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RECURSO ESPECIAL Nº 1.471.096 - PE (2014/0162139-5)


RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : POSTO APOLO LTDA
RECORRENTE : MEGA POSTO LTDA
ADVOGADOS : BRUNO PIRES MALAQUIAS - PE021844
BRUNO BUARQUE DE GUSMÃO E OUTRO(S) - PE024456
RECORRENTE : SINDCOMBUSTIVEIS - SINDICATO DO COMERCIO
VAREJISTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO E LOJAS DE
CONVENIÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
ADVOGADO : ANTÔNIO RICARDO ACCIOLY CAMPOS E OUTRO(S) -
PE012310
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVANTE : J SALES E COMPANHIA LTDA
AGRAVANTE : PETROVEL - PETRÓLEO VELOSO LTDA
AGRAVANTE : CUNHA DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA
AGRAVANTE : MONTENEGRO QUEIROZ LTDA
AGRAVANTE : MONTENESSE LTDA
AGRAVANTE : NODEPEL - NOVAES DERIVADOS DED PETRÓLEO LTDA
AGRAVANTE : PETROCAL - PETROLEO CAVALCANTI LTDA
AGRAVANTE : PORTO SEGURO DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA
AGRAVANTE : EURONORTE PETRÓLEO LTDA
AGRAVANTE : MACRO POSTO LTDA
AGRAVANTE : ERALDO BARBOSA SANTOS - MICROEMPRESA
ADVOGADO : FAGNER FRANCISCO LOPES DA COSTA E OUTRO(S) -
PE025743
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
INTERES. : AGENCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E
BIOCOMBUSTÍVEIS
REPR. POR : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
INTERES. : POSTO BATALHA LTDA
ADVOGADO : SÉRGIO SANCHES DE OLIVEIRA - PE013679
INTERES. : POSTO YPIRANGA LTDA
ADVOGADO : RICARDO NOGUEIRA SOUTO E OUTRO(S) - PE017880

DECISÃO
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
ESPECIAL E AGRAVOS EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA EM DEFESA DA ORDEM ECONÔMICA. COMÉRCIO
VAREJISTA DE DERIVADOS DE COMBUSTÍVEIS. FORMAÇÃO DE
CARTEL. AGRAVOS QUE DESAFIAM DECISÃO DENEGATÓRIA
FUNDADA NA SÚMULA 418/STJ. FLEXIBILIZAÇÃO DO
ENTENDIMENTO. APLICÁVEL SOMENTE QUANDO HOUVER
ALTERAÇÃO NO JULGADO ATRAVÉS DO RECURSO INTEGRADOR.
HIPÓTESE AUSENTE NO PRESENTE CASO. AGRAVOS
CONHECIDOS PARA QUE SE PROMOVA A APRECIAÇÃO

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CONJUNTA DOS TRÊS APELOS RAROS EXISTENTES NOS AUTOS.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE POR VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO
CPC/1973. ARGUMENTAÇÃO GENÉRICA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
284/STF. PARA SE REVERTER O ENTENDIMENTO DO ACÓRDÃO
REGIONAL EM RELAÇÃO À OPORTUNIDADE PROBATÓRIA E À
EXISTÊNCIA DE AJUSTE PRÉVIO, PARA FINS DE AÇÃO
CONCERTADA ENTRE OS FORNECEDORES, CARACTERIZADORA
DA EXISTÊNCIA DE CARTEL, É IMPRESCINDÍVEL O
REVOLVIMENTO DOS AUTOS, PROVIDÊNCIA VEDADA, EM
PRINCÍPIO, NESTA SEARA RECURSAL. AS DEMAIS VIOLAÇÕES À
LEGISLAÇÃO NÃO PREENCHEM O REQUISITO DO
PREQUESTIONAMENTO. O ALEGADO DISSÍDIO INTERPRETATIVO
TAMBÉM SEQUER MERCE SER CONHECIDO, DADA A AUSÊNCIA
DO COTEJO ANALÍTICO. AGRAVO DE J SALES BARROS & CIA
LTDA. CONHECIDO PARA NÃO SE CONHECER DO SEU RECURSO
ESPECIAL, ASSIM COMO NÃO CONHECER DOS APELOS RAROS
DO POSTO APOLO LTDA., DE MEGA POSTO LTDA. E TAMBÉM DE
SINDICOMBUSTÍVEIS/PE.

