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A sua aprovação

começa quando você


sai da zona de
conforto.
FÉ EM DEUS!

1139
Conteúdo:
1. Lei nº 5.553/1968 (dispõe sobre a apresentação e uso de documentos de identificação pessoal)
2. Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente)
3. Lei nº 10.741/2003 e suas alterações (Estatuto do Idoso)
4. Lei nº 9.296/1996 (Interceptação telefônica)
5. Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional)
6. Lei nº 4.737/1965 e suas alterações (Código Eleitoral)
7. Lei nº 7.210/1984 e suas alterações (Lei de execução penal)
8. Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (Juizados Especiais Cíveis e Criminais)
9. Lei nº 10.259/2001 e suas alterações (Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal)
10. Lei nº 8.137/1990 e alterações (Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e outras relações de consumo)
11. Título II da Lei nº 8.078/1990 e alterações (Crimes contra as Relações de Consumo)
12. Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta, indireta ou fundacional)
13. Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Resolução nº 217A (III) da Assembleia Geral das Nações
Unidas, de 10 de dezembro de 1948.

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LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE
Lei n. 5.553/1968 (Apresentação e Uso de Documentos de Lei n. 5.553/1968 (Apresentação e Uso de Documentos de
Identificação Pessoal) Identificação Pessoal)
Prof. Péricles Mendonça Prof. Péricles Mendonça

APRESENTAÇÃO E USO DE DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO Você reparou que não foram incluídos nesse rol a Carteira Nacional de Habilita-

PESSOAL (LEI N. 5.553/1968) ção (CNH) e o Passaporte? Pois é, como sempre, temos pelo menos duas correntes

doutrinárias.

Conceitos Iniciais Alguns doutrinadores entendem que incluir documentos que não estão listados

no dispositivo seria uma analogia in malan partem, portanto não permitida em


Essa é uma lei pequena e pouco cobrada em concursos. Talvez, se você procu- nossa legislação. Não quer dizer que a retenção de um documento que não esteja
rar nesses grandes bancos de questões online questões sobre essa lei, você não previsto na lei não seja crime, só não será tipificado por essa lei.
encontre. Outros entendem que, em um primeiro momento, ao dizer “qualquer documen-
Esse tipo penal seria uma especialização em relação ao delito de apropriação to de identificação”, estaria abrangendo outros documentos que são considerados
indébita, prevista no art. 168, do Código Penal. Nesse caso, a especialização seria
como documentos de identificação, como é o caso da CNH, que, por força do artigo
o objeto material do delito, ou seja, os documentos previstos no art. 1º, da lei.
159, da Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro), dispõe que ela equivale
Como eu disse no começo da aula, eu volto a dizer aqui, além do estudo na nos-
como documento de identidade em todo território nacional.
sa aula, é muito importante que você também leia a lei seca, até mesmo porque,
como não costuma ser cobrada nas provas essa lei, o examinador pode simples-
mente “copiar e colar” a lei em forma de questão e não podemos perder esse tipo A proibição inclui cópia autenticada do documento.
de ponto em nossa prova.

Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa jurídica, de direito pú- O artigo 1º traz a regra, ou seja, a proibição, o artigo seguinte traz a exceção,
blico ou de direito privado, é lícito reter qualquer documento de identificação pessoal,
ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive compro- que seria a retenção do documento por até 5 dias.
vante de quitação com o serviço militar, título de eleitor, carteira profissional, certidão
de registro de nascimento, certidão de casamento, comprovante de naturalização e
carteira de identidade de estrangeiro. Art. 2º Quando, para a realização de determinado ato, for exigida a apresentação de
documento de identificação, a pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até
5 (cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em seguida o documento ao seu
O artigo 1º traz como conduta criminosa a retenção do documento de identifi- exibidor.
§ 1º Além do prazo previsto neste artigo, somente por ordem judicial poderá ser retira-
cação pessoal. do qualquer documento de identificação pessoal
§ 2º Quando o documento de identidade for indispensável para a entrada de pessoa em
O dispositivo inicia dizendo “qualquer documento de identificação pessoal” e,
órgãos públicos ou particulares, serão seus dados anotados no ato e devolvido o docu-
logo em seguida, traz um rol exemplificativo de documentos que seriam tidos como mento imediatamente ao interessado.

de identificação pessoal.

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LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE
Lei n. 5.553/1968 (Apresentação e Uso de Documentos de Lei n. 5.553/1968 (Apresentação e Uso de Documentos de
Identificação Pessoal) Identificação Pessoal)
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“Nossa, professor, 5 dias sem meu documento?” Pois é, meu(minha) querido(a), ana- Essas são só algumas diferenças para revisarmos rapidamente. Estamos diante
lisando essa lei nos tempos atuais, ela parece não ter razoabilidade quanto a esse prazo. de uma infração de menor potencial ofensivo, portanto a competência para julga-
A retenção do documento deve observar o princípio da proporcionalidade e ra- mento é dos Juizados Especiais Criminais, nos moldes da Lei n. 9.099/1995.
zoabilidade, será que é mesmo necessário reter o documento da pessoa? Eu consi- As sanções previstas no art. 3º são alternativas, e não cumulativas, ou seja, ou
go utilizar e devolver no mesmo momento? Tudo isso deve ser observado. o agente terá pena de prisão simples ou de multa e nunca as duas.
Esse prazo é inflexível, mas conforme ordem judicial pode ocorrer uma reten-
Essa é a hora que o(a) aluno(a) pergunta: “mas, professor, a lei fala em cruzei-
ção extraordinária.
ros novos, como funciona?”
É muito comum ao entrarmos em prédios públicos ou até mesmo privados em
Então, meu(minha) querido(a), a pena de multa deverá ser aplicada nos moldes
que nos identificamos na portaria. Ao nos identificar, eles retêm nossa identidade
do art. 49 e seguintes do Código Penal Brasileiro.
até realizar o cadastro (anotar os dados) e logo após nos devolvem.

Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena de prisão simples de 1 (um) a 3
(três) meses ou multa de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros Classificação
novos), a retenção de qualquer documento a que se refere esta Lei.
Parágrafo único: Quando a infração for praticada por preposto ou agente de pessoa
jurídica, considerar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a reten- • Contravenção comum (pode ser praticada por qualquer pessoa, não é ne-
ção, a menos que haja, pelo executante, desobediência ou inobservância de ordens ou
instruções expressas, quando então será este o infrator. cessária uma qualidade especial do agente).

• Material (o resultado deve ser atingido para sua consumação, ou seja, o


Aqui, estamos diante de uma contravenção penal. “Eita, professor, eu não lem-
agente deve, de fato, reter o documento).
bro a diferença entre crime e contravenção.” Então vamos lembrar rapidamente
• Doloso (não admite a forma culposa por não ter previsão legal).
algumas diferenças.

Crime Contravenção
Tipo de Pena privativa
Reclusão/detenção e/ou multa Prisão simples e/ou multa Por expressa previsão legal (art. 4º, da LCP), não admite tentativa.
de liberdade
Tentativa Pune a tentativa Não pune a tentativa
Admite a extraterritorialidade Não admite a
Extraterritorialidade
da lei penal extraterritorialidade da lei
Justiça Estadual (salvo nas hipó-
Competência
Justiça Federal e Estadual teses de foro por prerrogativa de
para julgamento
função federal ou nacional)
Limite de
30 anos 5 anos
cumprimento de pena

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LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE
Lei n. 5.553/1968 (Apresentação e Uso de Documentos de
Identificação Pessoal)
Prof. Péricles Mendonça

RESUMO

Regra • O artigo 1º traz como conduta criminosa a retenção do documento


de identificação pessoal.
• A proibição inclui cópia autenticada do documento.
Exceção • Para a realização de determinado ato, for exigida a apresentação
de documento de identificação, a pessoa que fizer a exigência fará
extrair, no prazo de até 5 (cinco) dias, os dados que interessarem
devolvendo, em seguida, o documento ao seu exibidor.
• Além desse prazo, somente por ordem judicial.
• Deve observar o princípio da razoabilidade e proporcionalidade.
Entrada em • Quando o documento de identidade for indispensável para a
órgão público entrada de pessoa em órgãos públicos ou particulares, serão seus
dados anotados no ato e devolvido o documento imediatamente
ao interessado.
Classificação • Contravenção penal.
• Pena – prisão simples ou multa.
• Infração de menor potencial ofensivo.
• Competência dos Juizados Especiais Criminais (Lei n. 9.099/1995).

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) Aplicação do ECA

Evolução do tratamento jurídico destinado à criança e ao adolescente O ECA aplica-se a crianças e adolescentes.1
Criança: É a pessoa com até 12 anos de idade incompletos. Somente são submeti-
Conforme leciona Paulo Afonso Garrido de Paula (2002), a progressão do tratamento das a medidas de proteção.
da criança e do adolescente, juridicamente, pode ser sintetizada em quatro fases ou siste- Adolescente: É a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. São submetidas a medidas de
mas: a) fase da absoluta indiferença, na qual não existiam normas direcionadas às crianças proteção e a medidas socioeducativas.
e aos adolescentes; b) fase da mera imputação criminal, em que as leis tinham o único fim
de inibir a execução de ilícitos por crianças e adolescentes (Ordenações Afonsinas e Fili- Dever de proteção aos direitos da criança e do adolescente
pinas, Código Criminal do Império de 1830, Código Penal de 1890); c) fase tutelar, na qual
foram atribuídos aos adultos autoridade para fomentar a integração sociofamiliar da criança, É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público asse-
o que refletiu em uma tutela reflexa dos interesses pessoais das crianças e dos adolescentes gurar os direitos da criança e do adolescente com absoluta prioridade.
(Código Mello Mattos de 1927 e Código de Menores de 1979); e d) fase da proteção integral,
Direito à vida e à saúde
em que as leis reconhecem as crianças e adolescentes como pessoas em desenvolvimento
e, por isso, titulares de direitos e garantias. A Lei n. 8.069/1990, mais conhecida como Esta- São direitos da criança e do adolescente relacionados à vida e à saúde:
tuto da Criança e do Adolescente, insere-se na quarta fase.
• Garantia de condições adequadas para o aleitamento materno pelo poder público, instituições
Da doutrina da proteção integral e empregadores, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade;
• Assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive
A doutrina da proteção integral reconhece a criança e o adolescente como sujeitos de
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. A assistên-
direito e titulares de garantias. O Estatuto da Criança e do Adolescente aderiu expressa-
cia psicológica também deve ser prestada a gestantes e mães que manifestem inte-
mente à doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, conforme disposto em
resse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se
seu artigo 1º:
encontrem em situação de privação de liberdade;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. • Manutenção, nos hospitais, dos prontuários individuais por um prazo de 18 anos;
• Vacinação obrigatória das crianças nos casos recomendados pelas autoridades
Ainda, a doutrina da proteção integral também está prevista no art. 227 da Constitui- sanitárias.
ção Federal:
Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali- O direito da criança e do adolescente à liberdade compreende os seguintes aspectos:
mentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
• ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restri-
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
ções legais;
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
• opinião e expressão;
de e opressão.
• crença e culto religioso;
• brincar, praticar esportes e divertir-se;
• participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
• participar da vida política, na forma da lei;
• buscar refúgio, auxílio e orientação.
1
Excepcionalmente o ECA é aplicado a pessoas com idade entre 18 e 21 anos.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Castigo físico ou tratamento cruel ou degradante Adoção

O ECA, em seu artigo 18-A, dispõe que a criança e o adolescente têm o direito de ser Nos casos em que a gestante ou a mãe manifestar interesse em entregar seu filho para
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, adoção, antes ou logo após o nascimento, serão adotadas as seguintes medidas:
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto.
• encaminhamento da mãe ou gestante à Justiça da Infância e da Juventude;
É considerado castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com • a gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da
o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: Juventude;
a. sofrimento físico; ou • busca pela família extensa no prazo prorrogável de 90 dias;

b. lesão. • detentores da guarda: possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação
de adoção.
Já o tratamento cruel ou degradante é a conduta ou forma cruel de tratamento em
Desistência de entrega do filho para adoção: a criança será mantida com os pais,
relação à criança ou ao adolescente que:
que terão acompanhamento familiar por 180 dias.
a. humilhe; ou
b. ameace gravemente; ou
• Crianças em situação de acolhimento: devem ser cadastradas para adoção no prazo
c. ridicularize.
de 30 (trinta) dias.

Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou Prazos relacionados à adoção:
degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente devem ser obrigatoriamente
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade. 30 dias: Cadastro para adoção de crianças em situação de acolhimento.
Em casos de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante praticados por qual- 90 dias: Busca da família extensa.
quer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, caberá ao Conselho 15 dias: Propositura da ação de adoção pelo detentor da guarda.
Tutelar aplicar as seguintes medidas: 180 dias: Acompanhamento da família em caso de desistência.
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; Apadrinhamento
III – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
O Apadrinhamento é um programa que permite que crianças e adolescentes institucio-
IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
nalizados tenham participação na vida da comunidade local e tenham garantidos os direitos
V – advertência;
à convivência familiar e comunitária. O artigo 19-B do ECA dispõe sobre o apadrinhamento:
VI – garantia de tratamento de saúde especializado à vítima.
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou
Do direito à convivência familiar e comunitária
familiar poderão participar de programa de apadrinhamento.
• Programa de acolhimento familiar ou institucional: a situação deverá ser reava-
Característica do apadrinhamento:
liada a cada 3 (três) meses.
• Período de acolhimento institucional: máximo de 18 (dezoito meses), salvo compro-
• Crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou
vada necessidade. colocação em família adotiva: têm prioridade nos programas de apadrinhamento.
• Mãe ou pai privado de liberdade: será garantida a convivência da criança e do ado-
• Pode ser padrinho ou madrinha: maiores de 18 (dezoito) anos, não inscritos no
lescente por meio de visitas periódicas, independentemente de autorização judicial. cadastro de adoção.
• Pessoa jurídica: pode apadrinhar crianças ou adolescentes.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Poder familiar • Criança ou adolescente indígena ou quilombola: deve ser respeitada a identidade
cultural e tradições. A colocação deve ser feita prioritariamente em sua comunidade.
O poder familiar pode ser definido como um poder-dever dos pais ou responsáveis em Devem ser ouvidos indigenistas e antropólogos.
relação ao filho menor, não emancipado. É o conjunto de direitos e deveres quanto à pessoa
e bens do filho menor não emancipado e deve ser exercido sempre observando o melhor Guarda: É medida provisória. Obriga a prestação de assistência material, moral e
interesse da criança ou adolescente, conforme previsão do artigo 22 do Estatuto da Criança educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a ter-
e do Adolescente: ceiros, inclusive aos pais. Confere à criança ou ao adolescente a condição de dependente,
para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos me- Tutela: Pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar.
nores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer Implica o dever de guarda. Deferida para pessoa de até 18 anos incompletos.
cumprir as determinações judiciais. Adoção: Excepcional e irrevogável. Atribui a condição de filho.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres
e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, deven- • Idade do adotante: Maior de 18 anos, independentemente do estado civil. O ado-
do ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, tante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando.
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. • Prioridade de tramitação dos processos de adoção: Criança ou adolescente com
deficiência ou com doença crônica.
• Exercício do poder familiar: será exercido em igualdade de condições pelo pai • Prazo máximo para a conclusão da ação de adoção: 120 (cento e vinte) dias, pror-
e pela mãe. rogável uma única vez por igual período, mediante decisão fundamentada da autori-
• Falta ou a carência de recursos materiais: não constitui motivo suficiente para a dade judiciária.
perda ou a suspensão do poder familiar. • Divorciados, separados judicialmente e ex-companheiros: Podem adotar conjunta-
• Filiação: é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível. mente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o está-
• Família natural: pais e descentes. gio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência
• Família extensa ou ampliada: parentes próximos com os quais a criança ou adoles- e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele
cente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
• Perda do poder familiar: em caso de crime doloso praticado contra o outro genitor ou • A adoção será precedida de estágio de convivência, cujo prazo máximo será de 90
contra filho(a) ou outro descendente. dias. No caso de adoção internacional, o prazo será de 30 a 45 dias, prorrogável.
• Prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar:
Família substituta
- criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou com necessida-
des específicas de saúde;
A colocação em família substituta é excepcional e ocorrerá mediante guarda, tutela
- grupo de irmãos.
ou adoção.
Para fins de colocação em família substituta, será considerado: grau de parentesco e
• A adoção de não cadastrados será permitida somente nos seguintes casos:
relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decor-
- por meio de pedido de adoção unilateral;
rentes da medida.
- se for formulada por parente com o qual a criança ou o adolescente mantenha
Nos casos de colocação em família substituta, a criança será ouvida e será necessário
vínculos de afinidade e afetividade
o consentimento do adolescente.
- oriundo o pedido de quem detém tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove
• Grupos de irmãos: serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família
a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência
substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso outra situação.
de má-fé ou qualquer uma das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA.
• Família substituta estrangeira: somente é possível por meio da adoção.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
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Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer Da prevenção especial

São direitos da criança e do adolescente previstos no ECA: Da informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; • Crianças menores de 12 anos: somente poderão ingressar e permanecer nos locais
II – direito de ser respeitado por seus educadores; de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares • Revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e ado-
superiores; lescentes: deverão ser comercializadas em embalagem lacrada; mensagens porno-
IV – direito de organização e participação em entidades estudantis; gráficas ou obscenas: embalagem opaca.
V – acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas • Casas de jogo, bilhar, sinuca ou congêneres: proibida entrada e permanência de crian-
no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da ças ou adolescentes.
educação básica.
Dos produtos e serviços
Acesso ao ensino: obrigatório e gratuito.
É proibida a venda a criança ou adolescente de:
Do direito à profissionalização e à proteção no trabalho
• armas, munições e explosivos;
• É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na con- • bebidas alcoólicas;
dição de aprendiz.2 • produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que

• Bolsa de aprendizagem: é assegurada ao adolescente até quatorze anos de idade. por utilização indevida;
• direitos trabalhistas e previdenciários: são assegurados ao adolescente aprendiz, • bilhetes lotéricos e equivalentes.

maior de 14 anos.
Hospedagem de criança ou adolescente: somente permitida se autorizado ou acompa-
É vedado o trabalho: nhado pelos pais ou responsável.
- noturno, realizado entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte;
Da autorização para viajar
- perigoso, insalubre ou penoso;
- realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico,
• Viagens nacionais: menor de 16 anos precisa de autorização judicial, salvo:
psíquico, moral e social;
- se estiver acompanhado de parente até o 3º grau ou de pessoa maior expressa-
- realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.
mente autorizada pelos pais ou responsável;
- se se tratar de comarca contígua ou na mesma região metropolitana à residência
Da prevenção
da criança ou do adolescente.
• Prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente:
• Viagens internacionais: é necessária autorização judicial, salvo se a criança ou
é dever de todos.
adolescente:
• Terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e pro-
- estiver com ambos os pais;
teção: as famílias com crianças e adolescentes com deficiência.
- viajar com um dos pais, com autorização expressa com firma reconhecida
do ausente.
2
Neste ponto, o ECA diverge da redação do artigo 7º, XXXIII, da Constituição Federal. Então muito cuidado com o enunciado da questão, pois ela deve ser
respondida de acordo com o diploma legal cobrado.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de quatorze anos;

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Das medidas de proteção São medidas socioeducativas:

As medidas de proteção são destinadas a crianças e adolescentes e são cabíveis sempre I – advertência;
que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados em decorrência de: II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
• ação ou omissão da sociedade ou do Estado; IV – liberdade assistida;
• omissão ou abuso dos pais ou responsável; V – inserção em regime de semiliberdade;
• conduta da criança ou adolescente. VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
São medidas de proteção:

Advertência: Admoestação verbal, reduzida a termo e assinada.


• matrícula e frequência obrigatórias em escola;
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): Jornada máxima de oito horas sema-
• inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promo-
nais, por período não superior a seis meses.
ção da família, da criança e do adolescente;
Liberdade Assistida (LA): Prazo mínimo de seis meses.
• inclusão em programas de tratamento para alcoólatras e toxicômanos;
Regime de semiliberdade: Pode ser determinado desde o início ou como forma de tran-
• inclusão em programa de acolhimento familiar*;
sição para o meio aberto. Aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à internação.
• acolhimento institucional*;
Internação: Deverá respeitar os princípios da excepcionalidade, brevidade e condição
• requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico;
peculiar de pessoa em desenvolvimento. Será aplicada nas seguintes hipóteses:
• encaminhamento aos pais ou responsáveis;
• colocação em família substituta;
• prática de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça;
• orientação, apoio e acompanhamento temporários.
• reiteração no cometimento de infrações graves;
• Aplicação das medidas de proteção: podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
• descumprimento de medida anteriormente imposta;
• Rol de medidas: é exemplificativo.
• prazo máximo da internação: três anos, devendo ser reavaliada no máximo a cada seis
• Competência para aplicação das medidas: juiz ou conselho tutelar.
meses. Aos 21 anos, a liberação é compulsória.

Obs.: O afastamento da criança ou do adolescente do convívio familiar é de competência


A competência para aplicar medidas socioeducativas é exclusiva do juiz.
exclusiva da autoridade judiciária.
Da remissão
Da prática de ato infracional
Remissão pré-processual/ministerial:
O que é considerado ato infracional? Conduta descrita como crime ou contra-
venção penal. • ocorre antes de ser iniciado o processo;
Crianças: praticam atos infracionais, mas somente estão sujeitas a medidas • é concedida pelo Ministério Público;
de proteção. • tem como efeito a exclusão do processo.
Adolescentes: praticam atos infracionais e estão sujeitos a medidas de proteção e a
medidas socioeducativas. Remissão processual/judicial:

• é concedida pelo juiz;


• ocorre antes da sentença, preferencialmente após a audiência de apresentação;
• tem como efeito a suspensão ou a extinção do processo

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Das medidas pertinentes aos pais ou responsável Impedimento para servir no mesmo Conselho Tutelar:

São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: • marido e mulher;


I – encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio • ascendentes e descendentes;
e promoção da família; • sogro e genro ou nora;
II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a • irmãos;
alcoólatras e toxicômanos; • cunhados, durante o cunhadio;
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; • tio e sobrinho;
IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação; • padrasto ou madrasta e enteado.
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveita-
mento escolar; Da apuração de ato infracional atribuído a adolescente
VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
• Adolescente apreendido por força de ordem judicial: será encaminhado à autoridade
VII – advertência;
judiciária.
VIII – perda da guarda;
• Adolescente apreendido em flagrante de ato infracional: será encaminhado à autori-
IX – destituição da tutela;
dade policial competente.
X – suspensão ou destituição do poder familiar.
• Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente
A quem cabe aplicar as medidas pertinentes aos pais ou responsáveis? Cabe à
liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de
autoridade judiciária ou ao Conselho Tutelar. A perda de guarda, a destituição da tutela e
sua apresentação ao representante do Ministério Público.
a suspensão ou destituição do poder familiar somente pode ser aplicada pela autoridade
judiciária.
A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:

Do Conselho Tutelar
• estar provada a inexistência do fato;
• não haver prova da existência do fato;
O Conselho Tutelar é um órgão autônomo, permanente e não jurisdicional, cuja
• não constituir o fato ato infracional;
finalidade é zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Em cada Muni-
• não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.
cípio e em cada Região Administrativa do Distrito Federal, deve haver no mínimo um Con-
selho Tutelar.
Natureza jurídica: Órgão colegiado. É vinculado à administração pública (Executivo) e
fiscalizado pelo Ministério Público.
Composição: Cinco membros, eleitos pela população.
Duração do mandato: Quatro anos, permitidas reconduções.

Requisitos para candidatura:

• ter idoneidade moral;


• ser maior de 21 anos;
• residir no Município.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Dos crimes em espécie Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de Pena – reclusão de um a Incide nas mesmas penas quem ofe-
filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou quatro anos, e multa. rece ou efetiva a paga ou recompensa.
A seguir, apresento um quadro com os crimes previstos no ECA: recompensa:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação reclusão de quatro a seis Se há emprego de violência, grave
de ato destinado ao envio de criança ou anos, e multa. ameaça ou fraude:
Tipo Penal Pena Observação adolescente para o exterior com inobser- Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito)
vância das formalidades legais ou com o anos, além da pena correspondente à
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço Pena – detenção de seis Se o crime é culposo:
fito de obter lucro: violência.
ou o dirigente de estabelecimento de aten- meses a dois anos. Pena – detenção de dois a seis meses,
ção à saúde de gestante de manter regis- ou multa. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, foto- Pena – reclusão, de 4 § 1º Incorre nas mesmas penas quem
tro das atividades desenvolvidas, na forma grafar, filmar ou registrar, por qualquer (quatro) a 8 (oito) anos, e agencia, facilita, recruta, coage, ou de
e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem meio, cena de sexo explícito ou pornográ- multa. qualquer modo intermedeia a partici-
como de fornecer à parturiente ou a seu fica, envolvendo criança ou adolescente: pação de criança ou adolescente nas
responsável, por ocasião da alta médica, cenas referidas no caput deste artigo,
declaração de nascimento, onde constem ou ainda quem com esses contracena.
as intercorrências do parto e do desenvolvi- § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um
mento do neonato: terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou Pena – detenção de seis Se o crime é culposo:
pública ou a pretexto de exercê-la;
dirigente de estabelecimento de atenção meses a dois anos. Pena – detenção de dois a seis meses,
II – prevalecendo-se de relações
à saúde de gestante de identificar correta- ou multa.
domésticas, de coabitação ou de hos-
mente o neonato e a parturiente, por oca-
pitalidade; ou
sião do parto, bem como deixar de proceder
III – prevalecendo-se de relações de
aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
parentesco consanguíneo ou afim até o
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente Pena – detenção de seis Incide na mesma pena aquele que pro- terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
de sua liberdade, procedendo à sua apre- meses a dois anos cede à apreensão sem observância das curador, preceptor, empregador da
ensão sem estar em flagrante de ato infra- formalidades legais. vítima ou de quem, a qualquer outro
cional ou inexistindo ordem escrita da auto- título, tenha autoridade sobre ela, ou
ridade judiciária competente: com seu consentimento.
Art. 231. Deixar a autoridade policial res- Pena – detenção de seis Art. 241. Vender ou expor à venda foto- Pena – reclusão, de 4
ponsável pela apreensão de criança ou meses a dois anos. grafia, vídeo ou outro registro que conte- (quatro) a 8 (oito) anos, e
adolescente de fazer imediata comunica- nha cena de sexo explícito ou pornográfica multa.
ção à autoridade judiciária competente e à envolvendo criança ou adolescente:
família do apreendido ou à pessoa por ele
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, Pena – reclusão, de 3 (três) a § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
indicada:
transmitir, distribuir, publicar ou divulgar 6 (seis) anos, e multa. I – assegura os meios ou serviços para o
Art. 232. Submeter criança ou adolescente Pena – detenção de seis por qualquer meio, inclusive por meio de armazenamento das fotografias, cenas
sob sua autoridade, guarda ou vigilância a meses a dois anos. sistema de informática ou telemático, foto- ou imagens de que trata o caput deste
vexame ou a constrangimento: grafia, vídeo ou outro registro que conte- artigo;
nha cena de sexo explícito ou pornográfica II – assegura, por qualquer meio, o
Art. 234. Deixar a autoridade competente, Pena – detenção de seis
envolvendo criança ou adolescente: acesso por rede de computadores às
sem justa causa, de ordenar a imediata meses a dois anos.
fotografias, cenas ou imagens de que
liberação de criança ou adolescente, tão
trata o caput deste artigo.
logo tenha conhecimento da ilegalidade da
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos
apreensão:
I e II do § 1º deste artigo são puníveis
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, Pena – detenção de seis quando o responsável legal pela presta-
prazo fixado nesta Lei em benefício de ado- meses a dois anos. ção do serviço, oficialmente notificado,
lescente privado de liberdade: deixa de desabilitar o acesso ao con-
teúdo ilícito de que trata o caput deste
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de Pena – detenção de seis
artigo.
autoridade judiciária, membro do Conselho meses a dois anos.
Tutelar ou representante do Ministério Público
no exercício de função prevista nesta Lei:
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente Pena – reclusão de dois a
ao poder de quem o tem sob sua guarda seis anos, e multa.
em virtude de lei ou ordem judicial, com o
fim de colocação em lar substituto:

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins Professora: Fernanda Martins

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armaze- Pena – reclusão, de 1 (um) a § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois Art. 244-A. Submeter criança ou adoles- Pena – reclusão de quatro § 1º Incorrem nas mesmas penas o pro-
nar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou 4 (quatro) anos, e multa. terços) se de pequena quantidade o mate- cente, como tais definidos no caput do art. a dez anos e multa, além da prietário, o gerente ou o responsável
outra forma de registro que contenha cena rial a que se refere o caput deste artigo. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração perda de bens e valores uti- pelo local em que se verifique a submis-
de sexo explícito ou pornográfica envol- § 2º Não há crime se a posse ou o sexual: lizados na prática criminosa são de criança ou adolescente às práti-
vendo criança ou adolescente: armazenamento tem a finalidade de em favor do Fundo dos Direi- cas referidas no caput deste artigo.
comunicar às autoridades competentes tos da Criança e do Adoles- § 2º Constitui efeito obrigatório da con-
a ocorrência das condutas descritas nos cente da unidade da Fede- denação a cassação da licença de loca-
arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, ração (Estado ou Distrito lização e de funcionamento do estabe-
quando a comunicação for feita por: Federal) em que foi cometido lecimento.
I – agente público no exercício de suas o crime, ressalvado o direito
funções; de terceiro de boa-fé
II – membro de entidade, legalmente
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrup- Pena – reclusão, de 1 (um) a § 1º Incorre nas penas previstas
constituída, que inclua, entre suas finali-
ção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele 4 (quatro) anos. no caput deste artigo quem pratica as
dades institucionais, o recebimento, o pro-
praticando infração penal ou induzindo-o a condutas ali tipificadas utilizando-se de
cessamento e o encaminhamento de notí-
praticá-la: quaisquer meios eletrônicos, inclusive
cia dos crimes referidos neste parágrafo;
salas de bate-papo da internet.
III – representante legal e funcionários
§ 2º As penas previstas no caput deste
responsáveis de provedor de acesso
artigo são aumentadas de 1/3 no caso
ou serviço prestado por meio de rede
de a infração cometida ou induzida estar
de computadores, até o recebimento do
incluída no rol do art. 1 o da Lei n. 8.072,
material relativo à notícia feita à auto-
de 25 de julho de 1990
ridade policial, ao Ministério Público ou
ao Poder Judiciário.
Art. 241-C. Simular a participação de Pena – reclusão, de 1 (um) a Incorre nas mesmas penas quem vende, Da infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a digni-
criança ou adolescente em cena de sexo 3 (três) anos, e multa. expõe à venda, disponibiliza, distribui,
dade sexual de criança e de adolescente
explícito ou pornográfica por meio de adul- publica ou divulga por qualquer meio,
teração, montagem ou modificação de foto- adquire, possui ou armazena o mate-
grafia, vídeo ou qualquer outra forma de rial produzido na forma do caput deste Cabimento: Para investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C
representação visual: artigo.
e 241-D do ECA e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Código Penal.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou Pena – reclusão, de 1 (um) a Nas mesmas penas incorre quem:
constranger, por qualquer meio de comuni- 3 (três) anos, e multa. I – facilita ou induz o acesso à criança
cação, criança, com o fim de com ela prati- de material contendo cena de sexo • É medida excepcional, somente possível quando a prova não puder ser obtida por
car ato libidinoso: explícito ou pornográfica com o fim de
outros meios;
com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas • Requer autorização judicial, devendo o Ministério Público ser ouvido;
no caput deste artigo com o fim de indu-
• Prazo: não poderá exceder 90 dias. É possível a prorrogação, que deverá observar o
zir criança a se exibir de forma porno-
gráfica ou sexualmente explícita. período máximo de 720 dias.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratui- Pena – reclusão, de 3 (três) a
tamente ou entregar, de qualquer forma, a 6 (seis) anos. Súmulas importantes relacionadas ao ECA
criança ou adolescente arma, munição ou
explosivo:
Súmula n. 74, STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer
Art. 243. Vender, fornecer, servir, minis- Pena – detenção de 2 (dois)
trar ou entregar, ainda que gratuitamente, a 4 (quatro) anos, e multa, prova por documento hábil.
de qualquer forma, a criança ou a adoles- se o fato não constitui crime
cente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, mais grave.
outros produtos cujos componentes possam Súmula n. 108, STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela
causar dependência física ou psíquica:
prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratui- Pena – detenção de seis
tamente ou entregar, de qualquer forma, a meses a dois anos, e multa.
criança ou adolescente fogos de estampido Súmula n. 265, STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a
ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
seu reduzido potencial, sejam incapazes de regressão da medida socioeducativa.
provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida:
Súmula n. 338, STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)
Professora: Fernanda Martins

Súmula n. 342, STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é


nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.

Súmula n. 492, STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.

Súmula n. 500, STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da


Criança e do Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar
de delito formal.

Súmula n. 605: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato


infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

Súmula n. 149, STF. É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não


o é a de petição de herança.

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Renan Paes Felix

Estatuto do Idoso – que corresponde ao processo sadio de envelhecimento. É característica


atribuída ao idoso saudável.
Lei nº 10.741/03
4. Importante: Nem todos os direitos assegurados pelo Estatuto do Idoso
são destinados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos. O benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos termos da LOAS
TÍTULO I
(Lei Orgânica de Assistência Social), só é concedido aos idosos com ida-
Disposições Preliminares
de igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos e que não possuam
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família,
assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
conforme determinação do art. 34, do EIDO (Estatuto do Idoso). Assim
também, a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e se-
1. O Estatuto do Idoso tem o propósito de tutelar de forma específica os
mi-urbanos é assegurada àquelas pessoas com idade igual ou superior a
direitos do idoso, estabelecendo direitos e medidas de proteção dessa
65 (sessenta e cinco) anos (art. 39, EIDO). Quanto a este último item, o
categoria de pessoas.
Estatuto prevê a possibilidade de legislação local dispor sobre as condi-
2. O Estatuto considera como idoso as pessoas com idade igual ou supe- ções para exercício de gratuidade nos meios de transporte para aquelas
rior a 60 (sessenta) anos. O legislador elegeu o critério cronológico para pessoas que tenham idade entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
estabelecer quem seria considerado idoso para os efeitos desta lei. Aten- anos (art. 39, § 3º, Estatuto).
tar para a inovação legislativa trazida pelo art. 1º do Estatuto quanto ao
termo inicial, do ponto de vista etário, para se considerar a pessoa idosa. Faixa etária Benefício
É que a Lei n. 8.842/94 (Política Nacional do Idoso), em seu art. 2º, assim Idade igual ou Ser considerado idoso e desfrutar, em geral, dos direi-
dispõe: “Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de superior a 60 anos tos e prerrogativas do Estatuto do Idoso
sessenta anos de idade”. Assim, pelo critério cronológico de solução de
Benefício de prestação continuada (BPC), nos termos
conflito aparente de normas (norma posterior prevalece sobre norma an- da Lei Orgânica de Assistência Social, desde que não
terior), prevalece a redação do Estatuto do Idoso, que estabelece ser idosa Idade igual
possua meios para prover sua subsistência nem tê-la
ou superior a 65 anos
a pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos. provida por sua família, além de preencher os requi-
sitos legais
3. Dica: Não confundir pessoa idosa com pessoa senil. O idoso é a pessoa
Idade igual ou Gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos
com idade igual ou superior a sessenta anos. A senilidade, por sua vez,
superior a 65 anos e semi-urbanos.
apesar de estar relacionada ao processo de envelhecimento, não é, ne-
cessariamente, inerente a todos os idosos. Senilidade está relacionada a Possibilidade de acesso à gratuidade nos meios de
Idade entre
transporte, desde que haja legislação local dispondo
um declínio ou diminuição da capacidade físico-mental (envelhecimento 60 e 65 anos
sobre o tema (art. 39, § 3º, Estatuto)
patológico), que pode, inclusive, levar o idoso à condição de incapaz por
interdição (art. 3º do Código Civil: “Art. 3º São absolutamente incapazes → Aplicação em concurso:
de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (….); II – os que, por enfermi-
dade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para • Defensor Público/MA – FCC – 2009.
a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não pude- O Estatuto do Idoso, e suas alterações posteriores, assegura direitos que, de
rem exprimir sua vontade.” Ver também o art. 1.767 e ss. do Código Civil, uma forma geral, beneficiam pessoas a partir de 60 anos de idade. Figura
que disciplinam o processo de interdição). Nesse sentido, para se contra- como exceção à essa regra geral o direito:
por à ideia de senilidade, existe a expressão chamada de “senescência”, a) ao transporte gratuito, que favorece pessoas a partir de 70 anos de idade.

21 22
Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 Renan Paes Felix

b) à tramitação processual prioritária, que favorece pessoas a partir de 55 anos disposto no § 2º do art. 44, também do Código Penal, conforme entender
de idade. o Juízo de 1º grau.”(STJ. HC 95.029/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
c) ao benefício mensal de um salário mínimo, nos termos da Lei Orgânica da LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 02/12/2008, DJe 19/12/2008)
Assistência Social − Loas, aplicável a partir de 65 anos de idade.
RECURSO ESPECIAL. CONCUSSÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. MATÉ-
d) a descontos de pelo menos 50% nos ingressos para eventos artísticos, cultu-
RIA DE PROVA. SÚMULA 7. PRESCRIÇÃO. PRAZO. ART. 115 DO CP. BE-
rais, esportivos e de lazer, aplicável a partir de 70 anos de idade.
NEFÍCIO DA CONTAGEM EM METADE. 70 ANOS NA DATA DO ACÓRDÃO.
e) ao recebimento prioritário da restituição do Imposto de Renda, que beneficia EXISTÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. INVIABILIDADE.O recurso
pessoas a partir de 70 anos de idade. especial não se presta ao exame de questões que demandem o exame
A resposta correta é a letra c. probatório, a exemplo do defendido pela Recorrente no tocante à ati-
picidade da conduta. A regra dos setenta anos completados à época
5. Idoso e redução do prazo prescricional: O art. 115 do Código Penal pre- do acórdão somente tem guarida se este foi a decisão condenató-
vê a possibilidade de redução do prazo prescricional para certas pessoas: ria, porquanto, havendo sentença nesse sentido e, de igual modo,
“São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso inexistindo sua modificação substancial por parte do colegiado, a
era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da benesse legal não alcança a pretensão do acusado em ver reduzida
sentença, maior de 70 (setenta) anos.” Mesmo com o advento do Esta- em metade o prazo da prescrição.Recurso especial desprovido.(REsp
tuto do Idoso, tanto o STF quanto o STJ firmaram posição no sentido de 650363/SC, Rel. MIN. NILSON NAVES, Rel. p/ Acórdão MIN. MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 23/02/2010,
que o dispositivo citado do Código Penal, por ser norma especial, não foi
DJe 16/08/2010)
alterado pelas disposições do Estatuto, permanecendo vigente em todos
os seus termos. Assim, mesmo se considerando o idoso aquele indivíduo “PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. AGENTE MAIOR DE
com idade igual ou superior a sessenta anos, para ser beneficiado com 70 (SETENTA) ANOS. ESTATUTO DO IDOSO. REDUÇÃO DE METADE NO
redução em metade do prazo prescricional, há necessidade de ser maior PRAZO PRESCRICIONAL. MARCO TEMPORAL. SENTENÇA CONDENATÓ-
de 70 (setenta) anos na data da sentença. RIA. I – A idade de 60 (sessenta) anos, prevista no art. 1º do Estatuto
do Idoso, somente serve de parâmetro para os direitos e obrigações
Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes do STJ e STF: estabelecidos pela Lei 10.741/2003. Não há que se falar em revoga-
“PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO CULPOSO. AGENTE MAIOR DE 60 ção tácita do art. 115 do Código Penal, que estabelece a redução dos
ANOS NA DATA DO JULGAMENTO DA APELAÇÃO. APLICAÇÃO DO ESTA- prazos de prescrição quando o criminoso possui mais de 70 (seten-
TUTO DO IDOSO. REDUÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. ART. 115 DO CP. ta) anos de idade na data da sentença condenatória. II – A redução
INAPLICABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA DUPLAMENTE CONSIDERADA PARA do prazo prescricional é aplicada, analogicamente, quando a idade
A CONFIGURAÇÃO DO FATO TÍPICO E DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA. avançada é verificada na data em que proferida decisão colegiada
IMPOSSIBILIDADE DE BIS IN IDEM. ORDEM DENEGADA. HABEAS CORPUS condenatória de agente que possui foro especial por prerrogativa de
CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. O entendimento firmado pelo Superior Tribu- função, quando há reforma da sentença absolutória ou, ainda, quan-
nal de Justiça é no sentido de que o art. 1º da Lei 10.741/03 não alterou do a reforma é apenas parcial da sentença condenatória em sede
o art. 115 do CP, que prevê a redução do prazo prescricional para o agen- de recurso. III – Não cabe aplicar o benefício do art. 115 do Códi-
te com mais de 70 anos na data da prolação da sentença condenatória. go Penal quando o agente conta com mais de 70 (setenta) anos na
Precedentes do STF e STJ. 2. A mesma circunstância fática não pode ser data do acórdão que se limita a confirmar a sentença condenatória.
considerada para a configuração do fato típico e de circunstância majoran- IV – Hipótese dos autos em que o agente apenas completou a idade
te, sob pena de configurar bis in idem. 3. Ordem denegada. Habeas corpus necessária à redução do prazo prescricional quando estava pendente
concedido, de ofício, para excluir da condenação do paciente a majorante de julgamento agravo de instrumento interposto de decisão que inad-
prevista no § 4º do art. 121 do Código Penal e, em conseqüência, fixar a mitiu recurso extraordinário. V – Ordem denegada.”(STF. HC 86320,
pena privativa de liberdade a ele imposta em 1 ano de detenção, cuja subs- Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
tituição, já reconhecida pelas instâncias ordinárias, deverá se adequar ao 17/10/2006, DJ 24-11-2006)

23 24
Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 Renan Paes Felix

“PRESCRIÇÃO – IDOSO – ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL E LEI Nº • Promotor de Justiça/CE – 2009.
10.741/03. A completude e o caráter especial da norma do artigo 115
Relativamente aos direitos do idoso, é correto afirmar que
do Código Penal excluem a observação do Estatuto do Idoso – Lei nº
10.741/03 –, no que revela, como faixa etária a ser considerada, a a) aos maiores de sessenta anos é assegurada a gratuidade dos transportes
representada por sessenta anos de vida. PRESCRIÇÃO – ARTIGO 115 coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e
DO CÓDIGO PENAL – AFERIÇÃO DA IDADE NA DICÇÃO DA ILUSTRADA especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
­MAIORIA. Afere-se a idade do condenado, para definir-se a prescrição,
b) as entidades filantrópicas (ou casa-lar) não podem cobrar participação pecu-
na data da apreciação do mérito da ação penal. Ainda sob essa óptica,
estando pendentes embargos declaratórios quando do implemento da niária do idoso no custeio da entidade.
idade, dá-se a incidência do preceito. Entendimento diverso do relator, c) O critério etário do Estatuto do Idoso (idade igual ou superior a sessenta
que leva em conta a faixa etária, para tal efeito, desde que completado anos) não alterou a regra da redução dos prazos de prescrição da pretensão
o número de anos exigido em lei até o trânsito em julgado do decreto punitiva quando se tratar de pessoa maior de 70 (setenta) anos de idade na
condenatório, nos termos de precedente do Plenário – Extradição nº data da sentença condenatória.
591-0, por mim relatada, cujo acórdão foi publicado no Diário da Justiça
de 22 de setembro de 1995.”(STF. HC 89969, Relator(a): Min. MARCO d) o benefício de prestação continuada a que se refere o art. 203, V, da Cons-
AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 26/06/2007, DJe 05-10-2007) tituição, não pode ser restringido aos idosos cuja respectiva família tenha
renda mensal “per capita” inferior a um quarto do salário mínimo.
Importante: Prestar atenção na interpretação que o STF tem dado ao art.
e) o benefício de prestação continuada a que se refere o art. 203, V, da Consti-
115 do Código Penal, quanto ao momento em que possível aplicar a redu- tuição, já concedido a qualquer membro da família é computado para os fins
ção do prazo prescricional. O Tribunal, em seus julgados, tem ampliado o do cálculo da renda familiar per capita.
conceito de “sentença”, para considerar também julgados colegiados. No
Gabarito: Letra C. Esta assertiva está correta, conforme jurisprudência do STF e
HC n. 86.320/SP (Rel. Min. Ricardo Lewandowski), publicado no Informa-
STJ, que consideram que o art. 115 do Código Penal não foi alterado pelo Esta-
tivo n. 445/STF, chegou-se a seguinte conclusão: tuto do Idoso. A letra A está errada, pois a idade, no caso, é 65 anos. A letra B
“Considerou-se que a prolação de acórdão somente deve ser reputada está errada, pois é facultada pelo Estatuto a cobrança (art. 35, § 1º). As letras
como marco temporal para a redução da prescrição quando: D e E também estão incorretas. Vejam os comentários ao art. 34 do Estatuto.
a) tiver o agente sido julgado diretamente por um colegiado;
• Defensor Público/PA – 2009.
b) houver reforma da sentença absolutória em julgamento de recurso
para condenar o réu e Para os efeitos do Código Penal em relação ao Estatuto do Idoso

c) ocorrer a substituição do decreto condenatório em sede de recurso a) prevalecerá sempre a idade de 60 anos − seja para o réu, seja para a vítima
no qual reformada parcialmente a sentença.” − a sujeição aos efeitos determinados pelo Código sempre que se referir a
circunstância modificável em função da idade.
Assim, via de regra, o marco para se aferir a idade do acusado para fins de
redução do prazo prescricional é a data da sentença em primeiro grau. En- b) variam os efeitos conforme a idade estabelecida em dispositivos do Código
tretanto, é possível alterar esse marco, na linha do posicionamento acima Penal, pois uns foram alterados pelo Estatuto do Idoso e outros não.
apresentado. c) prevalecerá sempre a idade de 70 anos − seja para o réu, seja para a vítima
− a sujeição aos efeitos determinados pelo Código sempre que se referir a
→ Aplicação em concurso: circunstância modificável em função da idade.
• Defensor Público/RN – 2006. d) prevalecerá sempre a idade de 65 anos − seja para o réu, seja para a vítima
“Para enquadrar-se no conceito de idoso não basta o critério cronológico, − a sujeição aos efeitos determinados pelo Código sempre que se referir a
devendo os indivíduos ser submetidos a exame psicológico e físico, a fim de circunstância modificável em função da idade.
verificar se serão alcançados pela Lei 10.741/2003”. e) consideram-se revogados no Código Penal todas as disposições anteriores
A afirmativa está errada. que não contemplarem o novo conceito de idoso estabelecido pelo Estatuto.

