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7908403540105
SEJUS - ES
SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA DO ESPÍRITO SANTO
Inspetor Penitenciário
EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2023, SEJUS/ES DE 20 DE JULHO DE 2023
ÍNDICE
Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de texto.................................................................................................................................................. 7
2. Ortografia: emprego das letras.................................................................................................................................................... 17
3. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido
que imprimem às relações que estabelecem.............................................................................................................................. 18
4. Sintaxe: reconhecimento dos termos da oração; reconhecimento das orações num período.................................................... 24
5. Concordância verbal; concordância nominal;.............................................................................................................................. 27
6. Colocação de pronomes.............................................................................................................................................................. 28
7. Ocorrência da crase;.................................................................................................................................................................... 29
8. Regência verbal; regência nominal.............................................................................................................................................. 29
9. Processo de formação das palavras............................................................................................................................................. 30
10. Coesão......................................................................................................................................................................................... 32
11. Sentido próprio e figurado das palavras...................................................................................................................................... 32
12. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 35
13. Figuras de Linguagem.................................................................................................................................................................. 36
Informática Básica
1. Noções de sistema operacional (Windows)................................................................................................................................. 59
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (Ambientes Microsoft Office)................................................................................ 69
3. Rede de computadores: Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos e internet e intranet;........................... 77
4. Programas de navegação............................................................................................................................................................. 78
5. Correio eletrônico........................................................................................................................................................................ 82
6. Sítios de busca e pesquisa na internet......................................................................................................................................... 87
7. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................................. 88
8. Segurança da informação. Procedimentos de segurança: Noções de vírus, worms e pragas virtuais; Aplicativos para seguran-
ça (antivírus, firewall, anti-spyware, etc.).................................................................................................................................... 91
9. Procedimentos de backup........................................................................................................................................................... 94
Raciocínio Lógico
1. Compreensão e análise da lógica de uma situação, utilizando as funções intelectuais; - raciocínio verbal, raciocínio matemá-
tico, raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos e discriminação de elementos; problemas
utilizando as operações fundamentais. Proposições e conectivos. Raciocínio quantitativo....................................................... 101
2. conjuntos, subconjuntos e operações básicas de conjunto; conjuntos de números e desigualdade......................................... 123
3. Expressões e equações algébricas; ............................................................................................................................................ 133
4. Sequências e séries; ................................................................................................................................................................... 138
5. Trigonometria, logaritmo e exponencial; ................................................................................................................................... 142
6. Funções;...................................................................................................................................................................................... 148
7. Análise combinatória................................................................................................................................................................. 160
8. Matrizes e determinantes; ......................................................................................................................................................... 163
9. Geometria; Geometria analítica................................................................................................................................................. 172
10. Estatística e probabilidades....................................................................................................................................................... 177
ÍNDICE
Atualidades
1. Assuntos ligados à atualidade nas áreas: Econômica, Científica, Tecnológica, Política, Cultural, Saúde, Meio Ambiente, Espor-
tiva, Artística, Literária e Social do Brasil e do Estado do Espírito Santo...................................................................................... 185
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LÍNGUA PORTUGUESA
https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html
Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico
https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.
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INFORMÁTICA BÁSICA
Arquivos e atalhos
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (WINDOWS) Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
WINDOWS 7 • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.
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INFORMÁTICA BÁSICA
Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Media Player
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Center
• Limpeza de disco
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Desfragmentador de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Os jogos do Windows.
área de transferência. • Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Manipulação de arquivos e pastas Interação com o conjunto de aplicativos
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos tendermos melhor as funções categorizadas.
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc. Facilidades
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INFORMÁTICA BÁSICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.
Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente confir-
mar sua exclusão.
61
RACIOCÍNIO LÓGICO
101
RACIOCÍNIO LÓGICO
Negação ~ Não p
Conjunção ^ peq
Disjunção Inclusiva v p ou q
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q
Condicional → Se p então q
Bicondicional ↔ p se e somente se q
102
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões
Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)
A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:
R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F
Resposta: Certo
103
ATUALIDADES
185
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Universalismo
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DOS DIREITOS Os defensores do universalismo acreditam que o fundamento
HUMANOS. dos direitos humanos está intimamente relacionado com dignidade
humana e o mínimo ético irredutível, ainda que haja dissenso sobre
Noções gerais, diferenças e convergências das três vertentes o verdadeiro sentido do mínimo ético1.
jurídicas dos Direitos Humanos no plano internacional: Direito Com o término da 2ª Guerra Mundial, a implementação dos
Humanitário, Direito dos Refugiados e Direito Internacional dos direitos humanos ganhou destaque no cenário internacional, como
Direitos Humanos. uma resposta a comunidade internacional em razão das atrocida-
Apesar de sua expressão moderna, os Direitos Humanos têm des cometidas durante o conflito armado. A procura de mecanis-
raízes para além da modernidade, tendo em vista a antiga inclina- mos internacionais para a proteção da dignidade humana passou a
ção humana para o senso de justiça. A verdadeira consolidação dos ser motivo de debates entre diversos Estados.
