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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE /MG.

Rúbia Teixeira Nascimento do Araújo, brasileira, solteira,


professora, portadora da Cédula de Identidade RG nº. MG 12557825
SSP/MG, CPF nº. 058.864.456-09, residente e domiciliada na Rua
Laurindo Rabelo, nº. 17, Bairro Santa Mônica, Belo Horizonte,
MG, vem mui respeitosamente por sua advogada subscrita "ut fama
est" a inclusa outorga de poderes, com respeito e acatamento,
ante a elevada presença de V. Exa., se faz, com fundamento nos
arts. 282 seguintes, combinados com o art. 273, todos do Código
de Processo Civil, sem prejuízo dos demais dispositivos legais
aplicáveis à espécie, propondo a presente ação,

AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO, COM


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de:

BANCO DO BRASIL S.A., inscrita no CNPJ sob


nº 000.000/2140-78, com sede em Brasília, Distrito federal, por
sua agencia 3608-0, Av. Amazonas nº 303, Centro, Belo Horizonte,
MG,

PRELIMINARMENTE:
a)- De acordo com o provimento COGE n. 34, bem com o art. 544 §
1o do CPC com a nova redação dada pela Lei n. 10.352/01, o
advogado que esta subscreve autentica os documentos que
acompanham esta petição inicial, não necessitando, assim, a
autenticação Cartorária.
b)- A Autora requer seja concedido o benefício da Justiça
gratuita, por não poder arcar com o ônus financeiros decorrentes
do presente processo, sem que com isso sacrifique o seu sustento
e o da sua família, conf. Declaração de pobreza que acompanha a
presente. (Lei 1.060/50).
c)- A autora, respaldada pelo artigo 273 do CPC., requer seja-
lhe deferida a antecipação da tutela, para garantir-lhe o
direito de depositar em juízo as prestações do financiamento
enquanto a ação durar na justiça.

Dos Fatos

A Autora mantém junto o Réu a conta corrente bancária de nº.


41.949-4 e conta poupança nº. 910.041.949-X ambas na agência nº.
3608-0, sendo certo que o Banco do Brasil, em 20/10/2011, com
ela firmou contrato de abertura de crédito à título de Crédito
Pessoal no valor de R$ 15.423,25(quinze mil, quatrocentos e
vinte três reais e vinte e cinco centavos ).
Ocorre que, apesar deste constar da ficha cadastral, o Autor não
recebeu cópia do citado contrato de empréstimo, sendo que, com
muito custo, conseguiu a Xerox da 1ª face do aludido, porem, das
cláusulas principais, nada sabe até hoje.
Desde a assinatura do contrato, a autora efetivou vários
empréstimos no decorrer de dois anos (2010, 2011), até que,
junho de 2010 pagava quatro empréstimos separados, em junho de
2011 a autora renegociou a dívida em 74 parcelas de R$ 409,00
(quatrocentos e nove reais), que pagou os meses 07/2011,
08/2011, /09/2011, e no mês 10/2011 renovou o empréstimo na data
certa de 20/10/2011 sendo 82 parcelas no valor de R$ 490,57
(quatrocentos e noventa reais e cinqüenta e sete centavos), a
partir do início do ano de 2012, teve, a Autora, em sua vida
financeira, terrível reversão, pois como é descontado em folha
de pagamento, a autora fica com muito pouco do que recebe do seu
salário impossibilitando ás vezes de se manter, a Autora vinha
tentando saldar suas obrigações para com o Réu, que, como pessoa
cordata, nunca discutiu os impostos que lhe era imputados, até
que, a partir de março, viu-se, totalmente, impossibilitada de
cumprir suas obrigações para com o Réu.
Mesmo diante da precariedade de sua situação financeira, a
Autora, procurou o Réu, a fim de viabilizar um acordo amigável e
quitar suas obrigações junto àquela instituição, quando, com
extrema surpresa, lhe foi apresentado em conta de saldo devedor
valor de R$ 40.226,74 (quarenta mil duzentos e vinte seis reais
e setenta e quatro centavos) como se nos depreende, se levarmos
em consideração o valor emprestado, o montante hoje,
considerando as parcelas já pagas, chega ao absurdo de quase 03
(três) vezes mais.
Acrescente-se que, o Banco- Réu faz a exigência ao Autor, de
pagamento integral de seu débito, alegando riscos, não aceitando
qualquer tipo de acordo, instado, contudo, a demonstrar como
chegou a tal montante, uma vez que já tinha liquidado outros
empréstimos e somente renovado o atual, através de cálculos e/ou
planilhas, esta se esquivou em apresentá-los.
Procurando aconselhamento profissional, foi informado que era
mais do que provável que, para o cálculo do saldo devedor do
empréstimo, o Réu estaria cometendo, dentre outras
irregularidade, anatocismo, além de aplicar índices de
atualização monetária com base em fatores ilegais (TR, AMBID,
CETIP, ANDIMA, CDB, CDI, e etc.), e ainda cobrança de comissão
de permanência cumulada com correção monetária.
Ora, sem a cópia integral do Contrato de empréstimo,
efetivamente assinado pelas partes, á Autora resta
impossibilitado de verificar o inteiro teor as cláusulas
contratuais e, conseqüentemente, de aferir a lisura e a
veracidade do levantamento do saldo devedor, bem como a certeza
do quantum que lhe está sendo cobrado.
Mais, considerando que, com certeza, o Réu está imputando
fatores e parcelas ilegais na apuração de seu saldo devedor, a
Autora necessita do Contrato supra mencionado, a fim de
verificar a real extensão da obrigação assumida mutuamente e
legalmente admitidas para este litro de avença, tudo para poder
apurar o que é devido e/ou indevido nas exigências da demandada.
Vale ressaltar que como é feito desconto em folha de pagamento,
o Banco continua a descontar esse valor da autora mesmo pedindo
ela ao banco o cancelamento dessa cobrança.
Portando, não restando alternativa para o fim de resguardo de
seus direito, a Autora propõe a presente Ação de Revisão de
Contrato cumulada com Repetição de Indébito, com pedido de
concessão de Tutela Antecipada. Como segue:

