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BANCA EXAMINADORA
Antes de tudo gostaria de elucidar meu mais profundo sentimento de gratidão à mulher
responsável por todos os meus méritos e conquistas, minha mãe, que sempre se manteve ao
meu lado mesmo quando a coragem e esperança não mais faziam parte do meu ser. Da mesma
forma gostaria de agradecer ao meu pai por todo o esforço e perseverança que manteve,
sempre acreditando que um dia eu alcançaria meus objetivos. A meus irmãos que mesmo em
suas distancias sempre mostraram apoio integral a mim.
Imperioso salientar meus sentimentos de gratidão ao meu ilustre mestre orientador
Renato Alexandre da Silva Freitas, um homem ao qual irei me espelhar eternamente em vida
profissional, muito obrigado por despender de seu tempo me auxiliando na elaboração desta
pesquisa, sempre mostrando estar disposto a dividir comigo seu vasto conhecimento.
Aos meus amigos que me acompanharam por toda essa jornada, sempre me
aconselhando de suas mais diversas maneiras, e sempre me proporcionando inúmeros motivos
para não desistir, obrigado por todo amor por vocês emanado.
“Eu levanto a minha voz, não para que eu possa gritar, mas para que
aqueles sem voz possam ser ouvidos, não é possível prosperar quando
metade das pessoas ficam para trás”. Yousafzai, Malala.
RESUMO
De forma sucinta e clara a pesquisa tem como objetivo abordar o instituto jurídico da pena e
sua real função dentro da sociedade, abordando desde os primórdios aos tempos atuais suas
mudanças quando ao entendimento de pena e seu significado. Utilizando de autores de
renomado nome no meio jurídico, para finalmente desmitificar a ressocialização e como sua
ineficácia reflete diretamente no âmbito social.
Palavras-chave: Direio Penal; Ineficácia; Pena.
ABSTRACT
In a succinct and clear way the research has as objective to approach the legal institute of the
pen and its real function within the society, approaching from the beginnings to the present
times its changes when the understanding of pen and its meaning. Using authors of renowned
name in the legal environment, to finally demystify resocialization and how its ineffectiveness
reflects directly in the social scope.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 09
I Evolução histórica da pena ...................................................................................................... 11
1.1. Conceito de pena .................................................................................................................... 11
1.1.2. Vingança privada .................................................................................................................. 11
1.1.3. Vingança divina .................................................................................................................... 12
1.1.4. Vingança pública .................................................................................................................. 13
1.2. A pena e sua finalidade ......................................................................................................... 13
1.2.1. Principais teorias da finalidade da pena .............................................................................. 14
1.2.2. Teoria absoluta ..................................................................................................................... 14
1.2.3. Teoria relativa ....................................................................................................................... 15
1.2.4. Teoria da prevenção geral..................................................................................................... 15
1.2.5. Teoria mista (brasil).............................................................................................................. 17
1.2.6. Finalidade da pena na lei de execução penal ........................................................................ 17
1.3. Sistemas Prisionais ................................................................................................................ 18
1.3.1 Sistema de Filadélfia ou Pensilvânico ................................................................................... 18
1.3.2 Sistema Auburniano .............................................................................................................. 20
1.3.3 Sistema Progressivo............................................................................................................... 21
1.3.4 Sistema Progressivo Brasileiro .............................................................................................. 22
II Sistema de execução penal brasileiro...................................................................................... 24
2.1. Breve introdução à lei de execução penal ............................................................................ 24
2.1.2. Natureza jurídica da execução penal .................................................................................... 24
2.1.3. O objeto da execução penal .................................................................................................. 25
2.2. Princípios relativos à execução penal .................................................................................. 27
2.2.1. Devido processo legal ........................................................................................................... 27
2.2.2. Isonomia ou igualdade .......................................................................................................... 28
2.2.3. Humanidade .......................................................................................................................... 29
2.2.4. Jurisdicionalidade ................................................................................................................. 30
2.2.5. Proporcionalidade ................................................................................................................. 31
2.2.6. Individualização da pena ...................................................................................................... 32
2.2.7. Intranscendência ................................................................................................................... 33
2.3. Unidades Prisionais Brasileiras ............................................................................................ 34
2.3.1. Penitenciárias ........................................................................................................................ 34
2.3.2. Colônias agrícolas, industriais e similares ............................................................................ 35
2.3.3. Casa do Albergado ............................................................................................................... 35
2.3.4. Cadeia Pública ...................................................................................................................... 36
III A Ineficácia da ressocialização no sistema prisional ........................................................... 37
3.1 Conceito de Ineficácia ............................................................................................................ 37
3.1.1 Diferença entre ineficácia e ineficiência ............................................................................... 38
3.1.2 Ineficácia ou ineficiência legislativa ..................................................................................... 38
3.1.3 Ineficácia ou ineficiência do ente estatal e seus agentes ....................................................... 39
3.2 O caos no sistema prisional brasileiro .................................................................................. 40
3.2.1 Impacto da prisão na saúde mental dos presos ...................................................................... 42
3.2.2 Formas de buscar a ressocialização ....................................................................................... 43
3.2.3 Medidas necessárias para a ressocialização .......................................................................... 44
Considerações finais ..................................................................................................................... 47
Referências .................................................................................................................................... 51
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INTRODUÇÃO
A problemática que se pauta essa pesquisa é uma analise quanto aos atos do Estado na
condução do sistema prisional.
Utilizando de uma ordem cronológica, vislumbramos como a sociedade foi se
moldando quanto ao instituto da pena e sua função, onde nos primórdios da vida social e antes
mesmo existência do ente estatal, já havia um conceito de pena, porém apenas como função
de represália, sendo uma expressão do instinto humano quanto a um mal eminente.
