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LEI PENAL

Art.1 ao 10 CP
Ao analisarmos a única fonte formal primária do Direito Penal, podemos dividi-la em
duas estruturas:
Preceito PRIMÁRIO – refere-se a conduta descrita no tipo penal, por exemplo no
art.121 seria: “Matar alguém”
Preceito SECUNDÁRIO – refere-se a pena descrita no tipo, pegando o mesmo artigo:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

1.0 CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL


A lei penal sofre a seguinte classificação:
a) Normas penais INCRIMINADORAS: criam crimes e cominam penas;
b) Normas penais NÃO-INCRIMINADORAS: elas nem criam crimes, nem cominam
penas, sofrendo a seguinte classificação:
b.1) PERMISSIVAS / JUSTIFICATIVAS – são as condutas de exclusão de ilicitude,
presente normalmente na parte geral.
b.2) EXCULPANTES (NÃO CULPABILIDADE) – elas são normas que tratam da
inimputabilidade;
b.3) INTERPRETATIVAS – servem para esclarecer conteúdos, como o art.150,§4 que
trata da expressão do que seria “casa” para o CP;
b.4) DE APLICAÇÃO OU COMPLEMENTARES – delimitam o campo da norma
incriminadora, como o art.2 que fala da punição x lei posterior;
b.5) DIRETIVAS – estabelecem princípios, vide o art.1
b.6) INTEGRATIVAS OU DE EXTENSÃO – complementam a tipicidade, vide o
art.14,II que trata da tentativa;
c) Normas penais PERFEITAS – apresentam todos os elementos da conduta criminosa;
d) Normas penais INCOMPLETAS ou IMPERFEITAS – reservam sua
complementação a outra lei, ato administrativa (lei penal em branco) ou julgador (tipos
penais abertos).

2.0 LEIS PENAIS EM BRANCO


OBS. Bizu, pensemos que a norma penal em branco, propriamente é deficiente, logo, a
imprópria é algo contrário, ou seja, contra a sua natureza de deficiência!
Uma lei que necessita de COMPLEMENTAÇÃO PRIMÁRIA, cujo ato poderá sofrer
as seguintes classificações:
a) Lei Penal em Branco IMPRÓPRIA/SENTIDO LATO/HOMOGÊNEA – seu
complemento possui mesma natureza jurídica, provém da mesma fonte formal que
elaborou a lei penal incriminadora. Podendo ainda ser dividido em:
a.1) Homovitelinas – complementação advém do mesmo ordenamento;
a.2) Heterovitelinas – complementação advém de ordenamento diferente.

b) Lei Penal em Branco PRÓPRIA/SENTIDO ESTRITO/HETEROGÊNEA – seu


complemento é de natureza jurídica DIVERSA, emanada de ÓRGÃO DISTINTO,
daquele que elaborou a lei incriminadora.
c) Lei Penal em Branco IMPERFEITA/INVERSA/ AO AVESSO – nela a
necessidade é da complementação do preceito secundário. Devendo ser dado por LEI!
d) Lei Penal em Branco DE FUNDO CONSTITUCIONAL – o complemento do
preceito primário advém da própria CRFB.
e) Lei Penal em Branco AO QUADRADO – complemento que depende de
complementação;
Normalmente a competência para legislar, recai sobre a UNIÃO. Nada impede que
Estados/DF o façam, desde que seja em matérias de sua competência.
(COMPLEMENTAÇÃO DA NORMA PENAL EM BRANCO)
Uma jurisprudência interessante foi de que segundo o STF o desrespeito às regras
sanitárias impostas por Estado/Município no período da pandemia, recai no tipo penal
do art.268.
Em caso de revogação, seguimos as ideias anteriores, poderá ocorrer uma situação de
ultratividade da norma mais benéfica ou até retroação dela.
Sempre analisando se porventura não é uma situação de lei
temporária/excepcional.

