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As questões mais difíceis do CEBRASPE (CESPE) de 2023

comentadas
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL

1) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador Federal - A prerrogativa processual


de prazo em dobro conferida à fazenda pública se aplica

I à impugnação ao cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de


obrigação de pagar quantia certa pela fazenda pública.

II aos processos de controle concentrado de constitucionalidade, segundo a


jurisprudência do STF.

III aos embargos de declaração apresentados pelo ente público que atua no
procedimento comum como assistente simples.

IV às contrarrazões de agravo interno contra decisão que defere a suspensão de


liminar, de acordo com a jurisprudência do STJ.

Estão certos apenas os itens

A) I e II.

B) II e III.

C) III e IV.

D) I, II e IV.

E) I, III e IV.

COMENTÁRIOS

I à impugnação ao cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de


obrigação de pagar quantia certa pela fazenda pública.

A prerrogativa do prazo em dobro da Fazenda Pública apenas se


aplica quando não houver prazo específico estabelecido para a
prática do ato. No caso, o art. 535 do CPC estabelece prazo próprio

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para apresentação da impugnação ao cumprimento de sentença, não
se aplicando o prazo em dobro.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu


representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para,
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar
a execução, podendo arguir:

II aos processos de controle concentrado de constitucionalidade, segundo a


jurisprudência do STF.

Não se aplica a prerrogativa do prazo em dobro para a Fazenda


Pública nos processos de controle concentrado (abstrato) de
constitucionalidade.

STF:

(...) 1. O recurso interposto pela pessoa jurídica de direito público deve


observar as prescrições legais, sendo, como regra, de 30 (trinta) dias
úteis, ex vi dos artigos art. 1.003, § 5º, e 183 do Código de Processo
Civil, não se aplicando o prazo processual em dobro no controle
concentrado de constitucionalidade. (...) (ARE 1280014 AgR,
Relator(a): LUIZ FUX (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em
13/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-266 DIVULG 05-11-2020
PUBLIC 06-11-2020)

III aos embargos de declaração apresentados pelo ente público que atua no
procedimento comum como assistente simples.

STJ:

(...) 1. O STJ sedimentou a compreensão de que o assistente simples,


por esta só condição, não tem direito ao prazo em dobro com base no
art. 191 do CPC, pois não está inserido no conceito de parte. A
propósito: REsp 909.940/ES, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
DJe 4.8.2014; AgRg no Ag 724.376/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti,
Terceira Turma, DJe 13.10.2008. Excepiona-se a regra acima com a
aplicação do prazo em dobro quando o assistente simples é a
Fazenda Pública ou o Ministério Público, o que não se afigura no
caso. Nesse sentido: REsp 663.267/PE, Rel. Ministro Jorge Scartezzini,
Quarta Turma, DJ 13.6.2005, p. 317; e EDcl nos EDcl no REsp
1.035.925/AL, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, julgado em 22.11.2011, DJe 23.2.2012. (REsp n. 1.654.968/RO,
relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
16/5/2017, DJe de 16/6/2017.)

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(...) 1. Interpretando literalmente o disposto no art. 188 do Código de
Processo Civil, que dispõe: computar-se-á em quádruplo o prazo para
contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda
Pública ou o Ministério Público, a figura do assistente simples não está
contida no termo parte. Contudo, a interpretação gramatical, por si só,
é insuficiente para a compreensão do sentido jurídico da norma, cuja
finalidade deve sempre ser buscada pelo intérprete e aplicador,
devendo ser considerado, ainda, o sistema jurídico no qual a mesma
está inserta. Desta forma, o termo parte deve ser entendido como parte
recorrente, ou seja, sempre que o recorrente for a Fazenda Pública, o
prazo para interpor o recurso é dobrado. Esta é a finalidade da norma.
In casu, o Estado de Pernambuco, na qualidade de assistente simples
de empresa pública estadual, tem direito ao prazo em dobro para opor
Embargos de Declaração, cuja natureza jurídica é de recurso, previsto
no art. 496, IV, da Lei Processual Civil (EDcl nos EDcl no REsp n.
1.035.925/AL, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, julgado em 22/11/2011, DJe de 23/2/2012.)

IV às contrarrazões de agravo interno contra decisão que defere a suspensão de


liminar, de acordo com a jurisprudência do STJ

STJ:

(...) 1. O prazo para interposição de agravo interno - e das


contrarrazões a esse recurso - contra decisão que defere ou indefere a
suspensão de liminar ou de segurança é de 15 dias, contando-se em
dobro o prazo quando interposto pela Fazenda Pública. Exegese do
entendimento firmado no voto vencedor do Ministro Og Fernandes
no AgInt no AgInt na Pet na SLS n. 2.572/DF. (AgInt na SLS n. 3.071/SP,
relator Ministro Humberto Martins, Corte Especial, julgado em
24/5/2022, DJe de 26/5/2022.)

Resposta: C.

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2) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - De
acordo com a CF, o CPC e a jurisprudência do STF, assinale a opção correta a
respeito da repercussão geral.

A) Caso acórdão formalizado no âmbito de tribunal local contrarie súmula do


STF, a repercussão geral da matéria será presumida e, portanto, prescindirá da
demonstração em tópico específico no recurso extraordinário.

B) A aplicação do entendimento fixado pelo STF em determinado tema de


repercussão geral, em relação aos recursos extraordinários sobrestados nos
tribunais de origem, não está condicionada ao trânsito em julgado do processo
paradigma julgado pelo STF.

C) O reconhecimento da repercussão geral de determinada matéria exige que a


questão seja simultaneamente relevante do ponto de vista econômico, político,
social e jurídico.

D) A rejeição da repercussão geral de determinado tema somente pode ser


realizada pelo STF, estando condicionada à manifestação da maioria simples
dos ministros integrantes dessa corte suprema.

E) Uma vez reconhecida a repercussão geral de determinado tema, todos os


processos que versem sobre a mesma matéria serão automaticamente
suspensos.

COMENTÁRIOS:

A) Caso acórdão formalizado no âmbito de tribunal local contrarie súmula do


STF, a repercussão geral da matéria será presumida e, portanto, prescindirá da
demonstração em tópico específico no recurso extraordinário.

STF:

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO MILITAR.


CUMULAÇÃO DE CARGOS. AUSÊNCIA DE PRELIMINAR
FORMAL DE REPERCUSSÃO GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART.
543-A, § 2º, DO CPC. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA OU
RECONHECIDA EM OUTRO RECURSO NÃO VIABILIZA
APELO SEM A PRELIMINAR FUNDAMENTADA DA
REPERCUSSÃO GERAL. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO
EM 29.4.2011. 1. Ausência de preliminar formal e fundamentada de
repercussão geral. Inobservância do art. 543-A, § 2º, do CPC. 2. As
razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 3. Agravo

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regimental conhecido e não provido. (ARE 911258 AgR, Relator(a):
ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 16/02/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 14-03-2016 PUBLIC 15-03-2016)

B) A aplicação do entendimento fixado pelo STF em determinado tema de


repercussão geral, em relação aos recursos extraordinários sobrestados nos
tribunais de origem, não está condicionada ao trânsito em julgado do processo
paradigma julgado pelo STF.

STF:

2. Segundo a orientação desta CORTE, é dispensável o trânsito em


julgado do Tema de Repercussão Geral para que seja aplicada a tese
aos processos sobrestados (ARE 930.647-AgR, Rel. Min. Roberto
Barroso, Primeira Turma, DJe de 11/4/2016; AI 484.418-AgR, Rel. Min.
Celso de Mello, Segunda Turma, Dje de 13/3/2009), motivo pelo qual
não se justifica a manutenção do sobrestamento do presente caso, uma
vez que, conforme reconhecido pelo TST, o mérito do Tema 725 foi
julgado em 30/8/2018. (Rcl 32764 AgR, Relator(a): MARCO AURÉLIO,
Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
julgado em 29/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-291 DIVULG
11-12-2020 PUBLIC 14-12-2020)

C) O reconhecimento da repercussão geral de determinada matéria exige que a


questão seja simultaneamente relevante do ponto de vista econômico, político,
social e jurídico.

Os requisitos são alternativos e não cumulativos, nos termos do art.


1.035, §1º, do CPC:

§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou


não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social
ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.

D) A rejeição da repercussão geral de determinado tema somente pode ser


realizada pelo STF, estando condicionada à manifestação da maioria simples dos
ministros integrantes dessa corte suprema.

