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Direito Ambiental

Material de apoio
Zoneamento ambiental

2018
1. CONCEITO

Previsto no art. 9º, II, da PNMA.

De acordo com o artigo 2º do Decreto 4.297/02 (Regulamenta o art. 9o, inciso II, da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico
do Brasil – ZEE), se trata de um “instrumento de ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO a ser
obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas,
estabelecendo medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população”. Ainda, de acordo
com o artigo 3º do regulamento, o zoneamento tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada,
as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que,
direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e
dos serviços ambientais dos ecossistemas.

Trata-se de instrumento por intermédio do qual o meio ambiente natural “solo” é planejado,
em caráter abstrato (sem atingir um particular específico), para implementação de uma gestão que
resguarde o binômio meio ambiente/desenvolvimento sustentável1. Assim, delimita-se 1
geograficamente o solo de acordo com a destinação que o Poder Público, motivadamente, lhe
pretenda conferir, estabelecendo regimes especiais geograficamente delimitados de uso,
gozo e fruição da propriedade.

O zoneamento ambiental é uma das manifestações do poder de polícia administrativa, que


atua com a finalidade de garantir a salubridade, a paz e o bem-estar do povo.

Zoneamento é uma forte intervenção estatal, no domínio econômico, organizando a relação


espaço-produção, alocando recursos, interditando áreas, destinando outras para estas e não para
aquelas atividades, incentivando e reprimindo condutas. Traduz a impossibilidade de se permitir
que as forças produtivas ocupem um determinado território sem que haja planejamento prévio
e coordenação, ainda que mínimos. O zoneamento, por si só, não é a solução para os grandes
problemas ambientais, mas já é um grande passo.

1Guarda fortes semelhanças com as limitações administrativas, apesar das finalidades divergirem. Estas visam
efetivamente a impor limites ao exercício de direitos. O zoneamento visa a gerir geograficamente o território,
ainda que, para atingir tal fim, limite direitos.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, o zoneamento ambiental
caracteriza-se como um “procedimento por meio do qual se instituem zonas de atuação com vistas
à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental”.

O zoneamento ambiental amplia o conceito de zoneamento urbano, na medida em que


não se limita ao ambiente da cidade, mas envolve um duplo sentido: a ordenação do solo e a
preservação do meio ambiente voltado ao interesse do bem-estar e da realização da qualidade de
vida da população.

Percebe-se, assim, que o zoneamento constitui técnica de planejamento adotado pela


Administração Pública, com vistas ao estabelecimento da melhor convivência social possível. Falar
em zoneamento ambiental, então, traz a ideia de regulação de espaços onde serão desenvolvidas
as mais diversas atividades pelos indivíduos, com o fim de harmonizar o desempenho dessas
atividades com a preservação ambiental.

Diversas são as formas como o Poder Público institui os diversos zoneamentos. Tendo em
vista a competência comum em matéria ambiental, inúmeros são os diplomas normativos que
veiculam matéria de zoneamento. Tanto pode ser estabelecido em um Plano Diretor de um
Município como em uma legislação nacional, como a Lei nº 9.985/00, que estabelece uma 2
espécie de espaços territoriais especialmente protegidos, as unidades de conservação.

Entre os diplomas legais editados pela União com finalidade de estabelecimento de


zoneamento ambiental, podemos destacar a Lei n. 6.803 (zoneamento industrial), Lei nº 4504
(Estatuto da Terra, que estabelece zoneamento agrícola) e a Lei nº 7661 (Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro).

Tendo em vista que o zoneamento guarda estreita relação com os princípios da função
socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor pagador, do usuário
pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração, pode-se afirmar que tal
instrumento é de fundamental importância para o Direito Ambiental. O exemplo mais elucidativo desta
relevância está no zoneamento ambiental industrial que classifica quatro espécies de zonas visando
o disciplinamento de atividades industriais em locais críticos de poluição. As quatro divisões são
as zonas de uso estritamente industrial, zonas de uso predominantemente industrial, zonas
de uso diversificado e zonas de reserva ambiental. Há de se apontar que o intuito do
disciplinamento desta matéria é a necessidade de controle da poluição causada pelas
indústrias e de mantê-las afastadas de centros populacionais habitacionais, além de preservar
recursos naturais da direta exposição aos resíduos emanados dessas atividades.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
2. ZONEAMENTO E DIREITO DE PROPRIEDADE

O zoneamento interfere diretamente no direito de propriedade, de forma legítima, já que se


trata de manifestação do Poder de Polícia e visa a concretizar a função social da propriedade. Há
precedente do STJ no sentido de que não cabe indenização pela restrição, pura e simples,
imposta pelo zoneamento, salvo se for superveniente e diminuir totalmente a utilidade econômica
da propriedade.