3.0 ANALOGIA / INTEGRAÇÃO ANALÓGICA / SUPLEMENTO


ANALÓGICO
NÃO SE TRATA DE INTERPRETAÇÃO
É uma FORMA DE INTEGRAÇÃO, ou seja, supressão de lacunas. Aplico num caso
que não tem lei, uma norma que é aplicável a um caso SIMILAR.
NÃO PODEMOS UTILIZAR EM NORMAS INCRIMINADORAS
Ou seja, é proibida a Analogia In Malam Partem, por ferir o Princípio da Reserva
Legal, de que é necessário lei para definição de crimes e cominação de penas.
OBS. O CP permite a utilização da INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA, ainda in
malam partem. Trata-se de uma situação em que a lei formula uma situação casuística,
seguida de uma genérica, permitindo que o julgador aplique em inúmeros casos que se
encaixem.
Por fim, válido mencionar a divisão que a analogia sofre:
Analogia LEGAL – aplicação de UMA LEI;
Analogia JURÍDICA – aplicação de um CONJUNTO DO ORDENAMENTO;

4.0 LEI PENAL NO TEMPO


Diante do Princípio da Continuidade das Lei, vai vigorar até sua revogação por outra,
retirando a sua vigência, salvo as Temporárias e Excepcionais que passam por um
processo de caducar. (São autorrevogáveis, assim, não precisam de outra para ter o seu
fim)
No Direito Penal vigora o princípio do tempus regit actum, ou seja, a lei do tempo da
conduta é a responsável por incidir.
O grande ponto do Direito Penal se trata na sucessão das normas incriminadoras.
a) Novatio Legis Incriminadora
De acordo com o CP, tal norma não vai retroagir, ou seja, somente será aplicável aos
casos ocorridos após o seu vigor!
b) Lex Penal mais gravosa ou Lex Gravior
Mesma ideia mencionada acima, agravou a situação do réu = somente será aplicável aos
fatos POSTERIORES a sua vigência.
c) Abolitio Criminis ou Lei Posterior mais benéfica
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Em caso de lei que exclui a imputação criminal, iremos ver a aplicação retroativa da
norma. Trata-se de uma causa de extinção de punibilidade, a qual alcança a execução e
extingue os efeitos penais (reincidência; maus antecedentes).
NÃO ALCANÇA OS CÍVEIS, MUITO MENOS A OBRIGAÇÃO DE REPARAR
O DANO.
Temos que ter cuidado com a situação da Continuidade Normativo-Típica, pois nela
temos uma situação de revogação FORMAL, ocorre tão somente a retirada da lei, mas
a conduta permanece criminosa em outro tipo penal (transmudação geográfico típica).
Ou seja, não podemos afirmar que nessa situação ocorreu a abolição do crime.
Na abolição do crime, temos a situação de revogação formal, bem como
MATERIAL, em que a conduta criminosa deixa de existir!
Exemplo de continuidade – retirada formal do atentado violento ao pudor, mas que
permanece como estupro;
Exemplo de abolição de crime – adultério, que foi retirado tanto formal, como
materialmente.
Outro ponto super importante é a chamada EXTRA-ATIVIDADE da norma penal, que
derivam Retroatividade e Ultratividade, ambas são espécies do gênero extra atividade.
O que acontece, como visto acima a retroatividade é o surgimento de uma norma mais
benéfica que retroage para alcançar fatos ocorridos anteriormente.
Ultratividade, é uma situação em que determinada conduta é aplicada uma lei X, no
momento do crime, posteriormente tal lei X é revogada por Y, que prevê uma situação
mais gravosa. Nessa circunstância a lei X é acobertada pela ultratividade e permanece
sendo aplicável na situação no período em que era vigente.
Por fim, posso ter uma lei temporária que extingue determinada conduta como crime,
por um período de X a Y. Logo, ocorre a sua retroação DÃ.
Agora, na incriminadora, se ocorrer uma situação posteriormente benéfica, NÃO
VAI SE APLICAR AO PERÍODO EM QUE FOI REALIZADA A CONDUTA
CRIMINOSA!
d) Lex Mitior/ Novatio Legis In Mellius
Temos o seguinte, no momento da conduta, era aplicável lei X.
A parte ré está sendo processada pela lei X, posteriormente, surgiu lei Y que é muito
mais benéfica, nesse caso, temos que ocorrerá a retroação da lei.
ALCANÇANDO ATÉ AS DECISÕES TRANSITADAS EM JULGADO!!!
Agora, quem irá aplicar tal lei? Depende da situação.
Fase Investigativa/ Ação Penal em 1ª Instância → Juiz Natural;
Grau Recursal/Competência Originária do Tribunal → o próprio órgão;
Execução → o Juízo de Execução (se demandar uma simples situação aritmética)
S 611 STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação
de lei mais benigna.