O Tribunal de origem apenas analisa os requisitos objetivos de


admissibilidade, cabendo ao STF perquirir se há ou não repercussão
geral. Todavia, não é pela maioria simples dos ministros, mas pela
manifestação de 2/3 que se pode recusar a tramitação do recurso
extraordinário, nos termos do art. 102, §3º, da CF:

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos

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termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.

E) Uma vez reconhecida a repercussão geral de determinado tema, todos os


processos que versem sobre a mesma matéria serão automaticamente suspensos.

Não há automaticidade na suspensão dos processos, devendo o relator


no STF determinar a suspensão dos processos pendentes que versem
sobre a mesma questão, nos termos do art. 1.035, §5º, do CPC:

§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal


Federal determinará a suspensão do processamento de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
questão e tramitem no território nacional.

3) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - Em


relação aos julgamentos virtuais no âmbito do STF e do STJ, assinale a opção
correta.

A) Não cabe recurso contra o indeferimento dos pedidos de retirada de


processos da pauta de julgamento virtual.

B) As ações de controle concentrado não são passíveis de julgamento em sessão


virtual.

C) Não é permitido alegar questões de fato durante o julgamento de processos


em sessão virtual.

D) Não é legalmente possível que os ministros peçam vista de processos


submetidos a julgamentos virtuais.

E) A realização de sustentação oral nos julgamentos virtuais está condicionada


ao deferimento do ministro relator.

COMENTÁRIOS:

A) Não cabe recurso contra o indeferimento dos pedidos de retirada de processos


da pauta de julgamento virtual.

STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSUAL


PENAL. PEDIDO DE RETIRADA DO FEITO DA PAUTA DE
JULGAMENTO EM SESSÃO VIRTUAL. PRONUNCIAMENTO

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JURISDICIONAL SOBRE A MATÉRIA QUE TEM NATUREZA
JURÍDICA DE DESPACHO. IRRECORRIBILIDADE. PRECEDENTES.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.

1. O pronunciamento jurisdicional que, nesta Corte, delibera sobre


a inclusão, ou não, do feito em sessão de julgamento virtual (arts.
184-C e 184-F, § 2.º, ambos do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça) tem natureza jurídica de despacho, sendo, por
isso, irrecorrível, consoante prevê o art. 1.001 do Código de Processo
Civil. Precedentes do STF e desta Corte.

2. Agravo regimental não conhecido. (AgRg no RtPaut no HC n.


707.060/RS, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em
21/3/2023, DJe de 28/3/2023.)

B) As ações de controle concentrado não são passíveis de julgamento em sessão


virtual.

O Regimento Interno do STF permite que qualquer processo de


competência do Tribunal pode ser submetido ao julgamento em sessão
virtual, a critério do relator:

Art. 21-b. Todos os processos de competência do Tribunal poderão, a


critério do relator ou do ministro vistor com a concordância do relator,
ser submetidos a julgamento em listas de processos em ambiente
presencial ou eletrônico, observadas as respectivas competências das
Turmas ou do Plenário. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 53,
de 18 de março de 2020)

C) Não é permitido alegar questões de fato durante o julgamento de processos


em sessão virtual.

O art. 5-A, § 6º da Resolução STF 642/2029 permite que os advogados


e procuradores aleguem questões de fato após iniciada a sessão
virtual, devendo fazê-lo por meio do sistema de peticionamento
eletrônico:

§ 6º Iniciada a sessão virtual, os advogados e procuradores poderão


realizar esclarecimentos exclusivamente sobre matéria de fato, por
meio do sistema de peticionamento eletrônico do STF, os quais serão
automaticamente disponibilizados no sistema de votação dos
Ministros. (parágrafo incluído pela Resolução nº 675, de 22 de abril de
2020, publicada no DJe nº 98, Edição Extra, em 23 de abril de 2020)

Regimento Interno do STJ:

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Art. 151

(...)

§ 2º Aos advogados é facultado requerer que conste de ata sua


presença na sessão de julgamento, podendo prestar esclarecimentos
em matéria de fato.

D) Não é legalmente possível que os ministros peçam vista de processos


submetidos a julgamentos virtuais.

Resolução STF 642/2029:

Art. 5º As listas ou processos objetos de pedido de vista feito em


ambiente eletrônico poderão, a critério do ministro vistor, ser
devolvidos para prosseguimento do julgamento em ambiente virtual,
oportunidade em que os votos já proferidos poderão ser modificados.

Regimento Interno do STJ:

Art. 162. Nos julgamentos, o pedido de vista não impede votem os


Ministros que se tenham por habilitados a fazê-lo, e o Ministro que o
formular restituirá os autos ao Presidente do Órgão Julgador dentro
de, no máximo, sessenta dias a contar do momento em que os autos
lhe forem disponibilizados, devendo prosseguir o julgamento do feito
na sessão subsequente ao fim do prazo, com ou sem o voto-vista.
(Redação dada pela Emenda Regimental n. 17, de 2014)

E) A realização de sustentação oral nos julgamentos virtuais está condicionada


ao deferimento do ministro relator.

Não há necessidade de deferimento do Relator. STF e STJ definem


procedimentos distintos para o tema:

Regimento Interno STF:

Art. 131. Nos julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito


o relatório, dará a palavra, sucessivamente, ao autor, recorrente,
peticionário ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado, para
sustentação oral.

Regimento Interno STJ:

Art. 158. O pedido de sustentação oral deverá ser requerido à


coordenadoria do órgão julgador: (Redação dada pela Emenda
Regimental n. 28, de 2017)

I - até dois dias úteis após a publicação da pauta, com preferência


sobre as demais sustentações, respeitada a ordem de inscrição, e sem
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prejuízo das preferências legais e regimentais; (Incluído pela Emenda
Regimental n. 28, de 2017)

II - ainda que ultrapassado o prazo previsto no inciso anterior, o


pedido de sustentação oral poderá ser feito até o início da sessão.
(Incluído pela Emenda Regimental n. 28, de 2017)

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4) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) -
Diante de sentença que julgou procedente pedido de contribuinte para alterar,
sob a ótica constitucional, a base de cálculo do imposto de renda, a PGFN
interpôs recurso de apelação, tendo o órgão colegiado do Tribunal Regional
Federal da 4.ª Região (TRF-4) proferido acórdão que negou provimento ao
pedido.

Destaca-se que, à época em que foi proferido o acórdão, havia controvérsia


constitucional acerca da mesma questão no âmbito daquele tribunal. A PGFN
interpôs recurso extraordinário, que não foi conhecido pelo ministro relator do
STF, ante a existência de óbices formais.

A fazenda nacional recorreu da decisão, que foi mantida pelo STF e transitou
em julgado. Um ano após o trânsito em julgado, o plenário do STF, enfrentando,
pela primeira vez, a mesma matéria debatida naquele processo, entendeu, em
controle difuso, ser legítima aquela tributação. Buscando reverter o quadro, a
fazenda nacional analisa a possibilidade de ajuizar ação rescisória,
considerando o teor da Súmula n.º 343 do STF, in verbis: “Não cabe ação
rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda
se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”.

Considerando essa situação hipotética e o entendimento jurisprudencial do STF


acerca do assunto, assinale a opção correta.

A) Não será cabível a ação rescisória, porquanto, à época em que foi decidida a
questão constitucional no TRF-4, a jurisprudência daquele tribunal era
controvertida, incidindo o óbice da referida súmula do STF, que também se
aplica a matéria constitucional.

B) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no STF, que deve rescindir seus
próprios julgados, não incidindo o óbice da referida súmula do STF, porquanto
inaplicável a matéria constitucional.

C) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no TRF-4, não incidindo o óbice da
referida súmula do STF, porquanto inaplicável a matéria constitucional.

D) Será cabível a ação rescisória a ser ajuizada no STF, que deve rescindir os
próprios julgados, não incidindo o óbice da referida súmula do STF, porquanto
a controvérsia constitucional que impede o manejo da rescisória é aquela
verificada no âmbito do STF.

E) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no TRF-4, não incidindo o óbice da
referida súmula do STF, porquanto a controvérsia constitucional que impede o
manejo da rescisória é aquela verificada no âmbito do STF.

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COMENTÁRIOS:

A) Não será cabível a ação rescisória, porquanto, à época em que foi decidida a
questão constitucional no TRF-4, a jurisprudência daquele tribunal era
controvertida, incidindo o óbice da referida súmula do STF, que também se aplica
a matéria constitucional.

STF:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. FGTS.