DIREITO ADMINISTRATIVO. LICENÇA PARA CONSTRUÇÃO PREJUDICADA POR


ZONEAMENTO SUPERVENIENTE. PROJETADA DESAPROPRIAÇÃO DO IMOVEL QUE
IMPEDE SUA UTILIZAÇÃO. DIREITO A INDENIZAÇÃO. O PROPRIETARIO QUE OBTEM
LICENÇA PARA CONSTRUÇÃO, DEMOLE A EDIFICAÇÃO QUE EXISTIA NO IMOVEL,
FAZ SONDAGENS NO TERRENO E PREPARA O INICIO DA OBRA COM A
COLOCAÇÃO DE TAPUMES, TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO, SE TUDO ISSO FICA
PREJUDICADO POR ZONEAMENTO SUPERVENIENTE QUE LHE IMPEDE DE
CONSTRUIR EM CARATER PERMANENTE E SO LHE PERMITE FAZE-LO EM
CARATER PROVISORIO, COM RESTRIÇÕES, UMA DELAS A DE QUE NÃO SERA
INDENIZADO PELAS RESPECTIVAS DESPESAS QUANDO SOBREVIER A
DESAPROPRIAÇÃO PREVISTA; ANULAÇÃO DA PROPRIEDADE, CARACTERIZANDO
DESDE LOGO A DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO EM PARTE.

(REsp 43.806/MG, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em


14/08/1997, DJ 13/10/1997, p. 51553) 3
3. COMPETÊNCIA PARA REALIZAR O ZONEAMENTO

Trata-se de competência comum a todos os entes, devendo ser observado o princípio da


predominância do interesse.

A competência para a realização do zoneamento será do Poder Público federal, em caso de


zoneamento nacional ou regional, quando tiver por objeto biomas brasileiros ou territórios abrangidos
por planos e projetos prioritários estabelecidos pelo Governo Federal (art. 6º do Decreto 1.297/02),
nos demais casos observar-se-á se o interesse é puramente regional ou local, hipótese em que, com
base na competência constitucional comum, a função caberá ao estado ou ao município.

É importante destacar que a Lei Complementar 140/2011 estabelece ser da União a


competência para promover o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional (art. 7º, XI),
cabendo aos estados a promoção do zoneamento em âmbito estadual, respeitado o zoneamento
nacional e regional. Porém, inexiste previsão específica para os municípios, havendo apenas
previsão de elaboração do Plano Diretor, observados os zoneamentos ambientais,
entendendo a doutrina que em tal competência estaria embutida a do zoneamento.

4. ZONEAMENTO MUNICIPAL
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Não há determinação expressa na CR para que os Municípios realizem o zoneamento
ambiental. Entretanto, ao determinar que os Municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem
Plano Diretor, no art. 182, § 1º, a Constituição determinou que este instrumento ordene a cidade
visando ao pleno desenvolvimento de suas funções sociais e ao bem-estar de seus habitantes.

Assim, diagnosticar a vocação ecológica das diferentes áreas do Município está


implicitamente determinado na Carta.

O que acontece se uma determinada região onde havia indústrias instaladas,


devidamente autorizadas pelo Poder Público, passar a ser considerada como de preservação
ambiental ou área residencial?

Para Paulo de Bessa Antunes, somente poderá o Poder Público obstar as atividades dessas
indústrias se efetivar a desapropriação, já que o ato jurídico perfeito não pode ser atacado, nem se
ferir o direito adquirido que elas tinham de ali permanecer.

