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AULA

02
IED – Introdução ao
Estudo do Direito

Prof. Juliana F B Vianini


Conteúdo – (Plano 02)

1. FUNDAMENTOS DO DIREITO
1.2 DOMÍNIOS NORMATIVOS DO DIREITO
1.3 DEFINIÇÕES BÁSICAS DA DOGMÁTICA JURÍDICA
1.4 DIREITO E POLÍTICA
1.5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO
1.6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
Os Ministros do STF, Supremo Tribunal Federal, são nomeados após indicação
do Presidente da República e sabatina no Senado, onde seus conhecimentos
são testados após uma longa avaliação oral com questões sobre a Constituição
Federal e outros temas políticos e jurídicos. Após a avaliação, a Comissão da
Constituição e Justiça (CCJ) decide, através do voto secreto, se o indicado
possui notável saber jurídico ou não. Aprovado pela CCJ, o indicado deve
passar pela votação no Senado Federal e precisa ser aprovado pela maioria
absoluta (dos 81 senadores, 41 precisam ser favoráveis a indicação). Pergunta-
se: Há alguma relação do Direito com a política?

Situação
Problema
02
Fundamento do Direito

1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Teoria dos Círculos Concêntricos de Jeremy Bentham (1748-1832)

1. A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da moral;


MORAL

2. Os círculos são concêntricos, com o maior pertencendo à moral;

DIREITO 3. O campo da moral é mais amplo do que o do Direito;

4. O Direito se subordina à moral;

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Fundamento do Direito

1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Teoria dos Círculos Secantes de Du Pasquier
Área comum 1. Os círculos são secantes,
apresentando, portanto, uma
área em comum;

2. Possuem uma faixa de


competência comum e, ao
mesmo tempo, uma área
particular independente;

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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
SÃO EXEMPLOS

1. Pensão alimentícia DIREITO MORAL


2. Gratidão a um benfeitor MORAL
3. Regras de trânsito DIREITO
4. Norma que proíbe matar DIREITO MORAL
5. Respeito aos mais velhos MORAL
6. Tratamento diferenciado pra com os
DIREITO MORAL
idosos
7. Proibição da prática da prostituição MORAL
8. Dever dos filhos em prestar
DIREITO MORAL
assistência material aos pais
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Fundamento do Direito

1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Teoria dos Círculos Independentes - Visão Kelsiana (Hans Kelsen)

1. O Direito é desvinculado da moral;

2. A norma é o único elemento essencial ao Direito;


DIREITO MORAL 3. A validade da norma não depende de conteúdos
morais;
4. O Direito é o que está na lei, é o direito
positivado.

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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
A Teoria do “Mínimo Ético” de Jellinek

AXIOMAS Sociedade
O Direito representa o MORAIS converte DIREITO
mínimo de preceitos morais
necessários ao bem-estar
da coletividade. HIPÓTESE DO MINIMO ETICO

Paulo Nader emprega a expressão mínimo ético para indicar que o Direito deve
conter apenas o mínimo de conteúdo moral, indispensável ao equilíbrio das forças
sociais. Na prática há influência da Moral no campo do Direito, porque as normas
morais tendem a converter-se em normas jurídicas.
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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO

AO SE ADOTAR AS TEORIAS DOS CÍRCULOS, INEVITAVELMENTE, A MELHOR


HIPÓTESE RECAIRÁ SOBRE A TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES, VISTO QUE,
COMO JÁ FOI DEMONSTRADO, O DIREITO RECEBE VALORES MORAIS, LOGO, DA
MORAL NÃO ESTÁ TOTALMENTE DISSOCIADO COMO PRETENDE KELSEN, NEM
NELA ESTÁ INSERIDO COMO PENSOU BENTHAM. PELO MESMO MOTIVO,
REJEITA-SE A TEORIA FORMULADA POR GEORG JELLINEK.