Com a evolução da sociedade novamente o conceito foi se moldando, onde passou a
buscar não penas a represália, punição, mas sim uma maneira de reeducar o sujeito infrator,
de modo que este não volte a delinquir.
Com evolução nas conquistas dos direitos humanos e o entendimento quanto as
necessidades do homem para manutenção de sua dignidade, uma série de prerrogativas de
direitos e princípios foram elaborados, para buscar a efetiva ressocialização do preso.
Assim, o entendimento quanto à ressocialização, prioritariamente se pauta em manter
a dignidade da pessoa humana daqueles que estão presos, aplicando a máxima de que o
Estado sendo possuidor do poder de sanção, ou seja, poder de vedar o direito de liberdade dos
membros da sociedade, então o Estado tem o dever de manter todos direito expressos em
nossa Constituição Federal, bem como respeitar os Tratados de Direitos Humanos e seguir a
estrita aplicação de nossa Lei de Execução Penal.
Assim, foram analisados os atos do Estado quanto detentor do poder de sanção, para
que possamos distinguir se ocorre em nosso âmbito prisional uma ineficácia legislativa ou a
ineficácia decorre do agente estatal na má aplicação da legislação.
Com base em pesquisas, fica claro que a ineficácia da ressocialização em nosso
sistema prisional decorre da má conduta do Estado, uma vez que nossa Constituição Federal
da ampla defesa aos direitos do preso, bem como na legislação especial penal o legislador
deixou expresso que a função da pena não é meramente punitiva.
A grande maioria dentro dos presídios se faz de membros da parte mais frágil e
sociedade, constituída por negros e pobres, ou seja, grande parcela dentro das unidades
prisionais é resultado de uma sociedade exclusiva e racista.
Sendo o Estado responsável pela grande demanda dentro dos presídios, uma vez que
desampara os membros da sociedade desde a primeira fase de suas vidas.
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Ocorre que de forma intrínseca na sociedade Brasileira existe uma visão de que a pena
privativa de liberdade possua exclusivamente a função punitiva, mas muito além de uma
questão meramente punitiva há uma questão social pautada na ressocialização do sujeito, afim
de que este não volte a praticar atos delituosos após a reclusão.
De maneira sucinta podemos dizer que o sistema prisional brasileiro possui dois
grandes pilares, sendo eles a punição e a ressocialização, porém um grande déficit assola este
sistema quando falamos da ressocialização desses sujeitos, devido a um ente estatal falho e
despreparado.
11
Desde o começo das sociedades está presente o instituto da pena. Com base em uma
ordem cronológica, foi elaborado neste capítulo uma pesquisa a fim de decifrar o conceito de
pena e como este foi se moldando com a evolução da sociedade, desde de sua primeira fase
como represália, ou seja, instinto natural do homem quanto a um mal eminente que lhe ocorra
até a criação do Estado onde seja o possuidor do poder de sanção e aplicação da pena perante
os membros da sociedade.
A pena de forma sucinta pode ser conceituada como uma sanção aplicada pelo Estado
em face daquele que não observa o exposto em seu regimento social, ou seja, em face daquele
que infringe o seu código.
Desde o início das sociedades é utilizado esse instituto, no começo por um instinto
natural do homem-médio como uma forma repressão aqueles que lhe oferecessem perigo, de
forma que na idade média já fora utilizado como método de manutenção e repressão social.
Com o passar dos anos o homem foi evoluindo e com o ele a sociedade, sendo criada a
figura do ente estatal, este sendo o detentor do poder de sanção.
Atualmente o Direito deu ao referido instituto uma função de repressão educativa, ou
seja, punir, porém muito além de uma mera ação punitiva, deve o Estado atuar com medidas
socioeducativas, a fim de conseguir a ressocialização desses indivíduos, de modo que os
mesmos não voltem a delinquir.
Vingança privada tem seu início na origem das sociedades, não necessariamente se
pautava em uma forma de sanção a ser aplicada, mas sim no instinto natural do homem, assim
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sendo uma forma de defesa e represália contra aqueles que de alguma forma lhe apresentavam
risco ou dano.
Embasada apenas na represália de um mal iminente, não possuindo um critério ou
regulamentação, o homem começou a ser um mal em si mesmo.
Uma vez que não se possuía uma proporcionalidade entre o mal sofrido e o ato de
vingança a ser feito como represália, os membros sociedade passaram a se dizimar em nome
da vingança.
Com intuito de evitar o extermínio da sociedade foi criado uma das maneiras mais
primitivas e arcaicas do principio da proporcionalidade, conhecido como a lei de talião da
qual se encontra o termo “olho por olho” e “dente por dente”, que mesmo de forma retrógada
apresenta uma maneira de evitar os excessos da referida vingança. (CARVALHO, 2017).
Com o decorrer dos anos, uma nova concepção quanto ao tema da pena foi se
consolidando, está ligada diretamente a conceitos divinos. O ser humano deixou de aplicar a
pena por si só e começou a utilizar uma suposta divindade que teria o poder de sancionar e
aplicar o devido “castigo” aqueles que de algum modo cometessem atos que não fossem
condizentes com a ética moral perante os membros da sociedade na época.
O começo das civilizações é pautado em uma soberania divina, onde não se tinha um
Estado soberano, mas sim uma divindade donde dela advinha as supostas sanções para
aqueles que não seguiam seu dizeres.
Embasada apenas em repressão essa sanção era baseada na “ira” divina, assim os
membros da sociedade se adequavam aos dizeres da divindade a fim de evitar sua “ira”
perante os mesmos.