25 26
Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 Renan Paes Felix

A resposta correta é a letra “b”, pois alguns institutos presentes no Código o ordenamento jurídico1. Portanto, o Estatuto do Idoso nada mais é do
Penal vão variar conforme a idade. Como se sabe, para fins de aplicação do que uma decorrência do intuito de proteção da dignidade dos idosos.
Estatuto do Idoso de modo geral, considera-se a idade de sessenta (60) anos.
Ainda que a dignidade possua contornos vagos e abertos, não é lícito di-
No Código Penal, para fins de redução da prescrição e circunstância atenuante
genérica, a idade continua sendo a de 70 (anos), conforme arts. 65, I, e 115 do
zer que ela é desprovida de normatividade. Pelo contrário, a dignidade
CP. Já no art. 61, II, “h”, do Código Penal, constitui circunstância agravante a
humana, como fundamento da República, deve ser sempre prestigiada
prática de crime contra maior de 60 (sessenta) anos (inciso alterado pelo Esta- e valorizada nas situações concretas. A orientação do Supremo Tribunal
tuto do Idoso). Outras alterações podem ser verificadas no art. 110 do Estatuto. Federal é nesse mesmo sentido. A esse respeito, é interessante analisar
o caso julgado no RE n. 495.740/DF (Rel. Min. Celso de Mello), publicado
no Informativo n. 549/STF, que, apesar de não se tratar de caso especi-
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa ficamente relacionado a idoso, tem fundamentos que poderão, em casos
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegu- futuros, beneficiar idosos.
rando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci-
lidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- “Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Antecipação de Tutela con-
mento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade tra o Poder Público
e dignidade. A Turma referendou, em maior extensão, decisão proferida pelo Min.
Celso de Mello que concedera antecipação dos efeitos da tutela juris-
1. As normas do Estatuto do Idoso são de ordem pública, prevalecendo so- dicional postulada em recurso extraordinário, do qual relator, interpos-
to pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Distrito
bre a vontade das partes, pois dão primazia jurídica aos idosos em função Federal e Territórios. No caso, o parquet requerera a antecipação dos
de seu natural estado de hipossuficiência. efeitos da tutela com objetivo de preservar condições mínimas de sub-
sistência e de dignidade a menor impúbere, a quem reconhecido, pela
→ Aplicação pelo STJ. Turma, o direito à indenização, em decorrência de ato imputável ao Dis-
“O direito à saúde, insculpido na Constituição Federal e no Estatuto do trito Federal. Em sede de recurso extraordinário, este órgão fracionário
assentara a responsabilidade objetiva do ente público na contaminação
Idoso, é direito indisponível, em função do bem comum, maior a proteger,
da genitora do citado menor, por citomegalovírus, com o qual tivera con-
derivado da própria força impositiva dos preceitos de ordem pública que re-
tato durante o período gestacional em função de suas atividades labo-
gulam a matéria”. (STJ, REsp 851174/RS , Rel. Min. Luiz Fux, DJ 20.11.2006) rais como servidora pública de hospital daquela unidade federativa. Em
2. Direitos do Idoso na Constituição Federal virtude dessa infecção, a criança nascera com má-formação encefálica,
paralisia cerebral, cegueira, tetraplegia e epilepsia. (STF. RE 495740 TA-
2.1. Art. 1º, III. “A República Federativa do Brasil, formada pela união -referendo/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009)”
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se Atentar, outrossim, para a concepção apresentada pelo Prof. Ingo Wolf-
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III – a gang Sarlet, no sentido de que a dignidade da pessoa humana é, ao mes-
dignidade da pessoa humana.” A dignidade da pessoa humana é um dos mo tempo, limite e tarefa2 dos poderes estatais. Trata-se de condição
fundamentos da República Federativa do Brasil. Constitui-se em norma
jurídico-positiva dotada de eficácia e assumiu a condição de valor jurídico
fundamental da comunidade. Atua como elemento fundante e informa- 1. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição
de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 80.
dor dos direitos e garantias fundamentais da Constituição de 1998. Nesse 2. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Cons-
rol, estão inclusos os direitos do idoso. Este conceito de dignidade serve tituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 49. Ainda quanto
ao aspecto prestacional, especialmente ligado à questão da concretização de direitos
de parâmetro para aplicação, interpretação e integração não apenas dos sociais, que também têm os idosos como beneficiários, afirma o autor, na mesma obra
direitos fundamentais e das demais normas constitucionais, mas de todo (p. 94): “em que pese eventual divergência a respeito da fundamentalidade dos direitos

27 28
Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 Renan Paes Felix

dúplice da dignidade, que aponta para uma dimensão defensiva e outra “O fato de o paciente estar condenado por delito tipificado como he-
prestacional da dignidade. É dizer, a dignidade da pessoa humana tanto diondo não enseja, por si só, uma proibição objetiva incondicional à
concessão de prisão domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana,
serve para proteger o cidadão contra os abusos e arbitrariedades do Esta-
especialmente a dos idosos, sempre será preponderante, dada a sua
do, como também serve para exigir dos poderes públicos a concretização condição de princípio fundamental da República (art. 1º, inciso III, da
de seu núcleo essencial por intermédio dos meios disponíveis no aparato CF/88). Por outro lado, incontroverso que essa mesma dignidade se en-
estatal. Exemplo disso é o julgamento acima citado, em que o Estado foi contrará ameaçada nas hipóteses excepcionalíssimas em que o apenado
condenado a indenizar a mãe que teve filho com problemas de saúde e idoso estiver acometido de doença grave que exija cuidados especiais,
também assegurar os meios necessários para que o infante tivesse uma os quais não podem ser fornecidos no local da custódia ou em estabele-
cimento hospitalar adequado.” (STF, HC 83.358, Rel. Min. Carlos Britto,
vida com um mínimo de dignidade. A doutrina bem destaca esse aspecto:
julgamento em 4-5-04, DJ de 4-6-04).
“a dignidade da pessoa humana constitui não apenas a garantia negativa
de que a pessoa não será objeto de ofensas ou humilhações, mas implica → STJ: O idoso que sofrer prisão civil decorrente de inadimplemento de
também, num sentido positivo, o pleno desenvolvimento da personalida- obrigação alimentícia pode gozar do benefício da prisão domiciliar, desde
de de cada indivíduo”3. que devidamente analisadas as circunstâncias do caso concreto:
“HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. REGIME DOMICILIAR. PACIENTE IDOSO
Enfim, trata-se de princípio com várias dimensões e cada vez mais essen-
E DOENTE. APLICAÇÃO EXCEPCIONAL DA LEP.
cial em nosso Estado Democrático de Direito, pois, como afirma Sarlet,
– Em regra, não se aplicam as normas da Lei de Execuções Penais à pri-
“onde não houver respeito pela vida e pela integridade física e moral do são civil, vez que possuem fundamentos e natureza jurídica diversos.
ser humano, onde as condições mínimas para uma existência digna não – Em homenagem às circunstâncias do caso concreto, é possível a con-
forem asseguradas, onde não houver limitação do poder, enfim, onde a cessão de prisão domiciliar ao devedor de pensão alimentícia”. (STJ, HC
liberdade e a autonomia, a igualdade (em direito e dignidade) e os direitos 57.915/SP. Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. Terceira Turma, DJ
fundamentais não forem reconhecidos e minimamente assegurados, não 14/08/2006 p. 276).
haverá espaço para a dignidade da pessoa humana e esta (a pessoa), por 2.2. Art. 3º, IV. “Constituem objetivos fundamentais da República Federati-
sua vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças”4. va do Brasil: [...] IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem,
→ STF: Mesmo tendo cometido um crime hediondo, em respeito ao raça, sexo, cor, idade e quaiquer outras formas de discriminação.” Entre
princípio da dignidade da pessoa humana e em função de ser idoso, o STF os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil encontra-se a
concedeu a possibilidade de cumprimento de prisão domiciliar: promoção do bem de todos. E aí, mais uma vez, estão incluídos os idosos.
2.3. Art. 7º, XXX. “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXX – proibição
sociais de um modo geral e dos limites de sua exigibilidade em Juízo, constata-se – pelo de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão
menos entre nós e em expressiva parcela da doutrina (mas também, embora talvez ainda por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.” A Lei Maior proíbe diferen-
com menor ênfase) e da jurisprudência – um crescente consenso no que diz com a plena
justiciabilidade da dimensão negativa (defensiva) dos direitos sociais em geral e da possi- ça de salários ou de exercício de funções em razão da idade. Trata-se de
bilidade de se exigir em Juízo pelo menos a satisfação daquelas prestações vinculadas ao garantia também voltada para os idosos.
mínimo existencial, de tal sorte que também nesta esfera a dignidade da pessoa humana
(notadamente quando conectada com o direito à vida) assume a condição de metacrité- Importante: O candidato deve prestar atenção quanto aos requisitos de
rio para as soluções tomadas no caso concreto, o que, de resto, acabou sendo objeto de acesso a cargos públicos, pois muitas vezes a idade é levada em conside-
reconhecimento em decisão recente do nosso Supremo Tribunal Federal (ADPF n. 45)”.
3. LUÑO, A. E. Perez. Derechos humanos, Estado de Derecho y Constitución. Madrid: Tecnos,
ração como limite mínimo ou máximo (note-se que o art. 7º, XXX, da CF,
1995. p. 318. apesar de se referir aos trabalhadores urbanos e rurais em geral, também
4. SARLET, Ingo Wolfgang. Ob. cit. p. 59. é aplicável aos servidores públicos, em razão do disposto no art. 39, § 3º,

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Interceptações Telefônicas Interceptações Telefônicas
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LEI DE INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS Embora trate de vários tópicos diferentes, a Lei n. 9.296/1996 é um diploma le-

gal pequeno, com apenas 12 artigos. Sua leitura é absolutamente obrigatória.


CF/1988
Eu chego a ser chato e repetitivo ao recomendar o estudo combinado de nossas
Art. 5º
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados aulas com a leitura da lei “seca”, mas faço isso com a melhor das intenções. É por
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- meio dessa estratégia que vamos ter o domínio necessário para vencer qualquer
sual penal;
tipo de questão que for proposta pelo examinador!

Certo. Após essa breve contextualização e orientação sobre a melhor maneira


Por expressa disposição constitucional, as comunicações de diversas espécies
de estudar o conteúdo a seguir, vamos finalmente ao que interessa!
(telegráficas, telefônicas, via correspondência, de dados) são sigilosas e invioláveis.

No entanto, a própria CF prevê uma exceção, permitindo a quebra do sigilo de


Aspectos Introdutórios
comunicações por ordem judicial e na forma que a Lei estabelecer.

Tal Lei, obviamente, é Lei de Interceptações Telefônicas (Lei n. 9.296/1996), a Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova
em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta
qual estudaremos detalhadamente nesta aula! Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunica-
Esse diploma legal irá esclarecer diversos pontos essenciais para que a intercep-
ções em sistemas de informática e telemática.
tação de comunicações telefônicas seja realizada respeitando o devido processo

legal. Entre eles, merecem destaque os seguintes tópicos:


Logo de cara, já podemos observar o seguinte: a Lei n. 9.296/1996 não se apli-

ca apenas à interceptação de comunicações telefônicas, mas também à intercepta-

ção de fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.

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Sobre os casos em que é cabível a interceptação telefônica, já podemos obser-

var o seguinte posicionamento do STF:

Jurisprudência Relevante

Segundo o STF, é lícita a interceptação da correspondência de presos, por razões de


segurança pública, preservação da ordem jurídica e disciplina prisional.

Correspondência e Interceptação

É importante fazer, desde logo, uma pequena observação sobre os conceitos de

correspondência e de interceptação do ponto de vista doutrinário:

Uma vez que você conhece os conceitos acima, fica muito fácil diferenciar as

três modalidades. A gravação é realizada pelo próprio indivíduo que faz parte

da conversa. A interceptação e a escuta, por sua vez, é realizada por terceiro.

A única diferença entre as duas últimas é que a escuta é realizada com a ciência

de um dos interlocutores, enquanto a interceptação é realizada sem a ciência de

nenhuma das partes.

Autorização Judicial
E, falando em interceptação, devemos fazer um quadro comparativo para que

você não confunda esse conceito com os de escuta e gravação:


Ainda sobre o teor do art. 1º, note que a lei é taxativa: a interceptação depen-

de de ordem do juiz competente, SOB SEGREDO DE JUSTIÇA.

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Interceptações dependem de autorização judicial para que as provas colhidas

durante a investigação sejam lícitas.

Admissibilidade

Digamos que a polícia civil esteja realizando a investigação de um delito e que

a autoridade policial entenda que uma interceptação telefônica pode ajudar a elu-

cidar os fatos em apuração.

Poderá o delegado de polícia, em qualquer caso, solicitar ao judiciário a

interceptação telefônica dos investigados?

A resposta, obviamente, é negativa. Se esse fosse o caso, a polícia sim-

plesmente solicitaria interceptações para todas as investigações em anda- Uma vez que a interceptação telefônica seja admissível, o legislador ainda arro-
mento, de forma indiscriminada. lou no parágrafo único os seguintes pré-requisitos:
A interceptação de comunicações telefônicas, portanto, é uma medida excep-
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto
cional, haja vista a importância do direito fundamental à inviolabilidade das comu-
da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impos-
nicações contido no art. 5º da CF. sibilidade manifesta, devidamente justificada.

A regra é a inviolabilidade do sigilo! É muito importante notar que existe a possibilidade de não indicar e qualificar

Para tutelar essa característica, a Lei n. 9.296/1996 apresenta um rol de si- os investigados, no caso de impossibilidade manifesta e devidamente justificada

tuações em que a interceptação telefônica não será admissível, contido em de fazê-lo.

seu art. 2º.

Não é admissível a decretação de interceptação telefônica nos seguintes casos:

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Entendendo melhor os requisitos

Além das restrições previstas em lei, segundo a CF/1988, são requisitos da que-

bra de sigilo telefônico:

Nesse sentido, precisamos elaborar alguns comentários pontuais sobre a ad-

missibilidade e os requisitos da interceptação telefônica, também do ponto de vista

jurisprudencial e doutrinário:

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Cabe ressaltar que a tanto a Lei quanto a CF falam sobre investigação crimi-

nal e não sobre o inquérito policial propriamente dito. Dessa forma, entende-se

ser cabível a interceptação telefônica durante qualquer tipo de procedimento inves-

tigativo, e não apenas durante o IP.

Outros procedimentos, como o PIC (Procedimento Investigatório Criminal) que

tramita no MP, podem ser objeto de decretação de interceptação telefônica de

forma lícita!

Não é cabível interceptação telefônica no curso de processos cíveis, trabalhistas,

administrativos... A interceptação telefônica deve ser excepcional, e só é cabível na


Requerimento de Interceptação Telefônica
esfera CRIMINAL.

O art. 3º da Lei trata dos responsáveis por requerer a interceptação telefônica

ao poder judiciário. Basicamente, temos o seguinte:


Prazos

A Lei de Interceptações Telefônicas rege alguns prazos peculiares em relação

aos seus procedimentos. São eles:

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Do ponto de vista doutrinário, portanto, quem tem natureza jurídica de meio

de prova é a transcrição da interceptação realizada, e não a interceptação propria-

mente dita. Fique atento(a) a essa diferença, que é bastante sutil!

Quebra de sigilo telefônico

Outro ponto que costuma causar confusão para os alunos é a diferenciação en-

tre os institutos da quebra de sigilo telefônico e da interceptação telefônica.

Natureza Jurídica

Obviamente, ao realizar uma interceptação telefônica, o objetivo é ajudar a es-

clarecer os fatos e proporcionar um meio de prova válido para utilização durante a

persecução penal.

Entretanto, entre a realização da interceptação e a concretização da prova, a

doutrina divide o processo em momentos, que afetam a natureza jurídica da inter-


A quebra de sigilo de dados telefônicos consiste no fornecimento, pelas opera-
ceptação. Veja só:
doras do serviço, de verdadeiros extratos com os dados relacionados aos telefone-

mas recebidos e realizados pelo usuário de um determinado prefixo.

Já a interceptação telefônica consiste no acesso ao conteúdo da conversação

entre os interlocutores (verdadeira captação do áudio transmitido entre os prefi-

xos telefônicos).

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É importante não confundir esses institutos pelo seguinte motivo:

A quebra de sigilo de dados telefônicos não é regulamentada pela Lei n.

9.296/1996. Dessa forma, não está submetida à cláusula de reserva de jurisdição

(podendo ser determinada por CPI e pelo Ministério Público)!

Art. 6º – Condução dos Procedimentos da Interceptação

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de inter-


ceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será
determinada a sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da intercep-
tação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das
operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o
Ministério Público.

Primeiramente, cabe observar que a providência prevista no art. 8º é a de jun-

tar os dados da interceptação em autos apartados. Essa medida é simples e neces-

sária, haja vista que o advogado tem acesso aos autos do inquérito e ao processo
Apoio técnico

– mas não deve ter acesso aos autos apartados sobre a interceptação, haja vista
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade po-
que isso prejudicaria a eficácia da medida. licial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço
público.
Ademais, embora o art. 6º faça menção à autoridade policial (delegado de

polícia federal ou civil) como o indivíduo competente para conduzir os procedimen-


Na prática, a polícia precisa interagir com as operadoras telefônicas, que, por
tos de interceptação, o STJ e o STF já admitiram a possibilidade de sua condução
sua vez, fornecem o aparato técnico necessário e o acesso às comunicações telefô-
por outros órgãos, quais sejam:
nicas nos termos ditados pelo judiciário.

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Uma vez que as operadoras interajam com a polícia no sentido efetivar a in- Nos termos do art. 9º, a gravação que não interessa à prova deve ser inuti-

terceptação, são os investigadores que irão atuar na investigação e na análise das lizada em qualquer dos três momentos acima (durante o IP, durante a instrução

comunicações interceptadas. processual ou após), por meio de requerimento do MP ou da parte interessada.

Nesse sentido, é importante observar o seguinte:

Contra a decisão de deferir ou indeferir a inutilização das gravações que não in-

teressam à prova, cabe apelação.


A transcrição das comunicações interceptadas não precisa ser feita por peritos

oficiais. Os próprios policiais têm autonomia para fazê-lo!

Crime

Uma vez que a interceptação está em andamento, temos normalmente a obten-


A Lei n. 9.296/1996, por fim, apresenta um delito específico envolvendo a inter-
ção de duas categorias de conteúdo, que pode ser relevante ou irrelevante para
ceptação telefônica. Vejamos:
a investigação em andamento.
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de infor-
mática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei.
Gravações relevantes Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Este delito costuma ser cobrado em sua literalidade, cabendo, no entanto, algu-
As gravações relevantes são transcritas e irão integrar o resultado da intercep-
mas observações básicas a seu respeito:
tação a ser enviado ao magistrado, em conjunto com auto circunstanciado ela-

borado pela autoridade policial.

Gravações irrelevantes

Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, du-
rante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do
Ministério Público ou da parte interessada.

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Interceptações Telefônicas Interceptações Telefônicas
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Jurisprudência

Para finalizar nossa aula, compilamos uma lista de informativos importantes

relacionados com a Lei n. 9.296/1996. Leitura obrigatória!

Informativos STF

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Informativos STJ RESUMO

Lei de Interceptações Telefônicas

As comunicações de diversas espécies (telegráficas, telefônicas, via correspon-

dência, de dados) são sigilosas e invioláveis.

A própria CF prevê uma exceção, permitindo a quebra do sigilo de comunicações

por ordem judicial e na forma que a Lei estabelecer.

A Lei n. 9.296/1996 não se aplica apenas à interceptação de comunicações te-

lefônicas, mas também à interceptação de fluxo de comunicações em sistemas de

informática e telemática.

Correspondência e Interceptação

• Correspondência

− Comunicação entre pessoas, por meio de carta, por via telegráfica ou postal.

• Interceptação

− Captação de comunicação alheia.

− Realizada por um terceiro.

Autorização Judicial

• Ainda sobre o teor do art. 1º, note que a lei é taxativa: a interceptação de-

pende de ordem do juiz competente, SOB SEGREDO DE JUSTIÇA.

Requisitos:

• ordem judicial devidamente fundamentada;

• respeitar as hipóteses e a forma estabelecidas em lei;

• finalidade de investigação criminal ou instrução processual penal.

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Requerimento de Interceptação Telefônica Gravações irrelevantes

• Durante o Inquérito Policial: • A gravação que não interessa à prova deve ser inutilizada em qualquer dos

− Delegado & MP. três momentos acima (durante o IP, durante a instrução processual ou após),

• Durante a Instrução Processual Penal: por meio de requerimento do MP ou da parte interessada.

− MP.

• O próprio juiz pode decretar a interceptação telefônica de ofício!

A interceptação telefônica deve ser excepcional, e só é cabível na esfera CRIMINAL.

Prazos

• 24 horas é o prazo para o juiz decidir sobre o pedido de interceptação telefô-

nica.

• 15 dias é o prazo máximo de duração da interceptação telefônica.

• Prorrogabilidade

− Segundo a lei, o prazo é prorrogável por igual período.

− Segundo o STJ, esse prazo pode ser renovado indefinidamente, desde que

comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Condução dos procedimentos

• A autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ci-

ência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.

• A transcrição das comunicações interceptadas não precisa ser feita por peri-

tos oficiais. Os próprios policiais têm autonomia para fazê-lo!

Gravações relevantes

• São transcritas e irão integrar o resultado da interceptação a ser enviado

ao magistrado, em conjunto com auto circunstanciado elaborado pela au-

toridade policial.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

LEI N. 7.492/1986 – CRIMES CONTRA O I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer
tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
SISTEMA FINANCEIRO II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma
eventual.
Olá, futuro(a) concursado(a)!
Nós e toda a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí- Sobre este ponto, algumas questões são comumente cobradas em provas. Primeiramente,
cios, respondendo questões de concurso e criando questões inéditas para que você consiga é importante que você perceba que a instituição financeira poderá ser pessoa jurídica de direito
fixar todo o conteúdo estudado! público ou de direito privado.
As referências bibliográficas estarão presentes ao final da aula. Assim, você terá um supor- Um segundo ponto que merece destaque é que a captação, intermediação ou aplicação de
te, caso queira um aprofundamento sobre os temas. recursos financeiros poderá ser realizada de forma cumulativa ou isolada e poderá constituir
Traremos, também, jurisprudência atualizada, pois, sabemos que não basta saber a legis- atividade principal ou acessória da instituição.
lação ou as considerações doutrinárias sobre Legislação Penal Especial, sendo imprescindível Em terceiro lugar é muito notarmos que as instituições financeiras realizam suas ativida-
o estudo das compreensões dos tribunais. des mediante recursos de terceiros, nunca por meio de recursos próprios!
Aqui, nesta aula sobre Crimes contra o Sistema Financeiro, analisaremos a sua estrutura Em razão disso, não podemos dizer que a atividade de agiotagem, por exemplo, configura
organizacional e cada um dos crimes previstos em seus artigos. crime previsto nesta lei, já que o agiota realiza empréstimos com recursos seus, não configu-
Esperamos que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: ma- rando, assim, modalidade equiparada de instituição financeira. Da mesma maneira, o factoring
terial obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estamos esperando as dúvidas no Fó- também não constitui instituição financeira, não sendo aplicado as previsões contidas na Lei
rum do aluno! n. 7.492/1986.
Vamos começar? De acordo com o parágrafo único a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câm-
Flávia Araújo bio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros será equi-
Advogada, professora, parada à instituição financeira.
Mestra em Políticas Sociais e Cidadania (Ucsal). Na mesma linha, a pessoa física também será assim equiparada se exercer quaisquer das
Fábio Roque Araújo (@professorfabioroque) atividades de captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, ainda
Juiz Federal, professor e autor de obras jurídicas. que de forma eventual.
Doutor e Mestre em Direito Público pela UFBA. Mais uma vez, lembre-se que esta pessoa física, para ser equiparada à instituição finan-
Canal no Youtube: Fábio Roque Araújo. ceira, deverá realizar as atividades com recursos de terceiros, e não recursos pessoais. Estas
atividades, entretanto, não precisam ser realizadas de maneira habitual.
1. Conceito de Instituição Financeira Previsto no art. 1º da Lei n. A configuração legal de instituição financeira não necessita da existência de estabeleci-
7.492/1986 mento físico.
Lembre-se, ainda, que estas instituições não serão penalmente responsabilizadas pelos
A Lei n. 7.492/1986 “Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá outras providên-
crimes previstos na Lei n. 7.492/1986, e sim o seu o controlador e administrador, assim consi-
cias”. O art. 1º desta norma traz um importante conceito para instituição financeira, ao dispor que
derados os diretores e gerentes, conforme dispõe o art. 25.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público Feitas estas primeiras observações, vamos para análise os crimes contra o Sistema Finan-
ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, ceiro Nacional, previstos entre os arts. 2º ao art. 24 da Lei n. 7.492/1986.
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

2. Dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional: Arts. 10 ao 24 da d) Sujeito passivo: O Estado e, de forma secundária, as pessoas que venham a sofrer pre-
Lei n. 7.492/1986. juízos com a conduta ilícita, a exemplo de terceiros adquirentes.
e) Elemento subjetivo: Dolo (classificado pelo binômio consciência e vontade). Não se
A Lei n. 7.492/1986 define os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. O art. 1º pre- exige a presença de um dolo específico, em que o agente tem uma finalidade especial ao agir.
ocupa-se em trazer um conceito de instituição financeira (e das pessoas físicas ou jurídicas Porém, é importante observar que este crime não poderá ser cometido de forma culposa!
a ela equiparada). Os arts. 2º ao 24 discorrem sobre os crimes cometidos contra o Sistema f) Consumação: Trata-se de crime formal, que se consuma independentemente da pro-
Financeiro Nacional. Já os arts. 25 ao 35 estabelecem regramentos sobre a aplicação da lei e dução de um resultado naturalístico. Assim, haverá consumação quando o agente praticar
o procedimento criminal.
qualquer das condutas previstas no tipo penal: imprimir, reproduzir, fabricar ou colocar em
Neste momento, vamos analisar os tipos penais previstos na Lei n. 7.492/1986.
circulação, sem autorização, certificado, cautela, título ou outro valor mobiliário.
2.1. Art. 2º da Lei n. 7.492/1986 g) Tentativa: É possível a tentativa nas condutas de “imprimir”, “reproduzir” e “fabricar”, já
que estas são plurissubsistentes. Por outro lado, não será possível a existência de tentativa
A redação do art. 2º prevê que para as condutas de “por em circulação” (previstas no caput e no parágrafo único), “divulgar”,
“distribuir” ou “fazer distribuir” (previstas apenas no parágrafo único), já que estas se qualifi-
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização
cam como delitos de mera atividade.
escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou
valor mobiliário:
h) Ação Penal: O crime previsto no art. 2º da Lei n. 7.492/1986 é de Ação Penal Pública
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Incondicionada.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir i) Pena: Tanto o caput quanto o parágrafo único estabelecem pena de Reclusão, de 2 (dois)
prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. a 8 (oito) anos, e multa. Como podemos perceber, não será cabível, neste caso, a Suspensão
Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano,
Os documentos representativos de títulos ou valores mobiliários só podem ser negociados
como prevê o art. 89 da Lei n. 9.099/1995. Porém, se preenchidos os demais requisitos esta-
no mercado se tiverem legitimidade. Esta legitimidade, por sua vez, é conferida por meio de
belecidos no art. 28-A do CPP, será cabível o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena
autorização da sociedade emissora. Em outras palavras, estes documentos não poderão ser
mínima do crime em questão é inferior a 4 (quatro) anos.
negociados (imprimidos, reproduzidos, fabricados ou postos em circulação) sem que haja a
devida autorização escrita, a qual atestará que o título possui valor.
Com base neste raciocínio, o art. 2º da Lei n. 7.492/1986 tipifica a conduta de imprimir,
(VUNESP/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA CIVIL/2018/ADAPTADA) Considera-se crime im-
reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, certificado, cautela ou outro
primir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, ainda que com autori-
documento representativo de título ou valor mobiliário, sem que haja a devida autorização es-
zação escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo
crita da sociedade emissora.
de título ou valor mobiliário.
Do mesmo modo, o parágrafo único deste mesmo artigo prevê que “incorre na mesma
pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propa-
ganda relativo aos papéis referidos neste artigo”.
A autorização da sociedade emissora confere legitimidade e valor para o certificado, cautela
Feitas estas primeiras observações, vamos analisar as características desta previsão legal.
ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário.
a) Objeto jurídico: A credibilidade pública e a higidez do Sistema Financeiro Nacional são
Deste modo, só haverá crime qualquer das condutas de “imprimir, reproduzir, fabricar ou pôr
bens jurídicos tutelados pelo art. 2º da Lei n. 7.492/1986. Também se busca tutelar, ainda que
de forma secundária, o patrimônio dos terceiros adquirentes dos títulos. em circulação certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobili-
b) Objeto material: Certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou va- ário”, forem praticadas sem autorização escrita da sociedade emissora, conforme prevê o art.
lor mobiliário. 2º da Lei n. 7.492/1986.
c) Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, já que pode ser praticado por qualquer pessoa, Errado.
não exigindo, assim, uma qualidade especial do agente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
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2.2. Art. 3º da Lei n. 7.492/1986


O art. 3º traz, como crime contra o Sistema Financeiro, a conduta de divulgar informação (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO/2010) No que tange aos crimes contra o sistema financei-
falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira. ro, para a divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição
financeira, está prevista a modalidade culposa.
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

O crime de “Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição finan-


Como podemos perceber a partir da leitura do art. 3º, o crime estará caracterizado ainda
ceira” só poderá ser praticado de forma dolosa (estando presentes o binômio consciência e
que a informação divulgada seja parcialmente incompleta e haja prejuízo na sua veiculação.
vontade). Logo, este tipo penal não admite a modalidade culposa (assim como os demais de-
Por outro lado, não configura crime a divulgação de informações verídicas, ainda que haja
litos previstos na Lei n. 7.492/1986).
prejuízo à instituição financeira. No mesmo sentido, também não se amolda a este tipo penal
Errado.
a divulgação de informação incompleta que não gere prejuízo à instituição.
Vamos, então, para análise das características deste tipo penal. 2.3. Art. 4º da Lei n. 7.492/1986: Gestão Fraudulenta e Gestão
a) Objeto jurídico: A credibilidade pública e a higidez do Sistema Financeiro Nacional são Temerária de Instituição Financeira
bens jurídicos tutelados pelo art. 3º da Lei n. 7.492/1986. De forma secundária, podemos tam-
bém falar na tutela ao patrimônio de investidores e das instituições que operam no mercado. A gestão fraudulenta, ou temerária, de instituição financeira, constitui crime previsto no art.
b) Objeto Material: Informação falsa ou prejudicialmente incompleta. 4º da Lei n. 7.492/1986.
c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa,
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
não exigindo, assim, uma qualidade especial do agente. Pena – Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
d) Sujeito Passivo: Prioritariamente, O Estado será o sujeito passivo do crime previsto no Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
art. 3º De forma secundária, também podemos falar que a instituição financeira e as demais Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
pessoas lesionadas também são vítimas da conduta descrita neste tipo penal.
e) Elemento subjetivo: Dolo (classificado pelo binômio consciência e vontade). Não se O caput do art. 4º tipifica a gestão fraudulenta, cominando uma pena de reclusão de 3
exige a presença de um dolo específico, em que o agente tem uma finalidade especial ao agir. (três) a 12 (doze) anos e multa. Entende-se como gestão o ato de administração, direção, de
Porém, é importante observar que este crime não poderá ser cometido de forma culposa! determinada instituição. Para que seja configurado o crime previsto no caput do art. 4º, é ne-
cessário que esta gestão seja fraudulenta.
f) Consumação: O crime se consuma com a efetiva divulgação falsa ou prejudicialmente
Gestão fraudulenta, por sua vez, é aquela praticada mediante fraude, com o cometimento
incompleta sobre instituição financeira. Esta divulgação é efetiva quando terceiros tomam co-
de atos ilícitos (a exemplo da falsificação de documentos). Em relação a esta conceituação, o
nhecimento do conteúdo da informação veiculada. Trata-se, assim, de um crime formal, que se
STF nos informa que:
consuma independentemente da produção de um resultado naturalístico.
g) Tentativa: Por se tratar de um crime plurissubsistente, é admitida a tentativa. Fraude, no âmbito da compreensão do tipo penal previsto no art. 4, da Lei n. 7.492/1986, compre-
h) Ação Penal: O crime previsto no art. 3º da Lei n. 7.492/1986 é de Ação Penal Pública ende a ação realizada de má-fé, com intuito de enganar, iludir, produzindo resultado não amparado
Incondicionada. pelo ordenamento jurídico através de expedientes ardilosos. A gestão fraudulenta se configura pela
i) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Como podemos perceber, não será ação do agente de praticar atos de direção, administração ou gerência, mediante o emprego de ardis
e artifícios, com o intuito de obter vantagem indevida.1
cabível, neste caso, a Suspensão Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não
é igual ou inferior a 1 (um) ano, como prevê o art. 89 da Lei n. 9.099/1995. Porém, se preen-
chidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será cabível o Acordo de Não 1
STF - HC 95515, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 30/09/2008, DJe-202 DIVULG 23-10-2008
PUBLIC 24-10-2008 EMENT VOL-02338-04 PP-00758. Disponível em: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/
Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 (quatro) anos.
sjur2480/false. Acesso em: 3 out. 2021.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

Já o parágrafo único do art. 4º, tipifica o crime de gestão temerária, entendida como gestão Feitas estas primeiras observações, vamos analisar as demais características do crime
arriscada, destituída de prudência. Neste caso, não há emprego de artifícios ilícitos (motivo previsto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986.
pelo qual a pena cominada é menor do que aquela prevista para gestão fraudulenta), mas sua a) Objeto Jurídico: Funcionamento e credibilidade do Sistema Financeiro Nacional são os
realização compromete a segurança da instituição financeira. bens jurídicos tutelados pelo art. 4º da Lei n. 7.492/1986. De forma secundária, podemos tam-
bém falar na tutela ao patrimônio do investidor.
2.3.1. (Des)necessidade de Habitualidade para Configuração do Crime Pre- b) Objeto Material: todo e qualquer instrumento empregado para a realização da gestão
visto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986 fraudulenta ou temerária.
c) Sujeito Ativo: Apenas as pessoas referidas no art. 25 poderão praticar o crime de gestão
Há divergências doutrinárias sobre a necessidade, ou não, de haver habitualidade para con-
fraudulenta ou temerária. Perceba que este agente está legalmente habilitado para atuar na
figuração dos crimes de gestão fraudulenta ou gestão temerária. Há três correntes de posicio-
namento sobre esta questão gestão da instituição financeira. O crime não se refere à legitimidade de seu cargo, e sim ao
1ª – A primeira corrente entende que os crimes de gestão fraudulenta e de gestão temerá- seu desempenho. Em outras palavras, o sujeito ativo possui legitimidade para gerir a institui-
ria poderão ser praticados com a ocorrência de apenas um ato, não sendo exigida, pois, a ha- ção, porém, sua atuação ocorre por meio de atos fraudulentos ou temerários. Trata-se, pois, de
bitualidade da conduta fraudulenta ou temerária. Tanto o STJ quanto o STF já se posicionaram crime próprio, já que se exige uma qualidade especial do sujeito ativo.
neste sentido. d) Sujeito Passivo: Prioritariamente, o Estado e a instituição financeiras são os sujeitos
O STF, inclusive, entende que o art. 4º da Lei n. 7.492/1986, prevê um crime habitual im- passivos deste delito. De forma secundária, também podemos citar os acionistas ou investido-
próprio. De acordo com esta classificação, não se exige a habitualidade para a configuração res como vítimas da gestão fraudulenta ou temerária praticada pelo agente.
da gestão fraudulenta e da gestão temerária, entretanto, a presença da reiteração não gera o e) Elemento Subjetivo: Dolo (classificado pelo binômio consciência e vontade). Não se
concurso de crimes.2 exige a presença de um dolo específico, em que o agente tem uma finalidade especial ao agir.
2ª – Há uma segunda corrente doutrinária que admite a gestão fraudulenta não habitual Porém, é importante observar que este crime não poderá ser cometido de forma culposa!
desde que o ato gere a falência ou insolvência da instituição financeira. f) Consumação: Trata-se de crime formal, que se consuma independentemente da produ-
3ª – A terceira teoria defende que o crime previsto no art. 4º só poderá ser configurado se ção de um resultado naturalístico. Porém, a análise do momento da consumação do delito
estiver presente o requisito da habitualidade. Assim, não há crime de gestão fraudulenta se dependerá de qual teoria será aplicada ao caso. Se entendermos que a configuração do crime
o ato ocorrer de maneira isolada. A maior parte da doutrina segue o entendimento de que os poderá ocorrer com apenas um ato (não se exigindo, assim, a habitualidade), a consumação
crimes de gestão fraudulenta e gestão temerária exigem habitualidade, assim entendida como ocorrerá com a prática do ato fraudulento ou temerário. Por outro lado, se entendermos que a
uma sequência de atos praticados no curso da administração da gestão financeira. habitualidade é um requisito para configuração deste crime, sua consumação dependerá da
reiteração da conduta típica.
2.3.2. (In)existência de Concurso de Crimes entre Gestão Fraudulenta e Te- g) Ação Penal: O crime previsto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986 é de Ação Penal Pública
merária
Incondicionada.
h) Pena: O crime de gestão fraudulenta será apenado com Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze)
A doutrina também diverge sobre a possibilidade de haver concurso material de crimes de
anos, e multa. Já o crime de gestão temerária é punido com Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito)
gestão fraudulenta e gestão temerária. Havendo duas correntes sobre o tema:
1ª – É possível o concurso material entre gestão fraudulenta e gestão temerária na mesma anos, e multa. Não será cabível, em nenhum dos casos, a Suspensão Condicional do Processo,
instituição financeira, caso os fatos sejam diferentes, ainda que contemporâneos. pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano, como prevê o art. 89 da Lei
2ª – Para a segunda corrente doutrinária, não há concurso material. Caso haja configura- n. 9.099/1995. Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP,
ção dos dois delitos, o crime de gestão fraudulenta irá absorver o crime de gestão temerária. será possível o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão
é inferior a 4 (quatro) anos.
i) Crime de perigo concreto???
2
STF - HC 89.364/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 23/10/2007 DJe-070 DIVULG 17-04-2008 PUBLIC 18-04-2008.
Disponível em: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur89018/false. Acesso em: 3 out. 2021.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
presente o binômio consciência e vontade). A previsão contida no caput do art. 5º (apropria-
(VUNESP/PREF. DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/AUDITOR FISCAL/2014/ADAPTADA) Gerir frau- ção ou desvio de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel) exige a presença do dolo
dulentamente e gerir temerariamente instituição financeira trata-se de condutas criminosas, específico, já que a conduta é praticada com a finalidade especial de apossar-se da coisa
sendo que a primeira é punida mais gravemente do que a segunda. (“apropriar-se”) ou na vontade de obter proveito próprio ou alheio (“desviar”). Já a previsão con-
tida no parágrafo único do mesmo artigo, poderá ser praticada por meio do dolo genérico, não
sendo exigida uma finalidade especial do agente na realização da conduta de negociar direito,
A gestão fraudulenta e a gestão temerária de instituição financeira são crimes previstos no art. título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel sem a devida autorização.
4º da Lei n. 7.492/1986. f) Consumação: Nas condutas de apropriação e de desvio, a consumação do crime ocor-
A gestão fraudulenta é sujeita à pena de reclusão de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Já a rerá quando o agente passar a agir como dono do bem, invertendo, assim, o animus da posse.
gestão temerária, possui uma pena menor: Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Já na conduta prevista no parágrafo único, o crime se consumará com a negociação realizada
Certo. sem a devida autorização, independente do resultado obtido por meio deste negócio.
g) Ação Penal: O crime previsto no art. 5º da Lei n. 7.492/1986 é de Ação Penal Pública
2.4. Art. 5º da Lei n. 7.492/1986 Incondicionada.
As pessoas mencionadas no art. 25 (controladores e administradores de instituição finan- h) Pena: Reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível, em nenhum dos
ceira) que se apropriarem ou desviarem dinheiro, título, valor ou outro bem móvel, cometerão o casos, a Suspensão Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou
crime sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. inferior a 1 (um) ano. Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A
do CPP, será possível o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, questão é inferior a 4 (quatro) anos.
valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 2.6. Art. 6º da Lei n. 7.492/1986
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei,
que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autori- A redação do art. 6º da Lei n. 7.492/1996 estabelece que:
zação de quem de direito.
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
Vamos analisar as características principais deste tipo penal. a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
a) Objeto Jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 5º busca tutelar a higidez Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, busca-se
também tutelar o patrimônio do investidor. Antes de iniciarmos o estudo das características deste crime, é importante observarmos
b) Objeto Material: O objeto material constitui as coisas sobre as quais recaem a conduta que a sua consumação ocorre por meio da prestação de informação falsa (crime comissivo)
criminosa, no caso, será o Dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel. ou omissão de informação verdadeira (crime omissivo). Não há necessidade de que estas
c) Sujeito ativo: O sujeito ativo do crime será o controlador ou administrador da instituição condutas sejam praticadas por meio fraudulento.
financeira. Trata-se, portanto, de um crime próprio, em que se exige uma qualidade especial a) Objeto Jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 6º busca tutelar a higidez
do agente. do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade pública. De forma secundária, busca-se, tam-
d) Sujeito passivo: Prioritariamente, o Estado e a instituição financeiras são os sujeitos bém, tutelar o patrimônio do investidor.
passivos deste delito. De forma secundária, também podemos citar os investidores, como ví- b) Objeto Material: Sócio, investidor e a repartição pública.
timas da apropriação, ou desvio, do dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel bem c) Sujeito Ativo: Será sujeito ativo a pessoa que possuir informação relativamente a ope-
como da negociação realizada sem autorização. ração ou situação financeira. Este agente, por sua vez, poderá ser qualquer pessoa, logo, esta-
mos falando de um crime comum.

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d) Sujeito Passivo: Além do Estado, serão sujeitos passivos deste delito, a instituição finan- 2ª – Emitir, fornecer ou negociar títulos ou valores mobiliários sem registro prévio de emis-
ceira, o sócio, investidor ou repartição pública. são junto à autoridade competente: O artigo não menciona quem seria esta autoridade, tra-
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar tando-se, assim, de norma penal em branco, dependente de complementação. Neste sentido,
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe- esta autoridade competente poderá ser o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. Mobiliários.
f) Consumação: O crime é consumado no momento em que o agente sonega ou presta in- 3ª – Emitir, fornecer ou negociar títulos ou valores mobiliários em condições divergentes
formação falsa. Não se exige a produção de um resultado naturalístico, tratando-se, assim, de das constantes do registro ou irregularmente registrados.
um crime formal. Portanto, não há necessidade de ocorrência de prejuízo (em outras palavras, 4 ª – Emitir, fornecer ou negociar títulos ou valores mobiliários sem lastro ou garantia sufi-
o eventual prejuízo econômico sofrido pela vítima, constitui mero exaurimento do delito). cientes, nos termos da legislação: Estamos diante de mais um caso de norma penal em bran-
g) Conduta: O crime poderá ser praticado de forma comissiva (quando o agente presta in- co, dependente de complementação. É importante sabermos que os títulos e valores mobiliá-
formação falsa) ou omissiva (quando há sonegação de informações relevantes). rios sem lastro ou garantia suficientes, não poderão garantir a existência de suporte financeiro
h) Ação Penal: O crime, previsto no art. 6º da Lei n. 7.492/1986, é de Ação Penal Pública para cobrir o futuro resgate.
Incondicionada. 5ª – Emitir, fornecer ou negociar títulos ou valores mobiliários sem autorização prévia da
i) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Con- autoridade competente, quando legalmente exigida: Mais uma vez, estamos diante de uma
dicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Po- norma penal em branco. A legislação específica definirá quais são os casos em que a emis-
rém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível o são, fornecimento e negociação de títulos e valores mobiliários dependerão de autorização da
Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 autoridade competente. Como vimos, esta autoridade será o Banco Central ou a Comissão de
(quatro) anos. Valores Mobiliários.
Feitas estas primeiras observações, vamos analisar as principais características deste delito:
2.7. Art. 7º da Lei n. 7.492/1986 a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 7º busca tutelar a higidez
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
O art. 7º da Lei n. 7.492/1996 define como crime a conduta de lado, também, o patrimônio do investidor.
b) Objeto Material: Títulos e valores mobiliários
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:
c) Sujeito Ativo: Em regra este delito poderá ser praticado por qualquer pessoa, logo, não
I – falsos ou falsificados;
II – sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das
se exige uma qualidade especial do agente, tratando-se, pois, de um crime comum. Porém, a
constantes do registro ou irregularmente registrados; conduta de “emitir” valor imobiliário só poderá ser praticada pelo gestor da instituição finan-
III – sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação; ceira. Neste caso, estamos falando de um crime próprio, já que há exigência de uma qualidade
IV – sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida: especial do agente.
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, os investidores prejudicados também
serão sujeitos passivos deste crime.
Antes de iniciarmos o estudo deste artigo, é importante lembrarmos os conceitos de títulos e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
e valores imobiliários. presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
Título é o documento que comprova a existência de um direito. Já valores mobiliários, são cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
títulos de investimento emitidos pela Sociedade Anônima, com a finalidade de obter os recur- f) Consumação: A consumação do crime ocorre com a realização de qualquer das condu-
sos dos quais necessita. Estes títulos mobiliários poderão ser debêntures, nota promissória, tas de “emitir”, “oferecer” ou “negociar” títulos ou valores mobiliários em alguma das hipóteses
bônus de subscrição, ações e partes beneficiárias. descritas nos incisos do art. 7º Trata-se de crime formal, não havendo necessidade de produ-
Desta forma, o art. 7º define como crime as seguintes condutas: ção de um resultado naturalístico. Assim, não se exige a ocorrência de prejuízos aos investido-
1ª – Emitir, fornecer ou negociar títulos ou valores mobiliários falsos ou falsificados. res ou ao mercado financeiro.

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g) Ação Penal: O crime, previsto no art. 7º da Lei n. 7.492/1986, é de Ação Penal Pública d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, a pessoa lesada com a cobrança inde-
Incondicionada. vida também será sujeito passivo deste crime.
h) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Con- e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
dicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Po- presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
rém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível o cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 f) Consumação: O crime se consumará quando o agente realizar a exigência indevida, in-
(quatro) anos. dependentemente da produção de um resultado naturalístico. Portanto, estamos diante de um
crime formal.
2.8. Art. 8º da Lei n. 7.492/1986 g) Tentativa: A exigência realizada por escrito terá natureza plurissubsistente, sendo, as-

O art. 8º da Lei n. 7.492/1986 prevê, como crime, a conduta de: sim, cabível a tentativa. Desta forma, a exigência escrita poderá ser fracionada em atos pre-
paratórios (realização da redação), executórios (envio da correspondência) e consumação,
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remu- motivo pelo qual será admitida a tentativa. Por outro lado, a exigência verbal não poderá ser
neração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de fracionada (sendo, portanto, unissubsistente), em razão disso, não será cabível a tentativa.
consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
h) Ação Penal: Pública Incondicionada.
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
i) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima é
Como podemos notar, estamos diante de uma norma penal em branco, dependente de igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
complementação. Assim, é necessário a existência de uma lei que regulamente de que forma do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
a exigência do juro, comissão ou remuneração é indevida.
A conduta do crime consiste no ato de “exigir”. Esta exigência, por sua vez, poderá ser
2.9. Art. 9º da Lei n. 7.492/1986
realizada de diversas formas (ex.: verbal, escrita etc.) e terá, por objeto: juro, comissão ou
O art. 9º da Lei n. 7.492/1986 criminaliza a seguinte conduta:
remuneração.
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento compro-
 Obs.: Se a conduta for praticada por particular, utilizando seus próprios meios, haverá inci- batório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele
dência de crime contra a economia popular, previsto no art. 4º, “a” da Lei n. 1.521/1951, deveria constar:
o qual estabelece que: Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 4º Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando: A conduta, prevista neste tipo penal, consiste em fraudar a fiscalização do Estado ou o
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
próprio investidor, mediante a inserção de declaração falsa, ou diversa da que deveria constar.
permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda
Esta inserção de declaração falsa ocorrerá em documento comprobatório de investimento em
estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de crédito;
títulos ou valores mobiliários, sendo estes, os objetos materiais do delito.
Feitas estas primeiras observações, vamos para análise das principais características Vamos, então, para a análise da classificação deste delito
deste delito: a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 9º busca tutelar a higidez
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 8º busca tutelar a higidez do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute- lado, também, o patrimônio do investidor.
lado, também, o patrimônio do investidor. b) Objeto Material: documento comprobatório de investimento em títulos ou valores
b) Objeto Material: Juro, comissão ou outro tipo de remuneração cobrada. mobiliários.
c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que não exige uma qualidade especial do agente. c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que não exige uma qualidade especial do agente.
Logo, qualquer pessoa poderá cometer este crime. Logo, qualquer pessoa poderá cometer este crime.
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d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, tutela-se os investidores eventualmen- e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
te lesados. presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe- f) Consumação: Na modalidade comissiva, o crime será consumado quando o sujeito ativo
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. conseguir fazer inserir o elemento falso. Já a modalidade omissiva, haverá consumação quan-
f) Consumação: O crime estará consumado quando o agente conseguir inserir, ou, simples- do deixar de incluir elemento exigido pela legislação. Importante observarmos, ainda, que só
mente, fazer com que seja inserida, declaração falsa ou diversa da que deveria constar. será possível a tentativa para o crime praticado de forma comissiva.
g) Ação Penal: Pública Incondicionada
g) Ação Penal: Pública Incondicionada
h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima é
h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima é
igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
2.11. Art. 11 da Lei n. 7.492/1986
2.10. Art. 10 da Lei n. 7.492/1986
O art. 11 da Lei n. 7.492/1986 estabelece como crime a conduta de
O art. 10 da Lei n. 7.492/1986 criminaliza a seguinte conduta:
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legisla-
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos ção:
contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
de títulos de valores mobiliários:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Trata-se de uma norma penal em branco, que depende de regulamentação de outra Lei n.
que se refere à contabilidade exigida pela legislação.
O crime em questão poderá ser praticado de maneira comissiva Neste tipo penal o sujeito ativo mantém ou movimenta recursos sem registrá-los regular-
(na conduta de “fazer inserir elemento falso”) ou omissiva (na conduta de “omitir elemento mente. Trata-se do conhecido “caixa dois”, meio ilícito pelo qual o agente aumenta os lucros
exigido pela legislação”). de diretores e/ou gerentes, ou realiza despesas sem comprovações. Perceba que este delito
Além disso, é importante que você perceba que estamos diante de uma norma penal em deverá ser praticado no âmbito de instituições financeiras!
branco no que se refere à conduta de omitir elemento exigido pela legislação. Podemos falar em dois núcleos do tipo: “manter” e “movimentar”. A conduta de “manter”
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 10 busca tutelar a higidez exige habitualidade, ou seja, a prática da manutenção do recurso, ou valor, paralelamente à
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute- contabilidade deverá ser reiterada. Já a conduta de “movimentar” dispensa a reiteração. As-
lado, também, o patrimônio do investidor. sim, o delito será consumado diante de qualquer movimentação (ainda que não habitual) de
b) Objeto Material: Os demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou recursos ou valores.
instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários. a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora, prevista no art. 11, busca tutelar a higidez
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
c) Sujeito Ativo: A conduta de “fazer inserir elemento falso”, praticada na modalidade co-
lado, também, o patrimônio do investidor.
missiva, poderá ser realizada por qualquer pessoa. Neste caso, estamos diante de um crime
b) Objeto Material: recurso ou valor mantido ou movimentado de forma paralela à con-
comum. Porém, a conduta omissiva (realizada com o ato de “omitir elemento exigido pela
tabilidade.
legislação”), só poderá ser sujeito ativo aquele que tem o dever de agir de acordo com o que a
c) Sujeito Ativo: Só poderá ser sujeito ativo deste delito as pessoas indicadas no art. 25 da
lei ordena. Desta maneira, a conduta omissiva constitui crime próprio, exigindo uma qualidade
lei: o controlador e os administradores de instituição financeira, bem como as pessoas assim
especial do agente. Além disso, é importante pontuarmos que o concurso de pessoas, na mo-
consideradas, como diretores e gerentes. O § 1º deste art. 25 nos informa que “equiparam-se
dalidade omissiva, só poderá ocorrer na forma de participação. aos administradores de instituição financeira o interventor, o liquidante ou o síndico”. Como
d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, tutela-se as pessoas lesadas pela conduta. vimos, o delito previsto no art. 11 não admite a coautoria, mas admite a participação.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, também será sujeito passivo as pessoas d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, também será sujeito passivo as pessoas
lesadas pela conduta. lesadas pela conduta.
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe- presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
f) Consumação: O crime se consuma com a realização de qualquer das condutas previstas f) Consumação: Haverá consumação quando o agente deixar de apresentar as informa-
no tipo penal. Como vimos, o ato de manter recursos ou valores paralelamente à contabilidade, ções, declarações ou documentos de sua responsabilidade dentro do prazo legal. Por ser um
exige habitualidade, em razão disso, não se admite a tentativa. Já a ação relacionada à movi- crime omissivo próprio, este delito não admite a tentativa.
mentação destes recursos ou valores, poderá se dar de maneira plurissubsistente, admitindo, g) Ação Penal: Pública Incondicionada
assim, a tentativa. h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima
g) Ação Penal: Pública Incondicionada. é igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima é do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
do art. 89 da Lei n. 9.099/1995. 2.13. Art. 13 da Lei n. 7.492/1986
2.12. Art. 12 da Lei n. 7.492/1986 A redação do art. 13 da Lei n. 7.492/1986 criminaliza a seguinte conduta:

Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liqui-
De acordo com a redação do art. 12 da Lei n. 7.492/1986, constitui crime a conduta de
dação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liquidante, Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documen- Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de
tos de sua responsabilidade: bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Os bens alcançados pela indisponibilidade legal estão previstos em legislação específica,
O ex-administrador de instituição financeira tem o dever de apresentar, ao interventor, li- logo, estamos diante de norma penal em branco, que depende de complementação.
quidante ou síndico, as informações, declarações ou documentos de sua responsabilidade. A Esta indisponibilidade dos bens decorre de intervenção (interferência do Banco Central do
ausência do cumprimento deste dever constitui crime, previsto no art. 12 da Lei n. 7.492/1986. Brasil para apuração de irregularidades em instituição financeira), liquidação extrajudicial ou
Estamos diante de uma norma penal em branco, já que o prazo estipulado para apresenta- falência da instituição financeira.
ção destas informações, declarações ou documentos estará previsto em lei. O descumprimen- As condutas “desviar” e “apropriar-se” só poderão ser realizadas de forma comissiva.
to deste prazo dará ensejo à consumação do delito. a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 13 busca tutelar a higidez
Como podemos notar, o crime se consuma por meio da conduta omissiva de deixar de do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
apresentar as informações, declarações ou documentos. Trata-se, assim, de um crime omissi- lado, também, o patrimônio do investidor.
vo próprio. b) Objeto Material: Será o bem alcançado pela indisponibilidade legal decorrente da inter-
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 12 busca tutelar a higidez venção, liquidação ou falência da instituição financeira.
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute- c) Sujeito Ativo: Em relação ao caput, o desvio de bem alcançado pela indisponibilidade
lado, também, o patrimônio do investidor. poderá ser cometido por qualquer pessoa, tratando-se, assim, de crime comum. Já a previsão
b) Objeto Material: a informação, a declaração ou o documento. contida no parágrafo único, só poderá ser realizada pelo interventor, liquidante ou o síndico,
c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime próprio, exigindo-se uma qualidade especial do agente. sendo o caso de crime próprio.
Neste caso, apenas o ex-administrador de instituição financeira poderá cometer o delito previs- d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, também será sujeito passivo as pessoas
to no art. 12 da Lei n. 7.492/1986. lesadas pela conduta.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
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e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe- presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
f) Consumação: O crime se consuma com a realização de efetivo desvio ou com a apropria- f) Consumação: Em relação às condutas descritas no caput, a consumação ocorre com a
ção (na hipótese prevista no parágrafo único). apresentação da declaração de crédito ou reclamação falsa, bem como a juntada do título fal-
g) Tentativa: Será possível a tentativa quando a conduta se referir ao ato de “desviar” so ou simulado. Já quanto ao crime previsto no parágrafo único, a consumação a consumação
(caput), já que este poderá ser realizado de forma plurissubsistente. Entretanto, o crime de ocorrerá quando o administrador reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja.
“apropriar-se” (previsto no parágrafo único), possui natureza instantânea, não sendo possível g) Tentativa: Em regra, estamos diante de um crime unissubsistente, em que não se admite
falarmos em tentativa. a tentativa. Porém, a conduta referente à juntada de título falso ou simulado poderá ser fracio-
h) Ação Penal: Pública Incondicionada. nada, tratando-se de crime plurissubsistente, em que a tentativa será cabível.
i) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Con- h) Ação Penal: Pública Incondicionada.
dicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Po- i) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Con-
rém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível o dicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Po-
Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 rém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível o
(quatro) anos. Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4
(quatro) anos.
2.14. Art. 14 da Lei n. 7.492/1986
2.15. Art. 15 da Lei n. 7.492/1986
De acordo com o art. 14 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
De acordo com o art. 14 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração
de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado: Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de as-
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. sunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verda- Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
deiro, crédito que não o seja.
A manifestação do interventor, liquidante ou síndico poderá ocorrer de forma escrita ou de
O tipo penal não prevê a produção de um resultado naturalístico. Assim, estamos diante de forma verbal. Para a consumação do delito é inecessário que esta manifestação seja falsa.
um crime de mera conduta (ou de mera atividade). a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 15 busca tutelar a higidez
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 14 busca tutelar a higidez do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute- lado, também, o patrimônio do investidor.
lado, também, o patrimônio do investidor. b) Objeto Material: a própria manifestação falsa, relativa à intervenção, liquidação extraju-
b) Objeto Material: Em relação ao crime previsto no caput do art. 14, o objeto material será dicial ou falência de instituição financeira.
a declaração de crédito ou reclamação falsa, bem como o título falso ou simulado. O objeto c) Sujeito Ativo: Será sujeito ativo do delito o interventor, liquidante ou síndico de institui-
material previsto no parágrafo único, por sua vez, será o crédito reconhecido como verdadeiro. ção financeira. Logo, estamos diante de um crime de mão própria, já que, além de exigir uma
c) Sujeito Ativo: Em relação ao caput, estamos diante de um crime comum, que não exige qualidade especial do agente, não admitirá a coautoria. Assim, se mais de um liquidante pra-
qualidade especial do agente, podendo, assim, ser cometido por qualquer pessoa. Porém, a ticar o ato de maneira conjunta, estaremos diante de crimes autônomos, praticados por cada
conduta prevista no parágrafo único só poderá ser praticada pelo ex-administrador ou o falido, um dos autores de per si. Porém, nada impede a participação de um terceiro, que pratique a
constituindo, pois, um crime próprio. conduta de induzir, instigar ou prestar auxílio ao autor do delito.
d) Sujeito Passivo: O Estado e os credores prejudicados pelas condutas, serão os sujeitos d) Sujeito Passivo: Estado e terceiros prejudicados.
passivos do tipo penal previsto no art. 14 da Lei n. 7.492/1986.