1. Trata-se de Recursos Especiais de MEGA POSTO LTDA. e


POSTO APOLO LTDA., de SINDICOMBUSTÍVEIS/PE - SINDICATO DO
COMÉRIO VAREJISTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO DE PERNAMBUCO e
de Agravo em Recurso Especial de J. SALES & CIA. LTDA. e OUTROS, este
último visando a conferir tramitação a seu anterior Apelo Raro, cujo seguimento foi
denegado pela Corte Regional. Os Recursos Excepcionais desafiaram o seguinte
julgado:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL


PUBLICA. COMÉRCIO VAREJISTA DE DERIVADOS DE
COMBUSTÍVEIS. FORMAÇÃO DE CARTEL. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL, LEGITIMIDADE PASSIVA DO SINDICATO DA
CATEGORIA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. JUÍZO NATURAL.
DESNECESSIDADE DA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO CIVIL
PÚBLICOS. NULIDADE DA SENTENÇA. INOCORRÊNCIA.
INDEFERIMENTO DA PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL.
LINEARIDADE DE PREÇOS. PROVA.

1. Considerando que cabe à Agência Nacional de


Petróleo-ANP a fiscalização de práticas que vulnerem a livre
concorrência no setor e que a presente Ação Civil Pública, que visou

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coibir a prática de cartel, no, segmento de varejo de derivados de
petróleo, foi proposta pelo Ministério Público Federal, resta patente a
competência da Justiça Federal.

2. Como não se impunha decisão uniforme para todos


os réus, dependendo da prova de sua participação no cartel, a
hipótese é de litisconsórcio facultativo, e não, necessário. Assim, era
possível o desmembramento em 4 (quatro) Ações Civis Públicas,
diante do número de empresas envolvidas.

3. Não houve vulneração ao princípio do Juízo natural,


porque foi deferido o pedido de reunião das demandas, em razão de
conexão.

4. Restou demonstrada a participação do sindicato da


categoria, na formação do cartel, inclusive em razão do fato da
atuação coordenada das empresas só ser factível com a intervenção
do mesmo.

5. Não deve prosperar a preliminar de impropriedade do


procedimento, porque não era necessário aguardar a conclusão do
inquérito civil público, bastando que o "Parquet" firmasse o seu
convencimento, com base nos elementos já coletados.

6. A circunstância de não ter havido intimação das


partes para se pronunciar sobre a decisão que, revendo
posicionamento anterior, indeferiu o pedido de perícia, não justifica a
nulidade da sentença.

7. As provas se destinam a convencer o julgador. Se o


mesmo considerou suficiente a prova documental colacionada,
impunha-se o indeferimento da prova pericial. O inconformismo da
parte poderia ser deduzido (e foi) no recurso de apelação, que
devolve à instância "ad quem" todas as questões abordadas na
sentença, inclusive a respeito da prova.

8. Ficou demonstrado, nos elementos apresentados pelo


Ministério Público, inclusive aqueles obtidos junto ao PROCON/PE e
ao CADE, o cartel, consubstanciado na linearidade artificial dos
preços praticados por empresas localizadas em toda a região
metropolitana do Recife, em percentual superior a 60% (sessenta por
cento), quando a legislação já considera presumivelmente prejudicial à
livre concorrência a concentração superior a 20% (vinte por cento).

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9. O cartel se configura, ainda que não haja acerto
prévio,, sendo suficiente a uniformização de preços. Também não é
relevante o fato desta uniformização ter importado, em determinado
contexto, na redução dos preços, porque este procedimento pode ter
ocorrido com o objetivo de pratícar "dumping".

10. Redução da sanção pecuniária fixada na sentença de


R$ 1.000.000,00 para R$ 500.000,00, em homenagem aos primados
da razoabilidade e da proporcionalidade.

11. Preliminar de nulidade da sentença rejeitada. Agravo


retido improvido. Apelações parcialmente providas (fls. 1.750/1.751).

2. Houve oposição de Embargos de Declaração, os quais,


foram improvidos, conforme a seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


REQUISITOS. INOCORRÊNCIA.

1. Os embargos de declaração têm ensejo quando há


obscuridade, contradição ou omissão no julgado e, por construção
pretoriana integrativa, erro material.

2. Hipótese em que não há no acórdão nenhuma


situação que dê amparo ao recurso interposto.

3. Não conhecimento dos embargos opostos por


empresas estranhas ao feito. Embargos do SINDICOMBUSTÍVIES/PE
desprovidos (fls. 1.822).