Direitos Humanos se deu em meados do século XX, como um fenô- Assim, a universalização dos direitos humanos passou a ter
meno do pós-guerra, em resposta às atrocidades e os horrores do destaque a partir da elaboração de documentos internacionais para
nazismo. Diante da necessidade de resguardar e efetivar os direitos a proteção de direitos dos indivíduos, independentemente de raça,
fundamentais da pessoa humana, foram surgindo normas que tute- religião, sexo e etnia.
lam os bens primordiais da vida. E, dentre esses bens primordiais, O caráter universal dos direitos humanos afirmado pela De-
a dignidade humana tornou-se princípio basilar dos Direitos Huma- claração Universal de 1948, foi ratificado na Declaração de Direitos
nos, trazendo novos direitos e acepções à legislação. Humanos de Viena de 1993, pois no parágrafo 5º do item I, consta
O Direito Humanitário, o Direito dos Refugiados e o Direito In- que os direitos humanos são universais.
ternacional dos Direitos Humanos formam, juntos, as três vertentes Ainda, a Declaração de Viena de 1993 sustenta a interdepen-
jurídicas dos Direitos Humanos no plano internacional e de prote- dência entre os valores dos direitos humanos, democracia e desen-
ção à pessoa humana. volvimento. A Declaração de Viena foi subscrita por 171 Estados,
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é o ramo do ou seja, o caráter universal dos direitos humanos propugnado pela
Direito Internacional que tem por principal objetivo proteger e Declaração Universal de 1948 foi endossado por um elevadíssimo
promover a dignidade humana em caráter universal e imperativo, número de Estados, o que nos leva a concluir que a Declaração de
consubstanciado no interesse da paz e do bem comum, a todos os 1993 amplia o consenso acerca da universalidade desses direitos.
Então, prevalece o entendimento de que a Declaração de Viena
Estados. Por sua vez, o Direito Humanitário é revelado através de
de 1993 acolheu a ideia da forte universalismo e fraco relativismo.
um conjunto de normas internacionais pautadas nas convenções e
costumes aplicados especificamente nos casos de guerra ou confli-
Relativismo cultural
tos armados. Visam a proteção internacional das vítimas de confli-
A Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultu-
tos armados, e a limitação dos meios e dos métodos de combate,
ral reafirmou a convicção de que o diálogo intercultural é o melhor
nos termos da Convenção de Genebra, de 1949. E, o Direito dos
meio para a promoção da paz, da tolerância e do respeito ao outro.
refugiados, pautado no Estatuto da ONU sobre os Refugiados, de
Além de ratificar a necessidade de proteção às diferentes identida-
1951 visa proteger toda pessoa ameaçada de perseguição por moti- des culturais, a Declaração da Unesco deixou claro que a diversida-
vos políticos, raciais ou sociais que a coloquem em perigo iminente de cultural não pode ser invocada para legitimar atos de violência
de vida ou fundado receio de dano à sua integridade física. aos direitos humanos.
1 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:qou-
Om5b1aikJ:seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/down-
load/450/pdf_55+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
187
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
A conjugação do respeito às particularidades de cada cultura com a Entender as divergências que existem em um mesmo contexto
afirmação do caráter universal dos direitos humanos, realizada através cultural é fundamental para perceber a importância de se declarar
do diálogo intercultural, é de um dos maiores desafios da atualidade. direitos e proteger pessoas submetidas a diferentes formas de
Apesar do diálogo intercultural ser fundamental para a maior dominação.
efetividade dos direitos humanos, algumas das críticas feitas aos É importante lembrar que o verdadeiro processo de
universalistas são, no mínimo, equivocadas. internacionalização dos direitos humanos só veio a ocorrer a
O discurso de que os direitos humanos representam uma visão partir da 2ª Guerra Mundial, como resposta às atrocidades e aos
individualista, em que os “direitos” são privilegiados em detrimento horrores cometidos durante o nazismo. E a partir de então, os
dos “deveres”, não impossibilita a aproximação dos direitos com os direitos humanos passam a ter um papel fundamental na luta pela
deveres, uma vez que tais concepções não são fechadas ou inflexí- valorização da vida e proteção dos homens, bem como no combate
veis, mas, pelo contrário, eles se completam e se interpenetram. a dominação, sofrimento e totalitarismo.