AÇÃO RESCISÓRIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÚMULA
343/STF. INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES. 1. Nos termos da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a Súmula 343/STF não é
de ser aplicada nos casos em que a ação rescisória versar ofensa a
normas constitucionais. 2. Agravo regimental desprovido. (AI 586205
AgR-AgR, Relator(a): AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em
13/09/2011, DJe-216 DIVULG 11-11-2011 PUBLIC 14-11-2011 EMENT
VOL-02625-02 PP-00183)

B) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no STF, que deve rescindir seus
próprios julgados, não incidindo o óbice da referida súmula do STF, porquanto
inaplicável a matéria constitucional.

A competência para julgar a ação rescisória é do tribunal que por


último analisou a questão meritória que, no caso, foi o TRF-4.

C) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no TRF-4, não incidindo o óbice da
referida súmula do STF, porquanto inaplicável a matéria constitucional.

Apesar de a ação rescisória ser de competência do TRF-4 e não incidir


o óbice da Súmula 343 do STF, sua inaplicabilidade não ocorre em
razão de a matéria ser constitucional, mas em decorrência de a matéria
não ser controvertida naquela Corte.

D) Será cabível a ação rescisória a ser ajuizada no STF, que deve rescindir os
próprios julgados, não incidindo o óbice da referida súmula do STF, porquanto
a controvérsia constitucional que impede o manejo da rescisória é aquela
verificada no âmbito do STF.

Como já visto, a competência para processar e julgar a ação rescisória


é do TRF-4.

E) Será cabível ação rescisória a ser ajuizada no TRF-4, não incidindo o óbice da
referida súmula do STF, porquanto a controvérsia constitucional que impede o
manejo da rescisória é aquela verificada no âmbito do STF.

STF:

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(...) acaso a decisão rescindenda esteja em harmonia com precedentes
do próprio STF à época, a posterior alteração de entendimento por esta
Casa não autoriza a rescisória, aplicando-se a Súmula 343/STF. 3. A
limitação do cabimento da ação rescisória em matéria constitucional
cingiu-se a duas hipóteses específicas, quais sejam, (i) quando o
acórdão rescindendo estiver em conformidade com jurisprudência do
Plenário desta Casa à época, mesmo que posteriormente alterada e (ii)
quando a matéria seja controvertida no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal. Precedentes. 4. Para efeito de aplicação da Súmula
343/STF em matéria constitucional indispensável perquirir (i) se a
matéria era controvertida neste STF e (ii) se a decisão rescindenda
estava em consonância com o entendimento deste Tribunal à época.
Assim, caso a resposta para ambos os questionamentos seja negativa,
inaplicável o entendimento sumulado e, portanto, cabível, em tese, a
rescisória. Precedentes. 5. Consolidada jurisprudência desta Corte no
sentido da inaplicabilidade da Súmula 343/STF quando a matéria
versada nos autos for de índole constitucional, mesmo que a decisão
objeto da rescisória tenha sido fundamentada em interpretação
controvertida em outros Tribunais judiciários ou anterior à orientação
fixada pelo Supremo Tribunal Federal, ressalvadas as hipóteses acima
explicitadas. (...) (ARE 1332413 AgR-segundo, Relator(a): ROSA
WEBER, Primeira Turma, julgado em 21/06/2022, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 23-06-2022 PUBLIC 24-06-2022)

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5) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - No
que se refere ao cumprimento de obrigação de pagar quantia certa oponível à
fazenda pública, assinale a opção correta segundo a CF e a jurisprudência do
STF.

A) Reconhecido o indébito tributário no âmbito de mandado de segurança, o


impetrante poderá requerer administrativamente a restituição desses valores.

B) Incidirão juros de mora desde a data de expedição até a data do efetivo


pagamento do precatório.

C) Admite-se a execução provisória de obrigação de pagar quantia certa em face


da fazenda pública.

D) Não incidirão juros de mora no período compreendido entre a data da


elaboração dos cálculos e a data da expedição do precatório.

E) Não se admite a expedição de requisição de pequeno valor (RPV) para


pagamento de honorários contratuais dissociados do principal a ser requisitado
pelo credor da fazenda pública.

COMENTÁRIOS:

A) Reconhecido o indébito tributário no âmbito de mandado de segurança, o


impetrante poderá requerer administrativamente a restituição desses valores.

Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo da ação


de cobrança.

Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz


efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.

Em que pese ser possível, a qualquer tempo, buscar o cumprimento


administrativo de uma obrigação de pagar, isso não decorre da
concessão da segurança em sede do writ of mandamus, de modo que o
mandado de segurança não substitui a ação de cobrança.

B) Incidirão juros de mora desde a data de expedição até a data do efetivo


pagamento do precatório.

Súmula Vinculante 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º do


artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os
precatórios que nele sejam pagos.

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O §1º mencionado na súmula corresponde ao atual §5º do art. 100 da
CF:

§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito


público de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos
de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o
final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 114,
de 2021)

Isso ocorre porque o devedor (Fazenda Pública) não está em mora até
o final do exercício seguinte àquele em que foi incluído no orçamento.

C) Admite-se a execução provisória de obrigação de pagar quantia certa em face


da fazenda pública.

O regime dos precatórios (art. 100 da CF) impede o procedimento da


execução provisória da obrigação de pagar quantia certa em face da
Fazenda, de modo que apenas pode se operacionalizar após o trânsito
em julgado.

D) Não incidirão juros de mora no período compreendido entre a data da


elaboração dos cálculos e a data da expedição do precatório.

STF:

JUROS DA MORA – FAZENDA PÚBLICA – DÍVIDA – REQUISIÇÃO


OU PRECATÓRIO. Incidem juros da mora entre a data da realização
dos cálculos e a da requisição ou do precatório. (RE 579431, Relator(a):
MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
145 DIVULG 29-06-2017 PUBLIC 30-06-2017)

E) Não se admite a expedição de requisição de pequeno valor (RPV) para


pagamento de honorários contratuais dissociados do principal a ser requisitado
pelo credor da fazenda pública.

STF:

Agravo regimental no recurso extraordinário. Processual Civil.


Honorários advocatícios contratuais. Fracionamento para pagamento
por RPV ou precatório. Impossibilidade. Súmula Vinculante nº 47.
Inaplicabilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência da Corte é firme no
sentido de que a Súmula Vinculante nº 47 não alcança os honorários
contratuais resultantes do contrato firmado entre advogado e cliente,

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não abrangendo aquele que não fez parte do acordo. 2. O Supremo
Tribunal Federal já assentou a inviabilidade de expedição de RPV
ou de precatório para pagamento de honorários contratuais
dissociados do principal a ser requisitado, à luz do art. 100, § 8º, da
Constituição Federal. 3. Agravo regimental não provido. 4.
Inaplicável o art. 85, 11, do CPC, pois não houve prévia fixação de
honorários advocatícios na causa. (RE 1094439 AgR, Relator(a): DIAS
TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 02/03/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-052 DIVULG 16-03-2018 PUBLIC 19-03-2018)

6) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador do Estado (PGE RR) - No que se


refere a normas processuais civis, deveres das partes e dos procuradores,
cumprimento de sentença, processo de execução, julgue o item a seguir,
considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Desde que não excedam o limite normativo, é legítima a execução de honorários


advocatícios de sucumbência por requisição de pequeno valor, mesmo que o
crédito do valor principal tenha de ser recebido por meio do regime dos
precatórios.

C) Certo

E) Errado

COMENTÁRIOS:

Tema Repetitivo 608 do STJ: Não há impedimento constitucional, ou


mesmo legal, para que os honorários advocatícios, quando não
excederem ao valor limite, possam ser executados mediante RPV, ainda
que o crédito dito 'principal' observe o regime dos precatórios

Resposta: Certo.

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7) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Analista (CNMP)/Apoio Jurídico/Direito -
Com relação ao processo de execução, aos processos nos tribunais, aos meios de
impugnação das decisões judiciais e ao mandado de segurança, julgue o
próximo item, à luz da jurisprudência dos tribunais superiores.

É cabível a condenação da parte responsável pela propositura da ação em


honorários sucumbenciais na hipótese de extinção do processo de execução, por
conta do reconhecimento da prescrição intercorrente.

C) Certo

E) Errado

COMENTÁRIOS:

STJ:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE


TÍTULO EXTRAJUDICIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. NÃO LOCALIZAÇÃO DE BENS
PENHORÁVEIS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS E
DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO CABIMENTO.
SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 14.195/2021.

1. Execução de título extrajudicial ajuizada em 21/08/2012, da qual foi


extraído o presente recurso especial interposto em 05/01/2023 e
concluso ao gabinete em 04/04/2023.

2. O propósito recursal consiste em definir se, após a alteração do art.


921, § 5º, do CPC/15, promovida pela Lei nº 14.195/2021, o
reconhecimento da prescrição intercorrente e a consequente extinção
do processo obstam a condenação do executado ao pagamento de
custas processuais e de honorários sucumbenciais.

