Você está na página 1de 74

DIREITO AMBIENTAL

DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Prof. Omar
omar@omar.adv.br
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CF/88
◦ Um dos principais objetivos do Direito Ambiental é conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento
socioeconômico, ou seja, promover o desenvolvimento sustentável.
◦ Dever estatal e de todos (dever fundamental), conforme caput do art. 225 da CF.
◦ Ordem econômica e meio ambiente: princípio constitucional da “defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação” (art. 170, IV, CF).
◦ O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio
ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (art. 174, §3º, CF).
◦ A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica somente poderão ser
efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, na forma da lei, que estabelecerá as
condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terra indígena (art. 176, §1º,
CF).
◦ ADPF 708, rel. Roberto Barroso: desenvolvimento sustentável deve atender “às necessidades do presente, sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. O desenvolvimento
sustentável depende de uma redução geral de gases de efeito estufa (GEEs) por todos os atores envolvidos, entre
outras medidas”.
AGENDA 2030 DA ONU

◦ Agenda 2030 da ONU: plano de ação mundial voltado ao desenvolvimento sustentável: 17 objetivos para o
desenvolvimento sustentável (ODS) e 169 metas.
◦ Portal CNJ sobre Agenda 2030: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/agenda-2030/ .
◦ Site do STF sobre Agenda 2030: https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/ .
◦ Video: https://youtu.be/oS4LkYf-yvE .
◦ A Agenda 2030 é a agenda de Direitos Humanos das Nações Unidas, aprovada em Assembleia Geral das Nações
Unidas em 2018, nos termos da Resolução A/RES/72/279, adotada por 193 Países, inclusive o Brasil, que
incorporou os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (Agenda 2015 – período 2000/2015), ampliando-os para
os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030 – período 2016/2030).
AGENDA 2030
SMART CITIES (CIDADES INTELIGENTES)
◦ Embora as cidades do mundo ocupem apenas 3% do planeta, elas são responsáveis por 60% a
80% do consumo de energia e 75% das emissões de carbono. Entre outros ODS, a ONU propõe
(ODS 11) aumentar a urbanização inclusiva e sustentável e a capacidade de planejamento e gestão
participativa; redobrar esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural;
reduzir os impactos ambientais negativos per capita; e proporcionar acesso universal a espaços
verdes e espaços públicos seguros, inclusivos e acessíveis.
◦ “Cidades inteligentes” são cidades comprometidas com o desenvolvimento urbano e
a transformação digital sustentáveis, em seus aspectos econômico, ambiental e
sociocultural que atuam de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, ◦ Ver: aqui e aqui.
promovem o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas e utilizam ◦ Cidade inteligente;
tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades, oferecer
serviços com eficiência, reduzir desigualdades, aumentar a resiliência e melhorar a ◦ Cidade verde;
qualidade de vida de todas as pessoas, garantindo o uso seguro e responsável de dados
◦ Cidade sustentável.
e das tecnologias da informação e comunicação.
◦ Carta Brasileira Cidades Inteligentes: ver cartilha aqui (versão completa) e aqui (versão resumida).
CORRUPÇÃO AMBIENTAL
◦ Texto de Bruno Teixeira Peixoto: ver aqui.
Nesse sentido, em 2019, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alertou que, embora haja na
grande maioria dos países órgãos e leis ambientais, a falta de implementação permanece, o que se deve, entre outros
fatores, à corrupção e à falta de políticas de governança e compliance na regulação ambiental.
Sobre o tema, a Transparência Internacional disponibiliza hoje um atlas global chamado de “Climate Governance
Integrity Programme”, mapa mundial dos principais casos envolvendo corrupção e fraude ligados à governança
ambiental e climática, como uma forma de fomentar a análise de medidas de integridade, transparência e
accountability na regulação de meio ambiente e clima.
Para a Transparência Internacional Brasil, a corrupção ambiental seria o abuso de poder confiado a alguém,
visando à obtenção de ganho privado, causando degradação ambiental, enfraquecimento da governança
ambiental ou injustiça socioambiental. É um dilema importante em um momento que tanto se discute a
responsabilidade ESG (Environmental, Social and Governance) de empresas e organizações públicas no Brasil e no
mundo todo”.
CORRUPÇÃO VS. ECOEFICIÊNCIA NA GESTÃO
AMBIENTAL
◦ O TCE/SP criou um Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEG-M), para medir a qualidade da gestão
pública municipal, inclusive em matéria ambiental. O TCE/SP disponibiliza painéis referentes à saúde,
educação, gastos públicos, obras, entre outros, com o intuito de estimular o controle social. Ver revista
eletrônica do TCE/SP: aqui.
◦ Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, presentes na legislação brasileira, indicam resultados
a serem alcançados pela Administração Pública. O IEG-M, ao medir a eficiência do Poder Executivo dos 644
municípios paulistas fiscalizados pelo TCE-SP, constitui valiosa ferramenta para diagnóstico e avaliação dos
produtos e serviços públicos municipais.
◦ Ver IEG-M: aqui.
◦ Desenvolvimento sustentável nas licitações públicas: ver aqui.
◦ Análise econômica das licitações sustentáveis.
SECRETARIA NACIONAL DE
BIOECONOMIA
◦ 2023: criação da Secretaria Nacional de Bioeconomia no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo
de promover avanços no desenvolvimento sustentável da Amazônia e no combate à crise climática global.
◦ A abordagem bioeconômica busca incentivar atividades que gerem retornos econômicos e renda a partir do uso
sustentável dos recursos naturais, ou seja, eficiência econômica com o aproveitamento dos serviços ambientais
gerados pelos recursos naturais, sem o seu esgotamento (“floresta em pé”).
◦ Quatro pilares: 1) desmatamento zero; 2) diversificação dos métodos de produção, valorizando a biodiversidade e
sistemas produtivos sustentáveis alinhados à floresta em pé; 3) preservar a imensa diversidade de métodos
tradicionais de produção de produtos da sociobiodiversidade amazônica, valorizando o conhecimento local e o modo
coletivo de produção; e 4) a repartição equitativa dos benefícios oriundos da bioeconomia com as populações que
detêm e protegem a sociobiodiversidade regional.
◦ Confira esse site que traz um banco de projetos de bioeconomia na Amazônia: aqui. Ex.: bioembalagens, gin
produzido com matéria prima da floresta; peça de bicicleta com resíduos de fibras amazônicas etc.
ECONOMIA CIRCULAR
◦ De forma simples, a ECONOMIA CIRCULAR propõe que os resíduos de uma indústria sirvam para matéria-prima reciclada
de outra indústria ou para a própria. Pretende desenvolver produtos voltados para o reaproveitamento dos materiais no
ciclo produtivo. Com foco na regeneração da natureza, permite que os produtos e materiais circulem, aumentando a vida útil,
além de eliminar a produção de resíduos. Em nossa economia atual, exploramos os recursos naturais do planeta, fabricamos
produtos com eles e, eventualmente, os jogamos fora como lixo. Em resumo, o processo é linear. Ver aqui.
◦ Economia circular: sistema resiliente que oferece as ferramentas para enfrentar as mudanças climáticas e a perda de
biodiversidade, ao mesmo tempo em que atende a importantes necessidades sociais. Bom para os negócios, as pessoas e o
meio ambiente. Em 2019, mais de 92 bilhões de toneladas de materiais foram extraídos e processados, contribuindo para cerca
de metade das emissões globais de CO². O lixo resultante – incluindo plásticos, têxteis, alimentos, eletrônicos e muito mais –
prejudica o meio ambiente e a saúde humana. Mas pode ser diferente: a eliminação de resíduos e o uso seguro e contínuo dos
recursos naturais oferecem uma alternativa que pode render até US$4,5 trilhões em benefícios econômicos até 2030. Alcançar
essa transição, no entanto, requer uma colaboração sem precedentes, visto que hoje apenas 8,6% do mundo são circulares.
Na indústria brasileira a economia circular é uma realidade. Sete em cada dez companhias adotam iniciativas para fazer um
melhor uso dos recursos naturais, segundo a CNI. O levantamento da entidade indica que, entre as principais práticas listadas
estão a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos circulares (37,1%), a recuperação de recursos (24,1%) e a extensão
da vida do produto (22,9%). Essas ações das empresas reduzem resíduos, gastos de energia e geração de carbono, além de
gerar benefícios econômicos. Mais importante que isso: criam a cultura da economia circular e podem influenciar outros
setores”.
◦ Artigo sobre 13 anos da lei da PNRS: aqui.
ECONOMIA CIRCULAR NA PNRS
◦ Lei nº 12.305/2010 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos):
Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por: V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua
constituição ou composição; VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a
reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes
do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos
ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; XI - gestão integrada de resíduos sólidos:
conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica,
ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; XII - logística reversa: instrumento
de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou
outra destinação final ambientalmente adequada; XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; XV -
rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVII
- responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e
de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos
causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;
ECONOMIA CIRCULAR DO ALUMÍNIO
◦ Ver artigo: aqui.
◦ Enquanto alguns setores ainda patinam no esforço para reduzir sua pegada de carbono, em outros a
transformação já está mais avançada – o que é capaz de gerar lições sobre como o consumo mais
consciente e ordenado de recursos naturais e a economia circular podem atuar para, de fato, reduzir a
pegada de carbono. Um dos caminhos para essa redução é justamente a reciclagem. O Brasil já é
uma referência no assunto. No ano passado, 59% do alumínio consumido veio da reciclagem, contra
uma média mundial que não chega a 30%, o que mostra a alta circularidade do material e uma
vantagem competitiva global, segundo acompanhamento da Associação Brasileira do Alumínio
(ABAL).
◦ Isso é resultado de investimentos do setor para manter uma rede própria de coleta e modernizar as
fábricas de reciclagem. Assim, em 2022, o país atingiu o recorde histórico de 100% de reciclagem das
latas de alumínio para bebidas, o que equivale a um volume de 390,2 mil toneladas de metal. Esse
reaproveitamento de recursos evita emissões para a produção de novos insumos, por exemplo.
PNRS – RESPONSABILIDADE
COMPARTILHADA
◦ Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas
para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações
estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento.
◦ Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de
forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os
consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as
atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.
◦ Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos
após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens,
assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de
gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes,
seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos
eletroeletrônicos e seus componentes.
PNRS – logística reversa
Art. 33. (...). § 1º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor
empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos
gerados. § 2º A definição dos produtos e embalagens a que se refere o § 1º considerará a viabilidade técnica e econômica da logística reversa, bem
como o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. § 3º Sem prejuízo de exigências específicas fixadas
em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS, ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados
entre o poder público e o setor empresarial, cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos a que se referem os
incisos II, III, V e VI ou dos produtos e embalagens a que se referem os incisos I e IV do caput e o § 1º tomar todas as medidas necessárias para
assegurar a implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o estabelecido neste artigo , podendo,
entre outras medidas: I - implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados; II - disponibilizar postos de entrega de resíduos
reutilizáveis e recicláveis; III - atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis, nos casos de que trata o § 1º. § 4º Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos
produtos e das embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou embalagens objeto de logística reversa, na forma do
§ 1º. § 5º Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores dos produtos e embalagens reunidos ou
devolvidos na forma dos §§ 3o e 4o. § 6º Os fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às
embalagens reunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada, na forma estabelecida pelo
órgão competente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos. § 7o Se o titular do serviço público de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, por acordo setorial ou termo de compromisso firmado com o setor empresarial, encarregar-se de
atividades de responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes nos sistemas de logística reversa dos produtos e
embalagens a que se refere este artigo, as ações do poder público serão devidamente remuneradas, na forma previamente acordada entre as partes. §
8º Com exceção dos consumidores, todos os participantes dos sistemas de logística reversa manterão atualizadas e disponíveis ao órgão municipal
competente e a outras autoridades informações completas sobre a realização das ações sob sua responsabilidade.
LOGÍSTICA REVERSA – PNEUS INSERVÍVEIS