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Fundamento do Direito

1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Somente comporta SANÇÕES INTERNAS (remorso,
arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de
reprovação etc.)
Do ponto de vista social,
Seu campo é mais AMPLO, abrangendo os deveres do isso é INEFICAZ, pois a
MORAL homem para com Deus, para consigo mesmo e para com ela não se submetem
seus semelhantes. indivíduos sem consciência
e sem religião.
Visa à abstenção do mal e a prática do bem.
Dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à
intenção que determina o ato.
DIFERENÇA PRINCIPAL
SANÇÃO
MORAL DIREITO
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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Conta com a SANÇÃO para coagir os homens.
Se não existisse o
Seu campo é mais RESTRITO, abrangendo apenas os ELEMENTO COERCITIVO,
deveres do homem para com os semelhantes. não haveria segurança
DIREITO nem justiça para a
humanidade.
Visa evitar que se lese ou prejudique a outrem.
A SANÇÃO JURÍDICA é
Dirige-se ao momento externo, físico, isto é, ao ato diferente da SANÇÃO MORAL
exterior.

DIFERENÇA PRINCIPAL
SANÇÃO
MORAL DIREITO

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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
O contribuinte deve comunicar à Receita
NORMA JURÍDICA
Federal a mudança de endereço
“Deves falar a verdade” NORMA MORAL SOMENTE

Alienação Parental NORMA MORAL e JURÍDICA

Norma que estabelecesse a escravidão


NORMA IMORAL
Norma que aceitasse a segregação racial

POSTURA IMORAL.
Credor abastado que cobra uma dívida O DIREITO, CONTUDO,
levando o devedor à miséria FECHARIA OS OLHOS PARA
AS CONSEQUÊNCIAS

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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO
Ética e Moral em Kant
O Mundo Real (SER) e o Mundo Jurídico (DEVER-SER)

MUNDO
MUNDO
JURÍDICO
REAL
“DEVER -
“SER”
SER”

É o mundo ideal: o homem se comportando


É a realidade! de acordo com as normas exteriores a ele. É o
homem agindo de acordo com a justiça!

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1 .2 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS DO DIREITO, DA MORAL


DOS COSTUMES E DA RELIGIÃO

Questionamento: sendo impossível a paz


entre as nações, como devemos agir?
MUNDO DO “SER”

Resposta: devemos agir como se paz entre as


nações, mesmo sendo uma utopia, um
sonho, fosse um dia possível!
MUNDO DO “DEVER SER”

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1 .4 DIREITO E POLÍTICA

A palavra “política” deriva do vocábulo grego πολις, cuja tradução latina é


civitas. Como se sabe, na Grécia antiga, πολις era o nome dado a um modo de
organização peculiar de uma comunidade. A peculiaridade dessa forma de
organização entre os gregos decorria de esforços para mudar a maneira de se
entender e ordenar a vida em sociedade. Essa transição estabeleceu a
tendência de se relativizar o peso do costume tradicional (incluindo todas as
suas crenças ancestrais e preconceitos) enquanto vetor determinante de
identidades e de condutas moralmente valorizadas como boas. Nesse
processo, ao lado das ações e declamações passionais, cuja vitalidade e
eficácia derivavam do sentimento religioso, e paralelamente à celebração
poética das crenças próprias à mitologia politeísta, emergiu um interesse na
valorização da deliberação política.

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Fundamento do Direito

1 .4 DIREITO E POLÍTICA

Portanto, em seu contexto original, “política” designava essencialmente o que


ocorria ou deveria ocorrer na civitas e em função dela. O que era “político”
abrangia os critérios, referenciais normativos, modos e finalidades do exercício
da autoridade dos que ocupavam cargos públicos, ou seja, posições de
autoridade estabelecidas e reconhecidas como traços próprios à estrutura da
organização política ou constituição. Com o passar do tempo, a organização
política que se iniciou na Grécia antiga sofreu transformações e, na era
moderna, passou a ser chamada mais frequentemente de Estado. Isto
significa que, mesmo na sua acepção moderna, o termo “política”, designa
primordialmente a atividade e discursos típicos de quem exerce autoridade
“oficial” no âmbito do Estado. Nesse sentido, genericamente, a política
corresponde à totalidade das ações (incluindo falas) praticadas oficialmente
por autoridades de um Estado, ou qualquer parte dessa totalidade.

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1 .4 DIREITO E POLÍTICA

POLÍTICA é qualquer ação ou fala que, mesmo ocorrendo no seio da


sociedade tenha a intenção ou o potencial de impactar e mudar estruturas
institucionais de um Estado e suas consequências sobre a vida social.

A relação entre direito e política é conexa, na nossa visão, o positivismo


jurídico não nega a separação entre o campo do direito e o campo da política,
pois todo direito válido tem sua origem em imposições feitas pelo poder
político e dele depende.