DOS DIREITOS

A ADESIVIDADE CONTRATUAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS


a doutrina e a jurisprudência, em uníssono, atribuem aos
negócios celebrados entre a Autora e o Réu o caráter de contrato
de adesão por excelência.
Tal modalidade de contrato obviamente subtrai a uma das partes
contratantes a aderente praticamente toda e qualquer
manifestação da livre autonomia na vontade de contratar,
constrangendo à realização de negócio jurídico sem maiores
questionamentos.
Felizmente, o Direito reserva grande proteção à parte aderente,
cuja expressão de vontade limitasse à concordância quanto às
cláusulas previamente estabelecidas.
A legislação pátria disciplina, especificamente no CDC (arts. 54
e 18 & 2o) os contratos de adesão, estabelecendo normas que
coíbem a usura e banem o anatocismo.
Nos contratos de adesão, a supressão da autonomia da vontade é
inconteste. Assim o sustenta o eminente magistrado ARNALDO
RIZZARDO, em sua obra Contratos de Crédito Bancário, Ed. RT 2a
ed. Pag. 18, que tão bem interpretou a posição desfavorável em
que se encontram aqueles que, como a Autora, celebrou contatos
de adesão junto ao banco, "in verbis:
“ Os instrumentos são impressos e uniformes para todos os
clientes, deixando apenas alguns claros para o preenchimento,
destinados ao nome, à fixação do prazo, do valor mutuado, dos
juros, das comissões e penalidades. "
Assim, tais contratos contém mesmo inúmeras cláusulas redigidas
prévia e antecipadamente, com nenhuma percepção e entendimento
delas por parte do aderente. Efetivamente é do conhecimento
geral das pessoas de qualidade média os contratos bancários não
representam natureza sinalagmático, porquanto não há válida
manifestação ou livre consentimento por parte do aderente com
relação ao suposto conteúdo jurídico, pretensamente,
convencionado com o credor.
Em verdade, não se reserva espaço ao aderente para sequer
manifestar a vontade. O banco se arvora o direito de espoliar o
devedor. Se não adimplir a obrigação, dentro dos padrões
impostos, será esmagado economicamente.
Não se cuida de dificuldades surgidas no curso de um contrato de
empréstimo bancário, muito menos de modificações operadas pela
desatada inflação, velha e revelha, antiqüíssima, mas do
desrespeito e da infidelidade do credor, já no momento mesmo da
celebração do contrato, ávido pela exploraç1ào consciente da
desgraça alheia, rompendo-se, no seu nascedouro, a noção de boa-
fé e dos bons costumes.
Necessidade, falta de conhecimento, indiferença, ingenuidade,
tudo concorre para tornar mais fraca a posição do cliente. Em
face dele, a empresa, autora do padrão de todos os seus
contratos, tem a superioridade resultante destas deficiências,
da posição do cliente, bem como a s vantagens da sua qualidade
de ente organizado e, em muitos caso poderosos, em contraste com
a dispersão em muitos casos, debilidade social e econômica dos
consumidores.
VEDAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS
Pretendem a Autora a revisão judicial do contrato celebrado, a
fim de purgá-lo das suas impurezas jurídicas, colocando as
partes contratantes na legítima e necessária igualdade. Não
prevalecerá a máxima pacta sunt servanda em uma relação