3. Nova oposição de Aclaratórios, desta feita, apenas por


MEGA POSTO LTDA. E OUTROS, os quais foram também rejeitados. Eis a
ementa:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


REQUISITOS. INOCORRÊNCIA.

1. Os embargos de declaração têm ensejo quando há


obscuridade, contradição ou omissão no julgado e, por construção
pretoriana integrativa, erro material.

2. Hipótese em que não há no acórdão nenhuma

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situação que dê amparo ao recurso interposto.

3. Embargos desprovidos (fls. 1.946).

4. Nas razões de seu Apelo Raro, o POSTO APOLO LTDA. e


MEGA POSTO LTDA., alegam ofensa aos arts. 47, 236, 242, e 535 do CPC/1973,
e 21 da Lei 8.884/1994.

5. Por sua vez, o SINDICOMBUSTÍVEIS/PE - SINDICATO DO


COMÉRCIO VAREJISTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO DE PERNAMBUCO,
nas suas razões recursais especiais, advoga o malferimento aos arts. 145, 236,
294, 301, 420 e 535, I e II do CPC/1973; 21 da Lei 8.884/1994 e 6o. da Lei
Delegada 4/1962.

6. Finalmente, J. SALES BARROS & CIA. LTDA. e OUTROS,


aduziram, em seu Especial, a violação dos arts. 145, 236, 294, 301, 420 e 535, II
do CPC/1973; 21 da Lei 8.884/1994 e 6o. da Lei Delegada 4/1962.

7. Após as contrarrazões, o egrégio Tribunal Regional Federal


da 5a. Região admitiu os Apelos Raros de POSTO APOLO LTDA. e de MEGA
POSTO LTDA. (fls. 2.064) e do SINDICOMBUSTÍVEIS/PE (fls. 2.067), e negou
tramitação ao Recurso Especial de J. SALES BARROS & CIA. LTDA. e OUTROS,
por ausência de reiteração após o julgamento dos Aclaratórios, porquanto
interpostos antes deste evento (fls. 2.069).

8. Sobreveio, perante este STJ, a manifestação ministerial de


fls. 2.205/2.221, pugnando pelo desprovimento do Agravo e pelo não
conhecimento de todos os Apelos Raros.

9. É o relatório.

10. De início, serão apreciados os Agravos em Recurso Especial


interpostos por J. SALES BARROS & CIA. LTDA. e OUTROS, os quais, desde
logo, merecem acolhimento, porquanto a decisão denegatória veicula
entendimento já superado por esta Corte Superior.

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11. Com efeito, este STJ flexibilizou a aplicação da Súmula
418/STJ, que entende ser intempestivo por prematuridade o Apelo Raro interposto
antes do julgamento dos Embargos de Declaração eventualmente manejado por
outra parte da demanda, para determinar que o referido óbice somente se aplica
quando os Aclaratórios promoverem alteração do julgado, o que não ocorreu no
presente caso, razão pela qual é de se afastar o óbice aplicado pela decisão
denegatória de fls. 2.069, para serem apreciadas tais irresignações principais.

12. Desta maneira, vislumbra-se que os três Recursos Especiais


constantes dos autos veiculam matérias semelhantes e, por isso, serão
apreciados conjuntamente, por matéria, com a devida identificação de cada um.

13. Antes, porém, cumpre destacar os fundamentos pelos quais a


egrégia Corte Regional apreciou a demanda:

Quanto à questão da competência da Justiça Federal,


entendo que se justifica a tramitação do feito perante este segmento
do Judiciário, em face da presença, como demandada, da Agência
Nacional de Petróleo-ANP, entidade pública federal de natureza
autárquica. Sem dúvida, entre as atribuições de tal entidade, está
inserida a de fiscalizar a atuação das empresas que laboram no
segmento de comercialização de derivados de petróleo, inclusive
coibindo a prática de formação de cartel. Se restou evidenciada aí dita
prática, com prejuízos à livre competição no mercado de combustíveis,
exigia-se a inclusão da Agência responsável pela fiscalização em tela,
no polo passivo da relação processual. Por outro lado, a demanda foi
ajuizada pelo Ministério Público Federal, com base em elementos
colhidos por aquela instituição, o que igualmente respalda o
ajuizamento da Ação Civil Pública na Justiça Federal.