Por não haver um código ou pessoa propriamente dita, as sanções eram aplicadas pelos
sacerdotes da época, que eram considerados como interlocutores das divindades. Assim,
conforme João Farias Junior:
Durante todo esse período mencionado, as sanções divinas como assim podemos
chamar foram necessárias para a manutenção da vida em sociedade, porém por não haver uma
forma propriamente dita de sanção os soberanos ou sacerdotes da época aplicavam as supostas
medidas da divindade com base em seu interesse pessoal.
No Brasil hoje a pena possui duas grandes finalidades, sendo elas a punição e a
ressocialização, de modo que o Estado em seu papel de soberania deve estabelecer medidas
para que essas finalidades ocorram de maneira adequada.
Uma grande incógnita assolava o exercício do poder punitivo pelo Estado, assim
gerando uma necessidade teórica e filosófica para de fato racionalizar esse poder inerente ao
Estado. Com base no exposto podemos afirmar que essas teorias legitimam o poder do
Estado, fundamentando o Jus Puniendi, sendo imprescritível para manutenção da sociedade.
As teorias que legitimadoras se dividem em ABSOLUTAS e RELATIVAS, a primeira
se baseia no ponto da represália e retribuição do mal causado, considerando a pena uma
retribuição daquilo que foi cometido, de modo que a segunda considera a pena uma forma de
manutenção do convívio em sociedade, considerando-a como uma maneira de prevenção a
novos delitos.
Embasados nesses dois preceitos ocorreu a subdivisão das teorias como a teoria da
prevenção geral positiva e negativa e a teoria da prevenção especial em sua forma positiva e
negativa.
Bem como não possuía medidas a fim de evitar que o mesmo voltasse a delinquir, de
modo que o único e real interesse era a demonstração de soberania e poder do Estado perante
todos.
Com o passar dos tempos foi se moldando a ideia do Estado quanto o instituto da
pena, de modo que foi se criando uma nova corrente filosófica que ia contra a corrente da
teoria absoluta, sendo chamada de teoria relativa que será disciplinada no tópico a seguir.
Desse modo, podemos dizer que a teoria relativa pensa em um futuro, buscando pela
prevenção de novos atos infratores, agindo de forma direta na individualidade do infrator.
Em decorrência da evolução do Direito em relação ao instituto jurídico da pena, uma
nova vertente foi se consolidando, está conhecida como teoria da prevenção geral que possui
seu eixo no controle social, conforme disseminado no tópico a seguir.
O grande criador dessa teoria foi o jurista alemão Anselm Von Feuerbach, que
sintetizava a necessidade da pena ir além de uma mera retribuição, devendo ser utilizada
16
como meio de controle social, utilizando-se da psicologia da pena para intimidar a sociedade,
com a pretensão de evitar novos delitos.
Diante a teoria, Antônio Henrique Graciano Suxberger conclui seu entendimento da
seguinte maneira:
De forma sucinta pode-se afirmar que duas grandes pilastras mantem a ideia da teoria,
sendo uma a coação psicológica por intermédio do Estado em face da sociedade e a outra o
entendimento do homem médio quanto o que se faz ou não impróprio.
Francisco de Assis Toledo ressalta a incógnita que se criou entorno da teoria,
suscitando:
Se, de um lado, não se deve generalizar a eficacia do caráter intimidativo-
pedagogico da pena, pela simples existencia da cominação legal, de outro, parece-
nos igualmente irrealistico deixar de admitir que a prevenção geral do crime, por
meio da elaboracao dos tipos e da cominacao das penas, e algo, do ponto de vista do
Estado e do individuo, bem mais concreto do que meros artigos de lei colocados
sobre o papel. (1994, p.45).
Dessarte, que a teoria geral foi subdivida em geral negativa e positiva, de modo em
que a primeira se baseia na coação daqueles que ainda não cometeram o ato delituoso e a
segunda se pautando em utilizar a pena como uma maneira de criar novos valores e ideais
dentro da sociedade.
A partir deste ponto uma nova corrente se fortaleceu, conhecida como Teoria Mista
por buscar um equilíbrio entre os pontos positivos das teorias absoluta e relativa. O Brasil
adotou a Teoria Mista para elaborar seu sistema de execução penal.
Assim no tópico a seguir será descrito como o legislador penal brasileiro se adequou a
Teoria Mista para elaborar um sistema que utilizasse o instituto da pena como uma ferramenta
capaz de reeducar aqueles indivíduos que de algum modo infringiram a lei, utilizando a pena
como uma ferramenta de controle social.
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Utilizando a represália devido ao ato criminoso realizado pelo sujeito, porém buscando
uma forma de ressocializar e reeducar o indivíduo para sua volta ao âmbito social de uma
maneira digna.
A referida teoria, diferente das demais não possui um eixo fixo, ou seja, houve uma
pluralização das funções da pena, sem que houvesse uma preponderância dentre as mesmas,
assim uma não prevalecerá a outra, mas sim devem ser atendidas em conjunto.
De modo que podemos afirmar que na teoria mista ainda consiste a função punitiva,
porém com uma grande preocupação social, pautada na reintegração do apenado no meio
social.
Com fulcro na própria letra da lei podemos afirmar que a referia se propôs a limitar os
poderes e deveres do Estado, quando em sua face de soberania aplicar sanções penais aos
membros da sociedade, como exposto no art. 1º da lei, Nº 7.210, de 11 de Julho de 1984,
“Art. 1º (Lei nº 7.210/84) “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado”.
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Com a devida pressão popular iniciado pelos líderes do movimento dos quacres, as
autoridades se viram na necessidade de instituir um sistema de prisões, no qual o
isolamento em uma cela, a oração e a abstinência total de bebidas alcoólicas
deveriam criar os meios para salvar tantas criaturas infelizes. (2010, p.146)
Inicialmente não era aplicado a todos o isolamento, sendo reservado para aqueles que
apresentassem mais risco a sociedade com base no ato delituoso que cometeram e no senso de
periculosidade captado no entendimento pessoal do respectivo diretor da penitenciária.