3. A jurisprudência desta Corte pacificou-se no sentido da aplicação


do princípio da causalidade na hipótese de extinção do processo em
razão do reconhecimento da prescrição intercorrente (art. 85, § 10, do
CPC/15). Todavia, após a alteração promovida pela Lei nº
14.195/2021, publicada em 26/8/2021, que alterou o § 5º do art. 921 do
CPC/15, não serão imputados quaisquer ônus às partes quando
reconhecida a referida prescrição.

4. A legislação que versa sobre honorários advocatícios possui


natureza híbrida (material-processual), de modo que o marco

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temporal para a aplicação das novas regras sucumbenciais deve ser a
data de prolação da sentença (ou ato jurisdicional equivalente, quando
diante de processo de competência originária de Tribunal). Assim, nas
hipóteses em que prolatada sentença de extinção do processo, após
26/08/2021, em razão do reconhecimento da prescrição intercorrente
(art. 924, IV, do CPC/15), não é cabível a condenação ao pagamento de
custas e honorários de sucumbência (art. 921, § 5º, do CPC/2015).

5. Hipótese em que a sentença extinguiu o processo em 28/04/2022,


ante o reconhecimento da prescrição intercorrente, e, quando do
julgamento da apelação do exequente/recorrido, o
recorrente/executado foi condenado ao pagamento de honorários
sucumbenciais, o que é descabido.

6. Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 2.060.319/DF,


relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
9/5/2023, DJe de 11/5/2023.)

Resposta: Errado.

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8) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - No
que se refere à eficácia normativa e executiva dos pronunciamentos do STF que,
em controle abstrato, afirmem a constitucionalidade ou inconstitucionalidade
de determinado ato normativo, considerados os limites da coisa julgada,
assinale a opção correta.

A) No conflito entre a garantia individual da coisa julgada e a interpretação


acerca da constitucionalidade ou não de determinado ato normativo conferida
pelo STF, aquela somente não prevalecerá se a decisão do STF lhe for anterior.

B) Decisão do STF que declare a inconstitucionalidade de ato normativo


produzirá a automática rescisão das decisões anteriores transitadas em julgado
que tenham adotado entendimento em sentido contrário.

C) Nas relações jurídicas de trato sucessivo, havendo coisa julgada que


estabeleça a inconstitucionalidade de determinada norma e, posteriormente,
decisão superveniente do STF na qual se declare a constitucionalidade daquele
preceito legal, a cessação dos efeitos da coisa julgada estará condicionada ao
ajuizamento de ação rescisória ou revisional.

D) Segundo o entendimento do STF, o princípio da supremacia da Constituição


tem prevalência máxima, de forma a ser insuscetível de execução qualquer
sentença tida por inconstitucional pelo STF, seja em controle difuso, seja em
controle concentrado de constitucionalidade.

E) Sentença exequenda que tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente


constitucional pelo STF prescinde de ação rescisória na hipótese em que a
decisão do STF seja anterior à formação do título executivo.

COMENTÁRIOS:

A) No conflito entre a garantia individual da coisa julgada e a interpretação


acerca da constitucionalidade ou não de determinado ato normativo conferida
pelo STF, aquela somente não prevalecerá se a decisão do STF lhe for anterior.

Tema 881 da Repercussão Geral: 1. As decisões do STF em controle


incidental de constitucionalidade, anteriores à instituição do regime
de repercussão geral, não impactam automaticamente a coisa julgada
que se tenha formado, mesmo nas relações jurídicas tributárias de
trato sucessivo. 2. Já as decisões proferidas em ação direta ou em sede
de repercussão geral interrompem automaticamente os efeitos
temporais das decisões transitadas em julgado nas referidas relações,
respeitadas a irretroatividade, a anterioridade anual e a noventena ou

18
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a anterioridade nonagesimal, conforme a natureza do tributo (RE
949297).

Ou seja, ainda que a decisão do STF seja posterior é possível desfazer


a coisa julgada.

B) Decisão do STF que declare a inconstitucionalidade de ato normativo


produzirá a automática rescisão das decisões anteriores transitadas em julgado
que tenham adotado entendimento em sentido contrário.

Tema 733 da Repercussão Geral: A decisão do Supremo Tribunal


Federal declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade
de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão
das decisões anteriores que tenham adotado entendimento diferente.
Para que tal ocorra, será indispensável a interposição de recurso
próprio ou, se for o caso, a propositura de ação rescisória própria, nos
termos do art. 485 do CPC, observado o respectivo prazo decadencial
(art. 495).

C) Nas relações jurídicas de trato sucessivo, havendo coisa julgada que estabeleça
a inconstitucionalidade de determinada norma e, posteriormente, decisão
superveniente do STF na qual se declare a constitucionalidade daquele preceito
legal, a cessação dos efeitos da coisa julgada estará condicionada ao ajuizamento
de ação rescisória ou revisional.

STF:

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DECLARAÇÃO DE


INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EFEITOS SOBRE SENTENÇAS
PROFERIDAS ANTES DO PRONUNCIAMENTO. GARANTIA DA
COISA JULGADA. RELAÇÃO JURÍDICA DE TRATO SUCESSIVO.
CESSAÇÃO DA EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA
TRANSITADA EM JULGADO, RELATIVAMENTE AOS EFEITOS
FUTUROS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE
PROVIDO. 1. As relações jurídicas de trato continuado proporcionam
elemento normativo adicional à tensão entre o primado da
Constituição e a garantia individual da coisa julgada, uma vez que
nelas a solução inconstitucional da lide se protrai no tempo
indefinidamente, com severas repercussões não apenas na higidez do
ordenamento jurídico, mas também em outros direitos fundamentais,
como o da isonomia. Há casos em que os pressupostos fáticos ou
jurídicos são alterados após a coisa julgada e verifica-se total
assincronia entre o momento da decisão e aquele em que se verifica a

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declaração de (in)constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal,
situando-se a relação jurídica de trato sucessivo vinculada à cláusula
rebus sic stantibus, sem que ocorra a vulneração à coisa julgada. 2.
Quando em jogo relações de trato continuado, a eficácia executiva
da decisão do Supremo Tribunal Federal incide automaticamente
sobre os efeitos futuros de pronunciamentos jurisdicionais
anteriores, ainda que transitados em julgado, independentemente
do prévio ajuizamento de ação rescisória. 3. Essa conclusão é
plenamente adequada à situação dos autos, em que se discute a
exigibilidade de preço público relativo ao uso de faixa de domínio em
rodovia. A natureza continuada da relação é evidente, de modo que,
diante da superveniente decisão do Supremo que declarou a
inconstitucionalidade da pretensão da concessionária, mostra-se
imperiosa a imediata paralisação da eficácia da sentença transitada em
julgado, no que concerne aos efeitos futuros do pronunciamento. Por
conseguinte, as tarifas vencidas após a publicação da ata de
julgamento da ADI 3763 – 13/04/2021 – são inexigíveis, por força da
decisão proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. 4.
Agravo regimental provido para dar parcial provimento ao recurso
extraordinário. (ARE 1243237 AgR, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA,
Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado
em 27/04/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-153 DIVULG 02-08-
2022 PUBLIC 03-08-2022)

D) Segundo o entendimento do STF, o princípio da supremacia da Constituição


tem prevalência máxima, de forma a ser insuscetível de execução qualquer
sentença tida por inconstitucional pelo STF, seja em controle difuso, seja em
controle concentrado de constitucionalidade.

STF:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COISA JULGADA


INCONSTITUCIONAL. ARTIGO 741, PARÁGRAFO ÚNICO, E
ARTIGO 475-L, PARÁGRAFO PRIMEIRO, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 1973. ARTIGO 525, PARÁGRAFO PRIMEIRO,
INCISO III, PARÁGRAFOS 12 E 14, E ARTIGO 535, PARÁGRAFO 5º,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. 1. São constitucionais as
disposições normativas do parágrafo único do art. 741 do CPC, do § 1º
do art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os correspondentes
dispositivos do CPC/15, o art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º.
2. Os dispositivos questionados buscam harmonizar a garantia da
coisa julgada com o primado da Constituição, agregando ao sistema
processual brasileiro, um mecanismo com eficácia rescisória de
20
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sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado.
3. São consideradas decisões com vícios de inconstitucionalidade
qualificados: (a) a sentença exequenda fundada em norma
reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma
inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com sentido
inconstitucionais; (b) a sentença exequenda que tenha deixado de
aplicar norma reconhecidamente constitucional. 4. Para o
reconhecimento do vício de inconstitucionalidade qualificado
exige-se que o julgamento do STF, que declara a norma
constitucional ou inconstitucional, tenha sido realizado em data
anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. 5. Recurso
extraordinário a que se nega provimento. (RE 611503, Relator(a):
TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN,
Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-053 DIVULG 18-03-2019
PUBLIC 19-03-2019)

E) Sentença exequenda que tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente


constitucional pelo STF prescinde de ação rescisória na hipótese em que a decisão
do STF seja anterior à formação do título executivo.

