O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. A lei permite que, se o proprietário provar que houve culpa da vítima, ou que o fato decorreu de força maior, ele não seja responsabilizado. O Código Civil de 1916, ora revogado, em seu artigo 1.527, estabelecia a presunção juris tantum da responsabilidade do dono do animal, sem dispensar a culpa como pressuposto da responsabilidade. FATO DO ANIMAL NOS CÓDIGOS CIVIS ESTRANGEIROS “Exceto o direito inglês e o Código Civil austríaco de 1811, as legislações europeias admitem teoria geral da responsabilidade especial pelos danos causados pelos animais. O que há de diferente é a solução adotada. Uns recorrem ao risco: o Código Civil alemão, a doutrina italiana e a doutrina francesa em alguns escritores, fundam a responsabilidade no risco, assunto que merece trato especial; outros optam pela responsabilidade por culpa presumida, e tal é o sistema suíço, bem assim o português e o brasileiro. [o autor referia-se ao antigo Código Civil brasileiro; hoje, pode-se dizer que nosso Código aproximou-se da teoria do risco]. (MIRANDA, 1966, p. 310)” O Código Civil brasileiro foi, comparativamente com os demais, bastante ousado, adotando uma redação enxuta e adotando a responsabilização objetiva, o que está em plena consonância com as tendências do moderno direito civil. EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE DOS DONOS DE ANIMAIS O novo Código usou a teoria do risco, e com isso, o guardião somente se eximirá se provar quebra do nexo causal em decorrência da culpa exclusiva da vítima ou evento de força maior, não importando a investigação de culpa. Para que o dono ou detentor do animal se exonere da responsabilidade, deve provar que o dano decorreu de culpa da vítima ou força maior. Se o dano ocorre estando o animal em poder do próprio dono, dúvida não há no sentido de ser este o responsável pela reparação, pelo fato de ser o seu guardião presuntivo. Se, entretanto, transferiu a posse ou a detenção do animal a um terceiro, entende-se que o seu dono se exime de responsabilidade, por não deter o poder de comando sobre ele. MAUS TRATOS AOS ANIMAIS
De acordo com a Lei federal 9.605/1998, é considerado crime "praticar ato
de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos". A pena é detenção, de três meses a um ano, e multa, podendo ser aumentada de um sexto a um terço, se ocorrer a morte do animal. A “lei especial”, sobre a fauna, a que alude o código civil, proíbe terminantemente a prática de ato de abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação de animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos (Art. 32, Caput, da Lei nº 9.605/98). Impondo-se, assim, na seara civil ao proprietário do animal um dever de abstenção da prática de qualquer dessas condutas tipificadas na Lei como crime contra a fauna, seja por ação ou omissão. TRAFICO DE ANIMAIS
O tráfico de animais é uma prática ilegal que consiste em retirar os animais
de seu habitat natural e vendê-los clandestinamente a laboratórios de pesquisas, pet shops e até para colecionadores. De modo geral, as causas do tráfico de animais são frequentemente atribuídas às características socioeconômicas do país e de suas regiões, especialmente em nações com alta biodiversidade e desigualdade social. O Projeto de Lei 4520/20 endurece a pena para quem matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar sem permissão animais silvestres, passando a prever reclusão de dois a cinco anos e multa. Para quem traficar espécies silvestres, a pena prevista na proposta é reclusão de três a oito anos e multa.