Mesmo com altíssimo grau de rigorosidade o sistema não se desenvolveu,
apresentando enorme retrocesso e aumento expressivo da população carcerária, levando ao
seu fracasso, fazendo assim que fosse necessário a criação de mais duas prisões, a
Penitenciária ocidental em Pittsburgh, esta construída em 1818, e a segunda construída em
1829, chamada de Penitenciária Oriental.
Na Penitenciária Ocidental foi aplicado o sistema de isolamento absoluto, não
podendo o recluso praticar atividades laborativas nem mesmo dentro de sua cela, porém se
tornou inviável.
Assim a Penitenciária Oriental optou-se pelo isolamento individual, podendo o recluso
praticar atividades laborativas dentro da cela, porém não foi o suficiente para resolver a
problemática do isolamento.
Nesse diapasão narra Bitencourt (2010, p. 147), “Mesmo após a autorização do
trabalho nas celas, não se diminuiu o problema do isolamento, pois na maioria das vezes era
sem sentido e tedioso. Por outro lado, nem sempre este trabalho na cela pôde ser realizado”.
Diante o exposto nota-se que no referido sistema não havia um intuito de reinserção do
ou melhoria de vida do sujeito delinquente, sendo utilizado pelo Estado apenas como
instrumento de dominação social, porém este ainda utilizado como modelo para outro tipo de
relações sociais.
Após o fracasso do sistema de Filadélfia foi necessário à criação de novos sistemas,
com intuito de suprir os defeitos e carências causados pelo isolamento absoluto, um desses
novos sistemas é o sistema Auburniano que será relatado a seguir.
20
A partir do século XIX o sistema progressivo se difundiu mundo a fora com diversas
peculiaridades, uma vez que indubitavelmente o sistema preconizava pela volta do recluso ao
convívio social, dando a estes a oportunidade de aprender uma função para que tivessem uma
vida honesta após a reclusão.
Vale ainda salientar que o sistema progressivo foi de suma importância para a
individualização do sistema de execução penal.
22
Na verdade não se nega que a execução penal é uma atividade complexa, que se
desenvolve, entrosadamente, nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se
desconhece que dessa atividade participam dois Poderes estaduais: o Judiciário e o
Executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos jurisdicionais e dos
estabelecimentos penais (1987, p.7)
Com base no exposto pela autora, pode se ver que seu entendimento quando a natureza
da pena está fixada na terceira corrente, conhecida como híbrida.
Mister salientar o exposto nos motivos da lei de execução penal em seu artigo 16º a
seguir:
Diante o exposto verifica-se que a execução penal possui duas naturezas jurídicas,
uma que cabe ao Estado que administra os estabelecimentos penais e a outra que cabe ao
Judiciário que se responsabiliza por questões penais e processuais.
observados. A afirmativa esta que pode ser vista já no 1º art. da lei, Nº 7.210, de 11 de Julho
de 1984, “Art.1º: A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado”.
Diante o exposto podemos de forma sucinta dizer que a execução penal possui dois
objetivos, sendo uma a aplicação propriamente dita da sanção penal, e a outra o dever do
Estado em proporcionar a ressocialização do sujeito que veio a sofrer a sanção.
Nesse aspecto Falconi afirma:
Diante o narrado, verifica-se que o aspecto da ressocialização deve ser visto pelo
aspecto humano, dando aquele que sofreu a represália o direito de ser reinserido na sociedade,
bem como deve ser analisada por um aspecto social onde aquele que se encontra interno deve
ser preparado para a reinserção em sociedade, ou seja, preparar o sujeito para ser um elemento
produtivo na sociedade.
Para autores como Mirabete a pena tomou-se por um lado mais humano, não se
fixando apenas no sujeito passivo da execução penal, mas como forma de defesa social.
(2006, p. 28)
Uma vez que o instituto da pena tomou-se por um lado mais humano, deixando de ter
única e exclusivamente uma função punitiva foi necessário que uma série de princípios
fossem utilizados para garantir direitos aos reclusos.
Estes princípios são de suma importância para que aqueles que se encontram sob a
tutela estatal não percam sua humanidade e sejam tratados de forma igualitária perante o
manto da justiça.
Muitos desses princípios emanam da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
1948, de onde o legislador brasileiro buscou fundamentação para aplicar no nosso sistema
jurídico uma forma mais humanitária na aplicação da pena.
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A seguir será elencado uma série desses princípios que auxiliaram o legislador na
elaboração de nossas leis, buscando a melhor maneira de conquistar a ressocialização dos
reclusos.
Como salientado acima, mesmo que a natureza da execução penal seja híbrida, ou seja,
possua casos meramente administrativos, a lei de execução penal, nº 7.210, 1984, em seu
artigo 2º estabelece os casos de jurisdição penal dos juízes ou tribunais de justiça, conforme
exposto a seguir, “Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em
todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta
Lei e do Código de Processo Penal”.
De modo a ser imperioso salientar a necessidade dos princípios dentro da execução
penal, estes comumente invocados para evitar casos de abusos de poder dentro do antro
jurisdicional do Estado.
Ainda imperioso salientar que o referido princípio tem função de restringir os poderes
tanto na esfera jurisdicional como administrativa, podendo o magistrado ou administração
pública só impor sanção com base na letra da lei.
28
O princípio da isonomia ou igualdade, como próprio nome diz, está ligado ao respeito
e a não distinção dos indivíduos da sociedade, seja por classe social, raça, cor ou religião.
Assim, devem todos ser tratados de maneira igual perante o manto da justiça.