STF:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COISA JULGADA


INCONSTITUCIONAL. ARTIGO 741, PARÁGRAFO ÚNICO, E
ARTIGO 475-L, PARÁGRAFO PRIMEIRO, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 1973. ARTIGO 525, PARÁGRAFO PRIMEIRO,
INCISO III, PARÁGRAFOS 12 E 14, E ARTIGO 535, PARÁGRAFO 5º,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. 1. São constitucionais as
disposições normativas do parágrafo único do art. 741 do CPC, do § 1º
do art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os correspondentes
dispositivos do CPC/15, o art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º.
2. Os dispositivos questionados buscam harmonizar a garantia da
coisa julgada com o primado da Constituição, agregando ao sistema
processual brasileiro, um mecanismo com eficácia rescisória de
sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado. 3.
São consideradas decisões com vícios de inconstitucionalidade
qualificados: (a) a sentença exequenda fundada em norma
reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma
inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com sentido
inconstitucionais; (b) a sentença exequenda que tenha deixado de
aplicar norma reconhecidamente constitucional. 4. Para o
reconhecimento do vício de inconstitucionalidade qualificado exige-
21
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se que o julgamento do STF, que declara a norma constitucional ou
inconstitucional, tenha sido realizado em data anterior ao trânsito em
julgado da sentença exequenda. 5. Recurso extraordinário a que se
nega provimento. (RE 611503, Relator(a): TEORI ZAVASCKI,
Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
20/09/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-053 DIVULG 18-03-2019 PUBLIC 19-03-2019)

9) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - A


eficácia temporal da coisa julgada formada em relações jurídicas tributárias de
trato continuado

A) cessa mediante o ajuizamento de ação revisional, caso se verifique alteração


nas circunstâncias fático-jurídicas analisadas pela decisão transitada em
julgado.

B) não pode ser diretamente atingida por alterações nas circunstâncias fático-
jurídicas, ressalvado apenas o ajuizamento de ação rescisória no prazo legal.

C) somente pode ser cessada caso haja prolação de entendimento posterior em


sede de controle concentrado de constitucionalidade.

D) cessa caso haja alteração das circunstâncias fático-jurídicas analisadas pela


decisão transitada em julgado.

E) perde automaticamente sua autoridade, caso identificada tese contrária


subsequente do plenário do STF em controle difuso, desde que o precedente do
STF seja anterior ao regime de repercussão geral.

COMENTÁRIOS:

A) cessa mediante o ajuizamento de ação revisional, caso se verifique alteração


nas circunstâncias fático-jurídicas analisadas pela decisão transitada em julgado.

A eficácia temporal da coisa julgada está vinculada à situação fático-


jurídica que a ensejou. Em outras palavras, caso haja modificação
fático-jurídica, modifica-se a causa de pedir e, logo, não há que se falar
em necessidade de ajuizamento de ação revisional.

B) não pode ser diretamente atingida por alterações nas circunstâncias fático-
jurídicas, ressalvado apenas o ajuizamento de ação rescisória no prazo legal.

22
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É inerente às relações jurídicas tributárias de trato continuado que a
eficácia temporal da coisa julgada seja diretamente atingida por
alterações nas circunstâncias fático-jurídicas.

C) somente pode ser cessada caso haja prolação de entendimento posterior em


sede de controle concentrado de constitucionalidade.

Tema 885 da Repercussão Geral no STF: 1. As decisões do STF em


controle incidental de constitucionalidade, anteriores à instituição do
regime de repercussão geral, não impactam automaticamente a coisa
julgada que se tenha formado, mesmo nas relações jurídicas
tributárias de trato sucessivo. 2. Já as decisões proferidas em ação
direta ou em sede de repercussão geral interrompem
automaticamente os efeitos temporais das decisões transitadas em
julgado nas referidas relações, respeitadas a irretroatividade, a
anterioridade anual e a noventena ou a anterioridade nonagesimal,
conforme a natureza do tributo.

De fato, decisão posterior em sede de controle concentrado de


constitucionalidade pode fazer cessar a eficácia da coisa julgada
formada em relações jurídicas tributárias de trato continuado.
Todavia, não é a única forma, de modo que a alteração da situação
fático-jurídica também tem este condão, tornando a alternativa errada
porque não é “SOMENTE”.

D) cessa caso haja alteração das circunstâncias fático-jurídicas analisadas pela


decisão transitada em julgado.

STF:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA


AFIRMANDO DIREITO À DIFERENÇA DE PERCENTUAL
REMUNERATÓRIO, INCLUSIVE PARA O FUTURO. RELAÇÃO
JURÍDICA DE TRATO CONTINUADO. EFICÁCIA TEMPORAL.
CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS. SUPERVENIENTE
INCORPORAÇÃO DEFINITIVA NOS VENCIMENTOS POR FORÇA
DE DISSÍDIO COLETIVO. EXAURIMENTO DA EFICÁCIA DA
SENTENÇA. 1. A força vinculativa das sentenças sobre relações
jurídicas de trato continuado atua rebus sic stantibus: sua eficácia
permanece enquanto se mantiverem inalterados os pressupostos
fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo
provimento sentencial. A superveniente alteração de qualquer
desses pressupostos (a) determina a imediata cessação da eficácia
executiva do julgado, independentemente de ação rescisória ou,

23
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salvo em estritas hipóteses previstas em lei, de ação revisional, razão
pela qual (b) a matéria pode ser alegada como matéria de defesa em
impugnação ou em embargos do executado. 2. Afirma-se, nessa linha
de entendimento, que a sentença que reconhece ao trabalhador ou
servidor o direito a determinado percentual de acréscimo
remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente
incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos. 3.
Recurso extraordinário improvido. (RE 596663, Relator(a): MARCO
AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 24/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-232 DIVULG 25-11-2014 PUBLIC 26-11-2014
RTJ VOL-00235-01 PP-00174)

E) perde automaticamente sua autoridade, caso identificada tese contrária


subsequente do plenário do STF em controle difuso, desde que o precedente do
STF seja anterior ao regime de repercussão geral.

Tema 885 da Repercussão Geral no STF: 1. As decisões do STF em


controle incidental de constitucionalidade, anteriores à instituição do
regime de repercussão geral, não impactam automaticamente a coisa
julgada que se tenha formado, mesmo nas relações jurídicas
tributárias de trato sucessivo.

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10) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador do Estado (PGE RR) - No que se
refere a normas processuais civis, deveres das partes e dos procuradores,
cumprimento de sentença, processo de execução, julgue o item a seguir,
considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O juiz ofende o princípio da vedação à decisão surpresa se, ao sentenciar,


atribuir tipificação jurídica aos fatos referentes à causa de pedir de forma
diversa e contrária à realizada pelas partes, sem antes provocar a sua prévia
manifestação.

C) Certo

E) Errado

COMENTÁRIOS:

STJ:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


COBRANÇA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. DAÇÃO EM PAGAMENTO. DESCUMPRIMENTO
CONTRATUAL. MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE FATOS
E PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.

(...)

2. Não há falar em decisão surpresa quando o magistrado, diante dos


limites da causa de pedir, do pedido e do substrato fático delineado
nos autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão no ordenamento
jurídico posto, aplicando a lei adequada à solução do conflito, ainda
que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e
independentemente de oitiva delas, até porque a lei deve ser do
conhecimento de todos, não podendo ninguém se dizer
surpreendido com a sua aplicação.

3. À luz dos artigos 128 e 460 do CPC/73, atuais, 141 e 492 do NCPC/15,
o vício de julgamento extra petita não se vislumbra na hipótese do
juízo a quo, adstrito às circunstâncias fáticas (causa de pedir remota)
e ao pedido constante nos autos, proceder à subsunção normativa com
amparo em fundamentos jurídicos diversos dos esposados pelo autor
e refutados pelo réu. O julgador não viola os limites da causa quando
reconhece os pedidos implícitos formulados na inicial, não estando
restrito apenas ao que está expresso no capítulo referente aos pedidos,

25
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sendo-lhe permitido extrair da interpretação lógico - sistemática da
peça inicial aquilo que se pretende obter com a demanda, aplicando o
princípio da equidade.