Entretanto, se elas foram irregularmente instaladas após o zoneamento, não caberá


indenização pela retirada da atividade do local; evidentemente que isso não quer dizer que o dono
do terreno perderá a sua propriedade. Apenas não poderá continuar ali operando aquela atividade.
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As regras de higiene, de poluição etc., podem perfeitamente ser alteradas pelo Poder Público,
com incidência imediata sobre quem já estava instalado. HÁ DE SE AFERIR QUAL O TIPO DE
ALTERAÇÃO LEGAL FOI PROMOVIDO, SE REGRAS DE CONDUTA E FUNCIONAMENTO OU
SE REGRAS FULMINANTES DO PRÓPRIO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ANTES INSTALADA. AS
REGRAS DE CONDUTA PODEM PERFEITAMENTE SER EXIGIDAS SEM QUE SURJA DIREITO
À INDENIZAÇÃO. Já as regras acerca do exercício da atividade podem acabar por fulminar o direito
de propriedade, implicando em verdadeira desapropriação indireta.

5. ZONEAMENTO INDUSTRIAL – LEI Nº 6.803/80

Essa lei dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas
de poluição.

Art . 1º Nas áreas críticas de poluição a que se refere o art. 4º do Decreto-lei nº 1.413, de
14 de agosto de 1975, as zonas destinadas à instalação de indústrias serão definidas em
esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei, que compatibilize as atividades
industriais com a proteção ambiental.

§ 1º As zonas de que trata este artigo serão classificadas nas seguintes categorias:

a) zonas de uso estritamente industrial;

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
b) zonas de uso predominantemente industrial;

c) zonas de uso diversificado.

§ 2º As categorias de zonas referidas no parágrafo anterior poderão ser divididas em


subcategorias, observadas as peculiaridades das áreas críticas a que pertençam e a
natureza das indústrias nelas instaladas.

§ 3º As indústrias ou grupos de indústrias já existentes, que não resultarem


confinadas nas zonas industriais definidas de acordo com esta Lei, SERÃO
SUBMETIDAS À INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE E,
NOS CASOS MAIS GRAVES, À RELOCALIZAÇÃO.

Art. 2º As zonas de uso estritamente industrial destinam-se, preferencialmente, à


localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos,
ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e
à segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de
controle e tratamento de efluentes, nos termos da legislação vigente.

§ 1º As zonas a que se refere este artigo deverão:

I - situar-se em áreas que apresentem elevadas capacidade de assimilação de efluentes e


proteção ambiental, respeitadas quaisquer restrições legais ao uso do solo;

II - localizar-se em áreas que favoreçam a instalação de infra-estrutura e serviços básicos


necessários ao seu funcionamento e segurança;
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III - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as zonas
circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentes;

§ 2º É vedado, nas zonas de uso estritamente industrial, o estabelecimento de quaisquer


atividades não essenciais às suas funções básicas, ou capazes de sofrer efeitos danosos
em decorrência dessas funções.

Art . 3º As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se, preferencialmente,


à instalação de indústrias cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle
e tratamento de efluentes, não causem incômodos sensíveis às demais atividades urbanas
e nem perturbem o repouso noturno das populações.

Parágrafo único. As zonas a que se refere este artigo deverão:

I - localizar-se em áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de infra-


estrutura de serviços básicos necessária a seu funcionamento e segurança;

II - dispor, em seu interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da


poluição, em relação a outros usos.

Art . 4º As zonas de uso diversificado destinam-se à localização de estabelecimentos


industriais, cujo processo produtivo seja complementar das atividades do meio urbano ou
rural que se situem, e com elas se compatibilizem, independentemente do uso de métodos
especiais de controle da poluição, não ocasionando, em qualquer caso, inconvenientes à
saúde, ao bem-estar e à segurança das populações vizinhas.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art . 5º As zonas de uso industrial, independentemente de sua categoria, serão classificadas
em:

I - não saturadas;

II - em vias de saturação;

III - saturadas;

Art . 6º O grau de saturação será aferido e fixado em função da área disponível para uso
industrial da infra-estrutura, bem como dos padrões e normas ambientais fixadas pela
Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA e pelo Estado e Município, no limite das
respectivas competências.