O referido princípio tem como fonte a própria carta magna, que em seu artigo 5º,
caput, expõe:
29
Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes.
Uma vez que estamos falando de uma questão primordial para que a justiça possua sua
real e concreta função executada, é de suma importância que o princípio da igualdade seja
exaltado e respeitado. Com base nesse entendimento a Organização das Nações Unidas
(ONU) em sua declaração universal dos direitos humanos, do ano de 1948, declarou em seu
artigo 1º, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade”.
Com base no exposto podemos dizer que o referido princípio não possui caráter
meramente jurisdicional, mas sim possui seu efeito em todas as esferas do direito, sendo visto
por muitos como o símbolo da democracia.
Indubitavelmente uma das maiores premissas da democracia está apregoada a
igualdade de seus membros, não os diferindo por cor, raça ou classe social.
Deste modo, podemos dizer que a democracia está ligada não somente aos direitos e
deveres do homem como indivíduo na sociedade, mas sim em manter que sua humanidade,
esta entendida como conjunto de atos que o ser humano possui perante a si e ao próximo.
2.2.3 Humanidade
2.2.4 Jurisdicionalidade
2.2.5 Proporcionalidade
Se a pena é retribuição, se ela é, expiação pelo crime praticado, deveria daí ser
necessário, no momento da execução, ter presentes as diversas personalidades dos
réus e as diversas espécies de crime. [...] a retribuição não pode ser considerada
abstratamente, mas deve encontrar sua efetivação nas diversas modalidades de
execução, atendendo-se a concepções éticas e respeitando a personalidade do
condenado, que não deverá ser colocado junto a outros que lhe sejam
substancialmente diversos (1994, p.108)
Elencado o caráter de retribuição da pena, está deverá ser condizente com o ato
cometido pelo agente, ou seja, deverá haver um equilíbrio entre o fator gerador e pena.
De mesmo modo afirma Bitencourt:
Diante o exposto fica claro que o Estado tem como obrigação o dever de garantir que a
pena cominada ao individuo seja compatível com o crime que este tenha cometido, assim
32
seguindo a linha de raciocínio a pena deverá ser individual e compatível com a personalidade
de cada individuo.
A individualização da pena é de suma importância para garantia não apenas de uma
sanção justa, mas também como garantia de outros princípios como o da igualdade e
proporcionalidade.
Podemos concluir que a individualização, deverá ser aplicada como uma forma de
particularizar a pena a ser aplicada.
Mister salientar que a individualização da pena se segmenta em três etapas, sendo elas
a da cominação, aplicação da pena e execução, reafirmando o pensamento dispõe o princípio
da instranscendência que só poderá ser parte na demanda jurisdicional aquele indivíduo que
fez parte na ação criminosa.
33
2.2.7 Intranscendência
Intranscendência é um termo jurídico que em sua síntese enuncia que só poderá ser
parte de ação criminal aquele que figurou na efetivação do ato delituoso.
O legislador constitucional reafirmou o entendimento da intranscendência da pena em
seu artigo 5º, inciso XLV, exposto a seguir:
O instituto jurídico da pena pode ser definido como uma sanção aplicada pelo Estado
em face de um agente infrator, assim sendo só poderá ser dirigida ao agente que cometeu o
ato elencado como delituoso no ordenamento jurídico. Desta forma se torna intransmissível a
pena da pessoa condenada.
Como dissecado acima todos os princípios, deveram ser observados e aplicados
durante a aplicação da sanção pelo Estado de modo que este consiga a reinserção do indivíduo
que se encontra recluso ao ambiente social, porém ocorre uma falta de preparo Estatal para
aplicação desses princípios.
Assim, poderemos dar andamento a pesquisa, adentrando agora na vida dos presos
após a sentença penal que restringe a liberdade dos indivíduos, os enviando para as unidades
prisionais. No capítulo a seguir será descrito as unidades prisionais brasileiras e como é feito a
distribuição dos presos conforme a pena a ele cominada.
34
2.3.1 Penitenciárias
Diferente das penitenciárias as Colônias são destinadas aqueles que iram cumprir a
pena no regime semiaberto, onde estes poderão praticar atividades laborativas que serão
contadas para diminuição da pena.
Além da diferenciação quanto ao regime existem outros aspectos que divergem as
colônias para as penitenciárias, conforme expresso na lei de execução penal, nº 7.210/1984,
em seu art. 92, dispõe:
Desta forma podemos ver que o legislador optou por um formato mais brando de
aplicação da pena. Conforme descrito anteriormente os presos deveram ser divididos
conforme a pela a ele cominada, no próximo tópico será relatado a unidade prisional
designada para aqueles que iram cumprir a pena em regime aberto ou que devido a progressão
alcançaram o direito de usufruir de um regime mais brando, este no caso sendo o regime
aberto.
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá
conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e
palestras.
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização
e orientação dos condenados.
Assim, podemos dizer que conforme o expresso na letra da lei pelo legislador penal
houve uma real preocupação quanto a maneira de tratamento dos reclusos, devendo ser
analisado o crime que foi prático, o que acarreta diretamente no regime de pena a ser
cumprido e qual estabelecimento penitenciário ele será mantido.
De mesmo modo foi criado uma unidade prisional específica para aqueles que ainda
não foram condenados, ou seja, aqueles que se encontram presos apenas provisoriamente, esta
unidade prisional é conhecida como cadeia pública e será vislumbrada no tópico a seguir.
A palavra ineficácia possui sua origem no latim “Inefficaz.acis”, podendo ser definida
como aquilo que se tornou sem eficácia, inoperante, não atingiu o efeito esperado, expresso
no dicionário da seguinte forma:
Assim, com base no exposto podemos dizer que é exatamente o que ocorre dentro do
sistema prisional Brasileiro, o sistema não possui eficácia dentro daquilo que se propôs a
fazer.