◦ Ver: aqui.
◦ Ver artigo: aqui.
As ações de logística reversa de lubrificantes usados e de embalagens plásticas, fazem do Brasil uma referência mundial.
Vale destacar o valor econômico que o resíduo possui e sua importância para o desenvolvimento de uma cadeia cada
vez mais sustentável. Atualmente, há 27 empresas coletoras, sendo 14 rerrefinadores, gerando centenas de empregos.
O processo de logística reversa não é simples: o lubrificante usado ou contaminado é segregado pelos geradores daquele
resíduo e coletado por agentes autorizados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na sequência, o produto é levado
para bases de armazenamento dos rerrefinadores, onde é submetido ao processo de rerrefino a partir do qual se obtém
novamente o óleo básico, matéria prima essencial na produção do óleo lubrificante acabado (denominado OLAC) – esta é
a destinação prioritária estabelecida pela Resolução Conama 362/2005.
O setor vem, ano após ano, superando as metas de reciclagem definidas pelo Ministério do Meio Ambiente. Em 2022, foi
feita a reciclagem de 51,4% do lubrificante usado ou contaminado, ante a meta estabelecida para recolhimento de OLUC
de 45,5%.
LOGÍSTICA REVERSA: REMÉDIOS VENCIDOS
◦ Decreto Federal 10.388/2020: estabeleceu o sistema de “Logística Reversa de Medicamentos” domiciliares
vencidos ou em desuso. Obs.: opcional para as farmácias, de acordo com o decreto.
◦ Art. 17. Fica facultado aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes a contratação ou a
instituição de entidade gestora para estruturação, implementação e operacionalização do sistema de
logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso e de suas embalagens após o
descarte pelos consumidores, observado o disposto neste artigo.
◦ Na logística reversa, os medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso poderão ser gerenciados como resíduos
não perigosos durante todas as etapas após o descarte na farmácia até a transferência para a unidade de tratamento e
destinação final ambientalmente adequada.
◦ Assim, os consumidores dispensam os medicamentos vencidos ou em desuso nas farmácias. Depois o produto é
retirado pela distribuidora que leva de volta para a indústria que se encarregará de levá-los até um ponto de destruição
em local ambientalmente adequado como incineradores, coprocessadores e/ou lixões de grau 1 homologados pelas
entidades ambientais.
XXXVII EXAME OAB
◦ A sociedade Alfa é fabricante e comerciante de pilhas e baterias. Em matéria de responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, com base na Política Nacional de Resíduos Sólidos, a
autoridade competente vem cobrando da sociedade empresária que promova o retorno dos produtos após o
uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos. O sócio administrador da sociedade Alfa entendeu que a responsabilidade pela destinação
final das pilhas e baterias deve ser exclusivamente do consumidor final, razão pela qual contratou você,
como advogado(a) para prestar consultoria jurídica. Levando em conta o que dispõe a Lei nº 12.305/2010,
você informou a seu cliente que, no caso em tela, ele está obrigado:
A) Estruturar e implementar sistema de logística reversa.
B) Instituir o sistema de coleta seletiva no âmbito do Município, onde está instalada a sede social da
sociedade empresária.
C) Contratar cooperativas de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis para recolher os produtos.
D) Recomprar os produtos usados, não podendo disponibilizar pontos de entrega de resíduos reutilizáveis e
recicláveis.
Resposta certa
◦ Alternativa “A”

A) Estruturar e implementar sistema de logística reversa.


Art. 33 da Lei nº 12.305/2010.