OBS. Caso demande uma análise mais profunda, será necessário o manejo de uma
revisão criminal.
e) Lex Tertia
Situação em que combino leis, com o intuito de obter uma situação favorável.
NÃO É ADMITIDO!
S 501 do STJ - é cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência
das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

OBS. Em relação a uma lei intermediária ser mais benéfica? A lei mais gravosa é
aplicável ao momento do crime; posteriormente vem B, mais benéfica; por fim C que
revoga B. Nesse caso, teremos a ultratividade/retroatividade de B. Aplicando-se aos
casos anteriores e posteriores do momento!
OBS. Não podemos utilizar lei que se encontra em vacatio legis, ainda que seja mais
benéfica, visto que ela não está produzindo seus efeitos.
OBS. Em caso de crime continuado/permanente em caso de sucessão de lei após o
início da conduta, a nova lei será aplicável sempre que ela esteja em vigor quando o
momento da cessação da permanência ou da continuidade, INDEPENDENTE se mais
grave ou mais benéfica a lei do momento do início da conduta!
OBS. Lembrando, regra jurisprudência não retroage! A possibilidade retroação
precisamos discutir é no âmbito de controle de constitucionalidade.
S 711 STF - a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

5.0 LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL


Na temporária vemos no bojo da lei, uma vigência PREDETERMINADA, do período
X ao Y, tal conduta é crime ou majorada.
OBS. As circunstâncias que motivaram a edição da lei temporária passam a
integrar o próprio tipo penal como uma elementar (elemento que sem ele o fato seria
atípico ou, no mínimo, desclassificado para outro), afinal se o crime for cometido após
as circunstâncias a lei temporária não terá efeito. Por isso, a expressão "elementos
temporais do próprio fato típico".
Na excepcional, temos uma situação peculiar, e enquanto perdura, tal conduta é crime
ou situação Y é majorada.
Tais leis são dotadas de ULTRATIVIDADE, quer dizer o seguinte, aos crimes
cometidos no período delas, e posteriormente processados, elas ainda serão aplicadas!
Ou seja, mesmo após do término do período ou da situação de anormalidade.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Logo, ainda que depois haja uma situação mais benéfica, ELAS SERÃO
APLICÁVEIS AOS CRIMES COMETIDOS NO SEU PERÍODO!

6.0 CONFLITO APARENTE DE LEIS


Seria a situação, de em tese, termos a aplicação de 2 leis de mesma hierarquia ao fato
delituoso atual. Hipótese inaceitável, devendo ser aplicada apenas uma. Logo, os
requisitos para termos um conflito de leis:
I – Unidade do Fato;
II – Pluralidade de Leis;
III – Vigência Simultânea.
Trata-se de uma construção doutrinária e jurisprudencial.
6.1 ESPECIALIDADE
ESPECIAL prevalece sobre geral.
Mato meu filho, não iremos para o crime de homicídio no 121, mas sim para o 123 do
infanticídio.
Vamos analisar, qual lei possui uma descrição mais próxima da conduta. Tal análise é
feita ABSTRATAMENTA.
6.2 SUBSIDIARIEDADE
Vemos a aplicação do tipo, se outro de caráter primário não poder ser aplicado.
Logo, a primária, costume ser amplo e mais grave, ficando sua aplicação condicionada a
negativa da subsidiária. Tal análise é feita CONCRETAMENTE.
Vamos por exemplo numa situação de ameaça. Podemos dividir assim:

