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Curso de

Engenharia de Produção

Disciplina de Gestão Ambiental

Desenvolvimento Sustentável – Parte 02

Prof. Fábio de Souza


Desenvolvimento Sustentável

Objetivos:

 Apresentar o protocolo verde;

 O Princípio do Poluidor-Pagador (PPP);

 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


Protocolo Verde
O protocolo verde é um documento do governo federal que, através de seus
bancos oficiais e ministérios, incorpora na gestão e concessão de crédito e
benefícios fiscais a variável ambiental, com o objetivo de criar mecanismos
que evitem a utilização de créditos e benefícios em empreendimentos e
atividades que possam prejudicar o meio ambiente.

A política nacional de meio ambiente, em seu Artigo 12, assim dispõe:

As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão


a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma da
Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Protocolo Verde
Assim, o protocolo verde surgiu para dar suporte a esse artigo.

Na mesma Lei se prevê que aqueles que não cumprirem essas determinações
exigidas terão a “[...] perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo
Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de
credito”.

As instituições financeiras participantes do protocolo verde divulgaram um


documento intitulado Carta de princípios para o desenvolvimento
sustentável.
Protocolo Verde
A seguir serão apresentados a Carta de Princípios para o Desenvolvimento
Sustentável:
Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável

Os bancos a seguir assinalados reconhecem que podemos cumprir um papel


indispensável na busca de um desenvolvimento sustentável que pressuponha
contínua melhoria no bem-estar da sociedade e da qualidade do meio
ambiente. Para tanto, propõem-se a empreender políticas e práticas bancárias
que estejam sempre e cada vez mais em harmonia com o objetivo de
promover um desenvolvimento que não comprometa as necessidades das
gerações futuras.
Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável

Princípios gerais do Desenvolvimento Sustentável:

1. A proteção ambiental é um dever de todos que desejam melhorar a qualidade de vida


do planeta e extrapola qualquer tentativa de enquadramento espaço-temporal;
2. Um setor financeiro dinâmico e versátil é fundamental para o desenvolvimento
sustentável;
3. O setor bancário deve privilegiar de forma crescente o financiamento de projetos que
não sejam agressivos ao meio ambiente ou que apresentem características de
sustentabilidade;
4. Os riscos ambientais devem ser considerados nas análises e nas condições de
financiamento;
5. A gestão ambiental requer a adoção de práticas que antecipem e previnam
degradações do meio ambiente;
Carta de Princípios para o Desenvolvimento Sustentável

Princípios gerais do Desenvolvimento Sustentável:

6. A participação dos clientes é prescindível na condução da política ambiental dos


bancos;
7. As leis e as regulamentações ambientais devem ser aplicadas e exigidas, cabendo aos
bancos participar da sua divulgação;
8. A execução da política ambiental nos bancos requer a criação e o treinamento de
equipes específicas dentro de seus quadros;
9. A eliminação de desperdícios, a eficiência energética e o uso de materiais reciclados
são práticas que devem ser estimuladas em todos os níveis operacionais;
10. Os princípios aqui assumidos devem constituir compromisso de todas as
instituições financeiras.
Protocolo Verde
Os bancos privados, por meio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban),
assinaram um protocolo de intenções com o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), ao qual aderiram ao protocolo verde. De acordo com o protocolo, as
linhas de financiamento serão liberadas para as empresas comprometidas em
desenvolver políticas socioambientais, ou seja, respeito aos direitos humanos
e trabalhistas, preservação da biodiversidade, redução da pobreza e
desigualdade e valorização da diversidade cultural local.
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)
Importante instrumento de políticas governamentais e principais normas do
Direito Ambiental, o princípio do poluidor-pagador, ou de “quem contamina-
paga”, faz com que a organização que contamine se torne responsável pelo
pagamento do prejuízo causado.

O princípio do Poluidor Pagador, teve sua origem na OECD (Organização para


a cooperação e desenvolvimento da Economia), em 1972, onde se
recomendava que os países-membros adotassem o princípio poluidor-
pagador.
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)

Nos anos seguintes, a Organização para a cooperação e desenvolvimento da


Economia (OECD) publicou um guia, onde definiu o princípio da seguinte
maneira:

“O poluidor deve arcar com os custos de controle de poluição e medidas de prevenção


exigidas pela autoridade pública, independentemente se estes custos são o resultado
da imposição de alguma taxa de poluição, ou se é debitado por algum outro
mecanismo econômico satisfatório, ou ainda, se é uma resposta a algum regulamento
direto de redução de poluição obrigatória.”
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)

O conceito foi introduzido no Brasil por meio da política nacional de meio


ambiente – Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981 –, especificamente no
Artigo 4º:

A política nacional do meio ambiente visará:


[...]
VII – a imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar
os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)

Na Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu Artigo 225, Parágrafo 2º, é


estabelecido que “[...] aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da Lei”.