24/04/2024
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CF/88
◦ Política Urbana Municipal e o meio ambiente artificial (art. 182): Plano Diretor (instrumento básico,
obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes); notificação de edificação ou parcelamento
compulsório, IPTU progressivo e desapropriação com pagamento mediante título da dívida pública
(10 anos); Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade – “Lei do Meio Ambiente Artificial”) e seus
instrumentos: desapropriação, concessão de uso especial para fins de moradia, usucapião especial de
imóvel urbano, direito de superfície, direito de preempção, outorga onerosa do direito de construir e
de alteração do uso etc.
◦ Política Agrícola (art. 186): função social da propriedade rural inclui a utilização adequada dos
recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente(inciso II) e a exploração que favoreça
o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores (IV).
◦ “Esverdeamento do Direito Constitucional”: novo valor constitucional, Direito Constitucional
Ecológico.
◦ Planos Estaduais de Descarbonização: SP (aqui) e PE (aqui).
ESTATUTO DA CIDADE: instrumentos da Política Urbana
destinados à tutela do meio ambiente artificial
◦ Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e
de desenvolvimento econômico e social; II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; III –
planejamento municipal, em especial: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e projetos
setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social; IV – institutos tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana - IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros; V – institutos jurídicos e políticos: a)
desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de
unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial
para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície;
m) direito de preempção; n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações
urbanas consorciadas; q) regularização fundiária; r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos
favorecidos; s) referendo popular e plebiscito; t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária; u) legitimação de posse. VI –
estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
◦ Usucapião especial de imóvel urbano: Art. 9º. Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
POVOS INDÍGENAS E O MEIO AMBIENTE
CULTURAL
◦ Informações obtidas no site da FUNAI:
◦ O indígena hoje, quantos são, onde estão?
◦ Hoje, no Brasil, vivem mais de 800 mil indígenas, representando cerca de 0,4% da população brasileira, segundo
dados do Censo 2010. Eles vivem em todo o território nacional, principalmente em 688 Terras Indígenas e em
várias áreas urbanas. Há também 77 referências de grupos indígenas não-contatados, das quais 30 foram
confirmadas.
◦ Quais os critérios utilizados para a definição de indígena?
◦ Os critérios utilizados consistem em: a) Vínculo histórico e tradicional de ocupação ou habitação entre a etnia e
algum ponto do território soberano brasileiro; b) Consciência íntima declarada sobre ser indígena (autodeclaração);
c) Origem e ascendência pré-colombiana (existente o item a, haverá esse requisito aqui assinalado, uma vez que o
Brasil se insere na própria territorialidade pré-colombiana); d) Identificação do indivíduo por grupo étnico
existente, conforme definição lastreada em critérios técnicos/científicos, e cujas características culturais sejam
distintas daquelas presentes na sociedade não índia.
◦ Revista Eletrônica da AGU sobre dos direitos dos povos indígenas: aqui.
◦ Alguns casos julgados pelo STJ sobre direitos indígenas: aqui. Manual de jurisprudência do MPF: aqui.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CF/88 e DIREITOS
INDÍGENAS
◦ Tema afeto ao meio ambiente cultural (arts. 215 e 216, CF).
◦ A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica somente poderão
ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, na forma da lei, que estabelecerá
as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terra indígena (art. 176,
§1º, CF).
◦ O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas
minerais em terras indígenas só podem ser efetuadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei (art. 231, §3º).
◦ STF, ADI 3352-MC, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12/2004: “Mineração em terras indígenas: alegação de
inconstitucionalidade da MPr 225/04, por alegada violação dos arts. 231, § 3º, e 49, XVI, da Constituição:
carência de plausibilidade da argüição: medida cautelar indeferida. 1. É do Congresso Nacional a competência
exclusiva para autorizar a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas (CF, art. 49, XVI, e 231, §
3º), mediante decreto-legislativo, que não é dado substituir por medida provisória. 2. Não a usurpa, contudo, a
medida provisória que - visando resolver o problema criado com a existência, em poder de dada comunidade
indígena, do produto de lavra de diamantes já realizada, disciplina-lhe a arrecadação, a venda e a entrega aos
indígenas da renda líquida resultante de sua alienação”.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CF/88 e DIREITOS
INDÍGENAS
◦ As terras ocupadas por povos indígenas são inalienáveis e indisponíveis, e os direito sobre elas, imprescritíveis (art. 231,
§4º).
◦ “A disputa pela posse permanente e pela riqueza das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios constitui o
núcleo fundamental da questão indígena no Brasil” (STF, RE 183.188, rel. Min. Celso de Mello, j. 12/96).
◦ É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe
ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco (art. 231, §5º).
◦ Competência da Justiça Federal para processar e julgar a disputa sobre direitos indígenas (art. 109, XI).
◦ Dentre as funções institucionais do Ministério Público, consta “defender judicialmente os direitos e interesses das
populações indígenas” (art. 129, V). Ver Resolução do CNMP sobre atuação do Ministério Público junto aos povos e
comunidades tradicionais: ver aqui e aqui.
◦ Os indígenas, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo (art. 232, CF).
◦ Terra indígena: espaço territorial especialmente protegido, inclusive afasta princípio da insignificância na responsabilidade
ambiental penal. Ver aqui.
◦ Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, promulgada pelo Decreto nº 5.051/2004.
MARCO TEMPORAL DE TERRAS
INDÍGENAS
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
(...)
§6º. São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse
das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa
fé.
◦ Discussão no STF (RE 1.017.365, Pleno, j. 09/2023, tema 1.031 com repercussão geral):
◦ marco temporal é 05/10/1988 (promulgação da CF). Art. 67 do ADCT. Trecho do voto do Min. Nunes Marques: "As posses
depois de 1988 não podem ser consideradas tradicionais porque isso implicaria não apenas o reconhecimento dos direitos
indígenas às suas terras, mas sim o direito de expandi-las ilimitadamente para novas áreas já definitivamente incorporadas ao
mercado imobiliário internacional.“ Neste sentido: PL 490/07, aprovado na Câmara dos Deputados em 30/03/2023 e encaminhado
ao Senado para deliberação e votação. Acompanhou: Min. André Mendonça.
◦ Sem qualquer marco temporal: dever contínuo. Trecho do voto do relator Min. Edson Fachin: “a proteção constitucional aos
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 05 de outubro
de 1988, porquanto não há fundamento no estabelecimento de qualquer marco temporal”. Oito ministros acompanharam o relator.
◦ Placar final: 9x2 contra o marco temporal. Foram fixadas 13 teses sobre o tema.
◦ Conferir notícias e comentários: aqui, aqui e aqui.
I - A demarcação consiste em procedimento declaratório do direito originário territorial à posse das terras ocupadas tradicionalmente por
comunidade indígena; II - A posse tradicional indígena é distinta da posse civil, consistindo na ocupação das terras habitadas em caráter
permanente pelos indígenas, das utilizadas para suas atividades produtivas, das imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e das necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições, nos termos do §1º
do artigo 231 do texto constitucional; III - A proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam
independe da existência de um marco temporal em 5 de outubro de 1988 ou da configuração do renitente esbulho, como conflito físico
ou controvérsia judicial persistente à data da promulgação da Constituição; IV – Existindo ocupação tradicional indígena ou renitente
esbulho contemporâneo à promulgação da Constituição Federal, aplica-se o regime indenizatório relativo às benfeitorias úteis e
necessárias, previsto no art. 231, §6º, da CF/88; V – Ausente ocupação tradicional indígena ao tempo da promulgação da Constituição
Federal ou renitente esbulho na data da promulgação da Constituição, são válidos e eficazes, produzindo todos os seus efeitos, os atos e
negócios jurídicos perfeitos e a coisa julgada relativos a justo título ou posse de boa-fé das terras de ocupação tradicional indígena,
assistindo ao particular direito à justa e prévia indenização das benfeitorias necessárias e úteis, pela União; e quando inviável o
reassentamento dos particulares, caberá a eles indenização pela União (com direito de regresso em face do ente federativo que titulou a
área) correspondente ao valor da terra nua, paga em dinheiro ou em títulos da dívida agrária, se for do interesse do beneficiário, e processada
em autos apartados do procedimento de demarcação, com pagamento imediato da parte incontroversa, garantido o direito de retenção até o
pagamento do valor incontroverso, permitidos a autocomposição e o regime do art. 37, §6º da CF; VI – Descabe indenização em casos já
pacificados, decorrentes de terras indígenas já reconhecidas e declaradas em procedimento demarcatório, ressalvados os casos judicializados
e em andamento;
(continuação das 13 teses fixadas)
VII – É dever da União efetivar o procedimento demarcatório das terras indígenas, sendo admitida a formação de áreas reservadas
somente diante da absoluta impossibilidade de concretização da ordem constitucional de demarcação, devendo ser ouvida, em todo caso,
a comunidade indígena, buscando-se, se necessário, a autocomposição entre os respectivos entes federativos para a identificação das
terras necessárias à formação das áreas reservadas, tendo sempre em vista a busca do interesse público e a paz social, bem como a
proporcional compensação às comunidades indígenas (art. 16.4 da Convenção 169 OIT); VIII – A instauração de procedimento de
redimensionamento de terra indígena não é vedada em caso de descumprimento dos elementos contidos no artigo 231 da Constituição da
República, por meio de procedimento demarcatório até o prazo de cinco anos da demarcação anterior, sendo necessário comprovar grave
e insanável erro na condução do procedimento administrativo ou na definição dos limites da terra indígena, ressalvadas as ações judiciais
em curso e os pedidos de revisão já instaurados até a data de conclusão deste julgamento; IX - O laudo antropológico realizado nos
termos do Decreto nº 1.775/1996 é um dos elementos fundamentais para a demonstração da tradicionalidade da ocupação de
comunidade indígena determinada, de acordo com seus usos, costumes e tradições, na forma do instrumento normativo citado; X - As
terras de ocupação tradicional indígena são de posse permanente da comunidade, cabendo aos indígenas o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e lagos nelas existentes; XI - As terras de ocupação tradicional indígena, na qualidade de terras públicas, são
inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis; XII – A ocupação tradicional das terras indígenas é compatível
com a tutela constitucional ao meio ambiente, sendo assegurados o exercício das atividades tradicionais dos indígenas ; XIII – Os
povos indígenas possuem capacidade civil e postulatória, sendo partes legítimas nos processos em que discutidos seus interesses, sem
prejuízo, nos termos da lei, da legitimidade concorrente da FUNAI e da intervenção do Ministério Público como fiscal da lei.
Lei 14.701/2023: “O IMPÉRIO CONTRA-ATACA”

◦ Decisão do STF de 21/09/2023: invalidou a tese do “marco temporal” de 05/10/1988. Mas, a Câmara e
o Senado aprovaram um projeto de lei oito dias após para incluir a tese do marco temporal em lei
federal. “Backlash”.
◦ Em outubro/2023, o presidente vetou parcialmente o projeto aprovado no Legislativo, argumentando que a tese já
havia sido considerada inconstitucional. O Congresso, no entanto, derrubou os vetos do presidente em 14/12/2023.
Em sessão conjunta, 53 senadores e 321 deputados apoiaram a derrubada dos vetos, enquanto 19 senadores e 137
deputados votaram para manter a decisão presidencial. Houve ainda uma abstenção entre os deputados, nenhuma entre
senadores.
◦ A retomada do marco temporal na legislação deve acionar novamente a manifestação do STF, que considerou a tese
inconstitucional.
EXAME XXXIV OAB – mineração em terra
indígena
◦ A Constituição da República dispõe que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Do ponto
de vista histórico e cultural, percebe-se que a comunidade indígena está intimamente ligada ao meio
ambiente, inclusive colaborando em sua defesa e preservação. Nesse contexto, de acordo com o texto
constitucional, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas :

A) só podem ser efetivadas com autorização de todos os órgãos que integram o SISNAMA (Sistema Nacional do
Meio Ambiente), na forma da lei.