Logo, só iremos aplicar o art.147, caso não estejam presentes as situações do art.146.
O exemplo acima, é a chamada subsidiariedade tácita, em que iremos verificar de
acordo com os elementos.
Por outro lado, temos a subsidiariedade expressa, em que normalmente é
acompanhada do “apenas se o fato não constituir um outro crime mais grave”.
Se compararmos com a especialidade, percebemos que nela temos uma relação de
gênero e espécie. Matar alguém é um gênero, que comporta a espécie de infanticídio.
Por outro lado, carece tal relação na subsidiariedade, veja que constrangimento ilegal x
ameaça, não tem qualquer relação.
6.3 CONSUNÇÃO
Temos uma situação de absorção, vemos que para chegar a um crime X (consuntivo,
mais grave), passo por outros menos graves (consunto).
OBS. NÃO É REGRA, MAIS GRAVE CONSUMIR MENOS GRAVE. Veja que o
STJ tem a S 517 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido. Falsidade crime mais grave, acaba sendo consumido pelo
estelionato, menos grave.
Veremos ele em algumas situações:
a) Crime Complexo
Nele, temos uma fusão de crimes, roubo = furto + ameaça
b) Crime Progressivo
Miro em X.
Contudo, para chegar em X, necessário passar por outras condutas, como por exemplo o
crime de homicídio, perpassa pela lesão.
c) Progressão Criminosa (X 2x)
Inicio X, mais mudo de ideia na execução, e acabo praticando outro delito.
Desejo inicialmente lesionar Bruno, iniciada a execução, mudo de ideia e desejo mata-
lo.
d) Fato Impuníveis
Atos realizados para chegar-se ao principal, que não são puníveis, dividimos em:
I – Atos Anteriores, prévios ou preliminares impuníveis:
Meio anterior de execução, desejo realizar um furto de uma bolsa dentro de um veículo,
a destruição da janela, não vai caracterizar o crime de dano, visto que foi meio anterior
para se chegar ao furto.
Tal ato preparatório, será absolvido se de menor ou igual gravidade, em comparação
ao principal.
OBS. Lembrando, NÃO É REGRA!
A diferença do crime progressivo, é que nele sou obrigado a passar pelo ato, para
chegar ao final.
No ato anterior impunível, é uma faculdade.
II – Ato Concomitante ou Simultâneo não puníveis:
Praticados no instante em que se prática o ato principal, seria alguns ferimentos
enquanto a mulier é estuprada.
III – Fatos Posteriores não puníveis:
Seria uma nova ofensa contra o mesmo bem.
6.4 ALTERNATIVIDADE
Tipo penal com várias condutas, sendo apenas uma delas suficiente para recair no
crime.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Ainda que faça a importação, exportação, até o preparo, dentro de um mesmo contexto
fático, só responderá por um único delito!

7.0 MOMENTO DO CRIME (TEMPO)


Como forma de solucionar qual seria o momento do crime, foram criadas 3 teorias:
Atividade – segundo ela o crime é praticado no momento da ação/omissão, FODA-SE
o momento do resultado.
Resultado – o crime é praticado no momento da consumação, FODA- SE a conduta.
Ubiquidade - o crime é praticado no momento da ação/omissão e do resultado.
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.

Após a leitura do CP, notamos que foi adotada a Teoria da Atividade.


Advindo disso, temos a seguinte consequência, a lei aplicável ao caso, será a do tempo
da conduta. Tal análise será importante, para também sabermos a questão da
imputabilidade.

8.0 LUGAR DO CRIME


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Após a leitura do CP, concluímos que em relação ao lugar do crime, foi adotada a
Teoria da Ubiquidade.
Veja, aqui falamos numa situação de PLURALIDADE DE PAÍSES, ou seja, um crime
que foi realizado no Brasil e nos EUA.
Isso é importante, pois existem situações que tal teoria NÃO SERÁ APLICADA:
FICA DP
F a limentar I nfrações de Menor Potencial Ofensivo C onexos A tos infracionais D
olosos contra a vida P lurilocais

I – Crimes Conexos:
serão processados e julgados no país em que foram cometidos;
II – Crimes Plurilocais: apesar do nome, se situam no MESMO PAÍS, em comarcas
diversas, será usado a regra do art.70 CPP - A competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que
for praticado o último ato de execução.
III – Infrações de Menor Potencial Ofensivo (Pena Max NÃO superior a 2 anos):
teremos a T.da Atividade, Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo
lugar em que foi praticada a infração penal;
IV – Crimes Falimentares: LOCAL de decretação da falência, concedida a
recuperação judicial ou homologação do plano judicial.
V – Atos Infracionais: são os atos tipificados pelo ECA, será a T.Atividade.
BIZU – L U T A (lugar-ubiquidade; tempo-atividade)

9.0 LEI PENAL NO ESPAÇO


A regra geral é a aplicação do Princípio da Territorialidade, excepcionalmente
veríamos a Extraterritorialidade – personalidade, domicílio, defesa, justiça universal e
representação.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.

