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SIMÃO FINO

Doutrina de divisão do instituto


Willbarg

Divisão em duas categorias:


• Situações de enriquecimento geradas com base numa prestação do empobrecido
• Situações de enriquecimento não baseadas numa prestação (enriquecimento por intervenção)

Enriquecimento por prestação passa a ser visto como um anexo dos contratos
Enriquecimento por intervenção é visto antes como anexo a um prolongamento de eficácia do direito de propriedade, inserindo-se no âmbito
de proteção jurídica dos bens

Quebra da unidade apresentando diferentes fundamentos consoante o tipo de enriquecimento

Enriquecimento por prestação Enriquecimento por intervenção

Baseado num ato voluntario do seu autor, Não baseada numa prestação.
constituindo uma forma de impugnação jurídica Teria como fim a recuperação de um direito afetado pela aquisição
sendo a base dessa impugnação sobretudo o erro do enriquecido (normalmente propriedade), sendo uma pretensão
sobre a causa jurídica da sua prestação a um prolongamento de eficácia desse direito
SIMÃO FINO

Causa jurídica definida como a ligação a uma relação Aqui não se procuraria averiguar de justificação
obrigacional que a prestação visava extinguir, do enriquecimento, mas antes atingir a razão do
verificando-se a ausência de causa jurídica quando esse seu caráter injustificado
efeito não é atingido. Daqui decorre a legitimidade de
impugnação

Pretensão do enriquecimento desenvolve-se Reside no fim material do direito atingido e na


organicamente a partir da propriedade e destinação da sua utilidade para o titular
configura-se como uma pretensão de “contrato (utilização de bens alheios/ consumo)
de eficácia jurídica”

A pretensão de enriquecimento dirigir-se-ia


primordialmente à restituição do resultado da
intervenção, abrangendo todas as vantagens
resultantes do uso e fruição de bens alheios

A pretensão de “contrato de eficácia jurídica” pressupõe:


• Que o seu credor fosse, ao tempo da destinação, o titular do direito, a partir do qual se desenvolve a pretensão.
• Abandono do requisito da deslocação patrimonial

A pretensão de enriquecimento resultante da destinação não autorizada de bens alheios não teria por base um dano do seu titular, mas antes
um direito subjacente, que é lesado com o seu aproveitamento não autorizado, sem que se tome em consideração, se o próprio titular teria
obtido esse ganho ou não
SIMÃO FINO

Caemmerer

Proibição do enriquecimento injusto Máxima de justiça comutativa abstrata que carece de preenchimento pelo
julgador através da integração do caso numa categoria específica de ESC

• Enriquecimento por prestação (A)


• Enriquecimento por intervenção (B)
• Enriquecimento por liberação de dívida paga por terceiro (C)
• Enriquecimento resultante de despesas efetuadas em coisa alheia (D)

TIPOLOGIA NÃO FECHADA

(A) Objeto de restituição – tudo o que o autor proporcionou ao recetor


(B) Oposição a Willbarg – é destinada ao titular de um direito absoluto e que o objeto de pretensão de enriquecimento não é o resultado
do uso e fruição, mas esse mesmo uso e fruição. Uma vez sendo algo que não é possível de restituir in natura, determina Caemmerer
que a restituição de enriquecimento obtida a partir de bens alheios consiste numa dívida de valor a qual deveria ter sempre por objeto
a remuneração normalmente acordada para esse uso e fruição.
(C) Enriquecimento injustificado em virtude de a liberação do devedor contrariar a repartição de responsabilidades juridicamente
estabelecida
(D) Caemmerer admite igualmente a restituição do enriquecimento sem causa, mas com necessidades de proteção contra enriquecimentos
indesejados

Posição adotada

Cláusula geral do 473º demasiado genérica. Haverá, por isso, que estabelecer uma tipologia de categorias que permita efetuar, através da
integração do caso numa dessas categorias, a referida subsunção.
• Enriquecimento por prestação
• Enriquecimento por intervenção
• Enriquecimento por despesas realizadas em benefício doutrem
• Enriquecimento por desconsideração de um património intermédio

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