§ 1º Os programas de controle da poluição e o licenciamento para a instalação, operação


ou aplicação de indústrias, em áreas críticas de poluição, serão objeto de normas
diferenciadas, segundo o nível de saturação, para cada categoria de zona industrial.

§ 2º Os critérios baseados em padrões ambientais, nos termos do disposto neste artigo,


serão estabelecidos tendo em vista as zonas não saturadas, tornando-se mais restritivos,
gradativamente, para as zonas em via de saturação e saturadas.

§ 3º Os critérios baseados em área disponível e infra-estrutura existente, para aferição de


grau de saturação, nos termos do disposto neste artigo, em zonas de uso
predominantemente industrial e de uso diversificado, serão fixados pelo Governo do Estado,
sem prejuízo da legislação municipal aplicável.
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Art . 7º Ressalvada a competência da União e observado o disposto nesta Lei, o Governo
do Estado, ouvidos os Municípios interessados, aprovará padrões de uso e ocupação do
solo, bem como de zonas de reserva ambiental, nas quais, por suas características
culturais, ecológicas, paisagísticas, ou pela necessidade de preservação de mananciais e
proteção de áreas especiais, ficará vedada a localização de estabelecimentos industriais.

Art. 8º A implantação de indústrias que, por suas características, devam ter instalações
próximas às fontes de matérias-primas situadas fora dos limites fixados para as zonas de
uso industrial obedecerá a critérios a serem estabelecidos pelos Governos Estaduais,
observadas as normas contidas nesta Lei e demais dispositivos legais pertinentes.

Art. 9º O licenciamento para implantação, operação e ampliação de estabelecimentos


industriais, nas áreas críticas de poluição, dependerá da observância do disposto nesta Lei,
bem como do atendimento das normas e padrões ambientais definidos pela SEMA, pelos
organismos estaduais e municipais competentes, notadamente quanto às seguintes
características dos processos de produção:

I - emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações e radiações;

II - riscos de explosão, incêndios, vazamentos danosos e outras situações de emergência;

III - volume e qualidade de insumos básicos, de pessoal e de tráfego gerados;

IV - padrões de uso e ocupação do solo;

V - disponibilidade nas redes de energia elétrica, água, esgoto, comunicações e outros;

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
VI - horários de atividade.

Parágrafo único. O licenciamento previsto no caput deste artigo é da competência dos


órgãos estaduais de controle da poluição e não exclui a exigência de licenças para outros
fins.

Art . 10. Caberá aos Governos Estaduais, observado o disposto nesta Lei e em outras
normas legais em vigor:

I - aprovar a delimitação, a classificação e a implantação de zonas de uso estritamente


industrial e predominantemente industrial;

II - definir, com base nesta Lei e nas normas baixadas pela SEMA, os tipos de
estabelecimentos industriais que poderão ser implantados em cada uma das categorias de
zonas industriais a que se refere o § 1º do art. 1º desta Lei;

III - instalar e manter, nas zonas a que se refere o item anterior, serviços permanentes de
segurança e prevenção de acidentes danosos ao meio ambiente;

IV - fiscalizar, nas zonas de uso estritamente industrial e predominantemente industrial, o


cumprimento dos padrões e normas de proteção ambiental;

V - administrar as zonas industriais de sua responsabilidade direta ou quando esta


responsabilidade decorrer de convênios com a União.

§ 1º Nas Regiões Metropolitanas, as atribuições dos Governos Estaduais previstas neste


artigo serão exercidas através dos respectivos Conselhos Deliberativos.
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§ 2º Caberá exclusivamente à União, ouvidos os Governos Estadual e Municipal


interessados, aprovar a delimitação e autorizar a implantação de zonas de uso
estritamente industrial que se destinem à localização de pólos petroquímicos,
cloroquímicos, carboquímicos, bem como a instalações nucleares e outras definidas
em lei.

§ 3º Além dos estudos normalmente exigíveis para o estabelecimento de zoneamento


urbano, a aprovação das zonas a que se refere o parágrafo anterior, será precedida de
estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto, que permitam estabelecer a
confiabilidade da solução a ser adotada.