contratual como a presente, nascida por parte do Réu de
exercício desmedido do alto poder de barganha oriundo do
monopólio financeiro detido pelas financeira e bancos em geral,
e por parte da Autora da fragilidade negocial e da absoluta
supressão da autonomia da vontade
O cotejo entre o enunciado de diversos artigos esparsos no
Código civil e as peculiaridades atinentes aos contratos sub
júdice conduzem à hermenêutica precisa, pautada na boa-fé, nas
necessidades de crédito e nos princípios de eqüidade.
Relativamente às obrigações oriundas de contratos de adesão, a
estipulação deve ser interpretada sempre da maneira menos
onerosa para o devedor "in dubbis quod minimum est sequimur", as
cláusulas duvidosas interpretam-se sempre a favor de quem se
obriga (ver RT 142/620- 197/709 e 237/654-)
Na relação jurídica em tela, cuja revisão se pretende, a
manifestação de vontade do Autor limitou-se à adesão. Em razão
disso a sua interpretação devem ser realizadas com observância
estreita da norma contida no art. 85 do C. Civil, o qual
apresenta uma regra geral de interpretação dos negócios
jurídicos.
Art. 85- Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua
intenção que ao sentido literal da linguagem.
Quando a Autora celebrou com o Réu indigitado contrato,
acreditou serem corretos os encargos financeiros que lhe estavam
sendo exigidos, certo de que o Réu o fazia em fases estritamente
legais. Foram, porém, induzido em erro.
É este o caso típico de error juris, que, afetando a
manifestação de vontade, traduz-se em vício do consentimento.
Não busca a Autora se evadir ao cumprimento de sua parte na
avença, busca, apenas, pela autorização que a própria lei lhe
confere, corrigir tanto o excesso quanto o desvio da finalidade
contratual, urdidos na supressão na supressão de sua autonomia
volitava.
A revisão integral da relação contratual pretendida pela Autora,
pois, respalda-se também no art. 167 do C. Civil, inserido no
título que disciplina as modalidades dos atos jurídicos: in
verbis:
Art. 167-É nulo o negócio jurídico simulado... E seus parágrafos
...
O artigo supra transcrito contemple de forma inequívoca
explicita proibição quanto ao abuso e a arbitrariedade que
marcaram o procedimento do Réu na avença celebrada.
O que se pretende nesta lide, em suma, é a revisão de todos os
valores objeto da relação jurídica entre as partes, desde o
primeiro contrato celebrado, já que uma apenas a relação de
crédito, para que se expurguem os encargos ilegais a quaisquer
títulos de sorte que a Autora pague ao Réu apenas o que lhe for
real e legalmente devido, de conformidade com a legislação
específica.
Não se pode admitir a prática usurária por parte de quem como o
Réu detenha alto poder negocial conferido pelo monopólio
econômico.
Verdade é que as contraprestações embutem taxas de juros e
encargos elevadíssimos, tanto pêlos índices quanto pelo cálculo
composto. A invocação de existência de cláusula contratual, como
suposto autorizativo para a cobrança de juros além dos
permitidos legalmente, é insubsistente; cuida-se ai não de jus
dispositivum, mas de direito cogente:
A proibição do anatocismo jus cogens, prevalece ainda mesmo
contra convenção expressa em contrário (Ver. For. 140//115;
144/147)