No que tange ao litisconsórcio, não deve ser enquadrado


como necessário. O litisconsórcio é necessário, quando é
imprescindível que a decisão judicial seja a mesma para todos os
litisconsortes ou quando' houver explícita previsão legal. Não é o caso.
Não se impunha, imprescindivelmente, na espécie, a procedência dos
pleitos, quanto a todos os réus, já que imperioso perquirir sobre a
efetiva participação dos mesmos no cartel identificado. Logo,
cuidava-se de litisconsórcio facultativo.

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Sendo facultativo o litisconsórcio, não havia qualquer
impedimento ao desmembramento das empresas supostamente
envolvidas em vários grupos, o que motivou o ajuizamento de 4
(quatro) Ações Civis Públicas. Tal desmembramento encontra amparo
legal no artigo 46, Parágrafo Único, do Código de Processo Civil. Não
houve violação ao princípio do Juízo natural, já que as demandas
foram reunidas, em razão da conexão.

A respeito da inclusão do SINDICOMBUSTÍVEIS - Sindicato


do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, como demandado,
decorreu do fato de que o autor identificou indícios de sua efetiva
participação no cartel. Aliás, esta participação foi reconhecida pelo
CADE, na esfera administrativa. Ademais, seria inverossímil que os
postos de revenda de derivados de petróleo, sediados em toda a
região metropolitana do Recife, lograssem empreender uma ação
coordenada, sem que houvesse a intermediação da sua entidade
sindical. Rejeito, assim, a preliminar de ilegitimidade passiva "ad
causam".

Com relação à preliminar de impropriedade de procedimento,


no meu sentir, não "havia a necessidade da efetiva conclusão do
inquérito civil público, para que houvesse o ajuizamento da Ação Civil
Pública. Bastava que, com os elementos colacionados, o "Parquet" já
vislumbrasse condições para o dito ajuizamento. Convém assinalar
que, como se cuidava de mero procedimento, de natureza informativa,
para formar o convencimento do titular da ação, não se impunha a
concessão do contraditório - e da ampla defesa, a serem exercidas na
esfera judicial.

Acrescente-se o fato de que - conforme consignado na AC


no. 506211-PE, julgado por esta eg. 3a. Turma, na sessão do dia
2/8/2012 - o próprio CADE apurou, quando da apreciação do
Processo Administrativo no. 8012.003208/99-85, a ocorrência de
prática anticoncorrencial, tendó aplicado as penas contempladas nos
artigos 23 e 27, da Lei no. 8.884/94. A circunstância do CADE não ter
visualizado, no caso, o cometimento de infração à ordem econômica
não representa óbice ao manejo da Ação Civil Pública, por quem
esteja legitimado para tal.

A preliminar de nulidade da sentença igualmente não deve


ser acolhida. O fato de não ter havido publicação da decisão que,
revendo posicionamento anterior, não visualizou, no caso concreto, a
necessidade da realização de perícia não justifica a invalidação da

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sentença. Ocorre que as provas se destinam ao convencimento do
Juízo, que, no caso, em decisão fundamentada, reputou suficiente a
prova documental já colacionada aos autos.

Considerando que o processo não é um fim em si mesmo, se


as partes podem recorrer da própria sentença e, aí, diante da ampla
devolução de tudo o que foi ali explicitado à instância superior, a esta
submeter todos os aspectos abordados pelo juiz singular, não se
revela razoável anular a sentença, apenas para se permitir aos
litigantes a interposição de recurso contra o indeferimento da perícia,
se esta questão já poderá ser apreciada quando da análise das
próprias apelações.

Acerca do mérito da demanda, reputo comprovado o cartel


apontado na peça vestibular, com base na minuciosa investigação
empreendida pelo Ministério Público Federal, a partir do início do ano
de 1999, a evidenciar "uma linearidade excessiva dos preços
praticados em postos escolhidos por amostragem, em diversas
localidades. Igualmente se apurou esta linearidade, em pesquisa
realizada pelo PROCON Estadual, que, aliás, não identificou mera
similaridade nos preços adotados, mas verdadeira identidade.

Constata-se, tal como já mencionado no bojo das Apelações


Cíveis nos. 497766, 506211 e 503848, e conforme o exame das notas
fiscais anexadas às contestações e do levantamento de preços
apresentados na inicial, a uniformidade de preço indicada. O artigo
54, § 3o., da Lei no. 8.884/94, presume a ocorrência de restrição ou
prejuízo à livre concorrência, quando a concentração de mercado for
superior a 20% (vinte por cento). O concerto entre as revendedoras
de úcrivados de petróleo, em percentual de mais de 60% (sessenta
por cento), nos anos de 1999 e 2000, configura, nitidamente, o
objetivo de auferir lucros excessivos, com ônus a ser suportado pelo
consumidor, causando danos à dita livre concorrência.