A proteção e implementação dos diretos humanos “envolve Mesmo diante dos avanços trazidos pela internacionalização
uma série de reflexões sobre deveres, responsabilidades com a co-
dos direitos humanos, ainda há muito a ser feito, pois em muitos
munidade, compromissos com as gerações presentes e futuras”.
países há pouca preocupação com políticas voltadas para a
O diálogo cultural com os povos que fundamentam suas rela-
implantação e proteção desses direitos, o que também não diminui
ções na noção de dever só servirá para enriquecer o tema.
a sua relevância.
A declaração de direitos é fundamental, pois sem eles os indi-
víduos se tornam mais suscetíveis a dominação e ao sofrimento. Apesar das inúmeras críticas feitas pelos relativistas, além de
A proteção aos direitos humanos tem contribuído para a afir- proclamar o direito à vida, a universalização dos direitos humanos
mação do indivíduo como sujeito de direito internacional e o reco- tem servido para retirar o véu que encobre a dominação camuflada
nhecimento de direitos essenciais não pode ser negado por quem em tradições culturais.
quer que seja. A universalidade atribuída aos direitos humanos não nega as
Os direitos humanos não se prestam para substituir ou impos- diferenças que constituem as possibilidades de manifestação da
sibilitar convicções políticas, religiosas ou ideológicas. Em verdade, existência humana e mesmo das identidades particulares, mas pelo
a afirmação do caráter universal dos direitos humanos pretende o contrário, admite a existência de elementos valorativos comuns
estabelecimento de um parâmetro mínimo para as relações sociais. que podem ser compartilhados por todos os homens, seja de forma
Entretanto, posições calcadas no fundamentalismo prejudicam individual ou coletiva. Além disso, a universalidade de direitos
o diálogo, pois não reconhecem a possibilidade de influências humanos “não se contrapõe à diferença, podendo, inclusive, ser
externas. A construção dos direitos humanos abre um caminho a condição de possibilidade para que as diferentes manifestações
para que “seja possível transitar diferentes percepções, inclusive humanas possam se expressar e conviver em igualdade e sem avil-
religiosas, desde que, no seio de cada uma delas, haja espaço para tamentos”.
o dissenso, para a crítica”. Talvez o maior problema relativo aos direitos humanos, não é
A crítica dos relativistas de que os direitos humanos seria a forma como devem ser justificados, mas sim, como devem ser
um instrumento de imperialismo do Ocidente, com finalidade de protegidos. Não estamos diante de uma discussão filosófica, mas
universalizar a sua cultura e crenças, também é sustentada em política.
premissas equivocadas, pois o fato desses direitos terem nascido
no Ocidente é, tão somente, um dado histórico. Apesar da criação DEFINIÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
dos direitos humanos ser atribuída ao Ocidente, não quer dizer
que eles servem ou serviram para a perpetuação da dominação
capitalista e imperialista dos países ocidentais. O conceito de direitos humanos
O argumento trazido pelos relativistas de que os direitos huma- “Os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos
nos servem para legitimar e encobrir atos atentatórios aos direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liber-
humanos também é inadmissível. Sustentar que quaisquer práticas dade, igualdade e dignidade. Os direitos humanos são os direitos
seriam legítimas desde que compartilhadas por uma comunidade essenciais e indispensáveis à vida digna” (RAMOS, 2020, p. 24).
pode ser, e na maioria das vezes é, um discurso extremamente au- Os Direitos Humanos são, portanto, direitos naturais de todos
toritário, capaz de encobrir desigualdades, reprimir a liberdade e os homens, como aspectos essenciais da condição humana. Assim
legitimar a dominação. como as normas universais de reconhecimento e proteção, a ex-
Os defensores do relativismo cultural também argumentam pressão “direitos humanos” indica aquilo que é inerente à própria
que as críticas feitas à homogeneidade de uma determinada existência do homem e não há um rol predeterminado desse con-
cultura representaria uma afronta aos costumes compartilhados junto mínimo de direitos essenciais.
harmonicamente por aquele grupo, também não se sustentam.
Observa-se com frequência que muitas críticas são oriundas do
próprio grupo, de pessoas que pertencem a mesma tradição,
situação que por si só desmistifica um possível consenso e coesão.
Muitas vezes, críticas feitas por membros de determinado
grupo são reprimidas e subjugadas pelo valor coletivo. Diariamente,
os jornais trazem notícias a respeito de mulheres submetidas
à mutilação genital e castigos, com a autorização da religião, do
Estado e do grupo social que fazem parte.