9.1 PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE


Temos a adoção na sua forma mitigada/temperada, conforme leitura do artigo acima.
Uma atenção especial deve ser dada ao seguinte:
1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em ALTO-MAR.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Após a leitura desses artigos, devo ter a seguinte conclusão. Quando for mencionada as
situações grifadas, o princípio que atrai é a TERRITORIALIDADE!
OBS. Temos a situação da Passagem Inocente, seria o caso de um navio privado
utilizando o mar territorial brasileiro, somente como passagem para seu destino, sem
atracar no nosso território. Logo, caso haja um crime, apesar de ocorrer em águas
brasileiras, não será aplicado o Direito Penal BR.
9.2 EXTRATERRITORIALIDADE
Como visto, caso ocorra um fato típico dentro do Brasil ou nos casos de extensão do seu
território, em regra, será aplicado a lei brasileira.
Ocorre que existem situações, em que apesar do fato ocorrer em território
estrangeiro, atrai a aplicação da lei brasileira, tais exceções iremos analisar agora,
com base inicialmente nos seus princípios.
I – Princípio da Personalidade ou da Nacionalidade (pessoa que cometeu)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:

b) praticados por brasileiro

Ou seja, crime cometido por brasileiro, terá aplicação do CP.


Veja, apesar de não mencionar por Alexandre, Masson diz que a situação de vítima Br
também atrairia.
II – Princípio do Domicílio
Masson menciona que é o caso do Crime de Genocídio.
III – Princípio da Defesa Real ou Proteção
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a LIBERDADE do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de


Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;

c) contra a administração pública, POR QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO;


IV – Princípio da Justiça Universal/ Cosmopolita/Competência
Universal/Jurisdição Mundial/ Repressão Mundial/ Universalidade do Direito e
Punir
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir

OBS. Alexandre, traz em seu material que os crimes de genocídio atraem o mencionado
princípio.
V – Princípio da Representação/Pavilhão/Bandeira/Subsidiária/Substituição
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando


em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

CUIDADO FILHO DA PUTA! Não podemos confundir com os casos do §1 e §2 do


art.5, ali é TERRITORIALIDADE! Ou seja, considera-se que o crime foi PRATICADO
DENTRO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO!
OBS. Apenas CRIMES, não podemos aplicar contravenção fora do território
brasileiro.
9.3 CONDICIONADOS X INCONDICIONADOS
Vimos que existem situações que apesar do crime ter sido cometido fora do território
brasileiro, vai atrair a aplicação da legislação penal brasileira.
Sucede que não é bagunça, vai ser necessário algumas análises.
a) Crimes Incondicionados
Rol de situações em que, a atração da lei brasileira ao crime cometido no estrangeiro,
dispensa o preenchimento de qualquer tipo de condição.
Ou seja, mesmo que o cara lá seja JULGADO/CONDENADO/ABSOLVIDO, o Brasil
ainda pode julgar.
São as seguintes situações:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

a) contra a VIDA ou a LIBERDADE do Presidente da República (P. Defesa ou Proteção)

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de


Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; (P. Defesa ou Proteção)

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (P. Defesa ou Proteção)

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (P. Do domicílio ou


Nacionalidade/Personalidade)

b) Crimes Condicionados
Alguns crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (P.Justiça Universal)

b) praticados por brasileiro (P. Nacionalidade)

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando


em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (P. Da Representação)

Para atrair a aplicação da Lei brasileira, precisam preencher certas condições, que são
CUMULATIVAS!
a) entrar o agente no território nacional

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

9.4 EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA


Temos a seguinte situação:
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

De acordo com o Princípio da Nacionalidade, na sua modalidade passiva, ao crime


cometido contra brasileiro, será aplicada a lei brasileira, caso reúna as condições
anteriores!
PLUS! mais duas:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

CUIDADO CARALHO! Estrangeiro contra BR!


Não confunde quando o crime é feito por agente BR!