Além disso, no Parágrafo 3º, ratifica-se que:

“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão


os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)

A Agenda 21, documento elaborado na Rio 92, consolidou o princípio do


poluidor-pagador, onde estabelece:

As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos


ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem
segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a
devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos
investimentos internacionais.

Assim, o princípio foi um avanço e uma ferramenta importante para a


preservação do meio ambiente.
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)
Podemos citar como exemplo sobre o princípio do poluidor-pagador, ou de
“quem contamina-paga”, o rompimento da barragem de Fundão em Mariana
MG, onde quem contamina se torna o responsável pelo pagamento do
prejuízo causado.

Exemplo: Rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) – Empresa SAMARCO


Princípio do Poluidor-Pagador (PPP)

Quanto a Samarco irá


pagar em 2022?

O prazo de adesão vai até 31 de agosto de 2022. Até maio de 2022, R$ 21,80 bilhões


foram desembolsados pela Fundação Renova nas ações de reparação e compensação.
Desse montante, R$ 9,87 bilhões foram pagos em indenizações e Auxílios Financeiros
Emergenciais (AFEs) para mais de 376,7 mil pessoas.

Fonte: Renova Informa - Fundação Renova


https://www.fundacaorenova.org
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Elaborado ao final da Ri0+20, o documento “Transformando nosso Mundo:


a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” , que consiste em uma
declaração de 17 objetivos de desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169
metas de desenvolvimento sustentável, para se cumprir até 2030.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

1.Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos


os lugares.

2.Erradicação da fome: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria


da nutrição e promover a agricultura sustentável.

3.Saúde de qualidade: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para


todos, em todas as idades.

4.Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade,


e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

5.Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as


mulheres e meninas.

6.Água limpa e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e


saneamento para todos.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

7.Energias renováveis: garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e


renovável para todos.

8.Empregos dignos e crescimento econômico: promover o crescimento econômico


sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente
para todos.

9.Inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a


industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.

10.Redução das desigualdades: reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

11.Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos


humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

12.Consumo responsável: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

13.Combate às mudanças climáticas: tomar medidas urgentes para combater a


mudança climática e seus impactos.

14.Vida debaixo da água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e
dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

15.Vida sobre a Terra: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos


ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de
biodiversidade.

16.Paz e justiça: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento


sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

17.Parcerias pelas metas: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a


parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
são um apelo global à ação para acabar com a
pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e
garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam
desfrutar de paz, de prosperidade e melhor qualidade
de vida.
Considerações Finais

Com a crescente discussão sobre as questões ambientais, iniciada por volta da


década de 1960 e desenvolvida nas décadas seguintes, consolidou-se uma
nova visão de desenvolvimento, que não se limitava somente ao ambiente
natural, mas incluía também aspectos socioculturais, onde a qualidade de vida
do ser humano passava a ser uma condição para o progresso.

Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável passou a se basear na


utilização consciente dos recursos naturais e da sua preservação para as
gerações futuras.
Considerações Finais

Um princípio aparentemente simples, popularizou-se tanto que hoje há um


número incontável de interpretações, reforçando sua importância porque traz
ao processo de desenvolvimento os limites de uso dos recursos naturais.

A passagem de um modelo de desenvolvimento predatório para um


sustentável inclui, entre outras questões, modificar a nossa relação com a
natureza, não apenas como fonte de matérias-primas, mas como ambiente
necessário à existência humana.
Considerações Finais

Nesse processo, torna-se fundamental o manejo racional dos recursos


naturais, a modificação da organização produtiva e social, a alteração das
práticas produtivas predatórias e o surgimento de novas relações sociais, cujo
principal objetivo deixe de ser apenas o lucro, e se estenda ao bem-estar dos
seres.

Resumidamente, o conceito se baseia no equilíbrio entre três eixos principais


do sentido de sustentabilidade: crescimento econômico, preservação
ambiental e equidade social.
Referências

DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo:


Atlas, 2011.

GONÇALVES, D. B. Desenvolvimento sustentável: o desafio da presente geração.


Revista Espaço Acadêmico, v. 5, n. 51, ago. 2005.

BARBIERI, J.C., 2007. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva.

ARAÚJO, Nilza; FRANCISCO, Luciano. Desenvolvimento Sustentável. Apostila Cruzeiro


do Sul.

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