188
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
A Constituição Federal brasileira adota a aplicabilidade imediata das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, nos
termos do artigo 5º, parágrafo primeiro:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
O texto constitucional conferiu, portanto, especial proteção aos direitos humanos, por isso, com a entrada em vigor de um tratado
internacional de direitos humanos, toda norma preexistente incompatível com seus preceitos perde automaticamente a vigência, obser-
vando-se sempre em caso de conflito, a norma mais favorável à vítima.
Com a Emenda Constitucional nº 45, que introduziu na Constituição de 1988 o § 3º do art. 5º, os tratados e convenções internacio-
nais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, passaram a ter status equivalentes às emendas constitucionais.
Os demais tratados sobre Direitos Humanos, sem a aprovação desse quórum, têm status supralegal, e, os Tratados e Convenções
Internacionais de assunto geral, que não tratam sobre Direitos Humanos, têm status de Lei ordinária.
Diversos são os órgãos e os sistemas de proteção aos Direitos Humanos no Brasil e no mundo.
No Brasil, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) é o órgão colegiado que tem por finalidade a promoção e a defesa dos
direitos humanos através de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação
desses direitos, previstos na Constituição Federal e em tratados e atos internacionais ratificados pelo Brasil (MINISTÉRIO DOS DIREITOS
HUMANOS E DA CIDADANIA, 2023).
Internacionalmente, a ONU, com seus órgãos e mecanismos de proteção aos Direitos Humanos, é quem representa o Sistema Univer-
sal ou Global e diversos outros órgãos que ampliam o alcance dessas normas de proteção aos Direitos Humanos, nos chamados Sistemas
Regionais.
SISTEMA GLOBAL
— Sistema Global
Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral
como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos di-
189
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
207
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Agente Público: O Estado age em nome do agente. Assim, b) Foi afirmado pelo próprio STF que a proibição não se esten-
não poderão constar nas publicidades os nomes de administrado- de a agentes políticos do Poder Executivo, tais como os ministros de
res ou gestores, sendo que as propagandas devem ser informativas Estado e secretários estaduais, distritais e municiais, pois, no enten-
e educativas, pois, o ato estará sendo praticado pela Administração dimento do STF, a súmula se aplica apenas a cargos comissionados.
Pública. Tal entendimento possui liame com a Teoria da Imputação
Volitiva, por meio da qual, a vontade do agente público é imputada Publicidade
ao Estado. É necessário que haja transparência no exercício das ativida-
des exercidas pela Administração Pública. Via regra geral, os atos da
• OBS. Importante: De acordo com a jurista Maria Sylvia Zanella Administração devem ser públicos. Contudo, há algumas exceções,
di Pietro, o princípio da impessoalidade é fundamento para fins de como determinados interesses sociais, bem como as situações de
reconhecimento de validade dos atos praticados por “funcionário foro íntimo.
de fato”, que se trata daquele que não foi investido no cargo ou Para que haja eficácia, é preciso que haja a publicidade dos
função pública de nodo regular, tendo em vista que a conduta desse atos administrativos, pois, com isso, haverá também, melhor con-
agente, que se encontra laborando de modo irregular na Adminis- trole das atividades administrativas pela própria sociedade.
tração Pública, é atribuída à pessoas jurídica na qual ele está inseri- Constitui exceção ao princípio da publicidade, o artigo 2º, Pará-
do e, por esse motivo, tal vício será convalidado/corrigido. grafo Único, V da Lei nº 9784/99 que determina que a Administra-
ção Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
Moralidade finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida-
Além da necessidade de as atividades da Administração esta- de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse pú-
rem de acordo com a lei, é preciso que tais atuações sejam condu- blico e eficiência, sendo que nos processos administrativos serão
zidas com lealdade, ética e probidade, sendo que nesse caso, estará observados, entre outros, os critérios de divulgação oficial dos
a moralidade se preocupando com a moralidade jurídica, e não a atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
social. Constituição.
A moralidade jurídica é concretizada através de mecanismos Ademais, o artigo 5º, XXXIII da CFB/88 e o artigo 5º, X também
que o Estado cria para fiscalizar de modo mais eficaz as atividades da CFB, defendem que tais atos com caráter “sigiloso” devem ser
de seus servidores. São exemplos: a Lei de Improbidade Administra- compreendidos como exceções à regra geral do Princípio da Publi-
tiva e a Lei de Ação Popular. cidade.
Ressalta-se que antes da edição da Súmula Vinculante nº13 do Vale ressaltar que de acordo com o artigo 5º, LXXII da CFB/88
STF, o nepotismo, que se trata da nomeação de parente para ocupar e a Lei nº 9507/97, um dos principais remédios constitucionais que
cargo de confiança, já havia sofrido reprimenda da Resolução nº 7 prevê a garantia do acesso às informações sobre a pessoa do impe-
do CNJ – Conselho Nacional de Justiça. trante, é o Habeas Data.