Vemos, por exemplo, para Kelsen o direito posto é o direito legislado, para
Ross o direito tem natureza empírica feito pelo juiz/legislador, mesmo para
Hart a norma de reconhecimento tem um caráter político, pois é realizada por
entes políticos, no sentido lato senso.

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1 .4 DIREITO E POLÍTICA

Assim, não podemos negar a “conexão genética” ente o direito e política no


positivismo jurídico. Ousamos afirmar que essa ligação é essencial para uma
visão positivista do direito, do contrário cairemos na visão jusnaturalista, onde
esse não é criando necessariamente por um ente político, mas metafísico.

O ponto que os positivistas adotam uma visão da tese da separação entre o


direito e a política está no conceito de direito que necessariamente não inclui
preceitos políticos e principalmente na interpretação do direito. Pois, nessa
última o aplicador ou estudioso do direito não deve ao desempenhar sua
função utilizar parâmetros políticos que discrepem dos adotados pelo criador
da norma.

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1 .4 DIREITO E POLÍTICA

Assim sendo, pode-se afirmar que DIREITO, interligado com a POLÍTICA


é um instrumento de controle social

Sociedade Possui uma estrutura natural...

Instituições A família (mais antiga) e o Estado (mais relevante)...

Estado Possui a tarefa de estabelecer o...

Ordenamento
Que é o...
Jurídico
Conjunto de normas de conduta juridicamente relevantes para o conjunto da
sociedade, realizado por meio de procedimentos próprios, no processo legislativo.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo x Direito Positivo

DIREITO OBJETIVO DIREITO POSITIVO


(Gênero) (Espécie)

SÃO AS NORMAS JURÍDICAS EMANADAS PELO ESTADO  Provém diretamente do


Estado (do lat., jus positum: imposto, que se impõe)

A Constituição, a lei, o decreto, a circular, a portaria, etc..

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo x Direito Positivo

Todo o DIREITO POSITIVO é DIREITO OBJETIVO,


mas NEM todo o DIREITO OBJETIVO é DIREITO POSITIVO

Costumes,
Contratos DIREITO DIREITO
particulares, POSITIVO OBJETIVO
etc.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo x Direito Positivo
HÁ “CONTROVÉRSIA” SOBRE A EFETIVA DISTINÇÃO
NO ÂMBITO DOUTRINÁRIO SOBRE O CONCEITO DE
DIREITO POSITIVO E DIREITO OBJETIVO

Existem normas jurídicas criadas


originalmente pelo Estado, e normas
jurídicas criadas pela vontade dos
particulares, tão somente reconhecidas pelo
1ª CORRENTE Estado como jurídicas.
Marcus Cláudio Assim, as normas jurídicas criadas pelo
Acquaviva Estado cuja fonte é o Estado, formam um
todo denominado Direito Positivo, ao passo
que o conjunto de todas as normas jurídicas
existentes no Estado forma o denominado
Direito Objetivo.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo x Direito Positivo

Todo o DIREITO POSITIVO é DIREITO OBJETIVO,


mas NEM todo o DIREITO OBJETIVO é DIREITO POSITIVO

1. É DIREITO OBJETIVO, pois são normas jurídicas


Cláusulas de contrato
de locação entre
particulares 2. NÃO É DIREITO POSITIVO, pois não emanam
DIRETAMENTE do Estado
(emanam da vontade entre particulares)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo x Direito Positivo
HÁ “CONTROVÉRSIA” SOBRE A EFETIVA DISTINÇÃO
NO ÂMBITO DOUTRINÁRIO SOBRE O CONCEITO DE
DIREITO POSITIVO E DIREITO OBJETIVO
Alguns doutrinadores “não” fazem distinção
entre Direito Positivo e Direito Objetivo, por
entenderem que tais conceitos se implicam,
sendo apresentados notadamente como
sinônimos, uma vez que para eles o Direito
2ª CORRENTE Objetivo/Positivo é o direito como norma, ou
conjunto de normas que buscam a disciplina
social, acrescentando que ambos abrangem
tanto a norma escrita, elaborada pelo Poder
competente, como a norma consuetudinária,
não escrita, resultante dos usos e costumes
de um povo.
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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Subjetivo

Facultas agendi - é a faculdade de agir, ou


DIREITO em outras palavras, o poder de exigir uma
SUBJETIVO determinada conduta de outrem, conferido
pelo direito objetivo, ou seja, pela norma
jurídica.

