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A súmula vinculante 711, do Supremo Tribunal Federal, lança a

jurisprudência que afirma que, em casos de crimes continuados ou


permanentes, a lei a ser aplicada será a mais recente, considerando o crime
como concretizado após a sua consumação.

1) O professor Ivan Luís Marques, por meio da ferramenta do Jusbrasil,


afirma que esta súmula não porta desrespeito à premissa de
irretroatividade da lei penal, como alguns outros professores
indicaram ser uma exceção, mas que se trata de uma renovação de
consumação, “agora sob a égide da vigência nova da lei mais
grave.”, portanto, defendendo a constitucionalidade da
jurisprudência emitida na súmula 711.

2) Também vi, por meio do Prof. Renan Araújo, Defensor Público do


RJ, um esclarecimento no referente à hermenêutica:
“E se o crime se inicia sob a égide de uma lei mais gravosa
e, quando de seu término, está vigorando uma lei nova,
mais branda? Qual lei se aplica? Nesse caso se aplica a lei
nova, não por ser mais benéfica, mas por ser a lei vigente
à época da cessação da permanência.  Não há
retroatividade, não é isso! A lei B estará sendo aplicada
simplesmente porque o crime ocorreu durante sua
vigência. Só haveria sentido em se falar de retroatividade
se o crime tivesse se consumado (cessado a permanência)
antes da entrada em vigor da lei B. Nesse caso ela também
seria aplicada, só que por outro fundamento, o do art. 5°,
XL da Constituição e art. 2°, § único do CP. A súmula 711
do STF não diz que será aplicada a lei mais gravosa se ela
vigorar durante a permanência, não é isso. Ele diz que ela
será aplicada se ela for a lei que vigorar durante a
cessação! São coisas distintas. Admitindo-se o contrário,
chegaríamos ao absurdo de termos uma lei penal mais
benéfica, que vigorou durante a prática do crime, e não foi
aplicada. Pior, se ela tivesse sido editada dias depois, seria
aplicável. ABSURDO! Assim, a súmula 711 do STF deve
ser entendido da seguinte forma:“A lei penal mais gravosa
aplica-se ao crime continuado ou permanente se era a lei
vigente quando da cessação da permanência ou
continuidade”.
Obviamente, mesmo nesse caso, sobrevindo lei nova mais
branda, esta se aplicaria pela retroatividade da lei mais
benéfica.”

3) Cezar Bitencourt, por meio do link


<<http://www.cezarbitencourt.adv.br/index.php/artigos/40-analise-
critica-de-algumas-das-ultimas-sumulas-do-stf>>, entre outros
argumentos, declara que:
“Enfim, a nosso juízo, venia concessa, é inconstitucional a
súmula 711, recentemente editada pelo STF, no que se refere
ao crime continuado.”

4) Paulo Queiroz argumenta se utilizando da decisão de Bitencourt pelo


link <<https://www.pauloqueiroz.net/crime-continuado-e-a-sumula-
711-do-supremo-tribunal-federal/>>, finalizando sua crítica com:
“[...]A súmula é inconstitucional por violar o princípio da
irretroatividade da lei, pois, por meio de um novo conceito de
crime continuado, permite a incidência da nova lei sobre
fatos ocorridos antes da sua vigência, como reconhece
aliás Cezar Bitencourt.”

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