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e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar STJ segue o mesmo entendimento, afirmando que os donos de consórcios que realizem a venda
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe- premiada, com captação de recursos de terceiros, sem autorização do Banco Central, incorrerão
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. no crime tipificado no art. 16 da Lei n. 7.492/1986, como podemos notar do seguinte julgado:
f) Consumação: O crime se consuma com a realização de manifestação falsa, independen-
Venda premiada. Captação de recursos de terceiros. Pessoa jurídica praticante de atividade de con-
temente da produção de qualquer resultado naturalístico decorrente desta conduta. sórcios. Equiparação a instituição financeira. Ausência de autorização do Banco Central. Caracte-
g) Tentativa: Se esta manifestação ocorrer de forma verbal, a conduta será unissubsis- rização de crime contra o sistema financeiro nacional. Lei n. 7.492/1986. Competência da Justiça
tente (não podendo ser fracionada), neste caso, não será cabível a tentativa. Contudo, se esta Federal. A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Ban-
manifestação ocorrer de forma escrita, estaremos diante de uma conduta plurissubsistente, co Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei n.
7.492/1986, o que atrai a competência da Justiça Federal.4
hipótese em que a tentativa será cabível.
g) Ação Penal: Pública Incondicionada. Agiotagem não se equipara à instituição financeira. Logo, o art. 16 não poderá ser aplicado
h) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Condi- a estes casos.5
cional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Porém, se Do mesmo modo, a factoring não é instituição financeira (não podendo emprestar dinhei-
preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível o Acordo de ro). Porém o STJ entende que se o dono da factoring emprestar dinheiro com recursos pró-
Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 (quatro) anos. prios, cometerá crime contra a economia popular, previsto no art. 4º da Lei n. 1.521/1951. Se
este empréstimo foi realizado com recursos de terceiros, a Factoring atuará como instituição
2.16. Art. 16 da Lei n. 7.492/1986 financeira, hipótese em que será possível a incidência do art. 16 da Lei n. 7.492/1986, como
podemos notar do seguinte julgado:
A instituição financeira só poderá iniciar suas operações por meio de autorização. A ausên-
cia desta autorização (ou a autorização obtida por meio de declaração falsa) constitui crime, CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. SOCIEDADE EMPRESARIAL DE FACTORING. CAPTAÇÃO E
APLICAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO LEGAL. OPERAÇÕES EX-
previsto no art. 16 da Lei n. 7.492/1986:
CLUSIVAS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
(ART. 16 DA LEI n. 7.492/1986). COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração
1. A concessão de empréstimos a juros abusivos por empresas de factoring caracteriza crime de
(Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
usura, previsto nos arts. 4º da Lei n. 1.521/1951 e 13 do Decreto n. 22.626/33, e não delito contra
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
o sistema financeiro nacional, sendo, portanto, da competência da Justiça Estadual. Precedentes.
2. Na hipótese, constatou-se que os sócios da Ourofacto Factoring Ltda. realizavam, sem autori-
Deste modo, o crime ocorre por meio da conduta de fazer operar (ou seja, fazer funcio- zação legal, a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a pro-
nar) instituição financeira sem a existência de prévia autorização, ou com autorização obtida messa de que receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado, em
mediante declaração falsa. A distribuição de valores mobiliários e de câmbio está contida no torno de 1,5% a 2,5% ao mês, operando como verdadeira instituição financeira, o que configura, em
tese, o crime previsto no art. 16 da Lei n. 7.492/1986, cuja competência é da Justiça Federal.
conceito de instituição financeira, previsto no art. 1º da Lei n. 7.492/1986, que dispõe:
3. Embora a factoring não se confunda com instituição financeira nos termos da legislação, nada
impede que determinadas operações realizadas por essas empresas possam ser tipificadas na Lei
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou
n. 7.492/1986, como na espécie, em que se verificou a prática de atividades típicas de instituições
privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, interme-
financeiras, exorbitando-se das atividades próprias do faturamento mercantil.
diação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou
4. Conflito conhecido para reconhecer a competência do Juízo Federal da 3ª Vara Criminal e Juizado
a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
Especial Criminal de Curitiba/PR, o suscitante.
(CC 115.338/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/06/2013,
Os consórcios equiparam-se às instituições financeiras (como prevê o art. 1º, parágrafo único, DJe 13/08/2013).
I), motivo pelo qual tanto o STF entende que o art. 16 poderá ser aplicado nas hipóteses em que
sua operação ocorra sem autorização ou com autorização obtida mediante declaração falsa3. O 4
CC 160.077-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, por unanimidade, julgado em 10/10/2018, DJe 19/10/2018. (Informativo 637).
Disponível em: https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/article/view/3890/4116. Acesso
3
STF - RE 435192/RS Rel. Min. Marco Aurélio julgado em 26/04/2012. DJE 008. Divulgado em 04/05/2012. Disponível em: https:// em: 8 out. 2021.
stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21559306/recurso-extraordinario-re-435192-rs-stf?ref=amp. Acesso em: 8 out. 2021. 5
O agiota responderá pelo crime previsto no art. 4º da Lei de Economia Popular (Lei n. 1.521/1951).

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

Feitas estas breves considerações, vamos partir para a análise das características princi- Este artigo é também chamado de “empréstimo vedado”, e não se confunde com o crime
pais deste delito! de “gestão temerária”, previsto no art. 4º da mesma Lei (Lei n. 7.492/1986). Assim, o emprésti-
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 16 busca tutelar a higidez mo vedado e a gestão temerária são crimes autônomos e, se forem originários de uma só ope-
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute- ração bancária, haverá concurso formal entre eles. Ou seja, neste caso, não haverá absorção
lado, também, o patrimônio do investidor. do primeiro delito (empréstimo vedado) pelo segundo (gestão temerária).
b) Objeto Material: operação de instituição financeira realizada sem a devida autorização Já em relação ao parágrafo único, a conduta consiste em “deferir” os empréstimos ou
ou com autorização obtida mediante declaração falsa.
adiantamentos a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges,
c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum. Logo, poderá ser praticado por qualquer pessoa,
aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consanguíneos
não sendo exigida uma qualidade especial do agente.
ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por
d) Sujeito Passivo: Estado. De forma secundária, também será sujeito passivo as pessoas
qualquer dessas pessoas.
lesadas pela conduta.
Como podemos notar, este crime pretende evitar que as pessoas descritas no art. 25 se
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
valham da sua função para tomar ou receber créditos, adiantamentos etc.
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal. Vamos, agora, analisar as características principais deste crime:
f) Consumação: A consumação ocorre com a efetiva operação da instituição financeira a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 17 busca tutelar a higidez
(sem a devida autorização ou com autorização obtida por meio de declaração falsa). Não é exi- do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
gido a produção de um resultado naturalístico para que haja a consumação do delito. Portanto, lado, também, o patrimônio do investidor.
não se exige, por exemplo, a existência de proveito do agente ou de prejuízo dos investidores. b) Objeto Material: Em relação à previsão contida no caput, o objeto material será o próprio
Logo, estamos falando de um crime formal. É admitida a tentativa para estes casos. empréstimo ou adiantamento a que se refere o tipo penal. Já quanto ao crime previsto no pa-
g) Ação Penal: Pública Incondicionada rágrafo único, o objeto material será é o adiantamento de honorários, remuneração, salário ou
h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima qualquer outro pagamento, além dos lucros a serem recebidos.
é igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime próprio, que exige uma qualidade especial do agente,
do art. 89 da Lei n. 9.099/1995. já que apenas as pessoas elencadas no art. 25 poderão cometer o crime previsto no art. 17.
Logo, serão sujeitos ativos (o controlador e os administradores de instituição financeira, assim
2.17. Art. 17 da Lei n. 7.492/1986 considerados os diretores, gerentes).
De acordo com o art. 17 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de: d) Sujeito Passivo: Será sujeito passivo o Estado e, de forma secundária, as pessoas lesa-
das pela conduta.
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei n. 4.595, de 31 de
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
dezembro de 1964:
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: f) Consumação: O crime se consuma com a realização da conduta descrita no tipo penal,
I – em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder independentemente da produção do resultado naturalístico, como o prejuízo da terceiros. Tam-
ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas bém não é exigida a habitualidade para a consumação deste delito. Logo, estamos diante de
condições referidas neste artigo;
um crime formal. Em síntese, no caso previsto no caput do art. 17 o crime se consuma quando
II – de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.
o agente realiza as ações de tomar, receber ou deferir (empréstimo ou adiantamento). Já na
Em relação a previsão contida no caput, a conduta consiste em “tomar” ou “receber” em- hipótese prevista no parágrafo único, a consumação ocorrerá com a concessão ou recebimen-
préstimo ou adiantamento. Este empréstimo, por sua vez, poderá ser na forma de comodato to de adiantamentos ou com a promoção de distribuição ou recebimento de lucros. É cabível
(de coisa infungível) ou mútuo (empréstimo gratuito de bem fungível). O adiantamento, por sua a tentativa ao caso.
vez, consiste em pagamento recebido de forma antecipada. g) Ação Penal: Pública Incondicionada.

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h) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão Como podemos perceber, o art. 19 da Lei n. 7.492/1986 se refere à obtenção de financia-
Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. mento, em instituição financeira, por meio de fraude. Perceba que o artigo trata de financia-
Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível mento, este por sua vez, deve possuir destinação certa, ao contrário do empréstimo, neste, o
o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 recurso obtido não estará vinculado a uma destinação específica.
(quatro) anos. A obtenção de financiamento não precisa ser realizada em um instrumento contratual es-
pecífico, como nos informa o STJ:

COMPETÊNCIA. DOCUMENTOS FALSOS. LEASING. CARRO. Noticiam os autos que fora instaurado
(CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2012) Apesar de serem crimes autônomos, o emprésti-
inquérito policial para apurar a autoria e materialidade de estelionato a partir da apresentação de do-
mo vedado e a gestão temerária, quando forem praticados em uma só ação e originários de
cumentos falsos para obtenção de recursos financeiros junto à instituição bancária em contrato de
uma só operação bancária, não deverão ser processados em concurso formal, pois haverá a arrendamento mercantil na modalidade de leasing financeiro de veículo. Esses autos foram encami-
absorção do primeiro delito pelo segundo. nhados primeiro pelo juízo de direito, ao acolher a representação da autoridade policial e parecer do
MP estadual, ao juízo federal naquela comarca para a apuração de crime contra o sistema financeiro
previsto no art. 19 da Lei n. 7.492/1986, mas esse juízo, por sua vez, declinou de sua competência
Como vimos, o crime de empréstimo vedado, previsto no art. 16, não se confunde com o crime para o juízo de uma das varas federais especializadas da capital. Então, o juízo da vara federal espe-
de gestão temerária, previsto no art. 4º da Lei n. 7.492/1986. Por serem crimes autônomos, cializada suscitou o conflito de competência. Para a Min. Relatora, a matéria em exame é complexa,
tendo sido apreciada neste Superior Tribunal uma única vez, na Sexta Turma, na qual o voto da re-
quando forem praticados em uma só ação e originários de uma só operação bancária, deverão
latoria do Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), com base em precedente do
ser processados em concurso formal, não havendo de se falar em absorção entre eles. STF, asseverou que o fato de o leasing financeiro não constituir financiamento não afasta, por si só,
Errado. a configuração do delito previsto no art. 19 da Lei n. 7.492/1986. Naquela ocasião, o colegiado con-
cluiu que, ao fazer um leasing financeiro, obtém-se invariavelmente um financiamento e o tipo penal
2.18. Art. 18 da Lei n. 7.492/1986 em análise descrito no citado art. 19 refere-se exatamente à obtenção de financiamento mediante
fraude, sem exigir que isso ocorra num contrato de financiamento propriamente dito. Observa ainda
De acordo com o art. 18 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de: a Min. Relatora que o leasing financeiro possui certas particularidades, mas que não se pode, de
pronto, afastar a incidência do tipo penal descrito no art. 19 em comento, no qual se refere à obten-
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do ção de financiamento mediante fraude, porque, embora não seja financiamento propriamente dito,
sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício: ele constitui o núcleo ou elemento preponderante dessa modalidade de arrendamento mercantil.
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Com esse entendimento, a Seção declarou competente para processar e julgar o feito o juízo federal
da vara criminal especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem, ocultação
De acordo com a maioria da doutrina, este artigo foi tacitamente revogado pelo art. 10 da de bens e direitos e valores, o suscitante. STJ – CC 114.322-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 14/3/2011. 3ª S. (Info 466)
Lei Complementar n. 105/2001 que, por sua vez, nos informa que:

A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 19 busca tutelar a higidez
os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. lado, também, o patrimônio do investidor.
b) Objeto Material: O objeto material deste crime será o Financiamento referido no art. 19.
2.19. Art. 19 da Lei n. 7.492/1986 c) Sujeito Ativo: Estamos diante de um crime comum, que poderá ser praticado por qual-
quer pessoa, não sendo exigida, portanto, uma qualidade especial do agente.
De acordo com o art. 19 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de: d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, as pessoas eventualmente lesadas
também serão sujeitos passivos deste delito.
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

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Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro Lei n. 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

f) Consumação: A consumação ocorrerá com a obtenção do financiamento mediante frau- Este artigo busca tutelar os valores provenientes de bancos oficiais ou controlados
de. Trata-se, então, de um crime formal, que não exige a produção de um resultado naturalísti- pelo Estado.
co para a sua consumação. Logo, o crime será consumado independentemente da existência
 Obs.: O Código Penal prevê, em seu art. 315, o crime de emprego irregular de verbas ou
do efetivo prejuízo para a instituição financeira. Como consequência, o sujeito ativo responde-
rendas públicas. Esta previsão legal, porém, não pode ser confundida com o art. 20
rá pelo crime ainda que tenha adimplido todas as parcelas do financiamento. Será possível a
da Lei n. 7.492/1986 já que, nos casos previstos nesta lei, o crime ocorrerá quando os
tentativa.
recursos aplicados ilicitamente forem decorrentes de instituições financeiras ou de
g) Ação Penal: Pública Incondicionada instituição credenciada, devendo ser respeitado, assim, o princípio da especialidade!
h) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão
Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. Feitas estas primeiras observações, vamos partir para análise das características princi-
Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível pais deste delito:
o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4 a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 20 busca tutelar a higidez
(quatro) anos. do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado. De forma secundária, será tute-
lado, também, o patrimônio do investidor.
b) Objeto Material: recursos oriundos do financiamento concedido pela instituição
(VUNESP/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2015/ADAPTADA) O crime de “obter, mediante financeira.
fraude, financiamento em instituição financeira” (art. 19 da Lei n. 7.492/1986) tem pena au- c) Sujeito Ativo: Estamos diante de um crime comum, que poderá ser praticado por qual-
quer pessoa, não sendo exigida, portanto, uma qualidade especial do agente.
mentada de 1/3 se cometido em momento de grave recessão.
d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, as pessoas eventualmente lesadas
também serão sujeitos passivos deste delito.
O crime de “obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira” (art. 19 da Lei n. e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
7.492/1986) tem pena aumentada de 1/3 se o crime é cometido em detrimento de instituição
cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento, como prevê o art. 19
f) Consumação: A consumação deste delito ocorre no momento da aplicação dos recursos
da Lei n. 7.492/1986.
em finalidade diversa daquela prevista em lei ou em contrato. Não se exige a ocorrência de um
Errado. resultado naturalístico, a exemplo de um prejuízo efetivo à instituição financeira ou à terceiros.
Este crime admite a tentativa.
2.20. Art. 20 da Lei n. 7.492/1986 g) Ação Penal: Pública Incondicionada.
h) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão
De acordo com o art. 20 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano.
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de finan-
Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível
ciamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:
o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a 4
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (quatro) anos.

Estamos diante de mais uma norma penal em branco, já que a finalidade dos recursos,
2.21. Art. 21 da Lei n. 7.492/1986
provenientes de financiamento concedido por instituição financeira, deverá estar previsto em
De acordo com o art. 21 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
lei ou em contrato.
Como podemos notar, a conduta de aplicar recursos provenientes de financiamento conce- Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:
Pena – Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dido por instituição financeira, em finalidade diversa da prevista em lei, só poderá ser realizada
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia
de forma comissiva.
prestar ou presta informação falsa.

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Primeiramente, é importante lembrarmos que a operação de câmbio consiste em operação h) Ação Penal: Pública Incondicionada.
relativa à compra e venda de moeda estrangeira. i) Pena: Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima é
Estamos diante de um tipo penal misto alternativo. Desta maneira, a prática de mais de igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos
uma das condutas previstas no caput, no bojo da mesma operação de câmbio, dará ensejo a do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
apenas um crime. Assim, o agente responderá por um único crime (previsto no art. 21 da Lei n.
7.492/1986) se, por exemplo, praticar as condutas de atribuir-se falsa identidade e de sonegar
2.22. Art. 22 da Lei n. 7.492/1986
qualquer outra informação, com a finalidade de realizar operação de câmbio.
De acordo com o art. 22 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
Por outro lado, poderemos falar em concurso de crimes na hipótese de o agente praticar
mais de uma conduta com a intenção de realizar mais de uma operação de câmbio. Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
A conduta atribuir a si, ou a terceiro, falsa identidade, só poderá ser realizada de forma co- País:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
missiva. Por outro lado, a conduta prevista no parágrafo único do art. 21 (sonegar informação),
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal,
constituirá um crime omissivo. Lembrando que, na sonegação, a informação não é fornecida,
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
no momento que em deveria ter sido. federal competente.
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 21 busca tutelar a higidez
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado (das operações de câmbio). De O tipo penal previsto no art. 22 se refere ao crime de “evasão de divisas”, também chamado
forma secundária, será tutelado, também, o patrimônio do investidor. De acordo com o STJ, de “dólar-cabo” e ocorre quando o agente destina recursos para o exterior sem efetuar qual-
neste dispositivo, “Tutela-se a segurança e lisura nas operações de câmbio e, em última análise quer declaração e, consequentemente, sem recolher os tributos devidos.
o próprio mercado financeiro e a fé pública”.6 Trata-se de norma penal em branco já que, apenas por lei específica, poderemos saber
b) Objeto Material: Operação de câmbio. qual seria a operação de câmbio autorizada e, por consequência, a não autorizada. No mesmo
c) Sujeito Ativo: Estamos diante de um crime comum, que poderá ser praticado por qual- sentido, o parágrafo único também precisa de complementação legal que regule sobre a saída
quer pessoa, não sendo exigida, portanto, uma qualidade especial do agente. de moeda ou divisa para o exterior.
d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, as pessoas eventualmente lesadas pela Para que haja o crime previsto no caput do art. 22, é imprescindível que a operação de câm-
bio efetuada não seja autorizada e tenha a intenção de realizar a evasão de divisas (perceba
operação de câmbio também serão sujeitos passivos deste delito.
que, na hipótese do art. 21, a operação de câmbio é permitida, o crime está na atribuição de
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
identidade falsa).
presente o binômio consciência e vontade). Perceba, porém, que este dolo deverá ser específi-
Já na hipótese do parágrafo único do mesmo art. 22, a conduta consiste em promover, sem
co, já que o agente pratica a conduta objetivando a finalidade específica de realizar a operação
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior ou nele manter depósitos não
de câmbio. Portanto, estamos falando de um crime que só poderá ser realizado mediante dolo
declarados à repartição federal competente.
específico, devendo estar presente a especial finalidade do agir.
De acordo com entendimento majoritário, a configuração do crime de evasão de divisas,
f) Consumação: O crime se consuma quando o agente atribui falsa identidade, a si ou a
configurado por meio da manutenção no exterior de depósitos não declarados à repartição fe-
terceiro, com a intenção de realizar operação de câmbio. Trata-se de crime formal, não se exi- deral competente, pressupõe que o valor do depósito seja relevante em termos cambiais, para
gindo, assim, a produção do resultado naturalístico (como a ocorrência de efetivo prejuízo). Na que possamos falar em ofensa ao bem jurídico tutelado.
hipótese descrita no parágrafo único, a consumação ocorrerá com a sonegação da informação A configuração do crime previsto no caput e no parágrafo primeiro exige o agente promova
ou com o fornecimento da informação falsa. a saída da moeda ou das divisas. Importante destacar que este tipo penal não incidirá na hipó-
g) Tentativa: A tentativa será possível na hipótese prevista no caput do art. 21 da Lei n. tese em que há ingresso de divisas no país. Neste sentido, o STF estabelece que
7.492/1986 (atribuir-se ou atribuir a terceiro, falsa identidade). Porém, não será cabível a tenta-
tiva no crime de sonegar informação (previsto no parágrafo único do mesmo artigo), já que a A operação de dólar-cabo invertido, que consistiria em efetuar operação de câmbio não autorizada
com o fim de promover a internalização de capital estrangeiro, não se enquadra na evasão de divi-
conduta omissiva é unissubsistente.
sas, na forma do caput do art. 22. (STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4/9/2018).
6
STJ - Resp 800280/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/08/2006.

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Feitas estas primeiras observações, vamos partir para análise das características princi- 2.23. Art. 23 da Lei n. 7.492/1986
pais deste delito:
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 22 busca tutelar a higidez De acordo com o art. 22 da Lei n. 7.492/1986 configura crime a conduta de:
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado (das operações de câmbio). De
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de
forma secundária, será tutelado, também, o patrimônio do investidor.
ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preserva-
b) Objeto Material: Operação de câmbio. ção dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
c) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa poderá praticar o crime previsto no art. 22 da Lei n. Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
7.492/1986. Trata-se, assim, de um crime comum, que não exige uma qualidade especial
do agente. Estamos diante de mais uma norma penal em branco. A “disposição expressa de lei” pre-
d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, as pessoas eventualmente lesadas vista neste artigo, irá complementar a descrição da conduta típica. Em outras palavras, é ne-
também serão sujeitos passivos deste delito. cessário o conhecimento da legislação que rege a atuação do funcionário público, para que
e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar possamos saber quais são os atos de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema
presente o binômio consciência e vontade). Perceba, porém, que este dolo deverá ser espe- financeiro nacional. A partir do conhecimento destes atos de ofício, saberemos que a omis-
cífico, já que o agente pratica a conduta com a finalidade específica de promover a evasão são, retardamento ou prática contrária a eles, configura crime, previsto no art. 23 da Lei n.
de divisas do país. Portanto, estamos falando de um crime que só poderá ser realizado me- 7.492/1986.
diante dolo específico, devendo estar presente a especial finalidade do agir. Além disso, o próprio conceito de funcionário público, necessita de regulamentação e com-
f) Consumação: Na hipótese prevista no caput do art. 22, o crime se consumará com a plementação por outra norma (no caso, o art. 327 do CP).
O crime prevê as condutas de “omitir”, “retardar” ou “praticar”. Todas estas condutas dizem
realização da operação de câmbio não autorizada, ainda que o agente não tenha conseguido
respeito a ato de ofício, a ser praticado por funcionário público. Podemos dizer, então, este tipo
a finalidade de promover a evasão de divisas (dolo específico). Portanto, estamos diante de
penal traz uma modalidade específica de prevaricação, definido no art. 319, CP, da seguinte
um crime formal, que não exige a produção do resultado naturalístico. Neste caso, a con-
forma: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dispo-
secução da evasão de divisas configura mero exaurimento da conduta delituosa. Porém, o
sição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
crime previsto no parágrafo único, só se consumará com a efetiva saída da moeda ou divisa
Feitas estas primeiras observações, vamos partir para análise das características princi-
para o exterior, consistindo, assim, em um crime material, que exige a produção do resultado
pais deste delito:
naturalístico.
a) Objeto jurídico: A norma penal incriminadora prevista no art. 22 busca tutelar a higidez
g) Tentativa: A conduta de “efetuar operação de câmbio não autorizada” (caput) e de pro-
do Sistema Financeiro Nacional e a credibilidade do mercado (das operações de câmbio). De
mover a saída de moedas ou de divisas para o exterior (primeira parte do parágrafo único)
forma secundária, será tutelado, também, o patrimônio do investidor.
não exige habitualidade e poderá ocorrer de forma plurissubsistente, sendo admitida, assim,
b) Objeto Material: O ato de ofício a ser praticado pelo funcionário público.
a tentativa. Contudo, a conduta de “manter depósitos não declarados à repartição federal
c) Sujeito Ativo: Trata-se de crime próprio, só podendo ser cometido por funcioná-
competente” (segunda parte do parágrafo único), constitui um crime habitual (pois a própria
rios públicos.
norma exige a manutenção do depósito), neste caso, não será cabível a tentativa. d) Sujeito Passivo: O Estado. De forma secundária, as pessoas eventualmente lesadas
h) Ação Penal: Pública Incondicionada também serão sujeitos passivos deste delito.
i) Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Não será cabível a Suspensão e) Elemento Subjetivo: O crime só poderá ser praticado de forma dolosa (devendo estar
Condicional do Processo, pois a pena mínima cominada não é igual ou inferior a 1 (um) ano. presente o binômio consciência e vontade). Porém, não há exigência de dolo específico (espe-
Porém, se preenchidos os demais requisitos estabelecidos no art. 28-A do CPP, será possível cial finalidade no agir) para a configuração deste tipo penal.
o Acordo de Não Persecução Penal, já que a pena mínima do crime em questão é inferior a f) Consumação: O crime poderá ser praticado de forma comissiva (com a conduta de pra-
4 (quatro) anos. ticar ato de ofício contra disposição expressa de lei) ou de forma omissiva (com a conduta de
omitir ou retardar ato de ofício). A tentativa só será possível na modalidade comissiva.

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g) Ação Penal: Pública Incondicionada 3.3. Informações sobre a Ação Penal e a Competência para
h) Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Neste caso, como a pena mínima Processamento e Julgamento dos Crimes contra o Sistema Financeiro
é igual ou inferior a 1 (um) ano, será cabível a Suspensão Condicional do Processo, nos termos Nacional
do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
Antes de mais nada é importante lembrarmos que todos os crimes previstos na Lei n.
3. Da Aplicação e do Procedimento Criminal 7.492/1986 são de Ação Penal Pública Incondicionada. Logo, o seu início dependerá de de-
núncia do Ministério Público (perceba que o MP inicia Ação Penal por meio de denúncia, e não
3.1. Os Penalmente Responsáveis pelos Crimes contra o Sistema de queixa!).
Financeiro Nacional (art. 25) Esta ação será iniciada pelo Ministério Público Federal, e caberá à Justiça Comum Fede-
Salvo as hipóteses de crime comum, que podem ser cometidos por qualquer pessoa, a Lei ral o processamento e julgamento de todos os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional,
n. 7.492/1986 elenca as pessoas penalmente responsáveis pelos crimes previstos em seus como prevê o art. 26 da lei.
dispositivos. Caso o MPF não promova a denúncia dentro do prazo legal, o art. 27 da Lei n. 7.492/1986
Antes de mais nada, é importante lembrarmos que não podemos falar, aqui, em respon- estabelece que
sabilização de pessoa jurídica, já que não estamos tratando de crime ambiental. Deste modo,
Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-
apenas pessoas físicas poderão ser responsabilizadas pelos crimes cometidos contra o Siste-
-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para ofere-
ma Financeiro Nacional. cê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
Deste modo, o art. 25 prevê que “São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o contro-
lador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes”. Quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscaliza-
Complementando sua previsão, o § 1º do mesmo artigo arremata ao dispor que “Equiparam-se ção da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, será admitida a sua participação no proces-
aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liquidante ou o síndico”. so como assistente! Perceba que esta é uma hipótese de assistência, e não de participação
Lembre-se que só haverá incidência dos crimes previstos na Lei n. 7.492/1986 se o agente como parte.
praticar a conduta de forma dolosa (sendo, assim, necessária a presença da consciência e da Do mesmo modo, será permitido que o Banco Central do Brasil participe do processo como
vontade do sujeito ativo). Em outras palavras, os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional assistente quando o crime houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina
não serão praticados de maneira culposa. e fiscalização.
Além disso, quando a Comissão de Valores Mobiliários e do Banco Central do Brasil verifi-
3.2 Possibilidade de Delação Premiada car a ocorrência de crime contra o sistema financeiro nacional, terão o dever de informar o fato
ao MPF, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação.
Interessante pontuar que a Lei n. 7.492/1986 prevê a possibilidade de delação premiada no
art. 25, § 2º, que dispõe

Nos crimes previstos nesta lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que
através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá
a sua pena reduzida de um a dois terços.

Acerca deste tema, algumas considerações merecem ser feitas…


Primeiramente, é importante observar que o parágrafo traz a possibilidade de delação pre-
miada se o crime contra o sistema financeiro for cometido em quadrilha ou coautoria. Nesta hi-
pótese, a delação deverá conter a confissão espontânea e a revelação de toda a trama delituosa.
De acordo com a norma, esta delação será realizada perante autoridade policial e terá,
como resultado, a redução da pena de um a dois terços.
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RESUMO MAPAS MENTAIS


Finalizamos o conteúdo sobre Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, mas antes de
Pessoa Jurídica De direito público ou privado
partirmos para as questões, é importante fazermos um breve resumo sobre os temas aborda-
dos nesta aula.
Tem como atividades, principal ou acessória:
Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
INSTITUIÇÃO captação de recursos de terceiros
• Só admitem a modalidade dolosa. intermediação de recursos de terceiros Em moeda
• São de Ação Penal Pública Incondicionada FINANCEIRA
aplicação de recursos de terceiros nacional ou

• A ação penal será movida pelo Ministério Público Federal, mediante denúncia ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, estrangeira
intermediação ou administração de valores mobiliários.
• Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao
Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Minis-
tério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação Equipara-se à instituição financeira:
recebidas.
a pessoa jurídica que capte ou administre
• A competência será sempre da Justiça Federal
seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer
• Todos os crimes são punidos com reclusão (admitindo, em regra, a interceptação telefô- tipo de poupança, ou recursos de terceiros;

nica), exceto o crime previsto no art. 21, que será sujeito à pena de detenção
a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades
• O agiota não pratica crime contra o sistema financeiro nacional e sim crime contra a referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.

economia popular.
• Será cabível a delação premiada:
− Deverá ser espontânea
− quando o crime contra o Sistema Financeiro Nacional for praticado em quadrilha ou
coautoria
− Será realizada perante autoridade policial
− Deverá conter a confissão e revelar toda a trama delituosa
− reduzirá a pena de um 1/3 a 2/3

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São dolosos O dolo poderá ser genérico ou específico

Ação penal pública incondicionada


CRIMES
CONTRA O A ação penal será movida pelo Ministério Público Federal.
SISTEMA
Mediante denúncia
FINANCEIRO Quando a denúncia não for intentada no prazo legal

O ofendido poderá representar ao procurador-geral da República.


O PGR, por sua vez, poderá realizar três atos.

Oferecer a denúncia;
Designar outro órgão do MPF para oferecê-la;
Determinar o arquivamento das peças de informação recebidas.

A competência será sempre da Justiça Federal

Todos os crimes são punidos com reclusão, exceto o crime previsto no


art. 21, que será sujeito à pena de detenção

O agiota não pratica crime contra o sistema financeiro nacional

Deverá ser espontânea


Quando o crime contra o Sistema Financeiro Nacional for
praticado em quadrilha ou coautoria
Realizada perante autoridade policial
Será cabível a delação premiada:
Deverá conter a confissão e revelar toda a trama delituosa
Reduzirá a pena de um 1/3 a 2/3

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Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral
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CRIMES ELEITORAIS I – os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam presidindo
Juntas Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por designação de
Tribunal Eleitoral;
Em mais uma de nossas aulas para concursos, vamos estudar os crimes elei- II – Os cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral;
III – Os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras ou Juntas Apu-
torais. Essa é uma lei com poucas questões em concursos, mas que não devemos radoras;
IV – Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
negligenciar.
§ 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indica-
dos no presente artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
1. Conceitos Iniciais exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em en-
tidade paraestatal ou em sociedade de economia mista.
Basicamente, os crimes eleitorais são aqueles previstos em leis eleitorais.

Então, teremos crimes eleitorais definidos entre os artigos 289 e 354 do Código

Eleitoral, na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições), na Lei Complementar n. 64/1990

e na Lei n. 6.091/1974. Sujeito passivo dos crimes eleitorais é o Estado.

Um conceito que devemos tomar como base é o de que os crimes eleitorais são
Professor, e a ação penal? É pública ou privada?
crimes comuns, conforme entendimento do Supremo.

E esses crimes são julgados pelo TSE? Não, meu(minha) querido(a), o TSE não O artigo 355 define que os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicio-
tem competência criminal. nada. Sendo possível a ação penal privada subsidiária da pública.
Veremos que os crimes eleitorais são classificados conforme o bem jurídico tu-

telado.

Em regra, o Código Eleitoral utiliza o Código Penal de forma subsidiária para tra-

tar de disposições penais gerais, porém, alguns tipos penais específicos exigem as Ainda que tenhamos um crime de menor potencial ofensivo, este não será julgado

disposições previstas no Código Eleitoral (quando cometidos pela Imprensa, Rádio pelo juizado especial e nem sob a égide do rito sumaríssimo, porém, será possível

ou TV). a aplicação das medidas despenalizadoras.

Durante o estudo dos crimes eleitorais iremos nos deparar com o termo “funcio- Outro ponto digno de nota é que os crimes eleitorais não são puníveis a título de

nário público”. Cuidado que a definição trazida pelo artigo 327 do Código Penal não culpa somente na modalidade dolosa.

será aplicada aqui, utilizaremos o conceito do artigo 283, §1º, do Código Eleitoral.

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça
Eleitoral:

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2. Dos Crimes O sujeito ativo aqui continua sendo o juiz eleitoral, que agora ao invés de inscre-

ver alguém de forma fraudulenta, vai retardar ou negar a inscrição de uma pessoa
2.1. Dos Crimes Concernentes à Formação do Corpo Eleitoral apta, sem nenhum motivo aparente, ou seja, sem motivação legal.

Temos um outro crime próprio, que somente poderá ser cometido pelo juiz elei-
Esses são os crimes que cuidam do processo de alistamento eleitoral e estão
toral.
dispostos do artigo 289 a 295 do Código Eleitoral.
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:
Pena – Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Pena – Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco a 15 dias-multa.

Esse é um delito que admite a forma tentada e tem como sujeito passivo, como Esse é um delito típico do “baderneiro”. Imagine a situação onde o agente de

vimos em nossa aula, o Estado. alguma forma perturba ou tenta impedir o alistamento de um terceiro.

O agente responderá pelo crime, tendo como vítima a pessoa “perturbada ou


Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo
deste Código. impedida” e o Estado. A doutrina entende que esse crime admite tentativa.
Pena – Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:
Pena – Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.
A consumação ocorre com a indução da pessoa a se inscrever, independente-

mente do deferimento desta inscrição. Não admite tentativa, já que o simples fato
Essa retenção deverá ocorrer contra a vontade do eleitor, o que não é difícil. Já
de induzir já caracteriza o ilícito.
que você não vai permitir que uma pessoa retenha seu documento pessoal sem
Além de ter como sujeito passivo mediato o Estado, tem ainda o sujeito passivo
nenhum motivo aparente.
imediato, que é a pessoa induzida.
Veja que o crime não define a pena mínima, então, nesse caso, a pena mínima
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando.
Pena – Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
será de 15 dias.

A lei das eleições, em seu artigo 91, parágrafo único, define a mesma conduta,
Esse é um crime material, onde a doutrina entende que para a sua consumação porém atribuindo a pena de 1 a 3 meses.
é necessária a emissão do título eleitoral. Caso não ocorra essa emissão, o agente
Art. 91. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido
(o juiz), responderá pela tentativa do crime. dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição.
Parágrafo único. A retenção de título eleitoral ou do comprovante de alistamento elei-
Temos um crime próprio, que somente poderá ser cometido pelo juiz eleitoral.
toral constitui crime, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade por igual período, e multa no valor de cinco mil a
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição
dez mil UFIR.
requerida:
Pena – Pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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Aqui, temos uma das maiores penas previstas no Código Eleitoral. O artigo 236

E agora, professor? Qual vamos utilizar? afirma que nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (qua-

renta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer

Temos aqui um conflito aparente de normas. No seu caso, utilizaremos o critério eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenató-

cronológico, para saber qual a norma mais atualizada. ria por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

Solucionando esse conflito, temos a pena deste delito entre 1 a 3 meses de de- O legislador definiu esse crime para resguardar a liberdade do voto.

tenção. Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro,
dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou pro-
meter abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
2.2. Dos Crimes Relativos à Votação Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;


Pena – Detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Temos aqui a corrupção eleitoral em sua modalidade passiva e ativa. Essa

conduta poderá caracterizar a captação ilícita de sufrágio da Lei das Eleições, pre-
Temos o Estado figurando no polo passivo da ação. O crime é comum, ou seja,
vista no artigo 41-A, da Lei das Eleições.
poderá ser praticado por qualquer pessoa.
O TSE entende que o artigo 41-A é um ilícito civil e o artigo 299 um ilícito crimi-
A sua consumação ocorre quando o agente pratica desordem ou prejudique os
nal, dessa forma, aplicando a independência das instâncias, o mesmo fato poderá
trabalhos eleitorais.
ser punido nas duas esferas.
A doutrina entende que se admite a forma tentada para esse crime.
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio: não votar em determinado candidato ou partido:
Pena – Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa. Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o
crime prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.
Esse delito tem novamente o Estado como vítima, porém, mediata, sendo que

a vítima imediata é o agente que sofre a ação.


Para a sua caracterização, não é necessário o resultado naturalístico, bastando,
O crime se consuma com qualquer ato que impeça ou embarace o exercício do
a coação.
sufrágio.
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar,
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de par- em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:
tido ou candidato, com violação do disposto no Art. 236: Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
Pena – Reclusão até quatro anos.

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Esse é um tipo penal semelhante ao que acabamos de ver, porém com peculia- Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:
ridades, como a utilização da violência ou grave ameaça. Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o
exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o forneci- Você está percebendo que os tipos penais previstos no Código são bem diretos?
mento gratuito de alimento e transporte coletivo:
Não temos muito o que discorrer sobre o assunto em maiores detalhes.
Pena – reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa.
O crime se consuma com a intervenção da autoridade que não participava da
Não é necessário o efetivo embaraço para que o crime se consume. Esse é um mesa receptora.
crime classificado pela doutrina como sendo crime formal. Quem tem poder de polícia no dia das eleições é o presidente da Mesa e o Juiz
A parte do fornecimento de alimentos foi derrogado pela lei 6.091/74. Eleitoral, somente podendo a força policial agir mediante requerimento de um de-

Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de elei- les. Nessas últimas eleições, eu trabalhei fazendo a escolta de um juiz eleitoral.
ções, tais como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divul-
gação de matéria eleitoral. Durante o primeiro turno, fizemos 5 flagrantes de crimes eleitorais, em todas as
Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.
situações agimos por determinação do magistrado.

Conforme dito pelo professor Flávio Ribeiro, o tipo penal em estudo “reprime a Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:
Pena – pagamento de 15 a 30 dias-multa.
exploração econômica sobre utilidade e serviços necessários ao processamento das

eleições.” Trata-se de crime próprio, tendo os eleitores como sujeitos passivos e os me-

Infelizmente é bem comum vermos em nosso país as pessoas cobrando valores sários como sujeitos ativos. O crime tutela o livre exercício do voto.

abusivos, de água, por exemplo, quando temos desastres naturais. Com as eleições Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marca-
da:
não seria diferente, o agente majora abusivamente os preços com a intenção de
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
maximizar o seu lucro. Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de en-
trega da mesma ao eleitor.
Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa.
normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder
exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato:
Quando tivermos a falha da urna eletrônica e também da contingencial, será
Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.
realizada a votação por meio do sistema manual. O crime previsto no artigo 307 é
A ideia desse tipo penal é garantir o real funcionamento das eleições, protegen- próprio e tem como sujeito ativo os membros da mesa receptora.
do a liberdade do voto.
Professor, mas voto manual?

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Isso, meu(minha) querido(a), em determinadas situações poderá ocorrer o voto 2.3. Crimes Eleitorais Pertinentes à Garantia do Resultado
manual, em cédula. Legítimo das Eleições
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração
Pena – reclusão até três anos. imediatamente após a apuração de cada urna e antes de passar à subsequente, sob
qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou can-
Esse é um crime comum, que poderá ser praticado por qualquer pessoa. Atual- didatos presentes:
Pena – pagamento de 90 a 120 dias-multa.
mente, com a implementação da votação por meio das digitais do eleitor, fica mais Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem for procedida pela mesa
receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem
difícil votar no lugar de outra pessoa, porém, não é impossível. imediatamente o respectivo boletim.

Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa receptora que seja praticada, qualquer
irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do Art. 311: Temos um crime próprio, em que o sujeito ativo é o juiz ou membro de junta
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressa- eleitoral responsável pela apuração. Atualmente, com o boletim de urna eletrônica,
mente previstos, e permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido:
o tipo penal perde um pouco de sua relevância e aplicação.
Pena – detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20
a 30 dias-multa para o presidente da mesa. Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na res-
pectiva urna, fechá-la e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e antes
Com a implementação do sistema eletrônico de votação, esse tipo penal fica de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providencia
pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
ultrapassado, já que o controle da seção de votação é muito maior. Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: mesa receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não fecha-
Pena – detenção até dois anos. rem e lacrarem a urna após a contagem.

Uma das garantias do voto é o sigilo e esse tipo penal tutela exatamente esse Também é um crime próprio, que perdeu aplicabilidade com o advento das ur-

sigilo. Atualmente, temos um sistema eletrônico de votação que por diversas vezes nas eletrônicas.

é questionado sobre o aspecto da segurança. Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer
Não temos nada comprovado de que o sistema seria inseguro, mas em todo pe- candidato ou lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apu-
radas:
ríodo eleitoral diversas pessoas tentam fraudar o sistema para alterar a quantidade Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

de votos.
Esse é outro crime característico das urnas antigas, anteriores às eletrônicas.
Esse é um crime de atentado, em que somente o fato de tentar já configura o

crime. Professor, por que estamos estudando esses crimes então?

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Porque estão previstos no Código Eleitoral, então estamos passando por eles Esse tipo penal visa a garantir a autenticidade do sistema representativo brasi-

para que você tenha o conhecimento do assunto. leiro. Caso o sujeito ativo seja funcionário da Justiça Eleitoral teremos um agrava-

Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protes-
mento da pena.
tos devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, sub-
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
trair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça
Eleitoral:
Os sujeitos ativos desse crime são aquelas pessoas que participam diretamente Pena – reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o
do processo de apuração, bem como os integrantes da mesa. crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros.


Pena – reclusão de três a cinco anos. A prática de uma dessas condutas ameaça a lisura do processo eleitoral, a partir

do momento que o material seja utilizado para induzir o eleitor ao erro.


Esse é um crime que pode ser praticado por qualquer pessoa e é considerado
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário
pela doutrina como sendo um dos mais graves, já que a violação do sigilo da urna, de órgão oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da
Justiça Eleitoral:
fere uma das premissas do voto que é o sigilo. Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer
eleitor houver votado sob impugnação (art. 190): É um crime próprio, que somente será praticado pelo funcionário responsável
Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.
pela publicação.