Com base no entendimento quanto à origem da palavra, devemos avançar para uma
analise quanto ao sistema de execução penal para definirmos se ocorre uma ineficácia
legislativa ou se trata de uma falta de preparo do Estado na manutenção e aplicação de
medidas necessárias para alcançar o objetivo final de ressocialização do recluso.
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O instituto jurídico da pena possui vasta base legislativa para sua aplicação, possuindo
assim de maneira clara todo seu organograma expresso na legislação, desde sua função dentro
da sociedade bem como a maneira que deverá ser aplicada pelo ente Estatal.
No Brasil o sistema jurídico da pena é baseado na Lei de execução penal (LEP), esta
que prevê direitos e deveres do interno bem como o deveres do Estado na aplicação de
sanções e manutenção de direitos e garantias fundamentais do interno enquanto recluso.
Destarte que o nosso sistema prisional possui amplo amparo legislativo, que busca não
somente a aplicação da lei como forma de sanção, mas sim como uma ferramenta social de
com finalidade de buscar a ressocialização do recluso, se baseando na efetiva reinserção do
sujeito que cometeu o ato delituoso a vida em sociedade.
Assim, na própria letra da lei de execução penal, carta magna e Pacto de São José da
Costa Rica, fica claro interesse do legislador quanto a referida volta daquele que cometeu o
ato delituoso a vida em sociedade. Logo, podemos afirmar que o instituto jurídico da pena
possui grande amparo legislativo, com direitos e deveres expressos e bem elencados, assim
sendo não ocorre a ineficiência da legislação, mas sim sua ineficácia devido a sua não
concretização no âmbito real.
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Possui o Estado o dever de aplicar sanções aqueles que de algum modo infringem seu
código penal, ou seja, cometam algum ato que ali elencado seja passível de sanções, sejam
elas pena de multa ou reclusão.
Uma vez que o Estado pega para si o poder de dominância quanto ao referido instituto
esse tem o dever de além da mera aplicação da sanção garantir ao sujeito que cometeu o ato
delituoso uma séria de direitos e garantias, estas previstas no sistema legislativo, assim
quando o Estado não cumpre esse papel ele falha em sua função.
O instituto jurídico da pena como já dissertado acima possui vasta legislação, onde são
baseados não apenas a aplicação da pena, mas também todos os princípios de dignidade da
pessoa humana que deverão ser observados e garantidos ao interno.
Podemos utilizar como exemplo desse comentário o art. 88, “a”, da lei 7.210/1984 que
dispõe:
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório,
aparelho sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico adequado à existência humana;
grande parte dos estabelecimentos não possuem todas as condições previstas em lei.
51% das unidades não possuem módulos de saúde; 42% não possuem espaço para
educação; e 70% não contam com oficinas de trabalho. Esses serviços deveriam
estar presentes em todas as unidades, de acordo com a lei. (Politize, 2017)
Devemos ainda nos atentar ao caso de superlotação, onde de acordo com o Infopen no
ano de 2014 havia uma média de 250 mil presos em regime fechado para apenas 164 mil
vagas e uma média de 90 mil presos em regime semiaberto enquanto o número de vagas é de
apenas 67 mil. Assim se tornando possível a aplicação do disposto na Lei de Execução Penal,
como salubridade, celas individuais, bem como muitos dos presos em regime semiaberto
permanecem nas penitenciárias devido à falta de vagas no regime semiaberto.
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Verifica-se, portanto, que o Brasil tem aplicado a pena de prisão sempre como
alternativa primária para a resolução de conflitos penais, verificando-se um aumento
gradativo desproporcional em descompasso com o crescimento populacional.
(Jusbrasil, 2017).
Diante a pesquisa elaborada pelo INFOPEN no ano de 2014 pode-se notar a completa
falta de preparo Estatal para gerir o sistema prisional.
Conforme o exposto podemos afirmar que o Estado vem deixando de realizar o que
está previsto na legislação, concretizando assim a ineficácia da ressocialização.
O sistema prisional vem enfrentando um grande déficit, deixando de ter uma função
social de ressocialização e passando a possuir novamente apenas uma função punitiva, de
forma degradante o Estado permanece inerte quanto a este fato, se tornando indubitável o
descaso quanto à manutenção de uma vida digna e quanto ao resguardo dos direitos dos
presos enquanto permanecem sob o manto do sistema prisional.
O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas
dos Estados Unidos e China. Pesquisas elaboradas pelo levantamento nacional de informações
penitenciárias (INFOPEN) do ano de 2017 a população carcerária no Brasil era de 726 mil
presos, porém segundo o mesmo elaborador da pesquisa o número de vagas no Brasil é de
368.049.
Neste mesmo diapasão o Conselho Nacional de Justiça em nova pesquisa do ano de
2018 disseminou, “A taxa de ocupação dos presídios brasileiros é de 175%, considerado o
total de 1.456 estabelecimentos penais no País. Na região Norte, por exemplo, os presídios
recebem quase três vezes mais do que podem suportar”.
Com base no exposto acima podemos ver com clareza o colapso do sistema
penitenciário, uma vez que este não tem suporte para o elevado número de presos, havendo
uma média de 2 (dois) presos para cada vaga, ocorrendo assim uma degradação gradual do
sistema em sua decorrência a degradação daqueles que estão por ele sendo ministrados, desde
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O nosso sistema carcerário está repleto de pobres e isto não é, evidentemente, uma
“mera coincidência”. Ao contrário: o sistema penal, repressivo por sua própria
natureza, atinge tão-somente a classe pobre da sociedade. Sua eficácia se restringe,
infelizmente, a ela. As exceções que conhecemos apenas confirmam a regra.