B) só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

C) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, eis que são terras inalienáveis e indisponíveis, e devem ser
exploradas nos limites de atividades de subsistência para os índios.

D) não podem ser efetivadas em qualquer hipótese, diante de expressa vedação constitucional, para não
descaracterizar a área de relevante interesse social.
RESPOSTA CORRETA...

◦ Alternativa “B”:
B) só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da
lavra, na forma da lei.
◦ Fundamentação: art. 231, §3º, CF.
Curva ambiental de Simon Kuznets: relação entre
crescimento econômico e pressão sobre o meio ambiente.
“A curva ambiental de Kuznets (1955) tem a forma de “U” invertido, mostra a relação entre o crescimento econômico
e a pressão sobre o meio ambiente por meio de métodos empíricos que foram repetidos e confirmados, nos países em
desenvolvimento, por inúmeros cientistas. O processo é baseado na ideia de uma economia apenas com o setor urbano
e o agrário. A curva mostra que, com a migração da população agrária, quem tem uma renda menor, para a população
urbana, onde há mais riqueza e desigualdade, haveria um crescimento econômico e uma maior degradação do meio
ambiente, mas, com a tecnologia e educação trazida por esse crescimento econômico, a pressão sobre o meio ambiente
se estabilizaria e reduziria com o tempo.
A proposta final da curva de Kuznets quando sugere a diminuição do desgaste ambiental combinado a um crescimento
econômico, nos leva claramente ao desenvolvimento sustentável, que é definido como ‘o desenvolvimenyo que
satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades’” (Fabiano Eustáquio Zica e Victória Lara Moreira).
Ainda sobre a curva ambiental de Kuznets

“A princípio, a Curva de Kuznets foi criada para fazer um paralelo entre o desenvolvimento econômico e
a desigualdade, mostrando que um país em desenvolvimento teria um aumento na desigualdade, mas este
iria diminuir quando o país se tornasse de fato desenvolvido. (...)
O formato da curva tem duas principais explicações: primeiro, a economia passaria de agrária, que é
sustentável e não agride o meio ambiente, para urbana, que emite altos níveis de poluição devido à
industrialização, o que explicaria a ascensão da curva. Segundo, o país já desenvolvido e industrializado
exportaria seu processo de produção – e consequentemente a poluição – para os países em
desenvolvimento”.
Curva Ambiental de
Kuznets em forma
de “U” invertido
Ver mais:
- aqui;
- aqui; e
- aqui.
Curva de Kuznets
em forma de “N”
Há estudos que demonstraram
uma posterior evolução na
degradação ambiental.
Por que? Educação?
ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS
◦ CF, art. 225, §1º, III; Lei nº 9.985/2000 (sistema nacional das unidades de conservação – SNUC); Decreto nº 4.340/2002 (regulamento
SNUC): função social (ecológica) da propriedade.
◦ Regime jurídico especial de proteção de determinados espaços territoriais, previstos em ato do Poder Executivo (infralegal) ou lei, que
impede ou restringe a utilização da propriedade. Criação, implantação e gestão: arts. 22-36.
◦ Unidades de conservação:
◦ Proteção integral - mais restritivo; em regra, ensejam a desapropriação se o imóvel for particular, admite apenas o uso indireto dos
recursos naturais (que não envolva o consumo, coleta, dano ou destruição): estação ecológica, reserva biológica, parque nacional,
monumento natural, refúgio da vida silvestre.
◦ Uso sustentável – menos restritivo; visa compatibilizar a conservação com o uso sustentável (inclusive coleta e utilização comercial, ou
não, dos recursos naturais): área de proteção ambiental (APA), área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva
extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável, reserva particular do patrimônio natural (RPPN).
◦ Com exceção da APA e RPPN, todas as unidades de conservação possuem uma zona de amortecimento, área no entorno da unidade,
“onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas”.
◦ Plano de manejo: “estatuto da unidade”, documento técnico. Prazo de 5 anos após criação da unidade.
◦ Zoneamento: delimitação da área da unidade de conservação, previso no plano de manejo.
◦ Danos contra uma UC enseja responsabilização criminal (art. 40, 52, Lei nº 9.605/1998), administrativa e civil-ambiental, agravante (art.
15, II, “e”) ou causa de aumento da pena (art. 29, §4º, V).
◦ Licenciamentos de atividades com significativo dano ambiental devem condicionar o empreendedor ao pagamento em dinheiro de uma
compensação ambiental direcionada a uma unidade de conservação (art. 36).
PROTEÇÃO DA FLORA (FAUNA) – APP E
RL
◦ Art. 225, §1º, I, II, III e VII, CF; Código Florestal (Lei nº 12.651/2012): área de preservação permanente e reserva legal.
São tipos de espaço territorial especialmente protegido, mas não são unidades de conservação. Competência federal: normas
gerais, válidas em todo o território nacional.
◦ APP: imóveis públicos ou privados, rurais ou urbanos:
◦ Legal: prevista no art. 4º do Código Florestal, que lista diversos acidentes geográficos e ecossistemas de preservação
permanente. São eles: faixas marginais de qualquer curso d’água, entorno das lagoas e lagos (“APP ciliar”), entorno de
nascentes e olhos d’água, manguezais, topo de morros, montes, montanhas e serras, áreas em altitude. Não há direito à
desapropriação.
◦ Administrativa: criada por meio de ato do Executivo (infralegal), com vistas à contenção de erosão, proteção de restingas,
veredas e várzeas, abrigo de exemplares de fauna e flora, proteção de sítios de excepcional beleza ou valor científico,
cultural ou histórico (art. 6º do Código Florestal).
◦ Supressão de APP só se admite excepcionalmente, nas hipóteses de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto
ambiental (art. 8º do Código Florestal), e desde que o imóvel esteja devidamente inscrito no Cadastro Ambiental Rural
(CAR – art. 29). Pode ensejar crime ambiental: arts. 38, 39, 44 e 48 da Lei nº 9.605/1998, além de responsabilidade
administrativa (arts. 43, 44, 45, 48 e 49 do Decreto Federal nº 6.514/2008) e civil-ambiental. Obrigação civil propter rem
(art. 7º, §2º Código Florestal).
PROTEÇÃO DA FLORA – APP E RL
◦ Reserva legal: só se aplica aos imóveis rurais.
◦ Área de proteção da vegetação nativa;
◦ Percentual previsto no art. 12 do Código Florestal, que varia de acordo com a região do imóvel: Amazônia
Legal (área de floresta)= 80%; Amazônia Legal (área de cerrado) = 35%; Amazônia Legal (campos gerais) =
20%; demais regiões = 20% da área total do imóvel.
◦ Atual Código Florestal admite o cômputo da APP no cálculo do percentual da RL.
◦ A localização da RL é proposta pelo proprietário ou possuidor, e aprovada pelo órgão ambiental estadual (art.
14 do Código Florestal).
◦ A RL deve se registrada no CAR (cadastro ambiental rural).
◦ Admite-se o uso racional dos recursos naturais localizados na RL: coleta de produtos florestais não madeireiros
(art. 21), manejo florestal sustentável com propósito comercial (art. 22) e sem propósito comercial (art. 23).
◦ Desmatamento irregular: obrigação propter rem (arts. 2º, §2º; e 66, Código Florestal).
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM APP
◦ Por meio da ADC 42, questionou-se a validade de vários artigos do Código Florestal (Lei 12.654/2012), dentre eles o
art. 3º, VIII, “b”, segundo o qual era admitida a gestão de resíduos em áreas de preservação permanente (APP), como
hipótese de utilidade pública. O STF julgou inconstitucional essa previsão legal. Atualmente, o STF julgará em sede de
embargos de declaração se essa decisão do STF também alcança os aterros sanitários que forem devidamente
licenciados.
◦ Sobre esse tema, escreveu Ingo Sarlet (ver artigo: aqui):
“na medida em que o próprio STF reconhece como legítima a aplicação do regime jurídico de utilidade pública para
obras de infraestrutura em APPs destinadas aos serviços públicos de saneamento, que incluem, nos termos da Lei
11.445/2007, as instalações de tratamento e destino final dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza
urbana, a declaração de inconstitucionalidade da expressão gestão de resíduos contida no art. 3º, VIII, alínea “b”, da Lei
12.651/2012 não se mostra razoável e justificável, tendo em vista que a gestão de resíduos por meio de aterros sanitários
é instrumento fundamental tanto da Política Nacional do Meio Ambiental quanto da Política Nacional de Resíduos
Sólidos e da Política Nacional de Saneamento Básico para a erradicação dos lixões no Brasil.”
Supressão de vegetação em APA sem autorização