O sujeito ativo desse crime é o mesário. Somente ocorrerá esse tipo de crime Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou
deixar de promover a execução de sentença condenatória:
quando tivermos falando em eleição por cédula de papel. Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 339 – Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos
à eleição: Somente poderá ser responsabilizado por esse delito o membro do MP que tem
Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
atribuição legal de agir e não o fizer.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art. 357:
Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Se tivermos falando em sistema eletrônico de votações, o crime estará previsto


O legislador resolveu punir por meio desse crime, a omissão do juiz ante a omis-
na Lei de Eleições (art. 72), que trata especificamente sobre a proteção da urna
são injustificada do membro do MP no cumprimento de seu dever.
eletrônica.
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:
Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

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O tipo penal tutela a administração pública eleitoral. Por ser um crime comum, A dupla filiação partidária gera, para efeitos eleitorais, a inelegibilidade, confi-

qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo e responder por esse delito. gurando ausência de filiação.

Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido:
Justiça Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa.
não estiver sujeita a outra penalidade:
Pena – pagamento de trinta a noventa dias-multa.
2.5. Crimes Eleitorais Concernentes à Propaganda Eleitoral
Para que o crime se consume, deverá ocorrer a omissão que acarrete danos ao Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
andamento dos serviços eleitorais. Pena – detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou te-
Art. 346. Violar o disposto no Art. 377: levisão.
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que
prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa Temos um crime comum, ou seja, que poderá ser praticado por qualquer pes-
à infração.
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instru-
soa.
ções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução: A consumação se dá com a mera divulgação dos fatos sabidamente inverídicos.
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa.
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda,
imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
O legislador resolveu resguardar a efetividade da prestação jurisdicional da Jus-
Pena – detenção de seis meses a dois anos, e pagamento de 10 a 40 dias-multa.
tiça Eleitoral. § 1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi conde-
2.4. Crimes Eleitorais Relativos à Formação e Funcionamento nado por sentença irrecorrível;
dos Partidos Políticos II – se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sen-
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos: tença irrecorrível.
Pena – detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa.
Essa é uma conduta que quase não vemos durante o horário político, né? Nos
O crime estará configurado quando o eleitor assinar o pedido de registro em debates então, nem se fala.
mais de um partido político. No polo passivo, temos o candidato ao cargo eletivo, e no polo ativo temos qual-
Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos: quer pessoa.
Pena – pagamento de 10 a 20 dias-multa.
A última eleição foi caracterizada por diversas informações inverídicas, sempre

buscando desfavorecer um ou outro candidato.

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Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral
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Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, Esse tipo penal visa a garantir o livre exercício da propaganda eleitoral. O delito
imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa. estará consumado com a ocorrência da perturbação, e admite-se a forma tentada.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Temos aqui a mesma situação do crime anterior, sendo que no 324 estamos
Esse tipo penal se assemelha ao 331 e também visa a garantir o livre exercício
falando em calúnia e aqui de difamação.
da propaganda.
Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prê-
Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. mios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores:
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for
I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; candidato.
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio Trata-se de crime formal, tendo se consumado independente do resultado natu-
empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das ralístico. É um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode figurar no polo ativo.
penas correspondentes à violência prevista no Código Penal.
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:
Pena – detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
O crime de injúria ultraja a honra subjetiva da pessoa, atingindo a sua dignida- Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apre-
ensão e perda do material utilizado na propaganda.
de. Veja que os últimos três artigos trataram de defender a honra dos candidatos.

O artigo 327 traz causas de aumento de pena conforme o sujeito passivo.


Qualquer tipo de propaganda eleitoral deverá ser feita em língua portuguesa,
Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e 326, aumentam-se de um terço, sendo que ocorrerá a consumação do crime com a mera veiculação da propaganda
se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; em língua estrangeira.
II – contra funcionário público, em razão de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa. Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos artigos. 322,
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o agente repara o dano antes da sentença 323, 324, 325, 326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo
final, o juiz pode reduzir a pena. com o seu livre convencionamento, se diretório local do partido, por qualquer dos seus
membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão
Os artigos 328 e 329 foram revogados, porém o legislador manteve o artigo 330 de sua atividade eleitoral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro nas reinci-
dências.
na lei.
Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus di-
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado: reitos políticos, de atividades partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. recintos fechados ou abertos:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

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Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou Da mesma forma que o artigo anterior, porém agora com documentos parti-
televisão que autorizar transmissões de que participem os mencionados neste artigo,
bem como o diretor de jornal que lhes divulgar os pronunciamentos. culares, a falsificação deverá ocorrer para fins eleitorais.

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia cons-
Conforme prevê Edson Brozoza com este dispositivo penal eleitoral, o legislador tar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
para fins eleitorais:
pátrio buscou reprimir a conduta do estrangeiro ou brasileiro impedido do exercício
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é
de seus direitos políticos que venha a participar de atividades partidárias, inclusive público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é
particular.
comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos. Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o
crime prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de
Corporifica medida tencionada a resguardar o livre exercício da propaganda
registro civil, a pena é agravada.
eleitoral e do voto e, notadamente, proteger a soberania nacional.

O TSE entende que esse artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal. Agora temos um documento verdadeiro, e a informação constante nesse docu-

mento é falsa, o documento, portanto é íntegro.


Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no Art. 239:
Pena – Pagamento de 30 a 60 dias-multa. Da mesma forma que os artigos anteriores, a intenção deverá ser para fins elei-

torais, caso contrário, responderá o agente pelo previsto no Código Penal.


O artigo 239 traz a garantia de prioridade postal do material de campanha, se o
Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350) para os efeitos penais, a fotogra-
funcionário dos Correios não garantir essa prioridade incorrerá nesse crime.
fia, o filme cinematográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore
declaração ou imagem destinada à prova de fato juridicamente relevante.
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento
público verdadeiro, para fins eleitorais:
Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa. Esse é um artigo explicativo que traz algumas equiparações aos documentos
§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
a pena é agravada. relacionados aos crimes que acabamos de estudar.
§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal inclusive Fundação do Estado. Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra
que o não seja, para fins eleitorais:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa se o documento é
Para que tenhamos esse delito é necessário que o dolo seja específico para fins público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é
particular.
eleitorais, caso contrário, o agente responderá pelo crime tipificado no Código Pe-

nal. Esse é um crime próprio dos tabeliães, escreventes e demais servidores do cartório.
Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se
particular verdadeiro, para fins eleitorais:
referem os artigos. 348 a 352:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.

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Agora temos o uso do documento falso, diferente dos artigos anteriores, que

contemplavam a falsificação.

Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, ma-
terial ou ideologicamente falso para fins eleitorais:
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.

No artigo anterior, podemos ter a situação em que o mesmo agente que falsi-

ficou, foi flagrado usando. Agora esse delito não pode ocorrer isso, porque o tipo

penal fala em “obter”.

Fazendo uma analogia de certa forma grosseira, seria algo semelhante ao re-

ceptador de mercadoria roubada/furtada, só que nesse caso estamos falando em

documentos.

Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou


quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financia-
mento eleitoral, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Essa é a apropriação indébita eleitoral, em que bens, recursos ou valores, são

apropriados de forma indevida em proveito próprio ou de terceiros.

Meu(minha) querido(a), terminamos por aqui os crimes eleitorais previstos no

Código Eleitoral.

A aula se deu mais com comentários dos artigos e eu espero que tenha sido

proveitoso o estudo. Estou à disposição para esclarecimentos, dúvidas, críticas

e sugestões por meio da plataforma do Grancursos Online e também mediante

e-mail profpericlesrezende@gmail.com e do instagram @vemserpolicial

Grande abraço e bons estudos.

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Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal
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LEI N. 7.210/1984 – LEI DE EXECUÇÃO PENAL É importante lembrar das duas categorias acima para fazer a correta leitura do art. 2º da LEP:

Art. 2º A jurisdição penal dos juízes ou tribunais da justiça ordinária, em todo o território nacional,
1. Lei de Execuções Penais será exercida, no processo de execução, na conformidade desta lei e do
Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça
Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

Veja, portanto, que o preso provisório também é alcançado pela Lei de Execuções Penais,
por fora do art. 2º do diploma legal – de modo que as normas aqui previstas não irão se res-
tringir àqueles indivíduos que estão presos em razão de sua prisão-pena.

Objetivo da LEP

São objetivos da LEP, nos termos do art. 1º do diploma legal:


• Dar cumprimento às sanções impostas na sentença ou decisão criminal;
• Propiciar a reintegração social do condenado e do internado.

Jurisdição

Conforme narra o art. 65 da LEP, temos o seguinte:


Uma vez que o indivíduo é condenado criminalmente, surge para o Estado o direito de exer-
cer o jus puniendi, nos moldes previstos em nosso ordenamento jurídico. Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua
Nesse sentido, uma das ferramentas mais importantes é a Lei 7.210/84, cujas normas se ausência, ao da sentença.
destinam a uma correta efetivação da fase de execução da pena:
Lembre-se sempre desse detalhe, pois é muito importante!
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado. Na ausência do juiz da execução, as atribuições da execução penal passam ao juiz da sentença.

Lembre-se, caro aluno, de que o instituto da prisão se divide em prisão cautelar (prisão Direitos do Preso
temporária ou provisória) e prisão-pena (sanção penal), e que atualmente o STF apenas admi-
te o início do cumprimento da prisão-pena após o trânsito em julgado da sentença penal conde- Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sen-
tença ou pela lei.
natória (esgotamento de todos os recursos), sendo proibida a sua execução provisória.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena
e da medida de segurança.

Como sabemos, a medida de prisão deve atingir, em regra, apenas um direito do preso: o
direito à liberdade.
Dessa forma, o condenado mantém todos os direitos que não foram atingidos pela sen-
tença, de modo que os órgãos de execução penal devem trabalhar no sentido de assegurar

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os outros direitos ao condenado, enquanto este cumpre sua pena privativa de liberdade (tais
como seu direito à alimentação, saúde, integridade física, entre outros).
Nesse sentido, são direitos garantidos pela LEP aos condenados e presos provisórios:

Art. 40. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e
dos presos provisórios.
Art. 41. Constituem direitos do preso:
I – alimentação suficiente e vestuário;
II – atribuição de trabalho e sua remuneração;
III – Previdência Social;
IV – constituição de pecúlio;
V – proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI – exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde
que compatíveis com a execução da pena;
VII – assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII – proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX – entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X – visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI – chamamento nominal;
Observações sobre os Direitos do Preso
XII – igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII – audiência especial com o diretor do estabelecimento;
É cabível fazer as seguintes observações sobre os direitos do preso:
XIV – representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV – contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autorida-
de judiciária competente.

Como eu sempre digo, os examinadores gostam muito de utilizar esse tipo de rol para
elaborar questões – pois sabem que é muito difícil para o candidato memorizar todas as pre-
visões legais. Mesmo assim, vale a pena fazer a leitura desses artigos algumas vezes, pois
realmente ajuda muito na hora da prova.

Direitos Passíveis de Suspensão

Embora a LEP garanta os direitos acima ao condenado e ao preso provisório, o próprio di-
ploma legal prevê a seguinte exceção:

Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos
mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

Os incisos V, X e XV tratam dos seguintes direitos:

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Classificação do Condenado Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumpri-
mento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.
A classificação do condenado, nos termos do art. 5ºda LEP, objetiva garantir o direito à Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando
a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:
individualização da pena, de modo que a medida se adeque às características pessoais do
I – entrevistar pessoas;
condenado. Tal classificação é colocada em prática através da chamada Comissão técnica de
II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do
classificação:
condenado;
III – realizar outras diligências e exames necessários.
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para
orientar a individualização da execução penal.
Em primeiro lugar, é importante que o aluno não confunda o exame criminológico com
Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa
individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.
a classificação prevista no art. 5º da LEP. Tal classificação é mais genérica, mais simples,
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida direcionada para a percepção de características como antecedentes, aspectos familiares e
pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psi- sociais, personalidade e capacidade laboral do condenado.
cólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. O exame criminológico, por sua vez, tem por objetivo analisar questões de ordem psicoló-
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada gica e psiquiátrica do apenado, avaliando, entre outros aspectos, seu grau de agressividade e
por fiscais do serviço social. possibilidade de voltar a delinquir. Trata-se, portanto, de um instituto mais severo e objetivo.
Antigamente, o exame criminológico era obrigatório para a concessão de progressão
Temos, portanto, a seguinte composição (números mínimos):
de regime, o que não ocorre mais. Atualmente, o exame criminológico é utilizado nos se-
guintes casos:

O parecer da Comissão técnica de classificação NÃO vincula o magistrado em suas decisões É possível, por exemplo, que o juiz da execução penal determine a realização de exame
quanto à execução da pena. criminológico antes de conceder o livramento condicional – se julgar que as circunstâncias do
caso justificam tal medida. Tome nota:
2. Exame Criminológico
Súmula 439 do STJ:
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será sub-
“Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
metido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classi-
motivada.”
ficação e com vistas à individualização da execução.

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Súmula Vinculante 26 do STF: A assistência ao preso está disciplinada da seguinte forma:


“Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n.
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de
modo fundamentado, a realização de exame criminológico.”

Realização do Exame

Do Centro de Observação
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resulta- Tendo em vista que a LEP é uma lei muito extensa, não serão colocadas aqui a transcrição
dos serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
de todos os artigos. Dessa forma, recomenda-se ao aluno que faça a leitura do texto de forma
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabeleci- paralela ao estudo dessa aula, que estará totalmente voltada os pontos chave de tais normas
mento penal. jurídicas.
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do
Centro de Observação. Assistência Jurídica

Segundo a LEP, os exames gerais, e o criminológico, são realizados no chamado Centro de Além da obrigação de que os estabelecimentos prisionais contem com serviço de assis-
Observação, e na falta deste, pela própria Comissão Técnica de Classificação.
tência jurídica, é cabível observar que o preso pode formular requerimentos de benefícios da

3. Da Assistência ao Preso / Internado LEP diretamente ao juiz da execução penal, sem o intermédio de advogado.

Seguindo adiante em nossa leitura da LEP, temos a questão da assistência garantida ao Assistência Educacional
preso ou internado:
Quanto à assistência educacional, cabe ressaltar que prover o ensino de 1º grau (educação
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e fundamental) é obrigatório.
orientar o retorno à convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. Assistência à Saúde
Art. 11. A assistência será:
I – material;
No intuito de assegurar à mulher presa gestante ou puérpera tratamento humanitário antes
II – à saúde;
III – jurídica;
e durante o trabalho de parto e no período de puerpério, bem como assistência integral à sua
IV – educacional; saúde e à do recém-nascido, a Lei nº 14.326/22 inclui no art. 14 da LEP o parágrafo § 4º, o
V – social; qual prevê:
VI – religiosa.
§ 4º Será assegurado tratamento humanitário à mulher grávida durante os atos médico-hospitala-
res preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como à mulher no
período de puerpério, cabendo ao poder público promover a assistência integral à sua saúde e à do
recém-nascido. (Incluído pela Lei nº 14.326, de 2022)

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4. Egressos
Egresso é o condenado liberado definitivamente (pelo prazo de um ano, a contar de sua Trabalhos de prestação de serviços comunitários, no entanto, não serão remunerados, por
saída. Também se considera egresso o beneficiado por livramento condicional, durante seu força do art. 30 da LEP.
período de prova.
A LEP garante também o amparo ao egresso, nos termos de seus artigos 25 e 27, de modo Observe-se, ainda, que mesmo não estando amparado pela CLT, o preso tem direito à pre-
que o indivíduo, ao ser colocado em liberdade, desfrute de orientação e apoio em sua reinte- vidência social (Art. 41, III, da LEP).
gração social. Ademais, a remuneração do preso por seu trabalho não é livre, visto que sua destinação
Nos termos da lei é inclusive garantido ao egresso a concessão de alojamento e alimenta- também está definida na Lei de Execuções Penais:
ção, em estabelecimento adequado, por até 02 meses (Art. 25, II, LEP), além da colaboração
de assistentes sociais na procura de trabalho. § 1º O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não re-
5. Do Trabalho parados por outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em pro-
porção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para constituição do
pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.

O trabalho, como você já sabe, está dividido em interno e externo:

Trabalho Externo

São requisitos do trabalho externo:


A LEP disciplina o trabalho – tanto interno, quanto externo – entre os artigos 28 e 37 de seu
texto legal. A leitura de tais artigos, como de praxe, é obrigatória.
Em primeiro lugar, é importante observar que, nos termos da LEP, o condenado está obri-
gado ao trabalho, e que seu trabalho será sempre remunerado.

Apenas o preso provisório e o político não estão obrigados ao trabalho interno:

Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas
aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no
interior do estabelecimento.
Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao trabalho.

Tal remuneração, inclusive, nunca poderá ser inferior a ¾ do salário mínimo vigente.

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Observações Importantes IV – conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou
à disciplina;
São observações importantes sobre o trabalho do preso: V – execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI – submissão à sanção disciplinar imposta;
VII – indenização à vítima ou aos seus sucessores;
VIII – indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção,
mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;
IX – higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X – conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

O preso deve, portanto, submeter-se à normas disciplinares dos estabelecimentos prisio-


nais. No entanto, é importante observar que o preso deve ser cientificado das normas disci-
6. Deveres, Direitos & Disciplina plinares a que está sujeito.
Além disso, tome nota de um detalhe importantíssimo sobre as sanções disciplinares:

As sanções disciplinares estão sujeitas ao princípio da anterioridade de lei.

Tal determinação resulta em duas limitações que devem ser observadas quando da aplica-
ção de sanções disciplinares ao preso:

Sanções Disciplinares
Sistema carcerário japonês

A competência para o exercício do poder disciplinar nos estabelecimentos prisionais varia


Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se de acordo com o caso:
às normas de execução da pena.

O capítulo IV da LEP trata dos deveres, direitos e da disciplina. Tal tema é abordado entre
os artigos 38 & 60 da LEP.
Primeiramente, devemos tratar do rol de deveres do preso:

Art. 39. Constituem deveres do condenado:


I – comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; Faltas Disciplinares
II – obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
III – urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; As faltas disciplinares praticadas pelo preso classificam-se em leves, médias e graves.

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Merece destaque o fato de que, por expressa previsão legal (Art. 49, parágrafo único, LEP), Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
a pena disciplinar pelo cometimento de falta disciplinar TENTADA é a mesma aplicável a falta subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
disciplinar CONSUMADA!
características: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave
Faltas Graves
de mesma espécie; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
São faltas graves praticáveis pelo condenado:
III – visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de tercei-
ro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de
2019)
IV – direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; (Redação
dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
V – entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em con-
trário; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – fiscalização do conteúdo da correspondência; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VII – participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a
participação do defensor no mesmo ambiente do preso. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados,
nacionais ou estrangeiros: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da socieda-
de; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de
falta grave. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação crimi-
nosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação,
o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional
federal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
Também é falta grave o cometimento de crime doloso pelo sentenciado, o que não prejudica I – continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de ori-
a sanção penal aplicável ao caso. gem ou da sociedade; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, con-
RDD siderados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a opera-
ção duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do trata-
O regime disciplinar diferenciado é uma penalidade aplicável ao preso provisório ou conde- mento penitenciário. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

nado, nos termos do art. 52 da LEP. § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com
alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar
As características do RDD são muito importantes e bastante cobradas, e foram objeto de
contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia
alteração pelo pacote anticrime, motivo pelo qual iremos transcrever o art. 52 em sua íntegra:
privada, ou de grupos rivais. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de
7. Órgãos de Execução Penal
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019) Art. 61. São órgãos da execução penal:
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber I – o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato II – o Juízo da Execução;
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) III – o Ministério Público;
minutos. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) IV – o Conselho Penitenciário;
V – os Departamentos Penitenciários;
Ao final da aula iremos tecer alguns comentários importantes sobre as novidades do paco- VI – o Patronato;
te anticrimes inerentes ao RDD. Por hora, apenas busque se familiarizar com o texto do artigo. VII – o Conselho da Comunidade.
VIII – a Defensoria Pública.
Apuração de Faltas Disciplinares
A LEP disciplina os órgãos da execução penal em seu Título III (Artigos 61 – 81):
A apuração de uma falta disciplinar cometida pelo preso se dá por meio de processo admi-
nistrativo, podendo o preso ser isolado por até 10 dias.

Aplicação de Sanções Disciplinares

Existem dois tipos de sanções disciplinares: As aplicáveis pelo próprio diretor do esta-
belecimento prisional, e as aplicáveis apenas com despacho prévio e fundamentado do juiz
da execução:

Recompensas

Além das sanções, o preso também pode ser recompensado, caso apresente comporta-
mento digno de tal privilégio. As recompensas consistem em elogio e na concessão de al-
gumas regalias. As espécies de regalias não são disciplinadas pela LEP, e sim em legislação
local ou outros regulamentos.

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Finalmente, os departamentos penitenciários são órgãos responsáveis por diversas atri- 8. Estabelecimentos Penais
buições, merecendo destaque a fiscalização periódica de estabelecimentos e serviços penais,
em sua área de atuação (federal, ou local, a depender do caso).

Leitura recomendada: Art. 71 a 74 da LEP.

Direção e Pessoal dos Estabelecimentos Penais

A direção e o pessoal integrante de estabelecimentos penais estão disciplinados nos arti-


gos 75 a 77 da LEP. Dentre as normas contidas nesses artigos, merece destaque o fato de que
o diretor do estabelecimento prisional deve morar no estabelecimento ou residir nas proximi-
dades, dedicando tempo integral à função por ele ocupada.

Patronato

O patronato nada mais é do que o órgão responsável por prestar assistência aos egressos,
bem como por orientar os condenados às penas restritivas de direitos.

Conselho da Comunidade
Os estabelecimentos penais estão disciplinados no título IV da LEP (Artigos 82 a 104).
Por fim, temos o conselho da comunidade, também responsável por visitar, ao menos men- Hora de redobrar a atenção, pois este é um dos assuntos mais cobrados em prova!
salmente, os estabelecimentos penais de sua comarca, o qual é constituído por, no mínimo, os
Conceito
seguintes integrantes:

Estabelecimento penal é o local destinado ao condenado, ao internado e ao preso provisó-


rio, em razão de sua situação.

Mulheres

Em estabelecimentos penais para mulheres devem trabalhar apenas mulheres, com exce-
ção do pessoal técnico especializado. Ademais, tais estabelecimentos devem ser dotados de
BERÇÁRIOS, nos termos do art. 83, parágrafo 2º da LEP.

Observações Gerais sobre os Estabelecimentos

Em primeiro lugar, é importante notar que a LEP estabelece a interdição do estabelecimen-


to como punição pela superlotação carcerária, a ser realizada pelo juiz da execução penal.
Em segundo lugar, é de extrema importância que o aluno conheça as regras de separação
de presos contidas no artigo 84 da LEP. Vejamos de forma esquematizada:

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Classificação dos Estabelecimentos Penais

Os estabelecimentos penais estão divididos nas seguintes categorias:

Uma vez separados os presos provisórios dos condenados, cada categoria deve ser sepa-
rada da seguinte maneira:

Por fim, temos a questão da condenação em outro estado da federação. A LEP prevê que
uma condenação criminal imposta em um dos estados da federação pode vir a ser cumprida
em outro estado (art. 86).

Prisão Especial

Temos ainda a chamada prisão especial, prevista no art. 295 do CPP:

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente,
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I – os ministros de Estado;
II – os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;
III – os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias
Legislativas dos Estados;
IV – os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;

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V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; Simplificando:
VI – os magistrados;
VII – os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII – os ministros de confissão religiosa;
IX – os ministros do Tribunal de Contas;
X – os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI – os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.

O entendimento atual é que até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a


prisão especial deve ser cumprida em cadeia pública, em cela separada dos demais presos.

9. Regimes de Cumprimento de Pena


Outro tópico campeão de provas de concursos, os regimes de cumprimento de pena são
objeto dos artigos 110 ao 117 da LEP.
Entretanto, tal assunto aqui abordado apenas complementa o estudo das penas realizado
No caso de concurso formal de crimes, ou de crime continuado, as penas devem ser unifica-
no âmbito do Direito Penal (haja vista que o Código Penal também disciplina o tema em estudo,
das, e não somadas, para fins de fixação de regime prisional (Art. 66, II, LEP).
e que estamos tratando do ponto de vista da Lei de Execuções Penais).
Comecemos pela fixação do regime inicial de cumprimento de pena, nos termos do CP:
Cálculo de Benefícios
• Regime fechado: pena superior a 8 anos;
• Regime semiaberto: Condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não Causa muita confusão aos alunos o limite de 40 anos quanto ao cálculo que deve ser rea-
exceda a 8; lizado para concessão de benefícios. Por exemplo:
• Regime aberto: Condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos. Se um indivíduo é condenado a 100 anos de prisão, sabendo-se que ele só deverá cumprir 40
anos, o cálculo para concessão de progressão de regime deve tomar por base a pena (100 anos)
Soma das Penas
ou o limite previsto na CF (40 anos)?
E a resposta é simples: Todos os benefícios (livramento condicional, progressão de re-
Nos termos da LEP (Art. 111), no caso de várias condenações em processos distintos, o
gime, entre outros) devem tomar por base de cálculo a efetiva pena imposta e não o limite
regime de cumprimento será o que resultar da soma de tais penas. No caso de fixação do
de 40 anos.
regime e de posterior condenação DURANTE o cumprimento de pena, deve-se somar a nova
Esse é o posicionamento majoritário na doutrina e na jurisprudência vigentes.
pena ao restante da pena em andamento para a fixação do regime, ato em que pode ocorrer a
regressão do regime aplicado ao apenado.
Requisitos para Progressão de Regime

Os requisitos para progressão de regime, nos termos da LEP, foram profundamente alte-
rados pelo pacote anticrimes, e serão analisados em seção especial ao final da aula de hoje.

Regressão de Regime

A regressão de regime, por sua vez, é a passagem para um regime mais gravoso, como
verdadeira sanção ao condenado. Está prevista no art. 118 da LEP:

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Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a trans- Além disso, a lei disciplina que não terá direito à saída temporária o condenado que cum-
ferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: pre pena por praticar crime hediondo com resultado morte (art. 122, § 2º, incluído pela Lei n.
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
13.964, de 2019).
II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução,
torne incabível o regime (artigo 111).
11. Outros Institutos da LEP
Antes de finalizar nossa aula, devemos fazer alguns comentários sobre outros institutos
A doutrina se posiciona no sentido de que o apenado que já se encontra em regime fechado
da LEP, que também são bastante cobrados em provas. Tais institutos já foram abordados em
e venha a praticar falta grave, estará sujeito ao chamado efeito secundário da regressão, que
outros momentos de nosso curso, mas serão revisitados tendo em vista sua relação com o
consiste na interrupção do tempo de cumprimento de pena para efeitos de progressão.
diploma legal em comento.
10. Autorizações de Saída Remição
A LEP, a partir do art. 120 e até o art. 125 apresenta as chamadas autorizações de saída,
O primeiro dos institutos que podem reduzir a pena é o da remição (acredite, é com ç mesmo).
nas quais o preso pode vir a ser autorizado a deixar as dependências do estabelecimento pe-
A remição nada mais é do que um instituto que permite ao preso redimir sua pena por meio
nal, de forma temporária, preenchidos determinados requisitos.
do trabalho. Assim, por meio de seu esforço trabalhando ou estudando, o preso tem desconta-
Existem duas hipóteses de autorização de saída:
do dias extra em sua pena, de modo que possa cumpri-la de forma antecipada.
A remição é possível das seguintes formas:

A previsão para a remição está no art. 128 da LEP:

Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

A remição se dá na proporção de 1 dia de pena para cada 3 dias trabalhados.

Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado
Quanto à saída temporária, é necessário observar os seguintes requisitos: o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar (Art.
• Cumprimento de 1/6 da pena (se primário), ou 1/4 (se reincidente); 127 da LEP).
• Bom comportamento;
• Compatibilidade entre o benefício e os objetivos da pena.

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Livramento Condicional 12. Exame Criminológico & Livramento Condicional


Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os re-
Conforme já mencionado na aula de hoje, o chamado exame criminológico já foi um insti-
quisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e o
Conselho Penitenciário.
tuto obrigatório. Entretanto, após a revisão que ocorreu na LEP, em 2003, tal exame se tornou
facultativo, de modo que também não pode mais ser exigido para a concessão de liberdade
O livramento condicional é bastante simples, afinal de contas, o próprio nome é muito bem provisória.
selecionado: O beneficiado é liberado, ainda durante o cumprimento do restante de sua pena, Ademais, o STJ já se manifestou no sentido que, mesmo havendo exame criminológico, tal
desde que cumpra determinadas condições. exame deve fundar-se apenas em fatos ocorridos NA PRÓPRIA EXECUÇÃO PENAL, quando
Esse período, em que o indivíduo é liberado, mas ainda há um restante da pena a ser cum- considerado para efeitos de progressão de regime ou de livramento condicional.
prida, é chamado pela doutrina de período de prova.
Nesse contexto, os requisitos para a concessão de liberdade condicional estão divididos
em requisitos subjetivos e requisitos objetivos.
São requisitos SUBJETIVOS:

Embora o exame seja facultativo, o próprio STJ entende que, se o magistrado decidir de forma
MOTIVADA, pode determinar a realização de exame criminológico se entender que é uma me-
dida adequada às peculiaridades do caso.
Os requisitos OBJETIVOS, por sua vez, são os seguintes:
Procedimento
Súmula 441 – STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
Uma vez que entendemos os conceitos básicos e os requisitos do livramento condicio-
condicional.
nal, podemos tratar do procedimento para sua concessão. Podem requerer o livramento
condicional:

Quem concede o livramento condicional é o juiz da execução, desde que presentes os requisitos.

Condições para o Deferimento

Além dos requisitos objetivos e subjetivos que você já conhece, o magistrado ainda deverá
observar as seguintes condições para concessão da liberdade provisória:

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Confuso, certo? Vamos utilizar um exemplo para facilitar:

Na situação acima, Ned irá retornar à prisão, e deverá cumprir mais dois anos para concluir
o tempo de sua primeira condenação, pois o período que passou em liberdade condicional não
Revogação será computado. Nesse período, não poderá pleitear nova concessão de liberdade condicional
Apenas após Ned terminar de cumprir a pena da primeira condenação é que será possível
Como todo benefício, a liberdade provisória pode ser revogada. Sua revogação pode ser computar o tempo para a concessão de nova liberdade condicional, tomando por base apenas
obrigatória ou facultativa, e ocorrerá nos seguintes casos: a pena cominada ao segundo delito praticado.
• Revogação Obrigatória: 2) Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecor-
rível, por crime anterior ao período de prova, observado o disposto no art. 84 do CP.
A revogação obrigatória ocorre em duas situações:
1) Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecor- Soma de penas
Art. 84. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento.
rível, por crime cometido durante a vigência do período de prova.
Portanto, se o indivíduo vem a praticar um novo delito, e é condenado em sentença irrecor-
Nesse caso, ocorrerá também a revogação do livramento condicional, no entanto, os efei-
rível por outro crime, o qual foi praticado durante o período em que gozava da liberdade condi-
tos serão diferentes:
cional, ocorrerá a revogação obrigatória do benefício.
Além disso, o apenado sofrerá as seguintes consequências:

Logo, exatamente o contrário da situação anterior!

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Vejamos o mesmo exemplo: Professor, e o que acontece se o indivíduo praticar um delito, durante o período de prova,
mas ainda não tiver sido condenado?

Essa é uma excelente questão. Nesse caso, não há causa para revogação, mas o magistra-
do poderá decretar a prisão do liberado e suspender o curso do livramento.

Note que estamos falando em SUSPENSÃO, e não em REVOGAÇÃO. Cuidado com as pegadinhas!

13. Penas Restritivas de Direitos


Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o juiz da execu-
ção, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto,
requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
Nessa situação, Ned irá cumprir apenas mais um ano relativo ao primeiro delito, haja vista Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o juiz, motivadamente, alterar a forma de cumpri-

que o período de prova será computado em sua pena. mento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustan-
do-as às condições pessoais do condenado e às características do estabelecimento, de entidade
Além disso, a pena restante do primeiro delito (um ano) será somada com a pena do segun-
ou do programa comunitário ou estatal.
do delito (sete anos), de modo que o livramento condicional poderá ser concedido com base na
soma das penas (oito anos), desde que preenchidos os demais requisitos. Para finalizar o estudo da LEP, devemos falar das penas restritivas de direitos: “As penas
A vantagem nesse caso é que o prazo para concessão do livramento condicional começa a restritivas de direitos consistem nas chamadas penas alternativas.” Recebem tal nomenclatura
contar desde logo, não havendo o condenado que esperar até o fim do cumprimento da pena pois são uma opção à pena privativa de liberdade!
do primeiro delito. As penas restritivas de direito nada mais são do que uma tentativa do Estado em atingir de
• Revogação facultativa: uma forma mais adequada as finalidades da pena (retribuição, ressocialização e prevenção),
sem submeter o indivíduo ao cárcere, que sabidamente possui efeitos muito mais gravosos do
A revogação facultativa, por sua vez, pode ocorrer em duas situações:
que outras modalidades de punição.

Espécies

As penas restritivas de direitos, segundo o Código Penal, são as seguintes:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:


I – prestação pecuniária;
II – perda de bens e valores;
III – limitação de fim de semana.
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana.

A interdição temporária de direitos (inciso V) merece uma análise mais detalhada, pos-
suindo cinco espécies, listadas pelo legislador no art. 47 do CP:

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Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal
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Interdição temporária de direitos Classificação
Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são:
I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; As penas restritivas de direitos são classificadas da seguinte maneira:
II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial,
de licença ou autorização do poder público;
III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
V – proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

As penas restritivas de direito nada mais são do que uma espécie de pena, assim como são
a pena privativa liberdade e a pena de multa.
As penas restritivas de direito, no entanto, são consideradas penas substitutivas, pois são Duração
aplicáveis no lugar das penas privativas de liberdade, se preenchidos os requisitos legais.
Por exemplo: Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4º do art. 46.

Apesar da previsão do art. 55, que determina que as penas restritivas de direitos (incisos III
a VI do art. 43) devam perdurar pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade, ressalte-se
que as penas de prestação pecuniária e de perda de bens e valores, obviamente, não estão
sujeitas à limitação de tempo.

Não existe execução provisória de penas restritivas de direitos.

Requisitos para Substituição

Você deve estar se perguntando o seguinte: Mas quando é que poderá ser feita a substitui-
ção de uma pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos?
E é exatamente a essa pergunta que vamos responder agora. Vejamos:
Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
CP
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
É muito importante que o aluno perceba que não há previsão expressa da pena restritiva I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
de direitos no preceito secundário do tipo penal (que só fala em pena de reclusão e na pena violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
de multa). II – o réu não for reincidente em crime doloso;
No entanto, mesmo assim as penas restritivas de direito são aplicáveis, tendo em vista seu III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como
caráter substitutivo (desde que preenchidos os requisitos legais). os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

1. A pena privativa de liberdade não pode ser superior a 4 anos, no caso de crime DOLOSO.
Em caso de crime culposo, a substituição é cabível em qualquer caso.

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2. O crime não pode envolver violência ou grave ameaça à pessoa. Esse requisito é es- Reincidência
sencial, pois evita o absurdo de que fosse substituída a pena privativa de liberdade em delitos
graves, com o roubo ou a extorsão. No caso de reincidência específica (no mesmo tipo penal), você já sabe que não é possível
3. O réu não pode ser reincidente em crime doloso. A reincidência, nesse caso, deve ser a substituição da pena por uma restritiva de direitos. Entretanto, no caso de reincidência gené-
específica (reincidência em delito da mesma espécie – por exemplo, em dois delitos de furto). rica, temos o seguinte:
4. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de con-
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
denação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
São requisitos subjetivos, que buscam medir se a medida restritiva de direitos é SUFICIENTE em virtude da prática do mesmo crime.
para alcançar a reprovação e a prevenção de outra conduta delituosa.
Conversão da Pena
Não cabe a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos em caso A conversão da pena restritiva de direitos nada mais é do que a sua substituição pela pena
de LESÃO CORPORAL ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. privativa de liberdade, em caso de descumprimento das condições impostas ao condenado. A
própria LEP prevê expressamente essa possibilidade:
Cabe ainda observar que a Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) não veda expressamen-
te a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, de modo que a Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na
doutrina considera possível a aplicação de tal instituto face a delitos hediondos, desde que forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
presentes os demais requisitos.
A previsão legal está no art. 44, parágrafo 4º, CP:
Aplicação
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumpri-
Sobre as formas de aplicação das penas restritivas de direitos, é importante fazer a leitura mento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será
deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias
do art. 44, parágrafo 2º, CP:
de detenção ou reclusão.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída Portanto, acontece o seguinte:
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

Portanto, temos o seguinte:

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Cuidado!
Não é possível a conversão de pena de MULTA em pena privativa de liberdade.

No entanto, cabe ressaltar que tanto o STJ quanto o STF entendem que a conversão em
prisão das penas de prestação pecuniária e de perda de bens é admissível em nosso ordena-
mento jurídico, muito embora tenham também natureza pecuniária.

Penas em Espécie

Para finalizar este assunto, vamos fazer breves comentários sobre cada uma das espécies
de penas restritivas de direitos.

14. Novas Previsões – Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime


Para fechar a aula de hoje com chave de ouro, falta consolidar as novidades trazidas pelo
pacote anticrimes no âmbito da LEP.

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Algumas delas já foram objeto de análise no decorrer deste PDF, mas não custa revisar. Em segundo lugar, temos o relevante §3º, o qual, segundo NUCCI1, tem por objetivo permitir
Além disso, veremos alguns pontos que ainda não foram abordados. que o titular dos dados genéticos tenha acesso aos seus dados, bem como à toda documen-
Ao todo, são novidades: tação relacionada à cadeia de custódia. Tal premissa é inerente à ampla defesa e ao contradi-
1. Previsões sobre a Colheita de DNA; tório e passa a constar expressamente no CPP.
2. Nova hipótese de falta grave; Por sua vez, o §4º inova ao determinar que o condenado pelos crimes previstos no caput
3. Regras mais rigorosas para o RDD; do artigo que não foi submetido à identificação por perfil genético quanto ingressou no siste-
4. Mudanças sobre a progressão de regime; ma prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena.
5. Mudanças sobre a saída temporária. Vamos, rapidamente, relembrar quais são os delitos que ensejam o procedimento (nos ter-
Vejamos agora quais são as peculiaridades de cada um dos tópicos supramencionados! mos do caput em referência):

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem
14.1. Colheita de DNA como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será
submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido
Em primeiro lugar, temos as alterações e inclusões realizadas no escopo do art. 9º-A da desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento
LEP. Antes de mais nada, vejamos (artigos vetados foram removidos): prisional. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) (Vigência)

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem Por fim, temos a inovação do §8º do art. 9-A, criando nova hipótese de falta grave, para o
como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será condenado que recusar-se a se submeter ao procedimento de identificação do perfil genético.
submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido Alguns alunos costumam questionar a constitucionalidade dessa medida (obrigatoriedade
desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento de identificação genética). Ressalto, em um primeiro momento, que a doutrina de referência
prisional. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) (Vigência) (como NUCCI) entende que não há, a priori, inconstitucionalidade nos dispositivos em estudo.
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regu-
lamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei n. 12.654, de 2012) 14.2. Falta Grave
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção de dados genéti-
cos, observando as melhores práticas da genética forense. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) Você já sabe que o §8º determina ser falta grave a recusa do condenado a submeter-se ao
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de in- procedimento de identificação genética. Falta apenas você saber que adequadamente a refe-
quérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei rida falta grave foi inserida no art. 50, por meio do inciso VIII, compatibilizando assim o texto
n. 12.654, de 2012) do referido artigo com os ditames do art. 9º-A:
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados constantes nos
bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) VIII – recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei
n. 13.964, de 2019)
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à
identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser
submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
14.3. RDD
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identifica-
A próxima mudança que você precisa conhecer está no maior detalhamento do art. 52,
ção do perfil genético. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
impactando no chamado Regime Disciplinar Diferenciado. Mais uma vez vamos fazer a leitura
Em primeiro lugar, temos uma alteração simples, determinando que a regulamentação in- do artigo antes de fazer uma análise dos pontos mais importantes:
fralegal faça constar garantias mínimas de proteção dos dados genéticos e a observância das
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
melhores práticas forenses (o que já era uma realidade prática para as polícias técnicas de subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
todo o país em razão da cadeia de custódia).
1
Pacote Anticrime Comentado, p. 97.

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Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal
Douglas Vargas Douglas Vargas
estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de
características: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Lei n.
I – duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave 13.964, de 2019)
de mesma espécie; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber
II – recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato
III – visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez)
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de tercei- minutos. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
ro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de
2019) São muitas as novidades, e a legislação endureceu bastante a situação daquele que é sub-
IV – direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até metido ao RDD.
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; (Redação Primeiramente, note-se que houve uma extensão do RDD: dois anos, com possibilidade de
dada pela Lei n. 13.964, de 2019) renovação por falta grave de mesma espécie. Anteriormente, o prazo era de 360 dias, renová-
V – entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas
vel, com o teto (prazo máximo) de 1/6 da pena.
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em con-
trário; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – fiscalização do conteúdo da correspondência; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) O prazo aumentou (2 anos) e o prazo máximo (1/6 da pena) foi removido do inciso I do art. 52.
VII – participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a
participação do defensor no mesmo ambiente do preso. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) Além da questão do prazo, o novo formato do RDD também ampliou sua aplicabilidade.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, Atualmente, a aplicação do regime disciplinar diferenciado é cabível, nos termos do novo tex-
nacionais ou estrangeiros: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
to do caput, nos casos de alto risco para ordem e segurança do estabelecimento penal ou da
I – que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da socieda-
sociedade, ou sobre os presos contra quem recaiam fundadas suspeitas de envolvimento em
de; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
organizações criminosas.
II – sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de
Assim, removeu-se o requisito anterior de prática de falta grave para que seja possível a
falta grave. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) determinação do RDD.
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação crimi- Outro ponto de destaque está nas visitas semanais. Antes, não eram regulamentadas pela
nosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, lei. Atualmente, há previsão específica: visitas quinzenais, de duas pessoas por vez, e em ins-
o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional fe- talações que impeçam contato físico e entrega de objetos.
deral. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) Mais uma alteração de destaque está na questão dos banhos de sol. Anteriormente, havia
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado apenas menção ao período de duas horas. Atualmente, a previsão tornou-se mais detalhada,
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela Lei n. havendo autorização para saída de até 4 presos, desde que não pertençam ao mesmo grupo
13.964, de 2019)
criminoso.
I – continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de ori-
Noutro giro, e ao assumir a tese de que os presídios federais são mais seguros, o legislador
gem ou da sociedade; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
incluiu no art. 52 a previsão de que havendo indícios de que o preso é líder de organização cri-
II – mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, consi-
derados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação minosa, associação ou milícia com atuação em dois ou mais Estados, deve cumprir seu RDD
duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento em presídio federal.
penitenciário. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) Por fim, e novamente quanto às visitas, merece destaque a previsão de gravação das con-
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com versas entre as visitas e o preso, além da possibilidade de autorização judicial para que agente
alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar penitenciário faça o monitoramento da visita. Em caso de não recebimento de visitas pelo pre-
contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia
so em seis meses de RDD, passa a lei a conceder direito de conversa por telefone, com pessoa
privada, ou de grupos rivais. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
da família, duas vezes por mês, por dez minutos.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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14.4. Progressão de Regime I – não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei n. 13.769, de
2018)
II – não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei n. 13.769, de 2018)
Outra mudança de enorme relevância, o art. 112 foi objeto de alteração pelo pacote an-
III – ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; (Incluído pela Lei n. 13.769,
ticrime, cujo texto sofreu enorme detalhamento. Surgem novos prazos para progressão, e a
de 2018)
exigência de boa conduta carcerária comprovada pelo diretor do estabelecimento. IV – ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
Esse é outro artigo cuja leitura é essencial: (Incluído pela Lei n. 13.769, de 2018)
V – não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei n. 13.769, de 2018)
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei n. 13.769, de 2018)
(Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de dro-
I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem gas previsto no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei n. 13.964,
violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) de 2019)
II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o
pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. (Incluído pela Lei n. 13.964,
com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) de 2019)

IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência
à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) É muito importante que você conheça as hipóteses e os novos parâmetros de progressão
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo contidos nos incisos I a VII do art. 112. Aqui não há como facilitar muito: rols assim são muito
ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) queridos pelos examinadores, e exigem um pouco de memorização de nossa parte, na medida
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) do possível.
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, De todo modo, é muito importante tomar nota de algumas peculiaridades já apresentadas
vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) pela doutrina:
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada 1. A disposição final do §1º, segundo doutrinadores como NUCCI, não é aplicável, haja
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) vista que o STF entende não ser possível vedar de forma completa a progressão de regime.
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído pela Lei n. 13.964,
2. O parágrafo 5º formaliza o entendimento do STF sobre o tráfico privilegiado não ser
de 2019)
considerado crime hediondo.
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo
3. O parágrafo 6º também formaliza a jurisprudência dominante, ao preconizar que a fal-
ou equiparado; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
ta grave interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equipa-
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena re-
rado com resultado morte, vedado o livramento condicional. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta
manescente.
carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a pro-
gressão. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
14.5. Saída Temporária
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de
Por fim temos a inclusão de novo parágrafo no art. 122, a qual veda a saída temporária do
manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na con-
condenado por praticar crime hediondo com resultado morte, o que a própria doutrina consi-
cessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos
nas normas vigentes. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
dera adequado haja vista a gravidade desse tipo de delito:
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com defi-
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização para
ciência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei n. 13.769,
saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
de 2018)

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I – visita à família;
II – frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior,
RESUMO
na Comarca do Juízo da Execução;
Objetivo da LEP
III – participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
• Dar cumprimento das sanções impostas na sentença ou decisão criminal e de propiciar
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração ele-
trônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei n. a reintegração social do condenado e do internado.
13.964, de 2019)
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que cum- Jurisdição
pre pena por praticar crime hediondo com resultado morte. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) • A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na
sua ausência, ao da sentença.

Direitos do Preso
• Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela
sentença ou pela lei.

Direitos Passíveis de Suspensão

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Observações sobre os Direitos do Preso Exame Criminológico

Classificação do Condenado
• Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade,
para orientar a individualização da execução penal.

Comissão Técnica de Classificação

• Os exames gerais, e o criminológico, são realizados no chamado Centro de Observação,


e na falta deste, pela própria Comissão Técnica de Classificação.

Da Assistência ao Preso

• O parecer da Comissão técnica de classificação NÃO vincula o magistrado em suas de-


cisões quanto à execução da pena.
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Do Trabalho Competência para Exercício do Poder Disciplinar


• Apenas o preso provisório e o político não estão obrigados ao trabalho interno.
• Trabalhos de prestação de serviços comunitários, no entanto, não serão remunerados,
por força do art. 30 da LEP.

Modalidades

Faltas Disciplinares
• A pena disciplinar pelo cometimento de falta disciplinar TENTADA é a mesma aplicável
a falta disciplinar CONSUMADA.

Observações

Deveres, Direitos & Disciplina


• As sanções disciplinares estão sujeitas ao princípio da anterioridade de lei.

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Faltas Graves IV – o Conselho Penitenciário;


V – os Departamentos Penitenciários;
VI – o Patronato;
VII – o Conselho da Comunidade.
VIII – a Defensoria Pública.

Estabelecimentos Penais

Outras Regras de Separação

RDD
• É uma penalidade aplicável ao preso provisório ou condenado, nos termos do art. 52 da
LEP.

Órgãos de Execução Penal

Art. 61. São órgãos da execução penal:


I – o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
II – o Juízo da Execução;
III – o Ministério Público;

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Classificação dos Estabelecimentos Penais Soma das Penas

• No caso de concurso formal de crimes, ou de crime continuado, as penas devem ser


unificadas, e não somadas, para fins de fixação de regime prisional (Art. 66, II, LEP).

Autorizações de Saída

Regimes de Cumprimento de Pena


• Regime fechado: pena superior a 8 anos;
• Regime semiaberto: Condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não
exceda a 8;
• Regime aberto: Condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos. Remição
• Nada mais é do que um instituto que permite ao preso redimir sua pena através do traba-
lho. Ou seja, através do esforço trabalhando ou estudando, o preso tem descontado dias
extra em sua pena, de modo que possa cumpri-la de forma antecipada.
• A remição se dá na proporção de 1 dia de pena para cada 3 dias trabalhados.
• Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, ob-
servado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar (Art. 127 da LEP).

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Livramento Condicional Classificação


• O beneficiado é liberado, ainda durante o cumprimento do restante de sua pena, desde
que cumpra determinadas condições.

Requisitos Subjetivos

Aplicação

Requisitos Objetivos

Penas Restritivas de Direitos


• As penas restritivas de direitos consistem nas chamadas penas alternativas. Recebem
tal nomenclatura pois são uma opção à pena privativa de liberdade.

Espécies:
I – prestação pecuniária;
II – perda de bens e valores;
III – limitação de fim de semana.
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana.

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Espécies Dessa forma, passou a constar no texto legal a possibilidade de o magistrado obrigar o
agressor a comparecer a programas de recuperação e reeducação não apenas no caso de vio-
lência doméstica contra a mulher, mas também contra a criança e o adolescente:

ANTES (Lei nº 11.340, de 2006)


Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o com-
parecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.

AGORA (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)


LEP, art. 152, Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o
adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas violentas de
educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá determinar o com-
parecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.

