Você está na página 1de 5

U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A

Faculdade de Direito

Licenciatura em Direito

Ordens Normativas

João Manuel Coutinho Gonçalves


11083118

Lisboa,
Dezembro 2018

Índice
Introdução

Ordens Normativas
Ordens Normativas

O Homem é um ser cuja natureza é essencialmente social, é segundo Aristóteles, um


animal político porque nasceu para viver em comunidade. Posto isto, é dotado de
sentimentos e de razão, tem necessidade de comunicar e de trocar experiências. A
expressão latina, unus homo, nullus homo, caracteriza a sua natureza social, visto que o
homem que viva completamente isolado, sem comunidade social não é homem, é nada.
Porém, a convivência trás regras que disciplinam os comportamentos de cada homem e
transmitam a segurança necessária à vida de relação com os outros. Tais regras que se
traduzem em ordens normativas:

 Ordem religiosa;
 Ordem moral;
 Ordem de trato social;
 Ordem jurídica.

Ordem religiosa

As normas religiosas são criadas por um Ser transcendente e ordenam as condutas dos
crentes e da sua relação com deus. Apresentam características próprias que a distingue
das outras normas socias.

A ordem religiosa pode ser:

- Instrumental: prepara ou torna possível o que não pertence ao mundo terreno.

- Intra-individual: destina-se fundamentalmente ao íntimo do Homem crente, embora


também imponha um certo comportamento exterior.

- Sanções: estas pertencem ao foro exclusivo das igrejas e, portanto, são insuscetíveis de
imposição pelo estado. Dizem respeito à crença e à fé numa vida ultraterrena. O
remorso também é uma forma de sanção imediata.

Como suporte da ordem religiosa, está a ideia de fundamental que vivemos uma vida
transitória, que se mede segundo valores eternos, à luz da ideia de uma vida ultraterrena,
na qual os homens são julgados de acordo o valor ético da sua própria experiência.
Esta ordem normativa não está ausente das relações entre os homens. Unicamente
constitui, do ponto de vista puramente religioso, deveres do homem para com deus e
não direitos dos homens uns para com os outros.

Ordem moral

A moral é, segundo Cabral de Moncada, constituída pelo “conjunto de preceitos,


conceções e regras, altamente obrigatórias para com a consciência, pelos quais se rege,
antes e para além do direito, algumas vezes até em conflito com ele, a conduta dos
homens numa sociedade.”

Caracteriza-se pela interioridade, absolutidade e espontaneidade do dever moral. A sua


esfera de aplicação é imensa, porque vai até onde podem chegar as projeções da
consciência humana.

Podemos dividir a moral em dois conceitos: moral geral e moral particular: a primeira é
comum a todos os membros da sociedade, sem ignorar a moral própria de certas
profissões ou círculos sociais. Esta distinção justifica a recusa do relativismo na moral e
relatividade moral.

Apesar de na antiguidade clássica ainda não fosse conhecida distinção entre moral e
direito, havia uma intuição de que não se confundem. Porem só na idade moderna é que
este problema se levantou e adquiriu um sentido mais pragmático na consequência dos
conflitos entre a igreja católica e os vários cultos religiosos existentes na época.

Os chefes de estado passam a intervir na vida particular dos cidadãos para conhecerem
as suas convicções religiosas. Desde logo surgiu a necessidade de delimitar a zona de
interferência do poder publico, que só foi possível através da distinção entre os campos
jurídico, moral e religioso.

Assim a distinção entre moral e direito consagrou-se desde logo com a separação das
ações humanas em ações internas e externas. Sendo internas no foro íntimo e externas
do foro externo. Ao direito só interessam os atos da ação humana externa. Enquanto a
moral ocupa-se com os atos do foro íntimo, do que se processa no plano do pensamento
e da consciência. Assim só o que se projeta no mundo exterior fica sujeito a
consequências da intervenção do poder público, portanto, nenhum cidadão pode ser
julgado pelo simples facto de pensar e muito menos ficar obrigado a ter determinada
crença religiosa.
A relação entre a moral e o direito não e tão linear assim, que dispense de apreciação
mais profunda, o critério anterior, gerou desde logo insuficiente devido a essa
complexidade de correlação entre a moral e o direito. Se há atos puramente interiores,
não há ação humana puramente externa, e o direito, porque disciplina
fundamentalmente atos humanos livres, não dispensa apreciação de fatores internos.

Dado este problema, surgiram novos critérios necessários de analisar:

- Critério teológico: a moral interessa-se pela realização plena do homem, enquanto o


direito só tem em vista a realização da justiça para assegurar a paz social necessária à
convivência em liberdade.

- Critério da perspetiva: a moral incide sobre a interioridade dos atos e o direito faz jus
ao que se manifesta exteriormente

- Critério da imperatividade: a moral, porque visa a perfeição pessoal, é simplesmente


imperativa, isto é, limita-se a impor deveres. Pelo critério do direito visa regular as
relações sociais segundo a justiça, ou seja, o direito é imperativo-atributivo: impõe
deveres e reconhece direitos correlativos.

- Critério do motivo da ação:

Você também pode gostar