§ 4º Em casos excepcionais, em que se caracterize o interesse público, o Poder Estadual,


mediante a exigência de condições convenientes de controle, e ouvidos a SEMA, o
Conselho Deliberativo da Região Metropolitana e, quando for o caso, o Município, poderá
autorizar a instalação de unidades industriais fora das zonas de que trata o § 1º do artigo
1º desta Lei.

Art . 11. Observado o disposto na Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973, sobre a
competência dos Órgãos Metropolitanos, compete aos Municípios:

I - instituir esquema de zoneamento urbano, sem prejuízo do disposto nesta Lei;

II - baixar, observados os limites da sua competência, normas locais de combate à poluição


e controle ambiental.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art . 12. OS ÓRGÃOS E ENTIDADES GESTORES DE INCENTIVOS GOVERNAMENTAIS
E OS BANCOS OFICIAIS CONDICIONARÃO A CONCESSÃO DE INCENTIVOS E
FINANCIAMENTOS ÀS INDÚSTRIAS, inclusive para participação societária, à
apresentação da licença de que trata esta Lei.

Parágrafo único. Os projetos destinados à relocalização de indústrias e à redução da


poluição ambiental, em especial aqueles em zonas saturadas, terão condições especiais de
financiamento, a serem definidos pelos órgãos competentes.

6. ZONEAMENTO AGRÍCOLA – LEI Nº 4.504/64

Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos


para o zoneamento do país em regiões homogêneas do ponto de vista sócio-
econômico e das características da estrutura agrária, visando a definir:

I - as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação
dos minifúndios e dos latifúndios;

II - as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em


que não ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias;

III - as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de


subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada;

IV - as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de


desbravamento, povoamento e colonização de áreas pioneiras. 8
§ 1° Para a elaboração do zoneamento e caracterização das áreas prioritárias, serão
levados em conta, essencialmente, os seguintes elementos:

a) a posição geográfica das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,
existentes no país;

b) o grau de intensidade de ocorrência de áreas em imóveis rurais acima de mil hectares e


abaixo de cinqüenta hectares;

c) o número médio de hectares por pessoa ocupada;

d) as populações rurais, seu incremento anual e a densidade específica da população


agrícola;

e) a relação entre o número de proprietários e o número de rendeiros, parceiros e


assalariados em cada área.

§ 2º A declaração de áreas prioritárias será feita por decreto do Presidente da República,


mencionando:

a) a criação da Delegacia Regional do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária com a exata


delimitação de sua área de jurisdição;

b) a duração do período de intervenção governamental na área;

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
c) os objetivos a alcançar, principalmente o número de unidades familiares e cooperativas
a serem criadas;

d) outras medidas destinadas a atender a peculiaridades regionais.

Art. 44. São objetivos dos zoneamentos definidos no artigo anterior:

I - estabelecer as diretrizes da política agrária a ser adotada em cada tipo de região;

II - programar a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor rural, nas
regiões delimitadas como de maior significação econômica e social.

Art. 45. A fim de completar os trabalhos de zoneamento serão elaborados pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária levantamentos e análises para:

I - orientar as disponibilidades agropecuárias nas áreas sob o controle do Instituto Brasileiro


de Reforma Agrária quanto à melhor destinação econômica das terras, adoção de práticas
adequadas segundo as condições ecológicas, capacidade potencial de uso e mercados
interno e externo;

II - recuperar, diretamente, mediante projetos especiais, as áreas degradadas em virtude


de uso predatório e ausência de medidas de proteção dos recursos naturais renováveis e
que se situem em regiões de elevado valor econômico.

Art. 46. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá levantamentos, com utilização,
nos casos indicados, dos meios previstos no Capítulo II do Título I, para a elaboração do
cadastro dos imóveis rurais em todo o país, mencionando:
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I - dados para caracterização dos imóveis rurais com indicação:

a) do proprietário e de sua família;

b) dos títulos de domínio, da natureza da posse e da forma de administração;

c) da localização geográfica;

d) da área com descrição das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes;

e) das dimensões das testadas para vias públicas;

f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalações existentes
discriminadamente;

II - natureza e condições das vias de acesso e respectivas distâncias dos centros


demográficos mais próximos com população:

a) até 5.000 habitantes;

b) de mais de 5.000 a 10.000 habitantes;

c) de mais de 10.000 a 20.000 habitantes;