Não procede o argumento de que a linearidade decorreria da


circunstância de que existia apenas uma produtora de combustíveis, a
PETROBRÁS. E que, apesar de poder haver coincidência com relação
a alguns custos, há variáveis que repercutem no custo final e, via de
conseqüência, no preço a ser definido, como ponderou o Conselheiro
Fernando de Oliveira Marques, do CADE, que fez menção, a título dê
exemplificação, ao valor do aluguel do terreno, ao Imposto Predial e
Territorial Urbano-IPTU do mesmo, aos preços dos equipamentos
empregados e aos gastos com água, luz, telefone, salários e

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obrigações sociais.

Afirmou-se que houve a redução dos preços, para combater a


atuação dos sonegadores e, depois, os mesmos passaram a ser
regulados pelo mercado, vindo a ser elevados. Esta justificativa não
pode ser acatada. A coibição da sonegação e outras ilegalidades deve
ser implementada pelas vias próprias, e não, causando prejuízo ao
consumidor.

Por outro lado, não se deve olvidar que o cartel não reclama,
necessariamente, o ajuste prévio, sendo suficiente a uniformização,
ainda que tácita, dos preços, a teor do que consigna o artigo 20, I, da
Lei no. 8.884/94. Ademais, não é imprescindível que haja o concerto,
exclusivamente, para majorar os preços. Também existe cartel,
quando as empresas reduzem, artificialmente, os preços, até abaixo
do valor total de seus custos, porque este procedimento pode ensejar
a inviabilização da atividade de concorrentes, forçando o
encerramento de suas atividades, com danos ao livre mercado e ao
consumidor, através do chamado dumping.

Finalmente, ficou claro que o propósito do autor desta Ação


Civil Pública não consistiu em tabelar os preços, mas, ao contrário,
coibir a indevida uniformização que o tabelamento proporciona, em
prejuízo do livre mercado e do consumidor, admitindo que cada
empresa defina os seus próprios preços, compatíveis com os seus
custos e a sua margem de lucros (fls. 1.745/1.748).

14. É de se destacar ainda o teor da brilhante manifestação


ministerial constante dos autos, assim ementada:

RECURSO ESPECIAL E AGRAVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


COMÉRCIO VAREJISTA DE DERIVADOS DE COMBUSTÍVEIS.
FORMAÇÃO DE CARTEL.

AGRAVO DE J SALES BARROS & CIA LTDA. OBSTADO EM


RAZÃO DO ÓBICE DA SÚMULA 418/STJ. CANCELAMENTO.
TEMPESTIVIDADE DO RECURSO. VÍCIO DO ARTIGO 535, II, DO
CPC/73 NÃO CONFIGURADO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. REVISÃO DO ENTENDIMENTO
DO TRIBUNAL DE ORIGEM ACERCA DA COMPROVAÇÃO DE
CARTEL. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME FÁTICO PROBATÓRIO.
SÚMULA 7/STJ. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO. NULIDADE

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AFASTADA PELA CORTE A QUO. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO.
ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESSA
CORTE. SÚMULA 83/STJ. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE QUATRO
AÇÕES COM A MESMA CAUSA DE PEDIR E PEDIDO. INCIDÊNCIA
DO ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ.

APELO DO POSTO APOLO LTDA. E DE MEGA POSTO


LTDA. OFENSA AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS.
SÚMULA 284/STF. TESE DE EXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO
PASSIVO NECESSÁRIO AFASTADA PELO ACÓRDÃO RECORRIDO.
REEXAME FÁTICO PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. AFRONTA AO
ART. 236, § 1o. E AO ART. 242 DO CPC. SÚMULA 83/STJ.
CONTRARIEDADE AO ART. 21, INCISO I, DA LEI No. 8.884/94.
SÚMULA 7/STJ.

- Parecer pelo desprovimento do agravo de J SALES


BARROS & CIA LTDA. e não conhecimento dos recursos especiais
(fls. 2.205/2.206).

15. De início, não ocorre a alegada nulidade do acórdão por


violação dos arts. 535 do CPC/1973, porquanto o Tribunal de origem apreciou as
questões que lhe foram trazidas de maneira clara e fundamentada, com
elementos constantes nos autos.