Exemplo: uma pessoa pode ou não (faculdade) ajuizar uma ação no


Poder Judiciário para cobrar determinada obrigação de uma outra, por
exemplo, a entrega de um bem (carro, móvel de quarto etc.);
determinada quantia em dinheiro etc.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Subjetivo

Direito subjetivo sempre nasce de um fato,


que por estar inserido no ordenamento
DIREITO jurídico, chamamos de fato jurídico. Com a
SUBJETIVO ocorrência do fato, a norma, colocada
abstratamente no direito objetivo, se
materializa, dando origem à pretensão.

Exemplo: ao ocorrer um acidente de trânsito, surge para a vítima à


pretensão, ou o poder de exigir, a reparação do dano por aquele que
lhe deu causa, titular do dever jurídico correlato.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Subjetivo x Direito Potestativo

Diferença entre direito subjetivo propriamente dito (stricto sensu) e


direito potestativo:

a) no direito subjetivo temos que, numa relação jurídica, o sujeito ativo


tem um direito ao qual corresponde, no lado passivo, um dever jurídico.
Este dever jurídico dá a liberdade ao seu titular de não o cumprir,
expondo-se, contudo, às respectivas sanções.
Ex: Descumprimento contrato

b) no direito potestativo, o seu titular, para exercê-lo plenamente, terá


que afetar a esfera jurídica do sujeito passivo da relação,
independentemente da vontade deste.
Ex. Divórcio / Dispensa trabalhista

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Subjetivo x Direito Potestativo

Direito subjetivo Direito potestativo


Decorre da lei Decorre da lei ou contrato
(vontade das partes)
Relação horizontal Relação vertical (um está no
estado de poder e o outro no
estado de sujeição)
Direito com prestação Direito sem prestação
Ligado a prescrição Ligado a decadência

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Elementos do Direito Subjetivo

O SUJEITO
(PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA)

OBJETO (O BEM JURÍDICO SOBRE O


QUAL O SUJEITO EXERCE O PODER
CONFERIDO PELA ORDEM JURÍDICA)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Objetivo e Subjetivo
DIREITO OBJETIVO DIREITO SUBJETIVO
É o conjunto de normas que regem o É o poder de exigir uma determinada conduta de
comportamento humano, prescrevendo uma outrem, conferido pelo direito objetivo, pela norma
sanção (punição) em caso de sua violação jurídica.
É a regra social obrigatória imposta a todos É o poder de ação assegurado legalmente a todas as
(IMPERATIVIDADE), seja na forma de lei, ou de pessoas para defesa e proteção de toda e qualquer
costume. espécie de bens materiais ou imateriais.
É a NORMA AGENDI (Norma de agir. O direito como Sempre nasce de um fato INSERIDO NO
norma, lei ou regra de ação (direito objetivo). ORDENAMENTO JURÍDICO.
Norma de conduta). FATO  NORMA (colocada abstratamente no direito
objetivo)  MATERIALIZAÇÃO DA NORMA  Origina
a PRETENSÃO.
É a capacidade de agirmos em defesa de nossos
interesses legalmente protegidos.
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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Substantivo e Adjetivo
DIREITO SUBSTANTIVO DIREITO ADJETIVO
Direito Material Direito Processual
Conjunto de regras criado pelo Estado para Conjunto de regras criado pelo Estado (regras
normatizar a vida em sociedade e definir as relações processuais) que regulam a existência dos processos,
jurídicas. bem como o modo desses se iniciarem, se
desenvolverem e terminarem
Define as regras de conduta para a paz na Define as regras processualísticas, ou seja, a forma
convivência social  dita as normas. como deve ser aplicado o direito material.
Visa assegurar o cumprimento das normas, ou seja,
se preocupa em garantir a obediência das normas de
direito material.
Estabelece as normas que regulam as relações Regulamenta a função típica estatal de Direito
jurídicas entre as pessoas. Público  instrumentaliza o acesso ao judiciário.

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Substantivo (material)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Substantivo (material)

P A R T E G E R A L - LIVRO I - DAS PESSOAS


TÍTULO I - DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I - DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.


Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 (dezesseis) anos.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;

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Direito Substantivo (material)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Substantivo (material)
Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere
privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou
maior de 60 (sessenta) anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave
sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Adjetivo (processual)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Adjetivo (processual)
CAPÍTULO II - DA PETIÇÃO INICIAL
Seção I - Dos Requisitos da Petição Inicial

Art. 319. A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação(...)