Vejamos o que determina a Súmula Vinculante nº 13 do STF: Por fim, é importante mencionar que a Súmula nº 6 do STF
estabelece “desde que devidamente motivada e com amparo em
• Súmula Vinculante 13 STF – “A nomeação de cônjuge, com- investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face
o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor do poder-dever de autotutela imposto à Administração”. Logo, per-
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou cebe-se que a intenção da Suprema Corte ao elaborar esta Súmula,
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de con- foi a de preservar a intimidade.
fiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública di-
reta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Eficiência
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante O princípio da eficiência foi introduzido pela EC nº19/98, pois,
designações recíprocas, viola a Constituição Federal”. antes, ele era considerado como princípio infraconstitucional.
Nesse sentido, deverá ser a atuação da Administração Pública
Sabendo-se que a prática do nepotismo é Contrária à mora- pautada nos seguintes critérios:
lidade, impessoalidade e eficiência administrativas, tal prática foi a) Rapidez;
recentemente condenada pela Súmula que reforça o caráter imoral b) Dinamismo;
e ilegítimo da nomeação de parentes para cargos em comissão, in- c) Celeridade;
cluindo nesses casos, a modalidade cruzada ou transversa. Como d) Descongestionamento;
exemplo, podemos citar o parente de Marcela que foi nomeado no e) Desburocratização;
gabinete de João em troca da nomeação de um parente de João no f) Perfeição;
gabinete de Marcela. g) Completitude; e
Todavia, a edição da Súmula Vinculante 13 do STF, teve seu im- h) Satisfação;
pacto positivo enfraquecido por causa de duas ocorrências, sendo i) Rentabilidade ótima, máxima e com menor custo.
elas as seguintes:
a) Ao fazer referência explícita a parentes colaterais até o ter- Sobre o tema, o STF já se posicionou no sentido de reforçar que
ceiro grau, a Súmula Vinculante acabou por legitimar a nomeação o princípio da eficiência não depende de Lei para que seja regula-
de primos; e mentado, sendo por isso, considerado como uma norma de eficácia
plena.
208
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Além disso, destaca-se que a Emenda Constitucional nº19/98 consagrou a transição da Administração Pública Burocrática para a Ad-
ministração Pública Gerencial, com o objetivo de criar aproximação entre o Poder Público e a iniciativa privada. Vejamos no quadro abaixo,
as distinções entre esses dois tipos de Administração:
• Súmula 33 STF - “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.
209
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
(I) Conceito: — Legalidade (Art. 5°, XXXIX + Art. 1°, CP + Documentos Inter-
O direito penal é um ramo do direito público que trata dos cri- nacionais)
mes e das infrações penais. Seu principal objetivo é estabelecer um Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
conjunto de normas que definem quais comportamentos são con- prévia cominação legal → real limitação ao poder estatal de
siderados criminosos, bem como as penas e medidas de segurança interferir na esfera das liberdades individuais.
aplicáveis a quem cometer tais condutas. É uma área do direito que O princípio da legalidade se divide em dois subprincípios:
busca preservar a ordem social, proteger os direitos individuais e reserva legal e anterioridade.
coletivos, além de promover a justiça e a pacificação social. – Reserva legal: não há crime ou pena sem lei em sentido
estrito, ou seja, diploma legal emanado do Poder Legislativo.
(II) Missão: 1 – E contravenção penal? A doutrina entende que as
A missão do direito penal brasileiro é garantir a segurança jurí- contravenções/infrações penais também não podem ser aplicadas
dica e a paz social, estabelecendo normas claras que determinem o sem lei.
que é crime e qual a consequência para quem praticá-lo. Além dis- 2 – Além da pena, entende-se também que a medida de
so, busca prevenir a ocorrência de crimes, por meio da intimidação segurança não pode ser aplicada sem prévia lei.
e dissuasão, bem como oferecer respostas adequadas e proporcio- Medida legal é outra espécie de sanção penal (resposta dada
nais às infrações penais que efetivamente ocorram. a alguém por uma infração penal), na qual a culpabilidade não é
O direito penal também tem a missão de proteger os direitos um pressuposto, mas sim a periculosidade, ex.: agente não pode
individuais dos acusados, assegurando o devido processo legal, o ser condenado em função de doença mental, porém ele sofre
contraditório e a ampla defesa, garantindo que apenas aqueles que a aplicação de medida de segurança (tratamento ambulatorial,
efetivamente cometeram um crime sejam punidos. internação, por exemplo).
