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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

1. O Direito como processo de adaptação social


Adaptação dos homens para que alcancem seus objetivos interna
externa cultura
vida em sociedade

Sociedade cria direito, visando justiça


Segurança

Expressão da vontade social, existindo dois lados: adaptação social x povo adaptar-se aos novos padrões
“O homem só não possui direito nem deveres.” NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Disponível
em: VitalSource Bookshelf, (43rd edição). Grupo GEN, 2020.

Direito não é fim, mas sim um meio utilizado para que seja possível a convivência em sociedade e o
progresso social, por isso, deve o direito sempre estar se atualizando!

Direito necessita tratar de todos os atos humanos? Não! Há a moral, religião, regras de trato social etc.
“A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos seus efeitos.” NADER, Paulo. Introdução
ao Estudo do Direito. Disponível em: VitalSource Bookshelf, (43rd edição). Grupo GEN, 2020.

Assimilação Adequação

Homem vivendo fora da sociedade? Para Aristóteles: “um bruto ou um Deus”


São Tomás de Aquino infortúnio (naufrágio)
alienação mental
grande espiritualidade

Para Nader, é em sociedade que o homem consegue desenvolver seu maior potencial
1.1 Interação social
Relações interindividuais e intergrupais, em busca de vários interesses
Dá-se através de cooperação: mesmos objetivos e valores
competição: disputa por objetivo, uma pessoa excluindo a outra
conflito luta (moral ou física) ou auxílio da justiça
fenômeno natural em sociedade

1.2 Dependência entre direito e sociedade?


Fatos sociais: criações históricas do povo, que desencadeiam os costumes, tradições, culturas etc.
Lembrando que costumes diferentes, fatos sociais diferentes
cada povo possui seus costumes

Cuidado! Fatos sociais influenciam, mas não criam o direito como um todo! Se o costume falhar, o direito
deverá reprimir

Sociedade cria e, ao mesmo tempo, torna-se área de ação do direito

Atualmente, o direito busca Segurança Adaptação em virtude de novos fatos sociais, como
Justiça no caso da pandemia da COVID-19
Bem estar
Progresso

2. Instrumentos de Controle Social


Controle social é um conjunto de expressões sociais - usos, costumes, leis, instituições e sanções - que
tem como fim a socialização do indivíduo e a manutenção da estrutura social, através da imposição de
modelos de comportamentos, apoiados nos valores e interesses da classe dominante ou no consenso
grupal.
Instrumentos que buscam harmonizar a vida em sociedade Religião
Moral
Regras de trato social
Direito
Maior efetividade, por possuir coação
Legislador: manter-se atento para não invadir fenômenos sociais que devem ser regidos por outros
instrumentos de controle

Normas éticas (regidas pelo direito, moral etc.) determinam o agir social
técnicas (regras técnicas) não são deveres E são neutras quanto à valores
devem ser seguidas caso agente queira alcançar um fim
medicina, por exemplo

2.1 Direito e Religião


Princípios e valores convergem para uma realização supraterrena espiritual
+
Regras que as pessoas buscam exercitar a fim de alcançar uma realização divina (salvação, o perdão,
‘céu’)
+
A Religião define comportamento social pautado na busca pelo bem, harmonia e amor e respeito ao
próximo – a Injustiça e a Imoralidade não têm espaço na religiosidade (instrumento de equilíbrio e paz
social)
A religião tem sido sempre um dos mais relevantes instrumentos no governo social do homem
e dos agrupamentos humanos. Se esse grande fator de controle enfraquece, apresenta-se o
perigo do retrocesso do homem às formas primitivas e antissociais da conduta, de regresso e
queda da civilização, de retorno ao paganismo social e moral. O que a razão faz pelas ideias, a
religião faz pelos sentimentos ... (Nélson Hungria)

Desenvolvimento histórico
início da sociedade Religião tudo explicava – domínio absoluto
Ciência ausente, lacuna substituída pela fé
Deus acompanhava e interferia nos acontecimentos
Sacerdotes recebiam de Deus as leis, códigos (Dez Mandamentos à Moisés)
concentravam o conhecimento jurídico, textos não divulgados
Juízos de Deus (Idade média) Deus acompanhava e interferia nos julgamentos
Questão de sorte ou azar
Século XVII Laicização do Direito: Hugo Grócio – desvinculação e Direito Natural e Religião
Desenvolvimento da ideia anteriormente à Revolução Francesa (séc. XVIII)

Atualmente? Estado e Igreja separados – há exceções, ex: Irã com o Alcorão

Convergências entre direito e religião?


Busca do bem
+
Direito visa a prática do bem, da justiça no meio social Religião busca a justiça que envolve os deveres
do homem perante o criador – mais amplo
+
Direito e Religião têm elementos de intimidação: o direito a sanção jurídica e a religião a sanção no
plano espiritual

Divergências estruturais entre direito e religião?