Jurisprudência Associada

1) Falta grave
“Recusar-se em a adentrar à cela consiste em falta grave, pois é ato lesivo e grave em
descumprimento de ordem legítima e com base no art. 50, inciso VI, c/c art. 39, incisos II e V,
ambos da Lei de Execuções Penais – LEP, observando-se, inclusive, o pleno exercício do con-
traditório e da ampla defesa no processo administrativo disciplinar.”
STJ. 6ª Turma, AgRg no HC 618.666, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 02/03/2021
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Recusar-se em adentrar à cela consiste em
falta grave. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizero-
direito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4158f6d19559955bae372bb00f6204e4>. Acesso em:
15/01/2022
2) Remição da pena e frequência escolar
“O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição da pena: por
trabalho ou por estudo. Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser
superior a 8 horas. O STJ, contudo, entende que eventuais horas extras devem ser computadas
quando excederem a oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do excedente
No intuito de criar mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica para fins de remição de pena.
e familiar contra a criança e o adolescente, a Lei nº 14.344/22 alterou a redação do parágrafo No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de pena a cada 12 horas
único do art. 152 da LEP no que tange à seção de Limitação de Fim de Semana. de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias.
O STJ entende que, se o reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser considera-
do para fins de remição da pena.”
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1720688/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 06/10/2020.
STJ. 6ª Turma. HC 461047-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/08/2020 (Info 677).

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal
Douglas Vargas Douglas Vargas

Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O tempo excedido, na frequência escolar, ao O STJ já decidiu que a fuga, por ser uma falta disciplinar de natureza especialmente grave,
limite legal de 12 horas a cada 3 dias deve ser considerado para fins de remição da pena. justifica a adoção do percentual máximo de perda dos dias remidos.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/ STJ. 5ª Turma. HC 465565/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
jurisprudencia/detalhes/376c6b9ff3bedbbea56751a84fffc10c>. Acesso em: 15/01/2022 25/09/2018.
3) Direito de Visitas Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Com o advento da Lei n. 12.433/2011, o cometi-
“O direito de visita pode sofrer limitações, diante das peculiaridades do caso concreto. O mento de falta grave não mais enseja a perda da totalidade do tempo remido, mas limita-se ao
direito do preso de receber visitas, assegurado pelo art. 41, X, da Lei de Execuções Penais(Lei patamar de 1/3, cabendo ao juízo das execuções penais dimensionar o quantum, segundo os
n. 7.210/1.984), não é absoluto e deve ser sopesado de acordo com a situação específica vi- critérios do art. 57 da LEP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.bus-
venciada no caso concreto, em conjunto com outros princípios, dentre os quais o que visa a cadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5eca8dc3820cad9fe56a3bafda65ca1>.
garantir a disciplina e a segurança dentro dos estabelecimentos prisionais.” Acesso em: 15/01/2022
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1602725/DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado 6) Exame criminológico não necessita ser realizado por médico psiquiatra
em 20/10/2020. “A elaboração do laudo criminológico por psiquiatra, psicólogo ou assistente psicossocial
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O direito de visitas não é absoluto nem ilimita- não traz qualquer mácula ou ilegalidade à decisão que indeferiu a progressão de regime com
do. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com. base em tal documento, mormente porque qualquer destes profissionais está habilitado a re-
br/jurisprudencia/detalhes/2a8a8bde56a1a353f4e5fdd641f0b199>. Acesso em: 15/01/2022 alizar perícia técnica compatível com o que se busca saber para a concessão do benefício de
4) Inadmissibilidade da execução provisória de penas restritivas de direito progressão de regime.”
O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 440208/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
É proibida a chamada execução provisória da pena. 02/10/2018.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 451804/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/09/2018.
07/11/2019. Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O exame criminológico não precisa ser realizado,
Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julga- obrigatoriamente, por médico psiquiatra. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <ht-
do da condenação. tps://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fef6f971605336724b5e6c-
5) Cometimento de falta grave e perda da totalidade do tempo remido 0c12dc2534>. Acesso em: 15/01/2022
“A prática de falta grave acarreta a perda de até 1/3 dos dias remidos, nos termos do art. 7) Falta grave e exame criminológico
127 da LEP: “O cometimento de falta grave justifica a determinação de exame criminológico.”
Cabendo ao Juízo das Execuções, com certa margem de discricionariedade, aferir o quan- STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 396439/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
tum, levando em conta os critérios do art. 57 da LEP: 19/06/2018.
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os moti- 8) Suspensão ou revogação do livramento condicional
vos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes
de prisão. do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimen-
Vale ressaltar, contudo, que, para o juiz determinar a perda dos dias remidos no percentual to da pena.
máximo (1/3) ele terá que fornecer uma fundamentação concreta.” STJ. 3ª Seção. Aprovada em 26/09/2018, DJe 01/10/2018.
STJ. 5ª Turma. HC 459205/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 02/10/2018. 9) Falta de vagas nos estabelecimentos prisionais
• Antes da Lei n. 12.433/2011: a falta grave acarretava a perda de todos os dias remidos. Súmula vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manuten-
• Depois da Lei n. 12.433/2011: a falta grave acarreta a perda de, no máximo, 1/3 dos dias ção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os
remidos. parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320.
Observação: “A SV 56 destina-se com exclusividade aos casos de cumprimento de pena,
ou seja, aplica-se tão somente ao preso definitivo.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal
Douglas Vargas

Não se pode estender a citada súmula vinculante ao preso provisório (prisão preventiva),
eis que se trata de situação distinta.
Por deter caráter cautelar, a prisão preventiva não se submete à distinção de diferen-
tes regimes.
Assim, sequer é possível falar em regime mais ou menos gravoso ou estabelecer um siste-
ma de progressão ou regressão da prisão.”
STJ. 5ª Turma. RHC 99006-PA, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/02/2019 (Info 642).
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A SV56 é inaplicável ao preso provisório (prisão
preventiva) porque esse enunciado trata da situação do preso que cumpre pena. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurispru-
dencia/detalhes/a822554e5403b1d370db84cfbc530503>. Acesso em: 15/01/2022

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais
Douglas Vargas Douglas Vargas

LEI N. 9.099/1995 - JUIZADOS ESPECIAIS Agora que já conhecemos o que são os Juizados Especiais segundo a lei 9.099/95, preci-
samos responder a seguinte pergunta:
1. Aspectos Iniciais Quais é a competência dos Juizados Especiais?
Vamos aprender juntos!
Inicialmente, vejamos o que diz a lei sobre os chamados Juizados Especiais:
2. Competência dos Juizados
A competência dos juizados especiais está dividida em duas categorias: Juizados Espe-
ciais Cíveis (Capítulo I, Seção I) e Juizados Especiais Criminais (Capítulo III, Seção I).

Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, 2.1. Juizados Especiais Cíveis


órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos
Estados, para conciliação, processo, julgamento e A competência dos Juizados Especiais Cíveis está arrolada no art. 3º da Lei 9.099/95. Tal artigo não
execução, nas causas de sua competência. se aplica ao âmbito processual penal, mas não faz mal que você tenha ao menos uma ideia de
sua previsão:

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação,


processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade,
assim consideradas:
Conforme prevê o art. 1º da Lei 9.095, os Juizados Especiais Criminais são órgãos da
justiça ordinária, criados pela União, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas
causas de sua competência. I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário
Peço especial atenção aos termos em negrito, que costumam ser objeto de elaboração de mínimo;

pegadinhas por parte do examinador. Note que os Juizados Especiais possuem prerrogativas
que vão desde o processo até a execução, e que tais órgãos são criados pela União.
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo
É importante ressaltamos que os juizados especiais possuem expressa previsão constitu- Civil;
cional, nos termos do art. 98 da CF/88:

CF/88: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conci- III - a ação de despejo para uso próprio;
liação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóte-
ses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente
ao fixado no inciso I deste artigo.
Portanto, de acordo com a Constituição Federal, os juizados especiais criminais possuem
competência para julgar as infrações de menor potencial ofensivo, mediante os procedimen-
tos oral e sumaríssimo com a possibilidade de aplicação do instituto da transação penal e do
Note que a competência do Juizado Especial Cível se estende à conciliação, e não apenas
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. É importante que você tenha
ao processo e julgamento das causas.
atenção a esses detalhes muito cobrados em prova, os quais serão aprofundados no decorrer
de nossa aula.

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2.2. Juizados Especiais Criminais - JECRIM Ademais, nos casos de crime continuado ou concurso formal, deve-se analisar a pena máxima
com o aumento máximo previsto na legislação, na busca da obtenção da classificação da
A competência dos Juizados Especiais Criminais está arrolada no art. 60 da Lei 9.099/95, infração como IMPO.
o qual merece ser lido diversas vezes, pois despenca em provas de concursos:
Outro ponto FUNDAMENTAL está na previsão do parágrafo único do art. 60:

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal
togados ou togados e leigos, tem competência para a
e da composição dos danos civis.
conciliação, o julgamento e a execução das infrações
penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras
de conexão e continência. Em outras palavras: ainda que um processo seja deslocado para o juízo comum, em razão
de regras de conexão e continência, o acusado não perde a possibilidade de concessão de ins-
titutos como a transação penal e da composição dos danos civis, os quais ainda poderão ser
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o celebrados no referido juízo.
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da
aplicação das regras de conexão e continência,
Por exemplo: indivíduo pratica uma infração de menor potencial ofensivo (maus-tratos) e uma infra-
observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis. ção grave (como um homicídio), de forma relacionada.
O processo será direcionado ao juízo competente (não mais tramitará nos Juizados Especiais), mas
tal acusado não perderá o direito, em um primeiro momento, à celebração das medidas despenali-
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor zadoras quanto à infração de menor potencial ofensivo (maus-tratos).
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não 2.3. Competência Territorial do JECRIM
com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Os Juizados Especiais Criminais possuem seu próprio regramento para definição de qual
juizado será competente para atuar em um determinado caso. Vejamos, primeiramente, a
regra geral:
Portanto, são competência dos Juizados Especiais Criminais as chamadas infrações pe-
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
nais de menor potencial ofensivo (IMPO’s).
penal.
Entende-se por infrações de menor potencial ofensivo, para efeitos de aplicação da Lei
9.099/95 e por força de seu art. 61, as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima
A regra geral, como de praxe, é quase autoexplicativa: A competência é a do lugar em que
não seja superior a 2 anos, não importa se a sanção penal é ou não cumulada com multa.
foi praticada a infração penal.
Perceba que o Código de Processo Penal, de forma diversa, aplica a teoria do resultado em
Delitos cuja pena
Contravenção relação à competência territorial:
IMPO: máxima não
Penal
exceda 2 anos.
CPP- Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

O conceito de IMPO (Infração de Menor Potencial Ofensivo) é um dos temas favoritos do exa-
minador. Portanto, fique atento! Qualquer contravenção penal ou delito cuja pena não ultrapas- O instituto do Juiz das garantias não se aplica sobre Infrações de Menor Potencial Ofensivo,
se 2 anos são considerados como IMPO para fins de aplicação da lei 9.099/95. Além disso, por expressa previsão legal (Art. 3º-C, CPP).
note que estão incluídos os delitos cuja pena máxima é de exatamente 2 anos!

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O procedimento do Jecrim segue as normas da Lei 9.099/95 e não foi, nesse sentido, impacta- Sob esse ponto de vista, fica claro o interesse do legislador em privilegiar a eficiência, ao
do pela inclusão do Juiz das garantias no novo texto do CPP. dizer que nenhuma nulidade será pronunciada sem que tenha havido prejuízo.
Note ainda que o legislador busca privilegiar a celeridade ao autorizar, no parágrafo 2º, que
3. Características Importantes os atos processuais em outras comarcas possam ser solicitados por qualquer meio hábil de
comunicação, sem que isso suscite nenhum tipo de nulidade ao procedimento.
3.1. Objetivos dos Juizados Especiais
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos reali-
São objetivos dos juizados especiais, de acordo com o art. 62 da Lei 9.099/95, sempre zados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equiva-
que possível: lente.
• A reparação dos danos sofridos pela vítima e;
• A aplicação de pena não privativa de liberdade. Um ponto que o examinador adora cobrar em provas de concursos é a questão da for-
malidade e dos registros em escrito dos atos processuais. Na Lei 9.099/95 existe uma clara
3.2. Publicidade exceção à questão da escrita, visto que os atos praticados no JECRIM em regra devem seguir
o princípio da oralidade! Apenas excepcionalmente é que se devem fazer registros escritos do
De acordo com o art. 64 da Lei 9.099/95, os atos processuais serão públicos e poderão que ocorre em processos que seguem o rito da Lei 9.099/95.
ser realizados em qualquer dia da semana e em horário noturno, de acordo com as normas de Ao contrário do que é habitual em termos de processo penal, a regra na Lei 9.099/95 é a
organização judiciária. oralidade. Veja como o rito aqui se contrapõe bastante, por exemplo, ao que acontece no In-
É de especial importância notar a possibilidade de que os atos processuais sejam realiza- quérito Policial (no qual todos os procedimentos devem ser reduzidos a termo).
dos em horário noturno. A busca pela eficiência fez com que o legislador decidisse pelo registro escrito apenas do
que é essencial, fazendo um verdadeiro contraponto aos costumes jurídicos mais antigos.
3.3. Validade dos Atos Processuais
Como veremos ao estudar os princípios ou critérios orientadores que regem os Juizados
3.4. Critérios Orientadores JECRIM (art. 62)
Especiais, uma das principais preocupação do legislador ao editar a Lei 9.099/95 foi a de ga-
rantir uma maior celeridade à prestação jurisdicional por parte do Estado, que usualmente tem Oralidade: Deve-se dar preferência à palavra
falada sobre a escrita, sem a exclusão desta
demorado mais do que o razoável. última. Diversos atos são realizados oralmente,
Nesse diapasão, ao analisar os ritos processuais ordinários já estabelecidos no judiciário, tais como a peça acusatória, a defesa preliminar,
entre outros.
o legislador percebeu que questões de forma (como a validade de atos processuais) afetam di-
retamente a celeridade do processo. Gasta-se muito tempo analisando nulidades e problemas
formais que muitas vezes não alterariam o resultado do processo.
Simplicidade: Deve-se reduzir o quanto possível
De modo a reduzir o impacto de tais nulidades relativas, é que surge o art. 65 da Lei 9.099/95, a documentação juntada aos autos do
processo, sem prejuízo da boa prestação
buscando privilegiar a celeridade em casos que as nulidades não causem prejuízo. jurisdicional. É em razão da simplicidade que o
Vejamos o que diz a literalidade da norma em estudo: TC substitui o IP, e que existem previsões tais
como a desnecessidade do exame de corpo de
delito quando a materialidade for comprovada
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais por boletim médico (Art. 77, §1º da lei
9.099/95);
foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
hábil de comunicação.

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Informalidade: Não existem formas essenciais Citação


ou rigor absolutamente formal ao processo (é o
que a doutrina também chama de No processo penal, é o ato de dar
instrumentalidade das formas). É por força da
informalidade que a Lei reconhece que não há conhecimento ao acusado da ação
nulidade sem prejuízo (art. 65, §1º); que é intentada contra ele, de modo
que ele integre o processo e possa
defender-se.

Economia processual: Resolução do processo


com o mínimo de atos e no menor tempo
possível, da forma menos onerosa para as
partes e para o Estado; Intimação
No processo penal, é o ato de dar
conhecimento à parte, da prática de
um ato, despacho ou sentença.

Celeridade processual: Obtenção da prestação


jurisdicional no menor tempo possível.
Agora relembramos a diferença entre intimar e citar, podemos avançar e verificar o que diz
a lei 9.099:

4. Citações e Intimações Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por manda-
do.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
O próximo tópico importante da aula de hoje trata dos procedimentos, no âmbito dos Jui-
ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
zados Especiais Criminais, para citar e intimar o acusado.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-
Mas inicialmente, vamos relembrar qual é a diferença entre CITAR e INTIMAR:
-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes,
os interessados e defensores.
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a ne-
cessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua
falta, ser-lhe-á designado defensor público.

Muita atenção ao parágrafo único do art. 66 da Lei 9.099/95, o qual costuma ser bastante
cobrado em provas de concursos:
• Se o acusado não for encontrado para ser citado, deve o Juiz encaminhar as peças exis-
tentes para o Juízo comum para que este adote o procedimento previsto em lei.

Esquematizando, temos o seguinte:

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A resposta à tais indagações está também na Lei 9.099/95, do artigo 69 em diante. Vejamos:
Citação
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
• Pessoal, realizada no próprio juizado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
• Também pode ser realizada por mandado. requisições dos exames periciais necessários.

Citação - Acusado não encontrado Esse artigo, embora simples, é fundamental para o seu estudo, pois apresenta uma diferen-
ça enorme entre o procedimento penal regular e o dos juizados especiais: o chamado Termo
• Juiz remete as peças existentes ao juízo comum
• Juizo comum adota o procedimento legal Circunstanciado.
Infração de Menor Potencial Ofensivo não resulta na instauração de um Inquérito Policial
Intimação
comum. O procedimento a ser tomado pela autoridade policial (delegado de polícia) é o de
lavrar um TC (termo circunstanciado).
• Por correspondência, com AR
Dessa forma, ao ser comunicado da ocorrência de uma IMPO, a autoridade policial irá pro-
• Se necessário, por Oficial de Justiça. Pode utilizar QUALQUER meio de
comunicação. videnciar a lavratura do TC e o encaminhará ao Juizado Especial competente, requisitando os
exames periciais necessários e encaminhado o autor do fato e a vítima.
Atos praticados em audiência
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
• Causam ciência das partes, interessados e defensores, desde logo. ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de caute-
Intimação do autor e citação do acusado la, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.

• Deve constar que este deve comparecer acompanhado de advogado.


Outro diferencial existente no procedimento da Lei 9.099/95 está na questão da fiança e da
• Caso não o faça, será designado defensor público.
prisão em flagrante. Note que, se o autor do fato for imediatamente encaminhado ao juizado
ou se comprometer a comparecer a este quando intimado, não poderá ser preso em flagrante
Importante: A citação por edital não é admissível na Lei 9.099/95. O mesmo ocorre com e o delegado não poderá arbitrar fiança.
a carta rogatória. Na prática, o que mais ocorre é a assinatura de termo de compromisso de comparecimento
Ademais, é importante ressaltar que a literalidade do art. 66 costuma ser objeto de pro- nos Juizados Especiais, tendo em vista que é muito comum que a lavratura de TC’s pela au-
va, ao passo que há uma peculiaridade jurisprudencial MUITO IMPORTANTE que costuma toridade policial ocorra em horário contrário ao do funcionamento do Juizado, principalmente
ser cobrada: durante o período de repouso noturno.

5.1. Observações Importantes Sobre o TC


Embora sem previsão expressa na Lei, a jurisprudência tem admitido a citação por hora certa,
com base no art. 362 do CPP, no âmbito dos Juizados (STF & Enunciado FONAJE 110). Devemos, antes de passar à análise de cada um dos institutos despenalizadores da Lei
9.099/95, fazer algumas observações importantes sobre o TC e suas características.
5. Fase Preliminar Em primeiro lugar, observe que o que temos, na prática, é a substituição, no âmbito da Lei
9.099/95, do inquérito policial por um verdadeiro “relatório sumário”, o qual não se confunde
Diante do que estudamos, você já sabe quais são os delitos de competência do JECRIM, com um mero “boletim de ocorrência” pois se destina a fornecer os elementos de informação
bem como conhece a regra de definição de competência dos Juizados Especiais Criminais. para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Nos resta agora responder a seguinte pergunta: O que acontece antes disso? Qual o proce-
dimento a ser tomado na fase anterior, quando a polícia ainda está atuando no caso concreto?
E como se dá a chamada audiência preliminar?
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Para parcela da doutrina não é cabível o indiciamento em sede de TC, haja vista que tal ato
possui o condão de afetar os assentamentos pessoais do indivíduo.

Composição dos danos civis, a qual resulta na renúncia ao direito


Outro ponto importante: a lavratura do TC não impede posterior instauração de inquérito de queixa ou de representação, bem como na extinção da
policial, se posteriormente se identificar que o caso concreto é de maior complexidade e de- punibilidade do agente;
manda a realização de diligências complementares.

5.2. Autoridades & Lavratura do TC


Transação penal, a qual permite o cumprimento imediato
da pena restritiva de direitos, ou de pena de multa, a qual
Prevalece o entendimento jurisprudencial de que apenas a autoridade de polícia investiga- evita a instauração do processo;
tiva (polícia judiciária) possui legitimidade para lavrar o TC.
Há, na doutrina, alguns estudiosos que entendem que aspectos como a complexidade da
peça e os ditames da celeridade e da informalidade permitem sua lavratura por outros órgãos
Suspensão condicional do processo, a qual submete o
de segurança pública, como a Polícia Militar e a PRF. acusado a um período de prova, com determinadas
Entretanto, é de se observar que há entendimento do STF, em duas ocasiões distintas, uma condições, ao fim das quais, decreta-se a extinção da
punibilidade;
em sede de ADI (2007) e outra em sede de Recurso Extraordinário (2019), no sentido de que é
inconstitucional a lavratura de Termo Circunstanciado por integrantes de polícias ostensivas.
Representação nos crimes de lesões corporais culposas e leves:
5.3. Flagrante & TC A modificação quanto à necessidade de representação nesses
casos (em regra) possibilita a ocorrência de decadência e
posterior extinção de punibilidade do agente.
Outro ponto importantíssimo a ser observado está na questão da situação de flagrância
daquele que pratica infração de menor potencial ofensivo.
Segundo o art. 69, § único da Lei 9.099/95, o autor do fato que for imediatamente enca-
minhado ao juizado ou que assumir o compromisso de a ele comparecer não será preso em Esses quatro pontos são, sem dúvidas, os principais aspectos da Lei 9.099/95 no que
flagrante e não lhe será exigido a fiança. tange à elaboração de questões de concursos. De agora em diante, iremos fazer a análise da
Nesse sentido, o primeiro ponto que você precisa observar é que a vedação é de lavratura aplicação das referidas medidas e seu impacto no processo penal, de forma cronológica, ini-
do APF e do posterior recolhimento do agente delitivo ao cárcere. Nada impede que as forças ciando com a composição dos danos e finalizando com a última medida, qual seja a suspen-
de segurança capturem e apresentem o agente coercitivamente ao delegado de polícia. são condicional do processo.
Outro ponto: caso haja recusa do agente quanto ao comparecimento em juízo ou quanto
ao compromisso de comparecer em juízo, a autoridade policial deve proceder á lavratura do 7. Audiência Preliminar & Composição dos Danos
APF, regularmente.
O mesmo entendimento aplica-se ao caso em que o indivíduo não possui condições de Uma vez lavrado o TC, que será devidamente encaminhado ao Juizado, deve-se passar à
assumir o compromisso por encontrar-se totalmente embriagado (segundo a doutrina, nesse chamada audiência preliminar, procedimento peculiar do rito sumaríssimo no qual o Juiz irá
caso deve o delegado de polícia proceder à lavratura do APF). buscar a composição dos danos sofridos pela vítima, com o objetivo de evitar a aplicação de
uma pena privativa de liberdade.
6. Institutos Despenalizadores Como você já sabe, trata-se da implantação da chamada justiça restaurativa, que possui
um foco maior na reparação do dano do que em submeter o autor a uma sanção penal e à pri-
Inúmeras são as disposições contidas na Lei 9.099/95. Merecem destaque, no entanto, as vação de sua liberdade. Vejamos o que diz a lei sobre o assunto:
quatro medidas despenalizadoras utilizadas para impedir a instauração do processo ou para
evitar seu prosseguimento:

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Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua
intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e
a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá Homologação do
Ação Penal Privada acordo na audiência Renúncia ao direito
sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de queixa ou
+ de Conciliação
de pena não privativa de liberdade. representação!
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
=
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, pre-
ferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da
Justiça Criminal.

Tome nota de que a conciliação pode ser conduzida tanto pelo juiz quanto por conciliador
sob sua orientação. Em outras palavras, o ofendido não mais poderá ingressas em juízo solicitando que o autor
sofra uma sanção penal por aquele fato.
7.1. Conciliador Um tanto quanto abstrato, certo? Vamos trabalhar com um caso hipotético que irá permitir
uma melhor compreensão do que estudamos até o momento:
Conciliador é um auxiliar da Justiça, recrutado preferencialmente (muita atenção para esse Lebron, ao verificar que seu desafeto, Kobe, comprou um hotel, resolve dar um pouco de dor
termo, que o examinador gosta de trocar por obrigatoriamente) entre bacharéis de direito, ex- de cabeça para este último, alojando-se no estabelecimento e utilizando dos serviços sem dispor de
cluídos os que exerçam funções na administração da justiça criminal. O procedimento, por- recursos para pagar.
tanto, pode seguir dois fluxos. No primeiro deles, ocorre a conciliação e a composição dos Na situação acima, a conduta de Lebron irá resultar no delito previsto no art. 176 do CP:
danos. Nesse caso, aplica-se o regramento do art. 74:
Art. 176: Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
7.2. Fim da Conciliação dispor de recursos para efetuar o pagamento.

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante Certo. Imagine agora que a situação resulte na comunicação dos fatos à polícia, e na con-
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. sequente apresentação à delegacia da área, para que a o delegado de polícia tome as providên-
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicio- cias cabíveis. Ocorrerá o seguinte:
nada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou represen-
tação.
Lebron assina o
Delegado lavra TC termo de
Houve, portanto, sucesso na conciliação entre o autor e o ofendido, de modo que a compo- em desfavor de compromisso de
sição dos danos é reduzida a escrito, sendo homologada com força de sentença irrecorrível e Lebron. comparecimento
gerando um título executivo judicial que pode ser executado no juízo cível competente. em juízo.
Nessa situação, se a ação for penal de iniciativa privada ou pública condicionada a repre-
sentação, a homologação do acordo acarreta RENÚNCIA do direito de queixa ou representação.
A autoridade
Lebron é liberado
policial encaminha
sem a imposição de
o TC ao Juizado
fiança ou prisão em
Especial
flagrante.
competente.

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O fluxo acima demonstra o que aconteceria, na prática, na fase preliminar do procedimento O que falta mencionar é o seguinte: a composição dos danos civis se torna possível posto
previsto na lei 9.099/95. Em seguida, temos o seguinte: que o que se discute são interesses patrimoniais, cujo direito é de natureza DISPONÍVEL.
Só é possível a realização de composição dos danos civis, portanto, em razão da disponibi-
lidade do referido direito, a qual inclusive acarreta a desnecessidade de intervenção do MP no
Juizado Especial Juiz esclarece sobre a
convoca os envolvidos possibilidade de ato (salvo caso de interesse de incapazes, por força do Código de Processo Civil).
para audiência composição dos Ademais, é preciso mencionar que a composição dos danos civis pode ocorrer:
preliminar. danos (conciliação).
Em crimes de ação penal privada;
Em crimes de ação penal pública condicionada a representação;
Em crimes de ação penal pública incondicionada.
Assim sendo, é necessário verificar que as consequências da composição dos danos civis
Juiz homologa
Caso as partes podem variar, a depender da natureza da ação penal do crime praticado! Veja só1:
sentença e gera título
concordem, ocorre a
judicial que pode ser
composição dos
executado na esfera
danos civis. Ação penal privada
cível.
•Homologação do acordo acarreta a renúncia ao direito de queixa.
•Ocorre a extinção da punibilidade.

Como o delito é de
ação pública Ação penal pública condicionada à representação
condicionada a
•Homologação do acordo acarreta a renúncia ao direito de representação
representação, ocorre
•Não há previsão legal expressa para a extinção da punibilidade, mas a
a renúncia ao direito doutrina entende que a norma deve ser objeto de interpretação extensiva.
de representação!
•Logo, ambas as renúncias devem ter a mesma consequência jurídica, qual
seja a extinção da punibilidade do agente.

Assim, durante a conciliação, pode ser arbitrado um valor de composição dos danos ma-
Ação penal pública incondicionada
teriais causados à Kobe (digamos, por exemplo, uma quantia de R$ 850,00). Caso ele, como
ofendido, aceite tal proposta, e o autor (Lebron) também concorde, o juiz irá emitir uma senten- •Composição civil NÃO ACARRETA a extinção da punibilidade!
ça que tem força de título executivo judicial (e pode ser utilizado para obrigar Lebron a pagar •Ainda é possível que ocorra transação penal.
•Ainda é possível o oferecimento da denúncia, se for o caso.
o valor acordado).
Feito isso, com a homologação da sentença, ocorre a renúncia do direito de queixa. Kobe
não mais poderá ingressar em juízo solicitando que Lebron seja punido pelo delito praticado Certo. Mas e se as partes não entrarem em acordo? Precisamos entender qual é o procedi-
naquela data. mento caso não ocorra a conciliação neste primeiro momento.
Opera-se, portanto, a extinção da punibilidade do agente delitivo.
Art. 75 da Lei 9.099/95
7.3. Composição dos Danos Civis: Aspectos Intermediários
É aqui que o assunto começa a ficar mais interessante.
Ótimo. Nesse primeiro momento, compreendemos o que é a composição dos danos civis, Caso não ocorra a conciliação, estaremos diante de duas possibilidades
e algumas de suas consequências. Nos cabe agora avaliar de forma mais detalhada o referido
instituto.
Em primeiro lugar, você já deve ter percebido que a composição dos danos tem como prin-
cipal objetivo a reparação dos danos sofridos pela vítima, se isso for possível.
1
Ensinamentos do mestre Renato Brasileiro, Manual de Processo Penal, p. 1495.

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Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais
Douglas Vargas Douglas Vargas

incorrer na sanção penal propriamente dita, o MP faz uma proposta mais branda, benéfica ao
acusado, sugerindo a aplicação de penas restritivas de direito ou de multa, no lugar da sanção
penal prevista no Código Penal.
E assim temos a seguinte possibilidade:

MP propõe uma pena


Não houve
restritiva de direitos Acusado e defensor
conciliação.
ou uma multa no aceitam a proposta
Representação foi
lugar da sanção do MP.
oferecida.
penal.

Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportu-
nidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica deca-
dência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. Juiz acolhe a A proposta é
proposta e impõe a submetida à
pena acordada na apreciação do
Resumindo: não houve uma composição dos danos e o ofendido decidiu oferecer a repre- transação penal. Magistrado.
sentação regularmente, para que se dê prosseguimento na persecução penal.
Nesse caso, no entanto, ainda não vamos passar para o procedimento regular de persecu-
Note que na transação penal não há um acordo entre o acusado e o ofendido. A transa-
ção penal. Na verdade, passamos para um outro instituto da Lei 9.099/95, o qual simplesmente
ção penal é uma proposta do MP, que deve ser aceita pelo acusado e submetida à aprecia-
despenca em provas: A transação penal.
ção do Juiz.

8. Transação Penal 8.1. Inadmissibilidade da Transação


Não é porque não houve sucesso na conciliação ocorrida na audiência preliminar que o
Outro ponto bastante cobrado sobre a transação penal está no rol em que não será admita
processo penal seguirá seu trâmite regular. Lembre-se que ainda estamos diante de uma IMPO
a medida despenalizadora. Os casos estão listados expressamente na Lei 9.099/95 e mere-
(Infração de Menor Potencial Ofensivo), e o legislador tem por objetivo implementar a justiça
cem ser lidos:
restaurativa, mesmo que as partes não estejam de acordo.
Vejamos o que diz a Lei 9.099/95: Art, 76, § 2º: Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sentença definitiva;
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena res- II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Em primeiro lugar, é importante notar que o legislador nada disse sobre a ação penal privada.
A lei fala em TRANSAÇÃO PENAL para a ação penal pública condicionada a representação 8.2. Consequências da Transação
e para a ação penal pública incondicionada.
Isso ocorre basicamente pois o titular da ação penal privada é o ofendido, e não o Minis- Muita atenção agora pois as observações a seguir despencam em provas de concursos:
tério Público, de modo que o MP não poderia propor uma transação penal em uma ação penal • Transação penal não importa em reincidência.
da qual não é o titular. − No entanto, a transação penal deve ser registrada, para impedir que o acusado possa
Mas em se tratando de uma ação penal pública, o MP pode utilizar de sua titularidade para fruir dela novamente por um prazo de 5 anos.
fazer a proposta. Basicamente o que ocorre é o seguinte: De modo a resolver a situação sem • Lembre-se: A transação penal só pode ser concedida novamente decorridos cinco anos.

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• Transação penal não consta em certidões de antecedentes criminais. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
• Transação penal não tem efeitos civis (como a conciliação, por exemplo). Se o ofendido ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
desejar, deverá ingressar no juízo cível.
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão con-
dicional da pena.
É importante perceber que no processo penal comum, vigora o chamado princípio da obri-
gatoriedade da ação penal pública. No âmbito das IMPO’s, no entanto, a doutrina entende que
Em primeiro lugar, observe que a possibilidade não se aplica à todas as IMPO´s (infrações
o referido princípio é mitigado, tornando-se o chamado princípio da obrigatoriedade mitigada
cuja pena MÁXIMA cominada em abstrato não exceda 2 anos).
ou da discricionariedade regrada, o qual permite ao órgão acusador não promover a ação penal
A suspensão condicional do processo é aplicável apenas a delitos cuja pena MINIMA não
em todos os casos.
exceda a 1 ano.
8.3. Transação Penal & Ação Penal Privada Vejamos de uma forma comparativa, para que você não erre de jeito nenhum:

Um último ponto importante está na possibilidade de transação penal no âmbito da ação SUSPENSÃO CONDICIONAL
IMPO
penal privada, diante do silêncio da Lei 9.099/95. DO PROCESSO
A orientação que prevalece na doutrina e na jurisprudência direciona-se no sentido de que
é possível a transação penal nos crimes de ação penal privada, pois não seria razoável a inad-
missibilidade do instituto apenas na referida modalidade de ação penal. Pena MÁXIMA Pena MÍNIMA
O que se debate, no entanto, é a legitimidade para a propositura da transação no âmbito
das ações penais privadas, haja vista que o titular da referida ação penal é o próprio ofendido.
Existem, nesse sentido, dois entendimentos:
Até 2 anos Até 1 ano
• A proposta deve partir do MP, desde que a vítima não discorde. Nesse sentido, STJ (RHC
8123/AP) e enunciado FONAJE n. 112;
• A proposta deve partir da própria vítima (querelante). Nesse sentido, parcela da doutrina. Note que é possível que um determinado delito seja de competência dos Juizados Espe-
ciais, mas que não seja passível de suspensão condicional do processo, caso sua pena mínima
Dificilmente a legitimidade da propositura de transação penal na ação penal privada será seja superior a um ano.
objeto de prova, haja vista não se tratar de tema pacífico. Mas é sempre bom compreender a Seguindo em frente, é importante observar que na transação penal não existe um ofereci-
fundo os institutos em estudo. mento da denúncia, e sim uma proposta imediata da substituição da sanção penal por uma
E é isso! Agora já conhecemos o tramite previsto na lei 9.099/95 quanto aos Juizados pena restritiva de direitos ou de multa.
Especiais Criminais. Além disso, já sabemos da possibilidade de uma conciliação entre o ofen- Já no caso da suspensão condicional do processo, é um pouco diferente: o MP, ao oferecer
dido e o ofensor na audiência preliminar, e do instituto da transação penal, aplicável às ações a denúncia, propõe a suspensão condicional do processo.
públicas, por iniciativa do MP, e às ações penais privadas, âmbito no qual existe divergência de Esse procedimento inclusive implica em uma consequência interessante: A suspensão do
entendimentos quanto à legitimidade de propositura. processo, caso aceita pelo acusado e seu defensor e deferida pelo Juiz, será realizada no ato
Para finalizar, ainda existe um outro instituto despenalizador na Lei 9.099/95 importantís- de recebimento da denúncia pelo magistrado!
simo para a sua prova: A suspensão condicional do processo, o qual é justamente o nosso Vejamos o que diz a lei 9.099/95:
próximo tópico.
Art. 89, § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a
9. Suspensão Condicional do Processo denúncia, poderá suspender o processo....

O referido instituto está previsto no art. 89 da Lei 9099/95, o qual transcrevemos abaixo:

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Uma vez realizada a proposta pelo MP, e sendo aceita tal proposta pelo acusado e seu de- Como o procedimento da Lei 9.099/95 é um pouco confuso, vejamos um fluxograma com-
fensor, o juiz poderá então receber a denúncia e suspender o processo, porém submetendo o pleto, desde a fase preliminar até a eventual concessão de suspensão condicional do processo
acusado a um período de prova, fundado nas seguintes condições: ao acusado:

I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;


Indivíduo pratica uma infração
II – proibição de frequentar determinados lugares; penal. É lavrado um TC em seu
desfavor.
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
Ocorre a audiência preliminar e é
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas proposta uma conciliação.
atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

Conciliação é aceita pelo ofendido


É por força dos incisos acima, afinal de contas, que o instituto em tela é chamado de sus- Não há conciliação.
e pelo acusado.
pensão CONDICIONAL do processo. Tal nomenclatura denota como o instituto possui uma
natureza relativamente precária, pois o acusado continua submetido a algumas condições.
Caso ele descumpra o que foi acordado, a suspensão condicional do processo pode
ser revogada. É gerado um título executivo
judicial.
Veja só o que diz a lei: MP propõe a Transação Penal.
Ocorre a extinção da punibilidade
pela renúncia ao direito de queixa
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro ou de representação.

crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.


§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
Réu aceita e o Magistrado Não ocorre a transação penal. MP
autoriza. É imposta a pena de oferece a denúncia. Se a pena
multa ou restritiva de direitos. mínima for igual ou inferior a 1
Nos dois casos acima (parágrafos 3º e 4º) temos as hipóteses em que a suspensão é Suspensão do benefício por 5 ano, é possível a suspensão
anos. condicional do processo.
passível de revogação. É muito importante ler e reler as normas acima, que são recorren-
tes em prova.
Note, ainda, que no caso do parágrafo 3º o legislador é taxativo: A suspensão SERÁ revo-
gada. Já no caso do parágrafo 4º, existe a POSSIBILIDADE de revogação. Aceita a suspensão, acusado fica
sujeito às condições por 2 a 4
anos. Após o período, ocorre a
9.1. Período e Expiração do Prazo extinção da punibilidade.

Conforme narra o artigo 89, a suspensão condicional do processo poderá durar de 2 a 4


anos. Assim, o acusado ficará submetido às condições de suspensão do processo por um pe-
ríodo nunca inferior a dois anos, e nunca superior a quatro anos. Não aceita ou não cabível a
suspensão, processo segue
Uma vez findado o período de suspensão sem que o acusado descumpra as condições normalmente e o acusado é
sentenciado.
a ele impostas (sem incorrer nos parágrafos 3º e 4º supramencionados), o juiz irá declarar a
extinção da punibilidade.
Esquematizando

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10. Observações Finais


Uma vez que já abordamos a parte mais complexa do diploma legal em estudo, vamos Embargos de declaração (art. 83 da Lei
voltar um pouquinho e ler o texto legal que trata sobre os princípios que regem os Juizados 9.099/95).
Especiais. •Cabível quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão.
Não há necessidade de elaborar muito sobre esse assunto. Já falamos sobre os aspectos •Serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco
doutrinários e sobre cada princípio de forma específica. Só precisamos fazer uma leitura do dias, contados da ciência da decisão.
texto legal para arrematar o assunto com segurança (muitas questões se limitam aos arti- •Atenção: Os embargos de declaração interrompem o prazo
para a interposição de recurso.
gos abaixo).
Vamos lá: Outras possibilidades:
•Recurso especial e Extraordinário:
Juizados Especiais Cíveis
•Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. •Atenção: É cabível, em tese, recurso extraordinário contra
Juizados Especiais Criminais acórdão da turma recursal.
•Do Habeas Corpus:
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informali-
•A competência para julgar HC impetrado contra ato da Turma
dade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos Recursal é do Tribunal de Justiça (se for turma recursal
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. estadual) ou do Tribunal Regional Federal (se a turma recursal
for do JEF).
Merecem especial atenção os critérios de oralidade e informalidade, os quais são alvo re-
corrente do examinador, que tenta te induzir a marcar que o procedimento da Lei 9099/95 deve 10.2. Prestação Pecuniária e de Serviços Comunitários
ser regido pela escrita e formalidade. Cuidado com isso!
Apenas o essencial se faz de maneira formal e escrita na lei 9.099/95. Não se esqueça disso. Finalmente, temos ainda que apresentar uma divergência importante sobre a Lei 9.099/95.
No que se refere ao art. 89, parágrafo 2º, o legislador permitiu que o juiz especificasse outras
10.1. Possibilidade de Recursos no Âmbito dos Juizados Especiais condições para a suspensão condicional do processo.
Eis que surge o questionamento sobre a validade de que tais outras condições impostas
Os recursos serão julgados, em regra, por turma recursal composta de três Juízes em exer- possam ser a de prestação pecuniária ou de serviços comunitários.
cício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (art. 82 da Lei 9.099/95). Esse conflito já foi motivo de divergência, no entanto, atualmente considera-se que a po-
Vejamos caso a caso: sição majoritária da doutrina, bem como o entendimento do STF e do STJ estão no sentido
de que é possível sim que seja imposta a pena de prestação de serviços comunitários ou de
O recurso de Apelação (art. 82 da Lei 9.099/95) é cabível prestação pecuniária como condições do art. 89, 2º, caso tal condição se mostre adequada
contra: ao caso concreto e observe a adequação e a proporcionalidade da medida.
Decisão de rejeição da denúncia ou queixa
Decisão da sentença
Sentença que homologa acordo de transação penal (art. 76, §
10.3. Maria da Penha & 9.099/95
5º ).
*Prazo: de 10 dias (por escrito) contados da ciência da Um último ponto que você precisa conhecer: em sede de ADC – 19/2012 – o STF reconhe-
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor.
ceu a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha:
*As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento
pela imprensa.
JURISPRUDÊNCIA

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Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente- 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido
mente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9099/95. no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito
quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

O STJ também já tem sumulado entendimento no mesmo sentido: 11. Jurisprudência Relevante
JURISPRUDÊNCIA Caro aluno: Não vou me estender em outros pontos procedimentais da Lei 9.099/95, que
Súmula 536/ STJ são extensos, peculiares e maçantes. E essa decisão tem um motivo estratégico: Os temas
“A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de abordados na aula de hoje já atendem a grande parte das questões elaboradas pelas bancas
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.” examinadoras.
Simplesmente não vale a pena tentar dominar a Lei 9.099/95 de uma forma extensiva quan-
do na sua prova o examinador irá cobrar no máximo uma ou duas questões, as quais quase
E é isso! Assim finalizamos nossa aula sobre a Lei 9.099/95. sempre se restringem aos temas que acabamos de estudar.
Minha última recomendação, como sempre faço, é de que você leia a letra da lei, na medida Um dos meus objetivos ao elaborar as aulas para vocês é justamente o de filtrar o conteú-
do possível, focando nos assuntos abordados na aula de hoje. Quando se trata de Direito Pro- do mais importante, tendo em vista o quanto os editais recentes têm se tornado massivos em
cessual Penal e leis procedimentais, a leitura do texto de lei tem sua importância multiplicada! conteúdo – tendência essa que parece apenas crescer a cada novo concurso.
Obviamente, é impossível memorizar uma lei por inteiro (e dificilmente é algo assim seria No entanto, apesar da necessidade de isolar os assuntos mais cobrados, não podemos
útil), mas conhecer a literalidade dos artigos mais importantes, tomando por base o que foi deixar de abordar algumas decisões e súmulas relacionadas com o diploma legal em estudo,
apresentado na aula, é fundamental para fazer uma boa prova. que são tão importantes quanto o estudo da lei seca. E é justamente este o assunto de nosso
último tópico da aula de hoje!
10.4. Lesões Corporais & Lei 9.099/95
JURISPRUDÊNCIA
A Lei 9.099/95 faz ainda uma observação específica sobre a necessidade de representa-
Súmula Vinculante 35 / STF
ção nas ações penais relativas aos delitos de lesões corporais e lesões corporais culposas:
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibi-
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. litando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante ofereci-
mento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Este artigo também não tem muito segredo. Você precisa apenas conhecê-lo, pois já foi
objeto de prova diversas vezes.
Em primeiro lugar, temos a súmula vinculante n. 35, na qual a STF decidiu que a transação
10.5. Comprovação de Materialidade penal possui uma natureza semelhante à suspensão condicional do processo. Se o acusado
descumprir suas cláusulas, é possível que o MP dê continuidade à persecução penal.
Uma última observação importante é sobre a comprovação de materialidade dos delitos,
que sofre uma pequena alteração no âmbito da Lei 9.099/95, em razão da busca do legislador JURISPRUDÊNCIA
pela celeridade do processo: Informativo 787 / STF
As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decor-
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do
rentes de sentença condenatória. Tal não ocorre, portanto, quando há transação penal,
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público
cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a res-
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescin-
ponsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são
díveis.

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essencialmente aquelas estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de RESUMO


acordo.
Juizados Especiais
• Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados
O STF trata aqui dos chamados efeitos genéricos e específicos da condenação, arrolados
pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, pro-
no art. 91 do Código Penal, e aplicáveis ao tramite regular da persecução penal. Para esclare-
cesso, julgamento e execução, nas causas de sua competência.
cer confusões a esse respeito, a Suprema Corte determinou que, no caso de transação penal,
não se aplicam as previsões do art. 91, e tão somente as consequências estipuladas na tran- Juizados Especiais Criminais - JECRIM
sação penal. • O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
JURISPRUDÊNCIA
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Súmula 428 / STJ
• São, portanto, de competência dos Juizados Especiais Criminais as infrações penais de
Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado
menor potencial ofensivo (IMPO’s).
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
• Entende-se por infrações de menor potencial ofensivo, para efeitos de aplicação da lei
9.099/95 e por força de seu art. 61, as contravenções penais e os crimes cuja pena má-
Em casos de conflitos de competência entre Juizado Especial Federal e Juizados Federais, xima não seja superior a 2 anos, não importa se a sanção penal é ou não cumulada com
o STJ entende ser de competência do TRF emanar a resolução do conflito. multa.
É importante notar que, em caso de Juizados Especiais Estaduais e Juizados Estaduais, a
competência para resolver o conflito é do TJ daquela região. Competência no JECRIM
• A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
penal.

Validade dos Atos Processuais


• § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
• § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qual-
quer meio hábil de comunicação.

Citações e Intimações
• Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou
por mandado.

Fase Preliminar da Lei 9.099/95


• Infração de Menor Potencial Ofensivo não resulta na instauração de um Inquérito Poli-
cial comum. O procedimento a ser tomado pela autoridade policial (delegado de polícia)
é o de lavrar um TC (termo circunstanciado)!
• Se o autor do fato for imediatamente encaminhado ao juizado ou se comprometer a
comparecer a este quando intimado, não poderá ser preso em flagrante e o delegado
não poderá arbitrar fiança.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais
Douglas Vargas Douglas Vargas

Audiência Preliminar Transação Penal


• O Juiz irá buscar a composição dos danos sofridos pela vítima, com o objetivo de evitar • Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incon-
a aplicação de uma pena privativa de liberdade. dicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a apli-
• A conciliação pode ser conduzida tanto pelo juiz quanto por conciliador sob sua orien- cação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
tação. • A letra do CPP fala em TRANSAÇÃO PENAL para a ação penal pública condicionada a
representação e para a ação penal pública incondicionada.
• A doutrina admite nos casos de ação penal privada.
Juizado Especial Juiz esclarece sobre a
convoca os possibilidade de
envolvidos para composição dos Consequências da Transação
audiência preliminar. danos (conciliação). • Transação penal não importa em reincidência.
• No entanto, a transação penal deve ser registrada, para impedir que o acusado possa
fruir dela novamente por um prazo de 5 anos.
• Lembre-se: A transação penal só pode ser concedida novamente decorridos cinco anos.
Juiz homologa
Caso as partes • Transação penal não consta em certidões de antecedentes criminais.
sentença e gera título
concordem, ocorre a
judicial que pode ser • Transação penal não tem efeitos civis (como a conciliação, por exemplo). Se o ofendido
composição dos
executado na esfera
danos civis. desejar, deverá ingressar no juízo cível!
cível.

Suspensão Condicional do Processo


• A suspensão condicional do processo é aplicável apenas a delitos cuja pena MINIMA
Como o delito é de
ação pública não exceda 1 ano.
condicionada a
representação, ocorre
a renúncia ao direito SUSPENSÃO CONDICIONAL
de representação! IMPO
DO PROCESSO
• Casos em que não ocorre a conciliação:
− Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofen-
dido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a Pena MÁXIMA Pena MÍNIMA
termo.

MP propõe uma
Não houve
conciliação.
pena restritiva de
direitos ou uma
Acusado e defensor
aceitam a proposta
Até 2 anos Até 1 ano
Representação foi
multa no lugar da do MP.
oferecida.
sanção penal.

Juiz acolhe a A proposta é


proposta e impõe a submetida à
pena acordada na apreciação do
transação penal. Magistrado.

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LEGISLAÇÃO
Lei n. 9.099/1995 - Juizados Especiais
Douglas Vargas

Fluxo geral

Indivíduo pratica uma infração


penal. É lavrado um TC em seu
desfavor.
Ocorre a audiência preliminar e é
proposta uma conciliação.

Conciliação é aceita pelo ofendido


Não há conciliação.
e pelo acusado.

É gerado um título executivo


judicial.
Ocorre a extinção da punibilidade MP propõe a Transação Penal.
pela renúncia ao direito de queixa
ou de representação.

Réu aceita e o Magistrado Não ocorre a transação penal. MP


autoriza. É imposta a pena de oferece a denúncia. Se a pena
multa ou restritiva de direitos. mínima for igual ou inferior a 1
Suspensão do benefício por 5 ano, é possível a suspensão
anos. condicional do processo.

Aceita a suspensão, acusado fica


sujeito às condições por 2 a 4
anos. Após o período, ocorre a
extinção da punibilidade.

Não aceita ou não cabível a


suspensão, processo segue
normalmente e o acusado é
sentenciado.

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Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
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JUIZADOS ESPECIAIS – LEI N. 9.099/1995 E I – as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
LEI N. 10.259/2001 III – a ação de despejo para uso próprio;
IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste
artigo.
1. Introdução
Note que a competência do Juizado Especial Cível se estende à conciliação, e não apenas
Inicialmente, vejamos o que diz a lei sobre os chamados Juizados Especiais: ao processo e julgamento das causas.
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento 2.2. Juizados Especiais Criminais – JECRIM
e execução, nas causas de sua competência.