◦ Caso que combina proteção ambiental (APA) com desenvolvimento social: a área devastada acabou sendo ocupada por
traficantes de drogas. Processo: 1000306-59.2023.8.26.0126, origem de Caraguatatuba, julgado pela 1ª Câmara
Reservada ao Meio Ambiente do TJSP. Acórdão: aqui.
◦ A decisão determinou a desfazimento das construções irregulares, a remoção dos materiais da demolição para locais
licenciados, a descompactação do solo, o isolamento da área contra possíveis fatores de degradação, além do plantio e
manutenção de 38 mudas de espécies arbóreas nativas da região no local autuado.
◦ Prefeitura de Caraguatatuba também foi corresponsabilizada junto com proprietário.
EXAME XXXVI OAB
A sociedade empresária Gama requereu licença ambiental para empreendimento da área de petróleo e gás natural, com significativo
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento no estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório – EIA/RIMA, apresentados pelo próprio empreendedor no curso do processo de licenciamento.
Preenchidos os requisitos legais, o órgão ambiental concedeu a licença ambiental com uma série de condicionantes, entre elas, a
obrigação do empreendedor de apoiar a implantação e a manutenção de determinada unidade de conservação do grupo de proteção
integral. Para tanto, observado o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento licenciado e, de acordo com os critérios
técnicos, legais e jurisprudenciais, foi regularmente arbitrado pelo órgão licenciador o montante de dez milhões de reais a ser
destinado pelo empreendedor para tal finalidade.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 9.985/00, a condicionante descrita é uma obrigação que visa à:
a) mitigação ambiental.
b) compensação ambiental.
c) punição por dano ambiental.
d) inibição por dano ambiental.
Resposta certa...
◦ Alternativa “B”: compensação ambiental.
◦ Ver art. 36 da Lei nº 9.985/2000. Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de
unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento
desta Lei. § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a
meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº
3.378-6, de 2008 = limite de 0,5%). § 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a
serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo
inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. § 3º Quando o empreendimento afetar unidade
de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá
ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não
pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo. § 4º
A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em unidades de
conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia
Legal. 24/04/2024
EXAME XXII OAB
O Estado Z promulga lei autorizando a supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente para
pequenas construções. A área máxima para supressão, segundo a lei, é de 100 metros quadrados quando utilizados
para lazer e de 500 metros quadrados quando utilizados para fins comerciais.
Sobre a referida lei, assinale a afirmativa correta.
A) A lei é válida, uma vez que é competência privativa dos Estados legislar sobre as Áreas de Preservação
Permanente inseridas em seu território.
B) A lei é válida apenas com relação à utilização com finalidade de lazer, uma vez que é vedada a exploração
comercial em Área de Preservação Permanente.
C) A lei é inconstitucional, uma vez que compete aos Municípios legislar sobre impactos ambientais de âmbito
local.
D) A lei é inconstitucional, uma vez que é competência da União dispor sobre normas gerais sobre proteção do
meio ambiente.
RESPOSTA...
◦ Alternativa “D”.
◦ D) A lei é inconstitucional, uma vez que é competência da União dispor sobre normas gerais sobre proteção do
meio ambiente.
◦ Sobre a APP (área de preservação permanente): espaço territorial especialmente protegido, com previsão no Código Florestal (Lei nº
12.651/2012).
◦ Art. 3º, II: Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas;
◦ Art. 4º. Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer
curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: [...]; II - as
áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: [...]; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais,
decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; IV - as áreas
no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; V - as
encostas ou partes destas com declividade superior a 45º , equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como
fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a
linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e
serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25º , as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a
2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou
espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a
1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de
50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
◦ De acordo com o art. 225, §1º, VI, CF, incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
◦ Lei nº 9.795/1999, dispõe sobre a educação ambiental.
Art. 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º. A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
◦ Lei nº 9.795/1999:
Art. 7º. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas
dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.
Art. 9º. Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das
instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino
fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V -
educação de jovens e adultos.
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da
qualidade do meio ambiente.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
PARTICIPAÇÃO DO TERCEIRO SETOR
◦ Ver artigo que trabalha a importância do terceiro setor na educação ambiental, inclusive sob a análise econômica do
Direito Ambiental: aqui.
◦ O papel do Terceiro Setor é essencial ao lado das demais organizações, uma vez que não existe um critério de
maior ou menor relevância entre os três setores (poder público, empresarial e organizações não governamentais). Por
isso, o trabalho das ONG’s ambientais desenvolve diversos elementos indispensáveis à construção de uma sociedade
sustentável e inclusiva, uma vez que as suas propostas cumprem e têm por fundamento de atuação os objetivos de
Desenvolvimento Sustentável que resultam da Agenda 2030.
◦ O estudo que foi empreendido demonstra que já se encontram consagrados os conceitos e as normas necessárias
para que a Educação Ambiental possa ser colocada em prática. O que precisa acontecer para que esta seja ainda
mais relevante e, bem assim, de maior qualidade, é a demonstração do “como fazer” e o convencimento da
sociedade e dos membros integrantes dos benefícios associados à Educação Ambiental. Este processo de
Educação Ambiental deverá ir muito além da mera proteção do meio ambiente. Assim, devem-lhe ser associados
benefícios fiscais e/ou sociais, como forma de compensar o conhecimento, a motivação, as opções de escolha sobre
a melhoria dos negócios empresariais e o aperfeiçoamento das relações entre os distintos agentes económicos, com o
escopo de alcançar o bem-estar social e a dignidade da pessoa humana, tal como exposto, quanto ao PSA no
projeto Conexão Mata Atlântica.
TRANSPARÊNCIA AMBIENTAL
◦ Em julgamento de incidente de assunção de competência (IAC), a 1ª Seção do STJ estabeleceu quatro teses sobre direito ao acesso à
informação no Direito Ambiental, possibilidade de registro das informações em cartório e a atuação do Ministério Público em tais questões.
As teses fixadas foram as seguintes:
1) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende: 1) o dever de publicação, na internet, dos documentos
ambientais detidos pela Administração não sujeitos a sigilo (transparência ativa); 2) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a
informações ambientais específicas não publicadas (transparência passiva); e 3) o direito a requerer a produção de informação ambiental não
disponível para a Administração (transparência reativa);
2) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da Administração justificar seu descumprimento , sempre
sujeita a controle judicial, nos seguintes termos: 1) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não
publicar; 2) na transparência passiva, de enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e 3) na transparência ambiental
reativa, da irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
3) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de interesse público, inclusive as ambientais;
4) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de informações alusivas a suas funções
institucionais.
Ver mais: aqui.
DECISÃO DO TJSC: COLOCAÇÃO DE PLACA NO
IMÓVEL OBJETO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA
◦ Ver notícia: aqui. TJSC, 1ª Câmara de Direito Público, Processo 5011756-94.2022.8.24.0004.
◦ Proprietário de um terreno localizado em município do sul do Estado que descumpriu embargo e prosseguiu obra
em área de preservação permanente terá agora de colocar uma placa defronte ao local, com a informação de que
responde a ação civil pública que busca a demolição de parte de sua edificação. A decisão partiu da 1ª Câmara de
Direito Público do Tribunal de Justiça.
◦ Após provimento do agravo de instrumento da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FAMA), o proprietário do
terreno ficou obrigado a instalar uma placa informativa que aponte a existência da ação civil pública, em terreno