4. As conclusões do acórdão recorrido no tocante à legitimidade


passiva do agravante, e caracterização do ato ilícito apto a gerar o
dever de indenizar, não podem ser revistas por esta Corte Superior,
pois demandaria, necessariamente, reexame do conjunto fático-
probatório dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, em
razão da Súmula 7 do STJ.

5. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp n. 1.587.128/MG,


relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
30/3/2020, DJe de 2/4/2020.)

PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANOS.
INCORPORAÇÃO DE REDE PARTICULAR DE ENERGIA
ELÉTRICA. PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA. AUSÊNCIA DE
OFENSA. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. VINTENÁRIA OU
TRIENAL. TERMO INICIAL. MOMENTO DA INCORPORAÇÃO.
ENTENDIMENTO ADOTADO NESTA CORTE. VERBETE 83 DA
SÚMULA DO STJ. TEORIA DA CAUSA MADURA. NÃO
APLICAÇÃO. ARTS. 515, § 1°, E 516 DO CPC/73. IMPOSSIBILIDADE.
INDENIZAÇÃO. DEFERIMENTO. REVISÃO. NÃO CABIMENTO.
TESES DO RECURSO ESPECIAL QUE DEMANDAM REEXAME DE
CONTEXTO FÁTICO E PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA N°
7/STJ. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA
DECISÃO. ARTIGO 1.021, § 1º, DO CPC E SÚMULA N. 182/STJ. NÃO
PROVIMENTO.

1. O "fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é o


fundamento jurídico - circunstância de fato qualificada pelo direito,
em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência
no julgamento, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação -
não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de lei
regente da matéria). A aplicação do princípio da não surpresa não
impõe, portanto, ao julgador que informe previamente às partes
quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da
causa. O conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure.

(...)

26
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5. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp n.
1.701.258/SP, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma,
julgado em 23/10/2018, DJe de 29/10/2018.)

Resposta: Errado.

11) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador do Estado (PGE RR) - No que se


refere à ação civil pública, à ação de improbidade administrativa, à reclamação,
à ação rescisória e aos juizados especiais da fazenda pública, julgue o item
subsecutivo.

O cabimento de reclamação constitucional em que se alega que a decisão


judicial reclamada violou entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral depende do
exaurimento de outras instâncias.

C) Certo

E) Errado

COMENTÁRIOS:

CPC:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério


Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; § 5º É inadmissível


a reclamação: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de


decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de


incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de
assunção de competência;

(...)

§ 5º É inadmissível a reclamação:

I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;


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II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

Resposta: Certo.

12) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Juiz de Direito (TJDFT) - No que se refere à


fazenda pública em juízo, assinale a opção correta, à luz da jurisprudência do
STJ e do Código de Processo Civil (CPC).

A) A participação da fazenda pública no processo configura, por si só, hipótese


de intervenção do Ministério Público.

B) A fazenda pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do


depósito prévio dos honorários do perito.

C) A fazenda pública é isenta do pagamento de emolumentos cartorários.

D) No cumprimento de sentença de obrigação de pagar, a fazenda pública deve


ser intimada para impugnação, tendo prazo em dobro para se manifestar, por
prerrogativa legal.

E) Não é cabível ação monitória contra a fazenda pública, em virtude da


simplicidade do seu procedimento.

COMENTÁRIOS:

A) A participação da fazenda pública no processo configura, por si só, hipótese


de intervenção do Ministério Público.

CPC:

Art. 178:

(...)

Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura,


por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

B) A fazenda pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do


depósito prévio dos honorários do perito.

Súmula 232-STJ: A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica


sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito.
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C) A fazenda pública é isenta do pagamento de emolumentos cartorários.

Tema Repetitivo 202-STJ: O cartório extrajudicial deve expedir


certidão sobre os atos constitutivos da empresa devedora executada
requerida pela Fazenda Pública, cabendo-lhe, se vencida, reembolsar
o valor das custas ao final.

STJ:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
EXECUÇÃO FISCAL. PAGAMENTO ANTECIPADO PARA
EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CARTÓRIO DE TÍTULOS E
DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS PELA FAZENDA
PÚBLICA. DESNECESSIDADE. ART. 39, DA LEI Nº 6.830/80. ART.
27, DO CPC. DIFERENÇA ENTRE OS CONCEITOS DE CUSTAS E
DESPESAS PROCESSUAIS. PRECEDENTES.

1. A certidão requerida pela Fazenda Pública ao cartório extrajudicial


deve ser deferida de imediato, diferindo-se o pagamento para o final
da lide, a cargo do vencido. (Precedentes: AgRg no REsp 1013586/SP,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 21/05/2009, DJe 04/06/2009; REsp 1110529/SP, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2009, DJe
21/05/2009; AgRg no REsp 1034566/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/02/2009, DJe 26/03/2009; REsp
1036656/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 11/03/2009, DJe 06/04/2009; REsp 1015541/SP, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/04/2008, DJe
08/05/2008) 2. O Sistema Processual exonera a Fazenda Pública de
arcar com quaisquer despesas, pro domo sua, quando litiga em juízo,
suportando, apenas, as verbas decorrentes da sucumbência (artigos 27
e 1.212, parágrafo único, do CPC). Tratando-se de execução fiscal, é
textual a lei quanto à exoneração, consoante se colhe dos artigos 7º e
39, da Lei nº 6.830/80, por isso que, enquanto não declarada
inconstitucional a lei, cumpre ao STJ velar pela sua aplicação.

3. A isenção de que goza a Fazenda Pública, nos termos do art. 39, da


Lei de Execuções Fiscais, está adstrita às custas efetivamente estatais,
cuja natureza jurídica é de taxa judiciária, consoante
posicionamento do Pretório Excelso (RE 108.845), sendo certo que os
atos realizados fora desse âmbito, cujos titulares sejam pessoas
estranhas ao corpo funcional do Poder Judiciário, como o leiloeiro e
o depositário, são de responsabilidade do autor exeqüente,
29
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porquanto essas despesas não assumem a natureza de taxa, estando
excluídas, portanto, da norma insculpida no art. 39, da LEF.
Diferença entre os conceitos de custas e despesas processuais.

4. Ressalte-se ainda que, de acordo com o disposto no parágrafo


único art. 39 da Lei 6.830/80, a Fazenda Pública, se vencida, é
obrigada a reembolsar a parte vencedora no que houver adiantado a
título de custas, o que se coaduna com o art. 27, do Código de
Processo Civil, não havendo, desta forma, riscos de se criarem
prejuízos à parte adversa com a concessão de tal benefício
isencional.

5. Mutatis mutandis, a exoneração participa da mesma ratio essendi


da jurisprudência da Corte Especial que imputa a despesa
extrajudicial da elaboração de planilha do cálculo àquele que pretende
executar a Fazenda Pública.

6. Recurso especial provido, para determinar a expedição da certidão


requerida pela Fazenda Pública, cabendo-lhe, se vencida, efetuar o
pagamento das custas ao final. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp n. 1.107.543/SP,
relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 24/3/2010, DJe
de 26/4/2010.)

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL.


DESPESAS COM CARTÓRIO. DISPENSA. IMPOSSIBILIDADE.
PAGAMENTO DIFERIDO PARA O FINAL DA LIDE.

1. A presente questão foi examinada pela eg. Primeira Seção, no


julgamento do Recurso Especial 988.402/SP, remetido àquele órgão
julgador por esta Segunda Turma. Na ocasião, decidiu-se que a
Fazenda Pública não é isenta, mas apenas goza do diferimento dos
emolumentos cartorários, que devem ser pagos ao final, pelo
vencido. É a tese, aliás, que está consagrada no art. 39 da Lei de
Execuções Fiscais (Lei 6.830/80).

3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp n. 1.013.586/SP,


relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 21/5/2009, DJe de 4/6/2009.)

D) No cumprimento de sentença de obrigação de pagar, a fazenda pública deve


ser intimada para impugnação, tendo prazo em dobro para se manifestar, por
prerrogativa legal.

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Em regra, a Fazenda Pública tem a prerrogativa do prazo em dobro
para se manifestar no processo, salvo quando a lei estabelecer, de
forma expressa, prazo próprio para o ente público (art. 183, §2º, do
CPC).

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de
prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja
contagem terá início a partir da intimação pessoal.

(...)

§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei


estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.

No caso da impugnação ao cumprimento de sentença, há prazo


específico para a Fazenda Pública, nos termos do art. 535 do CPC.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu


representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para,
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar
a execução, podendo arguir.