Não apenas não poderá persistir o Réu na cobrança de juros


abusivos, mas pelo mesmo fundamento legal estará obrigada à
devolução de quanto lhe houver a Autora paga indevidamente a tal
título. Tudo na forma do art. 394 e segs. do C. Civil e os
estatuídos no decreto n. 22.626 e na Lei 1521/51.
A usura em todas as suas modalidades, não apenas é enfaticamente
repudiada, como é punida e enquadrada dentre os crimes contra a
economia popular-Decreto 22.626/33-Súmula 121 STF-
O anatocismo é condenado em uníssono por nossos tribunais, como
bem mostra a jurisprudência abaixo colacionada, simples exemplo
(dentre outras) de um caudal de decisões convergentes e
meridiana.
(...) Em síntese, a jurisprudência e a doutrina são tranqüilas e
remansosas sobre a questão.
A capitalização de juros (juros de Juros, é vedada pelo nosso
direito, mesmo quando expressamente convencionada, não tendo
sido revogada a regra do art. 4o do Decreto n. 22.626/33 pela
Lei n. 4.595/64 (Resp. n. 1.285-GO, da 4a ST. STJ, rel. Min. Dr.
Sálvio de Figueiredo, v.u. DJ de 11/12/89)
A Constituição de 1988, impondo limites às taxas de juros em
percentuais de 12% AA., nega vigência a toda legislação
infraconstitucionais em que vislumbre aparente permissão para o
abuso do poder econômico ou para o aumento arbitrário do lucro
pela cobrança desmedida de juros e demais encargos. E, ainda,
retifica a validade de lies que enunciam limitações ao desmando
do poderio econômico como o próprio Código Civil, o Decreto
22.626/33 e a Lei 80.78/90.
Em respeito ao princípio de hierarquia das leis, nenhuma lei
complementar poderá pretender a elevação do teto legal de 12%AA.
No tocante à correção monetária, asseveram a Autora que esta só
poderá ser corretamente calculada mediante a aplicação dos
índices oficial, que efetivamente reflitam a inflação.
E, é esta uma norma de ordem pública, que não pode ser violada
pela eleição de outros indexadores, como pretende o Réu através
da redação da cláusula contratual a respeito de tal tópico.
-Destaca- se que a TR não é admissível, porque foi criada como
referenciado de juros, e, além disso, é produto do mercado
financeiro, sem idoneidade para regular os demais setores da
economia nacional.
Vale mencionar que o Colendo Supremo Tribunal Federal declarou a
INCONSTITUCIONALIDADE da TR bem como a impossibilidade de sua
aplicação como indexador, por ocasião da apreciação da Ação
direta de Inconstitucionalidade dos arts. 18 (caput e && 1o e 4o
& único, todos da Lei n. 8.177 de 10/03/91).
Restando, assim, evidenciado que as instituições bancárias e
financeiras não mais poderão aplicar TR como indexador,
especialmente porque, segundo os doutrinadores
constitucionalistas, a derrubada do veto presidencial ao §2o, do
art. 18, da Lei n. 8.880/94 determina a aplicação de tal artigo
não apenas em matéria de crédito agrícola, mas tem todos os
setores da economia nacional.
Idêntico tratamento é o que pleiteia a Autora nesta lide, busca
amparo no Poder Judiciário para que sejam coibidas tentativas
usurárias e ilegais de exigir-lhe valores cobrados com base em
índices diversos do IGP-M e superiores à taxa de juros legais
linearmente computados.
Dentre as técnicas de repressão ao abuso do poder econômico ou
à eventual superioridade de um das partes em negócios que
interessam à economia popular (como in casu) encontre-se o
instituto da presunção, a necessidade para que se presuma, por
parte do aderente, a falta de cognoscibilidade suficiente quando
ao alcance do constrito.
Milita, pois, em favor da Autora a presunção de que desconhecia
o conteúdo lesivo do contrato à época em que foi celebrado,
opera-se de plano a inversão do ônus da prova.
Nesse diapasão é o entendimento do preclaro mestre Paulo Luiz
Neto Lobo, que assevera a posição de desvantagem da Autora como
determinante da presunção que vem operar a inversão do ônus da
prova contra o Réu.

COMPETE AO PREDISPONENTE PROVAR QUE O ADERENTE TEVE FACILITADOS


OS MEIOS DE COMPREENSÃO E CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES GERAIS DO
CONTRATO.