(Justificando, 2018)
Uma vez que o Estado não corresponde com sua função perante aqueles que estão sob
sua custódia, deixando de garantir a dignidade e direitos humanitários de seus reclusos, calha
em um impacto direto na saúde mental destes.
Quando se encontra em um local sem o mínimo necessário de salubridade, sanidade
básica, espaço adequados para realizar atividades pessoais, acaba por gerar um grande nível
de estresse nesses indivíduos, ocasionando assim inúmeras discussões por motivos muitas
vezes que poderiam ser completamente banais fora do estabelecimento prisional.
Imperioso salientar que o número de depressão entre esses indivíduos se torna cada
vez maior, em uma pesquisa realizada por uma dupla de graduandas em psicologia e uma
dupla de doutores em psicologia eles afirmam:
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No que diz respeito aos níveis de depressão, segundo a Escala Beck, prevaleceram
os níveis moderado e grave entre os apenados do Presídio comum, e entre os
internados no Hospital de Custódia o nível moderado foi o maior (68%). Esses
níveis de depressão foram compreendidos pela ausência de atenção em saúde mental
na instituição comum, diferente do existente entre os apenados do hospital de
custódia, uma vez que esses são medicados. Os indicadores da depressão, tais como
a irritabilidade, a tristeza e a insônia tiveram índices altos em ambos os grupos,
enquanto que o menor indicador foi a ideação suicida. (Depressão por detrás das
grades, 2015)
Também ficou comprovado empiricamente que os presos têm quatro vezes mais
chances de cometer suicídio do que a população brasileira total. No ano de 2015,
foram anotados 5,5 suicídios para cada cem mil habitantes, ao passo que atrás das
grades a taxa foi de 22,2 para cada cem mil detentos. Oitenta e oito por cento dos
presos não estão envolvidos em qualquer atividade educacional, como ensino
escolar e atividades complementares. Já em relação a trabalho, dentro e fora das
cadeias, a fatia que fica alheia é de 85%. (Justificando, 2018)
Os números são alarmantes, devendo ser analisados friamente pelo ente estatal afim de
se buscar uma maneira de reverter os números, aplicando não uma sanção penal mais branda,
mas sim aplicação justa da pena conforme previsto na lei de execução penal e nos tratados de
direitos humanos em que o Brasil se faz pertencente.
sujeito tenha oportunidade de aprender uma função laborativa, terminar os estudos, possuem
acesso a cultura como aulas de músicas e entretenimento, dando ao mesmo a oportunidade de
ter contato com fatores sociais que talvez não tiveram acesso quando em liberdade, muitas
vezes por questões sociais de onde ele emanava.
Vale dizer que quando o recluso possui contato com essas ferramentas de reeducação
os índices de reincidência caem drasticamente. Nesse diapasão Benigno Núñez Novo dispõe:
Vale ressaltar que quando o Estado esse faz ausente, existe um vácuo de poder. O
Estado sendo detentor do poder, este deve manter todos os direitos inerentes aqueles que
guarnecem perante seu manto.
O estado possui base legislativa para trabalhar essas medidas, uma vez que grande
maioria já está presente no texto da Lei de execução Penal, bem como estão presentes em
nossa Constituição Federal, porém como já supracitado o Estado deixa de observar esses
aspectos de suma importância para manutenção da dignidade de pessoa humana daqueles que
se encontram reclusos.
Nesse contexto, reafirma o legislador penal descrevendo de forma sucinta os direitos
dos presos no art. 41 da Lei de Execução Penal a seguir exposto:
Além do previsto na legislação o Estado deveria possuir medidas próprias para efetivar
a ressocialização do sujeito delinquente, como a utilização de medidas alternativas da pena.
Estudos apontam que uma das formas mais eficazes de ressocialização está presente na
educação, podendo assim o ente estatal fornecer aqueles que possuem interesse, aulas da
grade curricular básica para que reclusos consigam terminar seus estudos enquanto presos.
Outra maneira de conseguir alçar vôos maiores aos reclusos seria fornecer o contato
com cultura, a arte possui peso imensurável na vida de muitos, devendo o Estado fornecer a
chance desse contato para aqueles que muitas vezes por circunstancias alheias a sua vontade
não puderam o ter.
Aulas de pintura, música, sessões e oficinas de cinema e teatro podem diminuir o nível
de estresse dentro dos estabelecimentos prisionais em níveis extraordinários.
Devemos ainda salientar a importância de programas de qualificação profissional, que
atinge diretamente o futuro dos reclusos após o cumprimento da pena, qualificação essa que
podem ir do cultivo de hortas até atividades como marcenaria e confecção das mais diversas
áreas, criando assim uma expectativa de vida digna para o recluso, dando ao mesmo uma real
oportunidade de reintegração a sociedade. Neste aspecto dispõe Roberto Célio:
Faz necessário que o Estado exerça o mínimo de sua função para garantir aqueles que
estão sob sua custódia tenham a oportunidade de retornar a vida em sociedade da melhor
maneira possível, devemos analisar a falta de amparo estatal que atinge a vida da grande
maioria da população carcerária antes mesmo de ingressarem no sistema prisional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
o isolamento celular, tendo como direito de leitura apenas da bíblia para que assim
conseguisse observar seu pecado e condenação. O referido sistema foi a falência, sendo
necessário a elaboração de um novo sistema prisional, dando início ao Sistema Auburniano,
que se pautava e uma ideologia religiosa e pedagógica, utilizando de meios como meditação,
acreditando que era necessário demonstrar um conceito ideal de sociedade, porém o sistema
também veio a falência.