(III) Funções: – Anterioridade: não há crime ou pena sem lei anterior ao fato
As principais funções do direito penal brasileiro são: praticado, ex.: a partir de hoje, beber cerveja é crime, porém quem
a) Proteção dos bens jurídicos: O direito penal tem como finali- bebia até ontem não pode ser criminalizado → a anterioridade gera
dade proteger os valores mais importantes para a sociedade, como o princípio da irretroatividade da lei penal.
a vida, a liberdade, o patrimônio, a honra, entre outros. Isso é reali-
zado por meio da tipificação de condutas criminosas e da aplicação Atributos da Lei Penal: a lei penal deve ser:
de penas. I – a norma penal deve ser escrita. Os costumes influenciam
b) Prevenção geral: Busca dissuadir a sociedade em geral de no direito penal e servem para aclarar determinados textos (ex.:
cometer crimes, demonstrando as consequências negativas que repouso noturno). Segundo o MPSP, o costume não pode revogar
aguardam os infratores. Através do medo do castigo, espera-se de- crime (v. Súmulas 502 e 574, STJ);
sestimular a prática de condutas criminosas. II – A norma penal deve ser certa, sem margens de dúvidas
c) Prevenção especial: Tem o objetivo de ressocializar o infra- para sua interpretação;
tor, recuperando-o para que, após cumprir sua pena, possa reinte- III – Deve ser taxativa, de forma a evitar que a norma seja
grar-se à sociedade de forma responsável e não voltar a cometer aplicada a uma gama variada de condutas, violando o princípio da
crimes. reserva legal;
d) Repressão: Quando um crime é cometido, o direito penal IV – A norma penal deve ser necessária, uma vez que o direito
entra em ação para punir o infrator de acordo com a gravidade do penal deve ser o último recurso do Estado para proteção do bem
delito. Essa função visa restabelecer a ordem jurídica e a justiça, jurídico.
além de servir como exemplo para a prevenção geral.
e) Garantia de direitos fundamentais: Assegurar que o proces- Tópicos relevantes
so penal respeite os direitos fundamentais dos acusados, como o – Medidas Provisórias em matéria penal, a rigor, a Medida
direito à defesa, o princípio da presunção de inocência e a proibição Provisória não pode tratar de matéria penal (v. Art. 62, § 1º, “b”,
de penas cruéis e degradantes. CF), porém o STF entende que a Medida Provisória pode tratar
de matéria quando beneficiar o infrator (reduzindo penas,
discriminando condutas, por exemplo).
– Normas penais em branco, isto é, as que exigem um
complemento para ter eficácia, violam o princípio da reserva legal?
Prevalece o entendimento que as normais penais em branco não
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
violam o princípio da reserva legal, pois a conduta está sendo – “Caráter perpétuo”: a pena não precisa ser explicitamente
discriminada na norma penal, apenas que o legislador não tem perpétuo, bastando que ela possua o caráter de perpétuo.
como colocar todas as minúcias do tema na lei.
Presunção de Inocência ou Não-Culpabilidade (Art. 5°, LVII,
Irretroatividade da Lei Penal CF)
– A lei penal só se aplica aos fatos ocorridos durante a sua – “Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado
vigência, não atingindo fatos anteriores. da sentença penal condenatória’ → regra taxativa.
– Existe exceção? Sim, a lei penal mais benéfica ao agente terá – A presunção de inocência é uma regra probatória (de
aplicação retroativa. julgamento), ou seja, somente a certeza da culpa pode gerar a
condenação → em razão disto, incumbe ao acusador o ônus da
Individualização da Pena (Art. 5°, XLVI, CF) prova a respeito da culpa pela prática do fato.
– “A lei regulará a individualização da pena”: nenhum caso 1 – O ônus da prova não será do acusador quando houver
é idêntico a outro caso, mesmo se for possível realizar a mesma alegação de excludente de ilicitude ou culpabilidade → neste caso,
conduta criminosa, portanto cabe à lei individualizar a pena o ônus será do acusado, porém, mesmo se ele não conseguiu
conforme as circunstâncias inerentes ao caso (reprimenda exata), provar uma excludente, o Juiz mesmo assim poderá absolvê-lo, caso
sendo vedada uma condenação “genérica” a todos que realizam entenda que exista fundada dúvida sobre existência da culpa (Art.
determinada conduta. 386, CPP).
– A individualização visa respeitar o princípio da 2 – Da presunção decorre o “in dubio pro reo” → havendo
proporcionalidade. dúvida acerca da culpa, o Juiz deve decidir a favor do réu.