A inversão do ônus da prova expressamente prevista em lei ocorre


também por força da qualidade de consumidor de serviço de que se
reveste a Autora, nos moldes da Lei n. 8.078/90- verbis:
Art. 6º- São direitos básicos do consumidor:
VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, INCLUSIVE COM A
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou QUANDO
FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, seguindo as regras ordinárias de
experiências.
Art. 51= São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que:
VI= Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do
consumidor.
Destarte, além da apresentação pelo Réu. Em juízo, de todos os
elementos que se refiram à negociação celebrada em a Autora,
como vias originais do contrato e os extratos do débito com os
respectivos históricos a prova de fatos que porventura arredem a
responsabilidade da Requerida a este caberá com exclusividade.
Por tudo que se expôs, conclui se pela ilegalidade das cláusulas
contratuais leoninas e abusivas, cujo adimplemento ensejaria ao
Réu execrável enriquecimento sem causa.
Impõe-se, pois, a revisão da relação contratual, com o
conseqüente ajuste do pactuado aos moldes legais, declarando se
a nulidade e a conseqüente inexigibilidade de quanto sobeje ao
valor efetivamente devido pelo Auto Réu. Impõe-se, ainda, a
devolução em dobro nos termos do art. 876 do Código Civil de
tudo quanto tenha o Réu cobrado da Autora indevidamente,
conforme também o autoriza o CDC (§ único do art. 42)
Dos fatos e do direito acima expendidos, infere-se que já houve
lesão do direito da Autora sob vários aspectos.
Também decorre dos mesmos a constatação de que a manutenção dos
pagamentos dos valores cobrados indiscriminadamente á Autora, já
tão espoliado na relação jurídica colocada sub júdice, ampliará
o dano a si causado pelo Réu e tornando dificílima a sua
reparação

O Réu como todas as constituições financeiras do País dispõe de


mecanismos de coação contra os clientes e financiados em geral,
e os utiliza sem escrúpulos para ver-se satisfeita em suas
pretensões, e o mais temido desses expedientes consiste na
oposição de restrições creditais contra aqueles que, como a
Autora, ousa discutir e índices de e encargos.
Tais restrições implicam na inclusão do nome da pessoa e dos
avalistas desta nas chamadas listas negras do Banco Central e
cadastros do SPC. Há também a possibilidade de apresentação,
para protesto, de títulos de crédito vinculado aos contratos.
Os efeitos nefastos de tais expedientes são arrasadores, sendo
certo que, principalmente em relação ao SCPC, há mais de uma
modalidade de registro negativo, de comunicação interbancária:
muitas vezes, mesmo após a satisfação do suposto crédito, o
registro da antiga restrição não é de imediato cancelado e vem a
persistir, embaraçando o antigo devedor na iminência de celebrar
novo negócio financeiro.
É por demais injusto, que as instituições financeiras e
bancárias possam concentrar tanto poder sobre a vida creditícia
dos financiados, é este um motivo a mais para quebrantar o ânimo
dos devedores quanto à discussão dos valores inescrupulosamente
exigidos.
Aqueles que se encontram na posição da Autora, e buscam o amparo
do Poder Judiciário, virão a sofrer maiores prejuízos
financeiros e morais ante a lentidão e morosidade da máquina
judiciária. E para sanar situações como esta é que o legislador
criou a possibilidade de antecipação da tutela pretendida. Leve-
se em considerações, ainda que nossos Tribunais, através de
decisões, também têm repudiado tal procedimento das instituições
financeiras, tal como o ora praticado pelo Réu contra a Autora.
E, dentre todas, e para evitar maiores delongas, eis:
CENTRAL DE RESTRIÇÕES NEGATIVAÇÃO JUNTO ÀS INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS COAÇÃO INDEVIDA LIMINAR MANTIDA.
“Estando em discussão à legitimidade do crédito, correta a
decisão que manda sustar a negativação do devedor junto à
central de Restrições e que o impede, na prática, a qualquer
operação bancária e comercial. Precedentes da Câmara a respeito
do CADIN. Aplicação do art. 42 do Código de defesa do
Consumidor. Al. N. 195.155.551m da 4a Câm. Civ. Do E. TACRS, j.
em 14.12.95, Rel. Dr. Noacir Leopoldino.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO

“Enquanto discute-se o título e seus valores, não pode ser


considerado o devedor inadimplente, razão pela qual se mantém a
decisão que, liminarmente, proibiu o agravante de fazer constar
o agravado nos cadastros restritivos de crédito". Al n.
196.213.938, 3a Câm. Civ. Do E. TACRS, Rel. Gaspar Marques
Batista.
Considere-se ainda, que a Autora está sendo vítima de crime de
usura como se demonstrará no curso da lide não podendo sofrer
prejuízos por causa da atividade ilegal do Réu. E, ele goza de
excelente reputação e seu bom nome comercial é ilibado, busca,
pois, socorro ante esta Corte, em se levando em consideração a
existência de investida inescrupulosa por parte do Réu poderá
trazer danos ao bom nome do demandante, e o seu nome é o maior
patrimônio, jamais poderá sofrer qualquer abalo.
Impõe-se, no caso vertente, antecipação da tutela que deve
compreender dito objeto da relação contratual em apreço, até que
fique definidamente fixado o quantum debeatur, determinando que
a Ré se abstenha de efetuar e/ou providencie o cancelamento de
imediato qualquer tipo de lançamento ou restrição junto ao SCPC,
SERASA Banco central e Cartório de Protesto em seu nome e do seu
avalista.

DAS PROVAS

A Autora comprova os fatos alegados com os inclusos documentos,


e, se for necessário, requer, desde já, se digne Vossa
Excelência deferir a produção de provas pericial, e documental,
sem dispensar os demais meios de prova em direito admitidos.
Outrossim, requer se digne Vossa Excelência, para a instrução
do presente feito, determinar ao Réu que apresente os seguintes
documentos:Contrato de abertura de crédito a título de
Empréstimo; comprovantes de todos os pagamentos realizados;
saldo devedor; planilha dos cálculos; explanações de juros
cobrados e/ou outras pertinentes ao caso,ou seja:
Contrato de abertura de conta corrente nº.41.949-4 ; documentos
que demonstrem a exatidão dos valores que deram causa ao
empréstimo
e o total das parcelas quitadas e as faltantes, bem como, os
cálculos e/ou planilhas discriminada, que demonstrem os valores
que estão sendo cobradas, em decorrência do Contrato retro
mencionado.

DOS PEDIDOS:

DOS PEDIDOS EM FACE DA ANTECIPACAO DA TUTELA

POSTO ISTO, diante de tudo o quanto restou demonstrado, e com


sede e ancoradouro nas legislações específicas e vigentes quanto
à matéria e sem dispensar os doutos suprimentos deste E. Juízo,
a Autora oferece para a seleta e dilúcida consideração de Vossa
Excelência, os seguintes requerimentos:

a)Que seja autorizado o depósito em juízo das prestações


vincendas no valor de R$ 188,00(cento e oitenta e oito
reais)enquanto durar o processo na justiça.
b)Que a Ré fique impedida de incluir no cadastro de
inadimplentes SERASA/SPC o nome da Autora.
c)Requer que seja autorizada a suspensão nos pagamentos do
financiamento através de débito em conta, com intimação do banco
Réu até a resolução da presente demanda.

DOS PEDIDOS DO MÉRITO:

1)Seja o Banco Réu citado, por via postal, na pessoa de seu


representante legal, para, querendo, contestar a presente ação,
sob pena de revelia e confissão;
2)Que seja realizada a revisão do contrato – (prestações)
utilizando-se de um índice que reflita mais fidedignamente a
inflação que o utilizado pelo Banco Réu .
3)Após o recálculo, caso o autor seja credor do Réu, requer que
seja restituído ao mesmo, o valor por ele pago a maior.
4)Que seja nomeado um perito contábil.
5) seja a presente ação julgada procedente, confirmando as
medidas liminares porventura deferidas, compelindo-se o Banco
Réu a proceder a todos os acertos necessários à apuração correta
do saldo devedor/prestações realizando a revisão do contrato –
(saldo devedor e prestações) utilizando-se de um índice que
reflita mais fidedignamente a inflação que o utilizado pela
empresa Ré e que obedeça as normas exigidas pelo BANCO CENTRAL.
6) Que o Banco Réu seja condenado a restituir em favor do Autor
os valores pagos a maior no contrato de financiamento,
compensando-se o R. crédito nas parcelas vincendas caso haja.
7) Requer inversão do ônus da prova.
8) Que o Banco Réu seja condenado ao pagamento de custas e
honorários advocatícios e demais cominações de estilo.

9) Requer benefício da justiça gratuita (lei 1060/50).


Protesta-se provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, especialmente por via de perícia contábil, documentos
e depoimento pessoal, o que desde já, requer.

Para os devidos fins, a Autora dá a presente o valor de R$


15.423,25 (que corresponde exatamente ao valor contratado).

Termos em que,

E. Deferimento.

Belo Horizonte, 12 de novembro, de 2012.

Carla Cristina R. França Dias

OAB/MG 74.549

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