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
d) de mais de 20.000 a 50.000 habitantes;

e) de mais de 50.000 a 100.000 habitantes;

f) de mais de 100.000 habitantes;

III - condições da exploração e do uso da terra, indicando:

a) as percentagens da superfície total em cerrados, matas, pastagens, glebas de cultivo


(especificadamente em exploração e inexplorados) e em áreas inaproveitáveis;

b) os tipos de cultivo e de criação, as formas de proteção e comercialização dos produtos;

c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminação de arrendatários, parceiros e


trabalhadores rurais;

d) as práticas conservacionistas empregadas e o grau de mecanização;

e) os volumes e os índices médios relativos à produção obtida;

f) as condições para o beneficiamento dos produtos agropecuários.

§ 1° Nas áreas prioritárias de reforma agrária serão complementadas as fichas cadastrais


elaboradas para atender às finalidades fiscais, com dados relativos ao relevo, às pendentes,
à drenagem, aos solos e a outras características ecológicas que permitam avaliar a
capacidade do uso atual e potencial, e fixar uma classificação das terras para os fins de 10
realização de estudos micro-econômicos, visando, essencialmente, à determinação por
amostragem para cada zona e forma de exploração:

a) das áreas mínimas ou módulos de propriedade rural determinados de acordo com


elementos enumerados neste parágrafo e, mais a força de trabalho do conjunto familiar
médio, o nível tecnológico predominante e a renda familiar a ser obtida;

b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área
média dos imóveis rurais, na respectiva zona;

c) das dimensões ótimas do imóvel rural do ponto de vista do rendimento econômico;

d) do valor das terras em função das características do imóvel rural, da classificação da


capacidade potencial de uso e da vocação agrícola das terras;

e) dos limites mínimos de produtividade agrícola para confronto com os mesmos índices
obtidos em cada imóvel nas áreas prioritárias de reforma agrária.

§ 2º Os cadastros serão organizados de acordo com normas e fichas aprovadas pelo


Instituto Brasileiro de Reforma Agrária na forma indicada no regulamento, e poderão ser
executados centralizadamente pelos órgãos de valorização regional, pelos Estados ou
pelos Municípios, caso em que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária lhes prestará
assistência técnica e financeira com o objetivo de acelerar sua realização em áreas
prioritárias de Reforma Agrária.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
§ 3º Os cadastros terão em vista a possibilidade de garantir a classificação, a identificação
e o grupamento dos vários imóveis rurais que pertençam a um único proprietário, ainda que
situados em municípios distintos, sendo fornecido ao proprietário o certificado de cadastro
na forma indicada na regulamentação desta Lei.

§ 4º Os cadastros serão continuamente atualizados para inclusão das novas propriedades


que forem sendo constituídas e, no mínimo, de cinco em cinco anos serão feitas revisões
gerais para atualização das fichas já levantadas.

§ 5º Poderão os proprietários requerer a atualização de suas fichas, dentro de um ano da


data das modificações substanciais relativas aos respectivos imóveis rurais, desde que
comprovadas as alterações, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.

§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de herança, as partes ideais, para os fins
desta Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área
que, na partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados
na área total do imóvel rural.

§ 7º O cadastro inscreverá o valor de cada imóvel de acordo com os elementos enumerados


neste artigo, com base na declaração do proprietário relativa ao valor da terra nua, quando
não impugnado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou o valor que resultar da
avaliação cadastral.

7. ZONEAMENTO COSTEIRO – LEI Nº 7.661/88

Art. 1º. Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de
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Gerenciamento Costeiro - PNGC.

Art. 2º. Subordinando-se aos princípios e tendo em vista os objetivos genéricos da PNMA,
fixados respectivamente nos arts. 2º e 4º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o PNGC
visará especificamente a orientar a utilização nacional dos recursos na Zona Costeira, de
forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu
patrimônio natural, histórico, étnico e cultural.

Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, considera-se Zona Costeira o espaço
geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis
ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definida pelo
Plano.