10. SENTENÇA ESTRANGEIRA


Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;

II - sujeitá-lo a medida de segurança

Parágrafo único - A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

11. LEI PENAL EM RELAÇÃO AS PESSOAS


Como mencionado no art.5, convenções, tratados e regras de direito internacional,
podem afastar a aplicação da lei brasileira, aos crimes cometidos aqui. Exemplo mais
célebre refere-se as imunidades diplomáticas.
Temos que ter em mente o seguinte, Diplomatas/Chefes de Governos Estrangeiros,
não podem ser presos em solo brasileiro (inviolabilidade pessoal), muito menos
responder criminalmente, terá que ser julgado por seu Estado de origem, tal proteção
alcança os seus familiares.
NÃO SE APLICAM AOS EMPREGADOS
CÔNSUL APENAS EM RELAÇÃO AOS ATOS LIGADOS AO SEU OFÍCIO
Temos a IMUNIDADE PARLAMENTAR, situação que remeto ao Estudo de Direito
Constitucional.

12. CONTAGEM DE PRAZO PENAL


Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.
+C-F
No Direito Material PENAL, temos a situação de que o dia do começo é incluído no
prazo.
Tais prazos são IMPRORROGÁVEIS!!!!! Caso termine em um feriado, será
considerado seu último dia, o último dia útil, anterior!
OBS. PODEM SER SUSPENSOS/INTERRROMPIDOS!
Processo Penal = exclui-se o dia de começo, e são prorrogáveis.
S 310 STF - Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for
feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.

Temos que ter atenção a natureza da norma, aquela classificação de direito processual
penal, pois a depender do seu tipo, iremos atrair o regramento de direito material ou
processual.
Uma regra importante é quanto as frações:
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia,
e, na pena de multa, as frações de cruzeiro

Se uma sentença condenar o cara em 11,5 dias, esse 0,5 será desconsiderado. No mesmo
sentido, condenado ao pagamento de multa de R$ 100,10, esses 0,10 serão
desconsiderados.
OBS. Outro ponto que cheguei a confundir com o caso acima, dias INDEPENDENTE
DO HORÁRIO, são contados como UM DIA INTEGRAL. Digamos que eu início
minha pena as 23h58 minutos, esse dia SERÁ CONTADO!! NÃO CONFUNDIR
COM A REGRA ACIMA!!!
Por fim, a situação da contagem pelo calendário comum, eu sinceramente não entendi
bulhufas, mas tem a seguinte regra.
Digamos que eu seja condenado a 30 dias de prisão, tendo iniciado em 30 de fevereiro,
vou sair em 29 de março. O término sempre será -1, independente do que seja o cálculo
matemático é esse. Normalmente comparo número igual, 30 e 30, e diminuo 1, pois
inclui-se o dia do começo. Se for em ano, mesmo mês e etc. +C – F

13.0 LEGISLAÇÃO ESPECIAL


Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.

Segundo Masson, as regras aplicáveis referem-se as normas NÃO


INCRIMINADORAS, independentemente de onde estejam!

14.0 COMPETÊNCIA DO DIREITO PENAL MILITAR


Em relação a ESTADUAL, temos o seguinte, de acordo com a CRFB:
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente
dos oficiais e da graduação das praças.

Ou seja, no âmbito das PMs, crimes dolosos contra a vida de civil, por eles realizados,
serão direcionados para o Tribunal do Júri.
Agora, quanto UNIÃO, a CRFB diz:
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

Logo, quanto as FORÇAS ARMADAS, que se encontra no âmbito da União, até os


crimes dolosos contra a vida de civil, serão julgados pela Justiça Militar da União.
OBS. Uma questão interessante, diz respeito ao HC, no âmbito militar. APESAR DE
VEDADA POR LEI, jurisprudência tem aceitado quando discute o aspecto LEGAL,
sem entrar no mérito.
OBS. Bom recordar, a Lei 13.941/2017, realizou uma alteração no CPM e previu a
possibilidade de militar cometer crimes comuns, sendo necessário o deslocamento da
competência para Justiça Militar, lembrando:
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto:

JURISPRUDÊNCIA
Livro de Súmulas – 407,408.
NÃO TEM NENHUM DOS INFORMATIVOS!

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