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1 .5 DIREITO OBJETIVO/SUBJETIVO E SUBSTANTIVO/ADJETIVO


Direito Adjetivo (processual)

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

DIREITO PÚBLICO
DIREITO OBJETIVO DIREITO POSITIVO
DIREITO PRIVADO

A divisão do Direito em Público e privado é


invenção romana.

REPÚBLICA Utilização do critério da utilidade.


DIREITO
=
PÚBLICO OBJETO = interesse da coletividade 
COISA PÚBLICA
Direito Público.
OBJETO = interesse do particular 
Direito Privado.

Divisão criticada no início do sec. XX devido à PUBLICIZAÇÃO do Direito.

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

1º) Critério do conteúdo ou objeto da relação jurídica


(Teoria dos Interesses em Jogo)

CRITÉRIOS Se prevalece o interesse GERAL PÚBLICO


UTILIZADOS Se prevalece o interesse PARTICULAR PRIVADO
ATUALMENTE
PARA A DIVISÃO
DOS DOIS RAMOS
DO DIREITO 2º) Critério relativo à forma da Relação Jurídica
(Teoria da Natureza da Relação Jurídica)

Se a relação é de COORDENAÇÃO  PRIVADO


Se a relação é de SUBORDINAÇÃO  PÚBLICO

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE


DIREITO PRIVADO
Princípio da LICITUDE AMPLA

Princípio da SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO


DIREITO PÚBLICO
Princípio da ESTRITA LEGALIDADE

MONISTA (Hans Kelsen e Rosmini/Ravá)

TEORIAS DUALISTAS

TRIALISTAS

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

MONISTA (Hans Kelsen)

EXISTÊNCIA EXCLUSIVA DO DIREITO PÚBLICO

“Todo o Direito é público porque todas as relações jurídicas se


apoiam na vontade do Estado, já que este é o responsável
direto e imediato pela segurança e harmonia social”.

MONISTA (Rosmini e Ravá)

EXISTÊNCIA EXCLUSIVA DO DIREITO PRIVADO

“Sempre foi o único durante séculos e seu nível de


aperfeiçoamento não foi atingido ainda pelo Direito Público”.

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

DUALISTAS (Existência dos dois)

Teoria do Interesse em Jogo (será público ou privado de acordo com a


predominância de interesses).

Teoria do Fim (quando a finalidade for o Estado, teremos o Direito Público,


quando for o indivíduo, teremos o Direito Privado).

Teoria da Natureza da Relação Jurídica (quando o Poder Público participa


da relação jurídica  Direito Público; quando a relação for entre
particulares  Direito Privado).

Teoria do Titular da Ação (quando a iniciativa da ação for o Estado, teremos


o Direito Público, quando for do particular, teremos o Direito Privado).

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1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

TRIALISTAS (Existência de 3 Direitos)

Além do Direito Público e Privado, admitem alguns estudiosos um terceiro


gênero, chamado por alguns de Direito Misto e por outros de Direito Social
Misto.

DIREITO SOCIAL
Regula as relações trabalhistas. Suas normas referem-se à organização do
trabalho, privado e subordinado, sob os mais variados aspectos, inclusive acerca
dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores.
Disciplina precipuamente a garantia dos meios indispensáveis à manutenção, por
idade avançada, incapacidade, tempo de serviço, encargos familiares, prisão ou
morte, dos trabalhadores, à manutenção dos seus beneficiários, assim como a
organização dos serviços destinados à proteção da saúde e bem-estar deles.

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Fundamento do Direito

1 .6 DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

Constitucional, Administrativo,
Tributário, Financeiro, Processual,
Penal, Previdenciário, Ambiental,
DIREITO INTERNO Menor, Canônico , Minas, Eleitoral,
PÚBLICO Político, Industrial, Marítimo

DIREITO EXTERNO Direito Internacional Público e Direito


POSITIVO Internacional Privado

Direito Civil
Direito Comercial
DIREITO Direito do Trabalho
PRIVADO Direito do Consumidor