16. Verifica-se que todas as partes recorrentes ventilaram tal


matéria, porém não expuseram de maneira específica e clara quais seriam as
deficiências do acórdão a serem supridas, limitando-se a alegações genéricas de
ocorrência de omissão, pelo que, nesse ponto, são inadmissíveis suas
insurgências, sendo aplicável ao caso, por analogia, a Súmula 284/STF, segundo
a qual é inadmissível o Recurso Extraordinário quando a deficiência na sua
fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia. Nesse sentido
é a jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. ICMS. INCENTIVO FISCAL. AUSÊNCIA DE CELEBRAÇÃO
DE CONVÊNIO CONFAZ. REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO.
APROVEITAMENTO DE CRÉDITO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO
CPC. FUNDAMENTO GENÉRICO. SÚMULA 284/STF. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. EXAME DE LEI LOCAL.

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IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 280/STF. ANÁLISE DE NULIDADE DA
CDA. SÚMULA 7/STJ. QUESTÃO RESOLVIDA SOB ENFOQUE
CONSTITUCIONAL.

1. A alegada ofensa ao art. 535 do CPC foi apresentada


de forma genérica pela parte recorrente, tendo em vista que não
demonstrou, de maneira clara e específica, a ocorrência de omissão
no julgado, atraindo, assim, o enunciado da Súmula 284 da Suprema
Corte.

(...).

6. A instância ordinária, ao vedar o aproveitamento


integral do ICMS relativo às aquisições de mercadorias, cujas saídas
ocorreram com base de cálculo reduzido, proveniente de benefícios
fiscais concedidos por outra unidade da federação e não previsto em
convênios celebrados entre os Estados, baseou seu entendimento em
fundamento constitucional - art. 155, § 2o., XII, g, da CF.

7. Nesse contexto, eventual contrariedade, caso


existente, ocorreria apenas no plano constitucional, de modo que se
configura inviável a rediscussão da matéria pelo STJ, no recurso
especial.

8. Agravo regimental a que se nega provimento (AgRg


no REsp. 1.539.743/MG, Rel. Min. OG FERNANDES, DJe 22.10.2015).

² ² ²

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESVIO DE
FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS. OMISSÃO DO JULGADO
ESTADUAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF.
INÉPCIA DA INICIAL E JULGAMENTO EXTRA PETITA AFASTADOS.
ERROR IN PROCEDENDO. FUNDAMENTO INATACADO.

1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em


que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC se faz de forma
genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o
acórdão se fez omisso, contraditório ou obscuro. Aplica-se, na
hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. Nesse mesmo sentido são
os seguintes precedentes: AgRg no REsp 1.084.998/SC, Rel. Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 12/3/2010; AgRg no REsp

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702.802/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma
DJe 19/11/2009, e REsp 972.559/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves
Lima, Quinta Turma, DJe de 9/3/2009.

2. O Tribunal de origem deu a correta aplicação ao art.


282 do CPC, ao considerar cumpridos os requisitos da petição inicial,
não vislumbrando a alegada inépcia da inicial uma vez que os autores
narram na inicial (fls. 02/05) que estavam em exercício fático da
função de técnico em radiologia, apesar de contratados para função
diversa, requerendo indenização pecuniária.

(...).

5. Agravo regimental a que se nega provimento (AgRg


no AREsp. 533.421/PE, Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe 13.3.2015).

17. No mérito, todos os Recursos Especiais argumentam a


violação dos arts. 20 e 21 da Lei 8.884/1994, aduzindo a inexistência de
comprovação do necessário ajuste prévio para a configuração da prática de cartel
ou de concentração de mercado; todavia, para a eventual reforma do acórdão
regional neste aspecto é imprescindível o revolvimento dos autos, providência
vedada, em princípio, nesta seara recursal.

18. Em relação a tal aspecto, observa-se o respectivo trecho do


brilhante Parecer Ministerial:

Além disso, as instâncias anteriores consignaram a existência


de elementos suficientes para a comprovação da prática de cartel, nos
seguintes termos:

Acerca do mérito da demanda, reputo comprovado o


cartel apontado na peça vestibular, com base na minuciosa
investigação empreendida pelo Ministério Público Federal, a
partir do início do ano de 1999, a evidenciar uma linearidade
excessiva dos preços praticados em postos escolhidos por
amostragem, em diversas localidades. Igualmente se apurou
esta linearidade, cm pesquisa realizada pelo
PROCON-Estadual, que, aliás, não identificou mera
similaridade nos preços adotados, mas verdadeira identidade.
Constata-se, tal como já mencionado no bojo das
Apelações Cíveis no.s 497766, 506211 e 503848, e conforme
o exame das notas fiscais anexadas às contestações e do