que nem sequer tem escritura pública. O foco, esclareceu o desembargador relator, é informar a população sobre as
medidas judiciais adotadas e evitar que o local seja comercializado para pessoas desavisadas. A colocação da
placa, concluiu, visa evitar prejuízo a terceiros, ao meio ambiente e à coletividade.
“Vê-se, pois, que a fixação da placa informativa tem como objetivo principal instrumentalizar a coletividade para que
esta, com fulcro no comando constitucional do art. 225, juntamente com o Estado, defenda e proteja o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, não só fiscalizando o cumprimento de eventual ordem judicial naquela área, mas
também tomando ciência de que medidas judiciais estão sendo adotadas”.
COMPLIANCE AMBIENTAL
◦ O dever de proteção ambiental também alcança as pessoas físicas e jurídicas, incluindo as empresas: dever
fundamental ecológico.
◦ Tendência e pressão para transformar “soft law” em “hard law”. Maior engajamento do setor privado em prol do
desenvolvimento sustentável e da concorrência leal.
◦ Green Deal: certificação de produtos agropecuários e combate ao desmatamento ilegal, restrições comerciais,
classificação ambiental de países/empresas. Ver aqui.
◦ Agenda ESG: empresas e direitos humanos: desafios e oportunidades para o Brasil. Ver aqui e aqui.
◦ ISO 14001: dá diretrizes e requisitos para a implementação de um sistema de gestão ambiental interna. Conferir aqui.
◦ Decreto Federal nº 9.517/2018: Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH).
◦ Celso Antônio Pacheco Fiorillo: auditoria ambiental.
◦ Ideias fundamentais:
1. Adoção de políticas, programas e sistemas de gestão ambiental;
2. Avaliação sistemática, objetiva, documentada e periódica das políticas, programas e sistemas de gestão;
3. Divulgação pública da informação sobre a performance ambiental da empresa.
COMPLIANCE AMBIENTAL
“Muito mais que adotar políticas, programas e sistemas de gestão ambiental de ‘forma
voluntária’ destinadas ao “desenvolvimento sustentável”, visam as auditorias ambientais
fundamentalmente divulgar a performance das empresas em face de uma estratégia destinada
claramente a atrair, em grande número, o destinatário dos produtos e serviços de tais empresas,
ou seja, atrair o consumidor através de uma oferta estabelecida em moldes modernos dentro de
uma crescente melhoria de competitividade na atual ordem econômica mundial.
É portanto, do gerenciamento em face dos bens ambientais, o que significa, no caso da Europa –
como demais países dependentes culturalmente de seus direitos -, da gestão ambiental do meio
ambiente natural vinculado às relações econômicas, principalmente no âmbito das relações
jurídicas de consumo, que teremos condições de observar no plano normativo a razão de ser da
denominada auditoria ambiental” (Celso Antonio Pacheco Fiorillo).
COMPLIANCE AMBIENTAL
◦ Auditoria ambiental em face das relações de consumo: Direito do Consumidor e Direito Ambiental.
◦ CDC, art. 6º: dever de prestar informação ambiental aos consumidores.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; IV - a proteção contra
a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
◦ Punições contra o “greenwashing”: “propaganda enganosa ambiental”, campanha de marketing ou
discurso ambientalmente correto sem lastro em ações concretas, ou seja, injustificada apropriação de
virtudes ambientalistas por parte de organizações ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing
e relações públicas. Ver artigo aqui.
◦ Caso Bradesco: “segunda-feira sem carne”. Ver aqui e aqui.
◦ Preocupação mundial, inclusive com pretensão de punição criminal: aqui.
POLÍTICA NACIONAL DE
BIOCOMBUSTÍVEIS
◦ Lei nº 13.576/2017: dispõe sobre o RenovaBio.
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), parte integrante da política energética nacional de que
trata o art. 1º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 , com os seguintes objetivos: I - contribuir para o atendimento aos
compromissos do País no âmbito do Acordo de Paris sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; II -
contribuir com a adequada relação de eficiência energética e de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa na
produção, na comercialização e no uso de biocombustíveis, inclusive com mecanismos de avaliação de ciclo de vida; III - promover
a adequada expansão da produção e do uso de biocombustíveis na matriz energética nacional, com ênfase na regularidade do
abastecimento de combustíveis; e IV - contribuir com previsibilidade para a participação competitiva dos diversos biocombustíveis
no mercado nacional de combustíveis.
Art. 4º São instrumentos da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), entre outros: I - as metas de redução de emissões de
gases causadores do efeito estufa na matriz de combustíveis de que trata o Capítulo III desta Lei; II - os Créditos de
Descarbonização de que trata o Capítulo V desta Lei; III - a Certificação de Biocombustíveis de que trata o Capítulo VI desta Lei;
IV - as adições compulsórias de biocombustíveis aos combustíveis fósseis; V - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; e VI -
as ações no âmbito do Acordo de Paris sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
RENOVABIO - PUNIÇÕES
Art. 6º Na hipótese de não atendimento integral ou parcial da meta individual, o distribuidor de combustíveis
ficará sujeito à multa, a ser aplicada pela ANP, proporcionalmente ao descumprimento, sem prejuízo das sanções
administrativas e pecuniárias e de natureza civil e penal cabíveis.
§ 1º A multa prevista no caput será equivalente ao valor dos Créditos de Descarbonização não adquiridos,
considerada a maior média mensal das cotações do Crédito de Descarbonização no exercício do descumprimento.
§ 2º Nos termos do § 1º, na hipótese do valor obtido ser: I - inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), aplica-se
este valor como multa; e II - superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), aplica-se este valor como
multa.
§ 3º A multa de cada distribuidor não poderá superar cinco por cento de seu faturamento anual registrado no
balanço dos dois exercícios anteriores, ressalvada a hipótese do inciso I do § 2º.
CBIO – INCENTIVOS PARA O MERCADO
◦ A Portaria Normativa MME nº 56/GM/MME estabelece diretrizes para implementação do mercado de Créditos de Descarbonização
(CBIOs), ativo ambiental da Política Nacional de Biocombustíveis.
◦ Mercado de compensação de carbono, com o estabelecimento de metas de descarbonização no planeta, além de incentivar também o
aumento da produção de biocombustíveis na matriz energética dos países ao redor do mundo. No Brasil, esta prática é conhecida como
CBIO (Crédito de descarbonização de Biocombustíveis). Trata-se de um ativo (commodity ambiental) emitido por empresas
licenciadas no país e representa uma tonelada de CO2 que deixa de ser emitida na atmosfera. No Brasil, tudo é feito dentro das regras
estabelecidas pelo programa RenovaBio, administrado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
◦ Todas as empresas que produzem biocombustíveis no país (etanol, biodiesel, etc.) passam por um processo de certificação, conhecida
como Nota de Eficiência Energética Ambiental. A partir daí, terão o direito de emitir um título, o CBIO. A B3 é responsável por criar o
ambiente para negociação desses títulos, que acontecem dentro do ambiente da bolsa de valores. Atualmente, são 312 unidades
produtoras de biocombustíveis no país. Destas, 267 utilizam apenas a cana-de-açúcar, cinco processam cana e milho, quatro apenas
milho e 32 biodiesel. Desde a implantação do RenovaBio no país, mais de 67,92 milhões de CBIOs já foram emitidos.
“ENERGIA LIMPA” E SEGURANÇA ENERGÉTICA
◦ Um dos temas mais importantes na governança econômica social e ambiental de um país está associada às suas fontes de
energia, com as quais é possível promover o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida. Conferir artigo: aqui.
◦ O segmento da indústria de energia vem sendo cobrado por inúmeras iniciativas vinda de inúmeros atores, políticos, sociais,
ambientais e econômicos para implementar fortemente sua descarbonização, iniciativa amparada pelo Acordo de Paris, em 2015.
Por sua vez, o setor financeiro internacional vem patrocinando diversas recomendações com base nos princípios ESG, que vem
dificultando o acesso ao financiamento, em especial, da indústria fóssil, que hoje fornece cerca de 80% da energia do mundo, além
de outras fontes consideradas por eles como grande emissoras de GEE. O termo “Net Zero“ (Neutralidade de carbono) foi
aprovado por mais de 100 países na COP 26, em Glasgow e é cada vez mais usado para descrever um compromisso mais amplo e
abrangente com a descarbonização e a ação climática, indo além da neutralidade de carbono. Descarbonizar não significa acabar
com os combustíveis fósseis, mas sim, acabar com a emissão do CO2 que ele gera.
◦ No relatório mais recente do Índice de Atratividade de Países em Energia Renovável (RECAI, na sigla em inglês), divulgado no fim
de 2021, o Brasil saltou de 11ª para a 9ª posição entre os países com maior potencial para atrair investimentos em energia
renovável. No item “sustentabilidade ambiental”, desse mesmo relatório, o Brasil ocupa também a sexta posição entre os dez países
mais bem colocados por conta de uma matriz diversificada, fontes renováveis como eólicas, solares e outras formas de geração de
energia de baixa emissão de carbono.
MATRIZ ENERGÉTICA:
BRASIL VS. RESTO DO
MUNDO