E) Não é cabível ação monitória contra a fazenda pública, em virtude da


simplicidade do seu procedimento.

CPC:

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar,
com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito
de exigir do devedor capaz:

(...)

§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.

31
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13) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Juiz de Direito (TJDFT) - Com base nas
disposições do CPC e na jurisprudência do STJ a respeito do litisconsórcio e da
intervenção de terceiros, assinale a opção correta.

A) O CPC determina expressamente a aplicação do prazo em dobro para


litisconsortes com procuradores de diferentes escritórios, ainda que o processo
seja eletrônico.

B) Não deve ser extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente


pelo réu nas hipóteses em que o denunciado conteste apenas a pretensão de
mérito da demanda principal.

C) Aquele que detenha a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome


próprio, tem o ônus de nomear à autoria o proprietário ou o possuidor da coisa
litigiosa.

D) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser


instaurado de ofício no âmbito dos juizados especiais.

E) Se uma seguradora denunciada em ação de reparação de danos não contestar


o pedido do autor, ela poderá ser condenada, direta e solidariamente com o
segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites
contratados na apólice.

COMENTÁRIOS:

A) O CPC determina expressamente a aplicação do prazo em dobro para


litisconsortes com procuradores de diferentes escritórios, ainda que o processo
seja eletrônico.

CPC:

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de


escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro
para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.

§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois)


réus, é oferecida defesa por apenas um deles.

§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos


eletrônicos.

B) Não deve ser extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente


pelo réu nas hipóteses em que o denunciado conteste apenas a pretensão de
mérito da demanda principal.

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STJ:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO.


INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS. COMPENSAÇÃO DE
DANOS MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. SEGURADORA.
QUALIDADE DE DENUNCIADA. RECONHECIMENTO.
LITISCONSÓRCIO. PRAZOS RECURSAIS EM DOBRO. ART. 191 DO
CPC/73. DENUNCIAÇÃO. EXTEMPORANEIDADE. VÍCIO
FORMAL. INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. NULIDADE.
INEXISTÊNCIA.

1. O propósito recursal é determinar se: a) na hipótese dos autos, com


a denunciação da lide, os prazos recursais devem contados em dobro;
e b) o Tribunal de origem poderia ter declarado a extinção da
denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo recorrente e
a nulidade da lide secundária.

2. A denunciação da lide, em sua delimitação moderna, tem a função


de adicionar ao processo uma nova lide conexa e, assim, atender ao
princípio da economia dos atos processuais e evitar sentenças
contraditórias. Consiste, por esse motivo, em mero ônus à parte que
não a promove, impossibilitando-a de discutir, num mesmo processo,
a obrigação do denunciado de ressarcimento dos prejuízos que venha
a sofrer na hipótese de ser vencido na demanda principal.

3. A falta de denunciação da lide não acarreta a perda do direito de


pleitear, em ação autônoma, o direito de regresso.

4. Feita a denunciação pelo réu, o denunciado pode aceitar a


denunciação e contestar o pedido do autor, situação que o
caracterizará como litisconsorte do denunciante, com a aplicação em
dobro dos prazos recursais, e que acarretará a resolução do mérito da
controvérsia secundária e o resultado prático de sujeitá-lo aos efeitos
da sentença da causa principal.

5. O processo é instrumento para a realização do direito material,


razão pela qual, se o denunciado reconhece sua condição de
garantidor do eventual prejuízo, não há razões práticas para que se
exija que, em virtude de defeitos meramente formais na articulação da
denunciação da lide, o denunciante se veja obrigado a ajuizar uma
ação autônoma de regresso em desfavor do denunciado.

6. Na presente hipótese, embora a denunciação da lide tenha sido


formulada intempestivamente, a recorrida reconheceu, ainda que
parcialmente, sua condição de garantidora. Portanto, ao reconhecer
33
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esse vício do oferecimento da denunciação da lide e anular todos os
atos processuais praticados, o Tribunal de origem agiu em
descompasso com os princípios da primazia do julgamento de
mérito e da instrumentalidade das formas.

7. Recurso especial provido. (REsp n. 1.637.108/PR, relatora Ministra


Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 6/6/2017, DJe de
12/6/2017.)

C) Aquele que detenha a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome


próprio, tem o ônus de nomear à autoria o proprietário ou o possuidor da coisa
litigiosa.

A partir da edição do CPC de 2016 a hipótese de intervenção de


terceiro denominada “nomeação à autoria” foi extinta, de modo que
agora o réu pode alegar ser parte ilegítima de qualquer ação, devendo
indicar quem seria a parte legítima e cabendo apenas ao autor aceitar
tal condição.

CPC:

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser
o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15
(quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as


despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que
serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o


sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver
conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de
indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

D) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser instaurado


de ofício no âmbito dos juizados especiais.

CPC:

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica


será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando
lhe couber intervir no processo.

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Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica
aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais.

E) Se uma seguradora denunciada em ação de reparação de danos não contestar


o pedido do autor, ela poderá ser condenada, direta e solidariamente com o
segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados
na apólice.

Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora


denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor,
pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na
apólice.

14) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Juiz de Direito (TJDFT) - Quanto à boa-fé e à


má-fé processual, assinale a opção correta.

A) A boa-fé é exigível de qualquer pessoa que participe do processo, inclusive


testemunhas, peritos e tradutores, sob pena de multa, a ser fixada pelo juiz, por
litigância de má-fé.

B) A multa por litigância de má-fé é recolhida a favor do estado ou da União.

C) A construção de versões dos fatos, mesmo que não totalmente


correspondentes aos que na verdade ocorreram, é prerrogativa da defesa em
juízo, não configurando, por si só, litigância de má-fé, salvo quando somada ao
uso do processo para objetivo ilegal ou à dedução de pretensão contra texto
expresso de lei.

D) A litigância de má-fé acarreta a responsabilização por perdas e danos, o que


pode englobar honorários contratuais de advogados contratados pela outra
parte.

E) Havendo mais de um litigante de má-fé, a multa aplicável será repartida entre


os litigantes, independentemente de quantos forem.

COMENTÁRIOS:

A) A boa-fé é exigível de qualquer pessoa que participe do processo, inclusive


testemunhas, peritos e tradutores, sob pena de multa, a ser fixada pelo juiz, por
litigância de má-fé.

A penalidade pela litigância de má-fé apenas se aplica aos litigantes


(autor e réu).

35
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CPC:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve


comportar-se de acordo com a boa-fé.

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
autor, réu ou interveniente.

B) A multa por litigância de má-fé é recolhida a favor do estado ou da União.

O beneficiário da multa é a parte contrária, nos termos do art. 81 do


CPC.

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de


má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior
a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte
contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários
advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

C) A construção de versões dos fatos, mesmo que não totalmente


correspondentes aos que na verdade ocorreram, é prerrogativa da defesa em
juízo, não configurando, por si só, litigância de má-fé, salvo quando somada ao
uso do processo para objetivo ilegal ou à dedução de pretensão contra texto
expresso de lei.

Configura litigância de má-fé, e não prerrogativa de defesa, alterar a


verdade dos fatos, nos termos do art. 80, II, do CPC.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

(...)

II - alterar a verdade dos fatos;

D) A litigância de má-fé acarreta a responsabilização por perdas e danos, o que


pode englobar honorários contratuais de advogados contratados pela outra
parte.

Os honorários advocatícios contratuais fazem parte da relação


negocial entre o advogado e seu cliente, não se confundindo com os
honorários advocatícios sucumbenciais, de modo que o art. 81 do CPC,
ao indicar que a parte se responsabilizará pelos honorários
advocatícios, não se refere aos honorários contratuais.

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de


má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior
a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte

36
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contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários
advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

E) Havendo mais de um litigante de má-fé, a multa aplicável será repartida entre


os litigantes, independentemente de quantos forem.

CPC:

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de


má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior
a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte
contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários
advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz


condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa
ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte
contrária.

15) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Promotor de Justiça (MPE PA) - Em relação


aos defeitos do negócio jurídico, assinale a opção correta.

A) Caracteriza-se como coação a situação em que uma pessoa, por


inexperiência, se obriga a prestação desproporcional ao valor da prestação
oposta.

B) A fraude contra credores exige o conhecimento, por parte do terceiro


adquirente, do estado de insolvência do devedor.

C) O falso motivo viciará a declaração de vontade quando, mesmo que não seja
expresso, for a razão determinante para a realização do ato.

D Nos negócios jurídicos unilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a


respeito de fato que a outra parte tenha ignorado constitui omissão dolosa.