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levantamento de preços apresentados na inicial, a
uniformidade de preço indicada. O artigo 54, § 3o., da Lei no.
8.884/94, presume a ocorrência de restrição ou prejuízo à
livre concorrência, quando a concentração de mercado for
superior a 20% (vinte por cento). O concerto entre as
revendedoras de derivados de petróleo, em percentual de
mais de 60% (sessenta por cento), nos anos de 1999 e 2000,
configura, nitidamente, o objetivo de auferir lucros excessivos,
com ônus a ser suportado pelo consumidor, causando danos
à dita livre concorrência.
Não procede o argumento de que a linearidade
decorreria da circunstância de que existia apenas uma
produtora de combustíveis, a PETROBRAS. E que, apesar de
poder haver coincidência com relação a alguns custos, há
variáveis que repercutem no custo final e, via de
conseqüência, no preço a ser definido, como, a título de
exemplificação, o valor do aluguel do terreno, o Imposto
Predial e Territorial Urbano - IPTU do mesmo, os preços dos
equipamentos empregados e os gastos com água, luz,
telefone, salários e obrigações sociais.
Afirmou-se que houve a redução dos preços, para
combater a atuação dos sonegadores e, depois, os mesmos
passaram a ser regulados pelo mercado, vindo a ser
elevados. Esta justificativa não pode ser acatada. A coibição
da sonegação e outras ilegalidades deve ser implementada
pelas vias próprias, e não causando prejuízo ao consumidor.
Por outro lado, não se deve olvidar que o cartel não
reclama, necessariamente, o ajuste prévio, sendo suficiente a
uniformização, ainda que tácita, dos preços, a teor do que
consigna o artigo 20, I, da Lei n° 8.884/94. Ademais, não é
imprescindível que haja o concerto, exclusivamente, para
majorar os preços. Também existe cartel quando as empresas
reduzem, artificialmente, os preços, ate abaixo do valor total
de seus custos, porque este procedimento pode ensejar a
inviabilização da atividade de concorrentes, forçando o
encerramento de suas atividades, com danos ao livre
mercado e ao consumidor, através do chamado dumping.
Finalmente, ficou claro que o propósito do autor
desta Ação Civil Pública não consistiu em tabelar os preços,
mas, ao contrário, coibir a indevida uniformização que o
tabelamento proporciona, em prejuízo do livre mercado e do
consumidor, admitindo que cada empresa defina os seus
próprios preços, compatíveis com os seus custos e a sua
margem de lucros" (fls. 1747/1748)
Assim, desafiar o acerto da decisão, extraída do contexto
fático-probatório, notadamente para o fim de acolher as teses
recursais de que a similaridade de preços decorreria do fato de ser a

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Petrobrás a única produtora de combustíveis, que o ajuste prévio para
a uniformização dos preços não restou provado, e que o objetivo da
demanda seria o indevido tabelamento de preços, envolveria,
necessariamente, o reexame dos fatos e provas, obstado pelo teor da
Súmula no. 7 dessa Corte Superior de Justiça: "A pretensão de
simples reexame de prova não enseja recurso especial (fls.
2.215/2.217).

19. Com relação à oportunidade probatória, esta Corte Superior já


possui firme entendimento, segundo o qual esta matéria, para ser apreciada em
sede de Recurso Especial, desafia a aplicação da Súmula 7/STJ. Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DOS


ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. DEVIDO
ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES RECURSAIS. JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE COM DISPENSA DE PRODUÇÃO DE PROVA.
CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO PELO TRIBUNAL DE
ORIGEM. REEXAME. SÚMULA 7/STJ. CONVÊNIO CELEBRADO
ENTRE A FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO DISTRITO FEDERAL-FHDF
E A CÂMARA DOS DEPUTADOS. PRETENSÃO DE
RECONHECIMENTO DE DUPLA JORNADA DE TRABALHO.
PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS, ADICIONAIS E REFLEXOS.
CONTROVÉRSIA DIRIMIDA A PARTIR DA ANÁLISE DAS
CLÁUSULAS DO CONVÊNIO, FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTRAS
PROVAS DOCUMENTAIS PRODUZIDA NOS AUTOS. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. Cuida-se, na origem, de ação ordinária na qual os


autores, ora agravantes, médicos da Fundação Hospitalar do Distrito
Federal-FHDF, buscam o pagamento de horas extras, adicionais e
reflexos, por força da dupla jornada de trabalho realizada na FHDF e
na Câmara dos Deputados, no período de 10/6/91 até 31/07/95, em
decorrência de convênio entre os dois órgãos.