Art. 3º. O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e
dar prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:

I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas;


ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e
enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas;
florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas;

II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação


permanente;

III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paleontológico,


espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 4º. O PNGC será elaborado e, quando necessário, atualizado por um Grupo de
Coordenação, dirigido pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do
Mar - SECIRM, cuja composição e forma de atuação serão definidas em decreto do Poder
Executivo.

§ 1º O Plano será submetido pelo Grupo de Coordenação à Comissão Interministerial para


os Recursos do Mar - CIRM, à qual caberá aprová-lo, com audiência do Conselho Nacional
do Meio Ambiente - CONAMA.

§ 2º O Plano será aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios, através de órgãos e entidades integradas ao Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA.

Art. 5º. O PNGC será elaborado e executado observando normas, critérios e padrões
relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos pelo
CONAMA, que contemplem, entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e
uso do solo, do subsolo e das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema
viário e de transporte; sistema de produção, transmissão e distribuição de energia;
habitação e saneamento básico; turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico,
étnico, cultural e paisagístico.

§ 1º Os Estados e Municípios poderão instituir, através de lei, os respectivos Planos


Estaduais ou Municipais de Gerenciamento Costeiro, observadas as normas e diretrizes do
Plano Nacional e o disposto nesta lei, e designar os órgãos competentes para a execução
desses Planos.

§ 2º Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como limitações 12
à utilização de imóveis, poderão ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro,
Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza mais
restritiva.

Art. 6º. O licenciamento para parcelamento e remembramento do solo, construção,


instalação, funcionamento e ampliação de atividades, com alterações das características
naturais da Zona Costeira, deverá observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas
específicas federais, estaduais e municipais, respeitando as diretrizes dos Planos de
Gerenciamento Costeiro.

§ 1º. A falta ou o descumprimento, mesmo parcial, das condições do licenciamento previsto


neste artigo serão sancionados com interdição, embargo ou demolição, sem prejuízo da
cominação de outras penalidades previstas em lei.

§ 2º Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela atividade a


elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA, devidamente aprovado, na forma da lei.

Art. 7º. A degradação dos ecossistemas, do patrimônio e dos recursos naturais da Zona
Costeira implicará ao agente a obrigação de reparar o dano causado e a sujeição às
penalidades previstas no art. 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, elevado o limite
máximo da multa ao valor correspondente a 100.000(cem mil) Obrigações do Tesouro
Nacional - OTN, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. As sentenças condenatórias e os acordos judiciais (vetado), que


dispuserem sobre a reparação dos danos ao meio ambiente pertinentes a esta lei, deverão
ser comunicados pelo órgão do Ministério Público ao CONAMA.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
Art. 8º. Os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob
responsabilidade municipal, estadual ou federal na Zona Costeira comporão o Subsistema
"Gerenciamento Costeiro", integrante do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio
Ambiente - SINIMA.

Parágrafo único. Os órgãos setoriais e locais do SISNAMA, bem como universidades e


demais instituições culturais, científicas e tecnológicas encaminharão ao Subsistema os
dados relativos ao patrimônio natural, histórico, étnico e cultural, à qualidade do meio
ambiente e a estudos de impacto ambiente, da Zona Costeira.

Art. 9º. Para evitar a degradação ou o uso indevido dos ecossistemas, do patrimônio e dos
recursos naturais da Zona Costeira, o PNGC poderá prever a criação de unidades de
conservação permanente, na forma da legislação em vigor.

Art. 10. As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre,
livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por
legislação específica.

§ 1º. Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona
Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.

§ 2º. A regulamentação desta lei determinará as características e as modalidades de acesso


que garantam o uso público das praias e do mar.

§ 3º. Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas,
acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e 13
pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde
comece um outro ecossistema.

8. CLASSIFICAÇÃO

a) Zoneamento ambiental urbano: implementado por meio do Plano Diretor, obrigatório nos
Municípios com mais de vinte mil habitantes. Visa a equacionar o território para determinada
destinação de caráter urbano, tendo por base a discriminação necessária entre as diversas
atividades humanas reclamando cada uma um espaço particular, com a necessária promoção do
ambiente ecológico.

b) Zoneamento ambiental rural ecológico-econômico: visa a racionalizar a ocupação dos


espaços rurais e direcionar as atividades do agronegócio, para que elas respeitem ao meio ambiente.

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).

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