E) A alegação de coação não será cabível quando a situação disser respeito a


pessoa não pertencente à família do paciente.

COMENTÁRIOS:

A) Caracteriza-se como coação a situação em que uma pessoa, por inexperiência,


se obriga a prestação desproporcional ao valor da prestação oposta.

A situação em que uma pessoa, por inexperiência, se obriga a prestação


desproporcional ao valor da prestação oposta configura LESÃO.

37
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Código Civil:

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta.

A COAÇÃO, por sua vez, está conceituada no art. 151 do C.C.:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à
sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

B) A fraude contra credores exige o conhecimento, por parte do terceiro


adquirente, do estado de insolvência do devedor.

Para o STJ, a caracterização da fraude contra credores requer o


cumprimento de 3 (três requisitos):

1) a anterioridade do crédito;

2) a comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni);

3) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de


insolvência do devedor (scientia fraudis).

STJ:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


PAULIANA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
AUSÊNCIA. BEM DE FAMÍLIA. MANUTENÇÃO DA
DESTINAÇÃO. IMPENHORABILIDADE. RECONHECIMENTO.
FRAUDE CONTRA CREDORES AFASTADA. CERCEAMENTO DE
DEFESA. CONFIGURAÇÃO.

(...)

2. O propósito recursal é decidir se a) houve negativa de prestação


jurisdicional; b) a doação de imóvel onde reside a família configura
fraude contra credores e c) houve cerceamento de defesa.

3. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que não há ofensa ao


art. 1.022 do CPC/15 quando o Tribunal de origem, aplicando o direito
que entende cabível à hipótese soluciona integralmente a controvérsia
submetida à sua apreciação, ainda que de forma diversa daquela
pretendida pela parte. Precedentes.

4. A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade


do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni)
e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de
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insolvência do devedor (scientia fraudis). O eventus damni trata-se
de pressuposto objetivo e estará configurado quando o ato de
disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de
insolvência do devedor ou tenha levado-o a este estado.

5. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem


impenhorável, especialmente de bem de família, exige uma
ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de um
lado, a proteção legal conferida ao bem de família, fundada no direito
à moradia e no mínimo existencial do devedor e/ou sua família e, de
outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para
discernir se há ou não fraude contra credores ou à execução é verificar
a ocorrência de alteração na destinação primitiva do imóvel - qual seja,
a morada da família - ou de desvio do proveito econômico da
alienação (se existente) em prejuízo do credor" (REsp 1.227.366/RS).

6. Na hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel desde o


ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado, no ano de 2011, pelo
casal aos filhos menores, a situação fática em nada se alterou, já que o
bem continuou servindo como residência da entidade familiar. Ou
seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e teve sua
destinação (moradia) inalterada. Essas peculiaridades demonstram a
ausência de eventus damni e, portanto, de disposição fraudulenta.

7. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída


pela Lei 8.009/1990, quando reconhecida sobre metade de imóvel
relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem.
Precedentes. Assim, não sendo a esposa devedora, a doação de sua
quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida por fraudulenta.
E, haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão,
o imóvel está protegido pela garantia da impenhorabilidade do bem
de família.

(...)

9. Recursos especiais conhecidos e providos. (REsp n. 1.926.646/SP,


relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
15/2/2022, DJe de 18/2/2022.)

C) O falso motivo viciará a declaração de vontade quando, mesmo que não seja
expresso, for a razão determinante para a realização do ato.

C.C.

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Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando
expresso como razão determinante.

D Nos negócios jurídicos unilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a


respeito de fato que a outra parte tenha ignorado constitui omissão dolosa.

C.C.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de


uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o
negócio não se teria celebrado.

E) A alegação de coação não será cabível quando a situação disser respeito a


pessoa não pertencente à família do paciente.

C.C.

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal


que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à


família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se
houve coação.

40
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16) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - Na
perspectiva do sistema de justiça multiportas, ao realizar determinado negócio
jurídico, as partes podem combinar diferentes meios adequados de solução de
litígios e, para isso, devem utilizar cláusula denominada

A) patológica.

B) escalonada.

C) cheia.

D) compromissória.

E) dispute board.

COMENTÁRIOS:

A) patológica.

Segundo o STJ, a cláusula compromissória patológica é aquela que


possui nulidade ou abusividade manifesta, acometida de vício
clarividente.

STJ:

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA. VENDA DE
AÇÕES. DIVIDENDOS. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AUSÊNCIA.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FUNCIONÁRIO. PROGRAMA DE
INCENTIVO E PARTNERSHIP. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA.
JURISDIÇÃO ARBITRAL. COMPETÊNCIA-COMPETÊNCIA.

(...)

5. A ilegalidade que permite a análise e a decretação prévia, pelo


Judiciário, de abusividade ou nulidade da cláusula de arbitragem
deve ser manifesta (clausula patológica), devendo o tema ser
submetido, com precedência, à jurisdição arbitral, que vai deliberar a
respeito da sua própria competência (art. 8º, parágrafo único, da Lei
nº 9.307/1996). Precedentes.

6. Agravo interno não provido. (AgInt nos EDcl no AREsp n.


1.800.092/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, julgado em 3/4/2023, DJe de 13/4/2023.)

41
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4. Não se olvida, tampouco se dissuade de doutrina especializada,
assim como da jurisprudência desta Corte de Justiça, que admite,
excepcionalmente e em tese, que o Juízo estatal, instado
naturalmente para tanto, reconheça a inexistência, invalidade ou
ineficácia da convenção de arbitragem sempre que o vício que a
inquina revelar-se, em princípio, clarividente (encerrando, assim,
verdadeira cláusula compromissória arbitral patológica). (REsp n.
1.699.855/RS, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 1/6/2021, DJe de 8/6/2021.)

B) escalonada.

Conforme já entendeu o STJ, a cláusula arbitral escalonada é aquela


que prevê um grau de subsidiariedade, de modo que a arbitragem
apenas terá lugar se frustradas a mediação ou a conciliação:

STJ:

“Nota-se, de logo, que o contrato não contém cláusula arbitral


escalonada (mediação e arbitragem), assim entendida aquela
mediante a qual as partes estabelecem que, surgido um conflito,
submeter-se-ão, em primeiro lugar, a procedimento prévio de
mediação ou conciliação e, frustrado este, à arbitragem”. (RECURSO
ESPECIAL Nº 1.331.100 – BA).

C) cheia.

Denomina-se cláusula compromissória cheia a que prevê,


antecipadamente, todas as regras que conduzirão eventual
procedimento arbitral.

Lei nº 9.307/96:

Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras


de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a
arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras,
podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em
outro documento, a forma convencionada para a instituição da
arbitragem.

D) compromissória.

Lei nº 9.307/96:

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as


partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

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E) dispute board.

Dispute board é um comitê de resolução de disputas, conforme


previsto no art. 151 da Lei 14.133/21:

Lei nº 14.133/21

Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utilizados
meios alternativos de prevenção e resolução de controvérsias,
notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução de
disputas e a arbitragem.

17) CEBRASPE (CESPE) - 2023 - Advogado da União - Assinale a opção que


indica corretamente o conjunto de teorias com o qual o conceito de distinção
sistemática se relaciona.

A) teoria da imprevisão, teoria da onerosidade excessiva, teoria da base do


negócio

B) teoria da competência, teoria da ordenação, teoria da tradição e teoria do


interesse

C) teoria da segurança jurídica, teoria do direito e desenvolvimento e teoria da


ponderação

D) teoria da diferença, teoria do patrimônio e teoria da realidade

E) teoria da equivalência, teoria da causalidade, teoria da imputação e teoria da


probabilidade

COMENTÁRIOS:

A) teoria da imprevisão, teoria da onerosidade excessiva, teoria da base do


negócio

São teorias inerentes à revisão contratual

B) teoria da competência, teoria da ordenação, teoria da tradição e teoria do


interesse

Distinção sistemática (Bydlinsky) é o termo utilizado para diferenciar


o direito público do direito privado, em contraposição ao dogma
positivista de Hans Kelsen que conta, entre outras teorias, com a da
competência, da ordenação, da tradição e do interesse, para validar a
dicotomia.

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C) teoria da segurança jurídica, teoria do direito e desenvolvimento e teoria da
ponderação

São teorias inerentes à teoria do direito.

D) teoria da diferença, teoria do patrimônio e teoria da realidade

São teorias inerentes ao direito das obrigações.

E) teoria da equivalência, teoria da causalidade, teoria da imputação e teoria da


probabilidade

São teorias inerentes à responsabilidade civil.

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