– Este princípio não se aplica somente ao Juiz ou Promotor, mas
também em 03 (três etapas). – A presunção de inocência também é uma regra de
1 – Etapa legislativa: o legislador não pode produzir uma tratamento: o acusado deve ser sempre tratado como inocente,
norma que viola a individualização, elaborando uma lei que retire seja na dimensão interna quanto externa.
do Juiz os poderes para fixar parâmetros na aplicação da pena, 1 – Dimensão interna: o acusado deve ser a todo tempo tratado
por exemplo, (“quem cometeu tal crime terá pena de x anos, sem como inocente dentro da persecução penal (fase de investigação,
exceção). processo penal), ex.: prisões antecipadas equivocadas violam a
2 – Etapa judicial: o juiz, ao analisar o caso concreto sub presunção de inocência.
judice, condena ao agente e prossegue à dosimetria da pena, onde 2 – Dimensão externa: o acusado, fora da persecução penal,
ocorrerá a individualização. também deve ser tratado como inocente, ex.: acusado não pode ter
3 – Etapa administrativa (execução penal): o Juiz da execução sua nomeação em cargo público impedida por estar respondendo a
penal também deve analisar cada caso concreto, de modo a verificar um processo penal.
quem receberá um benefício, por exemplo.
– “Relativização” da presunção de inocência: o STF, em
Intranscendência da Pena (Art. 5°, XLV, CF) decisões recentes, adotou o entendimento que, como nenhum
– O efeito penal primário da sentença condenatória não pode princípio é absoluto, a presunção da inocência pode ser relativizada
passar da pessoa do condenado, isto é, somente ele poderá ser para fins de permitir a execução provisória da pena privativa
preso → a morte é uma das causas de extinção de punibilidade (Art. de liberdade, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença
107). penal condenatória, bastando para tal que a referida tenha sido
– Já os efeitos secundários (extrapenais), notadamente a referendada por um tribunal superior, sem prejuízo de eventual
obrigação de reparar o dano e/ou a decretação do perdimento REsp ou RExt (v. HC 126.292).
dos bens, podem ser estendidos aos sucessores e contra eles
executados, nos termos da lei, até o limite do valor do patrimônio Questões relevantes
transferido (limite do valor da herança). 1 – Inquéritos policiais e ações penais em curso configuram
– Os herdeiros também terão que pagar as multas do maus antecedentes? Não → “É vedada a utilização de inquéritos
condenado falecido? A multa se insere no efeito penal primário, policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.”
logo ela não passa aos herdeiros, pois estes só recebem os efeitos (Súmula 444, STJ).
civis da pena e não os efeitos punitivos. 2 – É possível a regressão de regime de cumprimento da pena
pela prática de novo crime? O STF e STJ entendem que o Juiz da
Limitação das Penas ou Humanidade (Art. 5°, XLVII) → cláusula execução pode proceder à regressão de regime mesmo sem o
pétrea trânsito em julgado do novo crime.
– Não haverá penas: 3 – Revogação da suspensão condicional do processo pela
I – de morte, salvo em caso de guerra declarada; prática de novo crime (Art. 80, Lei 9.099/95): se o agente praticar
II – de caráter perpétuo; o novo crime, o benefício do SURSIS será revogado, mesmo sem o
III – de trabalhos forçados; trânsito em julgado do novo crime.
IV – de banimento; ou – Prisões cautelares não ofendem a presunção da inocência.
V – cruéis.
– “Trabalhos forçados”: contrário ao que se imagina, o trabalho
do preso não é forçado pois o labor do preso não é pena e tampouco
é forçado → o trabalho é um dever, porém ninguém forçará o preso
a trabalhar se não quer.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Intervenção Penal Mínima (“Última Ratio”) – O princípio da insignificância é aplicada ao descaminho, uma
– O direito penal não pode ser a primeira opção, devendo ser vez que a lei 10.520/02 estabeleceu uma dispensa para a Fazenda
reservado para casos excepcionais. Nacional, isto é, ela não precisaria executar para cobrar valores
– Quando a intervenção penal é necessária? Para saber, inscritos na dívida ativa que não excedesse R$ 10 mil, logo, se
é necessário analisar os caráteres fragmentariedade e tributariamente o valor é insignificante, para o penal também será.
subsidiariedade;[. – Posteriormente, algumas portarias do MF atualizaram o
1 – Fragmentariedade: o direito penal só deve intervir os bens valor da dispensa: o STF, consequentemente, aumentou o valor
jurídicos mais relevantes para a sociedade → fragmento = só uma do princípio, porém o STJ manteve entendimento que o valor da
parte. dispensa devia ser igual o da lei, ou seja, R$ 10 mil. Recentemente,
2 – Subsidiariedade: O direito penal só vai intervir quando as o STJ passou a entender que é de R$ 20 mil do tributo sonegado.
demais formas de controle social, incluindo os demais ramos do
direito, forem insuficientes → atuação “não principal” do direito
penal.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
so com a condição humana de todos os envolvidos. Ao preservar a No processo penal, a instrumentalização administrativa pode
dignidade dos indivíduos e garantir o respeito aos direitos funda- fornecer informações, provas e subsídios relevantes para a inves-
mentais no processo penal, busca-se alcançar uma sociedade mais tigação e ação penal. As autoridades administrativas podem cola-
justa e humanitária. borar com os órgãos de persecução penal, compartilhando dados e
conhecimentos especializados que potencializem as investigações e
aumentem a efetividade dos processos criminais.
INSTRUMENTALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E O Já o modelo sistêmico contribui para a formulação de políticas
MODELO SISTÊMICO DE PREVENÇÃO DE DELITOS públicas e estratégias de prevenção mais eficazes. Ao identificar as
ECONÔMICOS. principais falhas estruturais e regulatórias que possibilitam a ocor-
rência de delitos econômicos, é possível propor mudanças legislati-
vas, regulatórias e de boas práticas corporativas para prevenir tais
A instrumentalização administrativa e o modelo sistêmico de crimes e responsabilizar as empresas e indivíduos que descumpri-
prevenção de delitos econômicos são abordagens inovadoras no rem as normas.
campo do processo penal, buscando lidar de maneira eficiente e
preventiva com crimes econômicos complexos. Crimes dessa na-
tureza envolvem esquemas sofisticados e atores múltiplos, o que LEI Nº 12.846/2013 - LEI ANTICORRUPÇÃO. SISTEMAS
torna a repressão tradicional do sistema penal muitas vezes insu- DE REGULAÇÃO E AUTORREGULAÇÃO.
ficiente. Nesse contexto, a instrumentalização administrativa e o
modelo sistêmico se propõem a serem estratégias mais eficazes na LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013.
prevenção e combate a esses delitos.
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pes-
1. Instrumentalização Administrativa: soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
A instrumentalização administrativa consiste em dotar as auto- nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
ridades administrativas, especialmente aquelas vinculadas a órgãos
de regulação econômica e fiscalização, de instrumentos mais robus- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
tos para atuar na prevenção e repressão de delitos econômicos. Em cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
contraste com o sistema de justiça criminal tradicional, que tem o
CAPÍTULO I
poder de julgar e aplicar sanções após a ocorrência do crime, a ins-
DISPOSIÇÕES GERAIS
trumentalização administrativa foca no poder de prevenção, atuan-
do antes mesmo do cometimento do delito. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad-
Essa abordagem procura utilizar mecanismos de inteligência, ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
fiscalização, monitoramento e colaboração entre diferentes ór- administração pública, nacional ou estrangeira.
gãos administrativos para identificar comportamentos suspeitos, Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
padrões de conduta ilícita e operações financeiras que indiquem a empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in-
prática de crimes econômicos, tais como lavagem de dinheiro, frau- dependentemente da forma de organização ou modelo societário
de financeira, corrupção empresarial e outros. adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida-
des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial
2. Modelo Sistêmico de Prevenção de Delitos Econômicos ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
O modelo sistêmico de prevenção de delitos econômicos é uma direito, ainda que temporariamente.
abordagem que visa compreender o fenômeno do crime econômi- Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
co de forma mais ampla e integrada, analisando os diversos fatores mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
que contribuem para sua ocorrência. Em vez de focar exclusivamen- vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
te nos indivíduos responsáveis pelos crimes, o modelo sistêmico ou não.
considera também os fatores contextuais, organizacionais e estru- Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
turais que possibilitam ou incentivam a prática delituosa.
de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
Esse modelo destaca a importância de uma cooperação mul-
ilícito.
tidisciplinar entre diferentes atores, como empresas, órgãos go- § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
vernamentais, instituições financeiras, organizações da sociedade te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas
civil e especialistas em diversas áreas, incluindo direito, economia, no caput .
contabilidade e tecnologia. A análise sistêmica procura identificar § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
vulnerabilidades, brechas e deficiências no ambiente empresarial e bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
regulatório que facilitam a ocorrência de delitos econômicos. Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó-
tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou
3. A aplicação no processo penal cisão societária.
A instrumentalização administrativa e o modelo sistêmico não § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade
substituem o processo penal tradicional, mas complementam-no, da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re-
criando uma estratégia mais abrangente e proativa de prevenção paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans-
e combate aos delitos econômicos. Ao agir antes do crime ocorrer, ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
essas abordagens podem evitar danos econômicos significativos, Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
minimizar a vitimização de terceiros e poupar recursos públicos. incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
fraude, devidamente comprovados.
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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
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