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 Façam uma rápida pesquisa, trazendo pelo menos 2 exemplos normativos,
compreendidos no âmbito do direito Público e 2 do Direito Privado. Justifiquem a
escolha.
Estudo de caso: Mauricio vive há 22 anos em um imóvel que encontrou abandonado. Ele
restaurou e consertou portas, janelas, pintura e telhados., além de plantar uma pequena hora
no quintal. Após cinco anos, ele casou-se e nasceram dois filhos. Ocorre que seu vizinho de
fundo, está constantemente invadindo o terreno e retirando plantas do quinta e colhendo de
sua horta sem sua autorização. Ele sabe que não tem a titularidade do terreno, mas ainda
assim procura um advogado que lhe da a seguinte informação: por ser possuidor de boa fé e
por tanto tempo, Mauricio adquiriu a propriedade por usucapião. Ele terá que mover uma ação
para regularizar essa propriedade. Para resolver o problema com o vizinho, ele deve mover uma
ação denominada de interdito proibitório.

Diante desse relato responda:


a) Como se dá a ocorrência de direito objetivo e substantivo,
no caso relatado? Estudo
b) Quais as características e como se define cada um?
c) Quais os limites do direito objetivo, no caso proposto? de caso
02
Os Ministros do STF, Supremo Tribunal Federal, são nomeados após indicação
do Presidente da República e sabatina no Senado, onde seus conhecimentos
são testados após uma longa avaliação oral com questões sobre a Constituição
Federal e outros temas políticos e jurídicos. Após a avaliação, a Comissão da
Constituição e Justiça (CCJ) decide, através do voto secreto, se o indicado
possui notável saber jurídico ou não. Aprovado pela CCJ, o indicado deve
passar pela votação no Senado Federal e precisa ser aprovado pela maioria
absoluta (dos 81 senadores, 41 precisam ser favoráveis a indicação). Pergunta-
se: Há alguma relação do Direito com a política?

Situação
Problema
02
Podcast: Norma Jurídica. Disponível em:
https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hb
mNob3IuZm0vcy8xNTFlN2EzNC9wb2RjYXN0L3Jzc
w/episode/ZjU5YmQ2MjUtMWI0OC00NTdmLThlOW
MtNTBhNmE5MTliMDg5?hl=pt-
BR&ved=2ahUKEwiFs4vBz7HqAhUaHLkGHd3QD3k
QjrkEegQIChAE&ep=6

Leia o texto: Direito natural e jusnaturalismo.


Disponível em:
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/63/ed
icao-1/direito-natural-e-jusnaturalismo

Veja o que diz nossa jurisprudência:


RECURSO ESPECIAL Nº 1.723.181 - RS
(2018/0021196-1) Disponível em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcor
dao?num_registro=201800211961&dt_publicacao=
01/08/2019
IED – Professora Juliana F B Vianini 2020.2
podcast O Direito e eu. Disponível no google
podcast - https://podcasts.google.com

Leia o texto: LINHA EVOLUTIVA DA TEORIA


TRIDIMENSIONAL DO DIREITO - Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/672
24

Veja o que diz a jurisprudência:


RECURSO ESPECIAL Nº 1.723.181 - RS
(2018/0021196-1)
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcor
dao?num_registro=201800211961&dt_publicacao=
01/08/2019

Leia o texto: INTRODUC¸A~O AO PENSAMENTO


DE JOHN FINNIS E AS INSUFICIE^NCIAS
JUSPOSITIVISTAS. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/redunb/article/
view/16565/18637
IED – Professora Juliana F B Vianini 2020.2
Leia o texto: A grande aliança: Miguel Reale: certo
ou errado? Disponível em:
http://aquitemfilosofiasim.blogspot.com/2007/11/
miguel-reale-certo-ou-errado.html

Assista o vídeo: Programa Roda Viva - Miguel


Reale. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=GXj4DZNCveY

Leia o texto: TEORIA TRIDIMENSIONAL DO


DIREITO. Disponível em:
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/pdfs/tridimens
ional-do-direito,-teoria_58fce574d1b56.pdf

Leia o texto: TEORIA TRIDIMENSIONAL DO


DIREITO DE MIGUEL REALE NAS DECISÕES DOS
TRIBUNAIS SUPERIORES. Disponivel em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/docum
entacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos
_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/Rev-
Pensamento-Jur_v.12_n.2.11.pdf IED – Professora Juliana F B Vianini 2020.2
Veja o que diz a jurisprudência: RECURSO
ESPECIAL Nº 1.723.181 - RS (2018/0021196-
1)Disponível em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcor
dao?num_registro=201800211961&dt_publicacao=
01/08/2019

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