A matriz energética do Brasil


difere significativamente da
mundial. Apesar do consumo de
energia de fontes não renováveis
ser maior do que o de renováveis,
usamos mais essa fontes que o
resto do mundo. Somando lenha e
carvão vegetal, hidráulica,
derivados de cana e outras
renováveis, nossas renováveis
totalizam 48,3%, quase metade
da nossa matriz energética.
ENGAJAMENTO DO SETOR PRIVADO
◦ Texto de José Maurício Conti: conferir aqui.
“O avanço nas políticas ASG (ambiental, social e governança – mais conhecida pela sua versão em inglês, ESG – environmental, social
and governance), impulsionado pela Agenda 2030, impactou fortemente as empresas, que passaram a adotar essas diretrizes, mudando
radicalmente a visão de um capitalismo voltado à obtenção de lucros financeiros a qualquer custo, para reconhecer que os consumidores
e investidores adquiriram outro padrão de consciência social, e o mercado passou a valorizar novos ativos, como o respeito às práticas
de sustentabilidade ambiental, ética, preocupações sociais e de governança corporativa, dentre outras. Uma tendência que já atinge o
setor público, o se pode constatar de medidas como a recente inserção, na nova lei de licitações, da possibilidade, na contratação de
obras, fornecimentos e serviços, de inserção de critérios remuneratórios variáveis segundo critérios de sustentabilidade ambiental (Lei
14.133/2021, art. 144), mostrando que a gestão voltada ao desenvolvimento sustentável é o caminho a ser trilhado pelos setores público
e privado nos anos e décadas que seguem.
O mercado financeiro acompanha essa tendência, e os investidores, visando implementar o Pacto Global da ONU, estabeleceram os
Princípios para o Investimento Responsável (PRI), que incorporam as diretrizes ESG nos critérios para tomada de decisões e
influenciam as empresas a adotarem as práticas que melhorem o desempenho nessas áreas”.
ENGAJAMENTO DO SETOR PRIVADO
◦ Continuação do texto de José Maurício Conti:
“O Brasil avança e tem destaque no já notado ‘mercado de finanças verdes’, com produtos alinhados às práticas ESG, como os
chamados ‘títulos verdes’ de diversas naturezas, como debêntures, Certificados de Recebíveis de Agronegócios (CRA), Certificados de
Recebíveis Imobiliários (CRI), fundos de investimentos integrados aos critérios ESG e outros produtos. Bancos públicos e privados
têm linhas de financiamento para aquisição de bens e serviços sustentáveis, e o BNDES participa ativamente nessa área. Estima-se em
4,3 bilhões a captação de recursos com a emissão de títulos verdes no período de 2015 a 2020, e quase 15 bilhões captados por
empresas brasileiras no mercado externo com debêntures verdes[5].
O Banco Central do Brasil, alinhado à agenda de sustentabilidade e às diretrizes ESG, recentemente publicou o edital de consulta
pública 85/2021, abrindo à sociedade para sugestões um conjunto de propostas normativas voltadas ao “aprimoramento das regras de
gerenciamento do risco social, do risco ambiental e do risco climático aplicáveis às instituições financeiras (…) [e] os requisitos a
serem observados por essas instituições no estabelecimento da Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) e
na implementação de ações com vistas à sua efetividade”, em mais uma demonstração de que o poder público está atuante em relação
às novas tendências”.
EXEMPLO: ECONOMIA DE PAPEL
◦ Instrução Normativa DC/ANVISA nº 4/2012: estabelece regras para disponibilização de instruções de uso em formato não
impresso de produtos para saúde. Ver aqui.
Art. 1º. Esta Instrução Normativa estabelece os requisitos necessários para disponibilização de instruções de uso em formato não
impresso de produtos para saúde sujeitos a cadastro ou registro, utilizados em ambientes de serviços de saúde e por profissionais
qualificados. Parágrafo único. Os produtos para saúde referidos neste artigo compreendem os produtos médicos, regulamentados
pela RDC nº 185, de 22 de outubro de 2001, e os produtos para diagnóstico de uso in vitro, regidos pela RDC nº 206, de 17 de
novembro de 2006.
Art. 2º. Fica proibida a disponibilização exclusiva das instruções de uso em formato não impresso para os seguintes produtos: I -
equipamentos de uso em saúde que tenham indicação de: a) uso doméstico em geral, inclusive os de utilização em serviço de
atenção domiciliar - SAD; e b) operação por leigos, independentemente do local de utilização; II - materiais de uso em saúde
utilizados por público leigo; III - produtos para diagnóstico de uso in vitro, compreendidos: a) produtos para autoteste; b) produtos
utilizados para teste laboratorial remoto; e c) padrões e calibradores.
Art. 4º. São requisitos para a disponibilização de instruções de uso em formato não impresso: I - informar na rotulagem externa o
modo de obter a correlação entre o produto fornecido e a versão da instrução de uso correspondente; II - indicar um Serviço de
Atendimento ao Consumidor onde o formato impresso das instruções de uso poderá ser solicitado sem custo adicional (inclusive
de envio); III - garantir a disponibilização das instruções de uso durante todo período em que o produto fornecido estiver no
mercado; e IV - especificar os recursos necessários para a leitura das instruções de uso pelo usuário.
PLANO NACIONAL DE PAGAMENTO POR
SERVIÇOS AMBIENTAIS (PNPSA)
◦ Serviços ecossistêmicos: “benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em termos de
manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais: de provisão, de suporte, de regulação ou
culturais”. Ver art. 2º, II, da Lei nº 14.119/2021, que institui o Política Nacional de Pagamento por Serviços
Ambientais.
◦ Conferir: aqui, aqui e aqui.

◦ Serviços de provisão: fornecimento de bens e serviços para consumo ou comercialização (água, alimento, madeira,
fibras, remédios etc.).
◦ Serviços de suporte: mantêm a vida na Terra (fertilização do solo, decomposição de resíduos, controle de pragas e
doenças, proteção contra radiação solar, polinização etc.
◦ Serviços de regulação: concorrem para a manutenção da estabilidade dos processos ecossistêmicos (sequestro do
carbono, purificação do ar, moderação dos eventos climáticos, minimização de enchentes, secas e erosão etc.).
◦ Serviços culturais: recreação, turismo, experiências espirituais e estéticas, desenvolvimento cultural etc.
SERVIÇOS AMBIENTAIS
◦ Nos serviços ecossistêmicos, o “prestador” (provedor) é a própria Natureza.
◦ Nos serviços ambientais, os prestadores (provedores) são as pessoas (físicas e jurídicas, públicas e privadas):
“atividades individuais ou coletivas que favoreçam a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços
ecossistêmicos” (art. 2º, III, LPSA).
◦ A Lei nº 14.119/2021, ao criar o Plano Nacional de Pagamento por Serviço Ambiental, busca incentivar a
prestação desses serviços ambientais, com nítida função promocional do Direito Ambiental. São nudges
(empurrãozinhos) ambientais.
◦ Art. 5º: diretrizes da PNPSA. Utilização do PSA como instrumento de promoção do desenvolvimento social, ambiental,
econômico e cultural da população e dos produtores rurais. Complementaridade do PSA em relação aos instrumentos de
comando e controle relacionados à conservação do meio ambiente.
◦ Conversão de multas ambientais em serviços ambientais: Decreto nº 9.179/2017. Ver aqui.

◦ Princípios ambientais que fundamentam essa Política Ambiental: provedor/protetor-recebedor e do usuário-


pagador.
PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA)
◦ Art. 2º, da Lei nº 14.119/2021:
IV - pagamento por serviços ambientais: transação de natureza voluntária, mediante a qual um pagador de serviços
ambientais transfere a um provedor desses serviços recursos financeiros ou outra forma de remuneração, nas condições
acertadas, respeitadas as disposições legais e regulamentares pertinentes;
V - pagador de serviços ambientais: poder público, organização da sociedade civil ou agente privado, pessoa física ou
jurídica, de âmbito nacional ou internacional, que provê o pagamento dos serviços ambientais nos termos do inciso IV
deste caput ;
VI - provedor de serviços ambientais: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, ou grupo familiar ou
comunitário que, preenchidos os critérios de elegibilidade, mantém, recupera ou melhora as condições ambientais dos
ecossistemas.
◦ Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre outras: I - pagamento direto, monetário ou não
monetário; II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas; III - compensação vinculada a
certificado de redução de emissões por desmatamento e degradação; IV - títulos verdes (green bonds); V - comodato;
VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
TÍTULOS VERDES (GREEN BONDS)
◦ Títulos verdes são títulos (documentos, certificados) de dívida emitidos por empresas e instituições financeiras para viabilizar
projetos privados com impacto ambiental positivo. Tratam-se de certificados de emissão transacionáveis, um ativo/estoque
financeiro para quem proteger o meio ambiente. Os valores recebidos são “carimbados”, ou seja, devem ter necessariamente
essa destinação ambiental. A empresa não pode utilizar os recursos recebidos para outras finalidades não ambientais.
Genericamente chamados de “créditos de carbono”, “mercado de carbono”, refletem tendência mundial do papel do setor
privado como patrocinador do desenvolvimento sustentável. Sobre Decreto 11.075/2022: ver aqui.
◦ Crítica: esses títulos viram um tipo de compra de uma permissão para poluir (“cotas de poluição”). Uma nova versão das
indulgências para pecar. Ver aqui.
◦ Tipos de títulos verdes: certificados de recebíveis de agronegócio (CRA), certificado de recebíveis imobiliários (CRI), Fundo de
Investimento em Direitos Creditório (FIDC), debêntures, cédula de produto rural (CPR verde – Decreto nº 10.828/2021) etc. São
de livre comércio, inclusive perante Bolsa de Valores. Sobre certificados de créditos de logística reversa: ver aqui.
◦ Finalidades econômicas: marketing, linha especial de crédito, atração de investidores etc. Ver aqui e aqui. Tem crescido os
compromissos globais de financiamentos ambientais particulares (empresariais). Concilia a preservação ambiental com o ânimo
de lucratividade. Iniciativa econômica proposta pelo Protocolo de Kyoto/1997, que pode ser incentivada pelos países.
◦ A Apple, por exemplo, emitiu 1,5 bilhões de dólares em títulos verdes para financiar projetos de energia renovável,
armazenamento de energia, eficiência energética, construções verdes e conservação de recursos naturais. Outros exemplos:
hidrogênio verde, energia renovável, controle de poluição, mudança climática, eficiência energética, agropecuária sustentável,
transporte limpo, bioinsumos (Decreto nº 10.375/2020) etc. Ver aqui, aqui e aqui
EXAME XXXVII DA OAB
Tendo em vista a elevação da temperatura do meio ambiente urbano, bem como a elevação do nível dos oceanos,
a União deverá implementar e estruturar um mercado de carbono, em que serão negociados títulos mobiliários
representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
A) É possível a criação de mercado de carbono, tendo como atores, exclusivamente, a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal.
B) Não é constitucional a criação de mercado de carbono no Brasil, tendo em vista a natureza indisponível e
inalienável de bens ambientais.
C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo operacionalizado em bolsa de valores aberta a
atores privados.
D) A implementação de mercado de carbono pela União é cogente, tendo o Brasil a obrigação de reduzir a
emissão de gases de efeito estufa, estabelecida em compromissos internacionais.
RESPOSTA CERTA...