O terceiro sistema conhecido como Progressivo optou por uma junção dos sistemas
anteriormente descritos, porém com suas especificações próprias, proporcionando aos presos
a oportunidade de aprender uma atividade laborativa para que tivessem a oportunidade de
ingressar ao meio de trabalhar após o término da prisão, bem como o preso era avaliado
durante o tempo na prisão, havendo a progressão do regime de cumprimento da pena com
base em seu comportamento. No Brasil foi adotado o Sistema Progressivo, porém com
ressalvas devido ao contexto interno do país.
No ano de 1984, foi criada a Lei de Execução Penal, Nº 7.210, popularmente
conhecida no âmbito jurídico como (LEP), nela estão descritos todos os direitos e deveres do
Estado e dos indivíduos nessa relação jurídica da execução penal, deixando de forma expressa
que é dever do Estado a manter o mínimo necessário para garantia da dignidade de seus
presos, com observância de uma série de princípios que deveram ser utilizados desde o início
da demanda jurisdicional como o princípio do devido processo legal, proporcionalidade,
intranscendência, até o fim da demanda que se dá com o cumprimento da pena, devendo o
Estado resguardar pela integridade física, dos seus tutelados.
Como descrito acima dois grandes pilares baseiam a finalidade da pena no sistema
prisional brasileiro, sendo eles a punição e a ressocialização, porém para que a ressocialização
seja atingida é necessário que o Estado aplique medidas capazes de mudar a estrutura
psicológica do preso, demonstrando ao mesmo que é possível a vida fora do mundo do crime.
Porém devido à clara falta de preparo Estatal ocorre atualmente em nosso sistema
prisional a ineficácia direta da ressocialização, uma vez que não há aplicação correta daquilo
que está expresso em nossa legislação de execução penal, nem mesmo sendo garantido aos
presos os princípios inerentes a pessoa humana expressos em nossa constituição federal.
Com base nas pesquisas elaboradas se torna impossível vislumbrar um real interesse
do Estado na ressocialização do preso, uma vez que é de senso comum que quando se vive em
condições completamente desumanas, sem higiene, saúde, cultura e alimentação básica de
qualidade se tornando impossível conquistar a ressocialização, muitos chegam a denominar o
sistema prisional brasileiro como depósitos de seres humanos.
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Vale salientar que a grande maioria dentro dos presídios se faz de membros da parte
mais frágil e desfavorecida da sociedade, constituída por negros e pobres, que desde muito
cedo conhecem o dessabor da falta de oportunidade e desigualdade social, resultados de uma
sociedade exclusiva e possuidora de um racismo entranhado na estrutura social.
Muitos desses indivíduos encontraram no mundo do crime uma alternativa para atingir
uma vida melhor.
Assim, podemos concluir que o Estado é responsável pela grande demanda dentro dos
presídios, uma vez que desampara os membros da sociedade desde a primeira fase de suas
vidas, lhes negando oportunidades e direitos fundamentais que garantem a dignidade da
pessoa humana, não dando a estes muitas vertentes para conquistas uma vida digna. A falta de
oportunidade, educação de qualidade, alimentação, moradia, saúde, cultura e lazer atingem
diretamente nas escolhas do ser humano dentro da sociedade.
Uma vez que o Estado não possui competência para garantir uma vida digna a todos os
membros da sociedade, fica claro que este também não manterá o necessário para aqueles que
se encontram sob sua tutela, os mantendo de forma desumana em unidades prisionais sem a
menor estrutura necessária para abriga-los, o Brasil é terceiro país com maior número de
presos no mundo, porém não possui capacidade para alojar tantos indivíduos, ocorrendo assim
a superlotação de unidades prisionais, ferindo diretamente os direitos humanos.
Imperioso salientar que devido à incompetência do Estado na manutenção do sistema
prisional é tão alarmante que centenas de presos que devido à progressão da pena deveriam
cumprir o restante da mesma em regime aberto ou semiaberto não podem gozar do direito
devido a falta de vagas nas unidades prisionais destinadas ao cumprimento desses regimes.
A prisão no Brasil atualmente além de não ser capaz de gerar a ressocialização tem a
capacidade de piorar o psicológico da maioria dos indivíduos. Pesquisas apontam que o
contato com as unidades brasileiras de prisão geram traumas graves na vida desses indivíduos,
causando estresse em níveis alarmantes, fato gerador de grande parcela das discussões dentro
dos presídios, muitas dessas levando a morte, bem como as pesquisas apontam o alto nível de
depressão dos presos, acarretando até mesmo no suicídio dentro das penitenciárias.
Uma série de medidas devem ser tomadas com teor de urgência pelo Estado, não para
que se busque somente a ressocialização, mas para que possa ser garantido a dignidade da
pessoa humana desses presos.
O Brasil atualmente mais prende do que solta, assim como medida de amenizar o
sistema prisional e desafoga-lo o Estado deveria rever os casos concretos, analisando se
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realmente se faz necessário o envio desses indivíduos as unidades prisionais, aplicando aos
mesmos medidas alternativas de pena.
Uma vez que não se faz possível a aplicação de medidas alternativas de aplicação da
pena, o Estado deve conceder aos presos uma existência digna, sistema de baixo custo como
educação, alimentação, saúde, cultura e lazer são de extrema importância para que seja
atendida a ressocialização da pena, bem como atividades laborativas com findo de dar a estes
indivíduos uma oportunidade no mercado de trabalho quando retornarem ao âmbito social,
assim conquistando uma vida digna.
Diante ao exposto no decorrer desta pesquisa, concluo que a Ineficácia da
ressocialização no Sistema Prisional brasileiro indubitavelmente é de responsabilidade do
Estado, devido à falta de competência do mesmo para mantê-lo.
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