A competência dos Juizados Especiais Criminais está arrolada no art. 60 da Lei n.


Conforme prevê o art. 1º da lei 9.095, os Juizados Especiais Criminais são órgãos da
9.099/1995, o qual merece ser lido diversas vezes, pois despenca em provas de concursos:
justiça ordinária, criados pela União, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas
causas de sua competência. Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
Peço especial atenção aos termos em negrito, que costumam ser objeto de elaboração de ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
pegadinhas por parte do examinador. Note que os Juizados Especiais possuem prerrogativas Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes
da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal
que vão desde o processo até a execução, e que tais órgãos são criados pena União. e da composição dos danos civis.
Agora que já conhecemos o que são os Juizados Especiais segundo a Lei n. 9.099/1995, Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
precisamos responder a seguinte pergunta: cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei n. 11.313, de 2006)
Quais é a competência dos Juizados Especiais?
Vamos aprender juntos! Portanto, são competência dos Juizados Especiais Criminais as chamadas infrações pe-
nais de menor potencial ofensivo (IMPOs).
2. Competência dos Juizados Entende-se por infrações de menor potencial ofensivo, para efeitos de aplicação da Lei n.
9.099/1995 e por força de seu art. 61, as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima
A competência dos juizados especiais está dividida em duas categorias: Juizados Espe- não seja superior a 2 anos, não importa se a sanção penal é ou não cumulada com multa.
ciais Cíveis (Capítulo I, Seção I) e Juizados Especiais Criminais (Capítulo III, Seção I).

2.1. Juizados Especiais Cíveis


A competência dos Juizados Especiais Cíveis está arrolada no art. 3º da Lei n. 9.099/1995.
Tal artigo não se aplica ao âmbito processual penal, mas não faz mal que você tenha ao me-
nos uma ideia de sua previsão: O conceito de IMPO (Infração de Menor Potencial Ofensivo) é um dos temas favoritos do exa-

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das minador. Qualquer contravenção penal ou delito cuja pena não ultrapasse 2 anos são consi-
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: derados como IMPO para fins de aplicação da Lei n. 9.099/1995.

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Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
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Além disso, note que estão incluídos os delitos cuja pena máxima é de exatamente 2 anos! 3. Características Importantes da Lei n. 9.099/1995
Ademais, nos casos de crime continuado ou concurso formal, deve-se analisar a pena máxi-
ma com o aumento máximo previsto na legislação, na busca da obtenção da classificação da 3.1. Publicidade
infração como IMPO.
De acordo com o art. 64 da Lei n. 9.099/1995, os atos processuais serão públicos e po-
derão ser realizados em qualquer dia da semana e em horário noturno, de acordo com as
Outro ponto FUNDAMENTAL está na previsão do parágrafo único do art. 60: normas de organização judiciária.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes É de especial importância notar a possibilidade de que os atos processuais sejam realiza-
da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal dos em horário noturno!
e da composição dos danos civis.

Em outras palavras: ainda que um processo seja deslocado para o juízo comum, em razão
3.2. Validade dos Atos Processuais
de regras de conexão e continência, o acusado não perde a possibilidade de concessão de
Como veremos ao estudar os princípios que regem os Juizados Especiais, uma das prin-
institutos como a transação penal e da composição dos danos civis, os quais ainda poderão cipais preocupação do legislador ao editar a Lei n. 9.099/1995 foi a de garantir uma maior
ser celebrados no referido juízo. celeridade à prestação jurisdicional por parte do Estado, que usualmente tem demorado mais
do que o razoável.
Exemplo: indivíduo pratica uma infração de menor potencial ofensivo (maus-tratos) e uma
Nesse diapasão, ao analisar os ritos processuais ordinários já estabelecidos no judiciário,
infração grave (como um homicídio), de forma relacionada.
o legislador percebeu que questões de forma (como a validade de atos processuais) afetam
O processo será direcionado ao juízo competente (não mais tramitará nos Juizados Espe-
diretamente a celeridade do processo. Gasta-se muito tempo analisando nulidades e proble-
ciais), mas tal acusado não perderá o direito, em um primeiro momento, à celebração das
mas formais que muitas vezes não alterariam o resultado do processo.
medidas despenalizadoras quanto à infração de menor potencial ofensivo (maus-tratos).
De modo a reduzir o impacto de tais nulidades relativas, é que surge o art. 65 da Lei n.

2.2.1. Competência no JECRIM 9.099/1995, buscando privilegiar a celeridade em casos que as nulidades não causem preju-
ízo.
Os Juizados Especiais Criminais possuem seu próprio regramento para definição de qual Vejamos o que diz a literalidade da norma em estudo:
juizado será competente para atuar em um determinado caso. Vejamos, primeiramente, a re-
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais
gra geral: foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
penal.
hábil de comunicação.

A regra geral, como de praxe, é quase autoexplicativa: A competência é a do lugar em que Sob esse ponto de vista, fica claro o interesse do legislador em privilegiar a eficiência,
foi praticada a infração penal. Simples assim. ao dizer que nenhuma nulidade será pronunciada sem que tenha havido prejuízo!

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Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
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Note ainda que o legislador busca privilegiar a celeridade ao autorizar, no parágrafo 2º, Economia processual: Resolução do processo com o mínimo de atos e no menor tempo
que os atos processuais em outras comarcas possam ser solicitados por qualquer meio hábil possível, da forma menos onerosa para as partes e para o Estado.
de comunicação, sem que isso suscite nenhum tipo de nulidade ao procedimento. Celeridade processual: Obtenção da prestação jurisdicional no menor tempo possível.

§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos rea-
lizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equi- 4. Citações e Intimações
valente.
O próximo tópico importante da aula de hoje trata dos procedimentos, no âmbito dos Jui-
Um ponto que o examinador adora cobrar em provas de concursos é a questão da forma- zados Especiais Criminais, para citar e intimar o acusado.
lidade e dos registros em escrito dos atos processuais. Na Lei n. 9.099/1995 existe uma clara Mas inicialmente, Vamos relembrar qual é a diferença entre CITAR e INTIMAR:
exceção à questão da escrita, visto que os atos praticados no JECRIM em regra devem seguir
o princípio da oralidade! Apenas excepcionalmente é que se devem fazer registros escritos do
que ocorre em processos que seguem o rito da Lei n. 9.099/1995!
Ao contrário do que é habitual em termos de processo penal, a regra na Lei n. 9.099/1995
é a oralidade. Veja como o rito aqui se contrapõe bastante, por exemplo, ao que acontece no
Inquérito Policial (no qual todos os procedimentos devem ser reduzidos a termo).
A busca pela eficiência fez com que o legislador decidisse pelo registro escrito apenas do
que é essencial, fazendo um verdadeiro contraponto aos costumes jurídicos mais antigos.

3.3. Princípios de Destaque

Oralidade: deve-se dar preferência à palavra falada sobre a escrita, sem a exclusão desta
última. Diversos atos são realizados oralmente, tais como a peça acusatória, a defesa preli-
minar, entre outros. Agora relembramos a diferença entre intimar e citar, podemos avançar e verificar o que diz
Simplicidade: deve-se reduzir o quanto possível a documentação juntada aos autos do a Lei n. 9.099/1995:
processo, sem prejuízo da boa prestação jurisdicional. É em razão da simplicidade que o TC
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por manda-
substitui o IP, e que existem previsões tais como a desnecessidade do exame de corpo de
do.
delito quando a materialidade for comprovada por boletim médico (art. 77, § 1º, da Lei n. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existen-
tes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
9.099/1995).
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-
Informalidade: Não existem formas essenciais ou rigor absolutamente formal ao proces- -se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
so (é o que a doutrina também chama de instrumentalidade das formas). É por força da infor- obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
malidade que a Lei reconhece que não há nulidade sem prejuízo (art. 65, §1º).

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Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, Ademais, é importante ressaltar que a literalidade do art. 66 costuma ser objeto de prova,
os interessados e defensores.
ao passo que há uma peculiaridade jurisprudencial MUITO IMPORTANTE que costuma ser
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a ne-
cessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua cobrada.
falta, ser-lhe-á designado defensor público.

Muita atenção ao parágrafo único do art. 66 da Lei n. 9.099/1995, o qual costuma ser bas-
Embora sem previsão expressa na Lei, a jurisprudência tem admitido a citação por hora certa,
tante cobrado em provas de concursos:
com base no art. 362 do CPP, no âmbito dos Juizados (STF & Enunciado FONAJE 110).
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existen-
tes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

5. Fase Preliminar

Diante do que estudamos, você já sabe quais são os delitos de competência do JECRIM,
bem como conhece a regra de definição de competência dos Juizados Especiais Criminais.
Nos resta agora responder a seguinte pergunta: O que acontece antes disso? Qual o pro-
cedimento a ser tomado na fase anterior, quando a polícia ainda está atuando no caso con-
creto? E como se dá a chamada audiência preliminar?
A resposta à tais indagações está também na Lei n. 9.099/1995, do artigo 69 em diante.
Vejamos:

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.

Esse artigo, embora simples, é fundamental para o seu estudo, pois apresenta uma di-
ferença enorme entre o procedimento penal regular e o dos juizados especiais: o chamado
Termo Circunstanciado!
Infração de Menor Potencial Ofensivo não resulta na instauração de um Inquérito Policial
comum. O procedimento a ser tomado pela autoridade policial (delegado de polícia) é o de
lavrar um TC (termo circunstanciado)!
Dessa forma, ao ser comunicado da ocorrência de uma IMPO, a autoridade policial irá pro-
Importante: a citação por edital não é admissível na Lei n. 9.099/1995. O mesmo ocorre videnciar a lavratura do TC e o encaminhará ao Juizado Especial competente, requisitando os
com a carta rogatória. exames periciais necessários e encaminhado o autor do fato e a vítima.

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Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
6.1. Autoridades & Lavratura do TC
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Prevalece o entendimento jurisprudencial de que apenas a autoridade de polícia investi-
gativa (polícia judiciária) possui legitimidade para lavrar o TC.
Outro diferencial existente no procedimento da Lei n. 9.099/1995 está na questão da fian- Há, na doutrina, alguns estudiosos que entendem que aspectos como a complexidade da
ça e da prisão em flagrante. Note que, se o autor do fato for imediatamente encaminhado ao peça e os ditames da celeridade e da informalidade permitem sua lavratura por outros órgãos

juizado ou se comprometer a comparecer a este quando intimado, não poderá ser preso em de segurança pública, como a Polícia Militar e a PRF.
Entretanto, é de se observar que há entendimento do STF, em duas ocasiões distintas, uma
flagrante e o delegado não poderá arbitrar fiança.
em sede de ADI (2007) e outra em sede de Recurso Extraordinário (2019), no sentido de que é
Na prática, o que mais ocorre é a assinatura de termo de compromisso de comparecimen-
inconstitucional a lavratura de Termo Circunstanciado por integrantes de polícias ostensivas.
to nos Juizados Especiais, tendo em vista que é muito comum que a lavratura de TCs pela au-
toridade policial ocorra em horário contrário ao do funcionamento do Juizado, principalmente 6.2. Flagrante & TC
durante o período de repouso noturno.
Outro ponto importantíssimo a ser observado está na questão da situação de flagrância
daquele que pratica infração de menor potencial ofensivo.
6. Observações Importantes sobre o TC
Segundo o art. 69, § único da Lei n. 9.099/1995, o autor do fato que for imediatamente
encaminhado ao juizado ou que assumir o compromisso de a ele comparecer não será preso
Devemos, antes de passar à análise de cada um dos institutos despenalizadores da Lei n.
em flagrante e não lhe será exigido a fiança.
9.099/1995, fazer algumas observações importantes sobre o TC e suas características.
Nesse sentido, o primeiro ponto que você precisa observar é que a vedação é de lavratura
Em primeiro lugar, observe que o que temos, na prática, é a substituição, no âmbito da
do APF e do posterior recolhimento do agente delitivo ao cárcere. Nada impede que as forças
Lei n. 9.099/1995, do inquérito policial por um verdadeiro “relatório sumário”, o qual não se de segurança capturem e apresentem o agente coercitivamente ao delegado de polícia.
confunde com um mero “boletim de ocorrência” pois se destina a fornecer os elementos de Outro ponto: caso haja recusa do agente quanto ao comparecimento em juízo ou quanto
informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. ao compromisso de comparecer em juízo, a autoridade policial deve proceder a lavratura do
APF, regularmente.
O mesmo entendimento aplica-se ao caso em que o indivíduo não possui condições de
assumir o compromisso por encontrar-se totalmente embriagado (segundo a doutrina, nesse
Para parcela da doutrina não é cabível o indiciamento em sede de TC, haja vista que tal ato
caso deve o delegado de polícia proceder à lavratura do APF).
possui o condão de afetar os assentamentos pessoais do indivíduo.
7. Institutos
Outro ponto importante: a lavratura do TC não impede posterior instauração de inquérito Inúmeras são as disposições contidas na Lei n. 9.099/1995. Merecem destaque, no en-
policial, se posteriormente se identificar que o caso concreto é de maior complexidade e de- tanto, as quatro medidas despenalizadoras utilizadas para impedir a instauração do processo
manda a realização de diligências complementares. ou para evitar seu prosseguimento:

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• Composição dos danos civis, a qual resulta na renúncia ao direito de queixa ou de re- Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e
a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá
presentação, bem como na extinção da punibilidade do agente;
sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
• Transação penal, a qual permite o cumprimento imediato da pena restritiva de direitos, de pena não privativa de liberdade.
ou de pena de multa, a qual evita a instauração do processo; Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, pre-
• Suspensão condicional do processo, a qual submete o acusado a um período de prova, ferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da
com determinadas condições, ao fim das quais, decreta-se a extinção da punibilidade; Justiça Criminal.

• Representação nos crimes de lesões corporais culposas e leves: A modificação quanto


Tome nota de que a conciliação pode ser conduzida tanto pelo juiz quanto por conciliador
à necessidade de representação nesses casos (em regra) possibilita a ocorrência de
sob sua orientação.
decadência e posterior extinção de punibilidade do agente.

8.1. Conciliador
Esses quatro pontos são, sem dúvidas, os principais aspectos da Lei n. 9.099/1995 no
que tange à elaboração de questões de concursos. De agora em diante, iremos fazer a análise Conciliador é um auxiliar da Justiça, recrutado preferencialmente (muita atenção para
da aplicação das referidas medidas e seu impacto no processo penal, de forma cronológica, esse termo, que o examinador gosta de trocar por obrigatoriamente) entre bacharéis de direi-
iniciando com a composição dos danos e finalizando com a última medida, qual seja a sus- to, excluídos os que exerçam funções na administração da justiça criminal.
pensão condicional do processo. O procedimento, portanto, pode seguir dois fluxos. No primeiro deles, ocorre a conciliação
Vamos juntos! e a composição dos danos. Nesse caso, aplica-se o regramento do art. 74

Fim da Conciliação
8. Audiência Preliminar & Composição dos Danos Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Uma vez lavrado o TC, que será devidamente encaminhado ao Juizado, deve-se passar à Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condi-
cionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou repre-
chamada audiência preliminar, procedimento peculiar do rito sumaríssimo no qual o Juiz irá
sentação.
buscar a composição dos danos sofridos pela vítima, com o objetivo de evitar a aplicação de
uma pena privativa de liberdade. Houve, portanto, sucesso na conciliação entre o autor e o ofendido, de modo que a com-
Como você já sabe, trata-se da implantação da chamada justiça restaurativa, que possui posição dos danos é reduzida a escrito, sendo homologada com força de sentença irrecorrível
um foco maior na reparação do dano do que em submeter o autor a uma sanção penal e à e gerando um título executivo judicial que pode ser executado no juízo cível competente.
privação de sua liberdade. Nessa situação, se a ação for penal de iniciativa privada ou pública condicionada a repre-
Vejamos o que diz a lei sobre o assunto: sentação, a homologação do acordo acarreta RENÚNCIA do direito de queixa ou representação!

Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua
intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.

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Em outras palavras, o ofendido não mais poderá ingressas em juízo solicitando que o au-
tor sofra uma sanção penal por aquele fato.
O fluxo acima demonstra o que aconteceria, na prática, na fase preliminar do procedimen-
Um tanto quanto abstrato, certo? Vamos trabalhar com um caso hipotético que irá permi-
to previsto na Lei n. 9.099/1995. Em seguida, temos o seguinte:
tir uma melhor compreensão do que estudamos até o momento.

Exemplo: Lebron, ao verificar que seu desafeto, Kobe, comprou um hotel, resolve dar um pouco
de dor de cabeça para este último, alojando-se no estabelecimento e utilizando dos serviços
sem dispor de recursos para pagar.

Na situação acima, a conduta de Lebron irá resultar no delito previsto no art. 176 do CP:

Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte
sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.

Certo. Imagine agora que a situação resulte na comunicação dos fatos à polícia, e na con-
sequente apresentação à delegacia da área, para que a o delegado de polícia tome as provi-
dências cabíveis. Ocorrerá o seguinte:

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Durante a conciliação, pode ser arbitrado um valor de composição dos danos materiais
causados à Kobe (digamos, por exemplo, uma quantia de R$ 850,00). Caso ele, como ofendido,
aceite tal proposta, e o autor (Lebron) também concorde, o juiz irá emitir uma sentença que tem
força de título executivo judicial (e pode ser utilizado para obrigar Lebron a pagar o valor acor-
dado).
Feito isso, com a homologação da sentença, ocorre a renúncia do direito de queixa. Kobe
não mais poderá ingressar em juízo solicitando que Lebron seja punido pelo delito praticado
naquela data!
Opera-se, portanto, a extinção da punibilidade do agente delitivo!

8.2. Composição dos Danos Civis: Aspectos Intermediários

Ótimo. Nesse primeiro momento, compreendemos o que é a composição dos danos civis, e al-
gumas de suas consequências. Nos cabe agora avaliar de forma mais detalhada o referido insti-
tuto. Certo. Mas e se as partes não entrarem em acordo? Precisamos entender qual é o proce-
Em primeiro lugar, você já deve ter percebido que a composição dos danos tem como prin- dimento caso não ocorra a conciliação neste primeiro momento!
cipal objetivo a reparação dos danos sofridos pela vítima, se isso for possível.
O que falta mencionar é o seguinte: a composição dos danos civis se torna possível posto 9. Art. 75 da Lei n. 9.099/1995
que o que se discute são interesses patrimoniais, cujo direito é de natureza DISPONÍVEL!
É aqui que o assunto começa a ficar mais interessante.
Só é possível a realização de composição dos danos civis, portanto, em razão da disponi-
Caso não ocorra a conciliação, estaremos diante de duas possibilidades:
bilidade do referido direito, a qual inclusive acarreta a desnecessidade de intervenção do MP
no ato (salvo caso de interesse de incapazes, por força do Código de Processo Civil).
Ademais, é preciso mencionar que a composição dos danos civis pode ocorrer:
• em crimes de ação penal privada;
• em crimes de ação penal pública condicionada a representação;
• em crimes de ação penal pública incondicionada.

Assim sendo, é necessário verificar que as consequências da composição dos danos civis Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportu-
nidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
podem variar, a depender da natureza da ação penal do crime praticado! Veja só1:
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica deca-
1
Ensinamentos do mestre Renato Brasileiro, Manual de Processo Penal, p. 1495. dência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

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Resumindo: não houve uma composição dos danos e o ofendido decidiu oferecer a repre-
sentação regularmente, para que se dê prosseguimento na persecução penal.
Nesse caso, no entanto, ainda não vamos passar para o procedimento regular de per-
secução penal. Na verdade, passamos para um outro instituto da Lei n. 9.099/1995, o qual
simplesmente despenca em provas: a transação penal.

10. Transação Penal

Não é porque não houve sucesso na conciliação ocorrida na audiência preliminar que
o processo penal seguirá seu trâmite regular. Lembre-se que ainda estamos diante de uma
Note que na transação penal não há um acordo entre o acusado e o ofendido. A transação
IMPO (Infração de Menor Potencial Ofensivo), e o legislador tem por objetivo implementar a
penal é uma proposta do MP, que deve ser aceita pelo acusado e submetida à apreciação do
justiça restaurativa, mesmo que as partes não estejam de acordo.
Juiz!
Vejamos o que diz o CPP:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 10.1. Inadmissibilidade da Transação
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Outro ponto bastante cobrado sobre a transação penal está no rol em que não será admita
a medida despenalizadora. Os casos estão listados expressamente na Lei n. 9.099/1995 e
Em primeiro lugar, é importante notar que o legislador nada disse sobre a ação penal pri- merecem ser lidos:
vada!
Art. 76, § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
A letra do CPP fala em TRANSAÇÃO PENAL para a ação penal pública condicionada a re- I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
presentação e para a ação penal pública incondicionada. sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
Isso ocorre basicamente pois o titular da ação penal privada é o ofendido, e não o Minis- restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
tério Público, de modo que o MP não poderia propor uma transação penal em uma ação penal III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
da qual não é o titular.
Mas em se tratando de uma ação penal pública, o MP pode utilizar de sua titularidade para
10.2. Consequências da Transação
fazer a proposta. Basicamente o que ocorre é o seguinte: De modo a resolver a situação sem
incorrer na sanção penal propriamente dita, o MP faz uma proposta mais branda, benéfica ao Muita atenção agora pois as observações a seguir despencam em provas de concursos:
acusado, sugerindo a aplicação de penas restritivas de direito ou de multa, no lugar da sanção • Transação penal não importa em reincidência! No entanto, a transação penal deve ser
penal prevista no CP. registrada, para impedir que o acusado possa fruir dela novamente por um prazo de 5
E assim temos a seguinte possibilidade: anos;

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• A transação penal só pode ser concedida novamente decorridos cinco anos; o ofendido e o ofensor na audiência preliminar, e do instituto da transação penal, aplicável às
• Transação penal não consta em certidões de antecedentes criminais; ações públicas, por iniciativa do MP, e às ações penais privadas, âmbito no qual existe diver-
• Transação penal não tem efeitos civis (como a conciliação, por exemplo). Se o ofendido gência de entendimentos quanto à legitimidade de propositura.
desejar, deverá ingressar no juízo cível! Para finalizar, ainda existe um outro instituto despenalizador na Lei n. 9.099/1995 impor-
tantíssimo para a sua prova: A suspensão condicional do processo, o qual é justamente o
É importante perceber que no processo penal comum, vigora o chamado princípio da obri-
nosso próximo tópico!
gatoriedade da ação penal pública. No âmbito das IMPO’s, no entanto, a doutrina entende que
o referido princípio é mitigado, tornando-se o chamado princípio da obrigatoriedade mitigada 11. Suspensão Condicional do Processo
ou da discricionariedade regrada, o qual permite ao órgão acusador não promover a ação pe-
nal em todos os casos. O referido instituto está previsto no art. 89 da Lei n. 9099/19995:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
10.3. Transação Penal & Ação Penal Privada ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
Um último ponto importante está na possibilidade de transação penal no âmbito da ação
condicional da pena.
penal privada, diante do silêncio da Lei n. 9.099/1995.
A orientação que prevalece na doutrina e na jurisprudência direciona-se no sentido de Em primeiro lugar, observe que a possibilidade não se aplica a todas as IMPOs (infrações
que é possível a transação penal nos crimes de ação penal privada, pois não seria razoável a cuja pena MÁXIMA cominada em abstrato não exceda 2 anos).
inadmissibilidade do instituto apenas na referida modalidade de ação penal. A suspensão condicional do processo é aplicável apenas a delitos cuja pena MINIMA não
O que se debate, no entanto, é a legitimidade para a propositura da transação no âmbito exceda a 1 ano!
das ações penais privadas, haja vista que o titular da referida ação penal é o próprio ofendido. Vejamos de uma forma comparativa, para que você não erre de jeito nenhum:
Existem, nesse sentido, dois entendimentos:
• A proposta deve partir do MP, desde que a vítima não discorde. Nesse sentido, STJ (RHC
8123/AP) e enunciado FONAJE n. 112;
• A proposta deve partir da própria vítima (querelante). Nesse sentido, parcela da doutri-
na.

Dificilmente a legitimidade da propositura de transação penal na ação penal privada será


objeto de prova, haja vista não se tratar de tema pacífico. Mas é sempre bom compreender a
fundo os institutos em estudo. Note que é possível que um determinado delito seja de competência dos Juizados Espe-
E é isso! Agora já conhecemos o trâmite previsto na Lei n. 9.099/1995 quanto aos Juiza- ciais, mas que não seja passível de suspensão condicional do processo, caso sua pena míni-
dos Especiais Criminais. Além disso, já sabemos da possibilidade de uma conciliação entre ma seja superior a um ano.

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Seguindo em frente, é importante observar que na transação penal não existe um ofere- Veja só o que diz a lei:
cimento da denúncia, e sim uma proposta imediata da substituição da sanção penal por uma
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
pena restritiva de direitos ou de multa. outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
Já no caso da suspensão condicional do processo, é um pouco diferente: o MP, ao ofere-
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
cer a denúncia, propõe a suspensão condicional do processo!
Esse procedimento inclusive implica em uma consequência interessante: A suspensão do Nos dois casos acima (§§ 3º e 4º) temos as hipóteses em que a suspensão é passível de

processo, caso aceita pelo acusado e seu defensor e deferida pelo Juiz, será realizada no ato revogação. É muito importante ler e reler as normas acima, que são recorrentes em prova.

de recebimento da denúncia pelo magistrado! Note, ainda, que no caso do parágrafo 3º o legislador é taxativo: A suspensão SERÁ revo-

Vejamos o que diz a Lei n. 9.099/1995: gada. Já no caso do parágrafo 4º, existe a POSSIBILIDADE de revogação.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
11.1. Período e Expiração do Prazo
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão Conforme narra o artigo 89, a suspensão condicional do processo poderá durar de 2 a 4
condicional da pena (art. 77 do Código Penal). anos. Ou seja, o acusado ficará submetido às condições de suspensão do processo por um
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denún-
período nunca inferior a dois anos, e nunca superior a quatro anos.
cia, poderá suspender o processo....
Uma vez findado o período de suspensão sem que o acusado descumpra as condições a
Uma vez realizada a proposta pelo MP, e sendo aceita tal proposta pelo acusado e seu ele impostas (sem incorrer nos parágrafos 3º e 4º supramencionados), o juiz irá declarar a
defensor, o juiz poderá então receber a denúncia e suspender o processo, porém submetendo extinção da punibilidade!
o acusado a um período de prova, fundado nas seguintes condições: Como o procedimento da Lei n. 9.099/1995 é um pouco confuso, vejamos um fluxograma
completo, desde a fase preliminar até a eventual concessão de suspensão condicional do
I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II – proibição de frequentar determinados lugares; processo ao acusado:
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

É por força dos incisos acima, afinal de contas, que o instituto em tela é chamado de sus-
pensão CONDICIONAL do processo. Tal nomenclatura denota como o instituto possui uma
natureza relativamente precária, pois o acusado continua submetido a algumas condições.
Caso ele descumpra o que foi acordado, a suspensão condicional do processo pode ser
revogada!

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11.2. Observações Finais


Uma vez que já abordamos a parte mais complexa do diploma legal em estudo, vamos
voltar um pouquinho e ler o texto legal que trata sobre os princípios que regem os Juizados
Especiais.
Não há necessidade de elaborar muito sobre esse assunto. Já falamos sobre os aspectos
doutrinários e sobre cada princípio de forma específica. Só precisamos fazer uma leitura do
texto legal para arrematar o assunto com segurança (muitas questões se limitam aos artigos
a seguir).
Vamos lá:

Juizados Especiais Cíveis


Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, econo-
mia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
Juizados Especiais Criminais
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informali-
dade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

Merecem especial atenção os critérios de oralidade e informalidade, os quais são alvo re-
corrente do examinador, que tenta te induzir a marcar que o procedimento da Lei n. 9099/19995
deve ser regido pela escrita e formalidade! Cuidado com isso!
Apenas o essencial se faz de maneira formal e escrita na Lei n. 9.099/1995. Não se es-
queça disso!

12. Lesões Corporais & Lei n. 9.099/1995


A Lei n. 9.099/1995 faz ainda uma observação específica sobre a necessidade de repre-
sentação nas ações penais relativas aos delitos de lesões corporais e lesões corporais cul-
posas:

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

Este artigo também não tem muito segredo. Você precisa apenas conhecê-lo, pois já foi
objeto de prova diversas vezes.

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12.1. Comprovação de Materialidade Súmula Vinculante n. 35, STF


A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz
Uma última observação importante é sobre a comprovação de materialidade dos delitos, coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,

que sofre uma pequena alteração no âmbito da Lei n. 9.099/1995, em razão da busca do le- possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
gislador pela celeridade do processo:

Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do
Em primeiro lugar, temos a súmula vinculante n. 35, na qual a STF decidiu que a transação
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescin- penal possui uma natureza semelhante à suspensão condicional do processo. Se o acusado
díveis. descumprir suas cláusulas, é possível que o MP dê continuidade à persecução penal!
1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referi-
do no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de Informativo n. 787, STF
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decor-
rentes de sentença condenatória. Tal não ocorre, portanto, quando há transação penal,
Para finalizar nosso estudo, vamos tratar de questões jurisprudenciais!
cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a res-
ponsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal
13. Jurisprudência Relevante são essencialmente aquelas estipuladas por modo consensual no respectivo instru-
mento de acordo.
Caro aluno: Não vou me estender em outros pontos procedimentais da Lei n. 9.099/1995,
que são extensos, peculiares e maçantes. E essa decisão tem um motivo estratégico: Os te-
O STF trata aqui dos chamados efeitos genéricos e específicos da condenação, arrolados
mas abordados na aula de hoje já atendem a grande parte das questões elaboradas pelas
no art. 91 do Código Penal, e aplicáveis ao trâmite regular da persecução penal. Para esclare-
bancas examinadoras.
cer confusões a esse respeito, a Suprema Corte determinou que, no caso de transação penal,
Simplesmente não vale a pena tentar dominar a Lei n. 9.099/1995 de uma forma extensi-
não se aplicam as previsões do art. 91, e tão somente as consequências estipuladas na tran-
va quando na sua prova o examinador irá cobrar no máximo uma ou duas questões, as quais
sação penal.
quase sempre se restringem aos temas que acabamos de estudar.
Súmula n. 428, STJ
Um dos meus objetivos ao elaborar as aulas para vocês é justamente o de filtrar o conteú-
Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado
do mais importante, tendo em vista o quanto os editais recentes têm se tornado massivos em
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
conteúdo – tendência essa que parece apenas crescer a cada novo concurso.
No entanto, apesar da necessidade de isolar os assuntos mais cobrados, não podemos
Em casos de conflitos de competência entre Juizado Especial Federal e Juizados Fede-
deixar de abordar algumas decisões e súmulas relacionadas com o diploma legal em estudo,
rais, o STJ entende ser de competência do TRF emanar a resolução do conflito.
que são tão importantes quanto o estudo da lei seca. E é justamente este o assunto de nosso
É importante notar que, em caso de Juizados Especiais Estaduais e Juizados Estaduais,
último tópico da aula de hoje!
a competência para resolver o conflito é do TJ daquela região.

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14. Prestação Pecuniária e de Serviços Comunitários Obviamente, é impossível memorizar uma lei por inteiro (e dificilmente é algo assim seria
útil), mas conhecer a literalidade dos artigos mais importantes, tomando por base o que foi
Finalmente, temos ainda que apresentar uma divergência importante sobre a Lei n. apresentado na aula, é fundamental para fazer uma boa prova.
9.099/1995. No que se refere ao art. 89, parágrafo 2º, o legislador permitiu que o juiz especi-
ficasse outras condições para a suspensão condicional do processo. 16. Lei n. 10.259/2001
Eis que surge o questionamento sobre a validade de que tais outras condições impostas
Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal,
possam ser a de prestação pecuniária ou de serviços comunitários.
aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei n. 9.099, de 26 de
Esse conflito já foi motivo de divergência, no entanto, atualmente considera-se que a po-
setembro de 1995.
sição majoritária da doutrina, bem como o entendimento do STF e do STJ estão no sentido
Nos cabe, nesse momento, fazer breves comentários sobre a Lei n. 10.259/2001, que trata
de que é possível sim que seja imposta a pena de prestação de serviços comunitários ou de
dos Juizados Especiais – Cíveis e Criminais – no âmbito da Justiça Federal.
prestação pecuniária como condições do art. 89, 2º, caso tal condição se mostre adequada ao Em primeiro lugar, destaca-se a aplicabilidade subsidiária EXPRESSA da Lei n. 9.099/1995
caso concreto e observe a adequação e a proporcionalidade da medida. também no âmbito federal, naquilo que não conflitar com as disposições da Lei n. 10.259/2001.
Dessa forma, temos a seguinte ordem de prioridade na aplicação da Lei n. 10.259/2001:
15. Maria da Penha & Lei n. 9.099/1995
Normas da Lei Normas da Lei Demais
Um último ponto que você precisa conhecer: em sede de ADC – 19/2012 – o STF reconhe- Normas do CPC
n. 10.259/2001 n. 9.099/1995 diplomas legais
ceu a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha:

Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei n. 9099/95.
17. Competência
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência
O STJ também já tem sumulado entendimento no mesmo sentido (Súmula 536): da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência.
A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Portanto, compete aos Juizados Especiais Federais Criminais (que são o foco de nossa
disciplina) processar e julgar as Infrações de Menor Potencial Ofensivo de competência da
Justiça Federal! É simples assim.
E é isso! Assim finalizamos nossa aula sobre a Lei n. 9.099/1995.
A maior parte dos procedimentos nos Juizados Especiais Criminais Federais acaba sendo
Minha última recomendação, como sempre faço, é de que você leia a letra da lei, na medi-
regulada, de forma subsidiária pela Lei n. 9.099/1995, a qual você conheceu em detalhe na
da do possível, focando nos assuntos abordados na aula de hoje. Quando se trata de Direito
aula de hoje.
Processual Penal e leis procedimentais, a leitura do texto de lei tem sua importância multipli-
As peculiaridades presentes nos Juizados Especiais Federais Criminais que já foram ob-
cada!
jeto de discussão jurisprudencial e que merecem destaque são apenas duas, listadas a seguir.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
Douglas Vargas Douglas Vargas

17.1. Intimações & Lei n. 10.259/2001 RESUMO


Art. 8º As partes serão intimadas da sentença, quando não proferida esta na audiência em que
Juizados Especiais: os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária,
estiver presente seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria).
serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para concilia-
A norma do art. 8º se aplica tanto aos Juizados Cíveis quanto Criminais. É de especial ção, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.
importância destacar que, mesmo na esfera criminal, por força do princípio da especialidade, Juizados Especiais Criminais – JECRIM:
os tribunais têm entendido que a intimação por AR ou por Diário Oficial é aplicável. • O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
Dessa forma, o procurador federal não tem a prerrogativa de intimação pessoal nesses petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
casos! potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência;
• São, portanto, de competência dos Juizados Especiais Criminais as infrações penais de
17.2. Representante menor potencial ofensivo (IMPO’s);
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não. • Entende-se por infrações de menor potencial ofensivo, para efeitos de aplicação da Lei
n. 9.099/1995 e por força de seu art. 61, as contravenções penais e os crimes cuja pena
Quando o legislador edita um diploma legal muito abrangente (como é o caso dessa lei,
máxima não seja superior a 2 anos, não importa se a sanção penal é ou não cumulada
que disciplina tanto a esfera cível quanto criminal) acabam surgindo alguns pontos um pouco
com multa.
conflitantes. É o caso do artigo acima!
Embora o STF tenha decidido que a representação sem ser advogado é admissível, cabe Competência no JECRIM: a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que
destacar que a regra do art. 10 não se aplica aos processos criminais, nos quais a presença foi praticada a infração penal.
de advogado é IMPRESCINDÍVEL. Validade dos atos processuais:
Lembre-se que a defesa técnica é irrenunciável no processo penal – mesmo no âmbito
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
dos juizados! § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
E é isso! Assim finalizamos nossa aula sobre os Juizados. hábil de comunicação.

Minha última recomendação, como sempre faço, é de que você leia a letra da lei, na medi-
Citações e intimações:
da do possível, focando nos assuntos abordados na aula de hoje. Quando se trata de Direito
Processual Penal e leis procedimentais, a leitura do texto de lei tem sua importância multipli- Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por manda-
do.
cada!
Obviamente, é impossível memorizar uma lei por inteiro (e dificilmente é algo assim seria Fase preliminar da Lei n. 9.099/1995:
útil), mas conhecer a literalidade dos artigos mais importantes, tomando por base o que foi • Infração de Menor Potencial Ofensivo não resulta na instauração de um Inquérito Po-
apresentado na aula, é fundamental para fazer uma boa prova. licial comum. O procedimento a ser tomado pela autoridade policial (delegado de polí-
E vamos para a revisão! cia) é o de lavrar um TC (termo circunstanciado);

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Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
Douglas Vargas Douglas Vargas

• Se o autor do fato for imediatamente encaminhado ao juizado ou se comprometer a


comparecer a este quando intimado, não poderá ser preso em flagrante e o delegado
não poderá arbitrar fiança.

Audiência preliminar:
O Juiz irá buscar a composição dos danos sofridos pela vítima, com o objetivo de evitar a
aplicação de uma pena privativa de liberdade;
A conciliação pode ser conduzida tanto pelo juiz quanto por conciliador sob sua orienta-
ção.

Transação penal:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

A letra do CPP fala em TRANSAÇÃO PENAL para a ação penal pública condicionada a re-

presentação e para a ação penal pública incondicionada.

A doutrina admite nos casos de ação penal privada.

Consequências da transação:

• Transação penal não importa em reincidência;

No entanto, a transação penal deve ser registrada, para impedir que o acusado possa fruir

dela novamente por um prazo de 5 anos;

Casos em que não ocorre a conciliação: Lembre-se: A transação penal só pode ser concedida novamente decorridos cinco anos;

Transação penal não consta em certidões de antecedentes criminais;


Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportu-
nidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Transação penal não tem efeitos civis (como a conciliação, por exemplo). Se o ofendido

desejar, deverá ingressar no juízo cível!

Suspensão condicional do processo: a suspensão condicional do processo é aplicável

apenas a delitos cuja pena MINIMA não exceda 1 ano!

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Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001 Juizados Especiais – Lei n. 9.099/1995 e Lei n. 10.259/2001
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Fluxo geral:

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

LEI N. 8.137/1990 – CRIMES CONTRA A ORDEM Esse é um diploma legal pouco recorrente em provas de concursos, no entanto, que é digno
de nossa atenção, tendo em vista que pode garantir pontos preciosos que farão a diferença
TRIBUTÁRIA E OUTROS na colocação final do candidato. Além disso, é uma lei curta, e que pode ser estudada de uma
forma relativamente rápida.
Olá, querido(a) aluno(a)!
Dito isso, vamos direto aos delitos previstos em seu texto, começando pelos crimes contra
Na aula de legislação extravagante de hoje, iremos nos dedicar à compreensão da Lei n.
as relações de consumo.
8.137 de 1990.
Ao final, faremos uma lista de exercícios completa e atualizada sobre os temas apresen-
2. Crimes contra as Relações de Consumo
tados, de modo a compreender os tópicos estudados da maneira mais abrangente possível.
As questões estão organizadas de forma mista, passando pelas bancas que mais cobram Todos os delitos contra as relações de consumo previstos no texto da Lei n. 8.137/1990
o tema (FCC e CEBRASPE) e finalmente migrando para questões das demais organizadoras, são de ação penal pública incondicionada. Além disso, a pena cominada a todos eles é a mes-
sempre buscando maximizar o nosso aprendizado. ma: detenção, de dois a cinco anos, ou multa.
Sem mais delongas, vamos aos estudos! O bem jurídico tutelado é a própria relação de consumo, de modo que o sujeito ativo é sem-
pre o fornecedor (ou seu representante) e o sujeito passivo é sempre o consumidor.
1. Lei n. 8.137/1990- Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e Vejamos agora cada um dos crimes em espécie:
contra as Relações de Consumo
2.1. Favorecimento ou Preferência Injustificada de Comprador ou
Freguês

Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:


I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês,
ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio
de distribuidores ou revendedores;

Trata-se da conduta do fornecedor que, sem justa causa, favorece determinado cliente em
detrimento de outros.
O delito só se configura quando não há justa causa na conduta do autor. Nesse sentido,
observe que a mera amizade ou antiguidade do cliente não é justa causa para preterir outro
consumidor.
Vejamos dois exemplos:
1.1. Introdução
Aprovada quase à mesma época da Lei n. 8.078/1990, a Lei n. 8.137/1990 trata dos seguin- Fornecedor tem apenas um produto
Fornecedor tem apenas um produto
e dois compradores interessados,
tes temas criminais: e dois compradores interessados,
mas opta por vendê-lo em razão de
optando por vendê-lo ao que
uma situação emergencial que
demonstrou interesse por último,
justifica preterir o primeiro cliente.
haja vista que este é seu amigo.
Crimes contra as Exclui-se a tipicidade pela
Crimes contra a Crimes contra a Configura-se o delito em estudo.
existência de justa causa.
relações de
ordem tributária ordem econômica
consumo.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

O delito se consuma com a realização da conduta típica. A tentativa, segundo a doutrina, No delito em estudo, o que ocorre é a mistura de gêneros ou de mercadorias de várias
é admissível. espécies, o que caracteriza basicamente uma falsificação do produto, o que ocorre com o ob-
jetivo de obtenção de lucro indevido.
2.2. Venda ou Exposição à Venda de Mercadoria em Desacordo com
as Prescrições Legais ou Classificação Oficial
Vender gasolina misturada com volume de álcool fora da previsão legal ou misturada com
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo: outro tipo de solvente configura crime específico da Lei n. 8.176/1991 (adulteração de com-
II — vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, bustível), e não o delito em estudo.
especificação, peso ou composição esteja em desacordo com
as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva O delito é formal, e se consuma com a realização da mistura com o objetivo de enganar con-
classificação oficial; sumidores. A efetiva venda e obtenção de lucro não são requisitos para a consumação. A ten-
tativa é admissível.
O delito em estudo só se configura se o fornecedor efetivamente vender ou ao menos ex-
por à venda o produto em questão. A mera existência do produto em estoque não está apta a
configurar o delito. Embora não conte com o intuito de obter lucro indevido, a modalidade culposa é admissível.

2.4. Fraude de Preço mediante Alteração não Essencial ou de


O delito em estudo admite a forma dolosa ou culposa. Qualidade de Bem ou Serviço
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3
(um terço) ou a de multa à quinta parte. IV — fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como
O delito se consuma com a venda ou exposição do produto, e a tentativa, em regra, é admissí- denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição,
volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;
vel, embora de difícil configuração.
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
2.3. Mistura de Gêneros ou Mercadorias para Obtenção de Lucro c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
Indevido d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação
dos serviços;verd

A fraude do inciso IV tem por objetivo enganar o consumidor para, em regra, a obtenção de
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
lucro maior. São exemplos das condutas previstas no inciso IV:
III — misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para
• Alínea A: Manter o preço do papel-toalha, mas diminuir a metragem do rolo, de modo a
vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e
majorar o lucro obtido com sua venda.
mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à
venda por preço estabelecido para os de mais alto custo; • Alínea B: Venda de um aparelho celular de forma separada de seu respectivo carregador
original, que usualmente está incluído;
• Alínea C: Agente modifica o preço, com o objetivo de maior lucro, unindo dois artigos
esportivos que normalmente são vendidos em separado.
O delito do inciso III não se confunde com o delito de fraude no comercio (Art. 175, I, CP)
• Alínea D: O agente informa que um determinado componente químico, mais caro ou de
que prevê a responsabilização do fornecedor que vende como verdadeira ou perfeita, merca-
maior qualidade, é utilizado na produção de um suplemento alimentar, quando na verda-
doria falsificada.
de, não o é. Note que esse delito não se confunde com o de propaganda enganosa, pois
pressupõe também a existência de fraude no preço.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

Todas as modalidades se consumam no momento em que é realizada a fraude no preço 2.7. Indução de Consumidor ou Usuário em Erro mediante Afirmação
com base na conduta escolhida pelo agente. A tentativa é admissível, em todos os casos. Falsa ou Enganosa
2.5. Aumento de Preço em Venda a Prazo mediante Exigência de
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
Comissão ou Taxa de Juros Ilegal VII — induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou
afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo: bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação
ou divulgação publicitária;
V — elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou
serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de
juros ilegais;
No inciso VII, temos um delito mais grave do que o de propaganda enganosa, pois requer
que o consumidor seja efetivamente lesado pela afirmação falsa ou enganosa, ao adquirir o
Aqui temos uma norma penal em branco, que necessita de complemento das demais pre- produto e sofrer o prejuízo de forma concreta.
visões legais para as vendas a prazo. É, portanto, crime material, que se consuma com a aquisição do bem. A tentativa é
Note que não importa se o consumidor concorda com as taxas ilegais ou abusivas. Se for admissível.
exigida taxa de juros ou comissão em valores superiores aos permitidos em lei, o delito irá se
configurar. 2.8. Dano em Matéria-Prima ou Mercadoria para Provocar Alta de
A tentativa é admissível. Preço
2.6. Sonegação de Produtos para Descumprimento de Oferta Pública Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
ou para Fim de Especulação VIII — destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
proveito próprio ou de terceiros;
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
Enquanto no inciso VI o autor meramente oculta a mercadoria para provocar a alta de pre-
VI — sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los
a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ços, no inciso VIII há uma conduta mais radical, haja vista que o autor chega a destruir, inutilizar
ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; ou danificar matéria-prima ou mercadoria com a finalidade de provocar o mesmo resultado.
O delito é formal, e se consuma com a destruição ou inutilização dos produtos – mesmo
que a alta de preços não venha a ocorrer. A tentativa é admissível.
No inciso VI, temos a conduta do indivíduo que oculta bens ou insumos que na verdade
estão em seu estoque, para especular ou evitar sua venda a quem pretendia comprá-los nas 2.9. Venda, Manutenção em Depósito, Exposição à Venda ou Entrega
condições anunciadas. de Produto Impróprio para o Consumo
O objetivo do legislador foi o de impedir que o fornecedor faça anúncios atrativos apenas
para gerar fluxo de clientes para sua empresa, sem ter que efetivamente cumprir com as con- Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo:
dições anunciadas, ao alegar que não possui o produto em estoque. Além disso, também é IX — vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou,
objetivo da norma impedir que o aumento de preços seja forçado pelo fornecedor por meio de de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em
inexistente falta de produto no mercado. condições impróprias ao consumo.
A tentativa é admissível.
Para melhor compreender o que são mercadorias impróprias para consumo, precisamos
recorrer a outro diploma legal – a Lei n. 8.078/1990:

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
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3. Crimes contra a Ordem Tributária


Art. 18, § 6º, Lei 8.078/1990: Os crimes contra a ordem tributária são um gênero, o qual não se limita às previsões con-
tidas na Lei n. 8.137/1990:

Crime tributário aduaneiro


I — os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
• Art. 334, CP – Descaminho
II — os produtos deteriorados, alterados, adulterados,
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à Sonegações em geral
vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo
com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação; • Art. 1º e art. 2º da Lei n. 8.137/1990
• Art. 337-A do CP – Sonegação de Contribuição Previdenciária
III — os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
inadequados ao fim a que se destinam. Apropriações indébitas (Previdenciaria ou Tributária)

• Art. 168-A, CP – Apropriação Indébita Previdenciária


• Art. 2º, II da Lei n. 8.137/1990
Um exemplo dessa conduta está na situação em que um dono de restaurante tem merca-
dorias vencidas em seu depósito, e vem a utilizá-las para preparar refeições para seus clientes.
Crimes funcionais relacionados
Trata-se de delito formal e de perigo abstrato, de modo que a mera exposição a venda do
produto com validade vencida configura o delito. • Art. 3º da Lei n. 8.137/1990
Admite-se tanto a forma culposa quanto a forma dolosa. • Art. 316, § 1º, CP (Excesso de exação)
• Art. 318, CP (Facilitação de Contrabando ou Descaminho)
2.10. Causas de Aumento de Pena
Falsidades
Por fim, merecem ser lidas pelo aluno as causas de aumento de pena aplicáveis a todos os
• Art. 293, incisos I e IV, CP (Falsificação de Papéis públicos)
delitos previstos no art. 7º da Lei n. 8.137/1990:

Na aula de hoje, cuidaremos dos delitos previstos somente no âmbito da Lei n. 8.137/1990,
I — ocasionar grave dano à coletividade; o qual é o nosso foco.

