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da
licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, pena.
aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar Denunciação caluniosa
com a Administração Pública. (Incluído pela Lei nº Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
14.133, de 2021) policial, de procedimento investigatório criminal, de
Impedimento indevido (Incluído pela Lei nº processo judicial, de processo administrativo
14.133, de 2021) disciplinar, de inquérito civil ou de ação de
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente improbidade administrativa contra alguém,
a inscrição de qualquer interessado nos registros imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a
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ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
pela Lei nº 14.110, de 2020) policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa,
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o além da pena correspondente à violência.
agente se serve de anonimato ou de nome suposto. Exercício arbitrário das próprias razões
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
imputação é de prática de contravenção. satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
Comunicação falsa de crime ou de contravenção lei o permite:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de multa, além da pena correspondente à violência.
contravenção que sabe não se ter verificado: Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. somente se procede mediante queixa.
Auto-acusação falsa Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
crime inexistente ou praticado por outrem: determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa. multa.
Falso testemunho ou falsa perícia Fraude processual
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência
a verdade como testemunha, perito, contador, de processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
administrativo, inquérito policial, ou em juízo juiz ou o perito:
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de Pena - detenção, de três meses a dois anos, e
28.8.2001) multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Parágrafo único - Se a inovação se destina a
multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de produzir efeito em processo penal, ainda que não
2013) (Vigência) iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um Favorecimento pessoal
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de
cometido com o fim de obter prova destinada a autoridade pública autor de crime a que é cominada
produzir efeito em processo penal, ou em processo pena de reclusão:
civil em que for parte entidade da administração Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº § 1º - Se ao crime não é cominada pena de
10.268, de 28.8.2001) reclusão:
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o multa.
agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou isento de pena.
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, Favorecimento real
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de
falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação tornar seguro o proveito do crime:
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar,
multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico
28.8.2001) de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um autorização legal, em estabelecimento
sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
obter prova destinada a produzir efeito em processo Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
penal ou em processo civil em que for parte entidade ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
da administração pública direta ou indireta. (Redação Exercício arbitrário ou abuso de poder
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de
Coação no curso do processo 2019) (Vigência)
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra segurança
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
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Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa Parágrafo único - As penas aumentam-se de um
legalmente presa ou submetida a medida de terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
segurança detentiva: utilidade também se destina a qualquer das pessoas
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. referidas neste artigo.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou Violência ou fraude em arrematação judicial
por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar
a pena é de reclusão, de dois a seis anos. arrematação judicial; afastar ou procurar afastar
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
aplica-se também a pena correspondente à violência. ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou
se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou multa, além da pena correspondente à violência.
guarda está o preso ou o internado. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido suspensão de direito
da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, Art. 359 - Exercer função, atividade, direito,
de três meses a um ano, ou multa. autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado
Evasão mediante violência contra a pessoa por decisão judicial:
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
o indivíduo submetido a medida de segurança multa.
detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além CAPÍTULO IV
da pena correspondente à violência.
Arrebatamento de preso DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Contratação de operação de crédito
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar
pena correspondente à violência. operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
Motim de presos autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a 2000)
ordem ou disciplina da prisão: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
da pena correspondente à violência. Parágrafo único. Incide na mesma pena quem
Patrocínio infiel ordena, autoriza ou realiza operação de crédito,
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
procurador, o dever profissional, prejudicando 2000)
interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: I – com inobservância de limite, condição ou
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e montante estabelecido em lei ou em resolução do
multa. Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Patrocínio simultâneo ou tergiversação II – quando o montante da dívida consolidada
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ultrapassa o limite máximo autorizado por
advogado ou procurador judicial que defende na lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes Inscrição de despesas não empenhadas em
contrárias. restos a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Sonegação de papel ou objeto de valor Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em
probatório restos a pagar, de despesa que não tenha sido
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou previamente empenhada ou que exceda limite
deixar de restituir autos, documento ou objeto de estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
valor probatório, que recebeu na qualidade de 2000)
advogado ou procurador: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
multa. Assunção de obrigação no último ano do
Exploração de prestígio mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028,
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou de 2000)
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou,
caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte,
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que não tenha contrapartida suficiente de crimes militares, revogam-se as disposições em
disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, contrário.
de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos.(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000)
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de
crédito sem que tenha sido constituída contragarantia
em valor igual ou superior ao valor da garantia
prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028,
de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
promover o cancelamento do montante de restos a
pagar inscrito em valor superior ao permitido em
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Aumento de despesa total com pessoal no
último ano do mandato ou legislatura (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato
que acarrete aumento de despesa total com pessoal,
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do
mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000))
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Oferta pública ou colocação de títulos no
mercado (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a
oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
de títulos da dívida pública sem que tenham sido
criados por lei ou sem que estejam registrados em
sistema centralizado de liquidação e de
custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre
os crimes contra a existência, a segurança e a
integridade do Estado e contra a guarda e o emprego
da economia popular, os crimes de imprensa e os de
falência, os de responsabilidade do Presidente da
República e dos Governadores ou Interventores, e os

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