◦ Alternativa “C”
C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo operacionalizado
em bolsa de valores aberta a atores privados.
Trata-se de uma faculdade estatal.
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

◦ Além da recente Lei nº 14.119/2021 (PNPSA), há outras legislações ambientais que estabelecem
instrumentos econômicos voltados ao desenvolvimento sustentável.
◦ Tributação extrafiscal: IPTU, ITR, ICMS, IPI, CIDE-combustível, SAT/RAT.
◦ Conciliação entre ESG e incentivos fiscais : análise econômica do Direito Tributário Ambiental. Ver aqui. Douglas
Mota e Fernanda Stefanelo: “Incentivos fiscais associados às práticas ESG é um tema que precisa ser avaliado e
considerado porque, além de ser decisivo para estimular o desenvolvimento econômico do país, é uma forma de atrair
investimentos internacionais uma vez que os investidores estrangeiros estão de fato olhando para isso”. Sobre impactos
tributários na PNPSA, ver aqui.
◦ Concessão florestal: art. 3º, VII, Lei nº 11.284/2006 (Lei de Gestão de Florestas Públicas).
◦ “delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para
exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação [modalidade: concorrência], à
pessoa jurídica, em consórcio ou não que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e por prazo determinado”.
◦ Conferir: aqui e aqui.
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DA POLÍTICA
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
◦ Servidão ambiental: instrumento jurídico voltado a limitar o uso da propriedade com o propósito de
preservar, conversar ou recuperar os recursos ambientais existentes no imóvel florestal.
◦ Art. 9º-A, da Lei nº 6.938/81: O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por
instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama,
limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos
ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
◦ Não pode ser feita em reserva legal ou área de preservação permanente. Deve ser averbada na matrícula do
imóvel. Pode servir como compensação ambiental de reserva legal. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou
gratuita, temporária ou perpétua, com prazo mínimo de 15 anos.
◦ Seguro ambiental: contrato de seguro que tenha por objeto a cobertura de riscos inerentes a atividades
lesivas ou potencialmente lesivas ao meio ambiente.
◦ Não é obrigatório, mas pode vir a ser exigido pelo órgão público licenciador (art. 9º, XIII, Lei nº 6.938/1981).
◦ Ex.: art. 40 da Lei nº 12.305/2010 (Resíduos Sólidos) prevê que o órgão licenciados pode exigir a contratação
de seguro ambiental para atividades que operem com resíduos perigosos.
XXX EXAME DA OAB
Pedro, proprietário de fazenda com grande diversidade florestal, decide preservar os recursos ambientais
nela existentes, limitando, de forma perpétua, o uso de parcela de sua propriedade por parte de outros
possuidores a qualquer título, o que realiza por meio de instrumento particular, averbado na matrícula do
imóvel no registro de imóveis competente.
Assinale a opção que indica o instrumento jurídico a que se refere o caso descrito.
A) Zoneamento Ambiental.
B) Servidão Ambiental.
C) Área Ambiental Restrita.
D) Área de Relevante Interesse Ecológico.
RESPOSTA CORRETA...
◦ Alternativa “B”
B) Servidão Ambiental.

Fundamento: art. 9º-A, da Lei nº 6.938/81.


Obs.: A questão merece reparo ou anulação, pois utiliza uma expressão imprecisa dentre as
alternativas. A expressão “área ambiental restrita” pode ser considerada gênero, do qual a
“servidão ambiental”, então, vem a ser espécie. O próprio artigo 9º-A, parágrafo 3º da Lei
6.938/81, utiliza a palavra “restrição” para se referir aos efeitos da servidão ambiental. Deste
modo, a rigor, a alternativa que aponta “área ambiental restrita” também estaria correta.
FINANCIAMENTOS – LINHAS DE
CRÉDITO
◦ Financiamento público: linhas especiais de crédito. Papel no BNDES e bancos públicos. Trata-se de
importante instrumento financeiro disponível para as entidades federadas implementarem suas políticas
ambientais.
Lei SISNAMA (Lei nº 6.938/1981):
Art. 8º Compete ao CONAMA: V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito.
Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de
projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos
critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA. Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput "
deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao
controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental sujeitará os transgressores: III - à perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito.
FINANCIAMENTOS – LINHAS DE
CRÉDITO
◦ Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010):
Art. 16. A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para os Estados terem acesso a recursos da
União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por
incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade.
Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e
os Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao
manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal
finalidade.
Art. 42. O poder público poderá instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de: I -
prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo; II - desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e
à qualidade ambiental em seu ciclo de vida; III - implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda; IV - desenvolvimento de projetos de gestão
dos resíduos sólidos de caráter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput do art. 11, regional; V - estruturação de sistemas de coleta seletiva e
de logística reversa; VI - descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs; VII - desenvolvimento de pesquisas voltadas para
tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos sólidos; VIII - desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos
processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos.
FINANCIAMENTOS – LINHAS DE
CRÉDITO
◦ Lei nº 12.187/2009 (Política Nacional sobre Mudança do Clima):
Art. 6º São instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima: VII - as linhas de crédito e financiamento
específicas de agentes financeiros públicos e privados.
◦ Lei nº 11.445/2007 (Diretrizes nacionais para o saneamento básico):
Art. 48, parágrafo único: As políticas e ações da União de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de
combate e erradicação da pobreza, de proteção ambiental, de promoção da saúde, de recursos hídricos e outras de
relevante interesse social direcionadas à melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária articulação,
inclusive no que se refere ao financiamento e à governança, com o saneamento básico.
Art. 50. § 2º: A União poderá instituir e orientar a execução de programas de incentivo à execução de projetos de
interesse social na área de saneamento básico com participação de investidores privados, mediante operações
estruturadas de financiamentos realizados com recursos de fundos privados de investimento, de capitalização
ou de previdência complementar, em condições compatíveis com a natureza essencial dos serviços públicos de
saneamento básico.
24/04/2024
FINANCIAMENTO MISTO: PARCERIAS ENTRE PÚBLICO
E PRIVADO EM PROL DE FINANÇAS SUSTENTÁVEIS
◦ Sobre o “blended finance”: ver aqui.
◦ O blended finance, ou financiamento misto, emergiu como ferramenta potente no domínio das sustainable finance, atuando
como força motriz por trás da mobilização de recursos adicionais para o desenvolvimento sustentável nos países em
desenvolvimento, tal como os termos definidos pela OCDE. Ao combinar estrategicamente recursos de fontes híbridas
(setores público e privado), a arquitetura financeira proposta pelo financiamento misto tem como objetivo retificar falhas
do mercado, reduzir os riscos de investimento e desbloquear o capital do setor privado para alcançar os objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS). Tal modelagem vem sendo, inclusive, proposta no Brasil por meio do BNDES.
◦ Os principais mecanismos utilizados no financiamento misto incluem empréstimos concessionais, garantias, investimentos
de capital e assistência técnica. Ao utilizar os recursos captados em condições favoráveis, os instrumentos de blended
finance têm como meta reduzir o risco associado aos investimentos do setor privado, tornando-os mais atraentes aos
investidores e promovendo um maior empenho financeiro nos objetivos de desenvolvimento sustentável.
EXAME XXV OAB
Os Municípios ABC e XYZ estabeleceram uma solução consorciada intermunicipal para a gestão de
resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um consórcio para estabelecer as obrigações e os
procedimentos operacionais relativos aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados por ambos os
municípios.
Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos sólidos, assinale a afirmativa correta.
A) Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde não fazem parte da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, sendo disciplinados por lei específica.
B) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em financiamentos de entidades
federais de crédito para o manejo dos resíduos sólidos.
C) É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de sociedade de propósito específico com a
forma de sociedade anônima.
D) É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um por cento) da receita corrente líquida de
cada município consorciado.
RESPOSTA CERTA...
◦ Alternativa “B”.
B) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em financiamentos de
entidades federais de crédito para o manejo dos resíduos sólidos.
◦ Fundamentação: art. 18 e 42 da Lei nº 12.305/2010.
◦ Art. 13, I, “g”: classifica e inclui os resíduos gerados nos serviços de saúde.
◦ Consórcios constituídos de acordo com a Lei nº 11.107/2005, logo, sob a forma de associação
pública ou pessoa jurídica de direito privado (não necessariamente S/A).

Você também pode gostar