Observações Gerais
II — for cometido por servidor público no exercício de suas
funções;
Para melhor compreender os delitos contra a ordem tributária, primeiramente precisamos
esclarecer alguns detalhes:
III — for praticado em relação à prestação de serviços ou ao 1) Mero inadimplemento (deixar de pagar tributo) não constitui crime.
comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
2) Existe diferença entre Elisão Fiscal e Sonegação Fiscal.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

A Elisão Fiscal é uma prática lícita que visa evitar a ocorrência de um fato gerador de tri- 3.1. Art. 1º (Tipo Penal Básico)
butos, ou diminuir o valor dos tributos devidos – porém sem a utilização de fraude.
Já a Sonegação Fiscal é a redução ou supressão do pagamento de tributos, que por sua Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas:
vez requer o emprego de fraude para sua caracterização.
I — omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
Vejamos uma questão sobre essa temática:
II — fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza,
em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III — falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
operação tributável;
IV — elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
001. (CESPE/CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO)
V — negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de
Negar o pagamento de determinado tributo cujo fato gerador tenha ocorrido normalmente mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
constitui crime de elisão fiscal. Pena — reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

A elisão fiscal é uma forma de planejamento tributário. É, portanto, uma maneira de pagar No art. 1º, temos basicamente condutas destinadas a suprimir ou reduzir tributos ou con-
menos tributo de forma lícita. Trata-se de uma conduta legítima do contribuinte com o fim de tribuições sociais por intermédio de meio fraudulento.
evitar a ocorrência do fato gerador do tributo ou diminuir o seu valor.
Errado. Nos termos da Súmula Vinculante n. 24 do STF, é necessário o LANÇAMENTO DEFINITIVO
para o oferecimento da denúncia por crime de sonegação fiscal. Além disso, a jurisprudência
O bem jurídico tutelado pela norma, portanto, é a ordem tributária (o interesse do Estado
entende que a prescrição só será contada quando ocorrer a consumação do delito – aspecto
em arrecadar tributos).
esse que já foi objeto de questões da FCC.
Os delitos previstos na Lei n. 8.137/1990 e que atingem a ordem tributária são todos co-
O STF já inclusive manifestou-se no sentido que nem mesmo o inquérito policial pode ser ins-
muns (não exigem qualidade especial do agente delitivo).
taurado sem o lançamento definitivo do tributo – salvo em casos excepcionais onde a própria
investigação se revele necessária para apurar o débito tributário.
Pessoa jurídica não pode ser
Por fim, observe-se que o STF já se manifestou no sentido que a extinção do crédito tributário,
responsabilizada por crimes contra a
quando decorrente de decadência, decisão judicial ou decisão administrativa de desconstitui-
ordem tributária, por falta de previsão
ção do crédito, irá causar a atipicidade da conduta.
constitucional.
Seguimos com uma boa questão de prova:
O sujeito passivo do delito é sempre a pessoa jurídica titular do direito de cobrança dos
tributos, podendo ser tanto a União, quanto os Estados ou Municípios.

002. (CESPE/CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO) É

Se o sujeito passivo for a União ou Autarquias Federais, a competência para processar e julgar vedado à autoridade policial tipificar como crime contra a ordem tributária a falta de pagamen-
os crimes em estudo será da Justiça Federal. to de determinado tributo não lançado, ainda que o respectivo fato gerador tenha ocorrido.
Uma vez que conhecemos as características gerais aplicáveis aos crimes em estudo, pode-
mos finalmente passar à análise dos tipos penais propriamente ditos.
Exatamente isso. Eis a cobrança da SV n. 24.
Certo.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

Desobediência

Art. 1º (...)
Princípio da Insignificância
Parágrafo único. A falta de atendimento da
O parágrafo único do artigo em estudo nos exigência da autoridade, no prazo de 10
apresenta uma forma específica de (dez) dias, que poderá ser convertido em
desobediência, admitida face a ordens horas em razão da maior ou menor
*Atualmente, entende-se aplicável o princípio da insignificância emitidas pela autoridade fazendária: complexidade da matéria ou da dificuldade
ao delito em estudo, porém apenas até um determinado quanto ao atendimento da exigência,
patamar. caracteriza a infração prevista no inciso V.
Segundo a jurisprudência majoritária, tal princípio será aplicável
se a quantia objeto da sonegação não ultrapassar R$ 20.000,00,
que é o valor previsto na Lei n. 10.522/2002.
 Obs.: Se for praticado algum tipo de crime de falso como meio para a prática da sonega-
Tal entendimento decorre do fato que a Fazenda Pública não ção, tal delito restará absorvido pela conduta de sonegação (o crime-fim absorverá o
executa civilmente as quantias de até R$ 20.000,00. crime-meio).
 Obs.: Ademais, cabe observar que o delito do art. 1º admite a figura da colaboração premia-
E nesse sentido, não faz sentido realizar a apuração criminal da da, por expressa previsão legal.
conduta quando sequer a esfera cível chegará a ser acionada
pelo Poder Público.
Antes de seguirmos, vejamos como o examinador pode explorar situações hipotéticas
acerca de entendimentos jurisprudenciais:

003. (FCM/2020/PREFEITURA DE CONTAGEM – MG/AUDITOR FISCAL/FISCALIZAÇÃO)


Heródoto omitiu, de forma consciente e voluntária, informações relevantes sobre fato gerador
Sonegação & Culpa Consumação
de tributo à autoridade fazendária, com o intuito de reduzir o seu valor. Ao descumprir a obriga-
ção de prestar informações ao fisco, Heródoto efetivamente recolheu tributo em valor menor
do que o efetivamente devido, de acordo com as normas tributárias vigentes. Ao tomar conhe-
Os crimes previstos no art. 1º, salvo a
A lei apresenta apenas a modalidade cimento do fato, o Ministério Público, antes da solução definitiva do processo administrativo
conduta do parágrafo único, são
dolosa de sonegação.
crimes materiais. fiscal de lançamento, ofereceu denúncia, atribuindo a Heródoto a prática do crime previsto no
art. 1º, inciso I, da Lei n. 8.137/1990.
Considerando-se a situação descrita e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o Minis-
Lembre-se, portanto, de que não se consumam com a prática dos tério Público:
existe sonegação na forma culposa. elementos do tipo e com a existência a) não agiu acertadamente, uma vez que o crime em questão é de ação penal privada, a qual
do lançamento definitivo do débito,
nos termos da Súmula Vinculante n. só pode ser intentada pelo credor tributário.
24 do STF. b) agiu acertadamente, uma vez que o fato narrado na denúncia caracteriza crime material
contra a ordem tributária previsto na Lei n. 8.137/1990.
c) não agiu acertadamente, pois a representação da autoridade fiscal é condição de procedibi-
lidade da ação penal nessa espécie de crime.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
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d) agiu acertadamente, uma vez que, embora o crime denunciado não tenha se consumado, o
agente deve ser responsabilizado pela modalidade tentada.
e) não agiu acertadamente, uma vez que, embora o crime previsto no art. 1º, Inciso I, da Lei n. Art. 2º, Inciso I
8.137/1990 seja de ação penal pública incondicionada, o fato denunciado é atípico.
• É crime formal, sendo que predomina na doutrina o entendimento
de que sua previsão constitui forma tentada dos crimes previstos
no art. 1º.
A questão se resume basicamente nesta afirmação: “…. ao tomar conhecimento do fato, o
• Não se exige o lançamento definitivo do tributo.
Ministério Público, antes da solução definitiva do processo administrativo fiscal de lançamen- • Não há previsão de modalidade culposa.
to….” de forma que a conduta praticada por Herótodo sequer pode ser considerada crime nos • A consumação ocorre com a emissão da declaração falsa ou a
moldes da SV n. 14: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, utilização do meio fraudulento.
incisos I a IV, da Lei n. 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo. • Não se admite a tentativa.
Letra e.
Art. 2º, Inciso II
3.2. Art. 2º (Crimes de Mesma Natureza)
• É forma especial do delito do art. 168-A do Código Penal.
Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei n. 9.964, de 10.4.2000) • É a chamada apropriação indébita tributária.
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou • Não é considerada sonegação pois não requer fraude.
empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de • Admite apenas a forma dolosa.
tributo; • A consumação ocorre com o vencimento do prazo para o
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, recolhimento do tributo.
descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que
deveria recolher aos cofres públicos;
Art. 2º, Inciso III
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de
contribuição como incentivo fiscal; • É delito que se assemelha bastante à corrupção passiva e à
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal concussão.
ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; • Entretanto, seu sujeito ativo é o particular, haja vista ser crime
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao comum.
sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa • Não admite a forma culposa.
daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. • Consuma-se com a exigência, pagamento ou recebimento. Na
modalidade exigir, é crime formal.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

O art. 2º guarda grandes semelhanças com o art. 1º, o que torna bastante difícil que o Art. 2º, Inciso IV
aluno não confunda ambas as tipificações na hora da prova. Infelizmente, não há muito como
• É forma de desvio de finalidade do incentivo fiscal.
fugir da letra da lei, nesses casos.
• É crime comum (praticável por qualquer pessoa).
Por esse motivo, torna-se fundamental conhecer as características do art. 2º, as quais aju- • Consuma-se com o vencimento do prazo (na primeira
dam imensamente na hora de diferenciar ambas as previsões legais: modalidade) ou com a efetiva aplicação (na segunda
modalidade).

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São características dos delitos em estudo:

Art. 2º, Inciso V Art. 3º, Inciso I


• É considerado pela doutrina como um “delito de
informática”. • É forma especial do art. 314 do CP (Extravio, sonegação ou
• Na maioria dos casos, se torna crime-meio para o delito inutilização de livro ou documento).
de sonegação previsto no art. 1º. • Admite apenas a forma dolosa.
• É crime comum, praticavel por qualquer pessoa. • Consuma-se com o pagamento indevido ou inexato do tributo.
• Admite apenas a modalidade dolosa. • Admite-se a tentativa.
• Consuma-se com a mera utilização ou divulgação.
Art. 3º, II
3.3. Art. 3º Crimes Praticados por Funcionários Públicos • É forma especial dos delitos de concussão e de corrupção
passiva (Art. 316 e 317, CP).
Art. 3º Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos • Consuma-se com a mera exigência, solicitação ou aceitação da
no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): promessa de vantagem (é crime formal).
• A tentativa é admissível.
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; Art. 3º, III
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; • É forma especial do delito de Advocacia Administrativa (Art. 321
ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou CP).
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) • Consuma-se com a mera intermediação realizada pelo agente
anos, e multa. público, independentemente de alcançar sucesso em relação à
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração finalidade da conduta.
fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a
4 (quatro) anos, e multa.
Vejamos como já caiu em prova:

No art. 3º temos os chamados crimes funcionais contra a ordem tributária, cujo sujeito
ativo será sempre um servidor público fazendário, com competência para praticar as condutas
004. (CESPE/2020/SEFAZ-DF/AUDITOR FISCAL) Auditor-fiscal que exigir vantagem indevida
previstas no tipo.
para deixar de lançar ou de cobrar tributo devido por contribuinte terá cometido o crime de
concussão previsto no Código Penal.

Por previsão especial, trata-se de crime funcional contra a ordem tributária (art. 3º, II da Lei n.
8.137/1990): exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida;
ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social, ou cobrá-los parcialmente. Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Errado.

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4. Observações Finais Nossa abordagem dos delitos contra a ordem econômica será bastante sucinta, tendo em
vista que os examinadores costumam se ater unicamente ao texto de lei na elaboração de
São observações relevantes para todos os delitos (Art. 1º, 2º e 3º) em estudo: questões sobre o assunto.

6.1. Crimes em Espécie


A ação penal é pública incondicionada (Súmula 609 / STF). São crimes contra a ordem econômica (art. 4º):

I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente,


a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;
A competência para processar o delito irá depender do ente
tributante. Se o objeto do crime for tributo federal, portanto, a II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
competência será da Justiça Federal. a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.
A Súmula 122 do STJ determina que, caso ocorra a sonegação Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
de tributos federais e estaduais, a competência também será da
Justiça Federal.

Observações
5. Extinção da Punibilidade
• O legislador acabou exagerando ao editar o inciso II. Isso porque
o inciso I utiliza a expressão qualquer forma de ajuste, o que
Tendo em vista o interesse de arrecadar do estado, o legislador criou causas específicas de
engloba as condutas previstas no inciso II.
extinção da punibilidade para as condutas de sonegação, as quais consistem no pagamento • Por ajuste ou acordo de empresa entende-se a combinação da
integral ou no parcelamento do tributo. prática de atos com o objetivo de eliminar a concorrÊncia, ao
menos parcialmente.
A disposição, no entanto, está em legislação externa, e não no texto da Lei n. 8.137/1990.
• No inciso I, o objetivo do agente delito é dominar o mercado e
eliminar a concorrência (de forma ao menos parcial). Trata-se de
6. Crimes contra a Ordem Econômica dolo específico.
• Já no inciso II, o objetivo consiste em frustar a livre iniciativa e a
Para finalizar o estudo da Lei n. 8.137/1990, devemos falar de seu art. 4º, que trata dos concorrência, configurando também hipótese de dolo específico.
crimes contra a ordem econômica. • Segundo a Lei n. 8.884/1994, que dipoe sobre a repressão de
infrações contra a ordem econômica, presume-se o controle
Antes da vigência da Lei n. 12.529/2011, o rol de crimes contra a ordem econômica era quando o domínio atinge 20% do mercado regional de
muito maior. No entanto, após a edição da referida lei, inúmeros delitos foram revogados, de determinado bem de consumo.
modo que apenas as condutas listadas nessa aula continuam em vigor.
Os bens jurídicos tutelados pelas normas em estudo são a livre concorrência e a livre Vejamos como o examinador pode explorar esse assunto:
iniciativa.
O sujeito ativo, segundo a doutrina, é o empresário ou qualquer pessoa que exerça ativi-
dade empresarial.
O sujeito passivo dos delitos em estudo são os empresários concorrentes, os quais restam 005. (VUNESP/2019/TJ-RS/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/PROVI-

prejudicados em razão da conduta delituosa praticada. Em alguns casos, o consumidor tam- MENTO) A conduta de formar ajuste entre ofertantes, visando à fixação artificial de preços, é
bém será considerado sujeito passivo das condutas. tipificada como crime contra:

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a) a ordem econômica. Nesse sentido, é atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto
b) as relações de consumo. aos aspectos gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas, não configu-
c) a ordem tributária. rando o crime de advocacia administrativa perante a Administração Fazendária.
d) o consumidor. STJ. 6ª Turma. REsp 1770444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
e) a fé pública. 08/11/2018 (Info 639).1

Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho


Trata-se de crime contra a ordem econômica previsto no art. 4º da Lei n. 8.137/1990: quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil
II – formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas. pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.
Letra a. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018
(recurso repetitivo).
Dessa forma, finalizamos os delitos em espécie da Lei n. 8.137/1990 e concluímos nosso Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes
estudo com jurisprudência, revisão e exercícios. tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art.
20 da Lei n. 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da auto-
7. Jurisprudência nomia do ente federativo.2
Querido(a) aluno(a), após a apresentação de toda a base teórica, passamos agora a con- STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020
solidar e a comentar as previsões jurisprudenciais mais importantes sobre nossa aula de hoje:
Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial é de que o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
Súmula Vinculante n. 24:
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n.
reais) é considerado exclusivo da União para fins de aplicação do princípio da insignificância.
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo.

É muito importante que você conheça a literalidade dessa súmula. Muitas questões de pro-
va se baseiam tão somente nela, como exemplificamos nesta aula. No mais, devemos ressal-
tar que a jurisprudência, em situações excepcionais, admite a mitigação da SV 24-STF diante
de determinadas situações:
1) Nos casos de embaraço à fiscalização tributária; ou
2) Diante de indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal.

A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que se admite a mitigação


da Súmula Vinculante n. 24/STF nos casos em que houver embaraço à fiscalização tri-
butária ou diante de indícios da prática de outras infrações de natureza não tributária.
Precedentes.
1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei n. 8.137/1990 o auditor fiscal que corrige minuta
*STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 551422/PI, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020.
de impugnação administrativa que posteriormente é ajuizada na Administração Tributária. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei n. 8.137/1990 o auditor fiscal que corrige minuta Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aff82e881075d9c1ec306f86ae15c833.
de impugnação administrativa que posteriormente é ajuizada na Administração Tributá- Acesso em: 24 dez. 2020.
ria. 2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários estaduais e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ac3870fcad1cfc367825cda0101eee62.
Acesso em: 24 dez. 2020.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
Douglas Vargas Douglas Vargas

RESUMO 7) Indução de consumidor ou usuário em erro mediante afirmação falsa ou enganosa:


Induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa
Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e contra as sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a vei-
Relações de Consumo culação ou divulgação publicitária;
8) Dano em matéria-prima ou mercadoria para provocar alta de preço: Destruir, inutilizar
Todos os delitos ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito
contra as
O bem jurídico próprio ou de terceiros;
relações de São de ação penal
tutelado é a
consumo pública 9) Venda, manutenção em depósito, exposição à venda ou entrega de produto impróprio
própria relação
previstos no incondicionada para o consumo: Vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma,
de consumo.
texto da Lei n.
8.137/1990 entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo
Crimes contra a ordem tributária

1) Favorecimento ou preferência injustificada de comprador ou freguês: Favorecer ou pre-


Se o sujeito passivo
ferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo
Mero for a União ou
por intermédio de distribuidores ou revendedores; inadimplemento O bem jurídico
Autarquias Federais,
(deixar de pagar a competência para
2) Venda ou exposição à venda de mercadoria em desacordo com as prescrições legais tutelado é a ordem
processar e julgar
tributo) não tributária
ou classificação oficial: Vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especifi- constitui crime os crimes em
estudo será da
cação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não cor- Justiça Federal.
responda à respectiva classificação oficial;
3) Mistura de gêneros ou mercadorias para obtenção de lucro indevido: Misturar gêneros e
mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar Art. 1º.
gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço Condutas destinadas a suprimir ou reduzir tributos ou contribuições sociais por intermé-
estabelecido para os de mais alto custo; dio de meio fraudulento.
4) Fraude de preço mediante alteração não essencial ou de qualidade de bem ou serviço: Nos termos da Súmula Vinculante n. 24 do STF, é necessário o LANÇAMENTO DEFINITIVO
Fraudar preços por meio de: para o oferecimento da denúncia por crime de sonegação fiscal.
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como deno- Segundo a jurisprudência majoritária, o princípio da insignificância se aplica quando
minação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, quantia objeto da sonegação não ultrapassar R$ 20.000,00, que é o valor previsto na Lei n.
pintura ou acabamento de bem ou serviço; 10.522/2002.
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto; A lei apresenta apenas a modalidade dolosa de sonegação.
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; Art. 2º.
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação
Art. 2º, Inciso I
dos serviços;
5) Aumento de preço em venda a prazo mediante exigência de comissão ou taxa de juros • É crime formal, sendo que predomina na doutrina o entendimento de
que sua previsão constitui forma tentada dos crimes previstos no art.
ilegal: Elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de 1º.
comissão ou de taxa de juros ilegais; • Não se exige o lançamento definitivo do tributo.
6) Sonegação de produtos para descumprimento de oferta pública ou para fim de especu- • Não há previsão de modalidade culposa.
lação: Sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas • A consumação ocorre com a emissão da declaração falsa ou a
utilização do meio fraudulento.
condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
• Não se admite a tentativa.

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Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros Lei n. 8.137/1990 – Crimes contra a Ordem Tributária e Outros
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Art. 2º, Inciso II Art. 3º, II


• É forma especial do delito do art. 168-A do Código Penal.
• É forma especial dos delitos de concussão e de corrupção passiva
• É a chamada apropriação indébita tributária.
(Art. 316 e 317, CP).
• Não é considerada sonegação pois não requer fraude.
• Admite apenas a forma dolosa.
• Consuma-se com a mera exigência, solicitação ou aceitação da
promessa de vantagem (é crime formal).
• A consumação ocorre com o vencimento do prazo para o
recolhimento do tributo. • A tentativa é admissível.

Art. 2º, Inciso III Art. 3º, III


• É delito que se assemelha bastante à corrupção passiva e à
concussão. • É forma especial do delito de Advocacia Administrativa (Art. 321 CP).
• Entretanto, seu sujeito ativo é o particular, haja vista ser crime • Consuma-se com a mera intermediação realizada pelo agente público,
comum. independentemente de alcançar sucesso em relação à finalidade da
• Não admite a forma culposa. conduta.
• Consuma-se com a exigência, pagamento ou recebimento. Na
modalidade exigir, é crime formal. Crimes contra a ordem econômica
Os bens jurídicos tutelados pelas normas em estudo são a livre concorrência e a livre
Art. 2º, Inciso IV
iniciativa.
• É forma de desvio de finalidade do incentivo fiscal.
Art. 4º.
• É crime comum (praticável por qualquer pessoa).
• Consuma-se com o vencimento do prazo (na primeira modalidade) ou I – abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmen-
com a efetiva aplicação (na segunda modalidade). te, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;
Art. 2º, Inciso V II – formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
• É considerado pela doutrina como um "delito de informática".
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
• Na maioria dos casos, se torna crime-meio para o delito de b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
sonegação previsto no art. 1º c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.
• É crime comum, praticavel por qualquer pessoa.
• Admite apenas a modalidade dolosa.
• Consuma-se com a mera utilização ou divulgação.

Art. 3º.
São crimes funcionais contra a ordem tributária.

Art. 3º, Inciso I

• É forma especial do art. 314 do CP (Extravio, sonegação ou


inutilização de livro ou documento).
• Admite apenas a forma dolosa.
• Consuma-se com o pagamento indevido ou inexato do tributo.
• Admite-se a tentativa.

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Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo
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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – CDC (LEI N. 3.2. Fornecedor


8.078/90) Art. 3º da Lei n. 8.078/90:

É toda pessoa, seja física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como entes
despersonalizados, que desenvolve atividades de produção, montagem, criação, construção, trans-
formação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

3.3. Relação de Consumo


É a relação que se estabelece entre fornecedor e consumidor, cujo objeto são os produtos
ou serviços.

Serviço
Qualquer atividade fornecida no
Produto mercado de consumo, mediante
Qualquer bem, imóvel ou móvel, remuneração, inclusive as de natureza
material ou imaterial. bancária, financeira, de créditos e
securitária, salvo as decorrentes de
relações de caráter trabalhista.

1. Introdução
O Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) é uma norma extensa, que trata de
3.4. Pessoa Jurídica & CDC
diversos aspectos relacionados ao consumo. Nosso foco nesta aula estará no estudo dos ar-
Uma questão recorrente quanto à Lei n. 8.078/90 trata sobre a possibilidade de responsa-
tigos 63 a 74 do texto legal, tratando especificamente dos tipos penais relacionados ao tema
bilização de pessoas jurídicas por crimes contra o consumidor.
– bem como da jurisprudência e doutrina relevantes.
Nesse sentido, é muito importante perceber que crimes contra o consumidor não são si-
nônimo de crimes contra a economia popular, sobre os quais também versa a Constituição
2. Fundamento Constitucional
Federal, de modo que a responsabilização criminal da Pessoa Jurídica, nos termos do CDC,
A defesa do consumidor possui fundamento constitucional, nos termos do art. 5º da CF/88: não é possível!
“XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.

Não é possível a responsabilização criminal de pessoa jurídica por crime contra o consumidor.
3. Conceitos Básicos
Quando uma empresa é o fornecedor ou prestador de um determinado serviço, portanto, a
Antes de adentrar os crimes propriamente ditos, precisamos tratar de alguns conceitos es-
responsabilização pela prática de eventual crime contra o consumidor recairá sobre os proprie-
senciais para sua interpretação – conceitos esses que estão contidos no próprio texto do CDC.
tários ou sobre os funcionários, dependendo do caso concreto.
3.1. Consumidor
“É toda pessoa, seja física ou jurídica, que adquire ou utiliza produto ou serviço como des-
tinatário final.”. Art. 2º da Lei n. 8.078/90.

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3.5. Bem Jurídico Tutelado


O bem jurídico tutelado pelos crimes contra o consumidor, primariamente, são as relações
de consumo. Características
Ótimo! Uma vez analisados esses conceitos introdutórios, vamos para a análise dos tipos
penais contidos no CDC! Você verá como essa aula é interessante – não só para fins de prova,
mas para o nosso dia a dia, como consumidores.
• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o fornecedor
(caput) ou o prestador de serviços (parágrafo 1º).
4. Infrações Penais • A consumação do delito ocorre com o lançamento do produto no
mercado sem as informações necessárias (caput) ou quando se
4.1. Omissão de Dizeres ou Sinais Ostensivos sobre a Nocividade ou inicia a prestação de serviço sem a devida ciência da
periculosidade ao consumidor (parágrafo 1º)
Periculosidade de Produtos ou Serviços
• O delito admite a forma culposa.
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas
• A ação penal é pública incondicionada, e todas as condutas são
de menor potencial ofensivo.
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Pena – — detenção de seis meses a dois anos e multa.
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas osten-
sivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
§ 2º Se o crime é culposo: 4.2. Omissão na Comunicação da Nocividade ou Periculosidade de
Pena – — detenção de um a seis meses ou multa. Produtos
Segundo o próprio CDC, a regra geral é que os produtos e serviços colocados no mercado Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou pericu-
losidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
não causem riscos à saúde ou segurança dos consumidores. Na hipótese excepcional em que
Pena – — detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
a natureza do produto ou serviço envolva algum risco, a lei dispõe que o fornecedor informe o
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente
consumidor a esse respeito: quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma des-
te artigo.
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde
ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de
Nos termos do art. 10, parágrafo 1º, do CDC:
sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de
consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediata-
Ademais, a mesma responsabilidade se aplica aos fornecedores de produtos potencial- mente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
mente nocivos:
Dessa forma, quem vier a descumprir as normas acima, deixando de comunicar à autorida-
Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segu-
de competente e aos consumidores periculosidade descoberta após o lançamento do produto,
rança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosi-
ou deixar de retirar do mercado produtos perigosos após a determinação da autoridade com-
dade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
petente, incorrerá nas penas do art. 64.
A tipificação do art. 63 incide justamente para garantir o cumprimento dessas normas (art.
8º e 9º), responsabilizando penalmente aquele que se omitir e deixar se inserir informações
ostensivas a respeito da periculosidade de um determinado produto ou serviço.

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Características

• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o


fornecedor.
• A consumação do delito ocorre quando decorre tempo
suficiente para que o fornecedor informe ao mercado e
às autoridades sobre a periculosidade do produto – a
qual deve ter sido descoberta após o seu lançamento.
• Quanto à conduta do parágrafo 1º, a consumação ocorre
quando o fornecedor não retira o produto do mercado –
devendo ser consideradas as questões técnicas do caso
concreto, para avaliar qual o tempo efetivamente
necessário para a retirada.
• O delito é omissivo próprio, de modo que não admite a
forma tentada.
• A ação penal é pública incondicionada, e a conduta é de
menor potencial ofensivo.

4.3. Execução de Serviço de Alto Grau de Periculosidade


Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
Pois é, caro(a) aluno(a)! As montadoras de veículos, ao descobrirem algum tipo de defeito
competente:
que pode gerar risco para seus consumidores, não fazem o recall dos veículos por conta de
Pena – — detenção de seis meses a dois anos, e multa.
seu bom coração – mas simplesmente porque a autoridade competente pode lhes obrigar a
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão
fazê-lo, sob pena de incorrer na conduta do art. 64 do CDC! corporal e à morte.

O art. 65 trata de uma conduta que se assemelha bastante à de desobediência (Art. 330
do CP), haja vista que o autor contraria determinação de autoridade competente. No entanto,
tal tipo penal tem por objetivo incidir sobre conduta mais específica, agravando a conduta do
fornecedor que desobedece a determinação da autoridade e realização serviço de alto grau de
periculosidade em tais condições.

Por alto grau de periculosidade entende-se a exposição do consumidor a risco iminente e grave.

A conduta pode até mesmo expor o próprio prestador de serviço ou fornecedor ao risco
– mas para a doutrina, a lei se refere efetivamente ao risco relacionado aos destinatários do
serviço prestado.

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4.4.1. Diferenciação
Os delitos previstos no CDC, por vezes, são muito parecidos, e acabam causando confu-
Características
são na hora da prova. Por esse motivo, observe a tabela abaixo, que contém algumas dicas
importantes:

• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o prestador do


serviço.
• É crime de perigo abstrato, que se consuma com a mera Venda de mercadoria falsificada
Omissão sobre a periculosidade ou deteriorada, como se fosse
prestação do serviço. do produto em sua embalagem ou perfeita:
• A tentativa é admissível. invólucro:
• Lembre-se que o delito do art. 65 não é absorvido em caso de Art. 175 do Código Penal
Art. 63 do CDC.
lesão corporal ou morte. Por expressa previsão legal, se tais (Fraude no comércio)
resultados ocorrerem, a pena de ambos os delitos deverá ser
somada.
• A ação penal é pública incondicionada.

Fazer afirmação falsa ou omitir


4.4. Propaganda Enganosa informação relevante de modo a
Fazer afirmação falsa em
campanha publicitária:
concretizar um negócio:
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, carac- Art. 67 do CDC
terística, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produ- (Estudaremos a seguir)
Art. 66 do CDC.
tos ou serviços:
Pena – — detenção de três meses a um ano e multa.
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
§ 2º Se o crime é culposo: Características
Pena – — detenção de um a seis meses ou multa.
• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o
O art. 6º do CDC, em seu inciso III, garante ao consumidor o direito à informação adequada fornecedor ou o patrocinador do produto ou
e clara sobre os produtos por ele adquiridos: serviço.
• É crime formal, cuja consumação ocorre com a
São direitos básicos do consumidor: afirmação falsa ou com a omissão quanto à
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação cor- informação relevante. A aquisição do produto não é
reta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como necessária para a consumação do delito.
sobre os riscos que apresentem; • A tentativa só é possível na figura comissiva.
• A ação penal é pública incondicionada.
Dessa forma, na hipótese em que o vendedor de um determinado produto faça afirmações
falsas com o objetivo de concretizar um negócio, incorrerá nas penas do art. 66.

4.5. Publicidade Enganosa


É possível também a configuração do delito através de omissão, na qual informações relevan-
tes não são fornecidas à vítima. “Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusi-
va: [...] Pena: Detenção de três meses a um ano e multa.”
Não confunda a publicidade enganosa (Art. 67) com a propaganda enganosa (Art. 66). No
delito em estudo, estamos diante de mera propagação de publicidade enganosa ou abusiva!

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Tal delito busca garantir o direito do consumidor à proteção contra publicidade abusiva ou
enganosa, o que está previsto expressamente no art. 6º, parágrafo 4º do CDC.
Características

• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo é o


Publicidade abusiva responsável pela empresa e os funcionários do
Contém conteúdo departamento de marketing, se for o caso.
discriminatório, que incite • Existe a possibilidade de responsabilização de
Publicidade enganosa violência, explore medo ou orgãos de comunicação (como jornais, emissoras
supertição, que se aproveita da de tv) em casos de evidente publicidade enganosa,
Contém informação falsa,
deficiência de julgamento ou visto que tais órgãos tem o dever de recusar a
ainda que parcialmente, ou
da inocência da criança, que divulgação da peça publicitária nesses casos.
capaz de induzir o consumidor
desrespeite valores ambientais
em erro. • A consumação ocorre com a veiculação da
ou que seja capaz de induzir o
consumidor a se comportar de publicidade. É crime formal, de modo que nenhum
forma prejudicial ou perigosa à outro resultado é necessário.
sua saúde ou segurança. • A tentativa é admissível, segundo a doutrina.
• A açao penal é pública incondicionada.

Dependendo do caso concreto, uma campanha publicitária que incitar preconceito racial pode
ser enquadrada como delito de racismo. Além disso, é possível também a configuração do
4.6. Publicidade Capaz de Provocar Comportamento Perigoso
delito de incitação ou apologia ao crime no caso de campanhas que estimulem atividades ou Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor
fatos delituosos. a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
Pena – — detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Segundo a doutrina, para a configuração do delito em estudo, é necessário que o autor sai-
ba que a publicidade é falsa ou abusiva, ou que ao menos devesse saber disso (dolo eventual). O CDC declara, em seu art. 37, que a publicidade capaz de induzir o consumidor a se com-
portar de forma perigosa à sua saúde ou segurança é efetivamente abusiva.
Nesse sentido, o art. 68 criminaliza a conduta daquele que faz ou promove publicidade
capaz de causar esse tipo de comportamento por parte do consumidor.

EXEMPLO
Pode incorrer nesse tipo penal aquele que promover publicidade incentivando o consumo
excessivo de álcool, ou que o consumidor utilize seu veículo esportivo com excesso de veloci-
dade, por exemplo.

Agora você sabe porque nunca utilizaram o filme Velozes e Furiosos como peça publicitária
para a venda de veículos!

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Características Características
• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo são os
profissionais responsáveis pela elaboração da • Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo
publicidade. são os responsáveis pela empresa que
• Existe a possibilidade de responsabilização de fornece os dados.
orgãos de comunicação (como jornais, emissoras • O delito se consuma com a realização
de tv) em casos de flagrante ilegalidade da peça
publicitária, visto que tais órgãos tem o dever de
efetiva da publicidade. Se o agente não
recusar a divulgação da peça publicitária nesses organiza os dados mas decide não veicular
casos. a peça publicitária, o fato é atipico!
• A consumação ocorre com a veiculação da • O crime é omissivo próprio, de modo que
publicidade. É crime formal, de modo que nenhum não admite a tentativa.
outro resultado é necessário.
• A tentativa é admissível, segundo a doutrina. • A açao penal é pública incondicionada.
• A açao penal é pública incondicionada.

4.7. Omissão na Organização de Dados que Embasam Publicidade


4.8. Emprego de Peças ou Componentes de Reposição Usados sem o
“Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicida- Consentimento do Consumidor
de: [...] Pena — detenção de um a seis meses ou multa.”.
Para que o empresário ou fornecedor possa veicular uma determinada publicidade, o CDC “Art. 70. Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados,
determina que ele mantenha em seu poder os dados científicos que dão embasamento à men- sem autorização do consumidor: [...] Pena — detenção de três meses a um ano e multa.”.
sagem por ele veiculada. Esse delito é simples e infelizmente, bastante comum. O contratado emprega, numa repa-
Obviamente, não se pode admitir a veiculação de propaganda afirmando características ou ração de determinado produto, uma peça velha, usada, recondicionada, sem a autorização do
qualidades de um produto que não possuem qualquer embasamento na realidade. consumidor.
Note que a autorização do consumidor para a utilização do componente usado exclui o
EXEMPLO crime. Tal autorização pode ser expressa (seja na forma escrita ou verbal) ou tácita (quando o
Se uma peça publicitária informa que o produto é o mais resistente ou que é recomendado por consumidor procura uma loja especializada na utilização de peças retificadas, por exemplo).
90% dos dentistas, por exemplo, deve haver uma pesquisa realizada que comprove tais afir-
mações.
O art. 70 trata unicamente da conduta de empregar um componente usado na reparação de
produtos, sem a autorização do consumidor. Se o consumidor pagar o preço de uma peça
Note que este delito trata da mera falta de documentação que demonstre como se chegou à nova, face à utilização de peça utilizada, o delito é mais grave (fraude no comércio, art. 175,
informação. Lembre-se que se a informação é FALSA, o delito é o de publicidade enganosa! II, Código Penal).

A diferença é sutil, mas é muito importante. Veja dois exemplos que permitem interpretar
melhor a norma em estudo:

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Outro delito simples, que trata da cobrança abusiva de determinada dívida – cobrança essa
Consumidor leva seu feita diretamente ao consumidor, e não através do poder judiciário.
Consumidor leva seu carro para manutenção
Consumidor leva
carro para regular.
produto, ainda em
garantia, para
manutenção, pois há
um defeito nos freios.
O fornecedor engana o Coação & Ameaça
manutenção. consumidor, e cobra
O fornecedor faz a pela peças do ar-
A assistência técnica
substitui a peça
troca dos condicionado, sem na • A coação aqui deve ser física.
componentes por verdade, realizar
estragada por outra
que está funcionando
peças usadas, mas manutenção alguma. • Se a ameaça e coação forem utilizados
– mas que é
cobra do cliente o
valor de peças novas
Ocorre a prática do para cobrança de dívida que não
recondicionada.
Ocorre a prática do art.
delito de
ESTELIONATO (Art.
envolve relações de consumo,
Ocorre a prática do art.
70, CDC.
175, II, CP 171 CP) configura-se o delito de exercício
Há a mera utilização da
Há utilização da peça Não há troca de uma arbitrário das próprias razões (Art. 345
usada e a cobrança de mercadoria por outra, o
peça recondicionada.
peça nova. que afasta a incidência CP).
do art. 175.

Ao realizar a cobrança da dívida, portanto, o credor não pode se valer das seguintes condutas:
Características

• Trata-se de crime próprio, cujo sujeito Coação / Ameaça

ativo é o fornecedor.
• O delito se consuma no momento da
devolução do produto que foi objeto da Constrangimento (Físico ou
manutenção ao consumidor. O delito se Moral)

configura mesmo que a falha tenha


sido sanada – o tipo penal não exige
prejuízo efetivo ao consumidor. Condutas vedadas no ato da
cobrança
Utilização de afirmações falsas
ou enganosas
• A tentativa é admissível.
• A açao penal é pública incondicionada.
Exposição injustificada do
devedor ao ridículo
4.9. Cobrança Abusiva ou Vexatória
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afir-
mações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consu- Cobrança realizada de forma que
midor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: interfira no trabalho, descanso ou
Pena – — detenção de três meses a um ano e multa. lazer do devedor.

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Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo
Douglas Vargas Douglas Vargas

Uma vez que o consumidor identifica algum tipo de inexatidão em seus dados, o CDC lhe
garante o direito à imediata correção, concedendo o prazo de cinco dias úteis para o respon-
Características
sável comunicar a alteração aos seus eventuais destinatários.
Se o responsável pela informação tomar ciência de sua inexatidão e deixar de tomar as
• O sujeito ativo do delito é o fornecedor ou quem
providências para a sua correção, portanto, incorrerá no delito do art. 73 do CDC.
efetua a cobrança em seu nome.
• O delito é de mera conduta e se consuma no
instante em que a cobrança abusiva é realizada. Características
• A tentativa é admissível apenas se a cobrança é
realizada de forma escrita. • O sujeito ativo é a pessoa responsável por realizar a
correção e que se omita, de forma dolosa, de fazê-
• A açao penal é pública incondicionada. lo.
• A consumação do delito ocorre com o decurso do
prazo de cinco dias úteis concedidos pelo CDC para
4.10. Criação de Óbice ao Consumidor acerca de suas Informações a correção dos dados inexatos.
Cadastrais • É crime omissivo próprio, motivo pelo qual não se
admite a forma tentada.
“Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele cons- • A ação penal é pública incondicionada.
tem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: [...] Pena — detenção de seis meses a
um ano ou multa.”.
O CDC garante ao consumidor o acesso às informações sobre ele que constem em diver-
4.12. Omissão na Entrega do Termo de Garantia ao Consumidor
sos tipos de cadastros e registros. Não se pode, por exemplo, deixar de informar ao consumi-
“Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preen-
dor por qual motivo seu nome foi inscrito em determinado órgão de proteção ao crédito.
chido e com especificação clara de seu conteúdo: [...] Pena — detenção de um a seis meses
ou multa.”.
Características A regra geral do CDC é que, no ato de fornecimento de produtos não duráveis, o fornecedor
ofereça garantia mínima de trinta dias.
• O sujeito ativo pode ser qualquer indivíduo que tenha
controle sobre as informações em questão. Já no caso de produtos duráveis, a lei garante ao consumidor a garantia de noventa dias.
• A consumação do delito ocorre no momento em que o Ambos os casos dispensam o termo de garantia, haja vista que são fruto de determinação legal.
autor impede ou dificulta o acesso do consumidor às Entretanto, quando o fornecedor oferece garantia extra, contratual, complementar à garan-
informações. tia legal, deve fazê-lo sempre de forma escrita e entregue ao consumidor no ato da compra.
• É crime de mera conduta, que não depende de Se deixar de fazê-lo, dolosamente, ou se o fizer mas com preenchimento parcial ou sem o
ocorrência de prejuízo para sua consumação. devido preenchimento do termo, incorrerá no delito em estudo!
• A tentativa é inadimissível.
• A ação penal é pública incondicionada.

4.11. Omissão na Correção de Dados Cadastrais do Consumidor


Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, ban-
co de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena – — detenção de um a seis meses ou multa.

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Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo Lei n. 8.078/1990 - Crimes contra as Relações de Consumo
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III – — a prestação de serviços à comunidade.
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este código, será fixado pelo juiz, ou pela autori-
Características
dade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional
• O sujeito ativo é o fornecedor e seus funcionários que, (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
dolosamente, deixem de entregar ou de preencher corretamente Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá
o termo de garantia. ser:
• O delito se consuma no momento em que o responsável deveria
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
entregar o termo adequadamente e não o faz.
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
• Não é necessário que ocorra prejuízo ao consumidor para a
configuração do delito. Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e
• Não se admite a tentativa, haja vista que estamos diante de contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministé-
crime omissivo próprio. rio Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor
• A ação penal é pública incondicionada. ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

4.12.1. Observações Finais

Para finalizar, devemos apontar a importância dos artigos 76 (rol de agravantes genéricas
aplicáveis aos crimes contra o consumidor), 77 (pena pecuniária, 78 (penas restritivas de di-
reitos aplicáveis aos delitos em estudo), 79 (fiança) e 80 (intervenção) os quais merecem ser
lidos na íntegra pelo aluno:

Art. 76: São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código:
I – — serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;
II – — ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
III – — dissimular o agente a natureza ilícita do procedimento;
IV – — quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente supe-
rior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de
pessoas portadoras de deficiência
mental interditadas ou não;
V – — serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros
produtos ou serviços essenciais.
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao míni-
mo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na individu-
alização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1º do Código Penal.
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou al-
ternadamente, observado o disposto
nos arts. 44 a 47, do Código Penal:
I – — a interdição temporária de direitos;
II – — a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do
condenado, de notícia sobre os
fatos e a condenação;

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RESUMO • Por alto grau de periculosidade entende-se a exposição do consumidor a risco iminente
e grave.
Consumidor
• É toda pessoa, seja física ou jurídica, que adquire ou utiliza produto ou serviço como Propaganda Enganosa
destinatário final. • Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza,
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço
Fornecedor ou garantia de produtos ou serviços.
• É toda pessoa, seja física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem • É possível também a configuração do delito através de omissão, na qual informações
como entes despersonalizados, que desenvolve atividades de produção, montagem, relevantes não são fornecidas à vítima.
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comerciali-
zação de produtos ou prestação de serviços. Publicidade Enganosa
• Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva.
Relação de Consumo
• É a relação que se estabelece entre fornecedor e consumidor, cujo objeto são os produ-
tos ou serviços. Publicidade abusiva
Contém conteúdo
discriminatório, que incite
Serviço Publicidade enganosa violência, explore medo ou
Qualquer atividade fornecida no supertição, que se aproveita da
Produto Contém informação falsa,
mercado de consumo, mediante deficiência de julgamento ou
ainda que parcialmente, ou
Qualquer bem, imóvel ou móvel, remuneração, inclusive as de natureza da inocência da criança, que
material ou imaterial. bancária, financeira, de créditos e capaz de induzir o consumidor
desrespeite valores ambientais
securitária, salvo as decorrentes de em erro.
relações de caráter trabalhista. ou que seja capaz de induzir o
consumidor a se comportar de
forma prejudicial ou perigosa à
• Não é possível a responsabilização criminal de pessoa jurídica por crime contra o con-
sua saúde ou segurança.
sumidor.

Infrações Penais
Omissão de Dizeres ou Sinais Ostensivos sobre a Nocividade ou Periculosidade Publicidade Capaz de Provocar Comportamento Perigoso
de Produtos ou Serviços • Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consu-
• Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, midor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança.
nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade.
Omissão na Organização de Dados que Embasam Publicidade
Omissão na Comunicação da Nocividade ou Periculosidade de Produtos • Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade.
• Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou peri- • Note que este delito trata da mera falta de documentação que demonstre como se che-
culosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado. gou à informação. Lembre-se que se a informação é FALSA, o delito é o de publicidade
enganosa!
Execução de Serviço de Alto Grau de Periculosidade
• Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autorida-
de competente.

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Emprego de Peças ou Componentes de Reposição Usados sem o Consentimen-


to do Consumidor
• Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados, sem
autorização do consumidor.

Consumidor leva seu


Consumidor leva seu carro para manutenção
Consumidor leva
carro para regular.
produto, ainda em
manutenção, pois há O fornecedor engana o
garantia, para
um defeito nos freios. consumidor, e cobra
manutenção.
O fornecedor faz a pela peças do ar-
A assistência técnica
troca dos condicionado, sem na
substitui a peça
componentes por verdade, realizar
estragada por outra
peças usadas, mas manutenção alguma.
que está funcionando
cobra do cliente o Ocorre a prática do
– mas que é
valor de peças novas delito de
recondicionada.
Ocorre a prática do art. ESTELIONATO (Art.
Ocorre a prática do art.
175, II, CP 171 CP)
70, CDC.
Há utilização da peça Não há troca de uma
Há a mera utilização da
usada e a cobrança de mercadoria por outra, o
peça recondicionada.
peça nova. que afasta a incidência
do art. 175.

Cobrança Abusiva ou Vexatória


• Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que ex-
ponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descan-
so ou lazer.

Criação de Óbice ao Consumidor acerca de suas Informações Cadastrais


• Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, banco de dados, fichas e registros.

Omissão na Correção de Dados Cadastrais do Consumidor


• Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro,
banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata.

Omissão na Entrega do Termo de Garantia ao Consumidor


• Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e
com especificação clara de seu conteúdo.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Neste sentido, para conferir maior segurança ao respeito do subprincípio da

probidade, a Constituição Federal estabeleceu, em seu artigo 37, § 4º, as seguintes


1. Conceito de Improbidade e Disposições Constitucionais consequência para a prática dos atos de improbidade:

Para compreendermos as disposições concernentes à lei da improbidade admi- Art. 37.


§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políti-
nistrativa, devemos, em um primeiro momento, entender a origem da prática dos cos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
atos de improbidade. na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Assim, devemos fazer menção ao princípio da moralidade, que, em sentido


Tal artigo, no entanto, trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, ca-
amplo, comporta os subprincípios da probidade, decoro e boa-fé. Como é sabi-
recendo, quando da promulgação da Constituição Federal, de regulamentação para
do, a moralidade é um princípio constitucionalmente estabelecido, de forma a ser
a produção de efeitos jurídicos.
observado pelos órgãos e entidades de todos os entes federativos, independente-
Dessa forma, foi com a edição, em 1992, da Lei n. 8.429/1992, conhecida como
mente de estarmos no âmbito do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Lei da Improbidade Administrativa, que o legislador infraconstitucional estabe-
Não respeitar a moralidade ou qualquer um de seus subprincípios acarreta a
leceu as regras e procedimentos a serem observados quando da prática de atos de
anulação do ato administrativo praticado.
improbidade.

É importante salientar que a Lei n. 8.429/1992 é uma lei nacional, sendo,

por isso mesmo, de observância obrigatória por parte da administração direta e

indireta de todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e

Municípios).

Todas as regras que iremos ver, a partir de agora, são oriundas do mencionado

diploma legal.

2. Sujeitos da Ação de Improbidade

Analisar os sujeitos ativo e passivo da Lei de Improbidade Administrativa é com-

preender quais partes figuram no polo ativo e passivo da relação jurídica instaurada

com o cometimento da improbidade.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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Ao passo que os sujeitos ativos são aqueles que podem vir a cometer atos de Aprendendo na Prática

improbidade administrativa e a figurar no polo passivo da respectiva ação, os sujei- Jaime foi escolhido para ser jurado em um Tribunal do Júri, oportunidade em que
tos passivos são as pessoas jurídicas vítimas dos atos ímprobos, figurando, quando desempenhará uma função pública de caráter transitório e sem remuneração.
da instauração da ação de improbidade, no polo ativo. Caso Jaime pratique alguma das condutas elencadas como atos de improbidade

administrativa, deverá, nos termos legais, ser responsabilizado com base nas dis-

posições da Lei n. 8.429/1992.

O conceito de sujeito ativo, entretanto, não compreende apenas as pessoas

que tenham algum tipo de vínculo com o Poder Público, abrangendo também as

pessoas que, ainda que não sejam titulares de cargo, emprego ou função pública,

induzam ou concorram para a prática de improbidade administrativa.

Neste sentido é a previsão da Lei n. 8.429/1992, conforme disposição do seu

artigo 3º:

2.1. Sujeitos Ativos Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Os sujeitos ativos, como já mencionado, são as pessoas que podem vir a come-

ter atos que sejam configurados como improbidade administrativa. Assim, chegamos a constatação que duas são as classes de pessoas que
De acordo com o artigo 2º da Lei n. 8.429/1992, extraímos a relação de pessoas podem figuram como sujeito ativo dos atos de improbidade administrativa: os
com vínculo com o Poder Público que podem vir a se tornar sujeito passivo da ação que mantenham algum vínculo com o Poder Público, ainda que transitório ou
de improbidade. sem remuneração, e os particulares que induzam ou concorram para a prática
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, de improbidade.
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Trata-se de um conceito extremamente amplo de agente público, de forma que

mesmo aqueles que exerçam suas atribuições em caráter transitório ou ainda que sem

remuneração são considerados, para efeitos legais, como possíveis sujeitos ativos.

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Jurisprudência para Concursos

Neste sentido já decidiu o STJ, no REsp 1155992, de seguinte teor:

1. Os arts. 1º e 3º da Lei n. 8.429/1992 são expressos ao prever a responsabilização


de todos, agentes públicos ou não, que induzam ou concorram para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer forma, direta ou indireta.
2. Não figurando no polo passivo qualquer agente público, não há como o particular
figurar sozinho como réu em Ação de Improbidade Administrativa.