Para o direito, é importante a ideia do próximo
+
Direito busca segurança, que seria impossível para a religião

2.2 Direito e Moral


Instrumentos de controle social que se completam
“São conceitos que se distinguem, mas que não se separam” (Giorgio del Vecchio)

Noção de moral?
Noção de Bem ideia de fazer o bem a partir da conduta espontânea
BEM: seria aquilo que proporciona a realização da pessoa em particular, e dos indivíduos
ao redor (vários conceitos durante o desenvolvimento histórico)
Setores da Moral?
Moral natural
(ideia do bem que parte da natureza, envolvendo seres humanos e objetos naturais, a ideia de bem não
altera no tempo ou espaço)
x
Moral positiva

Três esferas
a) Moral Autônoma o homem conduz seus atos pautado na sua própria consciência (consciência
individual)
o indivíduo estabelece o dever-ser a que deve seguir – vontade livre;

b) Ética Superior dos Sistemas Religiosos noções fundamentais sobre o bem apontado e consagrado
pelas seitas religiosas
Nessa esfera o indivíduo pode acatar plenamente as regras e
adotá-las, verifica-se autonomia da vontade; em
contraponto, pode não concordar plenamente mas
segui-las e acatá-las em obediência à crença, não há
autonomia da vontade;

c) Moral Social critérios e princípios que em cada época e sociedade orienta a vida social, a conduta dos
indivíduos
Não há autonomia da vontade

Moral X Direito
Direito e Moral lado a lado ao longo da evolução histórica: gregos e romanos, embora muitas
manifestações não distinguiram moral de direito, embora se possa observar, dentre os romanos, por
exemplo, a existência do Corpus Juris Civilis

Cristiano Tomásio (Fundamenta Juris Naturae et Gentium – 1705) – direito interfere apenas no foro
externo da pessoa, do comportamento social, e o foro interno fica reservado à moral, a qual exige a prática
do bem; Obs: radicalismo
Emmanuel Kant – para Kant uma conduta está de acordo com a moral quando tem por motivação a o
respeito ao dever, o amor ao bem. Enquanto o Direito apenas não se preocupa com as razões que
determinam a conduta, senão com seus aspectos exteriores. Moral: aja de modo que seus atos possam
ser exemplo de conduta dentro da sociedade. Direito: procede exteriormente de tal maneira que o livre
uso de teu arbítrio possa coexistir com o arbítrio dos demais, segundo uma lei universal de liberdade

Critérios de Distinção entre Direito e Moral (Alessandro Gropali)


1) Distinção Formal
a) Determinação do Direito e Forma Não Concreta da Moral
b) Bilateralidade do Direito e Unilateralidade da Moral – Direito: normas têm estrutura imperativo-
atributiva, ou seja, ao tempo que atribuem um poder ou direito a alguém, impõe um dever jurídico a
outro. A Moral apenas impõe deveres. Diante da moral ninguém pode exigir uma conduta, apenas pode
ficar na expectativa de o próximo aderir.
c) Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral
d) Autonomia e Heteronomia -
Autonomia – querer espontâneo – Moral (moral autônoma)
Direito – heteronomia – sujeição ao querer alheio – regras dispostas independentemente da vontade dos
destinatários
e) Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da Moral

2) Distinção quanto ao conteúdo


a) Significado de Ordem do Direito e Sentido de Aperfeiçoamento da Moral – Direito visa proporcionar
um ambiente de ordenação social estabelecido no ordenado nas leis; a Moral pretende o
aperfeiçoamento humano prevendo deveres em relação ao próximo

b) Teoria dos Círculos e o Mínimo Ético


b. 1) Círculos Concêntricos Jeremy Bentham (1748 – 1832)
dois círculos concêntricos, o maior sendo a Moral
e o menor sendo o Direito.
b.2) Círculos Secantes – Du Pasquier
Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e cada um sua área particular. (ex:
assistência material que os filhos prestam aos pais; gratidão pela ajuda a um cego atravessar a rua; regras
de competência).

b.3) Círculos Independentes (Hans Kelsen)


para Kelsen a norma é o único elemento essencial ao Direito, e a sua validade não depende de preceitos
morais

b.4) Teoria do Mínimo Ético (Jellinek)


o Direito deve ter apenas o mínimo de conteúdo moral indispensável ao equilíbrio das forças sociais, sob
pena de excluir a liberdade dos indivíduos

2.3 Direito e as Regras de Trato Social


Regras de Trato Social: regras sobre a maneira de o homem se apresentar perante seus semelhantes

Valor? Proporcionar o Bem-estar


aprimoramento do nível de relações sociais convivência agradável
Caracteres das regras de trato social?
a) Aspecto Social: regras de maneiras de como o homem deve se apresentar perante outros homens
b) Exterioridade: independem do querer do indivíduo. Aparência exterior, superficial
c) Unilateralidade: Apenas impõem deveres, mas não atribuem poderes de exigir
d) Heteronomia: a sociedade os cria por entendê-las úteis ao bem-estar e passam a impô-las
e) Incoercibilidade: os mecanismos de constrangimento não são dotados de força para induzir a
obediência
f) Sanção Difusa: consiste na reprovação, censura, crítica, isolamento social e até exclusão do grupo
g) Isonomia por Classes e Níveis de Cultura: caráter impositivo varia de acordo com a classe social e o nível
de cultura

Natureza das Regras de Trato Social?


a) Corrente Negativista (Del Vecchio e Gustav Radbruch) – para os defensores dessa corrente, as normas
de conduta social estão inseridas no grupo das regras do direito ou no campo das regras da moral.
b) Corrente Positivista (Rudolf Stammler) – as regras de trato social são apenas orientações para
comportamento social acompanhados de um pressão psicológica sem elemento força ->> critério de
distinção

DIREITO MORAL REGRAS DE TRATO RELIGIÃO


SOCIAL

bilateral unilateral unilaterais unilateral

heterônomo autônoma, ressalvada a heterônomas prevalentemente


Ética Superior e a autônoma
Moral Social

exterior interior exteriores interior

coercível incoercível incoercíveis incoercível

sanção prefixada sanção difusa sanção difusa sanção geralmente


prefixada

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