2. A sentença julgou improcedente o pedido deduzido na


inicial, e o Tribunal Regional Federal da 1a. Região deu parcial
provimento ao apelo dos autores, tão somente para decotar da
sentença impugnada a condenação pela litigância de má-fé,
mantendo-a em seus demais termos e fundamentos.

3. Não ofende os arts. 165 e 458, incisos II e III, do


Código de Processo Civil, o acórdão que fundamenta e decide a

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matéria de direito valendo-se dos elementos que julga aplicáveis e
suficientes para a solução da lide.

4. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a


prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida, com
enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso.

5. Não é possível o conhecimento do recurso especial


quando visa reformar entendimento do Tribunal a quo pela
desnecessidade de produção de prova, e o recorrente sustenta ter
havido, com isso, cerceamento de sua defesa. Isso porque alterar a
conclusão do julgador a quo pela desnecessidade da prova
demandaria o reexame de fatos e provas, o que é vedado pela Súmula
7 do STJ.

6. Na hipótese, a Corte regional, não obstante tenha


reconhecido a preclusão da oportunidade processual para impugnar o
indeferimento tácito da produção da prova testemunhal, registrou sua
ineficácia diante da eloquência da prova documental produzida.

7. Quanto ao mérito, do acurado exame do acórdão


recorrido, extrai-se que o Tribunal de origem, soberano na análise das
circunstâncias fáticas e probatórias da causa, dirimiu a controvérsia
posta no recurso de apelação a partir da análise das cláusulas do
convênio celebrado entre a FHDF e a Câmara dos Deputados, bem
como da farta prova documental produzida nos autos. Portanto,
modificar o quadro fático delineado pelo acórdão recorrido
demandaria o reexame de todo o contexto fático-probatório dos autos,
o que é defeso a esta Corte em vista do óbice da Súmula 7/STJ.

Agravo regimental improvido (AgRg no REsp. 1.516.457/DF,


Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 20.10.2015).

² ² ²

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO SOB O RITO ORDINÁRIO.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
CONTROVÉRSIA SOBRE A PRODUÇÃO DE PROVA
TESTEMUNHAL. SÚMULA N. 7 DO STJ.

1. No recurso especial que se quer admitido, pede-se


pronunciamento sobre a necessidade de produção de prova

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testemunhal para a comprovação da ocorrência de contratações
irregulares em detrimento de candidatos aprovados em concurso
público.

2. O Tribunal de Justiça, atentando-se para o pedido de


produção de prova constar da petição inicial, decidiu: "inequívoco
prejuízo à demandante, que não teve a oportunidade de comprovar o
fato constitutivo do direito alegado [...] determino a realização de
audiência de instrução e julgamento para oitiva das testemunhas
arroladas pela autora" (fl. 207).

3. Constatado que a Corte de origem empregou


fundamentação adequada e suficiente para dirimir a controvérsia, é de
se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC.

4. Sem o reexame de provas, não há como se concluir


pela desnecessidade da produção da prova testemunhal, mormente
considerando o que foi consignado pelas instâncias ordinárias,
insuficiente para eventual revaloração do conjunto probatório.

5. Agravo regimental não provido (AgRg no AREsp.


677.592/RJ, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 23.9.2015).

20. Em relação aos demais dispositivos legais cuja violação se


alega, verifica-se a ausência do necessário prequestionamento, porquanto o
acórdão recorrido sequer foi instado a manifestar-se sobre as matérias ali
versadas, e ainda, as argumentações desenvolvidas nos Apelos Raros se
apresentam genéricas, não procurando demonstrar em qual aspecto a Corte
Regional teria causado ofensas à legislação por ocasião do julgamento das
Apelações, pelo que, seria ainda aplicável a Súmula 284/STF.

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21. Ante o exposto, em consonância com o brilhante Parecer
Ministerial, conhece-se do Agravo em Recurso Especial de J SALES BARROS &
CIA LTDA. e OUTROS para, em conjunto com os Apelos Raros de POSTO
APOLO LTDA. E MEGA POSTO LTDA. e do SINDICOMBUSTÍVEIS/PE, não
conhecer dos três Recursos Especiais.

22. Publique-se. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 30 de outubro de 2018.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO


MINISTRO RELATOR

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