Durante muito tempo, a doutrina se dividia acerca da possibilidade de as pes-

soas jurídicas virem a figurar como sujeito ativo dos atos de improbidade adminis-

trativa. Tal controvérsia foi sanada no julgamento do REsp 970.393, de autoria do

STJ, que decidiu que as pessoas jurídicas, tal como ocorre com os agentes públicos,
No entanto, temos que fazer uma importante distinção no que se refere às duas podem perfeitamente concorrer para a prática dos atos de improbidade.
classes de pessoas que podem vir a figurar como sujeito ativo dos atos de improbidade:
Considerando que as pessoas jurídicas podem ser beneficiadas e condenadas por atos
• Para que o agente público venha a figurar como sujeito ativo, basta que ímprobos, é de se concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de
uma demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios.
ele tenha agido com dolo (intencionalmente) ou com culpa (por negligência,

imperícia ou imprudência). Durante muito tempo, o entendimento consolidado pelas bancas organizadoras

• Para que o particular (que tenha induzido ou concorrido para a improbida- era de que as disposições da Lei de Improbidade Administrativa não se aplicavam

de) figurar como sujeito ativo, faz-se necessário, obrigatoriamente, que ele aos agentes políticos que estivessem sujeitos às disposições da Lei n. 1.079, de

tenha agido com dolo, ou seja, que tenha havido a intenção do particular em 1950 (Lei dos Crimes de Responsabilidade).

cooperar para a improbidade. Tal entendimento podia ser verificado, por exemplo, no âmbito da reclamação

2138-DF, de autoria do STF:


Trata-se de uma regra que faz todo o sentido, uma vez que a participação do
Os atos de improbidade administrativa são tipificados como crime de responsabilidade
particular, ainda que tenha sido de extrema importância para a caracterização da ir- na Lei n. 1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. II. Distinção entre os
regimes de responsabilização político-administrativa. O sistema constitucional brasileiro
regularidade, jamais seria capaz, por si só, de gerar a improbidade administrativa. distingue o regime de responsabilidade dos agentes políticos dos demais agentes públi-
cos. A Constituição não admite a concorrência entre dois regimes de responsabilidade
Para a configuração do ilícito, faz-se necessária a existência de um elo de ligação
político-administrativa para os agentes políticos: o previsto no art. 37, § 4º (regulado
com o serviço público, condição que é preenchida pelo respectivo agente público. pela Lei n. 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, c, (disciplinado pela Lei n.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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1.079/1950). Se a competência para processar e julgar a ação de improbidade (CF, art. Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que aten-
37, § 4º) pudesse abranger também atos praticados pelos agentes políticos, submeti- tem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
dos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma interpretação ab-rogante do V – a probidade na administração;
disposto no art. 102, I, c, da Constituição. II. Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da
Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de res-
No mencionado julgado, o STF afirma a impossibilidade de os agentes públicos ponsabilidade.

virem a ser responsabilizados por dois regimes distintos. No caso em tela, afir-

mou-se que os Ministros de Estado não responderiam pela prática de improbidade

administrativa, com base nas disposições da Lei n. 8.429/1992, uma vez que já se Para fins de prova, levaremos os seguintes entendimentos:

encontravam regidos pelas normas da Lei n. 1.079/1950. • Todos os agentes administrativos estão sujeitos às disposições da Lei n.

Com a decisão, o STF diferenciou os atos de improbidade administrativa das 8.429/1992 no que se refere aos atos de improbidade administrativa.

condutas que acarretam crime de responsabilidade, de forma que os agentes que • Os agentes políticos, de acordo com entendimento recente do STF, estão su-

se encontram regidos pelas disposições deste último regime (crime de responsabi- jeitos a uma dupla responsabilização: tanto por crime de responsabilidade

lidade) não podem responder por improbidade administrativa. quanto por atos de improbidade administrativa.

Contudo, em decisão histórica, proferida no final de 2015, o STF, em decisão • O Presidente da República, em caráter de exceção, não está sujeito a esta

unânime, inverteu a posição que até então defendia, assegurando que os agentes dupla responsabilização, mas, sim, apenas ao regramento estabelecido na

políticos estão sujeitos a uma “dupla normatividade em matéria de improbidade, Constituição Federal.
com objetivos distintos” Pet 3.923/SP.
2.2. Sujeitos Passivos
“Professor, isso significa que todos os agentes políticos estão sujeitos

à dupla responsabilização (por crime de responsabilidade e com base nas Os sujeitos passivos, de maneira contrária, são as pessoas jurídicas que são
regras de improbidade administrativa)?” lesadas pela prática de improbidade administrativa, passando a figurar, quando da
Quase todos! De acordo com o STF, em decisão proferida no AC 3585 AgR/RS, respectiva ação, no polo ativo da demanda.
todos os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, estão sujeitos De acordo com a Lei n. 8.429/1992, são as seguintes as pessoas que podem
à dupla responsabilização. figurar em tal situação (extração do artigo 1º):
A exceção ao Presidente da República ocorre na medida em que tal agente pos- • Administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode-
sui um regramento para as ações de improbidade administrativa previsto na pró- res da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de
pria Constituição Federal, que possui a seguinte redação: Território;

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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• Empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja prejuízo ao erário, atos que atentam contra os princípios da administração

criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de pública e atos que violam a legislação do ISS no que se refere aos benefí-

cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual; cios financeiros ou tributários.

• Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou credi- A depender da configuração em cada uma das espécies, diversas sanções de

tício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o natureza administrativa, cível e política são aplicadas aos responsáveis.

erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento Frisa-se que o conhecimento das ações de improbidade administrativa elenca-
das exemplificativamente pela Lei n. 8.429/1992 é um dos temas mais exigidos
do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
em provas de concursos públicos, sendo bastante comum as bancas apresentarem
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
uma conduta ímproba e exigirem do candidato qual a classificação com base na

Tais entidades, conforme mencionado, são as que são lesadas com a prática de norma legal.

atos de improbidade administrativa, vindo a figurar, no âmbito da relação proces- Assim, antes de conhecermos as condutas previstas no texto da Lei n. 8.429/1992,

sual instaurada com a ação de improbidade, no polo ativo da demanda. precisamos conhecer um método que possibilita a rápida resolução deste tipo de
questão sem a eventual necessidade que o candidato memorize todas as
É importante salientar, neste sentido, que o Ministério Público, ainda que não
condutas previstas em lei.
seja uma das entidades relacionadas expressamente pela Lei n. 8.429/1992, pode
• Enriquecimento ilícito: o agente público é quem recebe vantagem indevida.
figurar, tal como as demais pessoas jurídicas, no polo ativo da ação.
• Prejuízo ao erário: um terceiro (que não o agente público) recebe a vantagem
O fundamento para tal atuação é a defesa, por parte do Ministério Públi-
ou alguma norma prevista em lei ou regulamento não é observada.
co, dos interesses públicos indisponíveis, conforme previsão no artigo 127 da
• Violação aos princípios: situações que não geram, por si só, vantagem inde-
Constituição Federal:
vida ao agente público ou a terceiros.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional • Violação da legislação do ISS: situações relacionadas com benefícios financei-
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
ros ou tributários.

3. Atos de Improbidade Administrativa Aprendendo na Prática


Caso um agente público utilize bens da administração pública para a realização de
A Lei n. 8.429/1992 apresenta, a depender da conduta do agente público ou atividades particulares, estamos diante de uma conduta que representa uma van-

de terceiros relacionados, quatro espécies de atos de improbidade administrativa, tagem direta ao servidor, uma vez que é ele que será beneficiado com a utilização

sendo elas: atos que importam em enriquecimento ilícito, atos que causam dos bens. Logo, trata-se de enriquecimento público.

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Caso o agente público apenas permita que os bens da repartição sejam utilizados, VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro ser-
em atividades particulares, por terceiros, nota-se que não é o servidor quem está viço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou
bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
recebendo diretamente a vantagem, mas, sim, um terceiro alheio ao serviço públi-
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou fun-
co. Neste caso, estamos diante de um ato que causa prejuízo ao erário. ção pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
Caso o agente público, notificado pela administração, não preste suas contas no VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessora-
prazo legal, estaremos diante de uma conduta que não causa, por si só, vantagem mento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante
ao servidor ou a terceiros. Por exclusão, estamos diante de um ato que atenta a atividade;
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
contra os princípios da administração pública.
pública de qualquer natureza;
X – receber vantagem econômica de qualquer
3.1. Atos que Importam Enriquecimento Ilícito natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração
a que esteja obrigado;
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
Estabelece o artigo 9º da Lei n. 8.429/1992 uma série de condutas que resultam integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

na mais grave das espécies de improbidade administrativa: XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei.
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
3.2. Atos que Causam Prejuízo ao Erário
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra As condutas que são configuradas como prejuízo ao erário estão previstas, de
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratifica-
forma exemplificativa, no artigo 10 da Lei n. 8.429/1992.
ção ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; Tais atos de improbidade administrativa possuem a peculiaridade de poder re-
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, per-
muta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades sultar tanto de condutas omissivas quanto comissivas do agente público. Da mes-
referidas no art. 1º por preço superior ao valor de mercado;
ma forma, podem dar ensejo à lesão ao erário atos dolosos (com intenção) ou
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, per-
muta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço culposos (em que houve a imperícia, a negligência ou a imprudência do
inferior ao valor de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou ma- agente estatal).
terial de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre- Lei N. 8.429/1992
gados ou terceiros contratados por essas entidades; Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; desta lei, e notadamente:

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I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio parti- XVIII – celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a ob-
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de con-
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, tas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencio- XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
nadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamen- privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
tares aplicáveis à espécie; para a sua aplicação irregular.
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qual-
privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
para a sua aplicação irregular.
legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patri-
mônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de 3.3. Atos que Atentam Contra os Princípios da Administração
serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço Pública
superior ao de mercado;
VI – realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares
ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
Por fim, temos os atos de improbidade administrativa que atentam contra
VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades
os princípios da administração pública. Em tais situações, ainda que não tenha
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração ocorrido a vantagem do agente público ou de terceiros, certos princípios ou deveres
de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; do Poder Público deixaram de ser observados.
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz
Relaciona-se abaixo tais condutas, com a menção ao princípio ou dever que dei-
respeito à conservação do patrimônio público;
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de xou de ser observado pelo agente público:
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipa-
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
mentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor públi-
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
co, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
na regra de competência; (Legalidade)
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; (Poder-Dever de Agir)
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. deva permanecer em segredo; (Publicidade)
XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio par- IV – negar publicidade aos atos oficiais; (Publicidade)
ticular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transfe- V – frustrar a licitude de concurso público; (Impessoalidade)
ridos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; (Probidade)
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mer-
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade cadoria, bem ou serviço; (Publicidade)
privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de
ou regulamentares aplicáveis à espécie; parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas. (Legalidade)

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IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legisla-


ção. (Legalidade)
X – transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área
de saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, Letra e.
nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.
(Legalidade) No caso de prejuízo ao erário, o agente público sofrerá, dentre outras, as seguintes

sanções:
3.4. Atos Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de • suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos;
Benefício Financeiro ou Tributário • pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano;

• proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-


A Lei Complementar n. 157, de 2016, instituiu uma nova modalidade de atos de
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
improbidade administrativa.
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
De acordo com a Lei n. 8.429/1992, enquadra-se em tal modalidade qualquer

ação ou omissão destinada a conceder, aplicar ou manter benefício financei-

ro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Com- 4. Características dos Atos de Improbidade Administrativa
plementar n. 116, de 31 de julho de 2003 (que é a norma relacionada com o ISS).
Como se percebe, as quatro grandes espécies de atos de improbidade adminis-

trativa estão hierarquizadas de acordo com a lesão sofrida pelo patrimônio público.

Dessa forma, sempre que um ato cause enriquecimento ilícito, ainda que possa

Questão 1    (FCC/MPE PB/TÉCNICO MINISTERIAL/2015) Christian, Técnico do Mi- recair em outra hipótese de ilícito (prejuízo ao erário ou desobediência aos princí-

nistério Público do Estado da Paraíba, agiu negligentemente no que diz respeito à pios da administração), será configurado como pertencente ao primeiro caso.

conservação do patrimônio público, causando prejuízo ao erário. Portanto, estará


Jurisprudência para Concursos
sujeito, dentre outras sanções previstas na Lei n. 8.429/1992, à

a) multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração recebida pelo servidor. Neste sentido, inclusive, já decidiu o STJ, conforme se observa do julgamento

b) proibição de receber benefícios fiscais pelo prazo de 10 anos. do Recurso Especial 1.075.882, de seguinte teor:

c) multa civil de até 3 vezes o valor do dano. 1. A Lei de Improbidade Administrativa visa a tutela do patrimônio público e da mo-
ralidade, impondo aos agentes públicos e aos particulares padrão de comportamento
d) proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de 8 anos. probo, ou seja, honesto, íntegro, reto.

e) suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.

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2. A Lei n. 8.429/1992/92 estabelece três modalidades de improbidade administrativa,


previstas nos arts. 9º, 10 e 11, a saber, respectivamente: enriquecimento ilícito, lesão
ao erário e violação aos princípios norteadores da Administração Pública.
3. A conduta prevista no art. 9º da LIA (enriquecimento ilícito) abrange, por sua ampli-
tude, as demais formas de improbidade estabelecidas nos artigos subsequentes. Desta
maneira, a violação aos princípios pode ser entendida, em comparação ao direito penal,
como “soldado de reserva”, sendo, aplicada, subsidiariamente, isto é, quando a conduta
ímproba não se subsumi nas demais formas previstas.

Outro ponto importante se refere à necessidade da existência de dolo ou culpa

para a caracterização de cada uma das hipóteses elencadas nas quatro espécies de

atos de improbidade.

De acordo com a doutrina majoritária, as condutas que resultam em enrique-

cimento ilícito ou em desrespeito aos princípios da administração pública

necessitam, para a sua configuração, da presença de dolo (intenção) do agente

público para a sua configuração. Dessa forma, a simples conduta culposa do agente

não enseja a configuração de improbidade administrativa nas espécies enriqueci- Questão 2    (FCC/MPE PB/TÉCNICO MINISTERIAL/2015)

mento ilícito e lesão aos princípios da administração pública. Atenção: responda à questão de acordo com a Lei n. 8.429/1992 (Improbidade

Nos casos de prejuízo ao erário, por sua vez, a improbidade estará confi- Administrativa).

gurada tanto nas hipóteses de dolo quanto nas condutas praticadas com O Ministério Público do Estado da Paraíba ingressou com ação de improbidade

simples culpa do agente público. Tal entendimento está consubstanciado no administrativa contra Manoel, técnico daquele órgão, sob o fundamento de que o

julgamento do Recurso Especial 1.364.529, da lavra do STJ: servidor público, no exercício de suas funções, teria concorrido para que terceiro

Para que seja configurado o ato de improbidade de que trata a Lei n. 8.429/1992/99,
enriquecesse ilicitamente. O juiz, ao sentenciar a demanda, entendeu estar pro-
“é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo vada, nos autos, a conduta culposa de Manoel. Nesse caso e, nos termos da Lei n.
para os tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses
do artigo 10”. 8.429/1992, a sentença

a) excluirá Manoel da ação, por ser parte ilegítima.

b) será de improcedência, haja vista que, nesse caso, a culpa não enseja conde-

nação por ato ímprobo.

c) condenará Manoel às sanções pela prática de ato ímprobo.

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d) condenará Manoel a sanções administrativas, porém não decorrentes de Ainda como forma de evitar que não haja o correto ressarcimento dos danos

ato ímprobo. causados ao Poder Público, o artigo 8º da mesma norma estabelece que

e) será de improcedência, tendo em vista a ilegitimidade do Ministério Público Art. 8º O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer
ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
na hipótese.

Tal regra encontra fundamento na obrigação do Estado em preservar o bem-es-

Letra c. tar coletivo, garantindo que o interesse público seja preservado ante as práticas

Das três modalidades de atos de improbidade administrativa, apenas os atos ca- que tentam usufruir indevidamente dos direitos indisponíveis da sociedade.

racterizados como prejuízo ao erário podem ser imputados mediante a atuação Esclarecendo... Uma das principais finalidades do Estado é a garantia do bem-

-estar da população existente em seu território.


culposa do agente público.
Como é a população, basicamente, quem financia, por meio do pagamento de
Nas demais modalidades (enriquecimento ilícito e violação aos princípios da Ad-
tributos, as atividades do Estado, quando ocorre uma prática de improbidade ad-
ministração Pública) exige-se, obrigatoriamente, a presença do elemento doloso
ministrativa que causa prejuízo ao Erário, é o próprio patrimônio coletivo que está
(intenção do agente público).
sendo dilapidado.
Na questão, Manoel poderá ser condenado, uma vez que agiu de forma culposa e o
Assim, cabe ao Estado, por meio da exigência de ressarcimento aos cofres pú-
ato ímprobo configura prejuízo ao erário.
blicos, a manutenção do patrimônio daqueles que financiam as suas atividades,

qual seja, o povo.


Sobre os atos de improbidade administrativa que causam enriquecimento ilícito Assim, se algum agente público adquirir, ao longo de sua carreira no serviço
ou lesão ao erário, merecem destaque, ainda, alguns artigos da Lei n. 8.429/1992: público, bens que são comprovadamente desproporcionais ao valor da sua remu-

Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, neração, estaremos diante da prática de improbidade administrativa causadora de
do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. enriquecimento ilícito.
Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro benefi-
ciário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio. Nesta situação, caso tal agente venha a falecer, ocorrerá a transferência do patri-

mônio, oportunidade em que os sucessores receberão a herança do agente ímprobo.


Tais artigos possuem o claro objetivo de evitar que uma possível omissão legis- E como boa parte dos bens transferidos foram adquiridos com base no ato de
lativa seja alegada, pela parte que está respondendo pela prática de improbidade improbidade, uma vez que o Poder Público tome conhecimento da prática, pode-
administrativa, como forma de evitar o ressarcimento ao Poder Público ou a perda rá exigir dos herdeiros a responsabilização, com base nas disposições da Lei n.

dos bens acrescidos ao patrimônio quando da pratica dos atos em questão. 8.429/1992, até o limite dos valores que foram transferidos.

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5. Indisponibilidade dos Bens O periculum in mora (também conhecido como perigo de dano iminente e

irreparável) por sua vez, refere-se à possibilidade daquele que está indiciado
Como anteriormente mencionado, o artigo 37, § 4º, da Constituição Federal es- dilapidar o seu patrimônio, impossibilitando a devolução dos valores devidos
tabelece uma série de consequências para os atos de improbidade administrativa,
aos cofres públicos.
dentre as quais se inclui a possibilidade da decretação da indisponibilidade dos bens.
Uma vez estando presentes estas duas características, a autoridade adminis-
Em sintonia com a disposição constitucional, a Lei n. 8.429/1992 estabelece,
trativa representa ao Ministério Público, que, analisando os fatos, requer ao juiz
em seu artigo 7º, que a indisponibilidade dos bens será declarada sempre que o
responsável pela ação a decretação da indisponibilidade dos bens.
ato de improbidade administrativa ficar caracterizado como enriquecimento ilícito
Ressalta-se que a possibilidade de decretação da indisponibilidade dos bens é
ou lesão ao patrimônio público.
privativa do Poder Judiciário, não havendo que se falar na possibilidade de o Minis-
Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriqueci-
tério Público atuar desta forma.
mento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar
ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegu- Aprendendo na Prática
rem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito. Álvaro foi indiciado pelo cometimento de ato de improbidade administrativa que

configura enriquecimento ilícito.


É importante mencionarmos que a indisponibilidade dos bens não se trata de
Neste caso, a autoridade que está conduzindo o inquérito, verificando que é muito
uma espécie de sanção, mas, sim, de medida cautelar que tem por finalidade as-
provável que tenha ocorrido a improbidade (fumus boni juris), bem como que
segurar que o indiciado não dilapide o seu patrimônio antes que o Poder Público
Álvaro está em vias de dilapidar os seus bens (periculum in mora), representa ao
conclua o respectivo processo administrativo.
Ministério Público, que, após analisar os fatos, requer ao Poder Judiciário a decre-
De acordo com a doutrina majoritária, dois são os requisitos que devem estar
tação da indisponibilidade.
presentes para que seja possível a determinação da indisponibilidade dos bens no

curso da ação de improbidade administrativa, sendo eles o fumus boni juris e o


6. Penas Aplicáveis
periculum in mora.

O fumus boni juris consiste na probabilidade de os fatos imputados ao agente Para cada uma das condutas que dão ensejo às quatro diferentes espécies de

público serem verossímeis. Isso não significa que o ato ímprobo deve estar cabal- improbidade administrativa, a Lei n. 8.429/1992 apresenta uma série de sanções

mente provado, uma vez que tal pressuposto é averiguado por ocasião da senten- de natureza administrativa, civil e política.
ça. O que deve existir é uma grande possibilidade, no curso do processo adminis- Tais sanções estão hierarquizadas de acordo com a gravidade da conduta, de
trativo, da ocorrência do ato de improbidade administrativa. forma que as ações que ensejam enriquecimento ilícito possuem como conse-

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quência as sanções mais graves, as que ensejam lesão ao patrimônio público Tais sanções, independentemente da natureza (administrativa, civil e política),

possuem sanções intermediárias e as que atentam contra os princípios da ad- são graduadas, conforme já mencionado, de acordo com a gravidade da conduta

ministração pública, por sua vez, possuem as sanções de menor gravidade. praticada pelo agente público ou por terceiro, conforme se extrai do artigo 12 da

As sanções de natureza civil são aquelas que implicam na obrigação de pagar Lei n. 8.429/1992:

ou devolver algo ao poder público. De acordo com as normas da Lei n. 8.429/1992, Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
são as seguintes:
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
• ressarcimento ao erário; gravidade do fato (...)

• perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


Ato de Sanção Sanção Sanção
• multa. Improbidade Política Cível Administrativa

Suspensão dos Pagamento de multa Proibição de contratar


Enriquecimento
As sanções de natureza política são aquelas que implicam em restrições aos direitos políticos de de até 3 vezes o ou receber benefícios do
Ilícito
8 a 10 anos valor do acréscimo Poder Público por 10 anos
direitos políticos, sendo, nos termos do dispositivo legal, uma só:

• suspensão dos direitos políticos. Dano causado


Suspensão dos Pagamento de multa Proibição de contratar
direitos políticos de de até 2 vezes o ou receber benefícios do
ao Erário
5 a 8 anos valor do dano Poder Público por 5 anos
Por fim, as sanções administrativas são aquelas que implicam na impossibi-
Pagamento de
lidade de ser mantido vínculo com a administração pública, sendo elas: Suspensão dos Multa civil de até Proibição de contratar
Não obediência
• perda da função pública; direitos políticos de 100 vezes o valor ou receber benefícios do
aos Princípios
3 a 5 anos da remuneração do Poder Público por 3 anos
• proibição de contratar com o Poder Público; agente

• proibição de receber incentivos fiscais ou creditícios por parte do Poder Público. Violação relacio- Pagamento de multa
nada com benefí- Suspensão dos civil de até 3 vezes
cio financeiro ou direitos políticos de o valor do benefício
tributário contrário 5 a 8 anos financeiro ou tributário
à norma do ISS concedido

No que se refere à perda da função pública e à suspensão dos direitos políticos,

tais sanções só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

A aplicação das sanções previstas na Lei n. 8.429/1992 independe, conforme

previsão do artigo 21, dos seguintes fatores:

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I – da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de moniais, localizado no país ou no exterior. Quando for o caso, a declaração deverá
ressarcimento;
II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal abranger os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
ou Conselho de Contas. outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos

apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.


Aprendendo na Prática
Posteriormente, a cada ano, o agente público deve demonstrar a mesma declara-
A circunstância das contas de determinado agente público ou do órgão onde este
ção, até que ocorra a sua saída do respectivo cargo, mandato, emprego ou função.
desempenha suas atribuições terem sido aprovadas pelos tribunais ou conselhos de
A ideia de tal medida é propiciar que a autoridade administrativa verifique a
contas não impede que, diante de provas, seja o respectivo agente responsabiliza-
evolução patrimonial do agente público, uma vez que esta, quando incompatível
do pela prática de improbidade.
com a soma das remunerações do servidor, é um dos principais indícios de impro-
Isso ocorre porque os tribunais e conselhos, em determinadas situações, não con-
bidade administrativa.
seguem detectar que houve a prática de improbidade.
Como forma de simplificar a comprovação dos valores, o agente público poderá en-
Da mesma forma, ainda que não haja dano ao patrimônio público, poderá o agente
tregar, anualmente, cópia de sua declaração do Imposto de Renda à repartição pública.
público ou terceira pessoa ser responsabilizado pela prática de improbidade, situa- Caso o agente não cumpra com a obrigação de apresentar os bens que com-
ção que ocorre, por exemplo, com a violação dos princípios da administração públi- põem o seu patrimônio, ou então apresente declaração falsa, teremos, nos termos
ca. do § 3º do artigo 13 da Lei n. 8.429/1992, a demissão a bem do serviço público,
A única ressalva, nesta última situação, fica por conta da pena de ressarcimento, sem prejuízo das demais sanções previstas em lei.
ou seja, para que o agente seja obrigado a ressarcir o erário, deverá obrigatoria- § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
mente ser comprovado que houve dano ao Poder Público.
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

7. Declaração de Bens
Dois são os momentos distintos, de acordo com a Lei de Improbidade, em que

o agente público deve demonstrar a sua declaração de bens: na posse e no exer-

cício da função pública.

Assim, ao ser empossado, o agora servidor deve apresentar a declaração de

todos os bens que constituem o seu patrimônio, incluindo imóveis, móveis, semo-

ventes, dinheiros, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patri-

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Administração, com a medida, é controlar eventuais evoluções patrimoniais des-


proporcionais aos valores recebidos.

Posteriormente, o agente público deve atualizar, anualmente, a declaração apre-


Questão 3    (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT14/JUDICIÁRIA/2016) Carlos é Dire- sentada. Ao deixar o cargo ou mandato, a medida novamente é exigida, conforme
tor de autarquia federal desde o ano de 2014, sendo que, para tomar posse e en- previsão do § 2º do artigo 13 da Lei n. 8.429/1992:
trar em exercício no respectivo cargo, apresentou a declaração de seus bens, bem
A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público
como dos valores que compõem o seu patrimônio, que foi devidamente arquivada deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

no serviço pessoal competente. Nos termos da Lei n. 8.429/1992, a declaração de


8. Procedimento Administrativo e Judicial
bens é atualizada

a) anualmente, não sendo necessária a atualização quando o agente público deixar A Lei n. 8.429/1992 também estabelece regras processuais a serem observadas
o exercício do cargo, emprego ou função, pois a atualização periódica é suficiente no âmbito do procedimento administrativo e do processo judicial destinado a veri-
para o controle do patrimônio do agente público. ficar a ocorrência de improbidade administrativa.
b) apenas na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, Inicialmente, tem-se que qualquer pessoa é parte competente para representar
emprego ou função, pois a lei exige a apresentação da declaração no ingresso e sua à autoridade administrativa solicitando a instauração das investigações necessárias
atualização no momento da saída do agente público. para a apuração da Improbidade Administrativa.
c) semestralmente, não sendo necessária a atualização quando o agente público Caso, no entanto, alguém representar contra agente público ou terceiro, e já
deixar o exercício do cargo, emprego ou função, pois a atualização periódica é su- souber, de antemão, que tais pessoas são inocentes, incorrerá em crime, deven-
ficiente para o controle do patrimônio do agente público. do responder com a pena de detenção, de 6 a 10 meses, e multa. Além disso,
d) semestralmente e na data em que o agente público deixar o exercício do man- será obrigado a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais e à
dato, cargo, emprego ou função. imagem.
e) anualmente e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, A representação deverá ser formulada por escrito ou reduzida a termo, possuin-
cargo, emprego ou função do, ainda, a qualificação e demais dados do denunciante.

Atendidos todos os pressupostos legais, a autoridade competente tem a obri-

Letra e. gação de instaurar o competente procedimento administrativo disciplinar, que será

Ao ser empossado, o agente público deve apresentar, dentre outros documentos, regido pelo estatuto de cada categoria funcional. No âmbito da União, as regras a

uma declaração de todos os bens que compõem o seu patrimônio. O objetivo da serem observadas estão previstas na Lei n. 8.112/1990.

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Neste ponto, merece destaque o fato da Lei n. 8.429/1992 ser uma norma de Nesta situação, a autoridade administrativa competente deve instaurar processo

natureza cível, viabilizando a aplicação de sanções de natureza extrapenal, ou seja, administrativo disciplinar para a investigação da situação. Tendo sido verificada a

aquelas que não estão tipificadas como crime. Tal característica não inviabiliza a ocorrência das duas infrações, a autoridade deve proceder da seguinte forma:

aplicação de sanções de natureza penal ante a prática de improbidade administra- • No que se refere à infração prevista no estatuto dos servidores, deve aplicar a

tiva. Para que isso ocorra, as condutas previstas na norma em estudo devem estar penalidade de acordo com as disposições da mencionada norma, sem neces-

sidade de acionar o Poder Judiciário.


tipificadas, também, como crime.
• Com relação à infração de improbidade administrativa, a autoridade não
Da mesma forma, a aplicação de qualquer uma das sanções previstas na Lei de
poderá aplicar a penalidade prevista no estatuto, devendo acionar, por meio
Improbidade Administrativa é competência privativa do Poder Judiciário, conforme
do Ministério Público, o Poder Judiciário, que será competente para aplicar a
se observa da decisão do STF no âmbito do RMS 24699/DF, de seguinte teor:
penalidade prevista na Lei n. 8.429/1992.
Jurisprudência para Concursos
Ato de improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não in-
Em todas as ações destinadas à apuração da prática de improbidade administra-
cumbe à Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de
atos de improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Pú- tiva, obrigatoriamente deverá haver a participação do Ministério Público, conforme
blico para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão.
estabelecido no artigo 17, § 4º, da Lei n. 8.429/1992:

Assim, ainda que a autoridade administrativa seja competente para a apuração O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente,
como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
das eventuais faltas funcionais cometidas pelos servidores públicos, quando a con-

duta em questão ficar caracterizada como improbidade, não poderá a autoridade E o Ministério Público tem um papel extremamente importante nas ações de

administrativa aplicar a penalidade, devendo formular representação junto ao Mi- improbidade. Tanto o é que o artigo 15 da norma em análise determina que a au-

nistério Público, que representará ao Poder Judiciário para o ajuizamento da ação e toridade competente dê conhecimento ao órgão e aos Tribunais ou Conselhos de

o ajuizamento da ação e consequente aplicação da penalidade. contas da existência do procedimento administrativo destinado a apurar as condu-

tas de improbidade.
Aprendendo na Prática
Da mesma forma, quando houver indícios fundados de responsabilidade, a co-
Elias, servidor público federal, praticou infração disciplinar que restou configurada
missão que estiver instruindo o processo comunicará ao Ministério Público sobre tal
como violação dos deveres previstos no estatuto dos servidores e como improbida-
fato, de forma que sejam sequestrados os bens suficientes para garantir o provável
de administrativa.
valor do dano.

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Vejamos o teor de tais disposições, de acordo com o texto da Lei n. 8.429/1992: Neste sentido, temos a importante decisão do REsp 1129121, de 2013:

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Jurisprudência para Concursos
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA A FATOS POSTERIO-
decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicita- RES À EDIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. IMPOSSIBILIDADE.
mente ou causado dano ao patrimônio público. (art. 16) 1. A Lei de Improbidade Administrativa não pode ser aplicada retroativamente para
§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a edição da Consti-
tuição Federal de 1988.
contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos ter-
2. A observância da garantia constitucional da irretroatividade da lei mais gravosa, es-
mos da lei e dos tratados internacionais.
teio da segurança jurídica e das garantias do cidadão, não impede a reparação do dano
ao erário, tendo em vista que, de há muito, o princípio da responsabilidade subjetiva se
Nestas situações, conforme já mencionado, estamos diante de medidas de cará- acha incrustado em nosso sistema jurídico. 3. Consoante iterativa jurisprudência desta
Corte, a condenação do Parquet ao pagamento de honorários advocatícios no âmbito
ter cautelar, se forma a impedir que o patrimônio do indiciado seja dilapidado (ven- de ação civil pública está condicionada à demonstração de inequívoca má-fé, o que não
ocorreu no caso. 4. Recurso especial provido em parte, apenas para afastar a condena-
dido ou transferido a outras pessoas) e que o Poder Público, como consequência, ção do recorrente em honorários advocatícios.

deixe de ser ressarcido pelos prejuízos devidos.


Aprendendo na Prática
Importante julgado do STJ (REsp 1.771.440) afirma que a indisponibilidade em
Se estivermos diante de uma conduta prevista na Lei n. 8.429/1992 como improbi-
questão poderá se dar em valor superior ao da respectiva ação de improbidade,
dade administrativa, mas que foi praticada, por exemplo, no mês de dezembro de
bem como sobre bens adquiridos antes da prática do ato improbo.
1991, não poderá haver a responsabilização por tal prática, uma vez que a Lei n.
Jurisprudência para Concursos
É pacífica no Superior Tribunal de Justiça a orientação de que a medida constritiva deve 8.429/1992 apenas entrou em vigor em meados de 1992.
recair sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa, de modo Assim, ainda que a Constituição Federal de 1988 já estivesse em vigor, não há que
suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se
em consideração, ainda, o valor de possível multa civil como sanção autônoma. se falar em responsabilização com base em uma norma legal que apenas foi publi-
A indisponibilidade acautelatória prevista na Lei de Improbidade Administrativa tem
cada posteriormente à prática de improbidade administrativa.
como finalidade a reparação integral dos danos que porventura tenham sido causados
ao erário; trata-se de medida preparatória da responsabilidade patrimonial, represen-
tando, em essência, a afetação de todos os bens necessários ao ressarcimento, poden- Outra forma de medida cautelar é o afastamento do servidor, com remuneração,
do, por tal razão, atingir quaisquer bens ainda que adquiridos anteriormente ao suposto
quando tal providência se fizer necessária para a melhor instrução processual. Em
ato de improbidade.
tais situações, ainda que o servidor seja afastado com remuneração, o que é levado
Temos que cuidar, no entanto, para não confundirmos tais situações com a im- em conta é a necessidade da apuração de uma possível prática de improbidade,
possibilidade (já pacífica no âmbito do STJ) de responsabilização por atos cometi- dano que envolveria a coletividade como um todo.
dos anteriormente à vigência da Lei n. 8.429/1992 (que ocorreu em 03/06/1992), Afastando o servidor do desempenho das suas atribuições, pode a comissão

e, por consequência, da própria Constituição Federal de 1988. processante desempenhar suas atividades com maior imparcialidade e eficiência.

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A possibilidade da adoção desta medida está prevista no parágrafo único do ar- • Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.

tigo 20 da Lei n. 8.429/1992, de seguinte teor: • Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de impro-

bidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.


Art. 20. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afas-
tamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da • Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1º, do Código de Processo Penal.

A ação destinada a apurar a prática de improbidade administrativa será proces- • A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou de-

sada de acordo com o rito ordinário, podendo ser proposta, pelo Ministério Público cretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou

a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica preju-


ou pelas pessoas jurídicas interessadas, no prazo de 30 dias da efetivação da
dicada pelo ilícito.
medida cautelar.

Salienta-se que é expressamente vedada a transação, acordo ou conciliação 9. Competência


em ações de improbidade administrativa. Tal fundamento, em consonância
A competência para o julgamento das ações de improbidade administrativa é
com o princípio da indisponibilidade do interesse público, é plenamente justificável
tema que não está pacificando na doutrina.
ante a relevância do patrimônio público. Nesse sentido, merece destaque a lição da
O motivo das inúmeras controvérsias dos tribunais superiores está na possibili-
professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “A norma se justifica pela relevância do
dade ou não de aplicação do foro por prerrogativa de função no âmbito das ações
patrimônio público, seja econômico, seja moral, protegido pela ação de improbi-
em questão.
dade. Trata-se de aplicação do princípio da indisponibilidade do interesse público”.
Basicamente, o foro por prerrogativa de função (ou foro privilegiado) trata-se
As demais regras processuais, no âmbito da ação de improbidade administrati-
de uma prerrogativa concedida a certas autoridades detentoras de poder, tais como
va, podem ser resumidas da seguinte forma:
os Parlamentares, os Magistrados e os Chefes do Poder Executivo.
• Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a noti-
Estas autoridades possuem o direito (prerrogativa) de serem processadas e
ficação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
julgadas, no âmbito das ações de natureza penal, por tribunais e juízes especiali-
instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
zados, escapando assim do julgamento da justiça comum.
• Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão funda- Inicialmente, o entendimento do STF sempre foi no sentido de que o foro por
mentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbi- prerrogativa de função tratava-se de prerrogativa que apenas poderia ser
dade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. exercida no âmbito das ações de natureza penal, dentre as quais não se inclui
• Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação. a ação de improbidade administrativa, de natureza civil.

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Da mesma forma, o entendimento do tribunal em questão era no sentido de Caso a banca exija o conhecimento do posicionamento do STF, vindo a exigir a lite-

que tal prerrogativa apenas poderia ser exercida enquanto o seu titular estivesse ralidade da ementa expressa na Questão de Ordem 3.211, deve-se entender que,

no exercício no mandato, não se estendendo, por conseguinte, após a quebra de de acordo com a Suprema Corte, cabe ao STF julgar seus membros nas ações

tal vínculo com o Estado. de improbidade.

De acordo com tais entendimentos, e considerando que a ação de improbida- Da mesma forma, deve-se seguir o entendimento anterior do STF no que se refere

de administrativa é de natureza cível, a competência para processar e julgar a não possibilidade da aplicação do foro por prerrogativa de função no âm-

sempre foi atribuída ao juiz comum de primeiro grau. bito de ações de natureza cível ou após o término do exercício do mandato

Com a entrada em vigor da Lei n. 10.628, em 2002, diversos artigos do Código ou cargo.

de Processo Penal foram alterados, de forma que passou a existir, em nosso orde-

namento, a possibilidade do foro por prerrogativa de função ser estendido para as Tais entendimentos podem ser sedimentados da seguinte forma:
ações de improbidade administrativa. • As ações de improbidade administrativa possuem natureza cível, devendo ser
Não demorou para a questão chegar no STF, que, por meio da ADIN 2.797, ma- processadas e julgadas pelos juízes de primeiro grau.
nifestou seu entendimento de que não era possível ao legislador ordinário impor • O STF possui entendimento de que cabe a ele processar e julgar, nas ações
um entendimento contrário ao até então esposado pelo tribunal superior. de improbidade administrativa, seus próprios ministros.
A grande controvérsia surgiu, no entanto, quando o mesmo tribunal decidiu, no • O foro por prerrogativa de função não é aplicado nas ações de natureza civil,
julgamento da Questão de Ordem 3.211/DF, que caberia a ele próprio (STF) o jul- mas, sim, apenas nas de natureza penal.
gamento das ações de improbidade administrativa contra seus próprios membros: • O foro por prerrogativa de função não é aplicado após o término do cargo ou

1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de improbidade contra seus mem- do mandato do agente público.
bros.
2. Arquivamento da ação quanto ao Ministro da Suprema Corte e remessa dos autos ao
Juízo de 1º grau de jurisdição no tocante aos demais.
10. Prescrição
Tal como ocorre com as demais penalidades aplicáveis no âmbito do Direito Ad-

ministrativo, as sanções previstas como consequência pela prática de improbidade

Não obstante a decisão do STF, o entendimento que deve ser levado para as provas administrativa apenas podem ser propostas até um determinado período de tempo,

de concursos é o de que é competente para o processamento e julgamento das após o qual ocorrerá a prescrição e a impossibilidade da penalização ao agente pú-

ações de improbidade administrativa o juiz ordinário comum de primeiro grau. blico ou ao terceiro beneficiado.

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Tal lapso temporal, no âmbito da Lei n. 8.429/1992, está previsto no artigo 23, Dessa forma, como a administração apenas gere a coisa alheia (que pertence ao

que assim dispõe: povo), as ações de ressarcimento de prejuízos causados aos cofres públicos é, em

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser última análise, o ressarcimento dos danos causados à própria coletividade.
propostas:
A imprescritibilidade das ações de ressarcimentos decorrentes de ilícitos civis,
I – até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou
de função de confiança; contudo, sofreu alterações após o julgamento do Recurso Extraordinário 669069,
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares pu-
níveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo realizado pelo STF em fevereiro de 2016.
ou emprego.
III – até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de
Se até aquele momento todas as ações de ressarcimento decorrentes de ilícitos
contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei. cíveis eram pacificamente consideradas imprescritíveis, a jurisprudência, após o

julgado em questão, inclina-se no sentido de admitir que as ações de ressarcimen-


Aprendendo na Prática
to, salvo as hipóteses expressamente ressalvadas, são prescritíveis.
Afonso foi eleito vereador de um pequeno município. Caso ele venha a cometer, no
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curso do seu mandato, algum ato que configure improbidade administrativa, poderá
RE 669069/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016. (RE-669069)
o Poder Público propor as medidas necessárias à responsabilização de Afonso no É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
Esse o entendimento do Plenário, que em conclusão de julgamento e por maioria, negou
prazo de 5 anos após o término do seu mandato. provimento a recurso extraordinário em que discutido o alcance da imprescritibilidade
da pretensão de ressarcimento ao erário prevista no § 5º do art. 37 da CF (“§ 5º – A
lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
Não podemos confundir o prazo prescricional previsto na Lei n. 8.429/1992 com
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
a possibilidade do ressarcimento aos cofres públicos pela prática de improbidade ressarcimento”).
A Corte pontuou que a situação em exame não trataria de imprescritibilidade no tocante
administrativa. a improbidade e tampouco envolveria matéria criminal.

Nos termos do artigo 37, § 5º, da Constituição Federal, as ações de ressarci-

mento de prejuízos causados ao erário, quando decorrentes de improbidade admi-

nistrativa, são imprescritíveis, podendo ser propostas a qualquer tempo.


Com base neste importante julgado, devemos levar para a prova as seguintes
Art. 37.
informações:
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas a) A ação de ressarcimento não mais é imprescritível para todos os danos
ações de ressarcimento.
decorrentes de ilícitos civis.

O fundamento para tal possibilidade, conforme já mencionado diversas ve- b) No caso de ilícito civil decorrente de improbidade administrativa ou que en-

zes, é a indisponibilidade do interesse público que permeia toda a atividade do volva matéria criminal, a ação de ressarcimento continua sendo imprescritível,

Poder Público. podendo o Estado ajuizar o ressarcimento a qualquer tempo.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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c) Não há, ainda, uma definição acerca do prazo prescricional para as demais ações ministrativa, sendo a ação ajuizada em dezembro de 2014. Neste caso, a ação de

de ressarcimento (aquelas que não são decorrentes de improbidade ou de matéria improbidade administrativa

criminal). Ainda assim, uma eventual questão de prova cobrando o assunto deve a) não está prescrita, por ser imprescritível.

ter como resposta o prazo de 5 anos. b) está prescrita, pois deveria ter sido ajuizada até janeiro de 2012.

c) está prescrita, pois deveria ter sido ajuizada até janeiro de 2013.

d) não está prescrita, pois foi ajuizada dentro do prazo.


O prazo prescricional para o ajuizamento das ações decorrentes de improbidade
e) está prescrita, pois deveria ter sido ajuizada até janeiro de 2014.
administrativa pode ser mais bem visualizado no quadro abaixo:

Letra d.

Estabelece a Lei n. 8.429/1992 que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções

previstas na norma devem ser propostas, dentre outras hipóteses, no prazo de 5

anos após o término do exercício do cargo em comissão.

No caso narrado, Claudia exerceu cargo em comissão até janeiro de 2010. Assim,

o prazo para a ajuizamento de uma eventual ação de improbidade administrativa é

até janeiro de 2015. Logo, a ação não se encontra prescrita.

Questão 4    (FCC/MPE PB/TÉCNICO MINISTERIAL/2015) Atenção: responda à ques-

tão de acordo com a Lei n. 8.429/1992 (Improbidade Administrativa).

Claudia exerceu cargo em comissão de janeiro de 2008 a janeiro de 2010 e, em

razão de conduta praticada no citado período, foi processada por improbidade ad-

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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RESUMO • O Presidente da República, em caráter de exceção, não está sujeito a

esta dupla responsabilização, mas, sim, apenas ao regramento estabele-

• O princípio constitucional da moralidade compreende os subprincípios da cido na Constituição Federal.

probidade, decoro e boa-fé. Violar a moralidade ou qualquer um dos seus • O conceito de agente público adotado é o mais amplo possível, abrangendo
subprincípios implica na anulação do respectivo ato administrativo. inclusive aqueles que exerçam suas atribuições sem remuneração ou
• Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 37, § 4º, que os atos de em caráter temporário.
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos polí-
• Nem todos os agentes públicos estão sujeitos às disposições de Lei
ticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
n. 8.429/1992. Exemplo disso são alguns dos agentes políticos, tal como
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
os Ministros de Estado, que estão regidos pelas disposições do crime de
da ação penal cabível.
responsabilidade.
• Tal disposição trata-se de uma norma de eficácia limitada, carecendo de
• Ainda que alguns dos agentes políticos também se submetam às disposições
regulamentação para a produção de efeitos jurídicos.
• Com a edição da Lei n. 8.429/1992, ocorrida em 1992, passamos a contar da Lei de Improbidade Administrativa, as bancas organizadoras, em diversas

com a possibilidade de responsabilização pela prática de atos de impro- oportunidades, generalizam ao afirmar que todos os agentes políticos não

bidade administrativa. estão abrangidos pelo regime de improbidade administrativa.

• Os sujeitos ativos são aqueles que cometem o ato ímprobo, passando a • As pessoas jurídicas também podem ser sujeito ativo pela prática de
figurar, quando da ação de improbidade, no polo passivo da demanda. improbidade.
• De acordo com as disposições da Lei n. 8.429/1992, podem ser sujeitos ati- • Os sujeitos passivos são as pessoas que sofrem com os atos de improbi-
vos os agentes públicos ou terceiros sem vínculo com o Poder Público.
dade administrativa, figurando, quando da competente ação, no polo ativo
Neste último caso, faz-se necessário a presença de um elo de ligação com
da demanda.
o serviço público. Dessa forma, o particular, por si só, é incapaz de causar
• A Lei n. 8.429/1992 apresenta, a depender da conduta do agente público ou
improbidade administrativa.
de terceiros relacionados, quatro espécies de atos de improbidade adminis-
• Todos os agentes administrativos estão sujeitos às disposições da Lei n.
trativa, sendo elas: atos que importam em enriquecimento ilícito, atos
8.429/1992 no que se refere aos atos de improbidade administrativa.
• Os agentes políticos, de acordo com entendimento recente do STF, estão que causam prejuízo ao erário, atos que atentam contra os princípios

sujeitos a uma dupla responsabilização: tanto por crime de responsa- da administração pública e ato que viole a legislação do ISS no que se

bilidade quanto por atos de improbidade administrativa. refere à concessão e aplicação de benefício financeiro ou tributário.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992 Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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• No caso de enriquecimento ilícito, o agente público é quem obtém a • Nos casos de enriquecimento ilícito ou de desrespeito aos princípios da

vantagem indevida de forma direta. administração pública, faz-se necessário a presença de dolo (intenção)

• No caso de atos que causem prejuízo ao erário, o agente público apenas para a sua configuração.

permite que um terceiro receba a vantagem indevida. Também são casos • Nos casos de prejuízo ao erário, a configuração ocorrerá quando houver

de prejuízo ao erário a falta de observância das normas previstas em lei ou dolo ou culpa.

regulamento. • Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar

• As situações de desrespeito aos princípios da administração pública são enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável

hipóteses em que o agente público não observa, nas suas condutas, os pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilida-

postulados norteadores da atividade administrativa. de dos bens do indiciado.

• Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para • A indisponibilidade dos bens não se trata de uma espécie de sanção, mas,

conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que sim, de medida cautelar que tem por finalidade assegurar que o indi-

dispõe a legislação do ISS. ciado não dilapide o seu patrimônio antes que o Poder Público conclua o

• Para cada espécie de atos de improbidade administrativa, temos sanções de respectivo processo administrativo.

natureza cível, administrativa e política, que podem ser melhor visualiza- • A indisponibilidade dos bens poderá ocorrer em valor superior ao da

das por meio do seguinte quadro: respectiva ação de improbidade, bem como sobre bens adquiridos an-
Ato de Sanção Sanção Sanção tes da prática do ato improbo.
Improbidade Política Cível Administrativa

Suspensão dos Pagamento de multa Proibição de contratar ou


• Dois são os momentos distintos, de acordo com a Lei de Improbidade, em
Enriquecimento
direitos políticos de até 3 vezes o valor receber benefícios do Poder
Ilícito que o agente público deve demonstrar a sua declaração de bens: na posse
de 8 a 10 anos do acréscimo Público por 10 anos

Suspensão dos Pagamento de multa Proibição de contratar ou e, anualmente, no exercício da função pública.
Dano causado
direitos políticos de até 2 vezes o valor receber benefícios do Poder
ao Erário • Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem pre-
de 5 a 8 anos do dano Público por 5 anos

Pagamento de Multa juízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar
Suspensão dos Proibição de contratar ou
Não obediência civil de até 100 vezes o
direitos políticos receber benefícios do Poder declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
aos Princípios valor da remuneração
de 3 a 5 anos Público por 3 anos
do agente
• Ainda que a Lei n. 8.429/1992 apresente as diretrizes a serem observadas no
Violação relacionada Pagamento de multa
com benefício finan- Suspensão dos civil de até 3 vezes âmbito da investigação destinada a apuar o cometimento de improbidade, a
ceiro ou tributário con- direitos políticos o valor do benefício
trário às disposições de 5 a 8 anos
aplicação das penalidades previstas na norma é competência exclusi-
financeiro ou tributário
do ISS concedido va do Poder Judiciário.

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Improbidade Administrativa – Lei n 8.429/1992
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• O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obri-

gatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

• De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, não poderá ocor-

rer a responsabilização pela prática de improbidade administrativa

com base em atos cometidos antes da entrada em vigor da Lei n.

8.429/1992, ainda que tais atos tenham sido cometidos na vigência

da Constituição Federal de 1988.

• As ações de improbidade administrativa possuem natureza cível, devendo

ser processadas e julgadas pelos juízes de primeiro grau.

• O STF possui entendimento de que cabe a ele processar e julgar, nas

ações de improbidade administrativa, seus próprios ministros.

• O foro por prerrogativa de função não é aplicado nas ações de natu-

reza civil, mas, sim, apenas nas de natureza penal.

• A Lei n. 8.429/1992 apresenta um prazo prescricional para a propositu-

ra das ações de improbidade. Tal regra, no entanto, não se aplica para as

ações de ressarcimento, que, em sintonia com o princípio da indisponibili-

dade do interesse público, são imprescritíveis para os atos decorrentes

de improbidade administrativa.

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